Carta-Aberta Ao Reitor Herman

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  • 8/2/2019 Carta-Aberta Ao Reitor Herman

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    Carta aberta ao Reitor Herman da UNESP-FATEC

    No ltimo dia 15 de outubro ns, estudantes da UNESP, nos dirigimos de todo o interior de SP at a capitpara levar a pblico as reais condies de estudo e trabalho em nossa universidade. Hoje esta universidadmulticampi, considerada uma das melhores do mundo, est fortemente sucateada e mercantilizada. O corpo docene tcnico-administrativo deficitrio para atender a real demanda posta pelo seu gigantismo. Na maior parte docampi, faltam bolsas, laboratrios, livros e salas de aula. Os curricula so medievais, bem como a forma destruturao das aulas, centradas na figura do professor este iluminado em torno do qual nos juntamo

    esperando garantir ao menos um pirilampo de luz. Faltam moradias e RU e o descaso tamanho que a Reitorprefere financiar nibus para o INTERUNESP esta festa onde quem comemora a intolerncia e o preconceitcom seus rodeios de gordas, agresses e prticas machistas e homofbicas que garantir a permanncia destudantes pobres, oriundos do seio da populao trabalhadora que custeia suas viagens a China, seu caf arbicpremiun, seus carros importados e seus altos salrios em um pas onde grassa a misria.

    Na frente da Reitoria, com faixas, cartazes e muito flego para clamar alto, exigamos que o Reitor HermaVoorwald descesse e dialogasse com o estudantes. No toa. A reitoria omissa para conosco, estudanteMalgrado somarmos quase cinqenta mil estudantes, nmero cinco vezes maior que trabalhadores e professor juntos, a Reitoria recusa-se a dispensar para conosco o devido respeito e considerao. Nossos ltimrepresentantes no Conselho Universitrio foram sumariamente cassados e a ltima representante que indicamo

    sequer foi empossada. Quanto ao DCE-HR, a Reitoria recusa-se h anos a reconhecer a entidade como legtima ao contrrio, autoritria, tomando nossa sede, furtando nossos arquivos, computadores e biblioteca. A omisstorna-se intolervel se lembrarmos que em alguns campi comemora-se o aniversrio de promessas do Reitor dabertura de RUs e construo de moradias, a sua mera presena fsica para dialogar com os estudantes queReitoria insiste em dizer que representa.

    Mas a misria moral e o poo de arbtrio e soberba da Reitoria parecem no ter fim. H muito custconseguimos marcar uma data para negociarmos com o Reitor nossa extensa pauta, acumulada de anos e anos ddescaso. Apesar disto, eis que a Reitoria, do auge de seu lustro, quer nos impor uma srie de medidas comcondiosine qua non de negociao: exige uma comisso diminuta de 6 pessoas que no contempla sequer urepresentante porcampi e diz que no negocia caso faamos um ato. Os motivos so patentes: a estrutura d

    mando das Universidades arcaica, herana ranosa do Brasil dos coronis e das fardas; e o Reitor acostumou-ss malandragens e meandros deste sistema de poder, que exclui a maior parte dos membros da universidade ddecises. No poderia ser de outra forma; que a universidade que os Governos defendem antipopular pexcelncia, preferindo fazer acordos com a Toyota e com a IBM, a tomar para si as demandas e problemapopulares; entre desenvolver os softwares mais avanados para controle da produo das grandes indstrias opesquisar as formas de combater a dengue ou a desnutrio infantil, a UNESP toma o partido das elites, dando sequinho de contribuio para a manuteno da pobreza, intolerncia, preconceito e ignorncia enfim, ajudandocultivar este solo rido donde brotou e brota nossa modernssima sociedade brasileira.

    Vamos deixar uma ou duas coisas claras ao Reitor: o movimento estudantil da UNESP-FATEC passa puma forte reestruturao. As bases mobilizadas varreram a burocracia governista que aparelhou o DCE por tantanos, e que fazia acordos com a Reitoria por fora das instncias decisria do ME. No estamos sujeitos as formde presso que a Reitoria outrora pde se valer. Compreendemos que em uma sociedade marcada peautoritarismo, como a nossa, de fundamental importncia que estimulemos os mecanismos prprios de umdemocracia, como atos de rua, onde se expressa a vontade das massas, de forma pacifica e organizada. -noestranho que uma Universidade que expe em seu PDI o respeito s liberdades democrticas queira nos tolherdireito a livre manifestao, organizao e expresso de idias.

    Nas trs universidades tradio que, quando de negociaes, haja atos. Estes expressam a fora ecoordenao dos segmentos. Do mesmo modo, no nos agrada que a Reitoria no queira negociar no edifcio dUNESP no Anhangaba. Ser que temos de lembrar ao Reitor que de praxe que as negociaes entre reitoriasmovimento ocorrem na sede das universidades, no por um simbolismo simples de nossa parte, mas pelo fato de se decidirem as coisas e os rumos?

    Por isso Reitor Herman, viemos a pblico para que reconsidere Vossa posio e seja coerente com oprprios documentos dirigentes da UNESP, bem como com Vosso Plano de Gesto. Que a Reitoria respeite o

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    valores democrticos mnimos, recepcione uma Comitiva do DCE-HR formada por um membro de cada campi, nsede da UNESP e, sabendo apreciar nosso ato convocado pelo CEUF com um tero dos campi e metade dcidade onde situa-se a UNESP , negocie nossa pauta para que avancemos rumo a uma universidade pblicdemocrtica, gratuita, laica, para toda/os e a servio da maior parte da populao. Ao menos esta universidadque defendemos.

    So Paulo, 11 de novembro de 2010

    Diretrio Central de Estudantes Helenira Resende da UNESP-FATECGesto Provisria 2010-11