CAPÍTULO VI A presença de Deus. 1.O que vem a ser a presença de Deus? E um exercício da vida...

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CAPÍTULO VI A presença de Deus

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CAPÍTULO VI

A presença de Deus

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1.O que vem a ser a presença de Deus?

E um exercício da vida espiritual destinado a conservar-nos em contacto com Deus no meio das diversas ocupações do dia. É, de certo modo, uma oração mental prolongada pelo dia adiante. Como a oração mental, compõe-se de dois elementos: pensamento e afeto. Na realidade, trata-se de pensar em Deus e de conservar o coração orientado para Ele.

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2.º Qual é o principal elemento da presença de Deus

O elemento principal da presença de Deus não é, como muitos julgam, o pensamento, mas o afeto, tal como na oração mental; o pensamento serve para orientar o coração ou a vontade para Deus e assim, pela vontade, a alma une-se mais intimamente ao Senhor e dirige para Ele toda a sua atividade. Demais, é mais fácil conservar-se muito tempo em contacto com Deus por meio da vontade do que pela inteligência.

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3.º— Donde vem esta diferença?

A diferença entre a facilidade de aplicação da inteligência e da vontade deriva do facto de não ser praticamente possível pensar em Deus duma maneira contínua visto que muitas vezes as ocupações reclamam toda a nossa atenção, e de não termos a faculdade de pensar em duas coisas diferentes ao mesmo tempo.Por outro lado, mesmo que a inteligência esteja inteiramente ocupada no que estamos a fazer, o coração pode conservar-se orientado para Deus porque ainda que o trabalho por sua natureza nos distraísse, poderíamos sempre fazê-lo pelo Senhor, isto é, para cumprir a Sua vontade e para Lhe dar glória.

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4.° Como teremos mais facilmente o coração orientado para Deus?

Podemos fazê-lo alimentando o afeto por breves exercícios afetivos, como sejam as jaculatórias, as invocações piedosas, o oferecimento das nossas ações, o recurso à ajuda do céu, alguns pequenos colóquios com Deus nos quais Lhe manifestamos amor e confiança. Contudo, isto não nos será possível se o pensamento de Deus não se apresentar muitas vezes à nossa mente.

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5.° Haverá algum processo para recordar com frequência o pensamento

de Deus à nossa inteligência?

Para isso Irá diversos métodos. Ordinariamente distingue-se três formas do exercício da presença de Deus segundo os meios empregados para recordar este pensamento ao espírito. Assim, fala-se da presença de Deus externa, imaginativa e intelectual.

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6.° Em que consiste a prática «externa» da presença de Deus?

Consiste em servirmo-nos dum objeto exterior para pensar muitas vezes no Senhor. Um crucifixo que sempre trazemos connosco, pondo-o diante de nós durante o trabalho, beijando-o, venerando-o, manterá viva a lembrança de no Senhor Jesus Cristo fornecendo-nos a ocasião de Lhe falar afetuosamente. Do mesmo modo também a lembrança da presença eucarística na capela da casa onde vivemos e para a qual dirigimos incessantemente o pensamento pode ajudar-nos muito a ficar em contacto com Deus e a incitar-nos a conversar com Ele. O mesmo se diga das imagens piedosas, etc.

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7. Em que consiste a prática da presença de Deus «imaginativa»?

Esta prática consiste em figurarmo-nos na imaginação que o Senhor, a Virgem Santíssima ou algum Santo está perto de nós e nos acompanha por toda a parte; e procuramos então dirigir-Lhes breves palavras muito espontâneas ou qualquer dos diversos exercícios afetivos a que fizemos alusão mais atrás. Contudo nem todas as pessoas praticam com êxito este género de exercício da presença de Deus que exige uma imaginação viva e um completo domínio sobre esta faculdade.

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8.°Tal representação imaginativa não será menos verdadeira?

De modo algum, porque, se a Santa Humanidade de Cristo ou a Virgem ou os Santos não estão presentes a nós fisicamente, estão contudo moralmente presentes pelo facto de Nossa Senhora e os Santos nos verem na essência divina que contemplam, estando assim em relação connosco, e porque a Humanidade de Cristo exerce sobre nós uma influência mesmo fisicamente na comunicação da graça. Podemos muito bem representar em nós esta relação espiritual imaginando estar na companhia de Jesus e dos Santos.

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9º Podemos então fazer o exercício da presença de Deus, dirigindo-nos

aos santos?

Evidentemente; porque igualmente a memória da Virgem Santíssima e dos Santos ajuda a orientar o coração e os atos para o Senhor. Ora, nesta orientação da vontade acha-se o elemento mais essencial da presença de Deus.

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10º O que é a prática da presença de Deus «intelectual»?

A prática da presença de Deus intelectual é aquela pela qual nós recordamos ao espírito a lembrança de Deus por meio dum pensamento de fé. A alma pensa, por exemplo, na presença contínua da Santíssima Trindade dentro de si mesma e procura agradar aos Hóspedes divinos; ou então considera que os seus deveres são para ela a manifestação da vontade divina e une-se constantemente ao divino beneplácito; com a luz sobrenatural vê que todas as circunstâncias da sua vida estão reguladas pela Providência e repete ao Pai Celeste: Estou contente com tudo; ou ainda, sabendo que Deus sempre está olhando para ela, procura fazer todas as coisas da maneira que mais agrade aos olhares do Altíssimo, etc. ...

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11. Qual é a melhor maneira de fazer o exercício da presença de Deus?

A melhor maneira de fazer este exercício é a que convier melhor à nossa mentalidade e isto não se determina de antemão ou pelo raciocínio, mas pela experiência. Note-se no entanto que não devemos agarrar-nos a uma maneira exclusiva ou a uma determinada, mas podemos muito bem variá-la consoante as circunstancias. Contudo podemos dar preferência a uma Forma particular deste exercício escolhendo aquele que se nos mostrou mais útil. Portanto, aqui ainda, uma grande liberdade.

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12º O exercício da presença de Deus poderá unir-se às ações mais banais e mesmo àquelas que nos dão uma certa folga?

Sem dúvida alguma; acharemos neste exercício a maneira mais prática de santificar estas ações. Mesmo comendo podemos elevar o coração para Deus e em vez de nele procurar uma satisfação, aplicarmo-nos a tomar o alimento com uma santa indiferença tendo como fim o restaurar as forças para servir a Deus mais energicamente. S. Paulo ensinou: Quer comais ou bebais fazei tudo para glória de Deus. O mesmo devemos dizer dos nossos recreios que ofereceremos ao Senhor tendo em vista adquirir energias novas para depois gastar em Sua honra. O próprio repouso deve ser ordenado a este fim. Para isso façamos dele expresso oferecimento ao Senhor. Assim o exercício da presença de Deus permitir-nos-á viver durante todo o dia a nossa vida de amor a Deus.

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F I M

Obrigada pela vossa presença