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2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN Por: Magda Cinelli Trindade Orientadora: Prof.ª Flávia de Carvalho Cavalcanti da Silva Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO ALUNO COM

SÍNDROME DE DOWN

Por: Magda Cinelli Trindade

Orientadora:

Prof.ª Flávia de Carvalho Cavalcanti da Silva

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO ALUNO COM

SÍNDROME DE DOWN

Por: Magda Cinelli Trindade

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, principalmente, por dar-me

oportunidade de estar subindo mais um degrau em minha

carreira. A minha filha e grande amiga Flávia que não

mediu esforços, me apoiando em todos os momentos e

por ser a minha maior incentivadora para chegar até aqui.

Ao meu marido Nilson por entender a minha ausência e

aos meus amigos e colegas de turma pelo apoio.

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DEDICATÓRIA

É com muita alegria que dedico este trabalho aos meus

queridos alunos, especialmente ao Nilsinho e a Giselle

que me permitiram aprender muito com eles. A Guanaira

pelo apoio e informações que me orientaram neste

período.

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RESUMO

O objetivo primeiro deste trabalho monográfico é fornecer informações

que devem enaltecer a qualidade de vida das pessoas portadoras da Síndrome

de Down. As páginas que se seguem, é o resultado de uma pesquisa em livros

e materiais publicados na área. Objetivando enaltecer a importância da

educação especial para a formação e desenvolvimento das crianças portadoras

dessa síndrome. Preocupamo-nos também em incluir pontos que são

primordiais como a influência da estimulação precoce em relação à aquisição

da linguagem. A pesquisa aborda os problemas neurológicos, psicológicos,

anatômicos e pedagógicos, pois entende-se que a contribuição de várias

ciências proporcionará maior ajuda e compreensão para o desenvolvimento na

intenção de tornar os portadores da Síndrome de Down em cidadãos

participativos em nossa sociedade. A aprendizagem é um processo complexo

onde existem muitos conceitos e definições. Esse trabalho mostra uma

seqüência partindo da Educação Infantil descrevendo a relação entre o cérebro

e a linguagem. Necessário se faz, enfatizar o papel da família junto aos

profissionais, buscando a construção da linguagem e a formação geral, visando

os aspectos legais e sociais que circundam os portadores de necessidades

especiais.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, foi a

pesquisa bibliográfica.

Tendo como principal objetivo, o estudo e o trabalho direcionados a

criança com Síndrome de Down, sob a ótica de vários autores na atuação da

Psicopedagogia, na tentativa de amenizar a dificuldade de aprendizagem na

Síndrome de Down, fortalecendo a construção de seus conhecimentos e

consequentemente tornando-os capazes de conviver em sociedade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

SÍNDROME DE DOWN. O QUE ISSO SIGNIFICA ? 11

CAPÍTULO II

A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NA SOCIEDADE 22

CAPÍTULO III

COMO A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN APRENDE 25

CAPÍTULO IV

A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS

PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN NA FASE

DE ALFABETIZAÇÃO 35

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 43

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico objetiva a importância e motivação no

processo de aprendizagem dos portadores da Síndrome de Down, através de

um olhar diferenciado, buscando uma avaliação que mostre a criatividade,

desenvolvimento e melhor rendimento da criança portadora de necessidades

especiais.

O trabalho com essas crianças deve ser específico, observando suas

habilidades e preparando-a para a vida, no convívio do ambiente familiar e na

sociedade.

Para nos, profissionais da área de educação, podemos nos utilizar da

colaboração dos profissionais da saúde e de materiais lúdicos que propiciem

motivação e estímulo para a criança aprendente. No processo de

aprendizagem da criança portadora de deficiências é muito importante a

dedicação e a afetividade das pessoas relacionadas ao seu desenvolvimento.

O primeiro capítulo versa sobre o conceito da Síndrome de Down,

apresentando suas principais características, evidenciando as condições

neurológicas e as anomalias congênitas. Ressaltando a necessidade da

estimulação precoce para o melhor desempenho da criança.

Na intervenção precoce são descritos os estágios do desenvolvimento

sensório motor e social na pretensão de diminuir as limitações das crianças

com Síndrome de Down.

O segundo capítulo relata que o aprendizado não se dá somente na

escola e que numerosas experiências aguardam a criança em casa, e na

comunidade. O processo de aprendizagem é enriquecido quando os membros

da família, carinhosos e compreensivos, ajudam a criança com Síndrome de

Down a atingir seu potencial pleno.

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Como qualquer outra criança, a criança com Síndrome é um produto de

sua herança genética, sua cultura e seu ambiente, influenciada por pessoas e

eventos.

O terceiro capítulo trata da maneira que a criança com Síndrome de

Down aprende, levando em consideração as alterações decorrentes de lesões

cerebrais e desajustes funcionais do sistema nervoso, sendo assim, o processo

de desenvolvimento e crescimento acontecem de acordo com suas próprias

capacidades de maturação e desempenho. Desta forma, os portadores de

necessidades especiais começaram a ser inclusos no convívio da sociedade,

através da criação de escolas especializadas para o desenvolvimento da sua

aprendizagem.

E finalizando com o quarto capítulo, versamos sobre o desenvolvimento

das habilidades na vida diária. Lembrando que, para que exista a

aprendizagem precisa-se da integração dos profissionais na área da saúde,

educação e os familiares.

No processo de aprendizagem existem fases informativas, é através de

símbolos que a criança assimila e consegue se desenvolver espontaneamente.

Recebendo as atenções e cuidados que sua necessidade exige, a

criança portadora da Síndrome de Down terá a capacidade de se desenvolver,

podendo realizar várias atividades do cotidiano e conquistar, até mesmo, uma

formação profissional e ter também o seu espaço na sociedade.

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CAPÍTULO I

SÍNDROME DE DOWN. O QUE ISSO SIGNIFICA ?

Os estudos oficiais a respeito da Síndrome de Down surgiram por volta

do século XIX, e a cada dia novos estudos surgem com propostas inovadoras

sobre o assunto. No que tange a evolução desses estudos cabe ressaltar a

imagem que por muitos anos a sociedade impôs aos portadores da Síndrome

de Down.

Na cultura grega, especialmente em Esparta, os

indivíduos com deficiência não eram tolerados. A filosofia

grega justificava tais atos cometidos contra os deficientes

postulando que estas criaturas não eram humanas, mais

um tipo de monstro pertencente a outros espécies. (...) Na

Idade Média, os portadores de deficiências foram

considerados como produto da união entre uma mulher e

o Demônio. (Schwartzman, 1999, p. 3-4).

Em 1866 o cientista inglês John Langdon Down, contrariando as crenças

da época, fez uma observação interessante ao questionar por que algumas

crianças, mesmo filhas de pais europeus, apresentavam traços que lembravam

a população da raça mongólica, como a face achatada e larga, os olhos

oblíquos e o nariz pequeno, além de terem cabelos ralos e lisos, de cor marrom

e não negra como os mongóis.

O francês Seguin (1846) e o inglês Duncan (1866) também haviam

notado em alguns pacientes as característica da síndrome, entretanto, John

Langdon Down foi o primeiro a reconhecer e registrar que tratava-se de um

grupo distinto de pessoas. Embora erroneamente considerava a síndrome

como um doença, fez uma descrição física e clínica tão completa que é válida

até a atualidade.

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No século XX, mais precisamente em 1958, o cientista francês Jerone

Lejeune, através de diversos avanços no estudo dos comossomos humanos

percebeu que ao invés de terem 46 cromossomos por células, agrupados em

23 pares, tinham 47 cromossomos, ou seja, uma a mais. Ele identificou este

cromossomo extra justamente no par 21 que em vez de 2 passava a ter 3

cromossomos. Trata-se de um acidente genético que pode acontecer com

qualquer casal em qualquer idade.

A Síndrome de Down é um erro genético, ou seja, uma deformidade

cromossômica e por isso também é chamada Trissomia do 21, tendo como

uma das consequências um atraso mental, e em razão disso é classificada

como pertencente ao grupo de encefalopatias. Encefalopatias são

genericamente doenças localizadas no cérebro.

Esta causa pode ser chamada simplesmente de um acidente biológico.

O portador de Síndrome de Down tem um cromossomo extra nas células do

organismo, é esse cromossomo que produz as alterações no seu

desenvolvimento físico e mental.

Os cromossomos são pequeníssimas estruturas que possuem nossos

“fatores hereditários” ou genes, neles contêm as mensagens que irão ser

transmitidas a todas as células do nosso organismo onde cada uma terá sua

função.

Um bebê normal recebe 46 cromossomos de seus pais: 23

cromossomos vêm da mãe, através do óvulo e os outros 23 cromossomos que

farão par com os primeiros, vêm do pai, através do espermatozóide.

Quando o espermatozóide fertiliza o óvulo resulta uma célula chamada

zigoto, ou ovo fertilizado que contém 46 cromossomos, isto é, 23 pares. Esta

célula passa por um processo de divisões celulares. Esta célula divide-se em

duas células idênticas; estas se dividem em quatro; as quatro se transformam

em oito e assim por diante. Cada vez que uma célula se divide os

cromossomos devem também ser divididos. Cada nova célula recebe um

conjunto completo de quarenta e seis cromossomos onde cada um deles é

uma cópia idêntica aos cromossomos da célula original. A medida que as

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células se dividem elas se modificam e se organizam a fim de formar tecidos e

órgãos.

É na época da divisão celular, quando os cromossomos devem se dividir

corretamente, que surge o problema causador da Síndrome de Down.

O que acontece simplesmente é um erro na distribuição cromossômica.

Uma das duas novas células recebe um cromossomo número 21 extra, e as

outras células não. Todos os outros pares de cromossomos se distribuíram

corretamente, exceto o par 21. Esse erro de distribuição cromossômica pode

ocorrer em qualquer célula na época da sua divisão. A gravidade e as

conseqüências desse erro dependerão da época em que ele ocorre, pois todas

as células, derivadas em uma célula com Trissomia 21, isto é, com três

cromossomos do par 21 terão também Trissomia 21.

Quase todas as crianças portadoras da síndrome que tem a Trissomia

21 completa, isto é, três cromossomos 21 presentes em todas as células do

seu organismo. Se aquele erro já citado a não distribuição correta dos

cromossomos, ocorre em relação ao cromossomo 21 e ambos vão para uma

célula, o óvulo ou espermatozóide carregará um cromossomo 21 extra. Quando

essa célula se encontra com a do outro genitor o ovo fertilizado terá três

cromossomos número 21 e portanto o bebê concebido terá a Síndrome de

Down.

Estudos recentes, com poliformismo de DNA

(seqüência de DNA, produzidas, por enzimas de restrição

e que passam de uma geração a outra) do cromossomo

estabelecem que aproximadamente 95% dos casos

resultados de não-disjunção na meiose materna. Destes

76% a 80% são erros no processo da meiose. Assim a

não-disjunção da meiose materna é responsável por 67%

a 73% de todos os casos de Trissomia 21 livre.

(Antonoraskis; Sherman, apud, Shieartzman, 1999, p. 38)

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Estas alterações genéticas interferem em todo o desenvolvimento e

maturação do organismo, conferindo características especiais ao portador da

Síndrome de Down e alterando sua capacidade de cognição.

Em geral o portador da síndrome é calmo, afetivo, bem humorado e com

prejuízos intelectuais, porém, este comportamento pode sofrer variações

apresentando distúrbios e desordens de conduta. É necessário ressaltar que

além do potencial genético, as características culturais influenciam o

comportamento.

1.1 – Características da Síndrome de Down

Segundo Schwartzman (1999), “a Síndrome de Down é marcada por

muitas alterações orgânicas associadas e podem ter caráter anatômico,

neurológico e fisiológico”.

Há alterações orgânicas que acompanham esta síndrome e podem ser

observadas nos neonatos, algumas das quais podem representar ameaça à

vida, exigindo correção imediata. Entretanto, muitos portadores da Síndrome

de Down poderão apresentar um perfeito estado de saúde.

Logo após o nascimento, a criança com Síndrome de Down apresenta

algumas alterações fisiológicas como: longo período de sonolência, dificuldade

para despertar, deficiência na sucção e deglutição, porém, esses problemas

vão se normalizando com o desenvolvimento da criança ao longo do tempo.

A criança com Síndrome de Down é pouco ativa, o que é chamado de

hipotonia. A hipotonia diminui com o tempo e a criança vai conquistando,

embora mais tarde que as outras, as diversas etapas do desenvolvimento

como: sustentar a cabeça, virar-se na cama, engatinhar, andar e falar.

De acordo com Schwartzman (1999), “a Síndrome de Down é

caracterizada por diversas alterações orgânicas combinadas, podem ser de

caráter anatômico, neurológico e fisiológico.”

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O portador da Síndrome de Down pode apresentar cardiopatias, prega

palmar única, baixa estatura, atresia duodenal, comprimento reduzido do fêmur

e úmero, bexiga pequena e hiperecongenica, ventriculomegalia cerebral,

hidronefrose e dismorfismo da face e ombros. Além de branquicefalia, fissura

palpebrais, hipoplasia da região mediana da face, diâmetro fronto-occipital

reduzida, pescoço curto, língua protusa e hipotônica e distância aumentada

entre o primeiro, o segundo dedo dos pés, crânio achatado, mais largo e

comprido: narinas normalmente arrebitadas por falta de desenvolvimentos dos

ossos nasais; quinto dedo da mão muito curto, curvado para dentro e formado

com apenas uma articulação; mãos curtas; ouvidos simplificado; lóbulo

auricular aderente e coração anormal.

O sistema nervoso da criança portadora da Síndrome de Down

apresenta anomalias estruturais e funcionais, que resultam em disfunções

neurológicas variando quanto à manifestação e intensidade. Podem tais

alterações serem identificadas ainda no estágio fetal.

Existem outros sinais físicos mas variam de criança para criança.

O aspecto das crianças em geral é bastante típico. Há um certo número

de características que se encontram em variadas combinações, sendo que os

diversos portadores da síndrome apresentam um número maior ou menor de

sinais, sem que se possa estabelecer qualquer relação entre os números de

sinais e o grau de desenvolvimento que a criança alcançará.

1.1.1 – Neurologicamente

O dado mais importante é a desaceleração no desenvolvimento do

sistema nervoso central. O cérebro é reduzido de volume e peso. É provável

que as anomalias de determinada área do cérebro sejam responsáveis pela

hipotonia (moleza dos músculos). Devido a diferença anatômica encontrada no

cérebro pode-se relacionar o lento desenvolvimento da fala.

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O crânio além de achatado na parte posterior, pode também apresentar

retardo no fechamento das fontinelas (moleiras).

Na boca, dentes pequenos com formas análogas e erupção tardia, as

vezes faltando alguns. A língua é sulcada, palato (céu da boca) elevado em

forma de ogiva. A língua pode ser grande e mantida para fora da boca.

Nos olhos, prega epicantal (no canto dos olhos) e formato oblíquo da

fenda palpebral.

Nas mãos, forma grossa e curta, dedo mínimo arqueado e prega palmar

única.

Os pés, também são bastante típicos, em virtude do grande afastamento

do primeiro dedo, lembrando o que se passa com o polegar e indicador da mão

normal.

1.1.2 – Anomalias Congênitas

Conforme já citado anteriormente, os portadores da Síndrome de Down

diferem muito com relação a presença e grau de seus problemas de saúde.

Muitos órgãos do corpo podem estar prejudicados e os crianças com Síndrome

de Down apresentam mais problemas de saúde do que as outras sem esta

desordem cromossômica. Tais como: cataratas congênitas, anomalias do trato

gastrointestinal, doenças do coração e poderão também apresentar problemas

da infância como: infecções, problemas nos aspectos nutricionais, doença das

gengivas, desordens convulsivas, apneia do sono, distúrbios visuais, déficits

auditivos, disfunção da glândula tireóide e anormalidades esqueléticas. Na

adolescência e vida adulta poderão apresentar: desordens psiquiátricas e

doença de Alzheimer.

Os portadores da Síndrome de Down podem exibir numerosos

problemas de saúde e em freqüência mais alta do que ocorre em pessoas sem

essa desordem. Entretanto, muitas crianças com a Síndrome de Down não

apresentam nenhuma destas condições e se encontram em perfeito estado de

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saúde. De qualquer modo, é importante que o portador da Síndrome de Down

seja examinado regularmente por seu médico e dentista. Se forem

providenciados os serviços médicos necessários a promover seu bem-estar em

todas as áreas do desempenho humano, a qualidade de vida dos portadores

desta síndrome será enriquecida e sua contribuição para a sociedade será

significativa.

1.2 – Estimulação Precoce

As crianças geralmente nascem com tudo que é necessário para a sua

satisfação, ao menos durante o primeiro estágio da vida. É característico dos

recém-nascidos o sono profundo, principalmente após uma refeição

satisfatória. Quando acordados, são enriquecidos pelos estímulos sonoros e

visuais, enquanto ficam aconchegados no colo, sendo ninados e alimentados.

Também gastam muita energia movimentando braços, pernas e tronco,

atividades prazerosas ao bebê, e que também provocam um aumento de

atenção dos pais ou outros responsáveis pelo seu cuidado. Crianças “normais”

saudáveis demonstram um senso de bem-estar e felicidade por meio dos

gorjeios, chutes e risadas. Seus pais, por sua vez, respondem com expressões

de amor, interesse e uma variedade de experiências estimulantes.

Pais de crianças com deficiência física ou mental, podem, inicialmente,

encontrar maior dificuldade em responder espontaneamente de maneira

semelhante. Talvez necessitem de ajuda para compreender os progressos

mais lentos da criança nas suas várias respostas motoras e sociais. A falta de

habilidade de sugar do bebê pode ser interpretada como uma rejeição a ela, ao

invés de atribuí-la a uma fraqueza dos músculos necessários para sugar ou

deglutir. Da mesma forma, por não se saber que os movimentos um pouco

menos vigorosos do músculo do tronco, pernas e braços podem ser explicados,

provavelmente, como fraqueza muscular e tônus muscular reduzido. Devemos

lembrar que a criança com fraqueza muscular tem que trabalhar muito para

conseguir um resultado atingido com pouco esforço por uma criança “normal”.

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Além disso, os estímulos sensoriais, como a voz, o toque e a cor têm que ser

mais intensos para ter o impacto apropriado no bebê com Síndrome de Down.

1.2.1 – Intervenção Precoce

A aprendizagem de tais atividades na criança com Síndrome de Down

exige uma boa parcela de prática e experiência, paciência e treinamento. Esta

criança tem que ultrapassar um grande número de obstáculos que

desaceleram o ritmo de sua aquisição de habilidades motoras. Devido ao

processamento mais lento de informações, pode demorar mais para se obter

sinais de curiosidade e iniciativa na criança com Síndrome de Down.

Entretanto, com ajuda adequada, a aprendizagem ocorre, de fato, embora em

ritmo mais lento. Na verdade, o processo de aprendizagem é contínuo, tendo

início já a partir do nascimento.

Com o aprimoramento do desempenho aumentam as sensações de

prazer, satisfação e realização do aprendiz. Quanto maior a facilidade com que

se realiza a tarefa, maior a eficiência. Para a criança com Síndrome de Down, é

importante vivenciar desde muito cedo o maior número possível de padrões de

movimentos prazerosos e eficientes. Estes serão essenciais para o

desenvolvimento de habilidades mais complexas no futuro.

Segundo Elizabeth Zausmer (1995, p. 127):

É essencial auxiliar a criança com síndrome de

Down, desde muito cedo, a desenvolver os interesses e

habilidades necessários para a realização de uma

variedade de atividades físicas e recreacionais, como

jogar bola, nadar e acompanhar ritmos com o movimento.

A alegria e satisfação derivadas do uso efetivo do corpo

contribuirão no sentido de tornar as experiências de vida

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da criança mais recompensadoras. (ZAUSMER;

Elizabeth, apud, PEUSCHEL, 1995, p. 127)

1.3 – Estágios do Desenvolvimento Sensório-motor e Social

São vários os estágios de desenvolvimento da criança com Síndrome de

Down, apresentaremos alguns dos fatores envolvidos no fornecimento de

experiências sensório-motoras e de outras aprendizagens no intuito de ajudar a

criança a atingir níveis mais elevados de desempenho e competência que são:

posicionando e carregando o bebê; estimulação tátil; exploração oral;

estimulação visual e estimulação auditiva.

1.3.1 – Como se pode diminuir as limitações das crianças com

Síndrome de Down ?

A maioria dos profissionais acredita que a estimulação precoce ajuda o

desenvolvimento da criança.

Os pais podem auxiliar muito a criança, brincando sempre com ela,

mantendo-a em atividade, permitindo que ela tenha muitos estímulos visuais

táteis e auditivos, como por exemplo, com brinquedos e objetos de material,

som e cor diferentes. Exercícios físicos específicos poderão auxiliar o

amadurecimento neurológico. A convivência com outras crianças e a

participação na vida social da família auxiliarão seu desenvolvimento

emocional.

Alguns profissionais estão capacitados para trabalhar com esse tipo de

estimulação precoce para as crianças com Síndrome de Down, e poderão

orientar nos exercícios específicos.

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1.3.2 – Atuação dos profissionais na estimulação precoce

O trabalho realizado no setor de estimulação precoce, é dado

inicialmente através de uma avaliação conjunta com a equipe de técnicos.

Fazem parte desta equipe: fisioterapeuta; fonoaudiólogo; pedagogo;

psicólogo e terapeuta ocupacional.

O Fisioterapeuta realiza atividades estimulando e desenvolvendo as

etapas motoras, tendo como meta a normalização do tônus muscular. Fazendo

exercícios objetivando rolar, arrastar, engatinhar e andar. É fornecido aos

responsáveis uma orientação para que os exercícios sejam realizados também

em casa.

O Fonoaudiólogo estimula a fala e a linguagem da criança, criando uma

linguagem interior, despertando-a para o mundo que a rodeia.

É importante que nos primeiros anos de vida a mãe que é figura muito

importante no tratamento, estimule a criança conversando muito, sorrindo,

mostrando seu rosto para a criança, fazendo com que se sinta amada.

A aquisição da fala na criança portadora de Síndrome de Down, é um

processo que requer muita paciência e cooperação dos pais no sentido de

incentivar o balbucio que é o início de um longo caminho a percorrer; cantando,

contando estórias e conversando muito, sempre articulando bem as palavras.

O Pedagogo trabalha com a percepção da criança, ou seja, fazer com

que a criança esteja concentrada e atenta ao que faz. No entanto, quanto mais

a criança estiver usando o seu raciocínio, mais ela estará despertando para a

sua criatividade e fantasia. Mas para isso, é necessário também que o

ambiente familiar esteja estimulando através de observações e participação no

desenvolvimento da criança.

É necessário e importante a escola, pois a criança estará em convívio

com outras crianças desenvolvendo a cooperatividade, disciplina, ordem,

pontualidade, zelo com os materiais, respeito e limite. A criança precisa ser

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estimulada em todos os sentidos, pois tudo que está a sua volta desperta

interesse e satisfação em aprender.

O Psicólogo tem como objetivo dar assistência psicológica aos pais,

visando trabalhar a relação na família com a criança, tendo como continuidade

a integração da criança com o meio.

Para que isso possa ocorrer, faz-se necessário um trabalho informativo,

esclarecendo sobre a problemática da criança, tentando mostrar que apesar da

generalidade da Síndrome de Down cada criança possui características

individuais que dizem respeito a sua própria personalidade. E trabalhando

também, a necessidade desta criança ter seu espaço de criança e não de

“doente”.

O Terapeuta Ocupacional trabalha na estimulação precoce e

desenvolvimento das funções sensoriais, perceptivas, cognitivas e motoras,

com o objetivo maior de independência nos seus movimentos e coordenação,

possibilitando assim maior desempenho nas atividades de vida diária, como por

exemplo, comer, vestir, tirar e colocar os sapatos, brincar e etc.

As atividades realizadas devem ser pré analisadas e específicas para

cada criança, vendo o indivíduo como um todo.

Junto ao trabalho terapêutico ocupacional e da equipe é necessário a

participação e esforço dos pais para que tenha continuidade no lar todo

trabalho realizado pelo profissional.

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CAPÍTULO II

A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NA

SOCIEDADE

O ambiente familiar é uma fonte natural de estimulação, é neste meio

que a criança passa maior parte do seu tempo.

Nos primeiros tempos da vida o contato com a mãe é naturalmente

maior do que o contato com o pai, é a mãe que verifica o quanto as respostas

do bebê são valiosas para mostrar os caminhos de suas solicitações. Estas

solicitações não devem ser precipitadas a ponto de “queimar etapas” do

desenvolvimento, pois apressar demasiadamente a evolução da criança de

nada adianta.

É importante que os familiares colaborem participando na estimulação

do desenvolvimento afetivo e social da criança.

É fator de grande interesse ser lembrado pelos responsáveis, a questão

da participação da criança nas atividades sociais. É através dos responsáveis

que os preconceitos poderão ter a possibilidade de serem quebrados.

O processo de aprendizagem é enriquecido quando os membros da

família, carinhosos e compreensivos, ajudam a criança com Síndrome de Down

a atingir seu potencial pleno.

No convívio dos familiares, a criança com Síndrome de Down pode

beneficiar-se de uma variedade de atividades para o desenvolvimento. Muito

pode ser realizado, especialmente, na área de desenvolvimento da linguagem.

A forma com que os familiares falam com a criança, explicando as atividades e

eventos ou lendo histórias para elas, estimulará, sem dúvida, as habilidades de

comunicação.

Na área dos cuidados pessoais, muito se aprende ao vestir e tirar a

roupa.

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Devemos ouvir as vontades e desejos da criança quando compramos

suas roupas. As crianças muitas vezes desenvolvem um sentido de orgulho

quando podem escolher suas próprias roupas e arrumar-se. Ao perceberem

que são observadas também se orgulham de sua aparência e de como se

vestem.

As crianças também necessitam ser instruídas na higiene pessoal de

escovar diariamente os dentes, lavar as mãos, pentear ou escovar os cabelos e

limpar os seus sapatos. As crianças com Síndrome de Down são melhores

aceitas na sociedade quando agem de acordo com os padrões gerais de

higiene, quando usam cortes de cabelo apropriados e se vestem com

propriedade.

Como qualquer criança, precisam de amor, atenção e aceitação.

O bem estar emocional é da maior importância no desenvolvimento de

qualquer criança, ainda mais no caso da criança com Síndrome de Down.

Os pais podem ter uma influência definitiva no desenvolvimento da

independência da criança com Síndrome de Down. A busca da autoconfiança é

um aspecto primordial do processo de maturação da criança com Síndrome de

Down. É importante o desenvolvimento de sua auto-estima, e que a criança se

sinta satisfeita e realizada quando consegue fazer algo sozinha.

Insta ressaltar que a disciplina seja aplicada carinhosa e

consistentemente tanto em casa como na escola, para que a criança

compreenda que os dois ambientes têm os mesmos padrões. O

comportamento social da criança é importante na determinação de suas

chances na vida. A conduta social apropriada está diretamente relacionada

com a aceitação do indivíduo na sociedade e com seu futuro sucesso

vocacional. Assim, as crianças aprendem a ter responsabilidades e

desenvolvem um senso de ordem quando os limites são estabelecidos e

quando existem padrões.

Para viver em sociedade as crianças com Síndrome de Down tem que

atingir um certo nível de competência na vivência social. Devem aprender a

comportar-se no mundo exterior e relacionar-se com as pessoas, quer no

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restaurante, no parque, no museu ou na quadra de esportes. Devem aprender

a respeitar os direitos e a propriedade dos outros e a tolerar o comportamento

dos outros na família, no bairro e na comunidade. Quando sabem comportar-se

em sociedade, outros irão sentir-se confortáveis relacionando-se com elas. As

crianças com Síndrome de Down geralmente não tem dificuldade de relacionar-

se com as pessoas de maneira amiga e espontânea. Às vezes, porém, podem

ser cordiais em demasia. Ensinar à criança com Síndrome de Down os

comportamentos sociais apropriados, inclusive “não falar com pessoas

estranhas”, tornará sua vida mais agradável, favorecendo sua aceitação na

sociedade.

“A qualidade de estimulação no lar e a interação dos pais com a criança

se associam ao desenvolvimento e aprendizagem de crianças com deficiência

mental.” (CRAWLEY; SPYKER, 1983).

Sendo assim a socialização é um aspecto importante da vida das

crianças, que também devem aprender a ficar sozinhas certas horas,

entretendo-se. Os momentos de silêncio também representam períodos de

crescimento. Nestas ocasiões as crianças podem assimilar idéias adquiridas e

também realizar algo por si. As crianças devem ter brinquedos e materiais

apropriados, para que estes períodos tranqüilos não se tornem chatos ou

levem a comportamentos de auto-estimulação. Todos necessitamos de tempo

para nós mesmos e as crianças com Síndrome de Down não são exceção.

Devemos respeitar o seu desejo de estar a sós e não interpretar isso como

comportamento anti-social ou de fuga.

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CAPÍTULO III

COMO A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

APRENDE

A criança portadora da Síndrome de Down possui a idade cronológica

diferente da idade funcional, por tal motivo, não deve-se esperar respostas

idênticas à das crianças que não apresentam alterações de aprendizagem.

Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes funcionais do sistema

nervoso.

O fato da criança não ter desenvolvido uma

habilidade ou demonstrar conduta imatura em

determinada idade, comparativa a outras com idênticas

condições genéticas, não significa impedimento para

adquiri-las mais tarde, pois é possível que madure

lentamente. (Shwartzman, 1999, p. 253).

No final do séculos XX, diversos países criaram instituições específicas

para tratamento dos portadores de deficiência mental. Entretanto, tais

instituições objetivavam especificamente em dar-lhes um atendimento eficaz

sob a ótica médica e sanitária, acabava não se preocupando em proporcionar

um atendimento psicológico e pedagógico adequado, não atingindo assim o

resultado esperado.

Além disso, acabava afastando os deficientes de suas famílias não

tendo assim condições de proporcionar aos portadores de deficiência mental o

que eles mais precisavam, ou seja, o desenvolvimento sensório-motor-afetivo-

cognitivo individualizado que lhes facilitasse a integração à sociedade.

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Toda criança deficiente mental pode aprender. A aprendizagem é

baseada em avaliações específicas individualizadas e em programações

curriculares na base dos princípios científicos do desenvolvimento.

Educacional e socialmente é necessário acreditar nas possibilidades dos

deficientes mentais. Não devemos excluí-los das ações socais do dia a dia. A

lei não pode perpetuar a sua situação humilhante.

Da infância a adolescência é de fundamental importância a educação do

portador da Síndrome de Down, visando prepará-lo para ser bem-sucedido na

vida adulta. A boa educação oferece uma combinação de habilidades básicas e

especializadas. Para proporcionar tais condições de educação para os

portadores de Síndrome de Down, os educadores necessitam conhecer as

dificuldades e problemas que eles enfrentam.

Vygotsky (1997), afirma que a forma de atividade intelectual, verbal e

motriz entre a criança “normal” e a criança com atraso mental, é peculiar e

qualitativa. Para ele, ambas possuem a mesma base de desenvolvimento.

Portanto, o atraso não necessariamente afeta na mesma medida, todas as

funções e muito menos a todas as crianças igualmente.

De acordo com a Psicologia Cognitiva, os problemas observados no

indivíduo com atraso mental refere-se a deficiência de metacognição que

corresponde, ao conhecimento do próprio funcionamento cognitivo e

capacidade de planejar as próprias atividades bem como o controle de sua

execução e avaliação de seus resultados. Ela é considerada por Mantoan

FERSTEIN, 1978; STERNBERG, 1983; BORKOWSKI, PRESSLEY, 1987;

WHITMAN, 1987; SCHARNHORST e BUCHEL, 1990, o elemento central das

limitações na adaptação e na autonomia das pessoas.

A memória de trabalho, elemento articulador de metacognição, nas

pessoas com atraso mental é limitada e concorre para a deficiência.

Decorrente da ausência de metacognição, podemos observar:

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- Dificuldade de manejo e controle dos processos cognitivos e planos de

controle.

- Inibições nos processos de transferência e generalização da aprendizagem

de determinadas tarefas ou situações. O fato dos portadores de déficits

intelectuais demonstrarem muito pouca habilidade na generalização das

aprendizagens, levou os pesquisadores Scharnhorst e Bruchel a levantar a

hipótese de que “a deficiência mental não repousa no déficit estrutural, mas

sobre uma capacidade funcional da inteligência” (MONTOAN, 1997, p.113-

114).

- Falta de flexibilidade nas situações de aprendizagem que ocorrem por meio

de estratégias simples. A otimização das estratégias que leva ao aprender a

aprender, lhes é difícil.

Segundo os autores Martins e Marchesi:

... um grande número de investigações, comprovou

que os programas de intervenção centrados em favorecer

o desenvolvimento metacognitivos, facilitam a

aprendizagem dos alunos e a transferência do aprendido.

(MARTINS; MARCHESI; 1985, p. 27)

De acordo com tais autores, estes alunos poderiam progredir melhor se

fossem trabalhados na segunda dimensão do conceito, ou seja, nas atividades

de controle executor. Estas abrangeriam o planejamento das atividades

cognitivas, o controle do processo intelectual e avaliação dos resultados. Os

indivíduos com atraso, entretanto, caracterizam-se, por não apresentarem um

processo espontâneo para essa dimensão. Ao resolverem uma tarefa, além de

dificuldade em produzir a estratégia, mostram-se pouco capacitados para

utilizá-la, mesmo que essa estratégia lhes tenha sido dada. É preciso que lhes

sejam dadas instruções bem orientadas, passo a passo. A aprendizagem que

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resulta dessa intervenção, pode não levar à generalização, devido à falta de

flexibilidade característica do indivíduo. Alguns autores citados por Mártin e

Marchesi (1995, p.32), como Campione, Brown e Ferrara (1985), não

consideram a estratégia como aprendida, se o que foi aprendido não puder ser

transferido.

Borkowski e Cavanaugh (1979), apontam causas da dificuldade de

generalização do indivíduo com atraso.

- dificuldade no próprio aprendizado da estratégia;

- dificuldade em manter a aprendizagem, o que impede a generalização;

- falta de acoplamento entre a tarefa de aprendizagem e a tarefa de

generalização;

- falha na seleção e prática da estratégia apropriada;

- rigidez na adaptação da aprendizagem à nova situação;

3.1 – A conduta cognitiva do Down

Uma abordagem sobre a problemática de deficiência mental na qual se

inclui a grande maioria das pessoas com Síndrome de Down, não esgota o

panorama da educação da criança com essa síndrome. Sabe-se que seu

desenvolvimento cognitivos é não apenas mais lento, mas esse processa de

forma diferente.

Segundo Flórez “dadas às diferenças no sistema nervoso da pessoas

com Síndrome de Down, a conduta cognitiva apresenta-se também alterada”:

(FLÓREZ; 1997, p. 49)

1- Em relação à atenção e iniciativa, apresentam:

- tendência à distração;

- escassa diferenciação entre estímulos antigos e novos;

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- dificuldade para manter a atenção e continuar com uma tarefa específica;

- menor capacidade para auto-inibir-se e ainda, menor iniciativa para intervir.

2- Quando à memória à curto prazo e processamento da informação,

demonstram:

- dificuldade para processar formas específicas de informação sensorial,

processá-la e organizá-la como respostas.

3- No que se refere à memória à longo prazo, há:

- diminuição da capacidade de consolidar e recuperar a memória;

- redução nos tipos de memória declarativas.

4- Tratando-se de correlação de análise, observam-se:

- dificuldades para integrar e interpretar a informação;

-organizar uma integração seqüencial nova e deliberada;

- realizar uma conceitualização e programação internas;

- conseguir operações cognitivas seqüenciais;

- elaborar pensamentos abstrato;

- elaborar operações numéricas;

O comprometimento sensorial auditivo, os aspectos inerentes à

deficiência mental, a dificuldade de memorização e a hipotonicidade também

conspiram contra o favorável desenvolvimento cognitivos da pessoa com

Síndrome de Down. Porém, não se pode desanimar diante desse quadro, pois

como foi dito anteriormente, a extensão e a profundidade do problema variam

de pessoa para pessoa e, além disso, existe a possibilidade de uma reação

cognitiva para contra balancear as desvantagens perante uma estrutura

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cerebral ativa e dinâmica e a condições satisfatórias que o meio venha a

oferecer.

A pessoa com Síndrome de Down, tem uma anomalia que se constitui

na redução do tamanho do hipocampo e diminuição de neurônios no córtex da

área para-hipocampal. Assim sendo, fica prejudicada a “relação da informação

e sua integração como base de aquisição de conhecimentos” (FLÓREZ, p. 54)

que forma o pensamento abstrato. Essas alterações variam em intensidade de

pessoa para pessoa. Os indivíduos com Síndrome de Down, entretanto podem

desenvolver com mais sucesso o outro tipo de memória à longo prazo –

memória de procedimentos – que são dependentes do hipocampo, prestando-

se à aquisição de técnicas e habilidades.

3.2 - A Educação inclusiva do portador da Síndrome de Down

A educação inclusiva teve início nos Estados Unidos em 1975, com a Lei

Pública 94.142, assim, o termo, na década de oitenta, começou a ser difundido

mundialmente a partir de algumas experiências de inserção social de pessoas

com deficiências. Em termos formais que a Organização das Nações Unidades

(ONU), estabeleceu na Assembléia Geral de 1990, a meta de concluir até o

ano de 2010 o processo de construção de uma “sociedade para todos”.

No Brasil, na década de setenta, com o crescimento da rede privada de

ensino especial, foi acompanhado pelas redes públicas, com a criação de

classes e escolas especiais para portadores de deficiências mentais, não

passou de uma estratégia de integração, pois o que se pretendia, segundo

Carneiro (1997) era:

acomodar problemas de aprendizagem e comportamento

das classes regulares do que para integrar à escola,

crianças portadoras de deficiências. Na prática esses

alunos (além de outros que antes eram clientela de

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classes regulares) passaram a ser agregados dentro das

escolas regulares.

Esta proposta de integração baseava-se no modelo médico de

deficiência, que tem como proposta modificar (habilitar, reabilitar, educar) a

pessoa com deficiência para torná-la apta a satisfazer os padrões aceitos no

meio social (familiar, escolar, profissional, recreativo, ambiental).

Na década de oitenta, começa a ser construída a proposta inclusiva, que

segue um modelo social da deficiência, no qual, de acordo com Sassaki (1997),

deve-se:

modificar a sociedade (escola, empresas, programas,

serviços, ambientes físicos, etc) de modo a acolher todas

as pessoas que, uma vez incluídas na sociedade

modificada, poderão ser atendidas suas necessidades,

comuns e especiais.

Em 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.º

9294/96), nos artigos 58, 59 e 60 oficializa a educação essencial,

acompanhando as tendências mundiais sobre as necessidades educativas

especiais, passando a ser oferecida aos portadores de necessidades da rede

regular de ensino público. Pois, como mencionado acima, a maioria das

crianças portadoras de necessidades educativas especiais, e somente uns

poucos freqüentavam a rede pública regular e apenas algumas delas

prosseguem suas escolarizações em escolas ou classes especiais.

E até hoje a questão referente à educação especial tem sido muito

discutida no país, vem sendo sempre tema de debates, de críticas e reflexões e

Maria Carneiro (1997) em seus relatos diz que:

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Ouvindo pais, professores e alunos com necessidades

educativas especiais. Apesar da barreira legal ter sido

rompida, o direito à matrícula não garante o cumprimento

do direito à educação, previsto na Constituição Federal.

Um grande número de ‘alunos especiais’ inseridos na

escola regular continuam segregados dentro da própria

escola.

3.3 – A escola inclusiva

Atualmente é mais comum encontrarmos crianças portadoras da

Síndrome de Down em classes regulares visto que a escola para elas é muito

importante, contribuindo para o desenvolvimento da linguagem e das atividades

da vida diária.

Esse aprendizado se dá de maneira informal e os resultados têm sido

excelentes. Contudo, essas mesmas instituições educacionais, apresentam em

seus alicerces uma prática pedagógica tradicional com padrões pré-

estabelecidos, não apresentando nenhum tipo de projeto para os portadores de

necessidades especiais. Assim sendo, a educação inclusiva fica restrita a um

trabalho ligado apenas à socialização.

Esta visão que as crianças portadoras da Síndrome de Down estão “a

quem” enquanto os outros estão “além”, precisa ser mudada. Mas para que

isso ocorra é necessário que os profissionais da educação sejam qualificados,

pois a cegueira da ignorância traz à realidade um contexto adoecido pelo pré-

conceito.

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3.4 – Inclusão ou exclusão ?

Na realidade, estamos diante de uma escola que vem sendo um espaço

de exclusão, onde todos aqueles que não se enquadram dentro do padrão de

aluno “normal” é levado ao fracasso escolar. Então, como efetivar uma

proposta inclusivista, em uma escola que não sabe trabalhar com a

diversidade? Por exemplo, como vamos colocar um aluno surdo, que não tem

domínio do português oral, assistindo uma aula de história sobre o

mercantilismo? Como vamos colocar uma criança com Síndrome de Down em

uma classe de 40 alunos com uma professora mal remunerada e sem

capacitação, que mal dá conta dos problemas de aprendizagem e de

disciplinas de seus alunos “normais”? Qual será o atendimento acadêmico e

cognitivo desses alunos ?. Cabendo assim o questionamento, será que isto de

fato não acaba gerando mais uma forma de exclusão?

Fica clara a importância da proposta de inclusão dos portadores de

necessidades especiais na sociedade, pois alguns anos atrás estes indivíduos

eram totalmente ignorados, nada representavam para a sociedade e a partir de

propostas, surgem discussões, questionamentos, críticas e reflexões em torno

do tema, o que acaba contribuindo para que não fiquem no “anonimato”, pois

todos têm o direito de ter uma vida digna correta, e, acima de tudo, uma

educação que lhe fornece alicerce para a vida e, consequentemente, “abra”

caminhos diversos a serem percorridos.

Portanto não há crítica a proposta de inclusão de alunos portadores de

necessidades especiais em escolas ditas “normais”, pois acredita-se que não

só eles, como todos os cidadãos têm o direito e a oportunidade de participação

na sociedade.

O que destaca-se na verdade, é o caráter “democrático” de nossa escola

em geral, ou seja, não é crítica o que se pretende fazer, como é exigido na Lei

de Diretizes e Base na Educação Nacional e na Constituição (a garantia de

acesso, permanência e qualidade da educação), mas sim o que se tem feito.

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Em resumo, apesar de tantas mudanças com relação à Educação, os

professores não estão aptos a trabalhar com essas necessidades especiais.

Falta-lhes um aprofundamento ou profissionais que estejam presentes no dia a

dia escolar, pois na hora que a professora precisa de ajuda não tem.

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CAPÍTULO IV

A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS

PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN NA FASE DE

ALFABETIZAÇÃO

A criança portadora da Síndrome de Down apresenta respostas quanto a

aprendizagem de forma diferenciada das demais crianças, ou seja, aquelas

que não apresentam esta síndrome ou outras alterações de aprendizagem,

possuem idade cronológica diferente da idade funcional.

Diz Schwartzaman:

o fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade

ou demonstrar conduta imatura em determinada idade,

comparativamente a outras com idêntica condição

genética, não significa impedimento para adquiri-la mais

tarde, pois é impossível que ela madure lentamente.

(SCHWARTZMAN 1999).

Para que exista a aprendizagem precisa-se de uma integração dos

processos neurológicos e da evolução de funções como: esquema corporal,

orientação temporo-espacial, lateralidade, percepção e linguagem.

Devido ao processo de aprendizagem que o organismo ganha a

capacidade de respostas de executar novas tarefas o que pode se aprender a

resolver adequadamente algumas situações, pois as experiências adquiridas

ao responder a situações, levando a uma modificação de momento e a

estabilidade da conduta.

No processo de aprendizado existem fases precisas no que fiz respeito a

sua fase informativa como: percepção, sensação e memória.

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A percepção é a organização de uma estrutura responsável pela

conservação e por completar, corrigir os dados sensoriais, por isso é chamada

a atenção.

A sensação é processada através de aquisições do mundo exterior,

devido as vias nervosas como: na audição os portadores da Síndrome de

Down não têm a compreensão nem a capacidade de distinguir muito bem o

que ouvem,o fato ocorre devido a seletividade auditiva originando várias

dificuldades,resultando no reconhecimento e na elaboração dificultosa que

surgem do som ou da mensagem.Na visão,ocorre o estrabismo e outros

problemas.No tato,há uma inexistência da consciência e da sensação,do que é

tocado.No paladar,há uma tendência a se desligar ou regredir.

Nem todas as crianças com Síndrome de Down apresentam a

capacidade de armazenar informações que poderão ser evocadas,isto ocorre

por não possuírem boa memória.

É através dos símbolos que um indivíduo assimila e transforma as

informações que são sentidas,percebidas e armazenadas.O que não acontece

com o portador da Síndrome de Down que apresenta dificuldade em simbolizar

conceitos,consequentemente,estas crianças não irão adquirir a capacidade de

aplicar,entender,interpretar coisas;com isso não haverá modificação na própria

conduta,acontecendo no campo das habilidades motoras,das idéias e no

afetivo.

As crianças portadoras da Síndrome de Down não conseguem se

desenvolver espontaneamente, sendo este um fato importante para o processo

da aprendizagem, uma vez que poderá apresentar variadas dificuldades na

resolução de problemas e encontrar soluções sozinhas.

Existem outras deficiências que ocorrem na criança com Síndrome

de Down que implicam em dificuldades no desenvolvimento do

aprendizado,tais como:alterações auditivas e visuais;incapacidade de organizar

condutas e atos cognitivos,debilidades de associar e programar

seqüências.Estas dificuldades são devido a imaturidade nervosa e da não

mielinização das fibras nervosas,podendo dificultar a habilidade de utilização

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dos conceitos abstratos,memória,percepção geral,habilidade do

raciocínio,estocagem do que foi aprendido e transferência da aprendizagem.

As debilidades e deficiências destas funções dificultam as atividades

escolares,tais como:alfabetizar a criança portadora da Síndrome de Down. É

muito importante enfatizar aspectos cognitivos da escrita.Uma vez que está

criança apresenta um atraso no desenvolvimento da linguagem,conhecem

muito pouco as regras gramaticais da língua,existem dificuldades ao produzir a

fala e tem um vocabulário pequeno.Essas crianças não conseguem se

expressar da mesma que compreendem o que se fala,a qual levam-se a

serem submetidas em termo de desenvolvimento cognitivo.

As crianças portadoras de Síndrome de Down mostram-se com uma

capacidade de memória auditiva de curto prazo mais breve, dificultando assim

o acompanhamento de instruções faladas,especialmente se houver muitas

informações ou ordens consecutivas.Essa dificuldade poderá ser amenizada se

as instruções forem através de gestos ou figuras que dizem respeito as

instruções dadas.

As crianças portadoras da Síndrome de Down serão beneficiadas com

recursos de ensino que usarem um meio visual (material concreto) para

trabalhar as informações,pois apresentam habilidades de processamento e de

memória visual mais desenvolvida do que as capacidades de processamento e

memória auditiva.Entretanto as causas da dificuldade na memória auditiva dos

portadores da Síndrome de Down apresenta discussões;de acordo com Pinter

e seus colaboradores (2001):

Realizaram investigações neuroanatômicas

comparativas de portadores com Síndrome de Down com

idades entre 5 e 23 anos,e crianças e jovens da mesma

idade,que não eram portadoras da mesma síndrome.

No mesmo estudo, Pinter e col (2001) analisaram as medidas de área

que eram do encéfalo e a composição do tecido nervoso, onde verificaram a

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existêcia de menores volumes de massa cinzenta e branca do cérebro dos

portadores de Down, além de hipoplasia cerebelal que está sendo relacionada

com a hipotonia generalizada (dificuldade motora e distúrbios articulatórios). Os

portadores desta síndrome apresentam um volume dos lobos frontais também

reduzidos,o que parece contribuir para o déficit cognitivo, somando a falta de

atenção e à tendência de perseveração. Com a redução do giro superior

temporal teria a conseqüência quanto a dificuldade no processo auditivo.

A alfabetização da criança portadora da Síndrome de Down não se deve

utilizar um método específico, somente para essas crianças. Mas fazer uma

intervenção para verificar qual seria o método mais adequado para cada

criança; valorizando o desenvolvimento do seu próprio equilíbrio emocional, da

auto confiança, da capacidade de criar e se expressar dentro de suas próprias

limitações, de aspectos primordiais para sua integração com a sociedade.

É também de extrema importância preparar as crianças Down para

iniciar o processo de alfabetização quando forem capazes de nomear objetos e

descrever ações; identificar sons, semelhanças e diferenças entre sons iniciais

e finais de palavras; reconhecer símbolos gráficos; colocando em harmonia

elementos completos para se formar conjuntos; expressar fonemas ; saber

colocar em ordem da esquerda para direita; usar conceitos nas áreas de

relação temporo-espaciais; jogar, brincar (atividades lúdicas); conversar com

crianças e adultos; as idéias deverão estar em seqüência lógica; controle dos

músculos; lembrar de ações que já vivenciaram e planejar ações futuras;

mostrar interesse por atividade.

Foi percebido grande dificuldade da criança portadora da Síndrome de

Down no período da alfabetização,que seria o desenvolvimento de habilidades

como a escrita e leitura, mas se a criança tiver a permissão de poder

experimentar, vivenciar e interagir.

A aprendizagem da escrita e da leitura requer alguns precedentes, tais

como: a importância que haja um favorecimento para se realizar atividades que

estejam ligadas a escrita e a leitura; colocar a criança Down em processo de

ajuste e competência ao contexto lingüístico; os materiais de escrita e leitura

devem estar apropriadas a condição de cada um para melhores resultados.

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Os pais exercem uma influência muito importante nos processos de

aprendizado dos portadores de Síndrome de Down,na maioria das vezes

podendo influenciar de forma positiva, quanto aos recursos e serviços que

existem para melhor atender e servir o portador de Down.Os profissionais

envolvidos no tratamento,e na educação deverão estar cientes de como

podem melhorar o futuro do portador dessa síndrome. Quando os pais

superprotegem seus filhos tratando-os como doentes e frágeis, em relação a

criança Down, receberá influência negativa para o seu processo de

desenvolvimento global.

De acordo com Crawley e Spiker (1983): “ A qualidade da estimulação

no lar e a interação dos pais com a criança se associam ao desenvolvimento e

aprendizagem de criança com deficiência mental.”

A criança portadora da Síndrome de Down obtêm capacidade de se

desenvolver, podendo realizar atividades do cotidiano, também poderá ter uma

formação profissional.

O processo de linguagem e as atividades de escrita e leitura poderão ser

estimuladas e desenvolvidas a partir das vivências individualizadas da própria

criança.

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CONCLUSÃO

Na minha vivência profissional tenho contato com portadores de

Síndrome de Down e acredito que após o advento da inclusão educacional há

um novo olhar sobre o processo de aprendizagem das crianças com alguma

necessidade especial. É importante que o professor conheça o processo de

aprendizagem dos alunos com necessidades especiais para obter melhores

resultados pedagógicos com os que possuem Síndrome de Down.

Através das pesquisas, me aprofundando na leitura de livros e

publicações sobre esse assunto tive maior compreensão, de como ocorre a

aprendizagem do aluno portador dessa síndrome. O objetivo maior desse

compilado de informações é apresentar os conceitos e características da

Síndrome de Down. Analisar as principais dificuldades e os processos de

aprendizagem da criança com essa síndrome. Acredito que o portador da

Síndrome de Down necessita de um apoio pedagógico para aprender e quando

isso não é fato, acarretam vários problemas. Entendo que existem diversos

meios para que se possa compreender melhor e adaptar essas crianças com

Síndrome de Down à realidade.

Geralmente o desenvolvimento da criança, seus avanços e as

dificuldades, por ela, enfrentadas dependem das características pessoais dela,

do ambiente familiar educacional em que se desenvolve.

Para que os objetivos sejam alcançados é de suma importância o

estímulo em casa também, pois os deficientes têm uma tendência acentuada

para o esquecimento e se faz necessário o acompanhamento das atividades

escolares por todos que convivem com a criança, em especial, os pais e

irmãos.

Na visão pedagógica, a estimulação precisa ser constante, seja no

aspecto social, psicomotor ou ocupacional, proporcionando-lhes a condição de

adquirir sua independência igualmente a dada as crianças ditas “normais”,

despertando seu potencial ao máximo permitido.

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Profissionais da educação, como eu, devemos nos dedicar e intensificar

os meios e auxílio que nos são concedidos, para que possamos incluir as

crianças especiais.

Devendo também nos preocuparmos em cuidar, em não deixar que esta

nova tentativa se transforme em descriminação. A avaliação deve ter um olhar

diferenciado e direcionado para o aproveitamento da criança, para a sua

condição e realidade. Com o apoio de uma equipe com profissionais da área de

saúde e social, o empenho dos familiares e plena participação dos profissionais

ligados a educação e principalmente a dedicação dos pais o resultado,

provavelmente, será o melhor.

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BIBLIOGRAFIA

FLÓREZ, J. Cérebro y Aprendizaje: uma aproximación biológica. In: Saad,

Suad Nader. Preparando o caminho da inclusão: dissolvendo mitos e

preconceitos em relação à pessoa com Síndrome de Down, SP: Vetor, 2003.

MANTOAN, M. T. E. Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos

educacionais. SP: Scipione, 1989.

MARTÍN, E.; MARCHESI. Desenvolvimento meta cognitivos e problemas de

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Down, SP: Vetor, 2003.

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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 2 ed. SP: Martin Fontes, 1988.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I 11

SÍNDROME DE DOWN. O QUE ISSO SIGNIFICA ? 11

1.1- Características da Síndrome de Down 14

1.1.1 – Neurologicamente 15

1.1.2 - Anomalias Congênitas 16

1.2 - Estimulação Precoce 17

1.2.1 - Intervenção Precoce 18

1.3 - Estágios do Desenvolvimento Sensório-motor e Social 19

1.3.1 - Como se pode diminuir as limitações das

crianças com Síndrome de Down ? 19

1.3.2 - Atuação dos profissionais na estimulação precoce 20

CAPÍTULO II 22

A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NA SOCIEDADE 22

CAPÍTULO III 25

COMO A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN APRENDE 25

3.1 - A conduta cognitiva do Down 28

3.2 - A Educação inclusiva do portador da Síndrome de Down 30

3.3 - A escola inclusiva 32

3.4 - Inclusão ou exclusão ? 33

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CAPÍTULO IV 35

A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS

PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN

NA FASE DE ALFABETIZAÇÃO 35

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

TÍTULO DA MONOGRAFIA: O processo de aprendizagem do

aluno com Síndrome de Down

AUTORA: Magda Cinelli Trindade

DATA DA ENTREGA: 01/08/2009

AVALIADO POR: Prof.ª Flávia de Carvalho Cavalcanti da Silva

CONCEITO:

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