Carta Cidadanista

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Carta Cidadanista movimento cidadanista

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Definitivamente. Não nos escutaram. E continuam não escutando. As eleiçõesde 2014 foram um jogo de ilusões. Ideias vazias, promessas vãs, mentiras,negociatas entre as castas econômicas e políticas. Independente de partido,o que tem havido a cada eleição, desde sempre no Brasil, tem sido o usodespudorado do poder e mesmo da democracia para favorecer privilégios econômicose políticos, nunca uma democracia de verdade, jamais uma democraciareal. Sempre os mesmos senhores.

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  • CartaCidadanista

    movimento cidadanista

  • 2NS SOMOS MUITOS e MUITAS. Feminino e masculino juntos. Brasileiras e Bra-sileiros. De todas as cores e identidades, gneros e transgneros. ndios, negras, brancos, amarelas, pardos, mamelucas, cafuzos, mestias. Somos estudantes, tra-balhadores, aposentados, empreendedores, jovens, ancios, adultos, crianas.

    Somos migrantes, viemos de todos os lugares, de todos os continentes, das cidades, das florestas, dos campos, das montanhas, dos rios, dos litorais. So-mos diversidade, mistura, incluso e excluso, visveis e invisveis, desabrigo e acolhimento. E no paramos de chegar: haitianos, bolivianos, africanos de v-rias naes, chineses, srios, gente de todas as partes.

    Aqui estvamos quando outros vieram, aqui chegamos quando outros es-tavam, atravessamos oceanos e nos mesclamos. Estamos nas fbricas, lojas, escolas, oficinas, terras, ruas e redes; somos batalhadores, sonhadores, cria-

    Carta Cidadanista

  • 3tivos, sofredores, esforados, solidrios, precrios, inventivos e invisveis. Vi-vemos, criamos, produzimos, inventamos, consumimos, desejamos, amamos, queremos, podemos. Tudo passa por nossas mos, coraes e mentes, at aquilo que no ser nosso, at aquilo que no queremos e no conhecemos.

    SOMOS MUITAS. E somos quem sustenta as minorias que se sustentam das maiorias. Darcy Ribeiro dizia: o Brasil sempre foi, ainda , um moinho de gastar gentes. Construmo-nos queimando milhes de ndios. Depois, queima-mos milhes de negros. Atualmente, estamos queimando, desgastando mi-lhes de mestios brasileiros, na produo no do que eles consomem, mas do que d lucro s classes empresariais. Mas no s gente. Gastamos nossa fau-na e flora, terra e gua, nossa vida.

    SOMOS MUITOS, mas nossa vontade no respeitada. Somos a multiplici-dade que produz, mas a riqueza que produzimos no dividida conosco. Somos os que mais pagam impostos, mas eles no retornam na forma de servios pbli-cos de qualidade, com boa educao, boa sade, boa segurana, boa moradia, bom lazer, boa cultura, bom transporte e boas cidades. Nem os bens e servios que pagamos ao mercado nos so bem prestados. Falta fiscalizao, falta quali-dade, falta respeito. Somos os 99%. E estamos indignados.

    Por isso fomos s ruas. Para espanto de todos, em meio ao asfalto, nasceu uma flor, uma flor com nossa cara, com nosso jeito, desencontrada, uma flor com a cara da multido, singular e plural ao mesmo tempo; uma flor da revol-ta, da indignao, do nojo.

  • 4Tambm uma flor da esperana. No nos escutaram. Tanta coisa

    que no cabia em um cartaz, tantas vozes em revolta, tanta gente junta, gritando do fundo da garganta, rom-pendo o silncio. E ainda assim, no nos escutaram. Promessas vazias, aes paliativas. Muita represso, perseguies, provocaes; manipu-laes, marquetagem, cooptaes. E no nos escutaram.

    Podem mudar os rostos, os gestos, partidos ou siglas, mas ainda assim se-guem sendo os mesmos a mandar e a tirar do povo. E quando outros ros-tos ganham fora poltica, so coopta-dos para servir os que j mandam. o que o pas assiste de forma escancara-da nas relaes promscuas entre cas-ta econmica e a casta poltica. Nossa democracia sequestrada pela fora do dinheiro e corrompida pelo poder.

  • 5Definitivamente. No nos escutaram. E continuam no escutando. As elei-es de 2014 foram um jogo de iluses. Ideias vazias, promessas vs, menti-ras, negociatas entre as castas econmicas e polticas. Independente de par-tido, o que tem havido a cada eleio, desde sempre no Brasil, tem sido o uso despudorado do poder e mesmo da democracia para favorecer privilgios eco-nmicos e polticos, nunca uma democracia de verdade, jamais uma democra-cia real. Sempre os mesmos senhores.

    Em que pese o processo de relativa estabilidade econmica e incluso social desencadeado no Brasil nas duas ltimas dcadas, este perodo tambm teve um forte sentido regressivo, com diminuio do patrimnio pblico e da biodiversida-de, aumento do endividamento do Estado, precarizao do trabalho e, sobretudo, reduo do horizonte utpico. O acesso aos bens no foi suficientemente acom-panhado da oferta de servios pblicos de qualidade e muito menos no fortaleci-mento de valores como a solidariedade e a sustentabilidade. Confundiu-se inclu-so social com consumismo, abandonando a ideia de emancipao.

    No queremos buscar o poder pelo poder, disputar aparatos, seja associa-es de moradores, sindicatos ou aparelhos do Estado, em que o poder deixou de ser um meio de transformao da realidade para tornar-se um fim em si mes-mo. Para corresponder s expectativas da sociedade, no queremos repetir os modelos organizativos do passado. Queremos horizontalidade e interatividade nas instncias deliberativas, garantindo o efetivo empoderamento das pessoas para uma nova forma de fazer poltica.

  • 6Queremos ser um ator poltico que se comunique com a linguagem co-mum das ruas, que se construa a partir das propostas e reivindicaes que surgem das mobilizaes sociais, ambientais, culturais e polticas, com a parti-cipao livre e aberta a qualquer cidado.

    O reconhecimento desta pluralidade no implica uma postura conciliat-ria em relao aos setores que esto comprometidos, de diferentes formas,

    com a manuteno do sistema de explorao e domnio em vigor, seja pela dominao ideolgica, econmica ou poltica. Esta dominao articu-

    lada pela aliana escusa entre grandes corporaes econmicas, mi-diticas e financeiras e os governos que lhes so subalternos, por

    isso necessrio romper com falsas polarizaes e buscar uma alternativa real e concreta de trans-

    formao social.E para j !

    A alternativa possvel ao modelo vi-gente de globalizao a construo de uma ci-

    dadania planetria, que promova a cooperao e a so-lidariedade. Onde prevaleam a identidade e os interesses dos

    povos, a eliminao das desigualdades socioeconmicas e o intercmbio de toda diversidade cultural. um processo lento, relacionado ao futuro da vida no planeta. Pois, independentemente da nacionalidade, somos habitantes do mesmo pas, da mesma Terra.

  • 7H que mudar a lgica do Sistema. Os de acima abaixo e os de abaixo acima, pois em uma democracia real o povo manda e o go-verno obedece. Ou assumimos este objetivo com coragem, clareza e determinao ou jamais mudaremos. E h exemplos de que pode ser assim. Da vitria do Syriza na Grcia ao Podemos da Espanha. Dos zapatistas no Mxico democracia direta na Islndia. Te-mos tambm os nossos vizinhos; a Bolvia, com a organi-zao dos indgenas e pobres e o primeiro presidente indgena das Amricas; o processo constituinte no Equador; o Uruguai da revoluo tranquila; a ci-dade de Medelln, na Colmbia, antes conhe-cida pelo cartel das drogas e hoje reconhecida como a cidade mais inovadora do mundo.

    O mundo todo est atento s novas formas de organizao poltica, vinculados a movimentos desgar-rados dos velhos aparelhos, representando novos ativis-mos, com uma prxis renovada e horizontal. Por isso, con-vidamos aqueles empenhados na busca de um outro mundo possvel que se unam no esforo pela construo de uma alterna-tiva poltica ampla, diversa e singular ao mesmo tempo. A constru-o de um Brasil a servio de seu povo. O Brasil que queremos, po-demos e faremos.

  • 8rvoreRazes, Seiva, Tronco, Ramos, Folhas, Flores, Frutos

    RazesNossas razes fincam nossos ps na terra. Razes que nos li-

    gam aos que nos antecederam e aqui se misturaram em amlga-ma, seja em seus corpos ou pensamentos. A partir de um mtodo aberto e interativo para a construo de uma linguagem comum, for-mamos um pensamento novo a partir de nossas RAZES identitrias naquilo que de melhor se produziu em termos de valores e utopias: - UBUNTU - TEKO POR - ECOSSOCIALISMO.

  • 9UBUNTU eu sou porque ns somos.

    A tica UBUNTU representa o rompimento com o individualismo. UBUNTU pertencimen-to unidade, interdependncia e colaborao. Dilogo, consenso, incluso, compreenso, compaixo, cuidado, partilha, solidariedade. Eu sou porque voc - ns somos porque voc e eu sou. Importa a dignidade de to-dos. Assumir UBUNTU colocar emancipao e cidadania em novos patamares. E sua filoso-fia vem l da frica.

    A minha humanidade est presa e est in-dissoluvelmente ligada sua. Eu sou humano porque eu perteno. Ele fala sobre a totalidade, sobre a compaixo. Uma pessoa com UBUNTU acolhedora, hospitaleira, generosa, dispos-ta a compartilhar. A qualidade d s pessoas a

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    resilincia, permitindo-as sobreviver e emergir humanas, ape-sar de todos os esforos para desumaniz-las. Uma pessoa com UBUNTU est aberta e disponvel aos outros, assegurada pe-los outros, no sente intimidada que os outros sejam capazes e bons, para ele ou ela ter prpria autoconfiana que vem do co-nhecimento que ele ou ela tem o seu prprio lugar no grande todo. (Desmond Tutu, Nobel da Paz 1984)

    Mandela ensinou ao mundo que no vale vencer a qual-quer custo, por isso ele conduziu a superao do apartheid com reconciliao, mantendo a paz e a unidade entre os po-vos da frica do Sul. Agiu assim, porque para a pessoa com UBUNTU jamais possvel estar bem se nosso entorno no estiver bem. UBUNTU a cultura milenar da paz.

    Um viajante em visita pela frica do Sul poderia parar em uma aldeia sem ter que pedir comida ou gua. Uma vez que ele para, as pessoas do-lhe comida. Esse um aspec-to do UBUNTU, mas o ubuntu tem vrios aspectos. O ubuntu no significa que as pessoas no devem enriquecer. A ques-to, portanto, : Voc vai fazer isso e permitir que a comuni-dade ao seu redor possa melhorar? (Nelson Mandela, Nobel da Paz 1993).

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    Elegemos a filosofia UBUNTU como uma de nos-sas razes, por deciso poltica e compromisso com a construo de um pensamento que rompe com a lgica ocidental, de sujeito autocentrado e indivi-dualismo exacerbado. H que descolonizar nossas mentes e corpos e por isso assumimos outra pers-pectiva, adotando uma tica com origem na frica, desde tempos imemoriais, e que est presente em vrias manifestaes da cultura popular. A expresso do UBUNTU est na roda de samba, na roda de capo-eira, no jongo, nas cirandas e no candombl. Rodas em que todos se olham sem hierarquias. A chave a importncia do acordo, do consenso e da coeso.

    UBUNTU tambm referncia para a comunida-de do software livre, baseada no trabalho cooperati-vo. E nos ajuda a sonhar com uma democracia direta, participativa e colaborativa, em que as tecnologias da informao e da comunicao so colocadas a servi-o da emancipao humana, de forma livre e aberta.

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    TEKO POR Bem Viver

    BEM VIVER, conceito poltico, econmi-co e social que tem por referncia a viso dos povos originrios da Amrica: Sumak Kawsai em quchua; Suma Qamaa em aymara; Tek Por, em guarani. uma filosofia que tambm est na nossa alma original e significa viver em aprendizado e convivncia com a natureza. So-mos parte da natureza e, para nossa prpria sobrevivncia como espcie, h que romper de uma vez por todas com a ideia de que podemos continuar vivendo parte da natureza. A ter-ra que nos acolhe tem que ser protegida, con-forme nos ensinam os povos tradicionais, pois o mundo povoado de muitas espcies de se-res, tambm dotados de conscincia, em que cada espcie v a si mesma e s outras esp-cies a partir de sua perspectiva. Esta sabedo-ria, reconhecida nos povos do Xingu e presente

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    em todas as culturas amerndias, nos leva a compreender que a relao entre todos os seres do planeta tem que ser encarada como uma relao social, entre sujeitos, em que cultura e na-tureza se fundem em humanidade.

    O TEKO POR se afirma no equilbrio com o Planeta e no conhecimento ancestral dos povos originrios. Conhecimento nascido da profunda conexo e interdependncia com a natu-reza. A vida em pequena escala, sustentvel e equilibrada, necessria para garantir uma vida digna para todos e a sobre-vivncia do planeta. O fundamento as relaes de produo autnomas e autossuficientes. Ele tambm se expressa na ar-ticulao poltica da vida, atravs de prticas como assem-bleias locais, espaos comuns de socializao, parques, jar-dins e hortas urbanas, cooperativas de produo e consumo, e das diversas formas do viver coletivo e harmonioso. Tam-bm guarda correspondncia ao histrico desejo de emanci-pao e unidade dos povos latino americanos, expressas na utopia da Ptria Grande (Abya-Yala).

    Somente podemos entender TEKO POR em oposio ao viver melhor ocidental, que explora o mximo dos recursos disponveis at exaurir as fontes bsicas da vida. Assumir esta cosmoviso se contrapor iniquidade prpria do capitalis-

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    mo, onde poucos vivem bem em detrimento da grande maio-ria. O planeta no pode mais seguir em desequilbrio. O pro-dutivismo e consumismo, desenfreados e fteis, somente se mantm devido explorao predatria dos recursos naturais e s servem ganncia de poucos. Este modelo no susten-tvel e, inevitavelmente, levar a humanidade ao colapso ci-vilizatrio.

    Por isso afirmamos um modelo de vida mais justa, ambien-talmente sustentvel, economicamente solidrio, que deve ser buscado simultaneamente pelo Estado e pela sociedade. Queremos uma vida digna, em plenitude, cheia de sentidos, em que o SER seja mais importante que o TER. Em que ESTAR no Planeta seja muito mais que um contnuo sugar da vida alheia. H que assegurar os direitos da Me Terra (Pachama-ma, Tekob) em nossa Constituio, como outros pases j fi-zeram, garantindo a todos os viventes a satisfao de suas ne-cessidades bsicas, com qualidade de vida, o direito de amar e ser amado, o florescimento saudvel de todos e em harmo-nia com a natureza, o prolongamento indefinido das culturas, o tempo livre para a contemplao, a ampliao das liberda-des, capacidade e potencialidades de todos e de cada um.

    Sonhamos com mais equidade. Em vez de defender o

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    crescimento contnuo e a qualquer custo, buscamos alcanar uma sociedade mais equilibrada; em vez de focar quase exclu-sivamente em dados relativos ao PIB ou outros frios indicadores econmicos, nos guiamos para alcanar e assegurar o m-nimo vital, o suficiente para que todas as pessoas possam levar uma vida digna e fe-liz. Queremos medir o bem estar de nos-so povo muito mais pela FELICIDADE IN-TERNA BRUTA que pelo Produto Interno Bruto, afinal, conforme o Manifesto An-tropofgico do Modernismo brasileiro: a alegria a prova dos nove!.

    Enquanto o capitalismo transforma tudo em coisa, at nossos corpos e desejos mais profundos, romper com esta lgica, com seu individualismo inerente, egosmo e imediatismo, romper com a monetiza-o da vida em todos os seus campos e com a sua desumanizao , para ns, o ato mais revolucionrio.

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    ECOSSOCIALISMOECOSSOCIALISMO, uma reflexo crti-

    ca que resulta da convergncia entre refle-xo ecolgica, reflexo socialista e reflexo marxista. O capitalismo insustentvel, sua lgica de reproduo e lucro no prev li-mites, extraindo tudo e todos sua frente, incluindo sonhos. A seguir o atual mode-lo de consumo, o Planeta estar definitiva-mente exaurido em poucas geraes. No temos o direito de seguir roubando o futu-ro dos que esto por vir. Para reverter este processo, o nico caminho a Revoluo Ecolgica, cuja necessidade histrica parte de trs premissas bsicas: a) estamos em meio a uma crise ambien-

    tal global e de tal enormidade que a teia da vida de todo o planeta est ameaa-da e com isto o futuro da civilizao;

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    b) acrticaaomodelocapitalistavigenteeaoconsumismopredatrioede-senfreado;

    c) acrticasrevoluessociaisdosculoXXquetiverampormatrizideol-gicaosocialismoreal,masqueapenasreproduziramoprodutivismopre-datriodomodocapitalistadeproduo.A proposta de uma Revoluo Ecolgica baseada no ECOSSOCIALISMO re-

    presenta, ao mesmo tempo, o resgate dos iderios emancipatrios construdos pelos movimentos sociais contestatrios e a rejeio s iluses dos que preten-dem apenas reformar o sistema vigente. Ela incorpora os valores de convivncia solidria do TEKO POR e UBUNTU, com valores ticos profundos do COMUM, visando a construo de uma cidadania ativa e solidria.

    O atual sistema capitalista incapaz de regular, muito menos superar, as crises que deflagra; isso porque faz-lo implicaria colocar limites ao processo de acumulao do capital, uma opo inaceitvel para um sistema baseado na regra cresa ou morra!. da lgica do sistema preferir Crescer e Matar!. E assim esto matando o planeta, pois o sistema capitalista mundial , na lingua-gem da ecologia, profundamente insustentvel e, para que haja futuro, deve ser ultrapassado e substitudo.

    O ECOSSOCIALISMO passa pela formao de cadeias produtivas locais, aproximando produo e consumo e, sobretudo, aproximando gente e distri-buindo renda. No lugar de seguir subsidiando a indstria automobilstica, com crditos e incentivos fiscais para um transporte individual, de baixa escala e

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    poluente, o incentivo ao transporte pblico, limpo, de qualidade e eficiente. Trens e hidrovias integran-do o Brasil, metrs, bondes e ciclovias, em transpor-te seguro, rpido e barato. nibus eltricos de nova gerao, silenciosos e confortveis. Tecnologias sus-tentveis para o saneamento bsico, com gua lim-pa e esgoto tratado, para todos, em um Brasil em que ainda h muito por fazer nesta rea.

    Em vez de usinas de energia, destruindo rios e florestas ou poluindo a atmosfera com suas fuma-as e radiaes, unidades autossustentveis, com matriz energtica diversificada, limpa e renovvel; at edifcios e casas podem produzir a energia que consomem, assim como necessrio estabelecer novos padres de eficincia no consumo energti-co, bem como na gerao, transmisso e distribui-o de energia.

    Com a Revoluo Ecolgica baseada no ECOS-SOCIALISMO, decrescemos na concentrao, na os-tentao, no suprfluo e crescemos apenas onde necessrio. Tudo isso gera riqueza, cria empregos, tecnologia, conhecimentos e solidariedade.

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    SeivaSeiva, o que circula dentro de ns, o princpio que nos nutre.

    A reconstruo do BEM COMUM

    COMUM, cooperao, multiplicidade, co-munho. A identidade intangvel de nos-sa alma brasileira, expressa na generosida-de da mescla entre culturas, no sincretismo de nossas crenas, nas festas que transbor-dam alegria e esperana. O Comum nos une, nos relaciona, nos congraa, sugere o direito de todos, independentemente de posses, cor, credo, idade, gnero, sexualidade.

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    Desde os gregos antigos, BEM COMUM tem como fundamento a busca da melhor vida possvel, transformada em uma vida ativa, de modo que as pessoas agissem de acordo com o que fosse melhor para a coletividade. O es-pao de realizao pleno do Bem Comum era a cidade (polis) e a forma de go-verno correspondente, a Repblica. Com o desenvolvimento do Estado-Nao capitalista o conceito de BEM COMUM foi paulatinamente substitudo pelo de bem pblico ou estatal. E as experincias ditas socialistas do Sculo XX apenas aprofundaram esta consolidao do papel do Estado de controle e direo da sociedade. A partir da dcada de 1980, com o Neoliberalismo, at mesmo as ideias de bem pblico ou estatal foram substitudas pela privatizao absoluta, no mais havendo o sentido do BEM COMUM, fazendo com que tudo e todos devessem se submeter ao Mercado.

    gua, bem vital, deveria ser o melhor exemplo de um BEM COMUM, mas quando transformada em fonte de lucro, em mercadoria, deixa de s-lo. A sa-de tambm deveria ser um bem de todos, pois no tico nem moral admitir que pessoas sejam mais bem tratadas que outras em funo de suas posses. Assim tambm com a educao, que deveria assegurar um ponto de partida comum e de qualidade para todas as pessoas. A cultura, diversa e realizada por todos e nas mais diferentes formas, nosso acervo de conhecimentos, expresses e significados definindo nossa identidade. O conhecimento, a comunicao e a criao tambm devem ser livres, mas no so. O direito vida, enfim, pois, de todos os direitos, no h nada mais sagrado que este direito comum a todos os seres.

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    BEM COMUM, tudo aquilo que tem uma dignidade prpria, que no se pode comprar nem vender, no sendo tico a sua transformao em fonte de lucro.

    A vida e a cultura no podem ser privatizadas. Mas o capitalismo trans-forma tudo em mercadoria, patenteia seres vivos, cadeias genticas, se-mentes de alimentos, o acervo de conhecimentos, cultura e artes da huma-nidade; e segue em novas fronteiras de expanso, como o mapa gentico e o espao sideral, gerando novos desafios ticos e de luta poltica.

    Para reconstruirmos o BEM COMUM, precisamos de acesso livre e ir-restrito s tcnicas e conhecimentos. Vrias delas esto j em nossas mos, mas ainda preciso democratiz-las, assegur-las como um direito e lutar para que sejam expandidas, pois o acesso informao e aos meios de co-municao tem que ser um direito humano fundamental. A reconstruo do BEM COMUM inclui o direito cidade e livre circulao nos espaos pblicos, sem barreiras de qualquer tipo, sejam fsicas, financeiras, culturais ou sociais, bem como a garantia de anonimato para os indivduos, neutrali-dade em rede, transparncia nos fluxos e controle de informaes, liberda-de de expresso e autodeterminao. Tambm inclui o direito terra e re-alizao da reforma agrria, produzindo alimentos saudveis, fortalecendo a agricultura familiar, a agroecologia, o respeito s florestas, guas e bichos. E passa pela reduo da jornada de trabalho e pela criao da renda uni-versal, a biorrenda, como a renda bsica da cidadania, assegurada a todos.

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    A efetivao do BEM COMUM tam-bm compreende tomar o Estado das mos dos grupos econmicos e pol-ticos, das CASTAS que dele se apode-raram para garantir os seus interesses privados, pois, no atual estgio civiliza-trio, em que o Estado ainda o maior concentrador e distribuidor de recur-sos, somente a gesto do Estado com plena participao da sociedade que se garantir a plena realizao do BEM COMUM e da melhor vida possvel para todos.

    A crise poltica, moral e tica que as sociedades contemporneas atravessam resultado do abandono dos ideais do BEM COMUM, que foram sendo substi-tudos por prticas privatistas, desde o campo econmico, social, cultural e po-ltico. Resgatar os sentidos do BEM CO-MUM condio primeira para o bem--estar e a felicidade de toda sociedade.

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    TroncoA partir de nossas RAZES, formamos um pensamento novo com o que de mais profundo e generoso foi criado a partir da cosmoviso, filosofia, racionalidade e magia de nossos povos matriz. E assim nasce o TRONCO, expressando nosso objetivo: CIDADANIA PLENA.

    CidadanismoHistoricamente o conceito de cidado, desde a Roma

    Antiga, passando pela Revoluo Francesa, representa-va na prtica a concentrao de poder nas mos de pou-cos. As mulheres, os escravos e, em sua verso moderna, os trabalhadores precarizados, estiveram, na maior par-te do tempo, alijados da participao poltica. Somente

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    por intermdio das lutas pela ampliao do direito de votar e ser votado que, muito recentemente, o conceito de cidado e cidad se universalizou em nosso pas (at a Constituio de 1988 analfabetos no votavam). E ainda assim em uma ci-dadania mutilada, em que os direitos no so universalmen-te garantidos. O CIDADANISMO surge ento como a busca da efetividade plena da cidadania. Tambm o processo de acu-mulao capitalista imps uma concentrao de riqueza nun-ca vista, onde cerca de 1% de todos os habitantes do plane-ta detm mais da metade de tudo o que produzido. Com isto, a grande massa de explorados e oprimidos pelo sistema constituda por pessoas com direitos formais, mas sem di-reitos de fato.

    A universalizao da cidadania a condio histrica ne-cessria do CIDADANISMO contemporneo, que, por sua vez, emerge em meio a uma grande contradio. Tal conceito est intimamente ligado noo de soberania popular, estampada no pargrafo do primeiro artigo da Constituio Federal brasi-leira: todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. Mas este poder se-questrado por CASTAS que se apoderam do Estado para se servir e no servir.

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    A separao entre o poder econmico e a vontade popu-lar deve estar na base do CIDADANISMO. Por isso a necessida-de urgente de um reforma poltica, justa, democrtica e cidad, que recoloque a poltica nas mos das pessoas, acabando com o poder do dinheiro nas eleies e o abuso do poder, seja de go-vernos, empresas, mdia ou igrejas. O CIDADANISMO pressupe transformar e reinventar o exerccio da poltica em processos so-lidrios e cooperativos, alm, inclusive, de uma simples reforma eleitoral. Tambm compete ao cidado participar da vida pbli-ca, na organizao do espao pblico e na construo da demo-cracia na esfera da produo e no somente na esfera poltica.

    Da revolta que tomou as ruas e praas das grandes cidades no mundo, surgem novas propostas de organizao que bus-cam reconfigurar o modelo de representao poltica e, mais que isto, buscando o real empoderamento das cidads e cida-dos por meio da democracia direta e da autogesto.

    CIDADANISMO representa uma alternativa tambm aos instrumentos tradicionais de participao poltica (partidos e sindicatos) que, ao longo do sculo passado, se apresentavam como a vanguarda, dirigentes da classe oprimida e explorada, mas que foram se burocratizando e acomodando no contato com o poder.

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    As novas estruturas do CIDADANISMO ativo so dinmi-cas e articuladas, movidas por consensos progressivos. O indi-vduo respeitado em sua integridade e seus valores e inten-es so conectados a outros que compem a rede cidad e constituem os espaos pblicos em permanente construo. Deste movimento de reafirmao da participao ativa e ci-dad na construo do Comum, as polticas se tornam efeti-vamente pblicas e se desgarram dos desejos das castas e das vanguardas.

    CIDADANISMO tambm romper com a oligopolizao dos meios de comunicao que, em conluio com a casta po-ltica, interditam o direito de indivduos e coletividades. De-fendemos a liberdade de imprensa, a pluralidade de ideias e interpretaes dos fatos e o livre acesso informao, a poli-fonia. Para que todas as pessoas, de todas as cores, de todas as orientaes sexuais, todas as ideias, em todos os sotaques, possam ser respeitadas, vistas e ouvidas. Basta de invisibilida-de, pois a comunicao um direito humano.

    Este movimento Transversal e uma organizao poltica de Retaguarda se mesclam nas lutas comuns, se consubstanciam na ao direta de enfrentamento das contradies do Sistema, desnudando seus mecanismos e perversidade. A AUDITORIA

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    CIDAD DA DVIDA PBLICA, prevista na Constituio de 1988 e que at hoje protelada, uma das formas de escancarar o maior dreno de recursos pblicos a que a sociedade est sub-metida E tambm um sistema tributrio mais justo e progres-sivo, que taxe menos a renda e consumo dos pobres e mais sobre as grandes fortunas, as propriedades especulativas, os lucros exorbitantes e transaes financeiras internacionais.

    CIDADANISMO o respeito s diferenas, a promoo da igualdade de gnero e racial, com o resgate de dvidas hist-ricas com as populaes negras e indgenas. oferecer opor-tunidades iguais e quando estas no forem suficientes, pro-mover o reequilbrio entre as pessoas. assegurar os direitos da mulher e combater todas as formas de preconceito e dis-criminao. defender os direitos de lsbicas, gays, bissexu-ais, transexuais e transgneros, assegurando-lhes o direito a trabalho digno, ao casamento e felicidade. tambm cons-truir uma nova poltica de drogas enfatizando-a como uma questo de sade pblica e no de polcia.

    CIDADANISMO so direitos e so deveres. identidade e alteridade ao mesmo tempo. Uma cidadania emancipada s pode acontecer no encontro com a Educao. Uma edu-cao de qualidade, motivadora, no uma educao instru-

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    mental, gerando deficientes cvicos, como bem apon-tou o mestre Milton Santos, mas que integre a Educao Cultura, formando conscincias, multiplicando diferen-tes formas de viver, experimentando alternativas, infor-mando, democratizando o conhecimento, respeitando as diferenas e fomentando a produo criativa. Uma edu-cao que liberta e convida as pessoas a pensarem sobre sua realidade e sua emancipao.

    Ser do encontro entre Cidadanismo e Educacionis-mo que colocaremos a CIDADANIA em um novo patamar. E esta a condio necessria para uma nova forma de governo e pacto social. Um governo que nos respeite. simples o que queremos. Queremos que o esforo cole-tivo seja revertido para o coletivo. E para isso, queremos participar, deliberar, acompanhar, fazer junto. Queremos bons cuidados quando buscamos a sade pblica e ser-mos bem tratados quando nos deslocamos pelas cidades. Queremos boas praas e parques, limpos e arborizados, nos sentir seguros em nossas casas e nas ruas. Queremos at aquilo que no sabemos que queremos. Por isso ou-samos uma nova cultura poltica no Brasil, em que o CI-DADANISMO ser o pleno exerccio da cidadania.

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    Ramos, Folhas, Flores, FrutosPLATAFORMA para um PROGRAMA COMUM.

    Optamos por definir primeiro nossas RAZES e TRON-CO e agora fazemos um convite a todos os Coletivos, Mo-vimentos e Atores Sociais sinceramente empenhados na busca de um outro mundo possvel a que iniciemos a construo de uma PLATAFORMA PROGRAMTICA inte-rativa e comum. Um programa em construo perma-nente, incorporando olhares, propostas e reivindicaes, antes isoladas e que agora se entrelaam a partir do di-logo e luta comum, formando uma frondosa rvore, a RVORE da CIDADANIA.

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    Partido-MovimentoUm partido de novo tipo, um PARTIDO-MOVIMENTO. Um partido que cons-

    trua pontes para o dilogo entre os cidados e no atalhos para as castas diri-gentes. Um partido que dialogue com os movimentos sociais, mas sem coopt--los. Um movimento social e um partido poltico, ao mesmo tempo. E, tambm, um PARTIDO em MOVIMENTO. Um partido que se construa nas ruas e tambm nas redes que integram os debaixo, os legtimos donos do poder.

    Ns nos recusamos a sermos transformados em mais uma engrenagem do jogo do poder. Rejeitamos as suas benesses e a profissionalizao na poltica. Poltica, a mais vil das profisses, a mais nobre das vocaes, como escreveu Rubem Alves. No queremos alimentar castas polticas, que se autoconcedem aumentos sem consultar a sociedade, que s legislam e governam para se per-petuar no poder. O poder das castas no nos atrai, assim como tambm no nos seduzimos por cargos em que o fim seja o prprio cargo, sem que ele seja um meio para melhorar a vida das pessoas.

    Nossa lgica outra. A busca da potncia, da capacidade de agir e trans-formar realidades, e que inerente a todos os seres humanos. E de uma po-tncia que se realiza com afeto e amorosidade, pois em um mundo em que tudo transformado em coisa, no h nada mais revolucionrio que o amor vida, o reconhecimento do outro e o respeito ao prximo.

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    Nossa esperana: Reencantar o mundo desencantado. Tornar nova-mente a poltica algo apaixonante. Por isso buscamos fora em nossas ra-zes mais profundas, resgatando nos-sa ancestralidade africana, amerndia e europeia para constituir um novo ethos poltico, mestio como somos, que nasce do amlgama entre UBUN-TU, TEKO POR e ECOSSOCIALISMO, reconstruindo o sentido do BEM CO-MUM e apontando para a conquista da CIDADANIA PLENA.

    Nosso objetivo: uma Cidadania Plena que coloque o Poder a servio de seu povo. Ao mesmo tempo, ativa, participativa e colaborativa. Uma cida-dania que dispensa tutores e senhores.

    No simples nem fcil, pois a or-dem poltica vigente sequestra a de-mocracia pelo dinheiro, distorce pela ignorncia, controla pelo poder. Mas

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    temos que reagir. No podemos mais eleger representantes que logo eleitos j do as costas ao povo, tramando acordos para ingressarem nas castas que at ontem negavam. O nome j diz, todo cargo de representao ou gesto de governo um cargo pblico e no pode ser disposto ao bel prazer, sem critrio algum alm do toma l d c da poltica. No quere-mos mais um ministrio em que metade no capaz de nada e a outra metade capaz de tudo.

    No h mais tempo a perder. Somos a maioria, mas nos-sos direitos seguem desrespeitados entre corrupes, inefi-cincias, desmandos e mentiras. O Planeta no pode esperar mais, h que dar um basta ao desmatamento que faz desapa-recer rios e vidas. Precisamos de gua boa, de rios e lagos e terras e ares limpos. Queremos viver em paz, andar nas ruas com segurana, descansar em Parques e Praas, ouvir msi-ca ao ar livre, teatro na rua; respirar arte, sentir arte, ser arte. Nossa vida pode ser melhor. Alimentos saudveis, bom trans-porte, moradia digna, sade e educao integrais para todas e todos. No queremos muito, queremos apenas o que nos-so. So nossos direitos. Por isso queremos para j!

    Nesta fase transitria nos propomos a ser um laboratrio de experimentaes em busca da igualdade poltica que, para

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    ns, significa o reconhecimento de que pessoas comuns, quaisquer cida-dos, tenham capacidade e meios para interferir nos rumos comuns da so-ciedade. Buscamos um novo patamar de democracia, formada por sujeitos autnomos, capazes de gerir suas vidas e participar da gesto da vida pbli-ca. No queremos mais um partido PARA as pessoas, queremos um partido COM as pessoas.

    Um partido ao mesmo tempo amplo, horizontal, democrtico e cons-titudo por Crculos autnomos e protagonistas, que se inter-relacionem uns com os outros, igualmente de forma autnoma e democrtica. Crcu-los como unidades de participao e respeito diferena e construo do comum. Crculos temticos (reforma urbana, poltica de drogas, ambienta-lismo, etc.), territoriais (por estados, cidades, bairros, comunidades, esco-las, universidades, locais de trabalho) ou identitrios (LGBT, indgenas, jo-vens, etc.).

    Crculos que se cruzam numa rede sem hierarquia que, por meio do m-todo dialgico, constri unidades de pensamento e ao. Crculos que ga-rantam a integridade de cada participante e que no necessitem forjar sua fora como maioria que esmaga o divergente ou aquele que ainda no se convenceu plenamente da melhor soluo. Crculos que formem uma es-trutura lacunar, em edificao constante, num consenso progressivamen-te construdo. Basta ter a iniciativa de criar um crculo e juntar pessoas para que ele seja criado.

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    O Brasil grande, rico, esta a terra da diversidade, mestiagem, da alegria. Temos energia, florestas, gua, riquezas mil. Um bom povo, inventivo, trabalha-dor e solidrio. No justo que sigamos nos maltratando, no justo que siga-mos nos enganando. A quem no acredita nesta possibilidade e se conforma com o amesquinhamento da poltica atual, h dezenas de partidos a escolher, bastando deixar tudo como est. Mas a quem deseja mudar de verdade, faze-mos um convite unio. Sigamos juntos, unidos.

    Somos de Pindorama. Somos Aymor e a Confederao dos Tamoios. So-mos Zumbi e Palmares. Alfaiates, Inconfidentes, Republicanos. Somos a Confe-

    movimento cidadanista

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    derao do Equador e Frei Caneca. Jos Bonifcio de Andrade e seu sonho pela amlgama Brasil, expulso da primeira cons-tituinte do pas por defender a libertao dos escravos, distri-buio de terras e educao pblica para todos, isso em 1824. Farrapos, balaios, praieiros e cabanos. Somos Mals, caifazes e abolicionistas. Dos Sertes, de Canudos, Contestado e do Cal-deiro. Somos as revoltas de 22, de 24, da Coluna Invencvel. Anarquistas, comunistas e socialistas. Modernistas, antropof-gicos, tropicalistas. Do Brasil urbano, do Brasil rural, do Brasil soberano. Da Cultura Popular e de Periferia, do Cinema Novo, do Teatro do Oprimido, da MPB. De Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes e Milton Santos. Das reformas de base, da resistncia ditadura, de 1968, da teologia da libertao, do Movimento contra a Carestia, da Anistia, das greves operrias. Diretas J! Da Constituio Cidad. Os caras-pintadas, a esta-bilidade da moeda, a incluso social. As Jornadas de Junho de 2013. Toda esta histria faz parte de ns. Somos ns.

    E assim seguimos, unidos com ousadia, semeando, confian-do, compartilhando. Por uma sociedade de mulheres e homens livres, de gente unida entre si e unida ao planeta. Um povo ca-paz e responsvel por seus prprios atos. Livre, enfim, cons-ciente, pensando por si mesmo. Conclama o Manifesto: UNI-

  • -VOS! Unimo-nos. E seguimos dizendo nas ruas: O povo, unido, jamais ser vencido! Venceremos.

    Venceremos porque Podemos. Po-demos porque somos radicais. E, por termos Razes, nos propomos a pen-sar o Brasil de baixo para cima, pela radicalizao dos processos horizon-tais e interativos, garantindo o efetivo empoderamento das pessoas numa nova concepo do fazer poltico. Nossas razes so profundas e trazem tona as mais elevadas expresses da tica africana, da filosofia amerndia e da poltica ocidental: Ubuntu, Teko Por e Ecossocialismo. Destas razes nasce o tronco do CIDADANISMO, for-te, potente, generoso.

    Foi no dia da mulher que nos afir-mamos como RAIZ MOVIMENTO CI-DADANISTA, evocando o feminino no descobrimento de nossas prticas.

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    Por isso queremos ser chamados exatamente assim: a RAIZ, combinando com o gnero; no mais o partido, mas a inteira, de inteireza. Queremos um novo fazer poltico, enraizado no solo frtil das lutas por vida, po, sade, paz, conhecimento, cincia, trabalho, diversidade natural-tnico-cultural, sustenta-bilidade, arte e lazer. Que a fora de nossas razes alimentem o sonho, a ternu-ra, a ousadia e a esperana.

    Assim como os minerais, que so absorvidos pelas razes das rvores, pe-dimos fora para que possamos absorver o grito de indignao e a vontade de justia. E lutaremos para transformar a realidade social desumana, degenera-

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    da, nociva, desigual. E que faamos juntos, entrela-ando razes, articulando grupos e pessoas, movimen-tos e organizaes, de maneira criativa e libertria, prospectiva e otimista. No ser fcil, sabemos que vamos enfrentar o solo infrtil, as pedras, muito ven-to, s vezes com falta de gua. Mas nossa essncia, nossos sonhos e nossa luta transformaro essa nossa semente, que j RAIZ, numa rvore forte, cheia de frutos e inspiradora para a to sonhada transforma-o do nosso pas.

    Raiz que vai crescer. Primeiro os ramos, depois as folhas, as flores e por fim os frutos que h tanto espera-mos. No mesmo momento que muitos preparam suas armas para defenderem o indefensvel, ns germina-mos da terra e vamos frutificar.

    RAIZ MOVIMENTO CIDADANISTA, por belas flores e bons frutos para um Brasil que vai brotar como nun-ca se viu!

    So Paulo, 08 de Maro de 2015

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    movimento cidadanista