CARACTERIZAÇÃO DOS ÓLEOS ESSENCIAS DE Microlicia ...‡ÃO... · O Brasil é um país que possui...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA FREDERICO JEHÁR OLIVEIRA QUINTÃO CARACTERIZAÇÃO DOS ÓLEOS ESSENCIAS DE Microlicia graveolens, Melaleuca leucadendron E DE EXTRATOS HIDROALCOÓLICOS DAS FOLHAS E CAULES DE Vellozia Squamata PARA O DESENVOLVIMENTO DE NANOEMULSÕES PARA USO FARMACÊUTICO OURO PRETO 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

FREDERICO JEHÁR OLIVEIRA QUINTÃO

CARACTERIZAÇÃO DOS ÓLEOS ESSENCIAS DE Microlicia graveolens, Melaleuca

leucadendron E DE EXTRATOS HIDROALCOÓLICOS DAS FOLHAS E CAULES DE

Vellozia Squamata PARA O DESENVOLVIMENTO DE NANOEMULSÕES PARA USO

FARMACÊUTICO

OURO PRETO

2013

ii

FREDERICO JEHÁR OLIVEIRA QUINTÃO

CARACTERIZAÇÃO DOS ÓLEOS ESSENCIAS DE Microlicia graveolens, Melaleuca

leucadendron E DE EXTRATOS HIDROALCOÓLICOS DAS FOLHAS E CAULES DE

Vellozia Squamata PARA O DESENVOLVIMENTO DE NANOEMULSÕES PARA USO

FARMACÊUTICO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Biotecnologia da

Universidade Federal de Ouro Preto como

requisito parcial para obtenção do Título de

Mestre em Biotecnologia.

Orientador: Prof. Dr. Orlando David Henrique dos

Santos

OURO PRETO

UFOP

2013

Catalogação: [email protected]

Q79c Quintão, Frederico Jehár Oliveira.

Caracterização dos óleos essenciais de Microlicia graveolens, Melaleuca

leucadendron e de extratos hidroalcoólicos das folhas e caules de Vellozia

Squamata para o desenvolvimento de nanoemulsões para uso farmacêutico

[manuscrito] / Frederico Jehár Oliveira Quintão - 2013.

xvi, 116f.: il., color; graf.; tab.

Orientador: Prof. Dr. Orlando David Henrique dos Santos.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em

Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia.

Área de concentração: Biotecnologia Industrial.

1. Essências e óleos essenciais - Teses. 2. Nanoemulsões - Teses.

3. Melastomatoceae - Microlicia graveolens - Teses. 4. Myrtaceae -

Melaleuca leucadendron - Teses. 5. Velloziaceae - Vellozia Squamata -

Teses. I. Santos, Orlando David Henrique dos. II. Universidade Federal de

Ouro Preto. III. Título.

CDU: 665.52/.54:615.012

iii

iv

Dedico este Trabalho aos meus pais , Valter e Lúcia,

aos meus irmãos Vinícius e Mariana, aos meus avós,

à Julia e a todos que me ajudaram de alguma forma

nessa caminhada.

v

AGRADECIMENTOS

À Deus por mais essa conquista.

Ao meu orientador prof. Dr. Orlando Henrique David dos Santos pelos ensinamentos e por ter me

concedido essa oportunidade única de realizar uma Pós-Graduação.

Aos professores Dr. Gustavo Henrique da farmacognosia e ao Dr. Sidnei (Bibo) pelo apoio e

colaborações no trabalho.

Às amigas Izabel e Shiara pela amizade e pela convivência nesses últimos anos no laboratório.

Aos amigos Simone, Ricardo, Vanessa e Karen que proporcionaram não só discussões

interessantes que contribuiram para o meu crescimento profissional, mas também, pelos

momentos únicos de descontração.

Aos Professores Dr. Robson Afonso e Dr. Luiz Fernando por cederem os equipamentos e os

laboratórios para as análises e experimentos realizados ao longo desse trabalho.

À Ananda pela ajuda nas análises realizadas.

Ao Sr. Jorge da botânica pela ajuda constante nas coletas.

À Kyssia, Michele, Luísa e Nayara alunas de IC e TCC, as quais me acompanharam nos

experimentos e nos desenvolvimentos de projetos.

À Julia pelo amor, carinho e dedicação em todos os momentos.

Aos amigos Francisco e Victor por todos esses anos de convivência.

À equipe de professores do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e do CIPHARMA.

Ao técnico Adão pela ajuda e acompanhamento durante os esperimentos realziados no

laboratório de farmacognosia da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto.

À Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto por ceder o espaço.

Aos colegas do laboratório de Farmacognosia e do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica e

Nanobiotecnologia .

vi

RESUMO

Espécies vegetais representam fontes de matéria-prima para a indústria farmacêutica,

cosmética, alimentícia, química e outras, assim como para a agricultura. Substâncias químicas

específicas presentes em espécies vegetais possuem propriedades terapêuticas e são utilizadas

como princípios-ativos de produtos farmacêuticos. Em indústrias de medicamentos, o uso de

matéria-prima vegetal na elaboração de fitoterápicos está aumentando nos últimos anos. O Brasil

é um país que possui grande diversidade de espécies vegetais, em função dos seus diferentes

biomas. O cerrado mineiro contem uma vasta biodiversidade a qual ainda não foi totalmente

estudada. Esta biodiversidade nos propicia a obtenção de uma gama de matérias-primas adequada

para a produção de produtos farmacêuticos e cosméticos. Este estudo teve como objetivo obter e

caracterizar química e biologicamente, óleos essenciais das espécies Melaleuca leucadendron e

Microlicia graveolens. Obter extratos hidroalcoólicos de folhas e caules de Vellozia squamata e

submete-los a uma prospecção fitoquímica para identificar os principais grupos de constituintes.

A obtenção de nanoemulsões do tipo óleo/água contendo os óleos essenciais e extratos, pelo

método de inversão de fases, também foi um dos objetivos. Os resultados obtidos nesse trabalho

nos permitiram concluir que o rendimento e a constituição química dos óleos essenciais de M.

graveolens e M. leucadendron sofreram variações em função da época das respectivcas coletas.

Potencial propriedade antimicrobiana foi identificada nos óleos essenciais isolados de ambas

espécies. A capacidade desses óleos de inibir o crescimento microbiano mostrou-se significativa

em relação a bactérias Gram-positivas. Os extratos hidroalcoólicos obtidos de folhas e caules de

V. squamata apresentaram elevada capacidade antioxidante identificada através do método de

DPPH. Essa propriedade foi atribuída aos constituintes fenólicos identificados nos extratos por

testes fitoquímicos. O método de inversão de fases foi eficiente no preparo de nanoemulsões

estáveis contendo óleos essenciais de M. graveolens e M. leucadendron ou extratos de V.

squamata. Sob a forma de nanoemulsão a propriedade antioxidante dos extratos permaneceu a

mesma encontrada em sua solução.

vii

ABSTRACT

Plant species represent sources of raw materials to be applyed in pharmaceutical,

cosmetic, feed, chemical and other industries, such as in agriculture. Specific chemical

substances present in vegetable species have therapeutic properties and are used as active

principles of pharmaceutical products. The use of vegetable raw materials by pharmaceutic

industries in the preparation of phytotherapeutics has been increasing in the last decades. Brazil is

a country with great diversity of vegetable species in function of its different bioms. Cerrado

region of Minas Gerais State has a big biodiversity, which has not been fully studied. This

biodiversity provides obtention of a range of raw materials adequated for pharmaceutical and

cosmectic production. The objective of this work was to obtain and characterize essential oils

from the species Melaleuca leucadendron and Microlicia graveolens. Obtain hydroalcoholic

extracts from leaves and stems of Vellozia squamata and submit them to phytochemical

prospection to identify the main groups of constituents. The obtaintion of nanoemulsions type

oil/water with the essential oils and extracts, by inversion phase method, also was an objective.

The results foud in this work permits conclud that yeld and chemical constitution of essential oils

of M. graveolens e M. leucadendron suffer variation in function of the moment of respective

collects. Antimicrobian potential properties were attributed to essential oils isolated from both

species. The capacity of these oils to inhibite the microbian growth was significative in relation

to Gram-positive bacteria. The hydroalcoholic extracts from leaves and stems of V. squamata

showed good antioxidant property determined by DPPH method. This property was attributed to

phenolic compounds identified by phytochemical assays. The inversion phase method was

efficient to preparing stable nanoemulsions containing essential oils of M. graveolens and M.

leucadendron or extracts of V. squamata. As nanoemulsions the antioxidant property of the

extracts was the same found in its solution.

viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1.1 Ciclo biossintético geral dos metabólitos secundários. ........................................... 22

FIGURA 1.2 Biossíntese dos terpenos. ......................................................................................... 24

FIGURA 1.3 Estrutura do alcalóide codeína. ................................................................................ 25

FIGURA 1.4 Estrutura geral dos flavonóides. .............................................................................. 26

FIGURA 1.5 Equipamento de prensagem utilizado para extração de óleos essenciais. ............... 29

FIGURA 1.6 Representação do aparelho de Clevenger. ............................................................... 30

FIGURA 1.7 Esquema representativo do equipamento utilizado para extração supercrítica de

óleos essenciais. ............................................................................................................................. 31

FIGURA 1.8 Equipamento de Soxhlet. ......................................................................................... 32

FIGURA 1.9 Esquema representado funcionamento de um cromatógrafo gasoso. ...................... 33

FIGURA 1.10 Estabilização do radical livre DPPH. .................................................................... 36

FIGURA 2.1 Microlicia graveolens (Roxinha). ............................................................................ 52

FIGURA 2.2 Hidrodestilador Linax®. .......................................................................................... 55

FIGURA 2.3 GCMS-QP2010 Plus Shimadzu. .............................................................................. 56

FIGURA 2. 4 Inibição do radical DPPH pelo óleo essencial de M. graveolens. .......................... 63

FIGURA 2. 5 Reogramas da nanoemulsão contendo óleo essencial de M. graveolens. ............... 68

FIGURA 3.1 Folhas e flores da M. Leucadendron.........................................................................76

FIGURA 3.2 Árvores de M. leucadendron.................................................................................77

FIGURA 3.3 Inibição do radical DPPH pelo óleo essencial da M. leucadendron (ML-1)............85

FIGURA 4. 1 Vellozia squamata localizada na Serra de Ouro Branco. ........................................ 94

FIGURA 4. 2 Flor da Vellozia squamata. ..................................................................................... 94

FIGURA 4. 3 Porcentagem de inibição do DPPH induzido pelo extrato hidroalcoolico de folhas e

a das nanoemulsões preparadas com estes. ................................................................................. 104

FIGURA 4.4 Porcentagem de inibição do DPPH induzido pelo extrato hidroalcoólico de caules e

a das nanoemulsões preparadas com estes...................................................................................104

ix

LISTA DE TABELAS

TABELA 2. 1 Composição das formulações. ............................................................................... 59

TABELA 2. 2 Constituintes químicos majoritários do óleos essencial de M. graveolens. ........... 62

TABELA 2.3 Avaliação da atividade antimicrobiana do óleo essencial de M. graveolens...........64

TABELA 3.1 Composição das formulações..................................................................................82

TABELA 3. 2 Constituintes químicos majoritários do óleo essencial de M. leucadendron (ML-1).

....................................................................................................................................................... 84

TABELA 3. 3 Constituintes químicos majoritários do óleo essencial de M. leucadendron (ML 2).

....................................................................................................................................................... 84

TABELA 3. 4 Avaliação da atividade antimicrobiana do óleo essencial de M. leucadendron. ... 86

TABELA 4.1 Composição das Formulações. ............................................................................. 100

TABELA 4. 2 Testes de prospecção fitoquímica de classes químicas da planta V. squamata. .. 103

TABELA 4.3 Valores de IC 50 para os extratos hidroalcoólicos e nanoemulsõees contendo os

mesmos.........................................................................................................................................105

TABELA 4.4 Conteúdo de fenólicos totais expressos em equivalente de ácido gálico (EAG) por

grama de extrato hidroalcoólico seco de caules e folhas V. squamata.........................................106

TABELA 4.5 Determinação do valor de pH das nanoemulsões formuladas com extratos

hidroalcoólicos de caules e folhas de Vellozia squamata.............................................................107

TABELA 4.6 Distribuição do tamanho de partículas das nanoemulsões preparadas a partir dos

extratos hidroalcoólicos de V. squamata em função do tempo após o preparo............................108

TABELA 4.7 Parâmetros do comportamento reológico das nanoemulsões formuladas com

extratos hidroalcoólicos de caules e folhas de Vellozia squamata................................................109

x

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABS Absorbância

ABTS• 2,2'-azino-bis(3-ethylbenzothiazoline-6-sulphonic acid)

A/O Água em óleo

ATCC American type culture collection

BHA Butil - hidroxianisol

BHT Butil - hidroxitolueno

CCD Cromatografia em camada delgada

CG Cromatografia gasosa

CIM Concentração inibitória mínima

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CUPRAC Cupric ion reducing antioxidant capacity

DMSO Dimetilsufóxido

DPPH• 2,2-difenil-1- picril-hidrazil

EAG Equivalente de ácido gálico

ECD Detectores de captura de elétrons

EM Espectrometria de Massas

ERNs Espécies Reativas de Nitrogênio

EROs Espécies Reativas de Oxigênio

FID Detector de ionização de chama

FRAP Ferric ion reducing antioxidant power

IV Infravermelho

LPS Lipopolissacarídeos

m/z Massa carga especifica

NIST National Institute of Standards and Technology

O/A Óleo-água

OE Óleos essenciais

OMS Organização Mundial da Saúde

ORAC Oxygen radical antioxidant capacity

xi

P.I. Índice de polidispersividade

TBARS Thiobarbituric acid reactive substances

TIF Temperatura de inversão de fases

TRAP Total radical trapping antioxidant parameter

UV Ultravioleta

xii

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO, REVISÃO DA LITERATURA e OBJETIVOS GERAIS

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 18

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................................. 20

2.1 Plantas Medicinais ............................................................................................................... 20

2.2 Metabolismo Secundário ..................................................................................................... 21

2.2.1 Terpenóides ................................................................................................................... 23

2.2.2 Alcalóides ...................................................................................................................... 24

2.2.3 Compostos Fenólicos .................................................................................................... 25

2.3 Óleos Essenciais .................................................................................................................. 26

2.3.1 Métodos de obtenção de óleos essenciais ..................................................................... 29

2.3.2 Caracterização química de óleos essenciais ................................................................. 32

2.4 Atividade Antioxidante ........................................................................................................ 34

2.5 Atividade Antimicrobiana .................................................................................................... 36

2.6 Emulsões .............................................................................................................................. 38

2.6.1 Nanoemulsões................................................................................................................ 39

3. OBJETIVOS GERAIS .............................................................................................................. 42

3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 42

3.1 Objetivos Específicos .......................................................................................................... 42

8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 43

CAPÍTULO 2 - Microlicia graveolens

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 50

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 53

2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 53

2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................... 53

3 MATERIAIS .............................................................................................................................. 54

4 MÉTODOS ................................................................................................................................. 55

4.1 Obtenção dos Materiais vegetais ......................................................................................... 55

xiii

4.2 Extração dos Óleos Essenciais ............................................................................................. 55

4.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais .................................................................... 56

4.4 Avaliação da atividade antioxidante .................................................................................... 57

4.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana .............................................................................. 58

4.6 Obtenção das Formulações .................................................................................................. 58

4.7 Ensaios de estabilidade acelerada ........................................................................................ 59

4.7.1 Centrifugação ................................................................................................................ 59

4.7.2 Estresse térmico ............................................................................................................ 59

4.7.3 Determinação do valor de pH ....................................................................................... 60

4.7.4 Determinação do tamanho de partícula........................................................................ 60

4.7.5 Determinação do comportamento reológico das nanoemulsões .................................. 60

5 RESULTADOS .......................................................................................................................... 61

5.1 Obtenção do material Vegetal .............................................................................................. 61

5.2 Extração dos óleos essenciais .............................................................................................. 61

5.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais de M. graveolens ........................................ 62

5.4 Avaliação da Atividade Antioxidante .................................................................................. 63

5.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana .............................................................................. 64

5.6 Obtenção das Formulações .................................................................................................. 65

5.7 Ensaios de estabilidade acelerada ........................................................................................ 65

5.7.1 Processo de centrifugação ............................................................................................ 66

5.7.2 Estresse térmico ............................................................................................................ 66

5.7.4 Determinação do tamanho de partícula........................................................................ 67

5.7.5 Análises reológicas ....................................................................................................... 67

7 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 69

8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 70

CAPÍTULO 3 - Melaleuca Leucadendron

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 75

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 78

2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 78

xiv

2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................... 78

3 MATERIAIS .............................................................................................................................. 79

4 MÉTODOS ................................................................................................................................. 80

4.1 Obtenção dos Materiais vegetais ......................................................................................... 80

4.2 Extração dos Óleos Essenciais ............................................................................................. 80

4.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais .................................................................... 80

4.4 Avaliação da atividade antioxidante .................................................................................... 81

4.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana .............................................................................. 81

4.6 Obtenção das Formulações .................................................................................................. 81

4.7 Ensaios de estabilidade acelerada ........................................................................................ 82

5 RESULTADOS .......................................................................................................................... 83

5.1 Obtenção do material Vegetal .............................................................................................. 83

5.2 Extração dos óleos essenciais .............................................................................................. 83

5.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais de M. leucadendron ................................... 83

5.4 Avaliação da Atividade Antioxidante .................................................................................. 85

5.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana .............................................................................. 85

5.6 Obtenção das Formulações .................................................................................................. 87

5.7 Ensaios de estabilidade acelerada ........................................................................................ 87

5.7.1 Processo de centrifugação ............................................................................................ 87

5.7.2 Estresse térmico ............................................................................................................ 87

5.7.3 Determinação do valor de pH ....................................................................................... 88

5.7.4 Determinação do tamanho de partícula........................................................................ 88

5.7.5 Análises reológicas ....................................................................................................... 89

6 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 90

7 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 91

CAPÍTULO 4 - Vellozia squamata

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 94

2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 96

2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................... 96

xv

3 MATERIAIS .............................................................................................................................. 97

4 MÉTODOS ................................................................................................................................. 98

4.1 Obtenção dos Materiais vegetais ......................................................................................... 98

4.2 Preparação dos extratos hidroalcoolicos .............................................................................. 98

4.3 Estudo Farmacognóstico ...................................................................................................... 98

4.4 Atividade Antioxidante ........................................................................................................ 99

4.5 Avaliação da atividade antimicrobiana ................................................................................ 99

4.6 Dosagem de Fenólicos Totais ............................................................................................ 100

4.7 Obtenção das Formulações ................................................................................................ 100

4.8 Ensaios de estabilidade acelerada ...................................................................................... 101

5 RESULTADOS ........................................................................................................................ 102

5.1 Obtenção do material vegetal ............................................................................................ 102

5.2 Obtenção dos Extratos Hidroalcoólicos ............................................................................. 102

5.3 Estudo Farmacognóstico .................................................................................................... 102

5.4 Avaliação da Atividade Antioxidante ................................................................................ 103

5.5 Dosagem de fenólicos totais .............................................................................................. 105

5.6 Avaliação da atividade Antimicrobiana ............................................................................. 106

5.7 Obtenção das formulações ................................................................................................. 106

5.8 Ensaios de estabilidade acelerada ...................................................................................... 106

5.8.1 Processo de centrifugação .......................................................................................... 106

5.8.2 Estresse térmico .......................................................................................................... 107

5.8.3 Determinação do valor de pH ..................................................................................... 107

5.8.4 Determinação do tamanho de partícula...................................................................... 107

5.8.5 Análises reológicas ..................................................................................................... 108

7 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 110

8 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 111

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO GERAL

1 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 114

CAPÍTULO 6 - PERSPECTIVAS

xvi

1 PERSPECTIVAS ..................................................................................................................... 116

17

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

REVISÃO DA LITERATURA E

OBJETIVOS GERAIS

CAPÍTULO 1

ITNRODUÇÃO GERAL

18

1 INTRODUÇÃO

As plantas medicinais têm sido utilizadas tradicionalmente na medicina popular com

finalidade terapêutica para o tratamento de várias enfermidades. Geralmente, são administradas

oralmente na forma de chás, infusões, elixires e extratos (FOGLIO et al., 2006).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) aproximadamente 80% da

população mundial utilizam a medicina não convencional, principalmente medicamentos

provenientes de produtos naturais, para suprir a ausência de atendimento médico primário. Na

África, por exemplo, 80% da população dependem destes medicamentos, os quais representam

terapias alternativas frente ao alto custo dos fármacos sintéticos (ASCHWANDEN, 2001).

As espécies vegetais são fontes de matéria-prima em diversas indústrias, como a

farmacêutica, cosmética, alimentícia, química e também para a agricultura e horticultura.

Substâncias químicas específicas presentes em espécies vegetais possuem ação terapêutica e são

utilizadas como princípios-ativos de produtos farmacêuticos. O uso da matéria-prima vegetal na

elaboração de fitoterápicos por indústrias de medicamentos está aumentando nos últimos anos

(FLORES et al., 2011).

A biodiversidade vegetal é enorme e ainda não foi totalmente pesquisada, estima-se que

apenas 10% da biodiversidade vegetal mundial tenham sido estudadas. Entretanto, nesta pequena

porcentagem, aproximadamente 140 mil metabólitos secundários provenientes de plantas já

foram isolados e caracterizados. Na Terapêutica moderna estima-se que cerca de 40% dos

medicamentos disponíveis tenham sido desenvolvidos a partir de fontes naturais, sendo 25%

provenientes de plantas, 13% de micro-organismos e 3% de animais (CALIXTO, 2000).

O Brasil é o país que possui a maior diversidade de espécies vegetais, esta classificação se

dá pelos diferentes biomas existentes. Esta grande diversidade vegetal, e consequentemente

diversidade de compostos químicos, existente no Brasil é um dos fatores que justifica as

pesquisas realizadas em busca de novas e promissoras moléculas candidatas a serem princípios

ativos de medicamentos pelas indústrias farmacêuticas (GUERRA; NODARI, 2001).

Em Minas Gerais há o domínio de três biomas brasileiros: o cerrado, a mata atlântica e a

caatinga. O domínio do cerrado, localizado na porção centro-ocidental, ocupa cerca de 57% da

extensão territorial do Estado, o domínio da mata atlântica, localizado na porção oriental, é de

CAPÍTULO 1

ITNRODUÇÃO GERAL

19

cerca de 41% da área do Estado. O domínio na caatinga, restrito ao norte do Estado, ocupa cerca

de 2% do território mineiro (IEF, 2013). Esta biodiversidade nos permite a obtenção de uma

gama de matérias-primas para a produção de produtos farmacêuticos e cosméticos. Entretanto,

pouco dela foi estudado quanto a sua ação e eficácia.

As emulsões são amplamente empregadas como veículos para fármacos e/ou ativos pela

indústria cosmética e farmacêutica. As vantagens deste sistema são a veiculação de fármacos

lipofílicos e hidrofílicos em uma mesma formulação, além de possibilitarem um perfil sustentado

de liberação dos fármacos e ativos.

O desenvolvimento de nanoformulações, envolvendo sistemas emulsionados é uma

alternativa para melhorar as vias de administração de fármacos. O uso de nanoemulsões é

interessante por causa das suas propriedades que estão intimamente associadas com o tamanho de

partícula. O uso de nanoemulsões pode ser vantajoso quando relacionamos a utilização dessas

como veículos de produtos farmacêuticos ou de componentes dos cosméticos, principalmente

aqueles para os cuidados da pele. Como a busca pelo uso de componentes naturais em

formulações vem crescendo nos últimos anos, estudos demonstram que extratos e óleos

essenciais podem ser facilmente veículados em nanoemulões.

Esse trabalho tem como objetivo caracterizar os óleos essenciais das espécies Microlicia

graveolens, Melaleuca leucadendron e os extratos hidroalcoólicos obtidos a partir de folhas e

caules da Vellozia squamata visando a obtenção de nanoemulsões estáveis contendo os produtos

isolados.

Para alcançar o objetivo de forma didática, o trabalho foi estruturado em capítulos, sendo

que o primeiro capítulo apresenta a introdução geral, revisão da literatura e objetivos. O segundo

capítulo apresenta estudo do óleo essencial da espécie vegetal Microlicia graveolens. O terceiro

capítulo expõe os resultados referentes ao óleo essencial da espécie vegetal Melaleuca

leucadendron. O quarto capítulo apresenta o estudo da espécie vegetal Vellozia squamata. O

quinto capítulo apresenta a conclusão geral. Finalizando no sexto capítulo com as perspectivas

futuras.

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

20

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Plantas Medicinais

O homem sempre fez uso dos recursos fornecidos pela natureza. Entre as formas de

utilização de plantas pela humanidade podem ser citadas: fonte de alimentos, bebidas, pigmentos,

fibras têxteis, materiais para a construção de moradias, dentre outros. Recentemente, foi possível

o isolamento de moléculas com potencial farmacológico, tais como taninos, flavonóides, fenóis,

alcalóides, terpenóides, entre outras classes (GURIB-FAKIM, 2006).

A utilização de produtos vegetais com objetivo de promoção e/ou manutenção da

saúde é comprovada historicamente por registros, como por exemplo: os egípcios, assírios,

mesopotâmicos, indianos, chineses e outras civilizações que sempre contavam com a figura de

curandeiro ou equivalente. Os romanos utilizavam de plantas para obtenção de venenos. Os

gregos e romanos faziam uso de plantas aromáticas como medicamentos e preparação de

perfumes. Os incas utilizavam a casca da quina no combate à malaria. Na idade média, o uso das

plantas com fins medicinais se desenvolveu bastante com os alquimistas principalmente com

Paracelso (CARRAZZONI, 2000).

O conhecimento científico sobre espécies vegetais, em particular as de uso terapêutico,

pode levar a melhoria na qualidade de medicamentos já existentes assim como na descoberta de

novos princípios ativos. Sabe-se que a utilização de produtos naturais simboliza muitas vezes o

único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. As observações populares

sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais de todo mundo, fortalece a prática do consumo de

fitoterápicos, tornando válidas as informações terapêuticas que foram sendo acumuladas durante

séculos (VEIGA-JUNIOR, 2008).

Em alguns países, como França, Itália e Alemanha, estima-se que entre 70 e 90% da

população recorrem ao conhecimento popular, sob a forma de “medicina complementar”,

“alternativa” ou “não convencional”. O mesmo pode ser observado em países em

desenvolvimento, sob outra perspectiva, uma vez que o acesso aos medicamentos ocorre de

forma precária, sendo a medicina popular a principal fonte de prevenção, tratamento e

manutenção da saúde de grande parte da população nestes países (PROBST, 2012).

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

21

O mercado de produtos farmacêuticos derivados de plantas é um segmento promissor, já

que o crescimento dos medicamentos fitoterápicos é da ordem de 15 % ao ano, enquanto os

medicamentos sintéticos crescem em torno de 3 a 4 % no mesmo período. Além disso, podem

constituir-se em uma opção terapêutica eficaz e culturalmente apropriada (SIMÕES, 2003).

2.2 Metabolismo Secundário

O metabolismo das plantas pode ser dividido em metabolismo primário e secundário. O

metabolismo primário é considerado essencial a todas as espécies, tendo caráter conservativo e

universal e é responsável pelo desenvolvimento e manutenção celular. Substâncias comuns tais

como carboidratos, lipídeos, proteínas, clorofila e ácidos nucleicos são derivados destes

processos.

A função do metabolismo secundário nas plantas não era bem compreendida até pouco

tempo. Acreditava-se que os compostos provenientes do metabolismo secundário eram produtos

sem valor, ou mesmo resultante de erro metabólico, super-expressão protéica, excreta ou

desintoxicação das plantas. A partir de 1950, estudos envolvendo diversas áreas do conhecimento

elucidaram melhor o papel do metabolismo secundário nos vegetais, associando a produção de

metabólitos com funções fisiológicas importantes (HERRMANN, 1995).

Os metabólitos secundários podem ser comuns entre certos grupos taxonômicos, ou

exclusivos para determinada espécie, e geralmente oferecem vantagens para a manutenção e

desenvolvimento das espécies vegetais que os sintetizam. Processos como a defesa contra

microrganismos patogênicos e herbívoros, atração de polinizadores existem graças a esses

metabólitos. Além disso, alguns destes metabólitos são importantes compostos que absorvem a

luz ultravioleta evitando que as folhas sejam danificadas (SIMÕES, 2003).

A farmacofagia é um comportamento nutricional realizado por animais na busca de

compostos não-nutritivos. Huffman (1997) relata que algumas espécies de macacos e outros

primatas incluem em sua dieta plantas com intuito de obter efeitos analgésicos, antimicrobianos,

anti-inflamatórios, anti-diarrêicos, entre outros. Esses efeitos são obtidos graças aos produtos

provenientes do metabolismo secundário das plantas.

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

22

Devido as extensas atividades biológicas dos metabólitos secundários de plantas, estes são

utilizados há séculos na medicina popular e nos dias atuais como medicamentos, cosméticos,

matéria-prima para a química fina, ou mais recentemente como nutracêuticos (FUMAGALLI et

al., 2008).

Os metabólitos secundários podem ser classificados dentro de três grandes grupos:

terpenóides, compostos fenólicos e alcalóides. Embora não sejam necessários ao ciclo de vida da

planta, desempenham importante papel na interação das plantas com o meio ambiente

(OLIVEIRA et al., 2003).

FIGURA 1.1 Ciclo biossintético geral dos metabólitos secundários.

Fonte: LUPE , 2007.

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

23

2.2.1 Terpenóides

Os terpenóides são também conhecidos como isoprenóides e constituem a classe de

produtos naturais obtidos de plantas com a maior variedade estrutural e funcional. Alguns

Terpenóides participam de processos como respiração e desenvolvimento celular, desse modo são

importantes ao metabolismo primário. Pode-se citar como exemplos: produção de hormônios

(giberelinas), pigmentos fotossintéticos (carotenóides), carreadores de elétrons (ubiquinonas),

além de atuarem em mecanismos de defesa e comunicação (BAKKALI et al., 2008).

Os terpenos são formados a partir do ácido mevalônico, no citoplasma, ou do piruvato e

3-fosfoglicerato, no cloroplasto (FIGURA 1.2). A maioria dos terpenos são produtos do

metabolismo secundário, tendo como função intermediar a relação planta versus ambiente.

Grande parte desses compostos apresenta baixo peso molecular, natureza lipofílica, grande

variedade de estruturas e alta pressão de vapor à temperatura ambiente (PHILLIPS et al., 2008).

Os terpenos ou terpenóides podem ser classificados de acordo com o número de isoprenos

que constituem: hemiterpenóides, monoterpenóides, sesquiterpenóides, diterpenóides,

triterpenóides, tetraterpenóides e politerpenóides (OLIVEIRA et al., 2003).

Os monoterpenos são constituintes da fração volátil de flores e óleos essenciais extraídos

de plantas e ervas aromáticas, justificando sua importância para a indústria de cosméticos,

perfumes e aromatizantes. O geraniol, mentol, linalol e o citral são exemplos de monoterpenos.

Os monoterpenos podem atuar como compostos antimicrobianos (PROBST, 2012).

Os sesquiterpenos (C15) são encontrados nos óleos essenciais e em hormônios vegetais,

constituindo a maior classe de terpenóides (OLIVEIRA et al., 2003).

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

24

FIGURA 1.2 Biossíntese dos terpenos.

Fonte: TAIZ e ZEIGER, 2004.

2.2.2 Alcalóides

Alcalóides são compostos orgânicos cíclicos, de caráter básico, derivados principalmente

de plantas, mas que também podem ser encontradas em fungos, bactérias e até mesmo em

animais, podendo influenciar o metabolismo destes organismos produtores. A sua estrutura

química, contém basicamente nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e carbono. Possuem importância

econômica e social, além da biológica. Constituem uma classe numerosa que é dividida em

subclasses por apresentarem vias de síntese não relacionadas evolutivamente (MITHEN et al.,

2000).

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

25

Podem existir no estado livre nas plantas, bem como na forma de sais ou óxidos. Eles

também correspondem aos principais agentes terapêuticos naturais com ação: anestésica,

analgésica, psico-estimulantes, neurodepressores, entre outras atividades farmacológicas. Um

exemplo de alcalóide com atividade farmacologia é a codeína (HENRIQUES, et al., 2000)

FIGURA 1.3 Estrutura do alcalóide codeína.

Existe um consenso entre diversos autores e pesquisadores da área de química, de que

alcalóides verdadeiros são compostos que possuem um ou mais nitrogênio(s) pertencente(s) a um

anel heterocíclico com propriedades alcalinas, apresentando intensa atividade biológica quando

interagem com organismos vivos (BERGAMASCHI, 2010).

2.2.3 Compostos Fenólicos

Os compostos fenólicos são substâncias que possuem pelo menos um anel aromático no

qual ao menos um hidrogênio é substituído por um grupamento hidroxila. Os compostos

fenólicos estão presentes em todos os órgãos das plantas, sendo abundantes em legumes, frutas,

cereais, além de se manterem presente em produtos derivados de vegetais como chocolate, vinho

tinto, azeite de oliva, chá verde e café. Os flavonoides e taninos são exemplos de compostos

fenólicos (BRAVO, 1998).

A função dos compostos fenólicos, principalmente os fenilpropanóides, está relacionada

com a síntese das ligninas que são comuns a todas as plantas superiores, atrativos aos seres

humanos devido ao odor, sabor e coloração agradáveis. Além disso, participam da interação da

planta com animais, os quais são atraídos para polinização ou dispersão de sementes. Esse grupo

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

26

de compostos é também importante para proteger as plantas contra os raios ultravioleta, insetos,

fungos, vírus e bactérias (CROTEAU et al., 2000)

Os Flavonóides (

FIGURA 1.4) são muito importantes no que se refere à sinalização entre plantas e outros

organismos, pode se incluir nesse item a relação entre os vegetais e seus agentes polinizadores,

sendo a coloração das flores um dos principais mecanismos de atração. A capacidade de

sequestrar radicais livres é uma importante função desses compostos (BERGAMASCHI 2010).

FIGURA 1.4 Estrutura geral dos flavonóides.

O

O

8

7

6 3

5

2'

3'

4'

5'

6'

Os taninos são compostos fenólicos solúveis em água com massa molecular entre 500 a

3.000 Daltons. Esses compostos são responsáveis pela adstringência de muitos frutos. Taninos

são defesas contra pragas, pois se ligam a proteínas digestivas dos insetos.

2.3 Óleos Essenciais

Óleos essenciais (OE) são derivados orgânicos de estrutura química heterogênea que

se apresentam, em certos gêneros de plantas superiores e inferiores, bem como em

microrganismos. São líquidos viscosos e podem ou não exalar odor. O termo óleo essencial foi

definido no século XVI por Paracelso, médico e alquimista suíço (SIMÕES, 2003).

O termo “óleo volátil” tem sido mais usado devido à relação com as propriedades físico-

químicas da planta, já que “óleo essencial” pode designar também outros produtos odorantes não

provindos de origem vegetal, que são as “essências heterosídicas” obtidas através da hidrólise

enzimática de heterosídeos (BUSATTA, 2006).

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

27

Os OEs são originados do metabolismo secundário das plantas e possuem composição

química complexa. São compostos de hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples e terpenos,

aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas,

cumarinas e compostos contendo enxofre, apresentando diferentes concentrações. Entre esses

compostos destacam-se os fenilpropanóides, preponderando os terpenóides (DABAGUE, 2008).

Estes materiais também são conhecidos por óleos etéreos e são líquidos oleosos,

aromáticos obtidos a partir de material vegetal (flores, brotos, sementes, folhas, galhos, cascas,

ervas, madeira, frutas e raízes) (BURT,2004). Podem ser extraídos de plantas através da técnica

de arraste a vapor, na grande maioria das vezes, e também pela prensagem do pericarpo de frutos

cítricos, que no Brasil dominam o mercado de exportação (BIZZO et al., 2009).

Os óleos essenciais obtidos por destilação por arraste a vapor e seus derivados podem ser

utilizados como repelentes e são considerados como uma alternativa aos convencionais pesticidas

químicos sintéticos, devido ao reduzido risco a saúde e da sua biodegradabilidade (VARONA et

al., 2010).

Estima-se que 3000 OEs são conhecidos, dos quais cerca de 300 são importantes

comercialmente, destinados principalmente para o mercado de flavorizantes e fragrancias.

(BURT,2004). Atualmente os óleos essenciais, além de serem utilizados como conservantes

naturais e fragrâncias em produtos cosméticos, novas aplicações como conservantes de alimentos,

promotores de crescimento em gado, pesticidas naturais em Agricultura Orgânica e inseticidas

estão surgindo. Tais aplicações são possiveis devido as propriedade químicas e biológicas que

esses óleos apresentam (RODRÍGUEZ-ROJO et al., 2012).

O Brasil tem lugar de destaque na produção de OEs, ao lado da Índia, China e Indonésia,

que são considerados os 4 grandes produtores mundiais. A posição do Brasil deve-se aos OEs de

cítricos, que são subprodutos da indústria de sucos. No passado, o país teve destaque como

exportador de OE de pau-rosa, sassafrás e menta. Nos dois últimos casos, passou à condição de

importador (BIZZO et al., 2009).

Embora todos os órgãos de uma planta possam acumular óleos essenciais, sua composição

pode variar conforme a localização (a exemplo, o óleo das cascas de canela é rico em aldeído

cinâmico, enquanto, as folhas e raízes dessa planta são ricas, respectivamente, em eugenol e

cânfora). Os óleos constituem os elementos essenciais contidos em muitos órgãos vegetais e estão

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

28

relacionados com diversas funções necessárias à sobrevivência vegetal exercendo papel

fundamental na defesa contra microrganismos (BIZZO et al., 2009).

O ambiente no qual o vegetal se desenvolve e o tipo de cultivo influem na composição

química dos óleos essenciais. A temperatura, umidade relativa do ar, duração total da exposição

ao sol e o regime de ventos exercem influência direta, principalmente nas espécies que possuem

estruturas histológicas de estocagem de óleos na superfície. A variabilidade na produção e teor de

óleos essenciais é conhecida por ser afetada por fatores ambientais tais como luz, disponibilidade

de nutrientes, estação do ano, período do dia, ciclo e parte da planta (POTZERNHEIM et al.,

2006).

O uso terapêutico de óleos essenciais tem se expandido por todo o mundo, sendo

amplamente utilizados contra doenças inflamatórias, alérgicas, reumáticas e artrite. Esses

tratamentos são reconhecidos através de experimentações clinicas, em especial por aplicação

tópica, via massagens. São poucos os estudos científicos sobre as ações biológicas dos OEs. Até

então, tem sido estabelecido, cientificamente, que cerca de 60% dos óleos essenciais possuem

propriedades antifúngicas e 35% exibem propriedades antibacterianas (OLIVEIRA et al.,2006).

Na aromaterapia, a via de administração mais comum para utilização de OEs é a cutânea,

porém a escolha de outras vias, tais como: oral, parenteral, retal, vaginal, sublingual ou nasal,

depende da orientação de um profissional habilitado como médicos, farmacêuticos, odontólogos e

enfermeiros, além da indicação clínica ou da forma farmacêutica em que está incorporado o óleo

essencial, ou das condições do paciente havendo, portanto, uma via adequada para cada caso

(BURT,2004). Os OEs, por serem naturais e biodegradáveis, podem atuar sobre várias

moléculas-alvo ao mesmo tempo, quando comparado a fármacos sintéticos, sendo assim, tornam-

se substâncias chave para a pesquisa de novos medicamentos. Os OEs são voláteis, ou seja,

durante o preparo de formulações é necessario encontrar a sua concentração ideal com intuito de

minimizar a evaporação e proteger o óleo da luz, oxidação e altas temperaturas. Para obter esse

resultado, as emulsões óleo-água (O/A) são uma das formulações preferidas para os OEs

(RODRÍGUEZ-ROJO et al., 2012).

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

29

2.3.1 Métodos de obtenção de óleos essenciais

Os OEs podem ser obtidos através de diferentes processos, dependendo da localização no

vegetal, quantidade e das características requeridas para o produto final. Os processos usuais são:

prensagem ou expressão, destilação por arraste a vapor, extração com solventes orgânicos

(extração por Soxhlet) e com Gás Carbônico (CO2) supercrítico. Dentre as técnicas citadas,

destacam-se a destilação por arraste a vapor e extração com solventes orgânicos, por serem de

extrema simplicidade e reduzido custo (BUSATTA, 2006).

O método de prensagem (FIGURA 1.5) faz uso de prensas hidráulicas. Após a extração é

necessária a utilização de solventes orgânicos para separar o óleo presente na torta obtida após a

prensagem. Os solventes mais utilizados são éter etílico, diclorometano e hexano, porém esses

solventes também extraem outros compostos lipofílicos além dos OEs. É necessário ressaltar que

mesmo após a separação do solvente do óleo podem ser encontrados resíduos de solvente

contaminando o mesmo.

FIGURA 1.5 Equipamento de prensagem utilizado para extração de óleos essenciais.

Fonte: ALEXANDRE, 2010.

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

30

O processo de extração de OEs por arraste a vapor é o mais utilizado. Tal método consiste

em colocar o material vegetal em um compartimento o qual pode ser uma dorna ou um balão de

fundo redondo. O vapor de água ao passar pelo material vegetal extrai os compostos voláteis da

planta. O vapor condensa ao chegar ao sistema de condensação sendo assim possível coletar o

óleo extraído no sistema de decantação. O óleo essencial, assim que obtido, é colocado em funil

de decantação para que haja uma separação minuciosa da água através da diferença de densidade

e imiscibilidade das fases. O método de extração utilizando o aparelho de Clevenger (FIGURA

1.6) é um exemplo de processo de arraste a vapor (CASTRO et al., 2005).

FIGURA 1.6 Representação do aparelho de Clevenger.

A extração por CO2 supercrítico (FIGURA 1.7) tem elevado custo devido ao fato de

trabalhar com altas pressões. Para a extração o CO2 é liquefeito através de compressão e em

seguida aquecido a 31oC . Nessa temperatura o CO2 atinge um estado no qual sua viscosidade é

igual à de um gás mas a capacidade de dissolução é semelhante a de um líquido. Após a extração

é realizada a conversão do CO2 ao estado gasoso novamente o que resulta em sua total

eliminação. Como vantagens da extração por CO2 supercrítico pode-se notar a não utilização de

solventes orgânicos, sendo assim o produto final obtido é mais puro já que não há traços de

solvente após a extração.

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

31

FIGURA 1.7 Esquema representativo do equipamento utilizado para extração supercrítica de óleos essenciais.

Fonte: Coelho et al., 1997

Na extração por Soxhlet (FIGURA 1.8) são utilizados solventes orgânicos para extração

preferencialmente apolares. A desvantagem é que os solventes apolares podem extrair também

outros compostos lipofílicos além do OE. Na extração o solvente passa através de um cartucho ou

compartimento contendo o vegetal, produzindo uma solução e levando-a consigo até o balão de

aquecimento. Como o solvente está sendo destilado, o soluto vai se concentrando no balão de

aquecimento. Tal método é útil quando a diferença de solubilidade do soluto em ambos os

solventes não é muito grande.

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

32

FIGURA 1.8 Equipamento de Soxhlet.

2.3.2 Caracterização química de óleos essenciais

A análise química de separação e identificação dos constituintes dos óleos é feita por

meio de técnicas cromatográficas como Cromatografia Gasosa (CG) e Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência (CLAE). Técnicas espectrométricas também podem ser utilizadas acopladas à

separação, dentre as quais as mais frequentes são: Espectroscopia de Ultravioleta (UV),

Infravermelho(IV), Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio e de Carbono e

Espectrometria de Massas (EM). O uso de bibliotecas e bancos de dados informatizados contendo

informações já existentes na literatura a respeito de um grande número de substâncias conhecidas

é padronizado e constitui-se em ferramenta que facilita e acelera a caracterização do material

(TELES, 2003).

Para a avaliação da composição química dos OEs, considera-se que os avanços das

técnicas analíticas instrumentais, aliadas à simplicidade, precisão e rapidez, tornaram a CG um

dos processos mais difundidos para análises químicas, por ser uma técnica de separação eficiente

para esclarecer uma determinada estrutura, tanto na indústria quanto nos laboratórios de pesquisa

científica. Diversos pesquisadores destacam a CG entre as melhores ferramentas analíticas e de

extrema utilidade na análise de misturas complexas (CARVALHO, 2010)

Para as análises cromatográficas de amostras que possuem componentes com uma larga

faixa de pontos de ebulição deve-se utilizar programas de variação de temperatura. Estes são

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

33

utilizados para simplificar e/ou acelerar a separação, que é condição básica para quantificação e

identificação de componentes da amostra. Na análise de OEs, é necessário começar com

temperaturas mais baixas para a separação de componentes mais voláteis e depois aumentar

controladamente para separação dos componentes com pontos de ebulição mais elevados.

A CG é uma técnica muito utilizada em análises de substâncias termoestáveis e voláteis

ou passíveis de derivatização. Nela os detectores de captura de elétrons (ECD), espectrometria de

massas (EM), detector de ionização de chama (FID) são os mais citados. A CG-EM oferece ótima

combinaçao de compatibilidade, sensibilidade e especificidade dos dados. (PEREIRA; AQUINO

NETO , 2000)

FIGURA 1.9 Esquema representado funcionamento de um cromatógrafo gasoso.

Fonte: EBAH, 2013.

A combinação da CG com a EM é relativamente simples, uma vez que as características

de funcionamento do cromatógrafo a gás são suficientemente compatíveis com a necessidade de

alto vácuo do espectrômetro de massas (CHIARADIA et al., 2008).

O funcionamento de um EM pode ser descrito, resumidamente, da seguinte forma: a

substância de interesse é bombardeada com um feixe de elétrons, ocorrendo sua fragmentação na

forma de íons positivos, estes íons possuem uma relação massa carga específica (m/z). Esses são

então direcionados ao analisador de massas onde, devido à diferença na relação m/z, são

diferentemente acelerados e com isto separados. Existem muitos aceleradores de massas:

quadrupolos, focalização simples, dupla entre outros. A função do detector é coletar o íons e

amplificar o sinal gerado por eles, geralmente utilizando um multiplicador de elétrons. O registro

de sinais é chamado de espectro de massas. A intensidade do sinal é proporcional à quantidade de

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

34

íons formados. Outra informação importante obtida através do espectro é a massa da molécula e

de seus fragmentos (CHIARADIA et al., 2008).

2.4 Atividade Antioxidante

Por definição os radicais livres são qualquer átomo, molécula ou fragmento de molécula

contendo um ou mais elétrons desemparelhados no seu orbital mais externo, sendo que esse

elétron desemparelhado ocupa sozinho um orbital atômico ou molecular. Esse elétron não

emparelhando torna o átomo extremamente instável. Na tentativa de estabilizar-se, ele reage com

um elétron de outro átomo. Em sistemas biológicos os radicais livres reagem com os elétrons das

biomoléculas que estão a sua volta, ou seja, proteínas, lipídios, carboidratos e ácidos nucleicos.

Estas reações podem, consequentemente, levar a alterações de função e a morte celular

(LAGUERRE et al., 2007).

Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) e as Espécies Reativas de Nitrogênio (ERNs) são

compostos formados quando as moléculas de oxigênio ou nitrogênio se combinam com outras

moléculas gerando um grande número de elétrons livres ( SILVA et al., 2010).

No organismo, os radicais livres encontram-se envolvidos na fagocitose, regulação do

crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de substâncias biológicas importantes. No

entanto, seu excesso traz efeitos prejudiciais, tais como a lipoperoxidação de membranas e

oxidação de proteínas. EROs incluem os radicais livres, como o ânion superóxido, radicais

hidroxila e peroxila, bem como espécies não radicalares, como peróxido de hidrogênio,

peroxinitrito e oxigênio singlete. NAD(P)H oxidase, xantina oxidase, mieloperoxidase,

cicloxigenase e lipoxigenase são grandes fontes enzimáticas de EROs em células de mamíferos,

enquanto a radiação UV representa um exemplo de um fator ambiental de geração de EROs

(SILVA et al., 2011).

A formação de radicais livres conduz ao estresse oxidativo, processo no qual uma série de

reações é iniciada originando alterações em proteínas extracelulares e modificações celulares

sendo que o maior dano é a peroxidação de ácidos graxos presentes na dupla camada lipídica das

células causando morte celular (PODSEDEK, 2007).

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

35

Um antioxidante é qualquer substância capaz de retardar ou impedir danos devidos à

oxidação (como rancificação e formação de off-flavors em alimentos) quando utilizada em

pequenas concentrações, quando em comparação com o agente oxidante. As substâncias

antioxidantes apresentam diferentes modos de proteção contra a oxidação. Os antioxidantes

podem agir em diversas etapas do processo oxidativo, funcionando por diferentes mecanismos e

são, portanto, classificadas em duas categorias principais: antioxidantes primários e secundários

(SILVA et al., 2010).

São considerados antioxidantes primários os compostos capazes de inibir ou retardar a

oxidação por inativação de radicais livres graças à doação de átomos de hidrogênio ou de

elétrons, o que os transforma em substâncias estáveis. Os antioxidantes secundários apresentam

uma grande variedade de modos de ação: ligação de íons metálicos (alteração de valência);

inativação de EROs, conversão de hidroperóxidos em espécies não-radicalares ou absorção de

radiação UV (SILVA et al., 2010; SILVA et al., 2011)

Vários estudos epidemiológicos indicaram que a alta ingestão de produtos vegetais está

associada com uma redução no risco de uma série de doenças crônicas como aterosclerose e

câncer. Estes efeitos têm sido particularmente atribuídos aos compostos que possuem atividade

antioxidante. Os principais antioxidantes nos vegetais são as vitaminas C e E, os carotenóides e

os compostos fenólicos, especialmente os flavonóides (PODSEDEK, 2007)

Os métodos para determinar a capacidade antioxidante podem ser baseados na captura do

radical peroxila: Oxygen Radical Antioxidant Capacity (ORAC) e Total Radical Trapping

Antioxidant Parameter (TRAP); poder de redução do metal: Ferric Ion Reducing Antioxidant

Power (FRAP) e Cupric Ion Reducing Antioxidant Capacity (CUPRAC), captura do radical

hidroxila (método de desoxirribose), captura do radical orgânico 2,2'-azino-bis(3-

ethylbenzothiazoline-6-sulphonic acid) (ABTS•), e 2,2-difenil-1- picril-hidrazil (DPPH•),

quantificação de produtos formados durante a peroxidação de lipídios: Thiobarbituric Acid

Reactive Substances (TBARS) e , oxidação do LDL (SÁNCHEZ-MORENO, 2002, SILVA et al.,

2011).

O método DPPH• é baseado na captura do radical 2,2-difenil-1- picril-hidrazil por

antioxidantes, produzindo um decréscimo da absorbância a 518 nm (FIGURA 1.10). O DPPH• é

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

36

um radical livre estável que pode ser obtido diretamente por dissolução do reagente em meio

orgânico.

FIGURA 1.10 Estabilização do radical livre DPPH.

A busca por antioxidantes naturais para uso em produtos alimentícios, cosméticos e

farmacêuticos vem representando um importante desafio para a pesquisa industrial nos últimos

20 anos, tendo como intuito substituir os antioxidantes sintéticos. Os antioxidantes sintéticos

mais utilizados pela indústria são o butil - hidroxitolueno (BHT) e o butil - hidroxianisol (BHA),

sendo que estes têm despertado preocupação quanto às doses de segurança e toxicidade, pois

podem estar envolvidos em muitos riscos à saúde, incluindo câncer (BERGAMASCHI, 2010).

2.5 Atividade Antimicrobiana

O desenvolvimento de resistência de patógenos humanos e animais a antimicrobianos é

um dos casos mais bem documentados de evolução biológica e um sério problema tanto em

países desenvolvidos como em desenvolvimento. O uso irracional de antimicrobianos em alguns

países da Europa tem resultado na resistência de cepas de bactérias, causando assim um sério

problema de saúde pública (DUARTE, 2006).

Infecções humanas, particularmente aquelas envolvendo a pele e mucosas constituem um

sério problema, especialmente em países desenvolvidos tropicais e subtropicais. Muitas plantas

dos biomas brasileiros, tais como o cerrado, a floresta amazônica e a mata atlântica têm sido

utilizadas como medicamentos naturais pelas populações locais no tratamento de várias doenças

tropicais, incluindo esquistossomose, leishmaniose, malária e infecções fúngicas e bacterianas.

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

37

Além disso, muitas plantas exóticas foram introduzidas no Brasil desde a colonização e

incorporadas na medicina popular (FIORENTINI et al., 2001; DUARTE, 2006).

Tem sido estabelecido cientificamente que cerca de 60% dos OE possuem propriedades

antifúngicas e 35% exibem propriedades antibacterianas. Alguns OEs têm sido usados como

terapia complementar em infecções com fungos e bactérias incluindo acne, gengivites e

candidiase vaginal (OLIVEIRA et al., 2006). O óleo de melaleuca, derivado da planta nativa da

Austrália Melaleuca alternifolia (Myrtaceae), tornou-se um agente antimicrobiano tópico

alternativo, com propriedades antibacteriana e antifúngica (OLIVEIRA et al., 2011)

A literatura científica na área da ciência e tecnologia de alimentos tem mostrado, nos

últimos anos, um enfoque no estudo do potencial antimicrobiano dos óleos essenciais

considerando a sua inclusão nos chamados sistemas de bioconservação de alimentos. A

bioconservação de alimentos é um sistema de preservação amplamente aceito, sendo referido

como um procedimento natural capaz de prover a extensão da vida útil e satisfatória segurança

microbiológica de alimentos (FIORENTINI et al., 2001; )

A atividade antimicrobiana foi documentada para os óleos essenciais, extraídos de várias

espécies de vegetais, tais como, hortelã-pimenta (Mentha piperita), Achillea frangatissima,

melaleuca (Melaleuca alternifólia), rosa-de-Jericó (Althea rósea) e capim-limão (Cymbopogon

citratus), pela presença de componentes como timol, carvacrol, eugenol, 1,8-cineol, linalol,

pineno, cariofileno e citral (AMARAL, 2004).

Os OEs podem ser incorporados em formulações farmacêuticas de uso tópico para o

tratamento de doenças da pele. No entanto, devido à complexidade química dos OEs,

susceptibilidade à degradação, volatilidade e insolubilidade em água, é necessário utilizar de

mecanismos que os protejam contra tais problemas. As emulsões Óleo em Água (O/A) são as

mais interessantes para veiculação de OEs (FLORES et al., 2011)

A pesquisa de novos agentes antimicrobianos se faz necessária devido ao surgimento de

microrganismos resistentes e de infecções oportunistas fatais, associadas a AIDS, quimioterapia

antineoplásica e transplantes. O estudo de agentes antimicrobianos tem grande abrangência,

sendo ponto crucial em vários setores do campo farmacêutico e cosmético. Atualmente, existem

vários métodos para avaliar a atividade antibacteriana e antifúngica dos extratos vegetais. Os

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

38

mais conhecidos incluem método de difusão em ágar, método de macrodiluição e microdiluição.

(OSTROSKY et al., 2008)

A atividade antimicrobiana de extratos vegetais é avaliada através da determinação da

menor quantidade da substância necessária para inibir o crescimento do microrganismo-teste;

esse valor é conhecido como Concentração Inibitória Mínima (CIM). Um aspecto bastante

relevante na determinação da CIM de extratos vegetais é a preocupação em relação aos aspectos

toxicológicos, microbiológicos e legais pertinentes aos compostos naturais ou suas combinações

(OSTROSKY et al., 2008)

O teste de difusão em ágar, também chamado de difusão em placas, é um método físico,

no qual um microrganismo é desafiado contra uma substância biologicamente ativa em meio de

cultura sólido e relaciona o tamanho da zona de inibição de crescimento do microrganismo

desafiado com a concentração da substância ensaiada (PINTO et al., 2003). A aplicação do

método de difusão se limita a microrganismos de crescimento rápido, sendo eles aeróbios ou

aeróbios facultativos. A avaliação é comparativa frente a um padrão biológico de referência

(controle positivo) e a zona ou o halo de inibição de crescimento é medida partindo-se da

circunferência do disco ou poço, até a margem onde há crescimento de microrganismos

(OSTROSKY et al., 2008).

O uso de extratos vegetais com conhecida atividade antimicrobiana pode adquirir grande

importância nos tratamentos de diversas doenças. Inúmeros estudos, em diferentes países, são

realizados para comprovação da eficácia desses produtos naturais. Estes produtos são

reconhecidos por suas substâncias ativas, como é o caso dos compostos fenólicos, que fazem

parte dos OEs e dos taninos (NASCIMENTO et al., 2000).

2.6 Emulsões

Emulsão é um sistema termodinamicamente instável resultante da mistura de dois líquidos

imiscíveis entre si e uma terceira fase contendo agente emulsificante (PIANOVSK et al., 2008).

De acordo com a natureza da fase externa, contínua ou ainda conhecida como dispersante,

podem ser classificadas em: emulsão água em óleo (A/O) a que contém água como fase dispersa

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

39

sob a forma de pequenas partículas na fase oleosa e óleo em água (O/A) a emulsão composta pela

dispersão de material oleoso/graxo na fase aquosa (LACHAMAN et. al 2001).

A instabilidade de uma emulsão pode se manifestar das seguintes formas: cremeação,

quando as partículas menos densas sobem para o topo da formulação; floculação: a força de

repulsão entre as moléculas é diminuída e elas se associam de maneira fraca e reversível por

agitação; coalescência: as gotículas da fase interna se unem e formam outra gotícula sendo este

processo irreversível; e a inversão quando ocorre a inversão de fase, a externa torna-se interna e

vice-versa (PIANOVSK et al., 2008).

2.6.1 Nanoemulsões

A nanotecnologia é focada em caracterização, fabricação, manipulação e aplicação de

estruturas biológicas e não biológicas na escala nanométrica. O prefixo “nano” está relacionado a

uma escala de medida em que um nanômetro representa um bilionésimo do metro ou um

milionésimo do milímetro. Estruturas nessa escala apresentam propriedades funcionais únicas

não encontradas na escala macro. Os nanocompósitos são materiais híbridos, nos quais pelo

menos um de seus componentes tem dimensões nanométricas. A principal razão para as

diferenças no comportamento entre materiais compostos e nanocompósitos está relacionada com

a elevada área superficial destes últimos, resultando em intensa interação entre a matriz na qual

estão inseridos e as nanopartículas (ASSIS et al., 2012).

As nanoemulsões são sistemas coloidais carreadores de fármacos promissores para

diversas aplicações terapêuticas. Sistemas veículos para uso oral, ocular e intravenoso foram

desenvolvidos e demonstraram uma redução dos efeitos colaterais de vários fármacos potentes e

efeitos farmacológicos prolongados dos mesmos na forma de nanoemulsão (GERSHANIK;

BENITA, 1996; ABDULRAZIK et al., 2001). As propriedades específicas de tamanho reduzido

de glóbulo e maior área interfacial permitem que as nanoemulsões apresentem velocidade e taxa

de penetração superior a das macroemulsões correspondentes, sendo com isto úteis para produtos

de uso tópico (SONNEVILLE-AUBRUN et al., 2004) ou mesmo parenteral (MULLER et al.,

1998).

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

40

A aplicação de nanoemulsões tem se intensificado nos últimos anos em função de

diversas vantagens apresentadas por este sistema. Entre elas, a prevenção de processos de

instabilidade como cremeação, sedimentação, floculação e coalescência, em função da presença

de gotículas de tamanho reduzido; além proporcionar maior penetração na pele, tornando a

absorção de ativos mais eficiente por esta via. As nanoemulsões são melhores absorvidas pela via

oral e em geral aumentam a biodisponibilidade de fármacos por essa via (MULLER et al., 1998).

As nanoemulsões são largamente empregadas na substituição de lipossomos e vesículas, pois

possuem maior capacidade de encapsulação de fármacos lipofílicos. Além disso, na preparação

de lipossomos são utilizados métodos de preparação laboriosos e lipídios muito onerosos

comparados aos métodos utilizados para nanoemulsões (TADROS et al., 2004).

Basicamente, estes sistemas podem ser produzidos através de dois processos clássicos: da

emulsificação espontânea como o método TIF (temperatura de inversão de fases) ou através da

inversão de fases por composição ou utilizando um agitador de alto poder de cisalhamento,

permitindo um maior controle do tamanho da gotícula, bem como, uma maior opção de

componentes. Pode-se também obter nanoemulsões por uma adaptação do método descrito por

Fessi e colaboradores (1989), baseado na formação cineticamente controlada de nanogotas

geradas pela difusão de um solvente orgânico em água (efeito Marangoni).

O maior problema na manipulação de emulsões O/A nanométricas é a instabilidade física,

a qual pode aparecer como separação de fases devido à cremagem, provocada por diferenças de

densidade, floculação, devida à agregação das partículas em colisão; a maturação de Ostwald,

que é a difusão molecular dependente do tamanho, polidispersividade e solubilidade da fase

dispersa. Consequentemente é extremamente importante determinar os processos e condições

ótimos de emulsificação e de homogeneização requeridos para a obtenção de emulsões

nanométricas com alta estabilidade física. (YILMAZ e BORCHERT, 2005).

Micro e nanoemulsões podem ser veículos excelentes para fármacos pouco permeáveis

e/ou altamente lipofílicos visto que podem ser manufaturados com excipientes que possuem ação

solubilizante ou mesmo promotora de absorção. Nanoemulsões para uso oral são quase que

exclusivamente do tipo O/A, e similarmente a macroemulsões promovem absorção gastrintestinal

aumentada e reduzem variações intra e inter-indivíduos para uma grande variedade de fármacos.

Além disso, devido a sua grande área interfacial exibem excelentes propriedades de liberação de

CAPÍTULO 1

REVISÃO DA LITERATURA

41

fármacos e também oferecem certo grau de proteção contra degradação e melhoram algumas

propriedades organolépticas dos ativos (ECCLESTON, 2002).

CAPÍTULO 1

OBJETIVOS GERAIS

42

3. OBJETIVOS GERAIS

3.1 Objetivo Geral

Caracterização dos óleos essencias de Microlicia graveolens, Melaleuca leucadendron e

de extratos hidroalcoólicos das folhas e caules de Vellozia squamata para o desenvolvimento de

nanoemulsões para uso farmacêutico

3.1 Objetivos Específicos

Obter dos óleos essenciais através de hidrodestilação das partes aéreas das espécies

vegetais Melaleuca leucadendron e Microlicia graveolens.

Caracterizar quimicamente os óleos essenciais das espécies vegetais Melaleuca

leucadendron e Microlicia graveolens através de Cromatografia Gasosa acoplada a

Espectrometria de Massas.

Avaliar a atividade antioxidante in vitro dos óleos essenciais de Melaleuca leucadendron

e Microlicia graveolens.

Desenvolver nanoemulsões a partir dos óleos essenciais utilizando os métodos de inversão

de fases.

Obter de extratos hidroalcoólicos de folhas e caules de Vellozia squamata.

Realizar o estudo farmacognóstico dos extratos hidroalcoolicos das folhas e do caule de

Vellozia squamata.

Avaliar a atividade antioxidante in vitro dos extratos hidroalcoólicos das folhas e do caule

de Vellozia squamata.

Desenvolver nanoemulsões a partir dos extratos utilizando os métodos de inversão de

fases.

Caracterizar e avaliar a estabilidade das nanoemulsões obtidas.

CAPÍTULO 1

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49

CAPÍTULO 2

Microlicia graveolens

CAPÍTULO 2

INTRODUÇÃO

50

1 INTRODUÇÃO

A Família Melastomataceae possui aproximadamente 4.570 espécies e 150 a 166 Gêneros

e têm distribuição tropical. No Brasil é a sexta maior Família de Angiospermas com 68 gêneros e

mais de 1.500 espécies, que se distribuem desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul, estando

presente em praticamente todas as formações vegetacionais com um número variável de espécies

(CASSIANO et al., 2010).

Segundo a última classificação realizada por RENNER (2004), Melastomataceae foi

divida em duas subfamílias: Kibessioideae Naudin e Melastomatoideae Naudin. A subfamília

Kibessioideae, com apenas uma tribo, Kibessieae Krasser, apresenta ocorrência restrita ao

continente Asiático. Já a subfamília Melastomatoideae engloba oito tribos: Astronieae Triana,

Sonerileae Triana, Rhexieae DC., Microlicieae Triana, Melastomeae DC., Miconieae DC.,

Merianieae Triana e Blakeeae Hook. Dentre as oito tribos atribuídas a esta subfamília, apenas

Blakeeae, Merianieae e Microlicieae possuem ocorrência restrita à América do Sul, sendo as

demais distribuídas tanto pela América do Sul, como também pela Ásia, África e Madagascar. De

todas as tribos citadas anteriormente, Miconieae é a mais diversa, compreendendo cerca de 30

Gêneros e aproximadamente 2.200 Espécies (MORLEY; DICK, 2003).

Os estudos sobre as características anatômicas de espécies de Melastomataceae são

escassos, destacando-se o trabalho de Vale (1999) que fez uma comparação morfoanatômica

entre populações de Marcetia taxifolia (A. St.-Hil.) DC. e o trabalho de Reis e colaboradores

(2005) sobre a anatomia foliar de Melastomataceae, entretanto, apenas uma espécie do Gênero

Microlicia foi descrita, a M. polystemma. Segundo Wurdack (1973), o polimorfismo existente em

espécies de Microlicia é muito comum, sendo esta a razão das espécies serem de difícil

identificação.

A tribo Microlicieae, recentemente circunscrita por Fritsch et al. (2004), compreende 6

Gêneros e cerca de 250 espécies. A maior parte dos Gêneros (Lavoisiera DC., Stenodon Naudin,

Trembleya DC., Chaetostoma DC.) é endêmica no Brasil. Já os Gêneros Microlicia D. Don e

Rhynchanthera DC. apresentam distribuição mais ampla, pois algumas de suas espécies ocorrem

em outros países da América do Sul.

CAPÍTULO 2

INTRODUÇÃO

51

O Gênero Microlicia (micros = pequeno, elikia = estatura) foi estabelecido por Don

(1823), e circunscrito originalmente por apresentar hipanto globoso, cálice com cinco lacínias

persistentes, cinco pétalas, dez estames, anteras oblongas, obliquamente deiscentes por poro

simples, e conectivo longamente filiforme com base calcarada (Romero, 2003).

O Gênero Microlicia apresenta aproximadamente 170 espécies. As Espécies de Microlicia

distribuem-se principalmente em Minas Gerais, Bahia e Goiás, com algumas ocorrendo no

Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e em menor número, no

Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas e Rondônia. Apenas três espécies são encontradas no Peru,

Bolívia, Venezuela e Guianas. No Brasil, as espécies ocupam, preferencialmente, os campos

rupestres e adjacências, campos de altitude e campos limpos associados a cerrado formando, na

maioria das vezes, grandes populações. As Espécies apresentam grande diversidade de hábitos,

desde herbáceo até arbustivo, ocorrendo muitas espécies arbóreas, e mais raramente trepadeiras e

epífitas, que permitem a ocupação de ambientes distintos e diversificados (CASSIANO et al.,

2010; ROMERO 2003).

As espécies oriundas da Família Melastomataceae possuem um número reduzido de

espécies conhecidas como medicinais e tradicionalmente a família apresenta plantas de uso

ornamental. Várias espécies são utilizadas em tratamentos tópicos, sendo digno de nota o uso de

espécies do Gênero Tibouchina para aliviar dores. Entretanto, poucos estudos etnomedicinais,

fitoquímicos e farmacológicos existem sobre essa importante família.

A M. graveolens DC.,(FIGURA 2.1) também é endêmica de Minas Gerais (Grão Mogol,

Serra do Cabral, Diamantina, Serro, Itambé do Mato Dentro, Serra do Cipó, Serra do Caraça,

Ouro Preto e Ouro Branco). A M. graveolens tem o nome popular de "Roxinha" e apresenta nos

ramos, folhas, hipanto e lacínias do cálice tricomas glandulares pedicelados, com glândulas

translúcidas e amarelas. A M. graveolens apresenta o indumento denso, constituído também por

tricomas glandulares sésseis, e as glândulas apresentam um forte odor de terebentina. O epíteto

específico refere-se à margem crenulada e ciliada das folhas, formadas de tricomas glandulares

pedicelados longos (ROMERO, 2010).

CAPÍTULO 2

INTRODUÇÃO

52

FIGURA 2.1 Microlicia graveolens (Roxinha).

A M. graveolens é endemica do Morro Sant’Ana em Ouro Preto sendo assim de fácil

coleta. O uso popular dessa planta é principalmente ornamental, mas devido ao odor de

terebentina dessa espécie, há relatos de uso dessa planta para tratamentos tópicos de algumas

doenças como dermatites e micoses. A escolha dessa espécie vegetal para o estudo é

principalmente devido ao relato popular de seu uso assim como a facilidade de obtenção do

material vegetal.

CAPÍTULO 2

OBJETIVOS

53

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Obter e caracterizar química e biologicamente os óleos essenciais da espécie Microlicia

graveolens. Produzir e caracterizar nanoemulsões do tipo O/A contendo os óleos essenciais pelo

método de inversão de fases.

2.2 Objetivos específicos

Obter óleos essenciais através de hidrodestilação das partes aéreas da espécie vegetais M.

graveolens.

Caracterizar quimicamente os óleos essenciais da espécie vegetal M. graveolens através

de Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas.

Avaliar a atividade antioxidante in vitro dos óleos essenciais de Microlicia graveolens.

Avaliar a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de M. graveolens.

Desenvolver nanoemulsões a partir do óleos essencial utilizando os métodos de inversão

de fases;

Caracterizar e avaliar a estabilidade das nanoemulsões obtidas.

CAPÍTULO 2

MATERIAIS

54

3 MATERIAIS

Fase aquosa

A fase aquosa utilizada foi água recém destilada.

Tensoativos

Como tensoativos foram utilizados o PEG-40 Hydrogenated castor oil que é tensoativo

não-iônico etoxilado derivado de vegetais e o SPAN 80 tensoativo não-iônico baseado no ácido

oleico e sorbitol. Ambos foram gentilmente cedidos pela empresa Croda do Brasil Ltda.

DPPH

O reagente DPPH (2,2 – difenil – 1 – picrilhidrazil) foi adquirido da empresa Sigma.

CAPÍTULO 2

MÉTODOS

55

4 MÉTODOS

4.1 Obtenção dos Materiais vegetais

A espécie vegetal M. graveolens DC foi coletada na região do Morro Sant’Ana em Ouro

Preto-MG (Latitude : 20o22’36’’S; Longitude: 43

o29’20’’O; Altitude: 1436.5 m). Foram

realizadas duas coletas no mesmo local. A primeira coleta ocorreu em dezembro de 2011 e a

segunda em agosto de 2012. O material vegetal foi identificada por Maria C.T.B. Messias e o

voucher da espécime (n º OUPR-5731) foi depositado no Herbário do Departamento de Botânica

localizado no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto-MG.

Foram utilizadas as folhas frescas no processo de extração do OE.

4.2 Extração dos Óleos Essenciais

A extração dos OE foi realizada através de hidrodestilação das partes aéreas das espécies

vegetais com a utilização de um hidrodestilador de caldeira aquecida Hidrodestilador Linax® (

FIGURA 2.2) o qual foi utilizado para extração de óleos essenciais. As folhas foram retiradas dos

caules e em seguida rasuradas. O material foi pesado e depositado numa dorna de 2,6 L, montada

com um fundo móvel perfurado para facilitar a descarga. Em seguida o aparelho foi abastecido

com água e teve inicio o processo de hidrodestilação.

FIGURA 2.2 Hidrodestilador Linax®.

Fonte: Disponível em: www.linax.com.br.

CAPÍTULO 2

MÉTODOS

56

O tempo de extração foi de aproximadamente 3 horas. Os óleos essenciais obtidos foram

em seguida secos com sulfato de sódio anidro e mantidos sob refrigeração até as análises

posteriores.

4.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais

Para análises de Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG-EM)

foi utilizado um cromatógrafo a gás GCMS-QP2010 Plus Shimadzu (FIGURA 2.3) disponível no

Laboratório de Caracterização Molecular e Espectrometria de Massas. Como fase estacionária foi

utilizada uma coluna capilar de sílica fundida Zebron™ Inferno™ (ZB-5HT) com dimensões: 30

m x 0,25 mm x 0,10 µm. As condições foram:

Temperatura inicial: 60 °C

Temperatura final: 240 °C

Rampa: 5 °C/ min.

Injetor: 240 °C

Detector: 260 °C

Gás de arraste: Hélio, fluxo: 1,0 mL/min

FIGURA 2.3 GCMS-QP2010 Plus Shimadzu.

CAPÍTULO 2

MÉTODOS

57

Os espectros de massas dos constituintes foram comparados com os padrões existentes na

biblioteca digital do National Institute of Standards and Technology (NIST) do equipamento. Em

seguida, foram feitas comparações visuais com espectros de massa de substâncias encontrados na

literatura. Os tempos de retenção dos picos maiores, mais facilmente identificados pelo espectro

de massa, foram comparados com os tempos de retenção destas substâncias registrados em

catálogos, observando-se a diferença que se manteve aproximadamente constante para as demais

substâncias identificadas.

4.4 Avaliação da atividade antioxidante

Os óleos essenciais foram avaliados quanto à capacidade de sequestrar o radical DPPH

(1,1-diphenyl-2-picrylhydrazyl), que é estável e de coloração roxa à temperatura ambiente.

Foram utilizados 2,5 mL de soluções dos óleos essenciais em etanol, nas concentrações de 0,5;

1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 mg/mL misturadas com 1,0 mL da solução de DPPH em etanol a 0,3 mM.

A absorbância foi medida em 518 nm, em espectrofotômetro da marca Thermo

Spectronic, modelo Helios α, após os tempos de 30 e 60 minutos de reação à temperatura

ambiente (25°C). Solução dos óleos essenciais (2,5 mL) com etanol (1,0 mL) foi utilizada como

branco. Como controle negativo foi utilizado 1,0 mL da solução de DPPH 0,3mM com 2,5 mL de

etanol.

O decréscimo na absorbância das soluções foi medido e a porcentagem de inibição do

DPPH foi calculada a partir da fórmula:

% I = (ABScontrole-ABSamostra/ABScontrole) x 100 (EQUAÇÃO 2.1)

Onde:

% I é o percentual de inibição

ABScontrole é a absorbância do controle negativo

ABSamostra é a absorbância da amostra diminuído o valor da absorbância do branco de cada concentração dos extratos.

A partir dos dados obtidos foram feitos gráficos relacionando a porcentagem de inibição

com os valores das concentrações dos óleos essenciais. O (IC 50%). Foi obtido através da

regressão linear e determinando a concentração que causa 50% de inibição do DPPH.

CAPÍTULO 2

MÉTODOS

58

4.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana

As seguintes bactérias foram utilizadas na investigação da atividade antimicrobiana:

Enterococcus faecalis (ATCC 29212), Staphylococcus saprophyticus (ATCC 15305),

Streptococcus pyogenes (ATCC 19615), Proteus mirabilis (ATCC 25933), Escherichia coli

(ATCC 25922), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853), Staphylococcus aureus (ATCC

25923).

A atividade antimicrobiana foi determinada pelo método de difusão em disco, medindo os

diâmetros dos halos de inibição formados. Os óleos essenciais em estudo foram utlizados puros e

diluídos em concentrações que 1:2 em dimetilsufóxido (DMSO). Discos de papel filtro medindo

6 mm de diâmetro foram impregnados com 10 µL dos óleos essenciais e as diluições, e em

seguidas colocados na superfície de placas de petri contendo Agar Mueller Hinton previamente

inoculado com uma suspensão bacteriana com turvação equivalente ao tubo 0,5 da escala de Mc

Farland. As culturas foram incubadas a 35 ± 2ºC por 18-24h (OSTROSKY et al., 2008). Como

controle negativo usou-se disco impregnado com DMSO e como controles positivos tetraciclina e

fluconazol. Os resultados foram classificados de acordo com o critério: halo de inibição maior

que 8,0 mm – positivo (+) e halo de inibição menor que 8,0 mm ou ausente – negativo (-)

(PAREKH; CHANDA , 2007; SANTOS et al., 2007).

4.6 Obtenção das Formulações

As nanoemulsões foram preparadas pelo método de inversão de fases. A técnica consistiu-

se em aquecer as fases aquosa e oleosa separadamente até 75 2 ºC e, em seguida, verteu-se a

fase aquosa sobre a fase oleosa sob agitação constante a 600 rpm (Agitador Fisatom, mod 713D)

até resfriamento à temperatura ambiente, conforme método descrito por Santos et al (2005,

2006).

CAPÍTULO 2

MÉTODOS

59

TABELA 2. 1 Composição das formulações.

Componentes da formulação Porcentagem (%)

Monooleato de Sorbitano 4,0

PEG-40 Hydrogenated Castor Oil 6,0

Óleo de soja 5,0

Óleo essencial de M. graveolens 5,0

Água destilada 80,0

4.7 Ensaios de estabilidade acelerada

Após 24 horas da sua manipulação, as nanoemulsões foram submetidas a ensaios

preliminares para determinar a sua estabilidade por meio de centrifugação e processos de estresse

térmico (FERRARI; ROCHA FILHO, 2011).

4.7.1 Centrifugação

3,0 mL de nanoemulsão foram acondicionados em tubos de ensaio e centrifugados a 2500

rpm (1398 g) por 1h. Foi utilizada a Centrifuga Excelsa Baby FANEM® Centrifuge II. Em

seguida, as amostras foram analisadas macroscopicamente quanto à cremeação e separação de

fases. O teste foi realizado em triplicata. Foram consideradas pré-estáveis as formulações que não

apresentaram cremeação ou separação de fases após o teste.

4.7.2 Estresse térmico

As nanoemulsões foram submetidas a aquecimento em banho-maria (Thermomix BM 18

BU da Braun. Biotech Internacional, Alemanha) sendo gradualmente aquecidas de 40 a 80°C. O

aumento da temperatura ocorreu de 5 em 5°C, mantendo-se cada temperatura por 30 minutos. As

nanoemulsões foram analisadas macroscopicamente quanto à ocorrência de cremeação e

separação de fases após cada aumento de temperatura.

CAPÍTULO 2

MÉTODOS

60

4.7.3 Determinação do valor de pH

A determinação do valor de pH foi feita através de pHmetro Lutron ® modelo PH-221. O

valor de pH foi determinado em triplicata . O pH foi medido inserindo-se o eletrodo diretamente

na amostra em temperatura ambiente de 25°C (SANTOS et al., 2005).

4.7.4 Determinação do tamanho de partícula

A distribuição do tamanho de partícula foi determinada, no equipamento N5 Submicron

Particle Size Analyzer (Beckman Coulter). Para isto 20,0 uL da nanoemulsão foram diluídos em

4980,0 µL de água ultrapura (Milli-Q Millipore) à temperatura ambiente. O ângulo de incidência

do laser na amostra foi de 90°. As medidas foram realizadas em triplicata (OLIVEIRA et al.,

2011a).

4.7.5 Determinação do comportamento reológico das nanoemulsões

As determinações do comportamento reológico das formulações foram realizadas no

equipamento Brookfield Rheometer model RVDV-III tipo cone/placa, acoplado a um Software

Rheocalc versão V 3.0, utilizando o spindle CP 40 e com a amostra (0,50 g) à 25 °C. As

medições foram feitas utilizando uma faixa de velocidade de rotação de 50 a 250 rpm, com uma

variação 50 rpm para se obter uma curva ascendente. A curva descendente foi obtida diminuindo

as rotações 250-50 rpm (Santos et al., 2011). O comportamento reológico das formulações foi

avaliado por meio da Lei das Potências (GUARANTINI et al, 2006).

= k .n

(EQUAÇÃO 2.2)

Onde τ: tensão de cisalhamento; κ: índice de consistência; γ: taxa de deformação e n: taxa de

fluxo.

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

61

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Obtenção do material Vegetal

O ambiente onde a espécie vegetal M. graveolens foi coletada apresenta solo arenoso,

pedregoso e úmido, além de apresentar poucos indivíduos esparsos, não caracterizando uma

grande população dessa espécie. Durante a coleta, foi necessário coletar de parte do caule da

planta já que as folhas são muito pequenas e de difícil retirada. Ocorreram duas coletas sendo

uma realizada em dezembro de 2011 e outra em agosto de 2012. Foram obtidos na primeira

coleta 720 g de material vegetal e na segunda 850 g.

5.2 Extração de óleos essenciais

Foram utilizados no primeiro processo de extração 400 g de folhas frescas de M.

graveolens. Na segunda extração foram utilizados 540 g de folhas frescas. O rendimento final foi

de 3.5 % para a primeira extração e de 6 % para a segunda extração. Pode-se notar que a maior

parte do óleo essencial extraído (aproximadamente 80 % do total ) foi obtido na primeira hora de

destilação em ambas as destilações.

Castro e colaboradores (2008) estudaram o rendimento de óleos essenciais de eucalipto

em diferentes épocas do ano de plantas colhidas em reflorestamentos da GERDAU nas cidades

de Bom Sucesso, São Bento Abade e São João del Rei, essas cidades apresentam como

característica climática o verão chuvoso e inverno seco. Para obtenção do óleo essencial das

folhas frescas, os autores empregaram a técnica de hidrodestilação, utilizando o aparelho

Clevenger modificado. O estudo mostra que independente do local, quando a colheita foi

realizada no mês de fevereiro os resultados foram superiores para o rendimento de óleo essencial

de eucalipto do que no mês de agosto. Os dados obtidos no estudo dos óleos essenciais de M.

graveolens diferem dos resultados obtidos por Castro e colaboradores uma vez que o maior

rendimento para o óleo essencial de M. graveolens ocorre no período de estiagem.

Os resultados encontrados por Andrade e Gomes (2000), que estudaram o rendimento de

óleo essencial de E. citriodora no município de Seropédica, RJ, onde foram obtidos maiores

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

62

rendimentos de óleo extraído de folhas colhidas no outono (início da estiagem), quando

comparado com folhas colhidas no verão (período chuvoso). De maneira semelhante, Galanti

(1987) e Vitti e Brito (1999) relataram que a colheita de folhas de eucalipto realizada nos meses

mais secos do ano (abril a setembro) propicia um maior rendimento de óleo essencial e

consideram que nesse período essa concentração é maior em função do menor teor de umidade

nas folhas, obtendo-se melhor qualidade da essência. Pode-se inferir que houve uma influência da

época de colheita, no rendimento do óleo essencial de M. graveolens .

5.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais de M. graveolens

Com relação aos constituintes químicos majoritários presentes no óleo essencial de M.

graveolens estão representados na TABELA 2. 2.

TABELA 2. 2 Constituintes químicos majoritários do óleos essencial de M. graveolens.

Constituinte químico Tempo de retenção (min) % Área

(+)-trans-Pinocarvyl acetate 12,283 47,97242

β.-Pinene 8,068 24,71254

Bis(trimethylsilyl)trifluoroacetamide 5,921 13,76966

Myrcene 8,392 13,54538

O constituinte químico (+)-trans-Pinocarvyl acetate foi encontrado em maior

concentração no óleo essencial de M. graveolens. Os dados obtidos nesse estudo vão ao encontro

com dados presentes na literatura. Em estudo realizado por Toudahl e colaboradores (2012) em

que foi determinada a composição química do óleo essencial de M. graveolens os constituintes

químicos majoritários encontrados foram o (+)- trans-pinocarvyl acetate (78.9%), (-)-trans-

pinocarvyl acetate (5.5%) and β-pinene (3.8%). A composição química do óleo essencial pode

variar consideravelmente dentro da mesma espécie vegetal, em função de parâmetros climáticos

e de fatores agronômicos como fertilização, irrigação, colheita e, especialmente a fase de

desenvolvimento da planta na época da colheita. Muitas plantas existem sob vários fenótipos, isto

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

63

é, diferindo na sua aparência e diversidade qualitativa e quantitativa, geralmente detectada na

composição do óleo essencial obtido (KERROLA et al., 1994).

O (+)-trans-Pinocarvyl acetate foi anteriormente detectado em Dracocephalum

speciosum, uma espécie de Lamiaceae do Himalaia, onde esse constituía 60,5% do óleo essencial.

5.4 Avaliação da Atividade Antioxidante

FIGURA 2. 4 Inibição do radical DPPH pelo óleo essencial de M. graveolens.

0 2 4 60

20

40

60

80

100Inibição 30 min

Inibição 60 min

mg/mL

% d

e in

ibiç

ão

do

rad

ical D

PP

H

Podemos observar que a atividade antioxidante associada à inibição do radical DPPH do

óleo essencial de M. graveolens é próxima de 60%. Melo e colaboradores (2003) ao avaliarem a

atividade antioxidante dos extratos aquosos de Coriandrum sativum L encontraram a atividade

máxima de inibição do radical com concentrações menores que 500 µg/mL. De acordo com os

autores a alta atividade antioxidante com baixas concentrações dos extratos se deve à composição

química dos extratos, os quais possuem uma quantidade de compostos fenólicos. Os compostos

fenólicos de plantas enquadram-se em diversas categorias, como fenóis simples, ácidos fenólicos

(derivados de ácidos benzóico e cinâmico), cumarinas, flavonóides, estilbenos, taninos

condensados e hidrolisáveis, lignanas e ligninas.. Sabe-se que os compostos fenólicos são os

principais responsáveis pela capacidade antioxidante de extratos (SOUSA et al., 2007). Ao se

comparar a atividade antioxidante de óleos essenciais e de extratos, percebe-se que a atividade

dos óleos é inferior. Sabe-se que os compostos fenólicos citados anteriormente são os principais

responsáveis pela capacidade antioxidante de extratos. Os OEs possuem baixa concentração

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

64

desses compostos fenólicos, uma vez que em grande parte são formados por terpenos. Isso

explica a diferença de atividade antioxidante dos OE quando comparadas aos extratos.

5.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana

Para a avaliação da atividade antimicrobiana o resultado foi dado em relação à inibição do

crescimento microbiano (TABELA 2.3). Os halos formados foram medidos e foram considerados

como positivos para atividade antimicrobiana os halos maiores que 8 mm.

TABELA 2.3 Avaliação da atividade antimicrobiana do óleo essencial de M. graveolens.

Microorganismos Óleo Puro Óleo diluído

1:2 DMSO

Controle

positivo

Controle

negativo

Staphylococcus aureus + - + -

Enterococcus faecalis + - + -

Staphylococcus

saprophyticus

+ - + -

Streptococcus pyogenes + - + -

Pseudomonas aeruginosa - - + -

E.coli - - + -

Proteus mirabilis - - + -

+ apresentou inibição do crescimento microbiano- halos maiores que 8 mm

- não apresentou inibição do crescimento microbiano- halos menores que 8 mm

Os resultados obtidos no teste de atividade antimicrobiana mostram que as bactérias

Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis, Staphylococcus saprophyticus e Streptococcus

pyogenes sofreram inibição do crescimento microbiano. Essas quatro bactérias são Gram-

positivas. As bactérias Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Proteus mirabilis não

sofreram inibição do crescimento microbiano.

De acordo com Probst (2012) as bactérias Gram-positivas apresentam uma maior

sensibilidade quando expostas aos óleos essenciais in vitro que as bactérias Gram-negativas. As

Gram-negativas possuem parede bacteriana diferenciada, apresentando uma membrana externa

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

65

composta por lipopolissacarídeos (LPS), conferindo maior resistência por evitar a difusão e

acúmulo de OE na célula bacteriana. Os resultados encontrados no estudo vão ao encontro aos

dados mostrados na literatura uma vez que a inibição do crescimento microbiano ocorreu

somente em bactérias Gram-positivas.

A composição química dos OE também interferem com o seu potencial antimicrobiano,

sendo esta atividade associada com o conteúdo de terpenóides presente no óleo. De acordo com

os resultados obtidos na análise química (CG-EM) do óleo utilizado neste estudo, foi possível

demonstrar que os principais compostos encontrados são, em sua maioria, terpenos ou derivados

desta classe. Embora estudos mais recentes apresentem sempre a composição química da amostra

do óleo essencial utilizado, inferimos que, embora neste estudo também seja apresentada uma

caracterização química dos óleos essenciais, nem sempre a atividade antibacteriana está

relacionada com os compostos majoritários, e, portanto, não é possível relacionar a atividade

antibacteriana do OE com determinados compostos com exata precisão (PROBST, 2012).

5.6 Obtenção das Formulações

As formulações obtidas foram analisadas macroscopicamente para a avaliação de

alterações como separação de fases e também para definir suas características organolépticas. As

formulações contendo o óleo essencial de M. graveolens apresentavam aspecto translúcido e com

o odor característico do óleo essencial. Após a análise macroscópica das formulações observou-se

que não houve alterações como a separação de fases e as características organolépticas das

formulações também não alteraram.

A análise macroscópica das formulações-base foi feita 24 horas após o seu preparo, pois

podem demonstrar sinais de instabilidade prévios, como separação de fases e cremeação. As

formulações apresentaram boa aparência e estabilidade.

5.7 Ensaios de estabilidade acelerada

Este teste tem como objetivo fornecer dados para prever a estabilidade do produto, tempo

de vida útil e compatibilidade da formulação com o material de acondicionamento (Brasil, 2004).

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

66

5.7.1 Processo de centrifugação

A nanoemulsão óleo em água (O/A) contendo o óleo essencial de M. graveolens

apresentou-se estável no ensaio de centrifugação. A centrifugação acelera a desestabilização

simulando o período de validade do produto. Segundo Latreille e Paquin (2006), se a estabilidade

é diretamente proporcional à força gravitacional, o comportamento a longo prazo das

nanoemulsões pode ser estimada pela centrifugação em velocidades moderadas. Existe consenso

científico de que o tempo de validade de um produto cosmético em condições normais de

estocagem possa ser rapidamente prevista pela observação da separação da fase dispersa devido à

cremeação ou coalescência quando a emulsão é submetida à centrifugação. Portanto, os

resultados demonstraram que a nanoemulsão do presente estudo apresenta-se fisicamente estável

conforme literatura (MASSON et al, 2005).

5.7.2 Estresse térmico

Segundo Auton (2005), o aumento da temperatura pode ocasionar aumento da velocidade

de cremeação, devido à diminuição da viscosidade aparente da fase contínua, bem como

ocasionar o aumento da motilidade cinética, tanto da fase dispersa quanto do tensoativo na

interface da emulsão, favorecendo a coalescência.

Ao ser submetido a estresse térmico a nanoemulsão contendo o óleo essencial de M. graveolens

não apresentou separação de fases.

5.7.3 Determinação do valor de pH

O pH final das nanoemulsões deve levar em consideração a estabilidade do fármaco no

veículo e a estabilidade da forma farmacêutica, bem como aspectos fisiológicos relacionados com

a via de administração.

O valor do pH da nanoemulsão contendo o óleo essencial de M. graveolens foi de 5,9 ±

0.02.

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

67

Nanoemulsões são física e quimicamente mais estáveis em pH de 5,5 a 8,0. Esse fato está

relacionado à taxa de hidrólise dos triglicerídeos e fosfolipídeos que, ao dissociarem-se, liberam

ácidos graxos livres. Os ácidos graxos livres formados reduzem o pH das formulações, sendo

empregados como indicadores de estabilidade de nanoemulsões em diferentes condições de

temperatura e armazenamento e frente à operação de esterilização (FRONZA et al., 2004)

O pH final das formulações também pode ter uma influência na localização e estabilidade

do fármaco associado à nanoemulsão. A indometacina representa um exemplo clássico da

influência do pH. Muchtar e colaboradores(1997) desenvolveram nanoemulsões cujo pH final foi

ajustado até 3,8, visando prevenir a ionização do fármaco, e consequentemente, promover sua

localização na fase oleosa, uma vez que o pKa indometacina é 4,5 .

5.7.4 Determinação do tamanho de partícula

A caracterização do tamanho de partícula é utilizada na investigação da estabilidade física

de nanoemulsões. Fenômenos de instabilidade de sistemas emulsionados como agregação,

floculação e coalescência podem ser acompanhados através da evolução do diâmetro médio, bem

como da distribuição do tamanho de partícula.

O tamanho de partícula encontrado foi de 88.3 ± 0.45 nm caracterizando assim a

formulação como uma nanoemulsão. O índice de polidispersividade (P.I.) encontrado foi 0.191 ±

0.024 indicando que a distribuição do tamanho de partículas é homogênea.

5.7.5 Análises reológicas

A reologia, na última década, adquiriu posição permanente nos testes de estabilidade, uma

vez que as características reológicas são propriedades importantes a serem consideradas na

fabricação, estocagem e aplicação de produtos de uso tópico, interferindo na forma de utilização

do produto, na adesão ao tratamento e, também, na aceitação do produto pelo consumidor

(ISAAC et al., 2008).

A caracterização reológica completa de um sistema pode, então, ser útil desde o

desenvolvimento do produto cosmético até a determinação do prazo de validade, incluindo

CAPÍTULO 2

RESULTADOS

68

influência em testes sensoriais, que auxiliam verificar a aceitação do consumidor (ISAAC et al.,

2008).

As características reológicas das nanoemulsões estão estreitamente relacionadas com

enchimento e retirada do material de acondicionamento, com a espalhabilidade e a aderência

destas sobre a pele (CORRÊA et al, 2005). Portanto, o estudo de características reológicas

(viscosidade, ponto de fluidez, espalhabilidade e estabilidade físico-química) pode ser utilizado

como meio de seleção entre diferentes formulações de emulsões cosméticas.

FIGURA 2. 5 Reogramas da nanoemulsão contendo óleo essencial de M. graveolens.

A medida do comportamento reológico das formulações, mostra que a nanoemulsão

apresenta comportamento Newtoniano, ou seja, apresentam um comportamento viscoso ideal.

Esse comportamento Newtoniano é representado graficamente na FIGURA 2.5 onde é mostrado

que a relação entre a tensão de cisalhamento (“Shear Stress”) e a taxa de cisalhamento (“Shear

rate”) é linear. Isso significa que para uma dada temperatura, a viscosidade permaneceu constante

durante sua medição, independentemente do tempo e da taxa de cisalhamento empregada.

CAPÍTULO 2

CONCLUSÃO

69

7 CONCLUSÃO

A extração do óleo essencial de Microlicia graveolens por um aparelho de hidrodestilação

por arraste a vapor de grande porte é vantajosa, uma vez que demanda um menor tempo e

a quantidade de material vegetal usada para a extração é grande.

O rendimento de óleo essencial obtido de plantas coletadas em épocas de estiagem é

maior do que em épocas chuvosas.

O constituinte químico (+)-trans-Pinocarvyl acetate foi o componente majoritário do óleo

essencial de M. graveolens. Sendo assim a espécie em questão pode ser considerada como

uma fonte natural rica nesse componente.

De acordo com a atividade antimicrobiana, conclui-se que o óleo essencial de M.

graveolens constitui uma perspectiva para obtenção de antibiótico natural, por apresentar

atividade antimicrobiana frente aos microrganismos utilizados no estudo.

Os resultados para atividade antioxidante mostraram resultados promissores, onde o óleo

essencial de M. graveolens apresentou 60% de atividade para uma concentração de

5mg/mL, após em um período de 60 minutos. Considerando que a atividade antioxidante

está relacionada com outras atividades farmacológicas como cicatrização, atividade anti-

inflamatória, desordens degenerativas dentre outras, é de grande valia a extensão dos

estudos.

As formulações produzidas com o óleo de M. graveolens foram caracterizadas como

nanoemulsões e apresentaram- se estáveis.

CAPÍTULO 2

REFERÊNCIAS

70

8 REFERÊNCIAS

AULTON, M. E. Delineamento de formas farmacêuticas. 2.ed. Porto Alegre: Artmed; 2005.

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74

CAPÍTULO 3

Melaleuca Leucadendron

CAPÍTULO 3

INTRODUÇÃO

75

1 INTRODUÇÃO

Espécies da família Myrtaceae ocorrem tanto em regiões tropicais quanto subtropicais,

sendo divididas em duas subfamílias: Myrtoidea, a qual tem ampla ocorrência na América

tropical e Leptospermoideae, que ocorre, principalmente, na Austrália, Malásia e Polinésia. O

gênero Melaleuca, pertencente à subfamília Leptospermoideae, inclui aproximadamente 100

espécies nativas da Austrália e Ilhas do Oceano Índico (VIEIRA et al., 2004).

Espécies de Myrtaceae são empregadas principalmente em distúrbios gastrointestinais,

estados hemorrágicos, doenças infecciosas, sua ação podendo estar relacionada às propriedades

adstringentes da planta. As partes mais usadas são as folhas, cascas e também os frutos que são

comumente consumidos (VIEIRA et al., 2004).

A melaleuca (Melaleuca alternifolia Cheel.), é internacionalmente conhecida como “tea

tree” ou árvore do chá . Originária da Austrália possui um grande valor econômico devido à

presença de óleo essencial armazenado em seus tecido foliares. O OE de Melaleuca alternifolia é

utilizado principalmente na produção de cosméticos, germicidas e agentes anti-sépticos. Eles são

também utilizados como carminativos e no tratamento de várias doenças (FARAG et al., 2004).

No Brasil, o cultivo de M. alternifolia voltado para a extração do OE é recente. Entretanto,

esta atividade apresenta grande potencial, tendo em vista a grande aplicabilidade, já descrita, que

o seu óleo essencial possui. O OE das plantas de M. alternifolia, cultivadas na Austrália,

caracteriza-se pela mistura aproximada de 97 compostos, a maioria já identificados. Os principais

constituintes são os compostos terpinen-4-ol, 1,8-cineol, α-terpineno, γ- terpineno, α-pineno, β-

pineno, α-terpineol, p-cimeno e álcoois sesquiterpênicos, que representam cerca de 90% do óleo.

O rendimento obtido da extração do OE de M. alternifolia é de aproximadamente 1 a 2% da

massa fresca da planta utilizada (OLIVEIRA, 2009).

O OE de M. artenifolia possui comprovada ação antimicrobiana contra bactérias, fungos,

alguns vírus e possui forte atividade repelente contra mosquitos, pulgas, piolhos entre outros.

Devido às suas propriedades farmacológicas é utilizado em formulações farmacêuticas de vários

produtos como xampus, sabonetes, cremes dentais, antisséptico bucal, repelente de insetos,

produtos veterinários, germicidas de condicionadores de ar, dentre outros (SILVA et al., 2002).

Estudos in vitro evidenciaram o seu potencial antifúngico e antibacteriano contra vários

CAPÍTULO 3

INTRODUÇÃO

76

microrganismos. Testes utilizando C. albicans, Trichophyton rubrum, T.mentagrophytes, T.

tonsurans, Aspergillus niger, Penicillium sp, Epidermophyton floccosum e Microsporum gypsum

revelaram uma atividade antimicrobiana significante contra esses microrganismos, sugerindo que

o óleo pode ser útil no tratamento de infecções fúngicas da pele (CONCHA et al., 1998).

O Comitê Australiano de Padronização estabeleceu que o óleo deve conter quantidades de

cineol abaixo de 15% e de terpinen-4-ol acima de 30% para que tenha eficácia mínima como

anti-séptico (SIMÕES et al., 2003). Estudos sobre o teor, a composição química e atividade

antimicrobiana do óleo essencial de M. alternifolia cultivada no Brasil, indicam que o óleo possui

as mesmas características qualitativas e quantitativas do óleo australiano (SILVA, 2001).

A espécie Melaleuca leucadredon (FIGURA 3.1), conhecida popularmente como

cajuputi, caracteriza-se por ser uma planta lenhosa com distribuição na Austrália e sudoeste da

Ásia sendo nativa de regiões pantanosas e florestas tropicais (TANAKA et al., 2011).

FIGURA 3.1 Folhas e flores da M. leucadendron.

A árvore é muito versátil e se desenvolve em uma grande variedade de ambientes, muitas

vezes ocorrem em solos pobres em nutrientes ou degradados e pode ser utilizada para inúmeros

fins: obtenção de OE com atividade biológica, lenha, madeira de construção civil e carvão

vegetal (BRINKMAN; XUAN, 1991).

CAPÍTULO 3

INTRODUÇÃO

77

Segundo Brinkman e Xuan (1991) a espécie é bem adaptada a áreas úmidas ou

parcialmente inundadas, devido principalmente á germinação das sementes, entretanto é tolerante

á solos ácidos e água salobra.

A espécie vegetal M. leucadendron foi escolhida para o estudo devido as inúmeras

aplicações de óleos essenciais de plantas do mesmo gênero. Assim como também pelo relato

popular de uso do OE de M. leucadendron para infecções de pele causadas por bactérias ou

fungos. Várias árvores da espécie são encontradas localizadas no Campus da Universidade

Federal de Ouro Preto (FIGURA 3.2) o que facilitou a coleta e obtenção do material vegetal.

FIGURA 3. 2 Árvores de M. leucadendron.

CAPÍTULO 3

OBJETIVOS

78

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Obter e caracterizar química e biologicamente os óleos essenciais da espécie Melaleuca

leucadendron. Produzir nanoemulsões do tipo O/A contendo os óleos essenciais pelo método de

inversão de fases.

2.2 Objetivos específicos

Obter dos óleos essenciais através de hidrodestilação das partes aéreas da espécie vegetais

M. leucadendron.

Caracterizar quimicamente o óleo essencial da espécie vegetal M. leucadendron através

de Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas.

Avaliar a atividade antioxidante in vitro dos óleos essenciais de M. leucadendron

utilizando o reagente DPPH.

Avaliar a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de M. leucadendron

Desenvolver nanoemulsões a partir dos óleos essenciais utilizando os métodos de inversão

de fases;

Caracterizar e avaliar a estabilidade das nanoemulsões obtidas.

CAPÍTULO 3

MATERIAIS

79

3 MATERIAIS

Fase aquosa

A fase aquosa utilizada foi água recém destilada.

Tensoativos

Como tensoativos foram utilizados o PEG-40 Hydrogenated castor oil e o SPAN 80.

Ambos foram gentilmente cedidos pela empresa Croda do Brasil Ltda.

DPPH

O reagente DPPH (2,2 – difenil – 1 – picrilhidrazil) foi adquirido da empresa Sigma.

CAPÍTULO 3

MÉTODOS

80

4 MÉTODOS

4.1 Obtenção dos Materiais vegetais

A espécie vegetal M. leucadendron foi coletada no campus da Unversidade Federal de

Ouro Preto localizado na cidade de Ouro Preto-MG. Foram realizadas 2 coletas no mesmo local.

A primeira coleta ocorreu em junho de 2011, a segunda coleta em janeiro de 2012.. Foram

utilizadas as folhas frescas no processo de extração do óleo essencial.

4.2 Extração dos Óleos Essenciais

A extração dos OE foi realizada através de hidrodestilação das partes aéreas das espécies

vegetais com a utilização de um hidrodestilador de caldeira aquecida. As folhas foram retiradas

dos caules e em seguida rasuradas. O material foi pesado e foi depositado numa dorna de 2,6 L,

montada com um fundo móvel perfurado para facilitar a descarga. Em seguida o aparelho

preenchido com água e teve inicio o processo de hidrodestilação.

O tempo de extração foi de aproximadamente 3 horas. Os OEs obtidos foram em seguida

secos com sulfato de sódio anidro e mantidos sob refrigeração até as análises posteriores.

4.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais

Para análises de Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG-EM)

foi utilizado um cromatógrafo a gás GCMS-QP2010 Plus Shimadzu. A coluna usada foi uma

coluna capilar de sílica fundida Zebron™ Inferno™ (ZB-5HT) com dimensões: 30 m x 0,25 mm

x 0,10 µm). As condições foram:

Temperatura inicial: 40 °C

Temperatura final: 220 °C

Rampa: 5 °C/ min.

Injetor: 240 °C

Detector: 260 °C

CAPÍTULO 3

MÉTODOS

81

Gás de arraste: Hélio, fluxo: 1,0 mL/min

Os espectros de massas dos constituintes foram comparados com os padrões existentes na

biblioteca NIST do computador no aparelho. Em seguida, foram feitas comparações visuais com

espectros de massa de substâncias encontrados na literatura. Os tempos de retenção dos picos

maiores, mais facilmente identificados pelo espectro de massa, foram comparados com os tempos

de retenção destas substâncias registrados em catálogos, observando-se a diferença que se

manteve aproximadamente constante para as demais substâncias identificadas.

4.4 Avaliação da atividade antioxidante

A avaliação da atividade antioxidante foi realizada de acordo com o procedimento

descrito no item 4.4 do capítulo 2.

4.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana

As seguintes bactérias foram utilizadas na investigação da atividade antimicrobiana:

Enterococcus faecalis (ATCC 29212), Staphylococcus saprophyticus (ATCC 15305),

Streptococcus pyogenes (ATCC 19615), Proteus mirabilis (ATCC 25933), Escherichia coli

(ATCC 25922), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853), Staphylococcus aureus (ATCC

25923).

O método utilizado para determinação da atividade antimicrobiana foi o mesmo método

descrito no item 4.5 do capítulo 2.

4.6 Obtenção das Formulações

As nanoemulsões foram preparadas pelo método de inversão de fases. A técnica consiste

em aquecer as fases aquosa e oleosa separadamente até 75 2 ºC e, em seguida, verter a fase

aquosa sobre a fase oleosa sob agitação constante a 600 rpm (Agitador Fisatom, mod 713D) até

resfriamento à temperatura ambiente, conforme método descrito por Santos et al (2005, 2006).

CAPÍTULO 3

MÉTODOS

82

TABELA 3. 1 Composição das formulações.

Componentes da formulação Porcentagem (%)

Monooleato de Sorbitano 4,0

PEG-40 Hydrogenated Castor Oil 6,0

Óleo de soja 5,0

Óleo essencial de M. leucadendron 5,0

Água destilada 80,0

4.7 Ensaios de estabilidade acelerada

Os testes de estabilidade foram realizados de acordo com o item 4.7 do capítulo 2.

CAPÍTULO 3

RESULTADOS

83

5 RESULTADOS

5.1 Obtenção do material Vegetal

O ambiente onde a espécie vegetal M. leucadendron foi coletada apresenta solo arenoso,

úmido e com gramíneas ao redor. Os indivíduos apresentam-se esparsos. Todas as coletas foram

realizadas nas mesmas árvores. A primeira coleta ocorreu em junho de 2011 e a segunda coleta

em janeiro de 2012. Foram obtidos na primeira coleta 1000 g de material vegetal (caules e folhas)

e na segunda 900 g.

5.2 Extração dos óleos essenciais

Nos dois processos de extração realizados a quantidade de folhas foi aproximadamente a

mesma. Na primeira extração foram utilizados 440 g de folhas frescas de M. leucadendron

rasuradas. Na segunda extração foram utilizados 460 g de folhas frescas rasuradas. O rendimento

final foi de 4.2 % para a primeira extração (ML-1) e de 2 % para a segunda extração(ML-2).

Pode-se notar que a maior parte do óleo essencial extraído (aproximadamente 80 % do total ) foi

obtido na primeira hora de destilação em ambas as destilações. Nota-se que assim como no item

5.2 do capítulo 2 que trata do rendimento do óleo essencial de M. graveolens, os OE de M.

leucadendron obtidos de plantas coletadas no período de seca (Junho) obtiveram um maior

rendimento que OE obtidos de plantas coletadas no período chuvoso (Janeiro).

5.3 Caracterização Química dos Óleos Essenciais de M. leucadendron

A constituição química dos óleos essenciais de M. leucadendron variou de acordo com a

época do ano. Os constituintes químicos majoritários presentes no OE de M. leucadendron ML-1

estão representados TABELA 3.2. e os constituintes do OE ML-2 na TABELA 3.3.

CAPÍTULO 3

RESULTADOS

84

TABELA 3. 2 Constituintes químicos majoritários do óleo essencial de M. leucadendron (ML-1).

Constituinte químico Tempo de retenção (min) % Área

Veridiflorol 14,743 38,0

Eucaliptol 8,395 17,0

α- pineno 7,838 7,0

Outros - 38,0

O constituinte químico majoritário encontrado em ML-1 foi o veridiflorol com 38% da

área total do cromatograma. O viridiflorol é um constituinte químico encontrado em outras

espécies de Melaleuca. Wherler (2005) estudou a respeito da variação de quimiotipos de

Melaleuca quinquenervia. O autor relata o constituinte viridiflorol como componente de folhas

de M. quinquenervia e conclui que tal componente pode ser utilizado como referência para a

diferenciação de quimiotipos de M. quinquenervia.

TABELA 3. 3 Constituintes químicos majoritários do óleo essencial de M. leucadendron (ML-2).

Constituinte químico Tempo de

retenção (min)

% Área

Veridiflorol 14,743 9,4

p-menth-1-en-8-ol 11,058 22,5

Lup-20(29)-ene-3,21,28-triol,

28-acetate (3β,21β)

9,03 53,8

Outros - 14,3

A concentração de viridiflorol encontrado em Ml-2 é mais baixa que em ML-1. O

constituinte químico majoritário de ML-2 é o Lup-20(29)-ene-3,21,28-triol, 28-acetate (3β,21β).

O componente terpinen-4-ol foi encontrado em ambos os óleos em concentrações

menores que 2%. Tais diferenças podem estar relacionadas com as condições edafoclimáticas

sob as quais as plantas se desenvolveram. Tais condições incluem o solo, umidade, insolação,

além de componentes tóxicos aos quais as plantas estão submetidas (KERROLA et al., 1994). De

acordo com Souza (2007) podem ocorrer reações de oxidação dos componentes do OE em altas

CAPÍTULO 3

RESULTADOS

85

temperaturas o que pode acarretar em modificação dos constituintes químicos dos OE quando é

realizado o processo de hidrodestilação.

5.4 Avaliação da Atividade Antioxidante

A capacidade de inibição do radical DPPH pelo OE de M. leucadendron ML-1(FIGURA

3.3) foi de aproximadamente 70%. Não ocorreu nenhuma variação significativa da atividade

antioxidante entre os tempos de 30 e 60 minutos.

FIGURA 3.3 Inibição do radical DPPH pelo óleo essencial da M. leucadendron (ML-1).

0 2 4 60

20

40

60

80

100Inibição 30 min

Inibição 60 min

mg/mL

% d

e in

ibiç

ão

do

rad

ical D

PP

H

Estudos recentes apontam a ação fotoproterora e antioxidante de monoterpenos de

plantas, relacionadas especialmente a sua capacidade de captar radicais de oxigênio oriundos da

fotossíntese. A atividade antioxidante de óleos voláteis dificilmente pode ser atribuída a

compostos isolados. Sendo assim pode-se considerar que vários constituintes químicos atuam de

forma sinérgica como compostos antioxidantes em OE (SOUZA ,2007)

5.5 Avaliação da Atividade Antimicrobiana

Para a avaliação da atividade antimicrobiana o resultado foi dado em relação à inibição do

crescimento microbiano (TABELA 3.4). Os halos formados foram medidos e foram considerados

como positivos para atividade antimicrobiana os halos maiores que 8 mm.

CAPÍTULO 3

RESULTADOS

86

TABELA 3. 4 Avaliação da atividade antimicrobiana do óleo essencial de M. leucadendron.

Microorganismos Óleo Puro Óleo diluído

1:2 DMSO

Controle

positivo

Controle

negativo

Staphylococcus aureus + - + -

Enterococcus faecalis - - + -

Staphylococcus

saprophyticus

+ - + -

Streptococcus pyogenes + - + -

Pseudomonas aeruginosa - - + -

E.coli - - + -

Proteus mirabilis - - + -

+ apresentou inibição do crescimento microbiano- halos maiores que 8 mm

- não apresentou inibição do crescimento microbiano- halos menores que 8 mm

Os resultados obtidos no teste de atividade antimicrobiana mostram que as bactérias

gram-positivas Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus e Streptococcus pyogenes

sofreram inibição do crescimento microbiano. A bactéria gram-positiva Enterococcus faecalis

não sofreu inibição do crescimento. As bactérias Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e

Proteus mirabilis não sofreram inibição do crescimento microbiano.

De acordo com Probst (2012) a bioatividade de alguns óleos é produto da interação de

vários compostos, e não apenas devido ação de substâncias isoladas. Além disto, as bactérias

gram-positivas apresentam uma maior sensibilidade quando expostas aos óleos essenciais in vitro

que as bactérias gram-negativas. As gram-negativas possuem parede bacteriana diferenciada,

apresentando uma membrana externa composta por lipopolissacarídeos (LPS), conferindo maior

resistência por evitar a difusão e acumulo de OE na célula bacteriana. Os resultados encontrados

no estudo estão de acordo com os dados mostrados na literatura uma vez que a inibição do

crescimento microbiano ocorreu somente em bactérias Gram-positivas com exceção da

Enterococcus faecalis.

Um dos mecanismos de ação bactericida consiste no comprometimento da integridade da

membrana celular, consequente perda de material intracelular, incapacidade de manter a

homeostase e inibição da respiração . O Terpinen-4-ol está presente em 30-40% da composição

CAPÍTULO 3

RESULTADOS

87

de OE de M. artenifolia sendo o componente que detêm a principal atividade antimicrobiana

(OLIVEIRA et al., 2011).O terpinen-4-ol foi encontrado concentrações menores que 2 % em

ML-1 e ML-2. É possível que outros elementos, ainda não avaliados, contribuam para a atividade

antimicrobiana com mecanismo de ação diferente daquele já encontrado.

5.6 Obtenção das Formulações

As formulações obtidas foram analisadas macroscopicamente para a avaliação de

alterações como separação de fases e também para definir características organolépticas das

formulações. As formulações contendo o óleo essencial de M. leucadendron apresentavam

aspecto translucido e com o odor característico do óleo essencial. Após a análise macroscópica

das formulações observou-se que não houve alterações como a separação de fases e as

características organolépticas das formulações também não alteraram.

A análise macroscópica das formulações-base foi feita 24h após o seu preparo, pois

podem demonstrar sinais de instabilidade prévios, como separação de fases e cremeação. As

formulações apresentaram boa aparência e estabilidade.

5.7 Ensaios de estabilidade acelerada

5.7.1 Processo de centrifugação

A nanoemulsão óleo em água (O/A) contendo o óleo essencial de M. leucadendron

apresentou-se estável no ensaio de centrifugação não apresentando separação de fases.

5.7.2 Estresse térmico

Segundo Auton (2005), o aumento da temperatura pode ocasionar aumento da velocidade

de cremeação, devido à diminuição da viscosidade aparente da fase contínua, bem como

ocasionar o aumento da motilidade cinética, tanto da fase dispersa quanto do tensoativo na

interface da emulsão, favorecendo a coalescência.

CAPÍTULO 3

RESULTADOS

88

Ao ser submetido a estresse térmico a nanoemulsão contendo o óleo essencial de M.

leucadendron não apresentou separação de fases.

5.7.3 Determinação do valor de pH

O pH final das nanoemulsões deve levar em consideração a estabilidade do fármaco no

veículo e a estabilidade da forma farmacêutica, bem como aspectos fisiológicos relacionados com

a via de administração.

O valor do pH da nanoemulsão contendo o óleo essencial de M. leucadendron foi de 6.02

± 0.12.

Nanoemulsões são fisica e quimicamente mais estáveis em pH de 5,5 a 8,0. Esse fato está

relacionado à taxa de hidrólise dos triglicerídeos e fosfolipídeos que, ao dissociarem-se, liberam

ácidos graxos livres. Os ácidos graxos livres formados reduzem o pH das formulações, sendo

empregados como indicadores de estabilidade de nanoemulsões em diferentes condições de

temperatura e armazenamento e frente à operação de esterilização (FRONZA et al., 2004)

5.7.4 Determinação do tamanho de partícula

A caracterização do tamanho de partícula é utilizada na investigação da estabilidade física

de nanoemulsões. Fenômenos de instabilidade de sistemas emulsionados como agregação,

floculação e coalescência podem ser acompanhados através da evolução do diâmetro médio, bem

como da distribuição do tamanho de partícula.

O tamanho de partículas encontrado para a formulação contendo ML-1 foi de 42.9 ± 1.15

nm e o indice de polidispersividade foi de (P.I.) 0.259 ± 0.179. Pode-se concluir com os

resultados a obtenção de uma nanoemulsão que apresentaram uma distribuição uniforme de

tamanho de partículas.

CAPÍTULO 3

RESULTADOS

89

5.7.5 Análises reológicas

A reologia, na última década, adquiriu posição permanente nos testes de estabilidade, uma

vez que as características reológicas são propriedades importantes a serem consideradas na

fabricação, estocagem e aplicação de produtos de uso tópico, interferindo na forma de utilização

do produto, na adesão ao tratamento e, também, na aceitação do produto pelo consumidor

(ISAAC et al., 2008).

A caracterização reológica completa de um sistema pode, então, ser útil desde o

desenvolvimento do produto cosmético até a determinação do prazo de validade, incluindo

influência em testes sensoriais, que auxiliam verificar a aceitação do consumidor (ISAAC et al.,

2008).

As características reológicas das nanoemulsões estão estreitamente relacionadas com

enchimento e retirada do material de acondicionamento, com a espalhabilidade e a aderência

destas sobre a pele (CORRÊA et al, 2005). Portanto, o estudo de características reológicas

(viscosidade, ponto de fluidez, espalhabilidade e estabilidade físico-química) pode ser utilizado

como meio de seleção entre diferentes formulações de emulsões cosméticas.

A medida do comportamento reológico das formulações, mostra que a nanoemulsão

apresenta comportamento Newtoniano, ou seja, apresentam um comportamento viscoso ideal.

Esse comportamento Newtoniano é representado graficamente na FIGURA 2.5 onde é mostrado

que a relação entre a tensão de cisalhamento (“Shear Stress”) e a taxa de cisalhamento (“Shear

rate”) é linear. Isso significa que para uma dada temperatura, a viscosidade permaneceu constante

durante sua medição, independentemente do tempo e da taxa de cisalhamento empregada.

CAPÍTULO 3

CONCLUSÃO

90

6 CONCLUSÃO

O rendimento de óleo essencial obtido de folhas coletadas em épocas de estiagem é maior

do que em épocas chuvosas.

O constituinte químico viridiflorol foi encontrado como constituinte químico majoritário

no ML-1 mas em ML-2 a concentração do mesmo foi muito menor. Tal componente pode

ser utilziado como marcador químico para a espécie M. leucadendron

O óleo essencial de M. leucadendron (ML-1) apresentou atividade antimicrobiana contra

bactérias gram-positivas. O óleo essencial (ML-2) não foi capaz de inibir o crescimento

microbiano de nenhuma bactéria.

Os resultados para atividade antioxidante mostraram resultados promissores, onde o óleo

essencial de M. leucadendron apresentou cerca de 70% de inibição do DPPH para uma

concentração de 5mg/mL, após em um período de 60 minutos.

As formulações produzidas com o óleo de M. leucadendron foram caracterizadas como

nanoemulsões e apresentaram- se estáveis.

CAPÍTULO 3

REFERÊNCIAS

91

7 REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 3

RESULTADOS

92

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(Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2001.

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93

CAPÍTULO 4

Vellozia squamata

CAPÍTULO 4

INTRODUÇÃO

94

1 INTRODUÇÃO

A família Velloziaceae possui ocorrência na África e América do Sul, expandindo-se até o

Panamá. Possui cerca de 250 espécies de ervas e arbustos perenes, que crescem em solos

rochosos ou arenosos, sob alta incidência solar e pouca água (SILVA et al., 2001).

A longevidade dessas plantas e sua resistência às queimadas vem motivando por mais de

duas décadas um estudo fitoquímico, visando encontrar as possíveis substâncias responsáveis por

esse comportamento. Mais de trinta espécies brasileiras dessa família de plantas foram estudas e

conseguiram isolar cerca de 180 diterpenóides, com nove diferentes tipos de esqueleto, cerca de

trinta triterpenóides com seis diferentes tipos de esqueleto e flavonóides (BRANCO, 1998).

A Vellozia squamata (FIGURA 4.1) conhecida popularmente como canela-de-ema tem

como sinonímia a Vellozia flavicans Mart. ex Schult. f., pertencente a família Velloziacea e ao

gênero Vellozia. Tal espécie pode ser encontrada no cerrado e possui porte de arbusto

(ALMEIDA, 1998). Uma das colorações de suas flores é a lilás (FIGURA 4.2).

FIGURA 4. 1 Vellozia squamata localizada na Serra de Ouro Branco.

FIGURA 4. 2 Flor da Vellozia squamata.

CAPÍTULO 4

INTRODUÇÃO

95

Estudos anteriores também identificaram a presença de compostos químicos de atividade

farmacológica, como terpenos (triterpenos e diterpenos) e flavonóides no gênero Vellozia,

(HARBORNE et al. 1994; HARBORNE; BAXTER, 1995).

E na espécie em questão, foi descrita a presença de três diterpenóides novos, isolados do

extrato hexânico de raízes, caule e folhas da mesma espécie (PINTO et al, 1995).

Na medicina popular a Canela de Ema é muito utilizada como anti-inflamatório para

luxação, dor de ouvido e dores em geral, podendo assim tal atividade estar ligada a sua

composição fitoquímica.

A espécie V. squamata é um arbusto nativo do Cerrado brasileiro que apresenta grande

potencial ornamental. A análise anatômica mostra que as raízes adventícias se diferenciam na

região do periciclo e nos feixes vasculares, indicando que a vascularização da raiz está conectada

com a do caule (FREITAS NETO, 2009).

Cientificamente, a espécie V. squamata foi utilizada em estudos que abordam aspectos

florísticos, taxonômicos, morfológicos e reprodutivos. Entretanto, ainda são escassos estudos

químicos e utilitários da mesma. Devido a esses fatores e ao relato popular do uso da canela-de-

ema como anti-inflamatório tópico tal espécie vegetal foi escolhida para o estudo de seus extratos

hidroalcoólicos.

CAPÍTULO 4

MATERIAIS

96

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Obter e caracterizar química e biologicamente os extratos hidroalcoólicos de caules e

folhas da espécie Vellozia squamata. Produzir nanoemulsões do tipo O/A contendo os óleos

essenciais pelo método de inversão de fases.

2.2 Objetivos Específicos

Obter de extratos hidroalcoólicos de folhas e caules de Vellozia squamata

Realizar o estudo farmacognóstico dos extratos hidroalcoólicos das folhas e do caule de

V. squamata

Avaliar a atividade antioxidante in vitro dos extratos hidroalcoólicos das folhas e do caule

de V. squamata utilizando o reagente DPPH.

Desenvolver nanoemulsões a partir dos extratos utilizando os métodos de inversão de

fases;

Caracterizar e avaliar a estabilidade das nanoemulsões obtidas.

CAPÍTULO 4

MATERIAIS

97

3 MATERIAIS

Fase oleosa

A fase oleosa utilizada foi o óleo de Babaçu (Orbignya Oleifera) fornecido pela empresa

Croda do Brasil Ltda.

Fase aquosa

A fase aquosa utilizada foi água recém destilada.

Tensoativos

Como tensoativos foram utilizados o PEG-40 Hydrogenated Castor Oil e o SPAN 80.

Ambos foram gentilmente cedidos pela empresa Croda do Brasil Ltda

DPPH

O reagente DPPH (2,2 – difenil – 1 – picrilhidrazil) foi adquirido da empresa Sigma.

CAPÍTULO 4

MÉTODOS

98

4 MÉTODOS

4.1 Obtenção dos Materiais vegetais

A espécie vegetal Vellozia squamata foi coletada na "Serra de Ouro Branco" localizada na

cidade de Ouro Branco-MG (20°31'2"S, 43°42'0" O). As folhas e os caules foram separadas e

secas em estufa a 45 ° C e sob circulação de ar. Depois, cada parte foi fragmentada em um

moinho de facas para se obter um pó fino. Foram utilizados os pós das folhas e do caule para

obtenção dos extratos hidroalcoólicos.

4.2 Preparação dos extratos hidroalcoólicos

O pó das folhas secas (100 g) e de caules (100 g) de V. squamata, foram submetidos,

respectivamente a extração exaustiva com uma solução de etanol-água (70:30 v / v) em um

percolador de aço inoxidável, em temperatura ambiente. Após 48 h, as soluções foram filtradas e

o solvente recuperado, num evaporador rotativo a 40 ° C, sob vácuo. A proporcionalidade do

solvente foi ajustado em um refractómetro Abbe e reutilizados no processo de percolação, até a

extração completa.

4.3 Estudo Farmacognóstico

O estudo farmcognóstico dos extratos hidroalcoólicos foi realizado de acordo com a

metodologia sugerida por Wagner e Bladt (1996) para a detecção de ácidos graxos,

antraquinonas, alcalóides, cumarinas, flavonóides e terpenóides através de Cromatografia em

camada delgada (CCD). Compostos químicos específicos foram identificados através de

metodologia descrita por Matos (1988), através do qual é analisada a presença de fenóis, taninos,

triterpenos, flavonóides, saponinas, xantonas, cumarinas e alcalóides.

Inicialmente, os extratos foram fracionados por partição líquido / líquido com clorofórmio

para separar os compostos lipofílicos. A presença dos metabólitos secundários das classes listadas

acima foram determinados na fração hidroalcoólica utilizando as reações seguintes:

CAPÍTULO 4

MÉTODOS

99

1) A presença de fenóis e taninos foi determinada por reação com cloreto férrico

(FeCl3), 2% (m/v);

2) A presença de flavonóides foi investigada através da reação de Shinoda e foi

comparada por Cromatografia em camada delgada;

3) Para analisar a presença de xantonas foi utilizado magnésio em ácido clorídrico;

4) O índice de espuma foi utilizada para indicar a presença de saponinas;

5) A reação de Liebermann-Bouchard foi utilizada para investigar a presença de

triterpenos e esteróides;

6) Após a extração ácido-base, a presença de alcalóides foi determinada através de

reações gerais de precipitação.

4.4 Atividade Antioxidante

Os extratos hidroalcoólicos das folhas e caules de V. squamata foram respectivamente

avaliados quanto à sua atividade antioxidante utilizando o método descrito no item 4.4 do

capítulo 2. A diferença do método é em relação às soluções etanólicas de cada extrato as quais

foram preparadas nas concentrações: 10,0, 25,0, 75,0, 150,0, 300,0 e 400,0 μg/mL.

4.5 Avaliação da atividade antimicrobiana

O método utilizado para determinação da atividade antimicrobiana foi o método descrito

no item 4.5 do capítulo 2. Os extratos foram diluídos em DMSO. As concentração dos extratos

utilizadas no teste foram de 400 e 200 µg/ mL.

As seguintes bactérias foram utilizadas na investigação da atividade antimicrobiana:

Staphylococcus saprophyticus (ATCC 15305, Escherichia coli (ATCC 25922), Pseudomonas

aeruginosa (ATCC 27853), Staphylococcus aureus (ATCC 25923).

CAPÍTULO 4

MÉTODOS

100

4.6 Dosagem de Fenólicos Totais

Os compostos fenólicos foram determinados usando o método de Folin-Ciocalteu. O

reagente consiste de uma mistura dos ácidos fosfomolibídico e fosfotunguístico, no qual o

molibdênio e o tungstênio encontram-se no estado de oxidação 6+ porém, em presença de certos

agentes redutores, como os compostos fenólicos, formam-se os chamados molibdênio azul e

tungstênio azul, nos quais a média do estado de oxidação dos metais está entre 5 e 6 e cuja

coloração permite a determinação da concentração das substâncias redutoras, que não

necessariamente precisam ter natureza fenólica. A partir da solução dos extratos (15,0 mg / mL),

67 μL foram adicionados 3 mL de água e 250 μL do reagente de Folin-Ciocalteu . A mistura foi

agitada durante 1 minuto, 1 mL de uma solução de carbonato de sódio saturada (15 g/100 mL) foi

adicionado em seguida. O volume final foi aferido para 5,0 mL e a solução foi homogeinizada

por 1 minuto. Após 2 horas a absorbância foi medida em 750 nm. Os resultados foram calculados

por comparação entre a curva padrão de ácido gálico (10-350 μg /mL) e as amostras. O resultado

foi expresso em equivalente de ácido gálico (EAG) por grama de extrato seco.

4.7 Obtenção das Formulações

As nanoemulsões foram preparadas pelo método de inversão de fases descrito no item 4.6

do capítulo 2.

TABELA 4.1 Composição das Formulações.

Componentes da Formulação Porcentagem (%)

Extrato hidroalcoólico 1,0

Óleo de babaçu 10,0

Monooleato de Sorbitano 4,0

PEG-40 Hydrogenated Castor Oil 6,0

Água destilada 79,0

CAPÍTULO 4

MÉTODOS

101

4.8 Ensaios de estabilidade acelerada

Os testes de estabilidade foram realizados de acordo com os métodos descritos no item

4.7 do capítulo 2.

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

102

5 RESULTADOS

5.1 Obtenção do material vegetal

Foram obtidos um total de 1 Kg de material vegetal o que depois foi separado em folhas e

caule. Após a separação das folhas foram trituradas separadamente em um moinho de facas as

folhas e os caules. Foi obtido ao final quantidade equivalente a 400 g de pó de caule e 200 g de

pó de folhas.

5.2 Obtenção dos Extratos Hidroalcoólicos

Foram obtidos 9,1 g; (9,1%) do extrato hidroalcoólico de folhas e 7,3 g; (7,3%) do caule.

5.3 Estudo Farmacognóstico

Através das cromatoplacas obtidas utilizando-se reagentes específicos foi possível

detectar as principais classes químicas de componentes presentes nos extratos de hidroalcoólicos

de folhas e caules de V. squamata. Nos extratos dos caules foram detectados: antraquinonas,

cumarinas e flavonóides, enquanto os ácidos graxos, os alcalóides e terpenóides não foram

detectados. Todos os resultados para a detecção das classes químicas principais dos extratos das

folhas foram negativos. Depois disso, a confirmação dos constituintes químicos foi feita pela

mudança de cor, precipitação ou pela formação de espuma estável, demonstrando a

predominância de certas classes de compostos orgânicos presentes nos extratos hidroalcoólicos

das folhas e caules de V. squamata (TABELA 4.2).

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

103

TABELA 4. 2 Testes de prospecção fitoquímica de classes químicas da planta V. squamata.

Classes químicas Extrato bruto hidroetanólico

Caules Folhas

Auronas + -

Catequinas + +

Esteróides - +++

Flavonóis - +++

Flavanonas - +++

Flavanonois - +++

Saponinas - +++

Taninos catéquicos + _

Taninos pirogálicos + _

Triterpenóides +++ _

Xantonas _ +++

Forte: +++ Médio: ++ Fraco: + Ausente: -

Através dos resultados obtidos percebe-se que os triterpenóides são os constituintes

principais do extrato hidroalcoólico de caules de V. squamata.

5.4 Avaliação da Atividade Antioxidante

As atividades antioxidantes dos extratos do caule e folhas tiveram bons resultados como

pode ser visto na FIGURA 4.3 e. FIGURA 4.4.

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

104

FIGURA 4. 3 Porcentagem de inibição do DPPH induzido pelo extrato hidroalcoolico de folhas e a das

nanoemulsões preparadas com estes.

▲ Inibição caule ● Inibição formulação caule após 30 min ▼ Inibição caule ■ inibição

formulação caule após 60 min.

0 100 200 300 400 5000

50

100

150

g/mL

In

ibiç

ão

DP

PH

(%

)

FIGURA 4. 4 Porcentagem de inibição do DPPH induzido pelo extrato hidroalcoólico de caules e a das

nanoemulsões preparadas com estes.

▲ Inibição folha ● Inibição formulação folha após 30 min ▼ Inibição caule ■ inibição

formulação caule após 60 min.

0 100 200 300 400 5000

50

100

150

g/mL

Inib

ição

DP

PH

(%

)

Os resultados obtidos demonstram que a capacidade de inibir o radical DPPH não foi

perdida quando os extratos foram incorporados às formulações.

A TABELA 4.3 mostra os resultados para o IC 50 dos extratos e formulações contendo

os mesmos.

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

105

TABELA 4.3 Valores de IC 50 para os extratos hidroalcoólicos e nanoemulsões contendo os mesmos.

Amostras utilizadas no teste de DPPH 30 min 60 min

Valores de IC 50 em µg Valores de IC 50 em µg

Extrato hidroalcoólico dos caules 0,535 0,527

Nanoemulsão (Caule) 0,544 0,516

Extrato hidroalcoólico das folhas 7,663 5,266

Nanoemulsão (folhas) 0,577 0,565

Djeridane e colaboradores. (2006) demonstraram uma correlação linear entre o conteúdo

de compostos fenólicos totais e as propriedades antioxidantes de extratos vegetais. Os resultados

encontrados para as atividades antioxidantes podem estar relacionados com os polifenóis que

foram identificados por testes fitoquímicos nas folhas e caules de V. squamata. De acordo com

Wojdyło e colaboradores (2007) os ácidos fenólicos representam a principal classe de compostos

fenólicos que são amplamente distribuídos no reino vegetal.

5.5 Dosagem de fenólicos totais

O teor de fenólicos totais dos extratos hidroalcoólicos de V. squamata apresentaram

valores na faixa de 26,52 EAG / g de extrato de folhas e 48,86 EAG/g de extrato do caule em

peso seco (TABELA 4.4) Os compostos fenólicos são utilizados pelas plantas como mecanismos

de defesa para neutralizar EROs, a fim de sobreviver e evitar danos moleculares e também para

impedir a ação de microrganismos, insetos e herbívoros (VAYA et al., 1997). Os resultados

mostram uma correlação positiva entre o conteúdo fenólico total e o ensaio de atividade

antioxidante. No presente estudo percebe-se que o maior teor de compostos fenólicos totais de

extratos de plantas resultou em maior atividade antioxidante como igualmente relatado por Cai e

seus colaboradores (2004).

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

106

TABELA 4. 4 Conteúdo de fenólicos totais expressos em equivalente de ácido gálico (EAG) por grama de extrato

hidroalcoólico seco de caules e folhas V. squamata.

Extrato

Hidroalcoolico ABS EAG/g extrato seco

Extrato caule 2,6109 48,85912

Extrato folhas 1,4188 26,52679

5.6 Avaliação da atividade Antimicrobiana

Os extratos não foram capazes de inibir o crescimento microbiano. Devido a composição

química encontrada no estudo farmacognóstico era esperado alguma ação antibacteriana.

Machado e colaboradores (2003) estudando 14 extratos de plantas usadas tradicionalmente no

Brasil para tratamento de doenças infecciosas, verificaram que P. granatum inibiu linhagens de

S. aureus. Djipa et al. (2000) estudando a atividade antimicrobiana de extratos de jambolão sobre

vários microrganismos, entre eles, S. aureus, verificaram que esta propriedade foi devida à alta

concentração de taninos contida nos extratos.

5.7 Obtenção das formulações

As nanoemulsões obtidas do caule apresentaram cor alaranjada e as nanoemulsões das

folhas cor verde.

5.8 Ensaios de estabilidade acelerada

5.8.1 Processo de centrifugação

A nanoemulsão óleo em água (O/A) contendo os extratos hidroalcoólicos de caules e

folhas de extratos hidroalcoólicos de caules e folhas apresentaram-se estáveis no ensaio de

centrifugação não apresentando separação de fases.

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

107

5.8.2 Estresse térmico

Ao ser submetido a estresse térmico as nanoemulsões contendo os extratos

hidroalcoólicos de caules e folhas de V. squamata não apresentaram separação de fases.

5.8.3 Determinação do valor de pH

A determinação de valores de pH é de grande importância em formulações tópicas, uma

vez que esse valor deve estar em conformidade com o pH natural da pele. As formulações

mostraram um pH ligeiramente ácido, compatível com o pH da pele, que possui valores de 4,1-

5,8 (SEGGER et al., 2008). Houve mudanças nos valores de pH após um mês, mas ainda tais

valores estão dentro do intervalo esperado (TABELA 4.5) não comprometendo a estabilidade da

formulação.

TABELA 4.5 Determinação do valor de pH das nanoemulsões formuladas com extratos hidroalcoólicos de caules e

folhas de Vellozia squamata.

Nanoemulsões Formuladas com

Extratos Hidroalcoólicos

Valor de pH das formulações

Inicial Após 30 dias

Caule 5,12 ± 0,01 5,18 ± 0,01

Folhas 4,95 ± 0,02 5,13 ± 0,02

5.8.4 Determinação do tamanho de partícula

O tamanho de partículas é um parâmetro importante para avaliar nanoemulsões devido ao

fato de que o tamanho da partícula é o principal fator responsável pelo efeito de maior permeação

de componentes ativos nas camadas da pele. Além do tamanho de partícula, é essencial saber o

índice de polidispersidade, estes fatores em conjunto influenciam a estabilidade destes sistemas.

A distribuição do tamanho de partícula das nanoemulsões obtidas a partir dos extratos

hidroalcoólicos de folhas e caules de V. Squamata foram medidos por sete dias (TABELA 4.6).

Ambas as nanoemulsões apresentaram tamanho de partículas reduzidos não sofreram alterações

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

108

significativas em relação aos sete dias as quais foram analisadas. Isso mostra que ambas as

formulações são altamente estáveis. A avaliação do índice de polidispersividade mostra que

ambas nanoemulsões foram homogêneas em relação aos tamanhos de partículas e estas são

adequadas para aplicação e uso tópico.

TABELA 4.6 Distribuição do tamanho de partículas das nanoemulsões preparadas a partir dos extratos

hidroalcoólicos de V. squamata em função do tempo após o preparo.

Período após o

preparo das

formulações

Tamanho de Partículas das Nanoemulsões dos Extratos

Hidroalcoolicos

Folha Caule

Diâmetro (nm) P.I. Diâmetro (nm) P.I.

0h 154,6 ± 9,59 0,284 ± 0,034 147,6 ± 33,32 0,351 ± 0,254

24h 138,4 ± 1,69 0,154 ± 0,037 132,0 ± 4,94 0,275 ± 0,055

48h 154,2 ± 2,43 0,361 ± 0,254 167,7 ± 7,51 0,528 ± 0,105

72h 155,0 ± 4,41 0,289 ± 0,073 180,2 ± 23,48 0,733 ± 0,196

6 Dias 144,4 ± 1,06 0,239 ± 0,017 144,4 ± 1,06 0,239 ± 0,017

7 Dias 144,5 ± 4,02 0,310 ± 0,022 157,4 ± 6,90 0,490 ± 0,128

P.I.= Índice de polidispersividade

5.8.5 Análises reológicas

O comportamento reológico das formulações foi avaliado utilizando a lei de potência.

Assim, depois de medir o comportamento reológico das formulações, observa-se que ambas as

formulações que contêm os extratos hidroalcoólicos das folhas e caules exibem um

comportamento newtoniano, ou seja, têm uma viscosidade ideal comportamento (Tabela 4.7).

Mostrou-se que a relação entre tensão de corte e a taxa de cisalhamento é linear. Isto significa

que, para uma dada temperatura, a viscosidade manteve-se constante durante a sua medição,

independentemente do tempo e o cisalhamento empregadas (CORRÊA et al., 2005).

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

109

TABELA 4.7 Parâmetros do comportamento reológico das nanoemulsões formuladas com extratos hidroalcoólicos

de caules e folhas de Vellozia squamata.

Nanoformulações

Índice de

fluxo

Índice de

consistência (cP)

Viscosidade Aparente

(cP)

Extrato caule 1,00 2,39 99,70

Extrato folha 1,00 2,39 99,70

cP = centi Poise.

CAPÍTULO 4

110

7 CONCLUSÃO

A caracterização farmacognóstica mostrou uma presença de várias classes químicas

presentes nos extratos hidroalcoólicos destacando-se os compostos fenólicos.

Através da avaliação da atividade antioxidante percebeu-se uma inibição significativa do

DPPH ●por ambos os extratos hidroalcoólicos de folhas e caules.

A alta capacidade de inibir o DPPH ● está relacionada com moléculas com grupos

fenólicosos como flavonóides, flavanonas e flavanonois os quais são capazes de

neutralizar os radicais livres

Ambos extractos hidroalcoólicos apresentaram no teste de dosagem de fenólicos totais

altas concentração de tais compostos.

O método de inversão de fase foi eficiente na preparação de nanoemulsões estáveis as

quais são adequadas para aplicação tópica destes extratos.

Mesmo sob a forma de nanoemulsão a atividade antioxidante dos extratos permaneceu a

mesma encontrada em sua solução, conclui-se então que o veículo não influencia nessa

atividade.

As nanoemulsões utilizando extratos hidroalcoólicos de folhas e caules de V. squamata

mostraram-se promissoras para o desenvolvimento de fitomedicamentos e cosméticos.

111

8 REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 4

REFERÊNCIAS

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113

CAPÍTULO 5

CONCLUSÃO GERAL

CAPÍTULO 5

CONCLUSÃO GERAL

114

1 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nesse estudo nos permitem concluir que o rendimento e a

constituição química dos OE de M. graveolens e M. leucadendron sofreram variações com a

época da coleta das espécies. Os OE mostraram-se agentes antimicrobianos em potencial. A

capacidade desses óleos em inibir o crescimento microbiano mostrou-se significativa contra

bactérias Gram-positivas. Já os extratos hidroalcoólicos de folhas e caules de V. squamata

apresentaram elevada capacidade antioxidante. Essa habilidade pode ser atribuida aos

constituintes fenólicos encontrados nos extratos. Mesmo sob a forma de nanoemulsão a

atividade antioxidante dos extratos permaneceu a mesma encontrada em sua solução. O

método de inversão de fase foi eficiente na preparação de nanoemulsões estáveis as quais são

adequadas para aplicação tópica dos óleos e extratos. Sendo assim, os resultados obtidos

apontam para a importância dos estudos de óleos essenciais e extratos vegetais de espécies da

flora brasileira visando a identificação de espécies promissoras, para utilização como insumos

e na obtenção de ativos para potenciais candidatos a novos fármacos.

115

CAPÍTULO 6

PERSPECTIVAS FUTURAS

CAPÍTULO 6

PERSPECTIVAS FUTURAS

116

1 PERSPECTIVAS FUTURAS

É necessario um estudo mais completo sobre a variação do rendimento e constituintes

químicos dos óleos essenciais de M. graveolens e M. leucadendron quando coletadas

em diferentes épocas do ano, locais e horários.

A avaliação da atividade antimicrobiana deve ser realizada com óleos essenciais em

diferentes épocas com intuito de avaliar a capacidade antimicrobiana ao longo do

tempo.