CELEBRANDO COM AS CRIANÇAS...O ritmo Advento, Natal e Epifania é como um florir, uma metamorfose...

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CÂNTICO XIII

Renova-te.

Renasce em ti mesmo.

Multiplica os teus olhos, para verem mais.

Multiplica os teus braços para semeares tudo.

Destrói os olhos que tiverem visto.

Cria outros, para as visões novas.

Destrói os braços que tiverem semeado,

Para se esquecerem de colher.

Sê sempre o mesmo.

Sempre outro.

Mas sempre alto.

Sempre longe.

E dentro de tudo.

Cecília Meireles

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Reflexão para esta época

Os processos da natureza são estímulos para que possamos, através da

percepção, penetrar pouco a pouco nas camadas mais profundas da sabedoria

cósmica com o pensar. O pensar vivificado pela observação livre de julgamentos,

conceitos pré-existentes, acessa segredos das forças, do movimento e das

metamorfoses das formas continuamente criadas.

O ritmo Advento, Natal e Epifania é como um florir, uma metamorfose do

humano. A Paixão é a conscientização do perecer, da morte, de vivências de dor

que encontram seu sentido no caminho do amadurecer em direção ao futuro.

Celebramos a Semana Santa e a Páscoa na transição do Verão para o Outono (no

hemisfério Sul), quando os dias ficam mais curtos e frios. O crescimento das

plantas se retrai e a Terra seca, como uma mortificação que se repete anualmente.

A percepção intensificada desse acontecimento, de algo vivo dando lugar à morte,

é um impulso para buscarmos reconhecer as forças de vida que se renovam dentro

de nós. Forças para superar o isolamento do ser humano em relação aos

acontecimentos do mundo espiritual e o isolamento entre os homens. Forças que

iluminam o mundo interno do ser humano para que se tornem possíveis as

grandes virtudes aspiradas pelos criadores.

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Para as crianças, a imagem da borboleta traz o arquétipo da Semana da Paixão. A lagarta é algo que se transforma em um outro ser, a borboleta, que depois de passar algum tempo dentro do casulo, alcança a plena liberdade e beleza. Não contamos às crianças o significado concreto dessa semana. Vivemos esse significado em nosso interior e trazemos as imagens para as crianças, de forma bela e serena.

Pode-se fazer um ritual familiar, onde se faz a árvore da Páscoa e no domingo de Páscoa, essa árvore traz a mensagem da transformação.

Então, desde uma semana antes da Páscoa, prepara-se a árvore da Pascoa, que consta de uma galho de árvore seco, colocado em um vaso e enfeitado com ovos pintados pelas crianças. Em casa, separam-se os ovos usados que são furados em cima e em baixo, e num sopro tira-se as claras e gemas. Depois são lavados, deixados secar e pintados. Podem ser preenchidos com linha, colada neles. Penduram-se estes ovos nos galhos secos da árvore. Em uma noite aparecem as lagartas nos galhos. Elas são feitas de lã de carneiro, algodão cru, de feltro... No domingo da Páscoa as lagartas dão lugar a borboletas, que podem ser confeccionadas de papel, de feltro, de materiais naturais e de preferência feitas pelos pais.

É o milagre da transformação da Páscoa, que supera a morte, vivenciado pelas crianças através dos símbolos da lagarta e da borboleta. Mas o ideal é que as crianças não vejam a transformação das lagartas em borboletas. Elas simplesmente chegam no domingo de Páscoa. E então, neste dia, as casas podem receber a visita do coelho da Páscoa, as crianças podem procurar os ovos de Páscoa, que estão escondidos... Enfim cada famíliaRealiza a atividade que achar melhor.

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Vivenciando os símbolos: a lagarta, a borboleta, os ovos, o coelho

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Como sugestão também pode-se fazer coelhinhos que vão compor a árvore ou ser colocado em uma mesa especial. Podem ser modelados em argila, ou papel machê, tricotados ou feitos em crochê. Um modelo simples, que pode ser feito junto às crianças (a partir dos 5 anos), é o coelhinho de pompom, Seguem abaixo as orientações para confecção (fonte Colibri 1990).

COELHINHO DE POMPOM

MATERIAL:• 2 círculos de cartolina de 7 cm de diâmetro, recortados no centro, num diâmetro

de 3 cm;• 2 círculos de cartolina de 4,6 cm de diâmetro, recortados no centro, num

diâmetro de 2,4 cm;• lã grossa ou média - branca;• feltro branco para as orelhas;• 2 contas vermelhas para os olhos,• 1 agulha para lã.

CORPO:Enrola-se a lã em volta dos dois círculos grandes ao mesmo tempo, até fechar bem o buraco central, quando será necessário recorrer ao uso da agulha.

Corta-se a extremidade deste pompom compacto, de forma a aparecer os círculos de cartolina.

Passa-se um fio comprido de lã entre as cartolinas e dá se o nó, firmando o pompom. Com a tesoura arredonde o pompom dando a forma do corpo do coelho (embaixo deve ficar mais reto).

CABEÇA:É feita da mesma maneira que o corpo, apenas usando os círculos menores.

MONTAGEM:Una os dois pompons com a mesma lã com que foram feitos. Costure as orelhas e os olhos com linha de costura, atravessando a agulha de um lado ao outro da cabeça, fixando os dois olhos e as duas orelhas ao mesmo tempo cada um.As orelhas podem ser pintadas no lado de dentro com lápis cor-de-rosa.

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Histórias para contar às crianças

Contar uma história enriquece o imaginário infantil e é uma das atividades mais indicadas para o preparo da Páscoa em casa. Lembrem-se de fazer a hora do conto com um certo cuidado em relação ao ambiente, envolvendo a criança na magia desse momento, pois faz muita diferença para que ela entre na sintonia da história e capte melhor a mensagem a ser passada.

Compartilhamos abaixo, algumas histórias para essa época de páscoa. Leiam e contem aquela que mais aquece seus corações. Assim, esse momento será verdadeiro para as crianças.

Os três irmãos

Três irmãos, já crescidos, disputavam a mão de uma princesa. Mas o rei exigiu que só se casaria com ela aquele que lhe trouxesse um ramo de folhas de ouro que havia bem no meio da floresta.

Partiram então os três, cada um por um caminho. O mais velho chegou a uma pedra onde estava um anãozinho. Este cumprimentou-o e lhe pediu de comer. O irmão mais velho, porém, respondeu que tinha um longo caminho pela frente e que não podia repartir com ele seu lanche. E foi seguindo até que encontrou uma borboleta muito grande e logo teve vontade de pegá-la. Mas a borboleta foi voando, voando e assim atraiu-o a uma clareira onde havia tantas borboletas esvoaçando que o deixaram completamente estonteado. Começou, então a persegui-las com raiva, até que chegou a um lugar cheio de lindas folhagens. Contudo, ali habitavam lagartas negras, e só o que elas faziam era queimar quem se aproximasse. E o irmão mais velho perdeu-se na floresta. Com o irmão do meio, aconteceu a mesma coisa.

O mais moço, porém, dividiu seu lanche com o anãozinho. Este, então, disse-lhe que encontraria uma linda borboleta mas que não devia segui-la. "Logo acharás uma outra, e essa é que vai levá-lo a um lugar onde habitam muitas borboletas" - disse o anãozinho. "E é lá que vive um coelho encantado". O irmão mais moço seguiu em tudo o conselho do anão. Não seguiu a primeira borboleta, mas sim a segunda, encontrou a terra das borboletas e o coelho encantado. Este levou-o a um jardim oculto onde, entre as folhagens raras, ele achou o ramo das folhas de ouro. O coelho deu-lhe o ramo de presente, e o moço levou-o ao rei e se casou com a princesa.

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O Coelho da Páscoa

Era uma vez um pai coelho da Páscoa e uma mãe coelho da Páscoa que tinham sete filhos. Ao aproximar-se a época da Páscoa, eles resolveram testar os coelhinhos para ver qual deles era o verdadeiro “coelho da Páscoa”. A mãe pegou uma cesta com sete ovos e pediu para que cada filho escolhesse um para esconder.

O mais velho pegou o ovo dourado e saiu correndo por campos e montes até chegar ao portão da escola, mas deu então um salto grande e tão apressado que caiu de mau jeito, quebrando o ovo. Esse não era o verdadeiro coelho da Páscoa.

O segundo escolheu o ovo prateado e pôs-se a caminho. Ao passar pelos campos encontrou a raposa. Esta queria o ovo e pediu-o ao coelho. Ele não quis dar. A raposa prometeu-lhe uma moeda de ouro, conseguindo assim que o coelho a seguisse até a sua toca. Chegando lá, a raposa escondeu o ovo, e com cara feia, mostrou os dentes como se quisesse comer o assustado coelhinho que saiu correndo o mais que pôde. Esse também não era o coelho da Páscoa.

O terceiro escolheu o ovo vermelho e pôs-se a caminho. Ao atravessar o campo encontrou-se com outro coelho e pensou: ”Ainda tenho muito tempo. Vou lutar um pouco com ele”. Os dois coelhos lutaram e rolaram tanto pelo chão que amassaram o ovo. Também esse não era o verdadeiro coelho da Páscoa.

O quarto pegou o ovo verde e pôs-se a caminho. Quando passava pela floresta ouviu o chamado da pega (uma ave que leva objetos cintilantes para seu ninho) que, pousada no galho de uma árvore, gritava: “Cuidado! A raposa vem vindo!” O coelho assustado olhou à sua volta procurando um lugar para esconder o ovo. –“Dá-me o ovo que eu o esconderei em meu ninho”, disse a pega. O coelho deu-lhe o ovo, mas percebendo que não havia raposa alguma, quis o ovo de volta. A pega respondeu maldosamente: “O ovo está muito bem guardado no meu ninho. Venha buscá-lo se quiseres”. Esse também não era o verdadeiro coelho da Páscoa.

O próximo escolheu o ovo cinzento. Quando ia passando pelo caminho chegou a um riacho. Ao passar pela ponte viu-se espelhado nas águas. Ficou tão encantado com sua própria imagem que se descuidou do ovo, indo este se espatifar numa pedra. Esse também não era o coelho da Páscoa.

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O outro coelhinho escolheu o ovo de chocolate e pôs-se a caminho. Encontrou-se com o esquilo que lhe pediu para dar uma lambida no ovo. – “Mas este ovo é para as crianças”, disse o coelho. O esquilo insistiu tanto que o coelho deixou que ele desse uma lambida no ovo. O esquilo achou-o tão gostoso que o coelhinho resolveu dar também uma lambidinha. Lambida vai, lambida vem, os dois acabaram comendo o ovo. Esse também não era o coelho da Páscoa.

Chegou então a vez do mais jovem. Ele escolheu o ovo azul. Quando passou pelo campo, veio-lhe ao encontro a raposa, mas o coelho não entrou na conversa dela e continuou o seu caminho. Mais adiante encontrou o outro coelhinho que queria lutar com ele, mas ele não parou. Continuou caminhando até chegar a floresta. Ouviu os gritos do pega: -“Cuidado! A raposa vem vindo!”. O coelho não se deixou enganar e continuou o seu caminho. Chegou então ao riacho e cuidadosamente atravessou a pinte sem olhar para sua imagem refletida na água. Encontrou-se mais adiante com o esquilo, mas não lhe permitiu lamber o ovo, pois este era para as crianças. Chegou assim até o portão da escola. Deu um salto nem curto nem longo demais, chegando ao outro lado sem danificar o ovo. Procurou um esconderijo adequado no jardim da escola onde guardou cuidadosamente o ovo. Esse era o verdadeiro “Coelho da Páscoa”!

(Texto extraído da revista NÓS, da escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo – Época de Páscoa 2006)

Jonjoca

Era uma vez um coelhinho muito desajeitado chamado Jonjoca. Vivia derrubando e quebrando tudo que estava ao seu redor. A mamãe coelha já não aguentava mais.Por que Jonjoca era tão estourado?

Quando corria passava pelas flores do jardim e amassava todas. Se queria dar um pulo, caia sempre no lugar errado. Certa vez foi colher cenouras e quando voltava para casa, ao passar pela ponte, escorregou e a cesta com cenouras foi parar dentro do rio.

A Páscoa se aproximava. Papai coelho e mamãe coelha tinham muitas encomendas. Seus filhos já estavam crescidos e podiam ajudá-los. Mas mamãe lembrou da falta de cuidado de Jonjoca e proibiu o coelhinho de ajudar.

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Perto da casa havia um galpão onde costumavam trabalhar; enquanto uns pintavam os ovos, outros os embrulhavam com papéis coloridos.

Jonjoca olhou pela janela e viu seus irmãos, alegres trabalhando. Ficou muito triste, foi andando, entrou na floresta e chegou na beira do lago onde os peixinhos nadavam. Havia muitas flores por ali. Jonjoca sentou numa pedra. De repente, uma borboleta pousou numa flor vermelha que havia ali vendo a tristeza do coelhinho e perguntou:

- O que aconteceu? Por que você está tão jururu?

Jonjoca contou-lhe seus problemas, era muito desajeitado, não conseguia fazer nada certo. A borboleta resolveu ajudá-lo.

- Jonjoca, disse ela, - veja como eu mexo as asas quando voo.E a borboleta abriu suas belas asas coloridas e voou de uma flor para outra com muita graça. Era tão leve, que quando pousava numa flor ela nem mexia.

Jonjoca estava maravilhado, nunca tinha visto tanta beleza. Apareceram mais duas borboletas, uma de asas amarelas e outra de asas azuis. E as três voaram ao redor das flores como se estivessem dançando.

Jonjoca acompanhou cada movimento com a maior atenção. De repente, sentiu como se também estivesse voando.

Começou a pisar com muito cuidado. Subiu na pedra e bem devagar pulou sobre a relva. Tornou a subir e a pular. Não havia amassado nenhuma flor. Agora ele já sabia como devia fazer. Agradeceu às borboletas e voltou para casa.

Lá chegando, abriu a porta do galpão, sentou ao lado de seus irmãos, pegou o pincel e começou a pintar. Papai coelho nem percebeu que Jonjoca havia entrado. Mas, mamãe coelha tudo observava e sorriu feliz para Jonjoca.

O Coelho e a Lua

Xen-o-duan, o grande cacique, falecera. Homens e mulheres choravam sua morte. A Lua teve compaixão deles. Por isso chamou o coelho e disse:

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- Vá, corra nas aldeias dos homens e fale o seguinte: “Assim diz a Lua: Não chorem mais. Xen-o-duam vive. Olhem a mim. Todo mês eu morro, mas depois brilho de novo. O mesmo acontece com vocês: morrem e depois acordam para uma nova vida”.

O coelho não gostava dos homens, porque estes às vezes caçavam-no com seus cachorros. Falou aos homens:

- Assim diz a Lua: Não adianta chorar. Olhem a Lua. Ela, depois de morrer, nasce de novo. Mas, com vocês, é oi contrário: quando morrem, morrem mesmo.

E foi-se embora.

A Lua, percebendo a mentira do coelho, pegou um osso e jogou-o em seu rosto. Deste então, todos os coelhos têm uma fenda na boca.

Aqui termina a lenda africana. Mas o coelho teve filhos, os filhos tiveram filhos, e esses filhos, por sua vez, tiveram filhos (como é um fato muito comum entre coelhos).

Um dia um coelhinho perguntou à sua mãe:- Mãe, por que temos uma fenda na boca?

- Foi culpa do teu bisavô – diz a mãe e conta toda a estória.

- E os homens ainda não sabem a verdade? – perguntou o coelhinho.

- Ainda não sabem a verdade.

- Então eu vou falar para eles.

A mãe acaricia o filhote e diz:- Não. Fique aqui, filhinho. Você não conhece os homens. Quem daria ouvidos a um coelho, e ainda a um coelho com fenda na boca?

O coelho pensa um pouco e tem uma ideia:- Já sei. Vou levar um presente para os homens, um presente que faça com que aprendam a verdade sobre a vida e a morte. Um ovo. Parece ele uma pedra dura, as quanta vida contém!

Desde então, os coelhos levam uma vez por ano os ovos para os homens. Dai surgiu a lenda de que o colho bota ovo. Mas isso não é verdade. Também não é o carteiro que escreve as cartas...

Adaptação de um conto africano por Friedhelm Zimpel

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História para a Páscoa

Há muito tempo, quando a Terra era bem mais nova, Mãe Terra chamou todos os animais até ela e disse: “Quem de vocês é sábio, veloz, puro de coração e pode se tornar o mensageiro do Outono?” Todos os animais ali reunidos disseram: “Escolha-me, escolha-me, eu posso, eu consigo...”, pois todos pensavam que seriam “o melhor mensageiro”. Assim, mãe terra disse: ”Vamos fazer um torneio e averiguar quem será o primeiro a dar a volta na terra inteira e retornar até mim. O vencedor será o mensageiro do Outono!”.

E, assim, os animais partiram.

O leão, que era o mais valente de todos os animais e que corria com suas pernas fortes por colinas e campos, foi o primeiro a partir... mas ao encontrar uma fonte parou para beber água e, ao ver o reflexo de sua linda juba na água, admirou-se tanto que esqueceu completamente do torneio.

O próximo animal a sair foi a águia, com suas majestosas asas abertas voando pelo céu. Certamente ela seria a vencedora, pois ninguém poderia voar tão longe e livre como ela. Mas ela avistou lá embaixo, num rio, um peixe vermelho nadando. A águia pensou em seu jantar e logo estava à caça do peixe e também se esqueceu do torneio.

O antílope, que sabia ser rápido com suas patas seguras que subiam as mais íngremes montanhas, também poderia ser o vencedor e se tornar o mensageiro do Outono. Lá foi ele, saltando por altas montanhas sem nenhuma dificuldade, até que o sol começou a se pôr e encher o céu de lindos matizes. O antílope se perdeu nesse prazer de saltar e logo esqueceu-se do torneio.

Um a um os animais partiram, cada um deles estava certo de que seria o vencedor, mas todos foram esquecendo do torneio ao longo do caminho.

Até que no fim só restava um animalzinho. Era o pequeno coelho, que disse: “Mãe Terra, eu sou pequeno e não sou tão rápido, mas gostaria de tentar ser o mensageiro do Outono”. Mãe Terra o acariciou e disse: “Pois então você deve tentar!”.

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O coelhinho começou a saltar e, saltando pelas campinas, pelas florestas, sobre rios, montanhas acima e vales abaixo, lá foi ele. Ele não era veloz, mas se mantinha a caminho. Saltava e saltava, saltava e saltava, nem mesmo parou para descansar. Foi ele o primeiro a retornar à Mãe Terra.

“Oh, coelhinho, você é sábio, veloz e puro de coração! Você será o mensageiro do Outono. Viva o coelhinho!” E, assim, o coelhinho foi escolhido para levar os ovinhos, que tem dentro de si um pequeno sol, como sinal de uma nova vida, até as casas das crianças, para lembrá-las do brilho especial do Outono.

Fonte: História escrita por Suzanne Down, traduzida por Silvia Jensen e adaptada por Marisa Altavista

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A todos, uma linda Semana Santa e Feliz