CASO MOTIVADOR 2010_ABORTO

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – CURSO DE MEDICINA Caso motivador: ABORTO Texto adaptado de “Dilema de Mulher - Gravidez não desejada e aborto” de autoria de Dr. Alexandre Faisal Cury e Dr. Rubens Marcelo Volich (disponível em http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?id=27932&__taxonomyid=349&page=2) Apesar de consciente da ilegalidade daquele ato, Estela procuraria uma clínica que fizesse o aborto de forma segura, pois tinha muito medo de utilizar Cytotec e ter uma infecção severa como uma amiga sua que precisou ser internada, grave, em um hospital público. Ela tem péssimas lembranças de quando precisou ser internada, por outros motivos, em um hospital público e, por isso, decidiu ir à uma clínica indicada por amigas como “segura e confiável”. Afinal preferia mil vezes ser atendida por um médico do que por alguém sem formação, apesar ser bem mais caro, conforme pesquisa de preços que fez antes de escolher a clínica. Por não ser religiosa, o aborto não era uma questão complicada para ela. Inclusive, era favorável a ele se a gravidez “não fosse planejada”. Dizia não se preocupar com o que sentiria após realizá-lo, mas pensava em fazer uma psicoterapia logo após a intervenção. Ouvira dizer que o feto não sentia dor e sabia que em vários países o aborto é permitido e pode ser realizado, inclusive, em hospitais públicos. Apesar do bom vínculo com os pais, com quem morava, não queria que a família soubesse. A mãe, evangélica, não aceitaria. Talvez o pai aceitasse melhor. Não comentou sobre a gravidez com ninguém, a não ser com uma única amiga. No dia da curetagem, na clínica, chegou a pensar em desistir ao saber que seria necessária uma anestesia peridural. Mas seguiu em frente. Ao ser levada para a sala de procedimentos, confundiu um painel com as letras MLI, cujo significado ela nunca virá a saber, com IML (Instituto Médico Legal). Ao voltar ao médico, sozinha, sem o namorado, 21 dias após do aborto, sentia que tomou a decisão acertada e nem desejava mais fazer uma terapia. Dizia que não se preocupava com as repercussões futuras de ter tirado o filho, mas evitava escutar histórias traumáticas sobre aborto. Ao mesmo tempo em que parecia mais tranquila e aliviada, parecia estar envolvida com a elaboração de toda esta história. A decisão de interromper a gestação, correndo os riscos que fossem, significava algo mais: a interrupção da relação com Oswaldo, que estava fadada a acabar. Agora estava mais livre para dizer que não queria continuar namorando, nem constituir família com aquele homem, mas sim terminar os estudos, aproveitar os amigos, trabalhar, dar um tempo sozinha, inclusive para poder pensar no futuro. O futuro tinha chegado antes da hora. Precisava viver o presente, se possível sem culpas. Referências da internet Webciência: cultura e ciência na web: O que é aborto? Disponível em <http://www.webciencia.com/01_aborto.htm> Acesso em 05 de outubro de 2010. Portal Médico. Caso Clínico organizado por Dr. Délio Kipper e Dr. Williarn Saad Hossne. Disponível em <http://www.portalmedico.org.br/revista/bio2v6/casoclinico.htm> Acesso em 02 de outubro de 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Aborto e saúde pública - 20 anos de pesquisas no Brasil. (Versão preliminar da obra que está em processo de diagramação e normalização pela Editora do Ministério da Saúde). Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/aborto_e_saude_publica_vs_preliminar.pdf> Acesso em 02 de outubro de 2010. Medcenter: Discussão de casos clínicos. Disponível em <http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?id=27932&__taxonomyid=349&page=2> Acesso em 02 de outubro de 2010.

Transcript of CASO MOTIVADOR 2010_ABORTO

Page 1: CASO MOTIVADOR 2010_ABORTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – CURSO DE MEDICINA

Caso motivador: ABORTO

Texto adaptado de “Dilema de Mulher - Gravidez não desejada e aborto” de autoria de Dr. Alexandre Faisal Cury e Dr. Rubens Marcelo Volich (disponível em http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?id=27932&__taxonomyid=349&page=2)

Apesar de consciente da ilegalidade daquele ato, Estela procuraria uma clínica que fizesse o aborto de forma

segura, pois tinha muito medo de utilizar Cytotec e ter uma infecção severa como uma amiga sua que precisou ser

internada, grave, em um hospital público. Ela tem péssimas lembranças de quando precisou ser internada, por outros

motivos, em um hospital público e, por isso, decidiu ir à uma clínica indicada por amigas como “segura e confiável”.

Afinal preferia mil vezes ser atendida por um médico do que por alguém sem formação, apesar ser bem mais caro,

conforme pesquisa de preços que fez antes de escolher a clínica.

Por não ser religiosa, o aborto não era uma questão complicada para ela. Inclusive, era favorável a ele se a

gravidez “não fosse planejada”. Dizia não se preocupar com o que sentiria após realizá-lo, mas pensava em fazer uma

psicoterapia logo após a intervenção. Ouvira dizer que o feto não sentia dor e sabia que em vários países o aborto é

permitido e pode ser realizado, inclusive, em hospitais públicos.

Apesar do bom vínculo com os pais, com quem morava, não queria que a família soubesse. A mãe,

evangélica, não aceitaria. Talvez o pai aceitasse melhor. Não comentou sobre a gravidez com ninguém, a não ser com

uma única amiga.

No dia da curetagem, na clínica, chegou a pensar em desistir ao saber que seria necessária uma anestesia

peridural. Mas seguiu em frente. Ao ser levada para a sala de procedimentos, confundiu um painel com as letras MLI,

cujo significado ela nunca virá a saber, com IML (Instituto Médico Legal).

Ao voltar ao médico, sozinha, sem o namorado, 21 dias após do aborto, sentia que tomou a decisão acertada

e nem desejava mais fazer uma terapia. Dizia que não se preocupava com as repercussões futuras de ter tirado o filho,

mas evitava escutar histórias traumáticas sobre aborto.

Ao mesmo tempo em que parecia mais tranquila e aliviada, parecia estar envolvida com a elaboração de toda

esta história. A decisão de interromper a gestação, correndo os riscos que fossem, significava algo mais: a interrupção

da relação com Oswaldo, que estava fadada a acabar.

Agora estava mais livre para dizer que não queria continuar namorando, nem constituir família com aquele

homem, mas sim terminar os estudos, aproveitar os amigos, trabalhar, dar um tempo sozinha, inclusive para poder

pensar no futuro. O futuro tinha chegado antes da hora. Precisava viver o presente, se possível sem culpas.

Referências da internet Webciência: cultura e ciência na web: O que é aborto? Disponível em <http://www.webciencia.com/01_aborto.htm> Acesso em 05 de outubro de 2010.

Portal Médico. Caso Clínico organizado por Dr. Délio Kipper e Dr. Williarn Saad Hossne. Disponível em

<http://www.portalmedico.org.br/revista/bio2v6/casoclinico.htm> Acesso em 02 de outubro de 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Aborto e saúde pública - 20 anos de pesquisas no Brasil. (Versão preliminar da obra que está em processo de diagramação e normalização pela Editora do Ministério da Saúde). Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/aborto_e_saude_publica_vs_preliminar.pdf> Acesso em 02 de outubro de 2010. Medcenter: Discussão de casos clínicos. Disponível em <http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?id=27932&__taxonomyid=349&page=2> Acesso em 02 de outubro de 2010.