Casos clinicos BONS.pdf

download Casos clinicos BONS.pdf

of 129

Transcript of Casos clinicos BONS.pdf

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    1/129

    RELATRIO DE

    ESTGIO

    Curso de Mestrado em Fisioterapia - Terapia Manual Ortopdica

    Autor(a):Andreia Filipa Almeida B. Guerra

    Fisioterapeuta, estudante do mestrado em Fisioterapia da ESTSP.Orientadora:Mestre Natlia Campelo

    Docente do curso de Fisioterapia da ESTSP.

    Porto, 2010

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    2/129

    RELATRIO DE ESTGIO

    Curso de Mestrado em Fisioterapia - Terapia Manual Ortopdica

    Autor(a):Andreia Filipa Almeida B. Guerra

    Fisioterapeuta, estudante do mestrado em Fisioterapia da ESTSP.

    Orientadora:Mestre Natlia Campelo

    Docente do curso de Fisioterapia da ESTSP.

    Porto, 2010

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    3/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    2

    Introduo

    No mbito de completar o mestrado em Fisioterapia, opo Terapia

    Manual Ortopdica (TMO), foi realizado um estgio com carcter

    profissionalizante de modo a aplicar e explorar as novas teorias e tcnicasadquiridas na parte curricular do mestrado.

    O estgio decorreu na Clnica Fisitrica Alto Minho, localizada em Arcos

    de Valdevez, vila do distrito de Viana do Castelo, onde residia uma populao

    maioritariamente idosa e rural. Tendo em conta a idade avanada da

    populao da clnica, os casos mais frequentes eram de processos

    degenerativos prprios da idadeartrose.

    De modo a aplicar as tcnicas de terapia manual leccionadas, foram, em

    conjunto com a direco da clnica, seleccionados os casos em que as

    mesmas tcnicas poderiam ser aplicadas, nomeadamente, casos do foro

    neuro-msculo-esquelticos.

    A TMO uma abordagem teraputica dirigida para pacientes neuro-

    msculo-esquelticos, e engloba essencialmente tcnicas manuais de

    mobilizao e manipulao, e exerccios teraputicos, com vista a gerir a dor e

    proporcionar a recuperao do paciente, incidindo tambm na preveno

    (IFOMT 2004).

    Ao longo do mestrado foram ento adquiridos conhecimentos tericos

    dos mecanismos da dor e terico/prticos de osteopatia; de tenso neural; do

    conceito de Mulligan; do conceito de estabilidade dinmica, assim como de

    exerccios teraputicos. Vrias tcnicas de todas estas vertentes foram

    possveis de aplicar em estgio, seguindo-se os princpios de uma avaliao

    subjectiva e objectiva dirigida para a seleco da melhor tcnica a aplicar ou da

    melhor conjugao de tcnicas, englobando o paciente como um membro

    activo da sua recuperao, ou seja, pondo-o a par da sua situao clnica, dos

    objectivos de tratamento e das metas a atingir e colaborando quer na clnica,

    quer em casa.

    De modo a consolidar os conhecimentos adquiridos foi apresentado um

    estudo de caso de lombocitalgia, sintomatologia com grande prevalncia e

    incidncia na populao portuguesa (Direco-Geral da Sade 2004), assim como

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    4/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    3

    sero de seguida expostas diferentes Fichas Clnicas dos casos abordados,

    demonstrando a metodologia utilizada em estgio.

    O objectivo especfico neste relatrio demonstrar a eficcia da TMO

    em casos especficos e a importncia de um tratamento activo, com

    colaborao do paciente, na recuperao do mesmo.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    5/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    4

    Ficha Clnica I

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente A Sexo: Masculino

    Idade: 76 anos Ocupao: Reformado pintor

    Diagnstico: Prtese Total da Anca (PTA) direita

    Avaliao Subjectiva

    O paciente apresentava-se bem-disposto, interessado na sua recuperao e

    bastante colaborante.

    H algum tempo apresentava dificuldade em caminhar, descer escadas,

    referindo falha do membro inferior direito (lado dominante), no conseguia dormir em

    decbito lateral direito, tendo-lhe sido diagnosticado uma necrose da cabea do fmur,

    pelo que a 13 de Novembro de 2009 foi submetido a uma artroplastia total da anca

    direita. A prtese era do tipo cimentada e foi colocada numa abordagem lateral, tendo

    sido encaminhado posteriormente para fisioterapia.

    Iniciou o tratamento Fitoteraputico dia 4 de Janeiro de 2010, auxiliando-se

    com duas canadianas. O paciente foi avaliado no primeiro dia de tratamento e aps 10

    sesses de Fisioterapia, tendo cada sesso a durao de aproximadamente 1h30.

    Segundo relato do paciente, j foi submetido a uma operao prstata e outra

    s varizes. De momento no se encontra a efectuar medicao.

    Em pessoas de idades avanadas podem surgir problemas sseos, entre eles

    a artrose, esta afecta mais as grandes articulaes de carga, anca e joelhos, e em

    termos gerais caracteriza-se por degenerao ssea dos segmentos articulares, os

    sintomas so dor na virilha que pode irradiar at ao joelho, e dificuldade em suportar o

    peso na perna afectada, pelo que as pessoas acabam por claudicar, a opo de

    tratamento mais utilizada actualmente a cirurgia de substituio da articulao

    artroplastia(Serra 2002), que foi o que aconteceu neste caso clnico.

    Figura 1.Body chart

    Legenda:

    0/10 EVA

    Prtese Total da anca do tipocimentado, abrodagem lateral

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    6/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    5

    Avaliao Objectiva

    Avaliao 04-01-10 Reavaliao 15-01-10 Anexo I

    Dor

    0/10 Escala Visual Analgica da

    Dor (EVA), no entanto apenasexerce carga parcial no membro

    prottico

    Continua sem referir dor,

    j exerce carga totalsobre o membro

    afectado

    Escala 1

    Postura

    Nas diferentes vises confirma-

    se uma ligeira rotao lateral da

    perna direita.

    Zona proximal do fmur mais

    saliente (prtese)

    Idem

    MarchaEfectuada por duas canadianas,

    presente ligeira claudicao

    Sem auxiliares demarcha e sem

    alteraes a registar

    Cicatriz11 cm de comprimento, bem

    nutrida e pouco aderenteIdem

    Muscular

    Apresenta dfice generalizado

    do Membro inferior direito, mais

    do quadricpete, extensores e

    abdutores da anca (quadro 1).

    Este dfice de fora

    comprovado pela perimetria da

    perna, que apresenta valores

    ligeiramente inferiores no lado

    direito (quadro 2)

    Aumento da fora

    muscular do membroinferior direito,

    comprovado tambm

    pelo aumento dos

    valores de perimetria.

    Quadro 1

    Quadro 2

    Sinal de

    TrendelenburgPositivo Negativo

    Amplitudes de

    movimento da

    coxo-fmural

    Sem limitaes de amplitudes

    articulares, dentro dos valores

    esperados para a situao

    clnica.

    Idem Quadro 3

    A avaliao passou por analisar o estado geral do paciente e a situao

    especfica da anca direita do paciente. Foram tomadas todas as precaues para uma

    situao de artroplastia total cimentada, numa abordagem lateral, que segundo aliteratura, consistem em evitar movimentos de aduo para alm da linha mdia do

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    7/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    6

    membro prottico e movimentos combinados de flexo e rotao, dando mais nfase

    rotao externa, de modo a no causar a luxao da prtese (Afonso et al. 2008, Ribeiro

    et al. 2007 and Mulliken et al. 1992) . O sinal de Trendelenburg encontrado em pessoas

    com fraqueza da musculatura abdutora da anca e dito positivo se, quando o quadril

    de um paciente que est de p sustentado por somente uma perna, cai para o lado da

    perna levantada. A fraqueza presente no lado da perna em contacto com o cho. O

    corpo no capaz de manter o centro de gravidade no lado da perna que est no

    cho. Essencialmente, este sinal causado pela paralisia dos msculos glteo mdio

    e mnimo (Dortho 1996);a qual pode ocorrer em abordagem laterais para PTA (Afonso

    et al. 2008),levanta-se assim a hiptese de paralisia destes msculos.

    Principais Problemas:

    Presena do sinal de Trendelenburg.

    Objectivos a longo prazo ou principais:

    Recuperar a funcionalidade do membro inferior direito combater sinal de

    Trendelenburg;

    Deambulao sem auxiliares de marcha.

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Aumentar/conservar as amplitudes de movimento possveis do membro prottico;Aumentar a fora muscular do membro prottico.

    Tratamento realizado:

    Tcnica ObjectivoPosio do

    paciente

    Tempo dedurao/repeties(aproximadamente)

    Mobilizao

    activa/assistida daanca direita

    Conservar asamplitudes

    permitidas da coxo-fmural direita

    Decbito dorsal10 minutos

    Auto-mobilizaoda anca direita

    10 minutos/3x20repeties paracada movimento

    Reforo musculardo membro inferior

    direito(Quadricpete,

    glteos, abdutores,

    tricpete sural, tibialanterior)

    Aumentar a foramuscular do

    membro inferior

    direito

    Decbito dorsal,Decbito lateral

    (com almofadas entre

    as pernas) e decbito

    ventral

    15 minutos/3x30repeties para

    cada grupo

    muscular

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    8/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    7

    Exerccios de

    estabilidade plvica

    Activar amusculatura

    estabilizadoraprofunda da regioplvica (transverso

    do abdmen(TA))para proteger aintegridade dacoluna lombar

    Decbito dorsal,joelhos dobrados,

    plvis na posioneutra

    3x10 repeties,mantendo a

    contraco do TA

    por pelo menos 6segundos

    Massagemcicatricial e

    miorrelaxante

    Manter a nutriocicatricial e

    desfazer pequenasaderncias, relaxar

    a musculaturacircundante

    Decbito lateral(almofadas entre as

    pernas)10 minutos

    Treino de marcha

    Tornar adeambulao

    independente deauxiliares de

    marcha

    De p com auxliodo espelho paracorrigir a ligeira

    rotao lateral daperna direita

    10 minutos

    O tratamento incidiu na manuteno das amplitudes articulares permitidas e no

    aumento da fora muscular do membro inferior direito, de modo a combater a

    presena do sinal de Trendelenburg e reconquistar a marcha sem auxiliares. O

    nmero de repeties dos diferentes exerccios aumentou na segunda semana detratamento e tambm nesta a marcha passou a fazer-se sem auxiliares. O treino da

    estabilidade plvica foi aplicado mais por meio de preveno, dado que o paciente no

    referia dor lombar, e consistia em contrair o TA (unir as duas espinhas ilacas Antero-

    superiores), manter a contraco por alguns segundos de modo a aumentar a

    estabilidade lombar, necessria para uma posterior deambulao.

    Conselhos ao paciente (Afonso et al. 2008, Ribeiro et al. 2007 and Mulliken et al. 1992)

    - Manter as pernas em abduo quando em decbito dorsal, no dormir sobre o ladooperado e ao virar-se em decbito lateral para o lado bom colocar dois travesseiros

    entre os joelhos para manter as pernas abduzidas;

    - Tcnica de levante da cama (entrar e sair sempre pelo lado contrrio ao da

    artroplastia total da anca);

    - Respeitar os limites de movimentos da articulao;

    - No se sentar em cadeiras baixas, evitar cruzar o membro afectado sobre o lado no

    operado. No sentar de forma muito recta na cadeira, sentar-se somente inclinando o

    tronco para trs com a regio lombossagrada;

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    9/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    8

    - No realizar actividades que provoquem carga excessiva ou brusca sobre a

    articulao (corridas, saltos, levantar cargas pesadas, inclinao ou rotao

    excessivas, evitar aumento de peso);

    - No permanecer de p por longos perodos e no se sentar por perodos superiores

    a 30 minutos de cada vez;

    - Elucidar acerca da importncia da fisioterapia.

    Resultados

    Os resultados foram muito benficos para o paciente, recuperando-se a fora

    muscular e a deambulao sem auxiliares de marcha, no entanto o estado inicial do

    paciente tambm no previa uma recuperao difcil e devido sua notria

    independncia no se optou por aplicar nenhuma escala de avaliao da incapacidadefsica. A principal preocupao era a presena do sinal de Trendelenburg, que poderia

    indicar a paralisia do grande e mdio glteo e assim comprometer a marcha do

    paciente, no entanto este sinal encontrou-se negativo na reavaliao, pelo que o

    tratamento combateu a fraqueza destes msculos e a sua paralisia deixou de ser uma

    hiptese. O paciente terminou o tratamento sem auxiliares de marcha e com uma

    marcha normalizada.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    10/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    9

    Ficha Clnica II

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente B Sexo: Feminino

    Idade: 70 anos Ocupao: Reformada por invalidez

    Diagnstico: Fractura do 1/3 inferior da perna esquerda

    Avaliao Subjectiva

    A paciente h 6 meses fracturou 1/3 inferior da perna esquerda. Fractura

    exposta, que resultou de trauma. Permaneceu com a perna imobilizada atravs de

    bota engessada durante 4 meses. Aps retirar o gesso refere no ter dor em repouso

    e apenas refere sentir a perna frgil. Apresentava-se em cadeira de rodas,

    efectuando carga parcial sobre o membro lesado aquando das transferncias, bem-

    disposta e muito colaborante.

    Quando era criana sofreu um acidente que a deixou com uma paralisia do

    plexo braquial direita. Referiu j ter fracturado o p direito h mais ou menos 10

    anos, e no ter feito qualquer tipo de tratamento, sentindo dores espordicas nesse

    p. Antes do acidente que a trouxe a fisioterapia deslocava-se com o auxlio de uma

    bengala.

    Actualmente encontra-se medicada com dois medicamentos para a tenso, um

    para o colesterol e um analgsico dirio.

    Figura 1.Body chart

    Legenda:

    Fractura exposta 1/3 inferior da pernaesquerda

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    11/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    10

    Avaliao Objectiva

    1 Avaliao04-01-10

    2 Avaliao15-01-10

    3 Avaliao29-01-10 Anexo II

    Funcionalidadefsica (atravsda aplicaodo ndice de

    Barthel)

    43 pontosdependncia severa

    67 pontosdependncia

    moderada

    98 pontosdependncia ligeira

    Escala 1

    Dor

    No refere dor emrepouso, referindodor grau 3/10 EVA

    quando osmovimentos do p

    so forados

    Refere dor grau 2quando faz cargano membro lesado

    Sem dor Escala 2

    Postura

    Leso do plexo

    braquial direita;Joelhos vlgus;Astrgalo esquerdo

    anteriorizado

    Idem Reduo daanteriorizao doastrgalo esquerdo

    Cicatriz

    4 cm decomprimento, bemnutrida mas com

    algumas aderncias.

    Idem Sem aderncias

    Perimetria

    Membro inferioresquerdo com

    valores maiores deperimetria

    relativamente aodireito, na zona de

    5cm e 10 cm abaixodo bordo inferior dartula, evidenciando

    a existncia deedema; na zona de

    20cm abaixoencontra-se com

    valores inferiores aodireito, indicandopossvel perda demassa muscular

    Sem diferenassignificativas entre

    os membrosinferiores

    Idem Quadro 1

    Amplitudes demovimento daTibio-Trsica

    (TT)

    Todos osmovimentos deambas as TT se

    encontram limitadoscom a excepo da

    everso; noultrapassa a posio

    neutra para omovimento dedorsiflexo de

    ambas as TT, sendoeste movimento omais limitado.

    Ganho deamplitude

    articulares emtodos os

    movimentoslimitados, adorsiflexo

    continua a ser omovimento mais

    limitado

    Conquista de todasas amplitudes da

    TT esquerda, sendoa dorsiflexo o

    nico movimentolimitado, o membro

    so tambmganhou mobilidade

    da TT

    Quadro 2

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    12/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    11

    Crepitaessentidas na

    mobilizao dosjoelhos e das TT.

    Muscular

    Ambos os membrosapresentam ligeiro

    dfice de forageneralizado, no

    entanto ambos seencontram

    classificados comgraus funcionais.No teste para o

    tricpete sural noadoptou a posio

    de teste forte, sendograduado com grau

    3+ para o ladolesado.No teste do tibial

    anterior a pacienteno completa a

    amplitude de testepor limitao dadorsiflexo paraambos os lados,

    pelo que classificado com

    grau

    amplitude/fora.

    Aumento da fora

    muscular

    Aumento da foramuscular, apenas o

    tibial anteriorcontinua

    classificado com

    grauamplitude/fora,mas pelo limite dadorsiflexo e nopor falta de fora

    Quadro 3

    Marcha

    Desloca-se porauxlio de uma

    cadeira de rodas -avaliao da marchano aplicvel

    Dificuldade damarcha aumentadapela incapacidade

    funcional domembro superiordireito (leso doplexo braquial),causando algum

    desequilbrio.Notria limitao

    da dorsiflexo

    bilateralmente,dificultando a fasede ataque ao solo,

    sendo esta feitacom algumassubstituies,

    fraqueza bilateraldos extensores e

    abdutores da coxa(mais mdionadegueiro)

    Melhoria geral do

    padro de marcha

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    13/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    12

    A avaliao subjectiva deu-nos informaes relevantes, como: a causa da

    fractura trauma; a histria clnica passada da paciente - leso do plexo braquial

    direita quando era criana e fractura antiga da TT direita sem tratamento, resultando

    em dores espordicas, situaes que por si s j dificultavam a marcha que era

    auxiliada por uma bengala. A juntar a isto, temos um acamamento da paciente ficando

    a depender de outrem e em cadeira de rodas, mais um factor negativo para o sucesso

    da sua recuperao total e independncia. No entanto neste interrogatrio/dilogo que

    a avaliao subjectiva foi demonstrado pela paciente grande fora de vontade em

    atingir maior grau de independncia.

    Na avaliao objectiva avaliaram-se ento os parmetros citados no quadro 1,

    cujos valores detalhados se encontram em anexo II, entre eles foi avaliado o grau de

    dependncia fsica, atravs do ndice de Barthel (Araujo et al. 2007)para se poder ter

    uma percepo mais quantitativa da recuperao.

    Principais Problemas:

    Dependncia fsica da paciente.

    Objectivos a longo prazo ou principais:

    Recuperar a independncia fsica da paciente (deambulao com um auxiliar de

    marcha ou se possvel sem nenhum)

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Diminuir pequeno edema do joelho esquerdo;

    Desfazer aderncias da cicatriz;

    Diminuir a dor;

    Aumentar as amplitudes de ambas as TT;

    Aumentar a fora muscular de ambos os membros inferiores.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    14/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    13

    Tratamento realizado:

    Tratamento efectuado de 4 de Janeiro a 14 de Janeiro

    Tcnica ObjectivoPosio do

    paciente

    Tempo dedurao/repeties

    (aproximadamente)Termoterapiacalor hmido na

    zona de 1/3 inferiorda perna e TT

    Relaxamentomuscular e

    diminuio da dor

    Decbito dorsalcom membrosinferiores em

    declive

    20 minutos

    Massagem daperna

    Drenagem doedema do joelho,

    desfazeradernciascicatriciais e

    relaxamentomuscular das

    estruturascircundantes da

    TT; diminuio dador

    10 minutos

    Thrustparadisfuno anterior

    do astrgalo

    Reposicionar oastrgalo esquerdo

    de modo aposteriormente

    ganhar amplitudearticular da TTesquerda

    Decbito dorsalcom o membroinferior em tripla

    flexo, p apoiado

    numa cunha parapromover algumaflexo plantar

    2 minutos(tcnica efectuadaapenas 2 vezes aolongo do tratamento,

    uma na 1semana eoutra na 2)

    Mobilizaoactiva/assistida da

    TT

    Ganho deamplitudes

    articulares da TTesquerda

    Decbito dorsal 10 minutos

    MWM do astrgalo

    para dorsiflexo

    Ganho de

    dorsiflexo

    Decbito dorsalcom o calcanharapoiado e comflexo do joelho

    para evitar oestiramento dotricpede sural

    3X10 repeties

    Exerccios defortalecimento dosmembros inferiores(Abdutores/adutores

    da anca;quadricpite; Tibialanterior e tricpitesural com thera-

    bandazul;

    Aumentar a foramuscular do

    membro inferioresquerdo

    Decbito dorsal

    8 minutos

    20 minutos3 X20 repeties

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    15/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    14

    extensores da anca)

    Exerccios deproprioceptividade(tbua de freeman)

    Recuperao doequilbrio e controle

    postural emsentado, activar

    antecipadamenteestruturas

    musculares, queentram em tenso

    antes domovimento,

    prevenindo assimfuturas leses.Mobilizao e

    reforo muscular

    das TT

    Sentada 10 minutos

    Transferncias eTreino de marcha

    Recuperarindependncia nas

    transferncias,ganho de fora dos

    membrosinferiores,

    recuperar a marcha

    De deitado parasentado, de

    sentado para de pnas transferncias.Em p nas barras

    paralelas paracaminhar

    15 minutos

    Tratamento efectuado de 15 a 29 de Janeiro (acrescentou-se:)Exerccios de

    fortalecimento compeso 2kg nasextremidades

    inferiores

    Aumentar a foramuscular

    Decbito dorsal 3x30 repeties

    Fortalecimento dosmembros inferiorese treino de equilbrio

    (sentar - levantar,apoio unipodal,semi-passos)

    Aumentar a foramuscular emelhorar oequilbrio

    De p

    15 minutos3X20 repeties

    para cadaexerccios

    Treino de marcha

    Tornar adeambulaoindependente de

    auxiliares demarcha

    De p em piso semobstculos, comobstculos e em

    escadas

    15 minutos

    Nota:A partir do dia 12 a paciente passou a deslocar-se com o auxlio de uma canadianadeixando a cadeira de rodas.

    O tratamento efectuado foi evoluindo conforme o aumento da performance

    fsica da paciente. Inicialmente optou-se por insistir mais em tcnicas de aumento das

    amplitudes articulares, como a tcnica de mobilizao com movimento de Mulligan(MWM) do astrgalo para limitao da dorsiflexo, a qual consiste resumidamente em

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    16/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    15

    aplicar um movimento acessrio AP no astrgalo com flexo dorsal activa (Collins et al.

    2004, Mulligan 1999 and Exelby 1996). Tambm no sentido de reconquistar a dorsiflexo,

    aplicou-se uma manipulao do astrgalo, para a qual se deve ter cuidado redobrado

    tendo em conta a idade avanada da paciente (Ricard and Sall 2007).

    Exerccios de fortalecimento e treino proprioceptivo dos membros inferiores,

    assim como de equilbrio tambm foram aplicados, estando a evoluo da dificuldade

    destes directamente relacionada com a evoluo da performance fsica da paciente.

    Todas as sries de exerccios eram precedidas por perodos de descanso.

    Conselhos paciente:

    - Auto-mobilizar os membros inferiores (ensinado pelo terapeuta);

    - No passar muito tempo deitada, e quando estiver nesta posio por mais tempomanter os membros inferiores elevados e activar a circulao com movimentos de

    dorsiflexo da TT;

    - Exerccios de fortalecimento para casa efectuados uma vez por dia.

    Resultados/Discusso

    A idade avanada e as crepitaes sentidas na mobilizao das articulaes

    dos joelhos e das TT, assim como as dores espordicas referidas pela paciente nos

    joelhos e TT, indicam a presena de um processo de artrose, o que pode juntamente

    com a m formao de um calo sseo justificar o limite das amplitudes articulares das

    TT(Silva et al. 2008); apesar de os valores de dorsiflexo no apresentarem um valor

    considerado normal, conseguiu-se aumentar a dorsiflexo para amplitudes superiores

    posio neutra inicialmente no ultrapassada e normalizar as restantes amplitudes.

    Todos os grupos musculares j se encontravam funcionais, mas conseguiu-se

    um aumento notvel da fora muscular, observvel na capacidade de marcha sem

    auxiliares de marcha, para isto tambm contribuiu o treino de equilbrio.

    Foi notria grande evoluo da capacidade fsica registada pelo ndice de

    Barthel, em que a paciente passou de uma dependncia severa para uma

    dependncia ligeira. (Resultados em anexo II)

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    17/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    16

    Ficha Clnica III

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente C Sexo: Feminino

    Idade: 35 anos Ocupao: Empregada domstica

    Diagnstico: Sndrome do tnel crpico (ps-cirrgico)

    Avaliao Subjectiva

    A paciente iniciou tratamento a 7 de Janeiro de 2010 tendo sido operada h 1

    ms da referida data e sentia-se bem, mas uma semana antes de iniciar o tratamento

    de fisioterapia teve um acidente de viao e a partir da a mo comeou a doer e a

    zona da cicatriz ficou muito endurecida.

    Antes da cirurgia a paciente referia parestesias nos trs primeiros dedos e dor,

    acompanhada de falta de fora durante o seu trabalho de empregada domstica

    tarefas repetidas dos punhos. Refere que os sintomas eram bilaterais, mas mais

    incapacitantes do lado esquerdo. A paciente aps questionada de outros problemas

    que tenha tido, apontou para uma queda h 10 anos, em que referiu ter deslocado

    uma vrtebra cervical.

    Este sndrome ocorre mais no sexo feminino (Serra 2002)e pode ter um inicio

    devido a sobre-uso, ou seja, caracterstico em pessoas cujo seu trabalho laboral

    implique movimentos repetidos do punho, o que o caso de uma empregada

    domstica. Biomecnicamente falando as posies repetidas de hiper-extenso do

    punho, e em menor grau, de flexo, observadas nas tarefas domsticas, elevam a

    presso do tnel crpico e projectam o semi-lunar anteriormente contra o ligamento

    anular do carpo, diminuindo assim o calibre do tnel crpico por onde o nervo mediano

    tem acesso e comprimindo-o, despertando ento a sintomatologia (Lopes and Uva 2002,

    Serra 2002).

    Figura 1. Body Chart

    Legenda:

    8/10 EVA

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    18/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    17

    Avaliao Objectiva

    Avaliao(07-01-10) Reavaliao(20-01-10) Anexo III

    Dor Grau 8/10EVA

    Grau 2/10 EVA, dor que

    surge apenas depois do

    esforo dos exerccios de

    fortalecimento

    Escala 1

    Inspeco

    A colorao da mo

    esquerda, bem como a

    temperatura elevada

    apoiam a ideia de um

    processo inflamatrio.

    A cicatriz encontra-sebastante sensvel, aderente

    e dura.

    A colorao da mo

    aproxima-se da outra

    mo, bem como a

    temperatura. A cicatriz

    apresenta melhor aspecto

    e sem dor ao toque, masainda um pouco dura na

    zona do punho.

    Testes

    ortopdicos

    Na mo operada apenas o

    teste de Phalendespertou

    sintomatologia, mas leve, j

    na mo que no foi operada

    tudo confirma que existe

    compresso do nervomediano

    Relativamente mo

    operada no apresenta

    nenhum teste positivo

    Quadro 1

    Avaliao

    sensorial

    Mo no operada sem

    alteraes, mo no

    operada com parestesias

    Idem

    Neurodinmica

    Teste neurodinmico do

    mediano 1 (TNM1) positivo

    em ambos os lados para o

    nvel 3b

    TNM1 negativo para o

    lado operado e continua

    positivo para o lado direito

    Perimetria

    Os valores de perimetria

    so idnticos em ambas as

    mos/punhos

    Idem Quadro 2

    Amplitudes de

    movimento

    punho e

    polegar

    Apresenta dfices de

    amplitude da

    flexo/extenso do punho

    em comparao ao lado

    contralateral

    Sem dfices de amplitude

    comparativamente ao lado

    contralateral

    Quadro 3

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    19/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    18

    Muscular

    Apresenta dfice muscular

    generalizado da mo e

    punho esquerdo

    Aumento da fora

    muscularQuadro 4

    Segundo vrios autores o Teste de Phalen e Tinel, quando positivos apontampara a compresso nervosa (Shacklock 2005, Lopes and Uva 2002), estes deram

    positivos do lado no operado, pelo que ser benfico para a paciente iniciar

    tratamento o quanto antes.

    Para Shacklock (2005), perante uma suspeita de comprometimento nervoso

    importante testar as interfaces em separado das estruturas nervosas e depois em

    conjunto, para detectar onde reside o problema principal, assim foram executados os

    testes de abertura e fechamento para colocar a interface numa situao de gerar

    menor e maior tenso, respectivamente, relativamente estrutura neural. Na mo no

    operada voltou-se a confirmar a existncia de compresso nervosa, pelos testes

    aplicados, em que os sintomas agravam numa situao de fechamento da interface e

    aliviam numa situao de abertura.

    Apesar desta sndrome ser uma disfuno mais relacionada com as interfaces,

    os componentes neurais tambm devem ser tratados, uma vez que permaneceram

    durante longos perodos sobre presses anormais (Shacklock 2005). O TNM1 d

    positivo para ambos os lados, para o lado operado aparenta uma disfuno de

    deslizamento distal, dado que h aumento dos sintomas com movimentos de extenso

    dos dedos e diminuio dos sintomas com movimentos que produzem migrao

    proximal do nervo (p.ex. flexo lateral cervical contralateral).

    Principais Problemas:

    Dor com subsequente diminuio da actividade funcional da mo esquerda.

    Objectivos a longo prazo ou principais:

    Diminuir a dor;Restabelecer a funcionalidade da mo esquerda.

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Diminuir a sensibilidade e aderncias da cicatriz;

    Combater processos inflamatrios;

    Aumentar a amplitude articular da flexo/extenso do punho esquerdo;

    Aumentar a fora muscular do punho e mo esquerda;

    Restabelecer a neurodinmica do nervo mediano.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    20/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    19

    Tratamento Realizado:

    Tcnica ObjectivoPosio do

    paciente

    Tempo dedurao/repeties

    (aproximado)

    Termoterapiaparafina

    Relaxamento muscular;

    diminuir aderncias dacicatriz

    Sentada

    20 minutos

    Ultra-sonspulsteis

    Combater processosinflamatrios; contribuir

    para a cicatrizao;diminuio das

    aderncias cicatriciais eda dor

    8 minutos

    Massagem demobilizao da

    cicatriz e

    miorrelaxante dobrao e mo

    esquerda

    Relaxamento musculare diminuio dasensibilidade e

    aderncias cicatriciais8 minutos

    MWMpara flexo eextenso

    (transverso lateral da1fileira dos ossos docarpo em relao rdio tibial inferior

    para flexo e PA nacabea do cbitopara extenso)

    Aumento da amplitudearticular de

    flexo/extenso dopunho

    3X10 repetiespara cadamovimento

    Fortalecimentomuscular dos

    flexores/extensoresdos dedos e punho

    (Exerccios comtoalha, thera-band,bolas teraputicas,

    peso de 1kg)

    Aumento da foramuscular

    3X20 repetiescada exerccio

    Tcnicas de

    Deslizamentoneural

    (deslizamento distaldo nervo mediano no

    punho) e Tensoneural (= TNM1)

    Aumento da mobilidade

    do nervo mediano anvel distal

    Aumento dacapacidade de tenso

    do nervo mediano

    10 repeties

    Conselhos paciente:

    - Ensinar a auto-mobilizao neural;

    - Alongamento dos flexores/extensores do punho (unir palmas das mos e depois

    dorsos, respectivamente);

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    21/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    20

    - Massajar sempre a zona da cicatriz para ajudar a libertar as aderncias.

    Resultados/Discusso

    Como podemos verificar pelos resultados (dados da reavaliao) a paciente

    recuperou a funcionalidade da mo esquerda, e para tal contriburam as tcnicas demobilizao com movimento acessrio de Mulligan(MWM), que atravs da aplicao

    de um movimento acessrio sustido e atravs da solicitao do movimento activo

    limitado, contribuem para aumento das amplitudes articulares e diminuio da dor

    (Mulligan 1999), efeito demonstrado na nossa paciente.

    A abordagem neurodinmica manifestou uma disfuno de deslizamento distal

    do nervo mediano, a qual foi recuperada por tcnicas de deslizamento. Segundo

    Shacklock (2005)perante uma disfuno de deslizamento distalsegue-se o princpio

    de posicionar afastado/mova afastando, optou-se por uma tcnica de deslizamento

    com duas extremidades uma vez que a paciente sentiu melhoras mais significativas

    com esta, do que com uma tcnica de deslizamento com uma s extremidade, este

    facto talvez seja devido a que com duas extremidades o deslizamento seja mais global

    e liberte possveis aderncias no trajecto neural que no foram positivas na avaliao

    neural. Aps a aplicao dos deslizadores conveniente a aplicao dos

    tensionadores, para sujeitar o nervo mediano a aumentos progressivos de tenso

    (Shacklock 2005, Tal-Akabi and Rushton 2000), estas tcnicas so intercaladas por

    tcnicas de deslizamento (Shacklock 2005) e tambm foram aplicadas com duas

    extremidades.

    A recuperao cirrgica da paciente foi positiva e grande parte deveu-se como

    podemos verificar a um acompanhamento fisioteraputico, seria benfico para a

    paciente iniciar imediato tratamento outra mo.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    22/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    21

    Ficha Clnica IV

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente D Sexo: Masculino

    Idade: 17 anos Ocupao: Estudante

    Diagnstico: Subluxao da Interfalnge proximal (IFP) do 3 dedo direito

    Avaliao Subjectiva

    O paciente praticava futebol, na posio de guarda-redes. H trs meses

    sofreu uma subluxao da IFP do 3dedo da mo direita, aquando a defesa de uma

    bola. Referiu que andou com tala durante 2 semanas e aps a retirar no conseguia

    movimentar o dedo, despertando dor na tentativa de movimento. Apesar de ser destro

    no referiu muita dificuldade na escrita. Iniciou tratamento de Fisioterapia passado trsmeses do inicio traumtico, a 18 de Janeiro de 2010. Os tratamentos eram dirios,

    com a durao de aproximadamente1h.

    O paciente no se encontrava a tomar medicao, e apenas refere que j

    fracturou o 5 dedo da mesma mo.

    Avaliao Objectiva

    Avaliao(18-01-10) Reavaliao (30-01-10) Anexo IV

    Dor

    Grau 2/10 EVA, durante o

    movimento de flexo/extenso

    da IFP, aumentando o grau da

    dor para 5 quando se adiciona

    presso adicional ao

    movimento, em repouso no

    sente dor.

    Grau 2/10 EVA apenas

    presso adicional de flexoEscala 1

    Postura

    No existem alteraes

    posturais relevantes, apenas

    se verifica uma deformidade

    da IFP em questo

    Pequena deformidade da

    IFP lesada

    Perimetria

    IFP lesada com valores

    superiores ao lado so, 7,2 cm

    e 6,4 cm respectivamente

    Diminuio dos valores de

    perimetria da IFP lesada

    para 6 cm

    Quadro 1

    Muscular

    Dfice muscular a nvel dos

    lumbricides, intersseo

    dorsal e palmar, flexores e

    Sem dfice muscular Quadro 2

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    23/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    22

    extensores dos dedos

    Amplitudes

    de

    movimentoda IFP

    Dfice de amplitude da flexo

    e extenso com fim de

    movimento vazio, a IFP direita

    encontra-se em posio de

    repouso a 10 de flexo

    Recuperao da posio

    neutra da IFP direita e sem

    grandes alteraes

    significativas das

    amplitudes de movimento

    Quadro 3

    Principais Problemas:

    Diminuio da funcionalidade do 3 dedo direito (deformidade da IFP)

    Objectivos a longo prazo ou principais:

    Restaurar a funcionalidade do 3 dedo direito (Diminuir a deformidade da IFP)

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Diminuir a dor;

    Restaurando a amplitude articular da IFP.

    Aumentar a fora muscular.

    Tratamento realizado:

    Tcnica ObjectivoPosio do

    paciente

    Tempo dedurao/repeties

    (aproximado)

    Termoterapiaparafina

    Relaxamento muscular;combater processos

    inflamatrios ediminuio da dor

    Sentada

    20 minutos

    Mobilizaoactiva/assistidamo e punho

    Manter amplitudesarticulares

    8 minutos

    MWM IFP para

    flexo/extenso

    Aumento da amplitudearticular de

    flexo/extenso da IFPlesada

    3X10 repetiespara cadamovimento

    Massagemmiorrelaxante do

    brao e modireita

    Relaxamento muscular ediminuio da tenso

    ligamentar8 minutos

    Exerccios deFortalecimento

    muscular

    (Toalha, bolasteraputicas, rede

    Aumento da foramuscular

    3X10 repetiescada exerccio

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    24/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    23

    e thera-band)

    Massagemantebrao,

    punho, mo e

    dedos direito

    Relaxamento muscular,diminuio da dor

    8 minutos

    Conselhos ao paciente:

    - Exerccios para casa de auto-MWM.

    Resultados/Discusso

    Observaram-se ganhos de amplitude quer da flexo, quer da extenso, estes

    deveram-se aplicao do conceito de Mulligan, que segundo o autor a restrio do

    movimento pode ter como origem pequenas falhas posicionais, em que os segmentos

    sseos podem estar fora do seu alinhamento normal e no permitir amplitude articular

    total originando dor (Mulligan 1999).O nosso paciente sofreu uma subluxao da IFP do

    3 dedo direito, o que pode ter proporcionado um pequeno desvio segmentar,

    originando a falha posicional da articulao.

    Utilizou-se a tcnica de mobilizao de movimento de Mulligan (MWM), que

    consiste em que o terapeuta aplique uma fora sustida ao segmento em questo,

    movimento acessrio, de modo a corrigir uma falha posicional mnima. A tcnica

    indicada quando, durante a sua aplicao permite o movimento doloroso (sinal

    comparvel) sem dor (feedback do doente). A MWM til em limitao de movimentos

    activos por dor ou resistncia (Mulligan 1999), aplicando-se perfeitamente ao caso com

    resultados positivos, ganho de amplitude e diminuio da dor.

    De modo a prolongar e aumentar os ganhos o paciente era instrudo a aplicar

    em casa a mesma tcnica, mas neste caso automobilizando-se, em que com a mo s

    aplicava o acessrio, previamente ensinado pelo terapeuta (Vicenzino et al. 2007,

    Mulligan 1999).

    Tambm se poderia ter recorrido ao uso de ligadura para a IFP, de modo a

    posicionar a articulao, tendo o mesmo efeito da aplicao de um movimento sustido,

    como o caso do acessrio aplicado na tcnica de MWM(Mulligan 1999).

    A deformidade inicialmente observada na IFP lesada foi diminuda mas no

    eliminada por completo, tal facto pode estar relacionado com o factor tempo de

    recuperao, e o facto de em indivduos jovens os ligamentos serem ainda muito

    resistentes a foras de tenso e perante uma situao de trauma poder resultar em

    fractura-luxao, o que posteriormente pode causar maior dificuldade na reduo da

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    25/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    24

    deformidade ssea e levar a processos precoces degenerativos da articulao (Serra

    2002).

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    26/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    25

    Ficha Clnica V

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente E Sexo: Masculino

    Idade: 65 anos Ocupao: Reformado de costureiro

    Diagnstico: cervicalgia

    Avaliao Subjectiva

    Segundo relato do paciente, exerceu a profisso de costureiro durante 45 anos

    e h 10 anos foi-lhe diagnosticado um processo degenerativo na coluna cervical, que o

    levou a ser submetido a uma cirurgia nesta zona, encontrando-se actualmente com

    material de osteossntese. No existem informaes precisas acerca da abordagem

    cirrgica, apenas atravs de exame imagiolgico RX, solicitado ao paciente, foi

    possvel identificar o material de osteossntese ao longo de todas as vrtebras

    cervicais.

    Actualmente encontra-se com dor que se manifesta em movimentos de maior

    amplitude da cervical e rigidez articular a nvel cervical, que est sempre presente,

    sendo mais evidente ao acordar.

    O paciente apresenta-se muito bem-disposto e participativo, apesar de

    demonstrar ser muito impaciente e por vezes dificultar a compreenso do que lhe

    solicitado

    Segundo vrios autores a incidncia da cervicalgia est a aumentar, sendo

    mais frequente em indivduos que j ultrapassaram os 50 anos (Dusunceli 2009, Childs

    et al. 2008 and Hoving et al. 2002). A causa para a dor no pescoo no muito precisa,

    mas pensa-se que processos degenerativos possam estar na sua origem (Childs et al.

    2008 and Hoving et al. 2002), facto que se suspeita ser o caso do paciente e o levou a

    ser submetido a cirurgia. Na base deste processo degenerativo poder ter estado a

    sua profisso, que o mantinha por perodos prolongados em hiperflexo da cabea,

    com movimentos repetidos dos membros superiores, posies incorrectas,

    prolongadas e repetidas, que podem levar a cervicalgia (Childs et al. 2008 and Marchetto

    et al. 2002).

    Esta cervicalgia parece ser de origem mecnica, em que a falta de mobilidade

    articular resultante do material de osteossntese resultou em tenso muscular

    generalizada.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    27/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    26

    Figura 1. Body Chart

    Avaliao Objectiva

    Avaliao 28-01-10 Reavaliao10-02-10 Anexo V

    Dor

    Grau 4/10 EVA. uma dor

    localizada no pescoo que se

    manifesta mais nos limites de

    amplitudes disponveis.

    Diminuio da dor para

    grau 1/10 EVA.Escala 1

    Postura

    evidente uma anteverso da

    cabea e flexo da mesma.

    As omoplatas encontram-se

    ligeiramente subidas e aladas

    Ligeira correco postural,

    capacidade de correco

    em frente ao espelho e

    quando solicitado

    Inspeco

    Palpam-se contracturas

    musculares a nvel dos

    trapzios superiores comtigger pointno direito;

    esternocleidomastoideu,

    escalenos e paravertebrais.

    Evidente grande tenso em

    toda a musculatura posterior

    do pescoo

    Ligeira tenso na

    musculatura posterior do

    pescoo

    OrtopdicaApresenta positivos todos os

    movimentos activos, passivos

    Diminuio da tenso

    muscular que tornou os

    Quadro1

    Legenda:

    4/10 EVA

    Aumento da tenso damusculatura posterior da cervical

    Dfice estabilizadores profundosda cervical

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    28/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    27

    e resistidos da cervical, no

    havendo comprometimento

    nervoso (tenso muscular)

    testes negativos

    Amplitudes

    de

    movimento

    Todos os movimentos da

    cervical limitados, com fim de

    movimento vazio,

    apresentando maior dfice

    nos movimentos para o lado

    direito

    Ganho de amplitude

    articular, mas continua em

    dfice relativamente ao

    esperado para uma

    situao normal, no

    entanto temos que ter em

    conta que o material de

    osteossntese pode limitar

    a amplitude disponvel

    Quadro2

    Muscular e

    estabilidade

    dinmica

    Dfice a nvel dos

    estabilizadores profundos da

    cervical. Atravs do teste Low

    load recruitment in neutrala

    presso dopressure

    biofeedbackaumenta 12

    mmHg com compensaes da

    temporo-mandibular e

    escalenos.

    Melhoria do recrutamento

    dos estabilizadores

    profundos da cervical, o

    valor da presso do

    pressure biofeedback

    desceu para 8 mmHg, mas

    ainda se evidencia alguma

    tenso nos escalenos

    Quadro3

    De acordo com a avaliao, verificou-se que no existe comprometimento

    nervoso, e que a origem da dor tem a ver com um mecanismo mecnico, em que a

    rigidez articular poder ter gerado um alterao da dinmica articular da cervical,

    evidenciada pelo diminuio da actividade dos estabilizadores profundos e um

    aumento da tenso da musculatura circundante, gerando contracturas musculares que

    causam dor e limitam ainda mais a amplitude articular, deste modo estabeleceram-se

    os seguintes objectivos e plano de tratamento:

    Principais Problemas:

    Dor e rigidez a nvel cervical;

    Objectivos a longo prazo ou principais:

    Diminuir a dor e a rigidez a nvel cervical.

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Diminuir contracturas musculares a nvel dos Trapzio superior, escalenos,

    esternocleidomastoideo;

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    29/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    28

    Aumentar a amplitude articular da cervical;

    Aumentar a fora muscular dos estabilizadores profundos da cervical;

    Melhorar a postura.

    Tratamento realizado:

    Tcnica ObjectivoPosio do

    paciente

    Tempo dedurao/repeties

    (aproximado)TermoterapiaCalor hmido

    cervicalRelaxamentomuscular e

    diminuio da dor

    Decbito dorsal,por cima do calor

    hmido20 minutos

    Massagemcervical e cintura

    escapular

    Decbito ventral 10 minutos

    Tcnica de Jonespara o TS direito

    Diminuio datenso muscular

    dos TS

    Decbito dorsal

    10 minutos

    Alongamentos dacervical

    Relaxamentomuscular eaumento da

    amplitude articular

    5 repeties paracada movimento,

    mantendo oalongamento por 6

    segundosMobilizao

    passiva da cervical10 minutos

    NAGs na cervicalDiminuio da dor

    e aumento daamplitude articular

    Sentado 3 X 10 repeties

    Exerccios deestabilidade

    dinmica

    Melhoria daactivao dos

    msculosestabilizadoresprofundos da

    cervical

    Melhoria da postura

    Paciente emdecbito dorsal,

    sentado, evoluindopara gatas e

    decbito ventral

    10 repeties emanter cada

    contraco por pelomenos 6 segundos

    Conselhos ao paciente:

    - Evitar posies mantidas de flexo da cervical;

    - No banho alongar a musculatura do pescoo em diferentes direces e manter o

    chuveiro de gua quente a incidir sobre a zona tensa;

    - Exerccios activos de alongamento e de correco postural da coluna e cintura

    escapular.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    30/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    29

    Tendo em conta que o paciente possua material de osteossntese, como forma

    de termoterapia, para combater as contracturas musculares, utilizou-se o modo

    superficial, neste caso sob a forma de calor hmido. Executaram-se alongamentos, de

    forma a alongar msculos e fscia, permitindo maior amplitude articular (Gallego and

    Galdnez 2001).

    Utilizaram-se tcnicas de osteopatia, como a tcnica de Jones adaptada para o

    msculo trapzio superior, esta tcnica tem como princpio palpar o tigger point do

    msculo com o dedo e posicionar a articulao numa posio de relaxamento, o

    objectivo obter um silncio neurolgico sensorial que permitir a normalizao do

    tnus muscular, isto reduz a tenso do msculo em espasmo e a disparidade entre as

    fibras intra e extrafusais diminuiu e o sistema nervoso central pode ento reduzir a

    actividade gama. No final da tcnica importante levar lentamente a articulao

    posio neutra para evitar provocar hiperactividade gama (Ricard and Sall 2007).

    Quando uma tcnica de terapia manual provoca desconforto, em situaes

    agudas e em idosos, utilizam-se tcnicas de deslizamento apofisrio natural (NAGs),

    que consistem em mobilizao oscilatria de amplitude mdia a final; utilizados

    quando existe uma restrio multidireccional e multinvel, sendo aplicado de C2a T3

    central ou unilateralmente (Exelby 2002 and Mulligan 1999). Segundo Paungmali et al.

    (2003), so considerados efeitos mecnicos locais neste tipo de tcnicas, tais como,

    possveis alteraes na posio dos segmentos sseos e tecidos moles, sobre a

    articulao e as possveis mudanas nos receptores neuronais locais no tecido

    conjuntivo, contribuindo para as alteraes da dor (Paungmali et al. 2003).

    Num estudo de Dusunceli et al. (2009), foram comparados 3 grupos

    homogneos de casos de cervicalgias, em que todos foram submetidos a diferentes

    tcnicas de fisioterapia, ao grupo 1 foram aplicadas tcnicas de electroterapia, ao

    grupo 2 tcnicas de terapia manual, entre as quais o fortalecimento e alongamentos e

    ao grupo 3 exerccios de estabilizao da cervical. Em todos os grupos houve uma

    melhora do quadro lgico, mas s no grupo 3 os resultados se mantiveram por um

    perodo de follow up de 12 meses (Dusunceli 2009). Outros autores defendem a mesma

    ideia, realando a importncia dos exerccios de estabilidade dinmica (Childs et al.

    2008, Hoving et al. 2002 and Jull 2000).

    Resultados

    Verificou-se ganho de amplitude articular da cervical, diminuio da rigidez

    articular e aumento da estabilidade dinmica do segmento cervical, medida atravs

    dos testes de estabilidade dinmica nomeadamente, o Low load recruitment in neutral,

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    31/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    30

    com o auxlio de um instrumento de medida adaptado (pressure biofeedback -

    esfingnomanmetro), em que a presso inicialmente aumentava 12 mmHg com

    compensaes da temporo-mandibular e escalenos e aps o tratamento apenas

    aumentou 8 mmHg, valor considerado normal (Jull 2000), mas ainda se evidencia

    alguma tenso nos escalenos.

    Os resultados obtidos sugerem uma interveno teraputica adequada, no

    entanto nunca sero restabelecidos os valores normais de nenhum dos aspectos

    avaliados, tendo em conta que estamos perante um paciente com longos perodos de

    presena de material de osteossntese a nvel do segmento cervical, que originou a

    perda de movimento e a retraco tecidular, no entanto esta pode ser minimizada,

    como se verificou.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    32/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    31

    Ficha Clnica VI

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente F Sexo: Masculino

    Idade: 67 anos Ocupao: Reformado de operrio da construo civil

    Diagnstico: Tendinite do supra-espinhoso com rigidez articular

    Avaliao Subjectiva

    A constituio fsica do paciente era magra, com pouca massa muscular e

    baixa estatura. Apresentava-se bem-disposto e demonstrava ligeiro dfice de

    compreenso.

    O paciente desde h 6 meses para c desenvolvera uma rigidez articular a

    nvel da gleno-umeral esquerda (lado dominante), referindo que a dor actualmente no

    era to forte mas notava dfice nas amplitudes comparativamente ao lado

    contralateral. A dor era on/offmanifestando-se principalmente nos limites da amplitude

    disponvel de rotao lateral, seguida da medial e da abduo.

    Como passatempo o paciente exercia actividade agrcola e tocava concertina,

    referia sentir o brao muito cansado aps tocar concertina, mas no o impedindo de

    continuar, no entanto aps a actividade agrcola (movimentos repetidos e mantidos) a

    dor aumentava e sentia mais limitao e dor nos dias seguintes.

    Relativamente sua histria mdica passada refere um aparecimento

    ocasional de edema no joelho direito, o qual desaparece passado alguns dias com a

    medicao prescrita pela mdica de famlia.

    Figura 1. Body Chart

    Legenda:Intermitente (on/off)

    localizada

    5/10 EVA

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    33/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    32

    Avaliao Objectiva

    Avaliao08-02-10 Reavaliao19-02-10 Anexo VI

    Dor

    Grau 5/10 EVA. Localizada no

    ombro, manifestando-se nos

    limites de amplitudes

    disponveis da rotao lateral

    e rotao medial e apenas

    desconforto no limite da

    abduo e flexo

    Grau 2/10 EEVA e no

    apresentava desconforto

    no limite da abduo e

    flexo apesar de estas

    ainda se encontrarem

    limitadas em relao ao

    lado bom

    Escala 1

    Postura

    Ligeira anteverso da cabea;

    Ligeiro aumento da cifose

    dorsal;

    Anteriorizao dos ombros;

    Omoplata esquerda alada;

    Aumento da lordose lombar;

    Anteverso da bacia;

    Joelhos varos

    Consegue a correco

    postural quando solicitada,com maior dificuldade na

    correco postural da ET

    esquerda

    Inspeco

    Evidente uma diminuio da

    massa muscular do MSE. Por

    palpao verificava-se tenso

    muscular no TS esquerdo

    A percepo de

    diminuio da massa

    muscular diminuiu e nose verificou tenso

    muscular no TS esquerdo

    Ortopdica

    Testes activos da cervical no

    causam sintomatologia, o

    teste activo de flexo do

    ombro esquerdo com presso

    adicional causa algum

    desconforto, assim como oteste de abduo activa, os

    testes passivos de rotaes e

    abduo so positivos, j os

    testes de fora revelam

    fraqueza mas s positivo o

    teste de abduo resistida do

    ombro esquerdo.

    Os testes especficos de

    O nico teste que causa

    sintomatologia so as

    rotaes passivas do

    ombro.

    O teste especfico de

    Hawkinse teste deapreenso continuam

    positivos.

    Paciente adquire

    capacidade para

    correco da Antero-

    superioridade do ombro

    esquerdo. No se verifica

    a suposta anteriorizao

    Quadro1

    Quadro 2

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    34/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    33

    Hawkins, Neer, Teste de

    apreenso e Recolocation test

    deram positivos para o MSE.

    Atravs de testes de

    deslizamento verifica-se uma

    diminuio do deslizamento

    AP e SI da GU, o que indica

    uma postura do ombro

    esquerdo em Antero-

    superioridade. Tambm se

    levanta a hiptese de a

    clavcula esquerda se

    encontra anteriorizada, pela

    diminuio de rotao externa

    no teste de rotao AP da

    clavcula.

    A ET esquerda apresenta

    resistncia ao movimento de

    depresso. Na flexo activa

    do MS esquerdo verifica-se o

    destacamento do ngulo

    inferior do trax, o que indica

    a presena de bscula

    anterior e uma ligeira

    protaco pelo ligeiro

    afastamento do bordo interno

    da omoplata da coluna Na

    posio de gatas ambas asomoplatas ficam

    descoaptadas. Na posio de

    p consegue manter a

    posio correcta da omoplata

    esquerda por 10 segundos

    (colocada passivamente pelo

    terapeuta), mas quando sai

    dela no consegue adopt-la

    da clavcula.

    Menor resistncia ao

    movimento de depresso

    da ET esquerda. Menor

    bscula anterior e

    protaco no movimento

    de flexo activa esquerda.

    Menos descoaptao de

    ambas as omoplatas na

    posio de gatas. Na

    posio de p consegue

    manter a posio correcta

    da omoplata esquerda por

    15 segundos, conseguindo

    voltar a esta com algum

    feedback do terapeuta

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    35/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    34

    novamente

    A palpao do supra-

    espinhoso e longa poro do

    bicpite esquerdos no

    desperta sintomatologia.

    Amplitudes

    de

    movimento

    Os movimentos da GU

    encontram-se limitados por

    rigidez articular e dor

    Ganho de amplitude

    articular nos movimentos

    limitados

    Quadro 1

    Muscular

    Dfice generalizado do MSE

    comparativamente ao direito,

    sendo os grupos musculares

    dos rotadores classificadoscom grau amplitude/fora

    Aumento de fora

    muscular, sendo o grupo

    muscular dos rotadores o

    mais debilitado

    Quadro 3

    Perimetria Valores inferiores ao lado soAumento dos valores de

    perimetriaQuadro 4

    Legenda: ET Escpula-torcica; MSE membro superior esquerdo; TS Trapzio superior; AP Antero-posterior; SIsupero-inferior; GUgleno-umeral; MSMembro superior.

    Como podemos verificar estamos perante uma situao de disfuno do

    complexo articular do ombro (CAO).Segundo a literatura, de uma forma generalizada,

    alteraes na funo dos msculos estabilizadores da omoplata podem-se traduzir em

    alteraes na sua posio de repouso, condicionando desta forma todos os

    parmetros de movimento do CAO. A diminuio da fora dos msculos motores da

    omoplata pode prejudicar a sua cinemtica normal (Phadk et al. 2009; Cools et al. 2004),

    alterando a funo do ombro e o seu centro de rotao instantnea e desta forma

    conduzir a leses e incapacidade (Cools et al. 2004; Joseph et al. 2004; Smith et al.

    2002).

    Deste modo, a nossa avaliao objectiva debruou-se na avaliao da

    estabilidade dinmica do CAO, dando nfase ET e GU. Segundo Matias e Cruz

    (2002), a avaliao da estabilidade dinmica baseia-se na identificao do local dos

    sintomas e na anlise postural e/ou identificao dos movimentos que esto

    associados com um aumento da sintomatologia.

    Assim, foi avaliada a dor, a postura, os testes activos e passivos da GU e a

    amplitude desta nos diferentes movimentos, assim como foram aplicados testes

    especficos para situaes de conflito sub-acromial (CSA) (Roy 2009), como o teste de

    Hawkins, Neer, Horizontal adduction, Drop arm teste Yergason Test.Sendo positivos

    o teste de Hawkinse o de Neer, apontando para um comprometimento do tendo do

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    36/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    35

    supra-espinhoso (Michener et al. 2009; Roy 2009;als et al. 2000). O teste de Hawkinse

    Neer apresentam elevada sensibilidade e os testes Drop arm e Yergason elevada

    especificidade (als et al. 2000). Tambm foram aplicados testes para verificar a

    instabilidade da gleno-umeral, nomeadamente o Teste de Apreenso, o Relocation

    test, Anterior release test, Load&shift test e sulcus sign, sendo os trs primeiros

    positivos, apontando para a presena de uma instabilidade anterior ou leso do

    debrum (Roy 2009)(Anexo VI - quadro 1).

    A avaliao da GU atravs dos testes de deslizamento evidenciou uma posio

    da cabea do mero Antero-superior, assim como uma clavcula anteriorizada. A

    posio da cabea umeral pode resultar em conflito com o acrmio e a posio da

    clavcula tambm pode ter a ver com a tenso muscular exercida pelo TS. Na

    avaliao da estabilidade dinmica da ET evidencia-se um aumento da bscula

    anterior, por visualizao do destacamento do ngulo inferior da omoplata contra o

    trax, este facto pode dever-se a uma diminuio da activao do grande dentado

    (GD) e trapzio inferior (TI), pois estes apresentam a importante funo de

    manuteno do ngulo inferior da omoplata junto ao trax durante a elevao dos

    membros superiores (Margarey and Jones 2005; Cools et al. 2004; Smith et al. 2002).

    A nossa hiptese reside ento na presena de um conflito sub-acromial, com

    comprometimento do supra-espinhoso, uma vez que a prpria posio da GU e da ET,

    assim como a alterao da sua estabilidade dinmica predispe a isso.

    Principais Problemas:

    Diminuio da funcionalidade do membro superior esquerdo

    Objectivos a longo prazo ou principais:

    Promover a funcionalidade do CAO esquerdo, sem qualquer restrio e/ou queixas;

    Promover o retorno aos hobbiessem limitaes e sem queixas dolorosas.

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Melhorar a postura;

    Diminuir tenso muscular a nvel dos Trapzio superior;

    Restabelecer a estabilidade dinmica da ET,

    Aumentar as amplitudes articulares da GU esquerda;

    Aumentar a fora muscular de todos os grupos musculares do ombro esquerdo.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    37/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    36

    Tratamento realizado:

    Tcnica Objectivo Posio do pacienteTempo de

    durao/repeties(aproximado)

    TermoterapiaCalor

    hmido CAOesquerdo

    Relaxamentomuscular, diminuir atenso a nvel do TS

    esquerdo

    Decbito dorsal

    20 minutos

    AlongamentoTS esquerdo

    8 minutos

    Mobilizaoactiva

    assistida paraflexo

    Aumentar amplitudesarticulares

    8 minutos

    MWMparaabduo e

    rotaes

    3X10 repetiespara cada

    movimentoAuto-

    mobilizaopara flexocom basto

    3X20 repeties

    Exerccios deestabilidadedinmica ET

    *1

    Melhorar a activaodos msculos

    estabilizadoresprofundos da ETRestabelecer a

    estabilidade dinmicaET

    Sentado; posio de 4apoios e de p

    10 minutos

    Reforomuscular *2

    Aumento damusculatura do MSE

    De p

    3X10 repetiespara abduo

    3X20 repetiespara flexo e

    rotaesMassagem

    miorrelaxanteRelaxamento muscular Decbito ventral 8 minutos

    Conselhos ao paciente:

    - No fazer esforos repetidos;

    - Sempre que movimentar o MSE, tentar-se lembrar de corrigir a posio (ombroligeiramente para cima e para trs), de modo a posicionar a GU e ET para poder haver

    a correcta activao dos estabilizadores locais e o normal desenrolar do movimento;

    - Exerccios de auto-MWMpara casa, em que o paciente instrudo a colocar com a

    zona hipotenar da mo direita uma presso AP sobre a cabea meral esquerda e de

    seguida realizar movimentos activos do ombro.

    O tratamento baseou-se em cumprir os objectivos propostos.

    A tcnica de mobilizao de movimento de Mulligan (MWM) uma tcnica detratamento em que o terapeuta aplica uma fora sustida ao segmento em questo,

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    38/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    37

    movimento acessrio, de modo a corrigir uma falha posicional mnima, que

    compromete o movimento articular normal, levando leso da articulao, que se

    manifesta em dor e limitao do movimento. A tcnica a indicada quando, durante a

    sua aplicao permite o movimento doloroso (sinal comparvel) sem dor ( feedbackdo

    doente). A MWM til em limitao de movimentos activos por dor ou resistncia

    (Mulligan 1999),aplicando-se perfeitamente ao caso, em que a falha posicional j tinha

    sido evidenciada na avaliao pelos movimentos de deslizamento da cabea meral.

    O treino de estabilidade baseou-se nos seguintes princpios: obter

    consciencializao da activao dos estabilizadores locais, dissociado dos globais;

    reconhecer a zona neutra e manter a contraco dos estabilizadores locais,

    aumentando o tempo de contraco; permanecer com a contraco dos

    estabilizadores locais dissociada da respirao e com uma sensao de esforo

    reduzido; conseguir ter os mesmos nveis de contraco em diferentes posies e com

    reduzido feedback (Matias and Cruz 2004). *1Inicialmente comeou-se por colocar

    passivamente a omoplata na posio pretendida (ombro ligeiramente para cima e para

    trs para activar TI e GD e pedia-se ao paciente para conseguir manter esta posio,

    depois sair da posio e voltar a ela sozinho; quer na posio de quatro apoios quer

    em sentado. S aps 5 dias que o paciente mostrou alguma capacidade em

    conseguir fazer o exerccio correctamente e dissociado da respirao, apesar do sair e

    voltar posio normal necessitar de instrues do terapeuta ( feedback), foram ento

    inseridos movimentos activos do brao, mantendo a posio da ET inicialmente,

    atravs de contactos manuais do terapeuta. Os exerccios eram repetidos 10 vezes

    em cada posio.

    *2Aps 10 dias de tratamento iniciou-se o reforo muscular com peso e optou-

    se por o fazer juntamente com um exerccio de estabilidade da ET, que consistia em

    atravs de um feedback(bolas teraputicas) na zona das ET de modo a promover a

    pr-activao dos estabilizadores (paciente tinha que manter as bolas contra a parede)

    enquanto com um peso de 1,5kg fazia o reforo muscular.Entre todas as sries de todos os exerccios eram contabilizados tempos de

    repouso.

    A correco postural esteve presente em todas as tcnicas aplicadas, pelo que

    o paciente era instrudo a adquirir a posio neutra dos diferentes segmentos da

    coluna e desta passar aos exerccios de estabilidade dinmica dos estabilizadores

    profundos da ET.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    39/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    38

    Resultados

    A sintomatologia do paciente diminuiu e as amplitudes articulares da GU

    aumentaram, apesar de as rotaes ainda se encontrarem limitadas. Foi notria ao fim

    das 10 sesses um aumento da estabilidade dinmica da ET, no entanto atingir este

    objectivo foi difcil devido baixa consciencializao de movimento por parte do

    paciente, com feedback o paciente conseguiu o que era pretendido, sem feedback

    necessitava de algum esforo, e os exerccios de estabilidade devem ser elaborados

    sem esforo. No entanto, segunda a literatura, estima-se uma mdia de 4 semanas

    para haver uma automatizao do movimento (Joseph et al. 2004), e esse tempo ainda

    no foi percorrido.

    A fora muscular est a ser recuperada, e o paciente encontra-se num bom

    caminho para a recuperao total, pelo que continua em tratamento, com o mesmo

    plano de tratamento evoluindo-se em aumento das repeties e dificuldade dos

    exerccios.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    40/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    39

    Ficha Clnica VII

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente G Sexo: Masculino

    Idade: 54 anos Ocupao: Agricultor

    Diagnstico: Parestesias do MS esquerdo

    Avaliao Subjectiva

    Inicialmente o paciente apresentava-se mau humorado, com sonolncia e

    desinteressado no tratamento; o seu ndice de massa corporal (IMC) era de 39

    Obesidade.

    O paciente foi h um ano e meio submetido a uma interveno cirrgica para

    descompresso nervosa a nvel da cervical. Actualmente refere que a musculatura domembro superior (MS) esquerdo se prende em certos movimentos e refere

    adormecimento do lado medial do antebrao, mo e das pontas dos dedos, mais

    acentuada no 3 e 4 dedos, referindo dificuldade e fraqueza nos movimentos da mo

    esquerda. Descreve que a sua dor agravava quando elevava o MS esquerdo acima da

    cabea e aps o trabalho, aliviando quando no fazia esforos.

    Segundo relato do paciente, foi submetido a uma electroneuromiografia, a qual

    no foi positiva para existncia de comprometimento nervoso.

    H 6 meses o paciente sofreu um acidente de viao, referindo no ter sofrido

    leses, mas afirmando depois de questionado que o adormecimento do 3 e 4 dedos

    aumentaram aps o mesmo.

    Figura 1. Body Chart

    Legenda:

    6/10 EVA

    Irradiao da dor para a face medialdo antebrao e hipoestesia das pontasdo 3 e 4 dedos

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    41/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    40

    Avaliao Objectiva

    Avaliao22-02-10 Reavaliao05-02-10 Anexo VII

    Dor

    Grau 6/10 EVA. uma dor

    que no sabe localizar a sua

    origem, mas que alcana a

    regio do ombro e face dorsal

    da mo, com adormecimento

    da regio medial do antebrao

    e pontas dos 3 e 4dedos.

    Apresenta desconforto ao

    inspirar e a dor aparece

    aquando de movimentos

    acima da cabea e esforos

    repetidos

    Grau 3/10 EVA. Escala 1

    Postura

    Anteverso da cabea;

    Omoplatas em abduo e

    ligeira rotao inferior;

    1 costela subida;

    Rotao interna dos ombros;Aumento da cifose dorsal;

    Aumento da lordose lombar;

    Anteverso da bacia

    Reposicionamento da

    1 costela

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    42/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    41

    Ortopdica

    Testes activos da cervical no

    causam sintomatologia, o teste

    activo de abduo do ombro

    acima da cabea com pressoadicional causa algum

    desconforto.

    Verifica-se uma hipoestesia da

    regio medial do antebrao e

    pontas do 3 e 4 dedos; os

    testes de fora para flexo do

    punho (C7) e extenso do

    cotovelo (C7) deram positivos,

    enquanto o teste de aduo e

    abduo dos dedos (T1)

    demonstrou fraqueza apesar

    de no despertar os sintomas.

    O teste activo de

    abduo do ombro

    acima da cabea com

    presso adicional nocausa desconforto.

    A hipoestesia da

    regio medial do

    antebrao no se

    verifica, mantendo-se

    as das pontas dos

    dedos. O teste de

    fora de flexo do

    punho e extenso do

    cotovelo no

    despertam

    sintomatologia.

    Quadro 1

    NeurodinmicaTNM1 nvel 3c o mais

    positivoTNM 1nvel 3c positivo Quadro 1

    Testes

    diferenciais

    Teste Spurling,Teste de

    Phalen, Teste de Tinel e Teste

    deAdsonderam negativos e o

    Teste de Rossdeu positivo

    Teste de Ross

    continua positivo mas

    os sintomas so

    despertados mais

    tarde

    Quadro 1

    Amplitudes de

    movimento

    Apresenta todos os

    movimentos cervicais

    limitados, assim como a flexo

    e abduo do MS esquerdo

    Ganho de amplitude

    articular nos

    movimentos limitados

    Quadro 1

    Muscular

    Dfice a nvel do tricpete

    esquerdo, flexores do punho,

    extensor comum dos dedos e

    intersseos palmares, dorsais

    e lumbricides esquerdos.

    Aumento da tenso muscular

    dos escalenos

    Dfice muscular a

    nvel do extensor

    comum dos dedos,

    intersseos palmares,

    dorsais e lumbricides

    esquerdos. Diminuio

    da tenso muscular

    dos escalenos

    Quadro 2

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    43/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    42

    Suspeitou-se atravs do quadro clnico do paciente, que estvamos perante

    uma situao de sndrome do desfiladeiro torcico (SDT).

    Resumidamente, esta sndrome gera-se devido compresso do plexo

    braquial e/ou, artria e veia subclvias na regio designada desfiladeiro torcico

    (Urschel and Kourlis 2007; Francisco et al. 2006; Brantigan and Ross 2004; Urschel and Razzul

    1998).

    Esta sndrome pode dever-se a factores laborais ou a trauma, pessoas com

    alteraes congnitas tm maior probabilidade de desenvolver a patologia aps

    trauma sobre o pescoo ou ombros, ou sujeitas a movimentos repetidos ou acima da

    cabea (Urschel and Kourlis 2007; Brantigan and Ross 2004). O paciente apresentava um

    trabalho que implicava movimentos acima da cabea e repetidos e sofreu um acidente

    h 6 meses.

    De qualquer modo o exame imagiolgico a que o paciente foi sujeito no deu

    um resultado positivo para SDT, no entanto est documentado que apesar da

    electroneuromiografia poder ser til, como a compresso nervosa intermitente e

    envolve apenas um curto segmento do nervo, a electrofisiologia, frequentemente,

    apresenta resultado normal. Alm disso, o difcil acesso ao desfiladeiro torcico pode

    resultar em falsos negativos. O exame depende tambm do tipo de SDT, da sua

    gravidade e da durao da evoluo dos sintomas (Urschel and Kourlis 2007; Francisco et

    al. 2006; Brantigan and Ross 2004).

    Suspeitando-se de uma situao de SDT foram testadas as interfaces

    musculares e sseas, atravs da palpao e avaliao postural, verificando-se tenso

    a nvel dos escalenos e alteraes posturais, como anteverso da cabea, abduo

    escapular e subida da 1 costela, factores que predispem a um fecho do espao

    entre as interfaces e as estruturas nervosas e levam SDT (Urschel and Kourlis 2007;

    Shacklock 2005; Brantigan and Ross 2004). Devido presena de parestesias foi tambm

    avaliada a neurodinmica das estruturas nervosas, atravs do TMN1 e Teste cubital, o

    TMN1 foi o mais positivo e foi tambm testado em outros nveis, sendo o que

    despertou mais rapidamente os sintomas o nvel 3c, que testa a interface juntamente

    com a estrutura nervosa, pelo que podemos suspeitar de um comprometimento duplo

    da interface e das estruturas nervosas.

    Um aspecto importante que deveria ser avaliado era a capacidade respiratria

    do paciente(Shacklock 2005; Mackinnon and Novak 2002), no entanto est em falha nesta

    abordagem clnica.

    Contudo, foi necessrio fazer um diagnstico diferencial, para excluir outras

    possveis origens do problema, tais como:

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    44/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    43

    -Discopatia cervical, atravs do teste de Spurling (Urschel and Kourlis 2007;

    Brantigan and Ross 2004; Mackinnon and Novak 2002).

    -Sndrome do tnel crpico, aplicando os teste de Tinel e Phalen (Urschel and

    Kourlis 2007; Brantigan and Ross 2004).

    Segundo a literatura os chamados testes de stress utilizados para diagnstico

    do SDT tm baixa sensibilidade e especificidade (Urschel and Kourlis 2007; Shacklock

    2005; Brantigan and Ross 2004). Optamos por aplicar dois desses testes, sendo estes

    classificados como os mais fiveis para a deteco de SDT. O teste de Ross (Urschel

    and Kourlis 2007; Brantigan and Ross 2004; Mackinnon and Novak 2002) e perante a

    possibilidade de dentro do SDT, poder existir comprometimento nervoso e tambm

    vascular, sendo este ltimo menos frequente (Urschel and Kourlis 2007; Francisco et al.

    2006; Brantigan and Ross 2004), aplicou-se o teste de Adson, que usado para

    determinar se existe comprometimento vascular, atravs da anlise do pulso radial (Gu

    2007; Urschel and Kourlis 2007; Brantigan and Ross 2004).

    Nota: descrio dos testes em Anexo VII

    Principais Problemas:

    Parestesias a nvel do MS esquerdo com adormecimento das pontas do 3 e 4 dedos;

    Objectivos a longo prazo ou principais:

    Diminuir as parestesias;

    Recuperar a sensibilidade das pontas do 3 e 4 dedos.

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Diminuir tenso muscular a nvel dos escalenos;

    Restaurar a posio da 1 costela;

    Aumentar a amplitude articular da cervical;

    Restabelecer estabilidade dinmica da escpula-torcica;

    Aumentar a mobilidade do nervo mediano;

    Melhorar a postura.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    45/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    44

    Tratamento realizado:

    Tcnica ObjectivosPosio do

    paciente

    Tempo dedurao/repeties

    (aproximado)

    TermoterapiaCalor hmidocervical

    Relaxamento muscular(escalenos)

    Sentado

    20 minutos

    Electroterapiacorrentegalvnica

    Estimulao nervosperifricos

    20 minutos

    Alongamentosda cervical

    Relaxamento muscular eaumento da amplitude

    articular da cervical

    10 minutos/manteralongamento 10

    segundos

    SNAGscervicalAumentar amplitude articular

    da cervical

    3x10 repeties

    Mobilizaocaudal da 1

    costela

    Restabelecer a posionormal da 1 costela

    +/- 5 minutos

    Exerccios deestabilidade

    dinmicaescpulo-torcica

    Restabelecer a estabillidadedinmica escpulo-torcica

    +/- 15 minutos

    Exerccios deestabilidadedinmicacervical

    Melhoria da activao dosmsculos estabilizadoresprofundos da cervicalMelhoria da postura

    10 Repetiesmantendocontraco por pelomenos 6 segundos.

    Exerccios dedeslizamento

    neural

    Aumento da mobilidadenervosa

    3X10 repeties

    Conselhos ao paciente:

    Adoptar posies de descarga em situaes agudas, como a posio de abertura

    entre a interface e o plexo braquial, que consiste em o paciente se colocar em

    decbito lateral contralateral ao lado doloroso, elevar o ombro e protrair a escpula, de

    modo a aumentar a distncia entre a clavcula e a 1 costela e retirar presso do

    plexo, adicionar uma expirao profunda a este movimento.

    Aps a anlise da avaliao, juntamente com o paciente foram estabelecidos

    os principais problemas, assim como as metas a serem atingidas.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    46/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    45

    O calor hmido tinha por objectivo relaxar toda a musculatura circundante da

    regio cervical, nomeadamente trapzios superiores; esternocleidomastoideu,

    escalenos, subocipitais e elevador da omoplata.

    A estimulao galvnica consiste na aplicao de corrente directa de baixa

    intensidade no corpo, com polaridade conhecida sob cada elctrodo. Estmulos

    nervosos abaixo do limiar no causam um potencial de aco, porm afectam o

    potencial de membrana e a estimulao nervosa perifrica (Machado 2002), o que

    indicado para situaes como esta com comprometimento nervoso verificado pelo

    teste positivo do TNM1.

    De forma a aumentar a amplitude articular do pescoo, optou-se por

    alongamentos musculares de modo a relaxar as estruturas musculares e permitir o

    ganho de amplitude articular, o qual foi reforado pela tcnica de deslizamento

    apofisrio natural sustido (SNAGs), que a combinao de movimento activo

    (completado por vezes por movimento passivo (presso adicional) quando a limitao

    do movimento no final da amplitude fisiolgica) e um acessrio, movimento sustido.

    So geralmente aplicados num nvel vertebral numa nica direco, central ou

    unilateralmente. Tem como autor Mulligane defende a ideia de que as limitaes de

    movimento se devem a pequenas falhas posicionais, e que a correco destas com

    um movimento acessrio combinado com o movimento activo limitado resulta na

    conquista da amplitude perdida (Exelby 2002; Mulligan 1999).

    A correco postural deve estar presente em todas as tcnicas aplicadas, pelo

    que deve ser inicialmente ensinado ao paciente a capacidade de adquirir a posio

    neutra dos diferentes segmentos da coluna e desta passar aos exerccios de

    estabilidade dinmica dos estabilizadores profundos da cervical, que consiste em

    manter a cervical superior em retraco sobre a inferior por pelo menos 6 segundos, o

    tempo de contraco e o aumento das repeties deve evoluir conforme a capacidade

    do paciente de fazer o exerccio sem compensaes. Tambm o restabelecimento da

    dinmica da escpulo-torcica deve ser recuperado com exerccios de controlopostural (ombro ligeiramente para cima e para trs posio de activao dos

    msculos estabilizadores da escpula) e reconhecer esta posio, de modo a

    posteriormente evoluir para exerccios do MS com controlo escapular (Jull 2000).

    O tratamento das interfaces fundamental, da a necessidade do relaxamento

    muscular (escalenos), da estabilidade da cintura escapular e da cervical e da

    restaurao da posio da 1 costela, que se encontrava numa posio superior

    esperada, podendo estar a comprometer a integridade nervosa, da a mobilizao

    caudal da 1 costela, esta mobilizao deve ser auxiliada pela expirao profunda do

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    47/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    46

    paciente, de modo a promover a abertura mxima da costela em torno do plexo

    braquial (Shacklock 2005).

    Igualmente as tcnicas neurodinmicas so utilizadas de modo a normalizar a

    dinmica intrnseca do plexo braquial. Optou-se por uma tcnica de deslizamento com

    duas extremidades, que consistia em aplicar os seguintes componentes: depresso

    escapular; abduo e rotao externa da glenoumeral, extenso do punho/dedos;

    supinao do antebrao e inspirao. Depois para deslizamento proximal: flexo

    contralateral do pescoo/flexo do cotovelo, flexo do punho e dedos, para

    deslizamento distal: flexo ipsilateral do pescoo/extenso do cotovelo, extenso do

    punho e dos dedos (Shacklock 2005).

    Resultados/Discusso

    A sintomatologia do paciente diminuiu e as amplitudes articulares da cervical

    aumentaram, no entanto continuaram em dfice relativamente aos valores

    considerados normais para este segmento, a hipoestesia da parte medial do antebrao

    desapareceu mas na ponta dos dedos manteve-se.

    Todas as tcnicas tiveram que ser executadas na posio de sentado, visto a

    impossibilidade do paciente adoptar posies prolongadas de decbitos devido sua

    obesidade, o que limitou a execuo das tcnicas e os seus resultados benficos,

    tambm h a acrescentar o facto de o paciente j ter sido submetido a uma cirurgia de

    descompresso nervosa a nvel da cervical, e no sabermos a expanso e

    reversibilidade dos danos relativos neurodinmica do plexo braquial.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    48/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    47

    Ficha Clnica VIII

    Identificao do paciente

    Nome: Paciente H Sexo: Feminino

    Idade: 77 anos Ocupao: Enfermeira reformada

    Diagnstico: Poliartralgias

    Avaliao Subjectiva

    A paciente era de estatura alta, sem excesso de peso e demonstrava-se muito

    colaborativa.

    Referia dor em diferentes articulaes, nomeadamente nos joelhos, em que o

    joelho direito foi submetido h 20 anos a uma osteotomia de valgizao, nos ombros e

    na coluna, mais na zona lombar, tendo-lhe sido diagnosticado um hrnia a nvel L 4-L5

    aos 40 anos de idade.

    Iniciou fisioterapia aquando do diagnstico de hrnia lombar, e refere ter-se

    sentido muito bem desde ento. H 7 anos parou as sesses de fisioterapia, por ter

    mudado de cidade, recomeando agora devido a aumento das dores lombares, qual

    atribui ao facto de fazer longas viagens de carro, reflectindo-se na dificuldade em

    alcanar objectos do solo e dificuldade em sentar-se e levantar-se da sanita. Reala

    tambm uma sensao de falta de equilbrio, que se manifesta quando sobe e desce

    escadas, referindo falha dos joelhos.

    A idade favorece a prevalncia da osteoartrite, pois no envelhecimento

    fisiolgico perdem-se os mecanismos protectores da articulao, tais como: a

    capacidade dos condrcitos responderem aos factores de crescimento; acumulao

    de produtos de degradao da cartilagem que inibem a sntese e reparao por parte

    dos condrcitos; propriocepo afectada pela diminuio da fora muscular e da

    lentido aos estmulos neurolgicos; cartilagem mais fina, com maior predisposio a

    microfracturas e acelerao da degenerao articular(Silva et al. 2008).

    A acrescentar idade avanada da paciente temos a sua antiga profisso

    enfermeira, que requeria muito esforo fsico e poderia ter servido de factor de risco

    para agravar os processos degenerativos (Silva et al. 2008).

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    49/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    48

    Figura 1.Body chart.

    Avaliao Objectiva

    1 Avaliao04-01-10 2 Avaliao15-01-10 Anexo VIII

    Funcionalidade

    fsica (atravs da

    aplicao do ndice

    de Barthel)

    92 pontosdependncia

    ligeira

    100 pontos -

    independenteEscala 1

    Dor

    Instrumento deavaliao: EVA, Ombros

    3 em amplitudes acima

    da cabea

    Joelhos3 ao

    subir/descer escadas

    Lombar5 em

    movimentos que

    impliquem flexo

    Ombros0

    Joelhos2

    Lombar - 3

    Escala 2

    Postura

    Aumento da cifose

    dorsal; ligeiro

    apagamento da lordose

    lombar; escoliose destro

    convexa; retroverso da

    bacia; joelhos valgus,

    hlux vlgus.

    Idem

    Amplitudes Conservadas a nvel dos Aumento dos Quadro 1

    Legenda:

    Dor localizada, on/off: ombros,lombar e joelhos

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    50/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    49

    articulares MSs, mais limitados os

    movimentos da lombar, e

    o movimento de flexo

    do joelho direito

    movimentos da

    lombar

    Fora muscular

    Diminuio generalizada

    da fora muscular dos

    MIs e abdominais

    Aumento da fora dos

    MIsQuadro 2

    Avaliao

    neurolgica

    SLR direita e bilateral

    despertam

    sintomatologia na

    lombar.

    Sem alteraes

    sensitivas.

    Teste de fora do hlux

    positivo

    Idem

    Avaliao do

    equilbrio

    Teste de apoio unipodal

    (OLST)6 segundos

    Teste de alcance

    funcional frente (FRT)

    18 cmTeste de alcance

    funcional ao lado (LRT)

    direito: 16, 7 cm

    Esquerdo: 16 cm

    OLST10 segundos

    FRT20 cm

    LRTdireito: 18 cm

    Esquerdo: 18,2 cm

    Principais Problemas:

    Dor em diferentes articulaes;

    Falta de equilbrio.Objectivos a longo prazo ou principais:

    Diminuir a dor poliarticular;

    Aumentar o equilbrio.

    Objectivos a curto prazo ou especficos:

    Melhorar a postura;

    Aumentar as amplitudes articulares da lombar;

    Manter a fora a nvel dos MSs;

    Aumentar a fora muscular a nvel dos MIs;Aumentar a activao dos estabilizadores lombares.

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    51/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    50

    Tratamento realizado:

    Tcnica ObjectivoPosio do

    paciente

    Tempo dedurao/repeties(aproximadamente)

    Termoterapiacalor hmido nascostas e joelhos

    Relaxamentomuscular e

    diminuio da dorDecbito dorsal 20 minutos

    US lombar ejoelho esquerdo

    Relaxamento dasestruturas,

    Diminuio deprocessos

    inflamatrios e dador

    Decbitodorsal/ventral

    15 minutos

    TENS ombros ejoelho esquerdo

    Diminuio da dor Decbito dorsal 20 minutos

    Massagem colunaRelaxamento

    muscular,diminuio da dor

    Decbito Ventral 10 minutos

    Exercciosteraputicos

    coluna

    Contraco dosestabilizadores

    locais da cervical(exerccio do duplo

    queixo)

    Extenso passivada lombar;

    Contraco TA;

    Alongamentocadeias

    posteriores (trazerjoelho ao peitoalternadamente)

    Rotao do tronco

    Diminuio da dor;melhoria da

    postura; aumentoda estabilidade

    articular dalombar; aumentoda flexibilidade

    das cadeias

    muscularesposteriores eaumento daamplitude demovimento

    Decbito dorsal esentada

    Contrair por pelomenos 6 segundos,

    repetir 10 vezes;

    Fazer a extenso emanter a posio

    por pelo menos 10segundos, repetir3X10 repeties

    Contrair TA pelomenos durante 10segundos, 3X10

    repeties

    Alongar durantepelo menos 6

    segundos, repetir 20vezes para cada

    perna

    3X10 repeties derotao para cada

    lado

    Exercciosteraputicos

    Manter amplitudee fora dos MSs,

    Sentada 3X20 repeties

  • 7/24/2019 Casos clinicos BONS.pdf

    52/129

    Relatrio de EstgioMestrado em Fisioterapia - TMO

    51

    MSs

    Flexo dos MSsestendidos combasto de 2kg

    melhoria dapostura e aumento

    d