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Assembleia de Deus Ministério do Belém USA - NÍVEL BÁSICO - EDIÇÃO 2018 CAPED CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA PROFESSORES DA ESCOLA DOMINICAL 1

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Assembleia de Deus Ministério do Belém USA

- NÍVEL BÁSICO -EDIÇÃO 2018

CAPEDCURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA PROFESSORES DA ESCOLA DOMINICAL

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ÍNDICE

BIBLIOLOGIA: A DOUTRINA DA BÍBLIA .................................... 3

O PROFESSOR E A AULA........................................................ 15

MÉTODOS E ACESSÓRIOS DE ENSINO ................................... 21

PSICOLOGIA EDUCACIONAL .................................................. 26

TECNOLOGIA DO APRENDIZADO ........................................... 35

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BIBLIOLOGIA A DOUTRINA DA BÍBLIA

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BIBLIOLOGIA A DOUTRINA DA BÍBLIA

INTRODUÇÃO A palavra “BIBLIOLOGIA” significa o estudo da Bíblia, não no sentido de ler, mas sim de descobrir como este livro singular foi eleborado em suas mais diversas etapas e chegou até nós. Sendo a Bíblia o livro texto da ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL, deve ser o primeiro assunto a ser estudado. Por que dois testamentos, sua divisão em livros depois em capítulos e versículos, as línguas usadas, a linguagem literal de cada autor enfim, são pontos impresindíveis para uma melhor visão por parte do professor.

I. REVELAÇÃO E OBJETIVOFica claro desde os primeiros versos que a Bíblia é a revelação divina ao homem. Tento como objetivo principal revelar “CRISTO” e o grandiso projeto de salvação para a humanidade perdida. Esta revelação foi feita de forma gradual, utilizando-se de aproximadamente 40 autores e por volta de 1600 anos para ser escrita. A Revelação foi progressiva, pois a sabedoria divina não pode ser compreendida pelo homem sem auxílio do Espirito Santo (1 Co 2.10).

Provas da Revelação O diabo foi o primeiro ser a pôr em dúvida a existência da revelação (Gn 3.1). Mas a Bíblia é a Palavra de Deus. Vejamos alguns argumentos:

1) A longevidade da BíbliaUma porcentagem muito pequena de livros sobrevive além de um quarto de século, e umaporcentagem ainda menor dura um século, e uma porção quase insignificante dura mil anos. ABíblia, porém, tem sobrevivido em circunstâncias adversas mantendo-se sempre atual pois, além derevelar a salvação, ela trás princípios imutavéis para a conduta humana.Foram feitas tentativas frustradas de destruí-la mas Deus não permitiu. Em 303 A.D. o imperadorDioclécio decretou que todos os exemplares da Bíblia fossem queimados. A Bíblia é hoje encontrada em mais de mil línguas e ainda é o livro mais lido do mundo.2) A Natureza da Bíblia

a. Ela é superior: Ela é superior a qualquer outro livro do mundo. O mundo, com suasabedoria e vasto acúmulo de conhecimento, nunca foi capaz de produzir um livro que chegue perto de se comparar a Bíblia.b. É um livro honesto: Revela fatos sobre a corrupção humana, fatos que a natureza humana teria interesse em acobertar.c. É um livro harmonioso: Pois embora tenha sido escrito por uns quarenta autoresdiferentes, por um período de 1.600 anos, ela revela ser um livro único que expressa um sósistema doutrinário e um só padrão moral, coerentes e sem contradições.

3) A Influência da Bíblia

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O Alcorão, o Livro dos Mórmons, o Zenda Avesta, os Clássicos de Confúncio, todos tiveram influência no mundo. Estes, porém, conduziram a uma ideia apagada de Deus e do pecado, ao ponto de ignorá-los. A Bíblia, porém, tem produzido altos resultados em todas as esferas da vida: na arte, na arquitetura, na literatura, na música, na política, na ciência etc.

4) Argumento da Experiência: O homem é incapaz por sua própria força descobrir que:

a Precisa ser salvo. b. Pode ser salvo. c. Como pode ser salvo. d. Se há salvação.

Somente a revelação pode desvendar estes mistérios eternos. A experiência do homem tem demonstrado que a tendência da natureza humana é degenerar-se e seu caminho ascendente se sustêm unicamente quando é voltado para cima em comunicação direta com a revelação de Deus. 5) Argumento da Profecia Cumprida As profecias descritas na Bíblia atrávés dos séculos, exemplo, os quatro grandes impérios do mundo: babilônico, medo-persa, grego e romano, bem como o renascimento do estado de Israel, todos previstos na Bíblia, e outros tantos mais dão provas reais da oniciente revelação divina contida nas páginas da Bíblia. Muitas profecias a respeito de Cristo se cumpriram integralmente, sendo que a mais próxima do primeiro advento, foi pronunciada 165 anos antes de seu cumprimento. As profecias a respeito da dispersão de Israel também, se cumpriram (Dt.28; Jr.15:4;l6:13; Os.3:4 etc); da conquista de Samaria e preservação de Judá (Is.7:6-8; Os.1:6,7; IRs.14:15); do cativeiro babilônico sobre Judá e Jerusalém (Is.39:6; Jr.25:9-12); sobre a destruição final de Samaria (Mq.1:6-9); sobre a restauração de Jerusalém (Jr.29:10-14), etc. 6) Reivindicações da Própria Escritura A própria Bíblia expressa sua infalibilidade, reivindicando autoridade. Nenhum outro livro ousa fazê-lo. Encontramos essa reivindicação na seguintes expressões: "Disse o Senhor a Moisés" (Ex.14:1,15,26;16:4;25:1; Lv.1:1;4:1;11:1; Nm.4:1;13:1; Dt.32:48) "O Senhor é quem fala" (Is.1:2); "Disse o Senhor a Isaías" (Is.7:3); "Assim diz o Senhor" (Is.43:1). Outras expressões semelhantes são encontradas: "Palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor" (Jr.11:1); "Veio expressamente a Palavra do Senhor a Ezequiel" (Ez.1:3); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Oséias" (Os.1:1); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Joel" (Jl.1:1), etc. Expressões como estas são encontradas mais de 3.800 vezes no Velho Testamento. Portanto o A.T. afirma ser a revelação de Deus, e essa mesma reivindicação faz o Novo Testamento (ICo.14:37; ITs.2:13; IJo.5:10; IIPe.3:2).

A Natureza da Revelação Deus se revelou de sete modos:

1) Através da Natureza: (Sl 19.1-6; Rm 1.19-23)

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2) Através da Providência: A providência é a execução do programa de Deus das dispensações em todos os seus detalhes (Gn 48.15; 50.20; Rm 8.28; Sm.57:2; Jr.30:11; Is.54:17). 3) Através da Preservação: (Cl 1:17; Hb.1:3; At 17:25,28). 4) Através de Milagres: (Ex 4:1-9). 5) Através da Comunicação Direta: (Nm 12:8; Dt 34:10). 6) Através da Encarnação: (Hb 1:1; Jo 8:26; 15:15). 7) Através das Escrituras: A Bíblia é a revelação escrita de Deus e, como tal, abrange importantes aspectos:

a. Ela é variada: Variada em seus temas, pois abrange aquilo que é doutrinário, devocional, histórico, profético e prático. b. Ela é parcial: (Dt.29:29). c. Ela é completa: Naquilo que já foi revelado (Cl 2:9,10); d. Ela é progressiva: (Mc 4:28). e) Ela é definitiva: (Jd 3).

II. INSPIRAÇÃO

É a operação divina que influenciou os escritores bíblicos, capacitando-os a receber a mensagem divina, e que os moveu a transcrevê-la com exatidão, impedindo-os de cometerem erros e omissões, de modo que ela recebeu autoridade divina e infalível, garantindo a exata transferência da verdade revelada de Deus para a linguagem humana inteligível (ICo 10:13; II Tm 3:16; II Pe 1:20,21).

Autoria Dual Com este termo indicamos dois fatos:

1. Autoria Divina: Do lado divino, as Escrituras são a Palavra de Deus no sentido de que se originaram nEle e são a expressão de Sua mente. Em 2 Tm 3:16 encontramos a referência a Deus: "Toda Escritura é divinamente inspirada" (theopneustos = soprada ou expirada por Deus). A referência aqui é ao escrito.

2. Autoria Humana: Do lado humano, certos homens foram escolhidos por Deus para a responsabilidade de receber a Palavra e passá-la para a forma escrita. Em 2 Pe 1:21 encontramos a referência aos homens: "Homens santos de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo" (pherô = movidos ou conduzidos). A referência aqui é ao escritor.

Inspiração ou Expiração?

A palavra Inspiração vem do latim, e significa respirar para dentro. Ela é usada pela ARC (Almeida Revista e Corrigida) somente duas vezes no NT (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). Este vocábulo, embora consagrado pelo uso, e, portanto, pela teologia, não é um termo moderno adequado, pois pode parecer que Deus tenha soprado alguma espécie de vida divina em palavras humanas. Em 2 Tm 3.16 encontramos o vocábulo grego theopneustos que significa soprado por Deus. Portanto podemos afirmar que toda a Escritura é soprada ou expirada por Deus, e não inspirada como expressa a ARC. As Escrituras são o próprio sopro de Deus, é o próprio Deus falando (2 Sm 23.2). Em 2 Pe 1.21 este vocábulo se torna mais inadequado ainda, pois a tradução da ARC transmite a ideia de que os homens santos foram inspirados pelo Espírito Santo. O fato é que o homem não é inspirado, mas a Palavra de Deus é que é expirada (Compare Jó 32.8, 33.4; com Ez 36.27, 37.9). A ARA (Almeida Revista e Atualizada), porém, apesar de utilizar o termo inspiração em 2 Tm 3.16, usa, com acerto, o verbo mover em 2 Pe 1.21, como tradução do vocábulo grego pherô, que significa exatamente mover ou conduzir.

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Considerada esta ressalva, não devemos pender para o extremo, excluindo a autoria humana da compilação das Escrituras. Ela própria reconhece a autoria dual no registro bíblico. Em Mt 15.4 está escrito que Deus ordenou enquanto que em Mc 7.10 diz que foi Moisés quem ordenou. E muitas outras passagens há semelhantes a esta (Compare Sl 110.1 com Mc 12.36; Êx 3.6,15 com Mt 22.31; Lc 20.37 com Mc 12.26; Is 6.9,10; At 28.25 com Jo 12.39-41; Mt 1.22; 2.15; At 1.16, 4.25; Hb 3.7-11, 9.8, 10.15). Deus opera de modo misterioso usando e não anulando a vontade humana, sem que o homem perceba que está sendo divinamente conduzido, sendo que neste fenômeno, o homem faz pleno uso de sua liberdade (Pv 16.1, 19.21; Sl 33.15, 105.25; Ap 17.17). Desse mesmo modo Deus também usa Satanás (Compare 1 Cr 21.1 com 2 Sm 24.1; 1 Rs 22.20-23), mas não retira a responsabilidade do homem (At 5.3,4), como também o faz na obra da salvação (Dt 30.19; Sl 65.4; Jo 6.44).

O Termo Logos

Este termo grego foi utilizado no NT cerca de 200 vezes para indicar a Palavra de Deus escrita, e 7 vezes para indicar o Filho de Deus (Jo 1.1,14; 1 Jo 1.1, 5.7; Ap 19.13). Eles são para Deus o que a expressão é para o pensamento e o que a fala é para a razão, portanto o Logos de Deus é a expressão de Deus, quer seja na forma escrita ou viva (Compare Jo 14.6 com Jo 17.17).

1. Cristo é a Palavra Viva: Cristo é o Logos, isto é, a fala, a expressão de Deus. 2. A Bíblia é a Palavra Escrita: A Bíblia também é o Logos de Deus, e assim como em Cristo há dois

elementos (duas naturezas), divino e humano, igualmente na Palavra de Deus estes dois elementos aparecem unidos sobrenaturalmente.

Provas da Inspiração

Somos acusados de provar a inspiração pela Bíblia e de provar a verdade da Bíblia pela inspiração, e, assim, de argumentar num círculo vicioso. Mas o processo parte de uma prova que todos aceitam: a evidência. Esta, primeiro prova a veracidade ou credibilidade da testemunha, e então aceita o seu testemunho. A veracidade das Escrituras é estabelecida de vários modos, e, tendo constatado a sua veracidade, ou a validade do seu testemunho, bem podemos aceitar o que elas dizem de si mesmas. As Escrituras afirmam que são inspiradas, e elas ou devem ser cridas neste particular ou rejeitadas em tudo mais.

1) O AT afirma sua Inspiração: (Dt 4.2,5; 2 Sm 23.2; Is 1.10; Jr 1.2,9; Ez 3.1,4; Os 1.1; Jl 1.1; Am 1.3, 3.1; Ob 1.1; Mq 1.1).

2) O NT afirma sua Inspiração: (Mt 10.19; Jo 14.26, 15.26,27, 16.13; At 2.33, 15.28; 1 Ts 1.5; 1 Co 2.13; 2 Co 13.3; 2 Pe 3.16; 1 Ts 2.13; 1 Co 14.37).

3) O NT afirma a Inspiração do AT: (Lc 1.70; At 4.25; Hb 1.1, 2 Tm 3.16; 1 Pe 1.11; 2 Pe 1.21). 4) A Bíblia faz declarações científicas descobertas posteriormente: (Jó 26.7; Sl 135.7; Ec 1.7; Is

40.22). III. TEORIAS DA INSPIRAÇÃO

Podemos ter revelação sem inspiração (Ap 10.3,4), e podemos ter inspiração sem revelação, como quando os escritores registram o que viram com seus próprios olhos e descobriram pela pesquisa (1 Jo 1.1-4; Lc 1.1-4). Aqui nós temos a forma e o resultado da inspiração. A forma é o método que Deus empregou na inspiração, enquanto que o resultado indica a conseqüência da inspiração. Portanto, as chamadas teorias da intuição, da iluminação, a dinâmica e a do ditado, todas descrevem a forma de inspiração, enquanto que a teoria verbal plenária indica o resultado.

1) Teoria da Inspiração Dinâmica: Afirma que Deus forneceu a capacidade necessária para a confiável transmissão da verdade que os escritores das Escrituras receberam ordem de

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comunicar. Isto os tornou infalíveis em questões de fé e prática, mas não nas coisas que não são de natureza imediatamente religiosa, isto é, a inspiração atinge apenas os ensinamentos e preceitos doutrinários, as verdades desconhecidas dos autores humanos. Esta teoria tem muitas falhas: Ela não explica como os escritores bíblicos poderiam mesclar seus conhecimentos sobrenaturais ao registrarem uma sentença, e serem rebaixados a um nível inferior ao relatarem um fato de modo natural. Ela não fornece a psicologia daquele estado de espírito que deveria envolver os escritores bíblicos ao se pronunciarem infalivelmente sobre matérias de doutrina, enquanto se desviam a respeito dos fatos mais simples da história. Ela não analisa a relação existente entre as mentes divina e humana, que produz tais resultados. Ela não distingue entre coisas que são essenciais à fé e à pratica e àquelas que não são. Erasmo, Grotius, Baxter, Paley, Doellinger e Strong compartilham desta teoria. 2) Teoria do Ditado ou Mecânica: Afirma que os escritores bíblicos foram meros instrumentos (amanuenses), não seres cujas personalidades foram preservadas. Se Deus tivesse ditado as Escrituras, o seu estilo seria uniforme. Teria a dicção e o vocabulário do divino Autor, livre das idiossincrasias dos homens (Rm 9.1-3; 2 Pe 3.15-16). Na verdade o autor humano recebeu plena liberdade de ação para a sua autoria, escrevendo com seus próprios sentimentos, estilo e vocabulário, mas garantiu a exatidão da mensagem suprema com tanta perfeição como se ela tivesse sido ditada por Deus. Não há nenhuma insinuação de que Deus tenha ditado qualquer mensagem a um homem além daquela que Moisés transcreveu no monte santo, pois Deus usa e não anula as suas vontades. Esta teoria, portanto, enfatiza sobremaneira a autoria divina ao ponto de excluir a autoria humana. 3) Teoria da Inspiração Natural ou Intuição: Afirma que a inspiração é simplesmente um discernimento superior das verdades moral e religiosa por parte do homem natural. Assim como tem havido artistas, músicos e poetas excepcionais, que produziram obras de arte que nunca foram superadas, também em relação as Escrituras houve homens excepcionais com visão espiritual que, por causa de seus dons naturais, foram capazes de escrever as Escrituras. Esta é a noção mais baixa de inspiração, pois enfatiza a autoria humana a ponto de excluir a autoria divina. Esta teoria foi defendida pelos pelagianos e unitarianos. 4) Teoria da Inspiração Mística ou Iluminação: Afirma que inspiração é simplesmente uma intensificação e elevação das percepções religiosas do crente. Cada crente tem sua iluminação até certo ponto, mas alguns tem mais do que outros. Se esta teoria fosse verdadeira, qualquer cristão em qualquer tempo, através da energia divina especial, poderia escrever as Escrituras. Schleiermacher foi quem disseminou esta teoria. Para ele inspiração é “um despertamento e excitamento da consciência religiosa, diferente em grau e não em espécie da inspiração piedosa ou sentimentos intuitivos dos homens santos”. Lutero, Neander, Tholuck, Cremer, F.W.Robertson, J.F.Clarke e G.T.Ladd defendiam esta teoria, segundo Strong. 5) Inspiração dos Conceitos e não das Palavras: Esta teoria pressupõe pensamentos à parte das palavras, através da qual Deus teria transmitido ideias mas deixou o autor humano livre para expressá-las em sua própria linguagem. Mas ideias não são transferíveis por nenhum outro modo além das palavras. Esta teoria ignora a importância das palavras em qualquer mensagem. Muitas passagens bíblicas dependem de uma das palavras usadas para a sua força e valor. O estudo exegético das Escrituras nas línguas originais é um estudo de palavras, para que o conceito possa ser alcançado através das palavras, e não para que palavras sem importância representem um conceito. A Bíblia sempre enfatiza suas palavras e não um simples conceito (1 Co 2.13; Jo 6.63, 17.8; Êx 20.1; Gl 3.16).

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6) Graus de Inspiração: Afirma que há inspiração em três graus. Sugestão, direção, elevação, superintendência, orientação e revelação direta, são palavras usadas para classificar estes graus. Esta teoria alega que algumas partes da Bíblia são mais inspiradas do que outras. Embora ela reconheça as duas autorias, dá margem a especulação fantasiosa. 7) Inspiração Verbal Plenária: É o poder inexplicado do Espírito Santo agindo sobre os escritores das Sagradas Escrituras, para orientá-los (conduzí-los) na transcrição do registro bíblico, quer seja através de observações pessoais, fontes orais ou verbais, ou através de revelação divina direta, preservando-os de erros e omissões, abrangendo as palavras em gênero, número, tempo, modo e voz, preservando, desse modo, a inerrância das Escrituras, e dando à ela autoridade divina.

a. Observação Pessoal (1 Jo 1.1-4) b. Fonte Oral (Lc 1.1-4) c. Fonte Verbal (At 17.18; Tt 1.12; Hb 1.1) d. Revelação Divina Direta ( Ap 1.1-11; Gl 1.12) e. Gênero (Gn 3.15) f. Número (Gl 3.16) g. Tempo (Ef 4.30; Cl 3.13) h. Modo (Ef 4.30; Cl 3.13) i. Voz (Ef 5.18) j. Explicação dos itens e,f,g,h,i: A inspiração verbal plenária fica assim estabelecida. Em Gn 3.15 o pronome hebraico está no gênero masculino, pois se refere exclusivamente a Cristo (Ele te ferirá a cabeça...). Em Gl 3.16 Paulo faz citação de um substantivo hebraico que está no singular, fazendo, também, referência exclusiva a Cristo. Em Ef 4.30 e Cl 3.13 o verbo perdoar encontra-se, no grego, no modo particípio e no tempo presente, o que significa que o perdão judicial de Deus realizado no passado, quando aceitamos a Cristo, estende-se por toda a nossa vida, abrangendo o perdão dos pecados do passado, do presente, e do futuro (1 Jo 1.9 trata do perdão do pecado doméstico e não do judicial). Jesus Cristo reconheceu a inspiração verbal plenária quando declarou que nem um til (a menor letra do alfabeto hebraico) seria omitido da lei (Mt 5.18 e Lc 16.17).

IV. ILUMINAÇÃO

É a influência ou ministério do Espírito Santo que capacita todos os que estão num relacionamento correto com Deus para entender as Escrituras (1 Co 2.12; Lc 24.32,45; 1 Jo 2.27). A iluminação não inclui a responsabilidade de acrescentar algo às Escrituras (revelação) e nem inclui uma transmissão infalível na linguagem (inspiração) daquele que o Espírito Santo ensina. A iluminação é diferenciada da revelação e da inspiração no fato de ser prometida a todos os crentes, pois não depende de escolha soberana, mas de ajustamento pessoal ao Espírito Santo. Além disso a iluminação admite graus podendo aumentar ou diminuir (Ef 1.16-18; 4.23; Cl 1.9). A iluminação não se limita a questões comuns, mas pode atingir as coisas profundas de Deus (1 Co 2.10) porque o Mestre Divino está no coração do crente e, portanto, ele não ouve uma voz falando de fora e em determinados momentos, mas a mente e o coração são sobrenaturalmente despertados de dentro (1 Co 2.16). Este despertamento do Espírito pode ser prejudicado pelo pecado, pois é dito que o cristão que

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é espiritual discerne todas as coisas (1 Co 2.15), ao passo que aquele que é carnal não pode receber as verdades mais profundas de Deus que são comparadas ao alimento sólido (1 Co 2.15, 3.1-3; Hb 5.12-14). A iluminação, a inspiração e a revelação estão estritamente ligadas, porém podem ser independentes, pois há inspiração sem revelação (Lc 1.1-3; 1 Jo 1.1-4); inspiração com revelação (Ap 1.1-11); inspiração sem iluminação (1 Pe 1.10-12); iluminação sem inspiração (Ef 1.18) e sem revelação (1 Co 2.12; Jd 3); revelação sem iluminação (1 Pe 1.10-12) e sem inspiração (Ap 10.3,4; Êx 2.1-22). É digno de nota que encontramos estes três ministérios do Espírito Santo mencionados em uma só passagem (1 Co 2.9-13); a revelação no versículo 10; a iluminação no versículo 12 e a inspiração no versículo 13.

V. AUTORIDADEDizemos que a Bíblia é um livro que tem autoridade porque ela tem influência, prestígio e credibilidade (quanto a pureza na transcrição ou tradução), por isso deve ser obedecida porque procede de fonte infalível e autorizada. A autoridade está vinculada à inspiração, canonicidade e credibilidade, sem os quais a autoridade da Bíblia não se estabeleceria. Assim, por ser inspirado, determinado trecho bíblico possui autoridade; por ser canônico, determinado livro bíblico possui autoridade, e por ter credibilidade, determinadas informações bíblicas possuem autoridade, sejam históricas, geográficas ou científicas. Entretanto, nem tudo aquilo que é inspirado é autorizado, pois a autoridade de um livro trata de sua procedência, de sua autoria, e, portanto, de sua veracidade. Deus é o Autor da Bíblia, e como tal ela possui autoridade, mas nem tudo que está registrado na Bíblia procedeu da boca de Deus. Por exemplo, o que Satanás disse para Eva foi registrado por inspiração, mas não é a verdade (Gn 3.4,5); o conselho que Pedro deu a Cristo (Mt 16.22); as acusações que Elifaz fez contra Jó (Jó 22.5-11), etc. Nenhuma dessas declarações representam o pensamento de Deus ou procedem dEle (procedem apenas por inspiração), e por isso não têm autoridade. Um texto também perde sua autoridade quando é retirado de seu contexto e lhe é atribuído um significado totalmente diferente daquele que tem quando inserido no contexto. As palavras ainda são inspiradas, mas o novo significado não tem autoridade.

VI. INERRÂNCIA OU INFALIBILIDADEInerrância significa que a verdade é transmitida em palavras que, entendidas no sentido em que foram empregadas, entendidas no sentido que realmente se destinavam a ter, não expressam erro algum. A inspiração garante a inerrância da Bíblia. Inerrância não significa que os escritores não tinham faltas na vida, mas que foram preservados de erros os seus ensinos. Eles podem ter tido concepções errôneas acerca de muitas coisas, mas não as ensinaram; por exemplo, quanto à terra, às estrelas, às leis naturais, à geografia, à vida política e social etc. Também não significa que não se possa interpretar erroneamente o texto ou que ele não possa ser mal compreendido. A inerrância não nega a flexibilidade da linguagem como veículo de comunicação. É muitas vezes difícil transmitir com exatidão um pensamento por causa desta flexibilidade de linguagem ou por causa de possível variação no sentido das palavras. A Bíblia vem de Deus. Será que Deus nos deu um livro de instrução religiosa repleto de erros? Se ele possui erros sob a forma de uma pretensa revelação, perpetua os erros e as trevas que professa remover. Pode-se admitir que um Deus Santo adicione a sanção do seu nome a algo que não seja a expressão exata da verdade? Diz-se que a Bíblia é parcialmente verdadeira e parcialmente falsa. Se é parcialmente falsa, como se explica que Deus tenha posto o seu selo sobre toda ela? Se ela é parcialmente verdadeira e parcialmente

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falsa, então a vida e a morte estão a depender de um processo de separação entre o certo e o errado, que o homem não pode realizar.Cristo declara que a incredulidade é ofensa digna de castigo. Isto implica na veracidade daquilo que temde ser crido, porque Deus não pode castigar o homem por descrer no que não é verdadeiro (Sl119.140,142; Mt 5.18; Jo 10.35, 17.17). Aqueles que negam a infalibilidade da Bíblia, geralmente estãoprontos a confiar na falibilidade de suas próprias opiniões. Como exemplo de opinião falível encontramosaqueles que atribuem erro à passagem de 1 Rs 7.23 onde lemos que o mar de fundição tinha dez côvadosde diâmetro de uma borda até a outra, ao passo que um cordão de trinta côvados o cingia em redor.Sendo assim, tem-se dito que a Bíblia faz o valor do Pi ser 3 em vez de 3,1416. Mas uma vez que nãosabemos se a linha em redor era na extremidade da borda ou debaixo da mesma, como parece sugerir oversículo seguinte (v.24) não podemos chegar a uma conclusão definitiva, e devemos ser cautelosos aoatribuir erro ao escritor.Outro exemplo utilizado para contrariar a inerrância da Bíblia, encontra-se em 1 Co 10.8 onde lemos que23.000 homens morreram no deserto, enquanto que Nm 25.9 diz que morreram 24.000. Acontece queem Números nós temos o número total dos mortos, ao passo que em 1 Coríntios nós temos o númeroparcial que somado ao restante dos homens relacionados nos versículos 9 e 10, deverá contabilizar o totalde 24.000.A inerrância não abrange as cópias dos manuscritos, mas atinge somente os autógrafos, isto é, os originais. Desse modo encontramos os seguintes tipos de erros nos manuscritos:

Erros Involuntários Cometidos pelos escribas do N.T. devido a sua falta ou defeito de visão, defeitos de audição ou falhas mentais.

1) Falhas de Visão: Em Rm 6.5 muitos manuscritos (MSS) tem ama (juntos), mas há algunsque trazem alla (porém). Os dois lambdas juntos deram ao copista a ideia de um mi. Em At 15.40onde há eplexamenoc (tendo escolhido) aparece no Códice Beza epdexamenoc (tendo recebido)onde o lambda maiúsculo é confundido com um delta maiúsculo. Há também confusão de sílabas,como é o caso de 1 Tm 3.16 onde o manuscrito D traz homologoumenôs (nós confessamos que)em vez de homologoumenôs (sem dúvida). O erro visual chamado parablopse (um olhar ao lado)é facilitado pelo homoioteleuton, que é o final igual de duas linhas, levando o escriba a saltar umadelas, ou pelo homoioarchon, que são duas linhas com o mesmo início. O Códice Vaticano, em Jo17.15, não contém as palavras entre parênteses: “Não rogo que os tires do (mundo, mas que osguardes do) maligno”. Consultando o NT grego veremos que as duas linhas terminavam demaneira idêntica, em autos ek tou, no manuscrito que o escriba de B copiava. Lucas 18.39 nãoaparece nos manuscritos 33, 57, 103 e b, devido a um final de frase igual na sentença anterior nomanuscrito do qual eles se derivam. O Códice Laudiano tem um exemplo no versículo 4 do Capítulo 2 do livro de Atos: “Et repleti sunt et repleti sunt omnes spiritu sancto”, sendo este em caso deadição, chamado ditografia, que é a repetição de uma letra, sílaba ou palavras.2) Falhas de Audição: Era costume muitos escribas se reunirem numa sala enquanto umleitor lhes ditava o texto sagrado. Desse modo o ouvido traía o escriba até mesmo quando ocopista solitário ditava a si próprio. Em Rm 5.1 encontramos um destes casos, onde as variantesechômen e echomen foram confundidas. 1 Pedro 2.3 também apresenta um caso semelhante comas variantes Cristos (Cristo) e crestos (gentil), esta última encontrada nos manuscritos K e L. Nogrego koinê as vogais e ditongos pronunciavam-se de modo igual dentro das respectivas classes.É o caso de 1 Co 15.54 onde o termo nikos (vitória), foi confundido por neikos (conflito), sendo que aparece em P46 e B como “tragada foi a morte no conflito”. Em Ap 15.6 onde se lê “vestidos de

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linho puro” a palavra grega linon é substituída por lithon nos manuscritos A e C “vestidos de pedra pura”. Desse modo uma só letra que o ouvido menos apurado não entendeu direito e que produziu completa mudança de sentido, torna-se erro grosseiro e hilariante. 3) Falhas da Mente: Quando a mente do escriba o traía, chegava a cometer erros que variavam desde a substituição de sinônimos, como o caso da preposição ek por apo, até a transposição de letras dentro de uma palavra, como o caso de Jo 5.39, onde Jesus disse “porque elas dão testemunho de mim” (ai marturousai) e o escriba do manuscrito D escreveu “porque elas pecam a respeito de mim” (hamartanousai).

Erros Intencionais

Erros que não se originaram de negligência ou distração dos escribas, mas antes de suspeita de alteração, principalmente doutrinária.

1) Harmonização: Ao copiar os sinópticos, o escriba era levado a harmonizar passagens paralelas. É o caso de Mt 12.13 onde se lê “...estende a tua mão. E ele estendeu; e ela foi restaurada como a outra”. Em alguns manuscritos de Marcos o texto pára em “restaurada”, sendo que em outros o escriba acrescentou as palavras “como a outra” para harmonizá-lo com Mateus. Outro tipo de harmonização ocorre quando os escribas faziam o texto do NT conformar-se com o AT. Por exemplo, em Mc 1.1 os escribas do W e Bizantinos mudaram “no profeta Isaías” para “nos profetas” porque verificaram que a citação não é só de Isaías. 2) Correções Doutrinárias: Certo escriba, copiando Mt 24.36 omitiu as palavras “nem o Filho”, pois o escriba sabia que Jesus era onisciente, e deduziu que alguém havia cometido erro (Alefe, W, Bizantino). Os manuscritos da Velha Latina e da Versão Gótica apresentam como acréscimo, em Lc 1.3, a frase “e ao Espírito Santo” como “empréstimo” de At 15.28. 3) Correções Exegéticas: Passagens de difícil interpretação eram alvo dos escribas que tentavam completar o seu sentido através de interpolação e supressões. Um caso de interpolação encontra-se em Mt 26.15 onde as palavras “trinta moedas de prata” foram alteradas para “trinta estateres” nos MSS D, a e b, afim de definir o tipo de moeda mencionada. Mais tarde outros escribas (dos manuscritos 1, 209 e h) que conheciam os dois textos, juntaram-no produzindo a frase “trinta estateres de prata”. 4) Acréscimos Naturais ou de Notas Marginais: Determinado leitor do Códice 1518 anotou nas margens de Tg 1.5 a expressão êgeumatikês kai ouk anthrôpines (espiritual e não humana). Quando este Códice foi copiado, o escriba do manuscrito 603 incluiu esta expressão no texto: “Se alguém de vós tem falta de sabedoria espiritual e não humana, peça-a a Deus...”.

VII. INTERPRETAÇÃO É a elucidação ou explicação do sentido das palavras ou frases de um texto, para torná-los compreensivos. A ciência da interpretação é designada hermenêutica, e, em razão de sua abrangência, requer um estudo especial separado da Bibliologia.

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VIII. O CÂNON DA BíBLIA

A palavra “cânon” é proviniente do grego, no qual Kanon significa regra, lista – um padrão ou medida. No que diz respeito a Bíblia, são os livros que satifazeram o padrão pré-estabelecido, primeiro no Antigo Testamento pelos rabinos, escribas e eruditos judeus, depois no Novo Testamento pelos pais da igreja, com ajuda do Espirito Santo e amparados no que já possuiam do Antigo Testamento. Mas ao contrário do que muitos pensam, não foi uma tarefa fácil, pois demandava muito estudo e análise criteriosa. No caso do Antigo testament, os judeus não tinham o hábito de chamar a “Tora” de Palavra de Deus, muito embora eles consideravam e acreditavam que foi Deus quem falou através de Moisés e dos profetas, principalmente por Jeremias, por quem tinham muito respeito, pois viram tudo que o profeta previu acontecer literalmente. Os eruditos judeus contestavam livros como Ezequiel, Proverbios, Ester, entre outros, mas também havia os que queriam incluir livros como Macabeus, Sabedoria, este último aceito pela igreja católica. Depois de muito tempo, já quase no início da era crista, foi aceito pela maioria os 39 livros que hoje compõe o Antigo Testamento, muito embora na igreja Católica e na Anglicana na Inglaterra, eram usados os chamados livros apócrifos. Já no que diz respeito ao Novo Testamento, a tarefa teve a ajuda singular do Espírito Santo, mais nem por isto ficou livre de problemas, pelo contrário, houve muita polêmica em relação a alguns livros tais como a Espístola de Tiago, a III de Pedro, l e ll de João, Judas e Apocalipse.

Os livros aceitos com certa facilidade foram os evangélios, embora muitos discordassem da nescessidade de quatro, as Epístoloas Paulinas incluindo Hebreus, mas tudo levou quase quatro séculos para total aprovação. No ano de 397 D.C, no Concílio de Cartago, ficou decretado que nada se devia acrescentar mais às escrituras, decidindo que a Bíblia é composta pelos 27 livros do Novo testamento somados aos 39 do Antigo testamento.

IX. CONCLUSÃOA leitura simples e seguida de toda a Bíblia. Isso muito contribui para eliminar as chamadas dificuldades.A leitura seguida e completa da Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre um assunto tratado na mesma, visto que ela é uma revelação progressiva. Nada é dito uma vez, nem uma vez portodas.Agora, podemos ler a Bíblia toda, porém jamais a compreenderemos toda.Sendo ela a Palavra de Deus é infinita; mesmo as mentes mais gigantescas do mundo não podem abarcá-la. Não há no mundo ninguém que esgote a Bíblia.Então, quando não pudermos entender um fato, devemos confiar em Deus. Todos somos sempre alunos(Dt 29.29; Sl 145.3; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12).Portanto, na Bíblia há dificuldades, mas o problema é do lado humano. O Espírito Santo, que conhece asprofundezas de Deus, pode e quer ir revelando o conhecimento das Escrituras à medida que buscamossua face e andamos mais perto dEle.Faça, pois, do estudo da Bíblia, a coisa mais importante da vida! E, lembre-se: só passamos por esta vidauma vez! Se ela for gasta inutilmente, não teremos outra oportunidade como temos aqui e agora! Moodycerta vez afirmou: “Ainda não vi um obreiro de ministério sempre crescente, de frutos abundantes epermanentes, que não fosse um apaixonado estudante na Bíblia.”

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X. BIBLIOGRAFIA Almeida, Antonio. Manual de Hermenêutica Sagrada. Carlson, G. Raymond. How to Study the Bible. Gilberto, Antonio. Introdução Bíblica. Halley, Henry H. Manual Bíblico. Luce, Alice. Introduccion Bíblica. Mein, John. A Bíblia, Como Chegou Até Nós.

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O PROFESSOR E A AULA

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O PROFESSOR E A AULA I. O ENSINO

1. O que é ensinara. É despertar a mente do aluno e guiá-lo no processo da aprendizagem. Aprendemos através damente!b. Ensinar é mostrar – explicar – guiar – comunicar.c. É ajudar a aprender.d. É moldar vidas.e. É motivar a mudança de uma conduta anterior.

2. O ensino do ponto de vista do professora. Porque ensino? – Por amor e gratidão à Deus, e também em obediência à ordem divina (Mt28.19,20).b. Qual o meu propósito no ensino? – Há um propósito tríplice: salvar pecadores, edificar crentes etreinar futuros obreiros.c. Que ensinarei? – A Bíblia, por excelência (Mt 28.20).d. A quem ensinarei? – A grupos de alunos de diferentes idades (Dt 31.12), o que implicaconhecimento de suas características psicológicas.e. Como ensinarei? – Capacitado por Deus e preparado no que depender de mim (2 Tm 2.2,15 –ARA; 1 Pe 3.15).

II. O PROFESSOR

a. O professor espiritual e preparado é a nossa maior necessidade. O êxito de nossas Escolas Dominicaisdepende disso.b. O professor espiritual e preparado completa o trabalho do evangelista ou pregador. O ensino daPalavra deve ser, em toda igreja, uma seqüência da pregação.c. Deve estar sempre aprendendo mais sobre a BÍBLIAd. Deve ser constante e dedicado ao Serviço de Deus. - A igreja não necessita de professores quequerem servir durante um mês e que depois desistam. A igreja necessita de pessoas que querem servirJesus fielmente nos bons e nos maus momentos.e. Deve ser uma pessoa de caráter exemplar e íntegro.

III. O PROFESSOR E O PREPARO DA LIÇÃOEsse preparo é parte dos deveres semanais do professor:

1. Material para o preparo da liçãoa. A Bíblia. Para o estudo do texto da lição, contexto, referências. Adquira as versões correntes emportuguês.b. A revista do Aluno. É este o material de estudo de que o aluno dispõe.c. A revista do Professor.d. Livros de consulta e referência, como dicionários bíblicos, concordâncias, comentários. Cuidadopara não se tornar um simples eco ou reflexo dos livros!e. O estudo apresentado na reunião semanal de professores da Escola Dominical.f. Lições anteriormente estudadas.

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g. Apontamentos pessoais do Professor. h. Ilustrações. Fatos pessoais. Observações. O professor deve ser um bom observador. i. Oração. Tudo acima deve ser regado com oração.

O preparo da lição como acabamos de apresentar, deve ser feito tendo em vista a necessidade do aluno e não a do professor. O que interessa a um adulto, não interessa a um jovem ou a uma criança. Preparar a lição sem pensar nisso é ficar diante da classe “pregando no deserto”. O professor deve preparar a lição tendo em mira três propósitos para com o aluno:

• Que desejo que meus alunos aprendam? Isto visa a mente do aluno. É o plano objetivo da lição. • Que desejo que meus alunos sintam? Isto visa a afetividade do aluno. É o plano subjetivo da lição. • Que desejo que meus alunos façam? Isto visa a vontade do aluno, aliada à prática. É o plano objetivo-subjetivo da lição.

2. Etapas no preparo da lição

a. Estudo pessoal, usando: i. A revista da Escola Dominical. ii. Apontamentos feitos na hora do estudo individual.

b. Estudos de fontes de consulta. O material necessário deve ser extraído e ordenado. Veja que fontes tem! Não se trata de ter muitos livros, mas de tê-los bons. c. Preparo do esboço da lição

i. Este é um necessário recurso mnemônico (que ajuda a memória). ii. Deve ter no máximo quatro pontos ou sub-tópicos. iii. Deve apresentar unidade e coerência. iv. Quando mais bem detalhado e completo é chamado Plano de Aula.

d. Escolher os métodos e o material de ensino que será adotado durante a lição e. Preparo de trabalhos para a classe

i. Questionários (5 a 10 perguntas). ii. Teste de vários tipos. iii. Tarefas orais ou escritas para o domingo seguinte – Pode ser pesquisa, trabalho manual, ou mini-preleção de um ponto da lição ou versículo.

f. Anúncios e comunicações de interesse da classe.

Quanto tempo você gasta no preparo da lição? Convém atentar para Jeremias 48.10. O preparo da lição deve começar na segunda-feira e prosseguir diariamente a semana inteira. O preparo de uma aula bíblica de 50 minutos não pode ser coisa de fim de semana! IV. O PROFESSOR E A APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO 1. Chegue cedo!

a. Pelo menos 10 minutos antes da hora de começar a reunião da Escola Dominical. 2. Antes do estudo da lição, o secretário da classe cuidará das seguintes providências preliminares:

a. Arrumação da sala. b. Apontamentos da classe, conforme o sistema de registro adotado. c. Boas-vindas aos visitantes.

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d. Cumprimentos aos aniversariantes.e. Matrícula dos novos alunos (usando o Cartão de Matrícula).

3. Etapas da lição diante da classea. Introdução da lição (3 minutos)

i. É o ponto de contato com a classe. O fato utilizado para introduzir a lição deve ser bemapropriado.

ii. Oração. Ore ou convide um aluno a fazer a oração.iii. Boas-vindas.iv. Prender a atenção dos alunos.v. Introduzir o assunto da lição e seu relacionamento com as demais lições da série em estudo.

b. Explanação da lição (30 minutos)i. É o corpo da lição ou aula, segundo o esboço preparado.

c. Verificação da lição (5 minutos)i. É a recapitulação dos pontos e verdades básicas da lição, seguida de perguntas e respostas.

d. Aplicação da lição (7 minutos)i. Uma das partes mais importantes da lição. O conhecimento pessoal adquirido pelo aluno não

será eficaz se não for aplicado. Seu valor vem da sua utilidade imediata ou remota, quando aplicado pela pessoa que o obteve.

ii. É a aplicação das verdades ensinadas, à vida e necessidades dos alunos, bem como aostempos atuais.

iii. A aplicação da lição corresponde, digamos, ao apelo na Pregação.

e. Encerramento da lição (5 minutos)i. É a entrega das tarefas e atividades, avisos sobre trabalhos especiais da igreja, etc.

Controle seu tempo! O professor dispõe de apenas 50 minutos para tudo isso, mas se ele souber dosar o tempo, este será suficiente.

A apresentação da lição como exposta acima, aplica-se às classes acima de 12 anos. Abaixo dessa idade a apresentação é diferente, havendo constantemente, mudança de atividade escolar, com mudança de métodos de ensino, é óbvio, para ganhar-se ATENÇÃO e manter vivo o INTERESSE do aluno. É da maior importância aqui o emprego de meios auxiliares de ensino, dando colorido, dimensão e sentido às lições.

4. A linguagem do professor

Grandes números de pessoas têm falhado em suas carreiras, inclusive no ensino, devido a dificuldades no falar, em exprimir-se de forma adequada. A arte de falar torna a palavra, entre outras coisas, correta e expressiva.

• Correta. Pronúncia perfeita, com a articulação completa de todos os sons que compõem a palavra.Evitar e corrigir defeitos de pronúncia.• Expressiva. Tradução perfeita da ideia que queremos exprimir. A expressão implica em entonação.Pontuação e escolha das palavras. A entonação torna a voz agradável e elegante, mesmo vigorosa. A

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pontuação aclara o sentido, facilitando a compreensão. A escolha das palavras exatas faz com que o ouvinte compreenda claramente o que queremos dizer-lhe.

O professor deve então cuidar de tornar as suas palavras CORRETAS e EXPRESSIVAS. A linguagem revela muito da personalidade do indivíduo. Uma fala perfeita dá prazer ao ouvido, mas o falar errado, seja na entonação, na pronúncia, na pontuação, ou na escolha das palavras, cansa os ouvintes, e o auditório todo só acerta dizer “amém”, não em sinal de satisfação, mas ansioso que o preletor pare. A expressão oral perfeita impõe-se e dá destaque, mesmo que o orador seja modesto e humilde. É um prazer ouvir alguém falar corretamente, com expressão e graça. Em Juízes 12.2-7, temos um caso em que 42.000 homens morreram por causa da má pronúncia. Hoje em dia muitos “matam” seus ouvintes da mesma maneira. O professor tem que cuidar da linguagem, porque ele se utiliza dela quase todo o tempo da aula (Ver os seguintes textos: Pv 15.1; 16.24; Ct 5.16; 1 Co 14.8,9.). A linguagem do professor quanto ao vocabulário, deve ser comum a ele e a seus alunos.

Evitar o uso de muitos “é” “ou” “então” “né”.

Sua voz é um dom de Deus, use-a mudando a tonalidade e a velocidade, pois assim, transmitirá idéias e situações, empolgando a história, com uma intensidade em que todos possam ouvir.

A expressão do rosto deve irradiar alegria e amor. Use as expressões faciais. Olhe diretamente nos olhos de seus alunos. Faça gestos, porém sem exageros.

Sua aparência é importante. Precisa haver cuidado no vestir. Não demonstre desânimo. Sua confiança no Senhor se mostra através de seu porte. Mantenha seu corpo em posição reta, sem exageros.

V. JESUS, O MAIOR EXEMPLO COMO PROFESSOR O mestre dos professores é Jesus – o Mestre dos mestres. Para o professor ser eficaz no ensino, precisa seguir de perto os passos do seu Mestre. Vejamos alguns pontos sobre Jesus como Mestre.

1. Jesus conhecia a matéria que ensinava. A passagem de Lucas 24.27 faz menção ao maior estudo bíblico da história: abarcou o período de Moisés a Cristo. E, tão grande estudo foi dirigido para uma classe de 2 alunos! Através dos Evangelhos vemos, por suas citações das Escrituras, como Jesus conhecia o Livro Sagrado.

2. Jesus conhecia os seus alunos. Tanto eles andavam com Jesus, como Jesus os visitava. Os ensinos objetivos e ilustrados do Mestre, bem como seu modo de proceder para com eles, demonstram que Jesus os conhecia bem (Mt 13; Lc 15.8-10; Jo 21, etc.).

3. Jesus conhecia o que havia de bom em seus alunos (Jo 1.47). O professor jamais deve apresentar-se à sua classe com ares de superioridade, com aspecto dominante. Paulo, com toda a sua grandeza reconhece as qualidades dos seus irmãos na fé e cooperadores (Rm 16; Fp 2.20-25).

4. Jesus ensinava as verdades bíblicas de modo simples e claro. Exemplos: Lc 5.17-26, 13.3; Jo 14.6. Ele tomava as ocorrências comuns da vida, conhecidas de todos, para ensinar as verdades de Deus (Ver Mt 9.16, 11.16).

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5. Jesus variava o método de ensino conforme a ocasião e tipo de ouvintes. Às vezes ele usava ométodo de perguntas, o ilustrativo, o de discussão, preleção, tarefas, leitura, etc. Com a mulhersamaritana, usou o método de perguntas; com os discípulos a caminho do Jardim das Oliveiras, usouo de preleção.

6. Jesus ensinou através do seu exemplo, isto é, sua vida de obediência (Jo 13.15; At 1.1; 1 Pe 2.21).7. Jesus sabia o que ia fazer (Jo 6.6). O professor da Escola Dominical deve saber o que vai ensinar a

seus alunos, quando diante de sua classe.8. Jesus ensinava com graça (Lc 4.22). É a graça divina na vida do professor que torna a sua aula

realmente eficaz e de efeito duradouro para a glória de Deus.9. Jesus ensinava com autoridade e poder divinos (Lc 4.36). Só aos pés do Senhor em oração e

comunhão com Ele é que o professor obtém autoridade e poder divinos renovados em sua vida,para ensinar na casa de Deus.

VI. BIBLIOGRAFIAAraújo, João Dias. O Ensino na Escola Dominical.Bazan, D. Preparando Maestros Para La Escuela Dominical.Gilberto, Antonio. Pedagogia Bíblica.Gregory, John Milton. As Sete Leis do Ensino.Hurst, D. V. And He Gave Teachers.Oliver, Charles. A Preparação de Professores.Walker, Louise. Métodos de Ensino.

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MÉTODOS E ACESSÓRIOS DE ENSINO

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MÉTODOS E ACESSÓRIOS DE ENSINO

INTRODUÇÃO Métodos de ensino são modos de conduzir ou ministrar a aula e o ensino que se tem em mira. Método é um caminho na ministração do ensino pelo professor, para este atingir um determinado alvo na aprendizagem do aluno. Portanto, o método não é um fim em si mesmo. O professor deve conhecer a fundo não só aquilo que vai ensinar, mas também como ensiná-lo. É aqui que os métodos e os acessórios de ensino são de grande utilidade.

I. FINALIDADES DOS MÉTODOS DE ENSINOÉ adaptar a lição ao aluno. Nunca o contrário. Os métodos de ensino atuam nos sentidos físicos doaluno.

II. O USO DOS MÉTODOS DE ENSINOUma aula apresenta normalmente uma combinação de dois ou mais métodos. Nunca um só. Jesusensinou usando métodos. Seguiremos seus passos no estudo dos métodos. No entanto, métodossomente, não resolvem. É preciso que o professor (ou obreiro cristão em geral) tenha também duasoutras coisas – a mensagem dada por Deus, e a vida abundante pelo Espírito Santo. O Mestre Jesustinha três coisas: MÉTODO (que comunica), MENSAGEM (que ensina) e VIDA (que conserva). Você podepreparar um trabalho, um sermão, um estudo bíblico, a lição bíblica, etc., com todo carinho, esforço eboa vontade, mas somente Deus pode dar a mensagem cheia de vida espiritual.

III. A ESCOLHA E COMBINAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINODepende de vários fatores, como:1. O grupo de idade, o qual tem suas características próprias, físicas, mentais, sociais e espirituais.2. O material que vai ser utilizado.3. O tempo de duração da aula. O preparo da aula é calcado no espaço de tempo que se terá e deconformidade com a idade dos alunos.4. As instalações de ensino na escola. Não se pode aplicar um determinado método sem haver condiçõespara isso.5. O conhecimento do professor. O conhecimento que ele já tem do assunto em mira, bem como o dasleis do ensino e da aprendizagem.6. Os objetivos da lição do dia. Isso deve muito influir na escolha dos métodos de ensino da lição, peloprofessor.

IV. OS MÉTODOS DE ENSINOOs métodos de ensino afetam os sentidos físicos, os quais são meios de comunicação da alma com omundo exterior. É por meio deles que ela explora o mundo em volta de si, bem como recebe suasimpressões.1. O método de Preleção. Também chamado Expositivo. (Mt 5.1,2 – ARC; Lc 4.22). Nunca deve ser usadosó. Em combinação com outros métodos, como Jesus usou, é de grande valor no ensino. Sozinho, temmais desvantagens do que vantagens. Nem sempre falar quer dizer ensinar! É praticamente nulo com osinfantis. (Não confundí-lo com o método da Narração, que veremos logo mais.)

2. O método de Perguntas e Respostas. Também conhecido por Método Socrático, por ter sidolargamente usado por Sócrates. Por exemplo: Mateus 22.42-45 encerra quatro perguntas de Jesus.Vantagens desde método:a. Serve como ponto de contato entre o professor e o aluno.

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b. Ajuda a medir o conhecimento do aluno. Como o professor pode saber se o aluno entendeu averdade ensinada? (Mt 13.51, 16.9-12, 22.20; Mc 13.2).c. Desperta o interesse. É, portanto um método utilíssimo para início e fim de aula. Jesus iniciou umapalestra com um doutor, perguntando: “Como interpretas a lei?” (Lc 10.26). Filipe, o evangelista, iniciousua fala com o alto funcionário de Candace, perguntado: “Compreendes o que vens lendo?”.d. Estimula e orienta o pensamento. Uma pergunta bem feita leva de fato o aluno a pensar (Mt 9.28).e. É preciso técnica na formulação de perguntas. Observe isto: i. Faça perguntas resumidas e claras.ii. Evite perguntas cujas respostas serão sim ou não.iii. Exemplo de pergunta errada: “Jesus mudou água em vinho em Caná da Galiléia?” A pergunta corretaseria: “Que milagre fez Jesus em Caná da Galiléia?”iv. Ao lançar uma pergunta, você como professor: • Dirija-se à classe toda.• Faça uma pausa de 5 a 6 segundos para que todos pensem na resposta.• Em seguida, chame um aluno pelo nome para respondê-la. Evite seguir uma ordem exata na chamadados alunos.• Dê importância à resposta certa.f. O método de perguntas e respostas leva o aluno a participar ativamente da aula. Pode ser usado emtodos os grupos de idade. Aos alunos de mais idade, o professor deve mostrar a diferença entreperguntar para querer saber, e simplesmente especular.

3. Método de Discussão. É também chamado Debate Orientado. A seqüência na condução do Método daDiscussão é: PERGUNTA, seguida de ARGUMENTAÇÃO, seguida de ÁNALISE, seguida de RESPOSTA (Lc24.15-27,32; At 17.3,17,18.4,19.9). Para discutir um assunto, subtende-se que os alunos já têminformação sobre o mesmo. O professor precisa manter o equilíbrio da argumentação e não permitirque o tema seja desviado, ou que um aluno fale mais tempo que o estritamente necessário. Se ométodo não for habilmente conduzido pelo professor resultará em desorganização, confusão, e atéaborrecimentos.

4. Método Audiovisual. Os registros mais antigos das primeiras civilizações trazidas à luz pelaarqueologia estão em forma visual, principalmente desenhos e esculturas. No método audiovisual, amensagem que se quer transmitir é ouvida e vista, combinando assim dois poderosos canais decomunicação na aprendizagem. Ela atrai e domina a atenção, aumentando, portanto a retenção. Ospsicólogos ensinam que as impressões que entram pelos olhos são as mais duradouras. Exemplos deJesus utilizando este método: Mt 6.26 (Olhai para as aves dos céus); Mt 6.28 (Olhai para os lírios docampo); Jo 10.9 (Eu sou a porta); Jo 15.5 (Eu sou a videira, vós as varas); Mc 12.15,16 (“Trazei-me umdenário. De quem é esta efígie?”); Lc 9.47 (Tomou uma criança, colocou-a junto a si); Ez 4.1 (Deusmandando Ezequiel gravar o perfil de Jerusalém num tijolo). Portanto este método utiliza material maisvariado. Seu emprego é de grande valor no setor infantil, mas também nos demais. Depende doemprego dosado.

5. O Método de Narração. São as histórias. E nesse campo, nada suplanta a Bíblia. Jesus usou muito estemétodo, apresentando histórias em forma de parábolas, como em Mateus 13. A história é qual janeladeixando a luz entrar. Na Bíblia, a maior fonte de história é o Antigo Testamento. Pode ser aplicado atodas as idades. A história, depois de narrada, precisa ser aplicada. Veja o caso de Natã ensinando aDavi, em 2 Samuel 12.1-4 e, em seguida, aplicando o ensino no versículo 7 do mesmo capítulo. O NovoTestamento também contém muitas histórias. A história é para a criança o que o sermão é para oadulto.

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Exemplos de Jesus usando o método de narração: • Bom Samaritano (Lc 10)• A Ovelha Perdida (Lc 15)• As Dez Virgens (Mt 25)• O Filho Pródigo (Lc 15)

Há muitas outras fontes de histórias além da Bíblia, como a natureza, as biografias, os fatos do momento, etc. 1. Três distintas finalidades de uma história a. Usada como lição em si.b. Usada como ilustração em apoio a um tema.c. Usada como introdução de uma lição ou tema.

2. Duas regras básicas para o êxito ao contar históriasa. Conheça de fato a história.b. Mentalize a história, mesmo conhecendo-a.c. Viva a história; isto é, “sinta-a” ao contá-la e dramatizá-la.d.

6. O Método de leitura (Lc 4.16; Jo 8.6). O professor pode mandar os alunos procurar textos em suasBíblias e ler. Isto tem um valor maior do que se pensa. A leitura pode ser de outra fonte além da Bíblia.

7. O Método de tarefas. Esse é um grande método – aprender fazendo. Método ideal para criançasdesde a mais tenra idade. A criança aprende de fato quando faz a lição, devidamente instruída peloprofessor. Jesus, para ensinar certa lição a Pedro, usou este método (Mt 17.24-27). Outros exemplos: Mt17.16-21; Mc 6.45-52; Lc 9.14-17; Jo 9.6,7 e cap. 21; At.17.11.

Aqui estão incluídos: • Trabalhos de pesquisa;• Trabalhos de redação;• Trabalhos manuais (desenhos, esboços, mapas, montagens de lições ilustradas, figuras, labirintos,enigmas, palavras cruzadas).

O professor ao aplicar este método, deve dar instruções as mais claras possíveis se quiser ver resultados satisfatórios.

8. O Método Demonstrativo. É o método do exemplo, altamente influente e convincente. É ensinarfazendo. Jesus usou-o. Ele fazia antes de ensinar (Jo 13.15; At 1.1; 1 Pe 2.21). É o método do exemplo(Ed 7.10; Mt 4.19,6.9,11.2-5; Jo 13.15; 1 Co 11.1). Os alunos precisam não somente aprender de Cristo,mas “aprender a Cristo” (Ef 4.20). Só é possível “aprender a Cristo” quando Ele tem expressão por meioda vida de alguém. As marchas e cânticos com gestos para os pequeninos têm grande valor aqui, assimcomo as dramatizações. Todos os métodos de ensino conduzem às duas coisas quanto ao aluno:impressão e expressão. Isto é, os métodos visam impressionar a mente e o coração do aluno, para levá-lo a expressar-se educadamente.

V. ACESSÓRIOS DE ENSINOAlguns deles são:• Quadros, gravuras (especialmente os coloridos).

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• Flanelógrafos (de diferentes tipos).• Projetores de variados tipos (dependendo de custo e finalidades).• Mapas bíblicos para aula.• Livros em cores, cartolina, etc.• Modelos (do tabernáculo, do templo de Salomão, de casas orientais, etc.).

VI. BIBLIOGRAFIAAraújo, João Dias. O Ensino na Escola Dominical.Bazan, D. Preparando Maestros Para La Escuela Dominical.Gilberto, Antonio. Pedagogia Bíblica.Gregory, John Milton. As Sete Leis do Ensino.Hurst, D. V. And He Gave Teachers.Oliver, Charles. A Preparação de Professores.

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PSICOLOGIA EDUCACIONAL

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PSICOLOGIA EDUCACIONAL

INTRODUÇÃO Psicologia É a ciência que estuda a natureza ou personalidade humana. É atualmente um ramo autônomo do

conhecimento humano. Faz parte das Ciências Sociais. Era antigamente um simples ramo da Filosofia. A Psicologia analisa o comportamento externo do homem (sua ação motora), bem como a natureza

dos elementos, fenômenos e processos da atividade mental, verificando ainda sua importância na formação da personalidade.

Ramos da Psicologia São muitos os ramos. Um deles é o da Psicologia Aplicada ou Psicotécnica, tendo este várias sub-

divisões. Uma delas é a Psicologia Educacional.

Psicologia Educacional Ocupa-se do estudo das características e do comportamento:

• Do educando, e• Dos processos educativos. Noutras palavras: é o estudo psíquico do educando, das matérias do

seu ensino, e dos meios educacionais. Tudo visando melhores resultados na educação,especialmente a escolar.

I. O ALUNOPara o professor é coisa indispensável conhecer não somente a sua matéria, mas também seu campo

de aplicação, que é o aluno. O semeador deve conhecer o terreno onde vai semear, e também como lançar a semente. O aluno é a matéria prima da Escola Dominical. O professor, se quiser ter êxito no ensino, deve estudar não só a lição, mas também o aluno.

Os alunos são diferentes. Essa diferença é dupla. São diferentes dependendo do grupo de idade, e também dentro do próprio grupo de idade. É a Psicologia Evolutiva. As características gerais do aluno variam conforme seu desenvolvimento físico, mental, social e espiritual. Daí, cada idade requerer tratamento diferente. Jesus como criança crescia nesses quatro aspectos. Segundo Lucas 2.52, Ele crescia:

• “em estatura” – crescimento físico• “em sabedoria” – crescimento mental• “em graça diante dos homens” – crescimento social• “em graça diante de Deus” – crescimento espiritual

Como dissemos, há diferenças entre alunos de uma mesma idade. Não há dois alunos exatamente iguais.

O professor conhecendo o aluno isoladamente e no grupo, planejará e aplicará o ensino adequadamente: aulas, testes, trabalhos, atividades, etc.

O professor pode estudar o aluno. • Observando-o• Visitando-o, para conhecer o seu meio ambiente.• Conhecendo seus companheiros, seu trabalho, seus gostos, seus planos de vida. Seus

problemas também. Auxilia muito aqui uma ficha de informações do aluno.• Recordando o seu passado como criança (isto é, o professor).• Pesquisando em obras especializadas, ou estudando a fundo psicologia da criança.

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II. A PERSONALIDADEPersonalidade é o conjunto de atributos e qualidades físicas, intelectuais e morais que caracterizam o

indivíduo. Os principais elementos formadores da personalidade são a hereditariedade e o meio ambiente. Hereditariedade são os fatores herdados, isto é, a natureza humana transmitida pelos pais. Esses fatores hereditários nascem com o indivíduo e afetam e agem no mesmo através:

• Do sistema nervoso;• Do sistema endócrino (as glândulas de secreção interna);• Dos demais orgãos internos.

Esses fatores influem no psiquismo da pessoa, determinando o seu biótipo, isto é, sua constituição física, seu temperamento e influindo no seu caráter. Eles passam de geração à geração e afetam o aprendizado de várias maneiras.

1. Componentes da Personalidadea. Biótipo ou constituição. É o aspecto físico-morfológico do indivíduo.b. Temperamento. É o aspecto fisiológico-endócrino do indivíduo. Noutras palavras, é a

característica dinâmica da personalidade. Fazem parte dele os impulsos ou instintos,que são as forças motrizes da personalidade. Os instintos são congênitos; implantadosna criatura para capacitá-las a fazer instintivamente o que for necessário,independente de reflexão e para manter e preservar a vida natural. “Se no início desua vida, o bebê não tivesse certos instintos, não poderia sobreviver, mesmo com omelhor cuidado paterno e médico.” – Dr. Leander Keyser.Esses instintos saíram perfeitos das mãos do Criador, mas o pecado que veio pelaqueda os perverteu e os transtornou. Os afetos agem sobre o temperamento. É dotemperamento que depende a maneira de reagirmos face aos fatos e circunstâncias davida e ambientais.

c. Caráter. É o aspecto subjetivo da personalidade. O caráter é a característicaresponsável pela ação, reação e expressão da personalidade. É a maneira própria decada pessoa agir e expressar-se. Tem a ver com a vontade própria e conduta. É a“marca” da pessoa subjetivamente.

d. O “eu”. É a pessoa consciente de si mesma. É o aspecto espiritual da personalidade. Éele o centro de gravitação, estrutura e equilíbrio de toda a vida psicológica.

Dois dos mais importantes aspectos ou componentes da personalidade são o caráter e o temperamento, os quais passamos a destacar. Caráter

• É um componente da personalidade.• É adquirido, não herdado.• A criança herda tendências, não caráter.• Resulta da adaptação progressiva do temperamento às condições do meio ambiente:

o lar, a escola, a igreja, a comunidade, e o estado sócio-econômico.• Pode ser mudado, mas não é fácil!• Jesus pode mudar milagrosamente o caráter (2 Co 5.17) e continuar mudando-o, à

medida que nos rendemos a Ele (Rm 12.2; Fp 1.6). Jesus pode salvar (Hb 7.25), e estasalvação abrange espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23).

Temperamento • É um estado orgânico neuropsíquico.• É inato, e capaz de desenvolver-se.

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• É influenciado pelo sistema nervoso, glândulas de secreção interna, hereditariedade, econstituição física.

• Pode ser controlado. O Espírito Santo pode e quer controlar o temperamento docrente (Rm 8.6,13; Gl 5.22).

• Não pode ser mudado.

Quanto à reação aos estímulos recebidos, inclusive no ensino, há duas grandes classes de alunos, de acordo com a dupla função do sistema nervoso central, isto é, nervos que transmitem mensagens ao cérebro, e nervos que recebem mensagens do cérebro, sendo tudo isso funções da alma humana. Chamam-se sensoriais os nervos que transmitem mensagens dos sentidos ao cérebro, e motores os nervos que recebem mensagens do cérebro para os músculos e órgãos.

i. Alunos que obedecem aos centros motores. São fáceis de pô-los emmovimento mesmo que façam grande barulho no início, como faz um motorde automóvel. Correm com rapidez, deixam todos para trás e fascinam asdemais pessoas; entretanto, são capazes de parar com a mesma facilidade doarranque. São impulsivos, eletrizantes, céleres na compreensão de qualquercoisa, mas também mudam num instante. Agem antes de uma real decisão.Aprendem com rapidez, mas esquecem tudo ou quase tudo com a mesmafacilidade com que aprendem. Você deve ter alunos desse tipo.

ii. Alunos que obedecem aos centros sensoriais. São sossegados, meditativos eobservadores. Respondem aos estímulos com mais vagar e aprendemlentamente, mas aprendem de fato e para a vida. Chamam menos atenção,mas são pessoas firmes que aprendem de fato e que sabem o que querem.Entram em movimento lentamente mas podemos contar com elas. Adquiremconhecimento devagar, mas conservam-no. Agem com certa lentidão masfazem o serviço direito. Você deve ter alunos desse tipo, ou um misto dos doisacima descritos.

2. Meio ambienteÉ o meio em que o indivíduo vive e foi criado. É um poderoso fator influente na personalidade.O meio ambiente abrange:

• O lar (a família)• A comunidade• O trabalho• A escola• A igreja (religião)• A literatura (boa ou má, construtiva ou destrutiva)• O estado social (saúde, físico, economia, alimentação, higiene, emprego ou ocupação,

a sociedade, o ambiente frequentado, regime de vida, as “rodas”, os “grupinhos”,especialmente seus líderes).

O meio ambiente influi na personalidade, mas o homem não deve ser escravo do meio; ele pode reagir, vencer e transformar-se, passando daí a influir no meio. “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Deus criou o homem para ser livre e não escravo. Sem a ajuda divina o homem é vencido pelo meio ambiente de uma maneira ou de outra. A salvação através do evangelho redentor atinge o homem em sua plenitude: espírito, alma e corpo, permitindo-lhe viver uma vida vitoriosa.

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3. O controle e aprimoramento da personalidadeIsto não pode ser plenamente realizado apenas através de credos, princípios e práticasreligiosas. A fé em Cristo e a comunhão vital com Ele é o segredo. A verdadeira vida cristãconsiste primeiramente num relacionamento vital com Cristo (Jo 15.5). Tal fé e tal religião nãodestroem a personalidade, antes desenvolvem-na, pois todo esforço é feito para agradar epromover a vontade dAquele que passou a dominar e controlar nossa personalidade, agoraparticipante da natureza divina (Rm 11.17; Hb 12.10; 2 Pe 1.4). Sim, a religião exerce umagrande influência na personalidade.

III. CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS DE IDADEPara ensinar crianças com eficiência e sucesso, o professor precisa conhecer as características,

necessidades, e interesses peculiares a cada faixa etária. O profeta Eliseu para ressuscitar um rapazinho, desceu ao nível adaptando-se às suas medidas e dimensões, por certo menores: boca, olhos, mãos e corpo. Observe aí uma grande lição espiritual no que tange a ganharmos infantes para Jesus (2 Rs 4.33,34).

A Psicologia Educacional estuda as leis que governam o crescimento, desenvolvimento e comportamento do indivíduo. Estuda o aluno quanto aos aspectos já mencionados: físico, mental, social e espiritual. Estudaremos agora, portanto, as características, as tendências, aspirações, predileções e interesses de cada grupo de idade e com isso também as necessidades de cada um deles, no seu relacionamento com o aprendizado. Isso, em forma resumida. A divisão em grupo, que se segue, não significa precisamente a divisão psicológica, uma vez que inúmeros educandos têm disparidade psíquica. Além disso, todos nós, sem excessão, somos imperfeitos. Todos nascemos com alguma deficiência física ou mental, ou ambas, de uma forma ou de outra, em decorrência dos efeitos do pecado na raça humana.

Berçário e Jardim de Infância (1-5 anos) Palavras descritivas da idade: Receptividade e Plasticidade.

a. FísicoRápido crescimento, inquietação, movimento, sentimento, dependência.As quatro principais atividades da criança nessa idade são: comer, dormir, brincar, perguntar.Os sentidos físicos funcionam com toda carga. Eles são nessa época de suprema importânciana aprendizagem. O ensino ilustrado é de toda importância nessa fase. Crianças gostam detodo tipo de barulho, especialmente aqueles que resultam em ritmo. Por essa razão, rimas emovimentos ritmados nos hinos, poesias e exercícios de expressão agradam, impressionam osistema nervoso e este transforma as sensações em movimento. Uma criança vive pelosentimento, por isso fica quieta apenas alguns instantes.

b. MentalAprendizagem pelos sentidos. Curiosidade. Imaginação. Credulidade. A alma da criança é comomassa de modelagem: a forma que se der essa fica; o que for ensinado é aceito e crido semdiscussão, o que não se dá com jovens e adultos, que tendo a faculdade da razão em plenofuncionamento, concordam ou discordam, conforme seu senso de valores, julgamento econhecimento. A visão é por demais ativa e a criança aprende mais pela visão do que porqualquer outro sentido. Há muita curiosidade. Muita criança tem adoecido pela curiosidadeem experimentar coisas desconhecidas. Animais pequenos correm perigo perto de mãosinfantis, vítimas de sua curiosidade. A imaginação é por demais fértil. Nessa idade a criançanão distingue entre o real e o imaginário. É tanto, que flores, animais e figuras falam como sefossem gente. Devido a essa forte imaginação, elas inventam histórias as mais incríveis, sendo

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por isso tidas por mentirosas. Quanto à curiosidade, a criança normal parece mais um ponto de imaginação! Seu período de atenção não vai além de 3 minutos.

c. SocialA criança até aos 5 anos é notadamente egoísta, vindo com isso a imitação. Ela é o centro doseu próprio mundo. Só pensa em termos de “eu”. Tudo é “meu”. Se vai a uma loja debrinquedos quer tudo. Se vê oturas crianças brincando quer tomar seus brinquedos. Se come esobra alimento, ela não come mas também não dá. É teimosa e quer fazer aquilo que lhe vemà mente. São afetuosas. Gostam de música e canto. Sua tendência para imitar os outros influino caráter, assim como a curiosidade influi no conhecimento. Essa é a época áurea daformação dos hábitos como oração, obediência, frequência aos cultos, contribuição,assistência caritativa e filantrópica, etc. A vida é uma série de hábitos bons ou maus. Os quemoldarão a vida são formados na primeira infância, precisamente até os 4 anos. Todaconstrução começa pelo alicerce, e aqui temos o alicerce da vida – 1ª infância. Passada estafase, não volta mais.

d. EspiritualCredulidade e confiança tranquila. A vida cristã no lar, num ambiente de oração e fé em Deus,fará a criança compreender a Deus como o Pai amoroso. A atividade dos sentidos ajudá-la-á aaprender as lições da natureza. A criança crê em tudo que lhe é dito. Deus deve serapresentado como o Papai do céu.

Os Primários (6-8 anos) Palavra descritiva da idade: Atividade.

a. FísicoAtivo e irrequieto, mas, melhor controlado. As características são as mesmas da idade 4-5anos, com ligeiras diferenças. O crescimento é mais lento. O ingresso na escola pública põe acriança sob disciplina e a expõe a alguns perigos. Começa a brincar em grupo; o egoísmo estádiminuindo. As avalanches de energia precisam ser dispendidas sob orientação. Se seu temponão for ocupado, encontrará muito o que fazer.

b. MentalNessa idade, o aluno é observador e curioso. Prefere mais fazer do que prestar atenção. Temmemória sem igual. Aprende com facilidade sem entender o que memoriza. É preciso cuidadoquanto ao ensino nesse particular. São impacientes: o que querem, querem agora! Começama distinguir entre o real e o imaginário, entre fato e fantasia. Lembre-se disto professor! Ashistórias e fatos contados ficam gravados. Dessas histórias, a criança obém preciosas noçõesde honra, justiça, bondade, compaixão. Na Bíblia, maior fonte de histórias é o AntigoTestamento; mas em o Novo Testamento encontramos muitas também, especialmente osEvangelhos e Atos. O egoísmo dá lugar ao instinto de coleção. Bolsas e pastas escolarespassam a andar cheias de objetos, os mais diversos. Não há dinheiro que chegue para comprade figurinhas para os álbuns de animais e outras figuras. Os professores não esqueçam: ascrianças nessa idade aprendem com facilidade, mas é preciso explicação do conteúdomemorizado. Se isto não for feito, elas guardam a história na memória, mas esquecem a liçãonela contida. É oportuno encher-lhes a memória com a Palavra de Deus, tanto com versículosapropriados como com ilustrações ou verdades bíblicas ilustradas, das quais tanto Jesus seserviu quando ensinava.

c. SocialA imitação continua forte, bem como a tendência para dramatização. A criança nessa idadegosta do grupo, mas, do mesmo sexo. O menino aborrece qualquer associação com asmeninas, quer nos brinquedos, quer nas ruas. Eles implicam com elas e as expulsam do seu

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meio. Elas se desforram usando apelidos e títulos de desprezo. Pode haver intimidade quando há perversão dos costumes e má influência do meio. É preciso vigilância, por isso. Na imitação, o menino brinca de médico, de motorista, de vendedor, e enche os ouvidos dos pais em casa! As meninas brincam de professora, de dona de casa, com bonecas, cozinhando, etc. Os hábitos estão se formando, para o bem ou para o mal. Que responsabilidade tem o professor aqui! Nessa idade a criança é muito sensível. Qualquer coisa que lhe digamos em tom áspero a magoará e não esquecerá com facilidade. Entretanto, não guarda rancor. Perdoa com facilidade e logo mais está em seu normal.

d. Espiritual Confia sem duvidar, a menos que sofra decepções. Uma criança facilmente confia em Deus. Nessa idade ela começa a comparar o certo e o errado, e é ágil, viva em descobrir as falhas nos adultos. Cuidado, pois, com o exemplo. Se o professor não estiver devidadmente preparado para a aula, a criança notará facilmente seus apertos. Deus deve ser apresentado como o Grande Amigo.

Os Juniores (9-11 anos) Palavra descritiva da idade: Energia.

a. Físico Saúde e energia em excesso. Espírito de competição e investigação. Não há fadiga. As classes devem ser separadas, porque o que interessa a meninos, não interessa a meninas. Gostam do ar livre e excursões. Adoram coisas arriscadas, como subir em árvores, rochedos e equilibrismo. O instinto de coleção aumenta mais. Agora é selos, moedas, figuras, revistas infantis, etc. O espírito de competição muitas vezes termina em lutas. Dois garotos começam a argumentar e logo chegam a conclusão que a única maneira de decidir as coisas é à base de luta e lá se vão (há adultos assim também!). costumam gabar-se dos pais dizendo que são os homens mais fortes do mundo. Deus deve ser apresentado como o Deus forte e amoroso.

b. Mental Sede pelo saber. Começo das dúvidas. A criança passa a investigar o porquê das coisas. A memória continua ativa. O que for agora memorizado, ficará retido e acompanhará o aluno pelo resto da vida. A criança lê muito nessa idade. É a época de pôr em suas mãos a literatura ideal, porém, graduada. A criança memoriza sem compreender o conteúdo do material. O professor deve estar ciente disso. Quase todas as crianças dessa idade acham tolas as ideias dos adultos. Esta é a época ideal para fixar hábitos e costumes corretos como leitura da Bíblia, localização de passagens, frequência aos cultos, estudo da lição da EBD, contribuição financeira, graças pelo alimento, oração em geral, etc.

c. Social Interesse no grupo, associações, organizações. O menino quer “pertencer”. Irmãos vez por outra “brigam” nessa época. Não se trata de crueldade. Isso surge mesmo nessa idade. O sentimento de lealdade é muito forte. Necessitam grandemente de tratamento simpático. O espírito de grupo deve ser orientado e guiado em vez de sufocado ou criticado. Há plena consciência do sexo mas toda atividade dele está adormecida, de modo que repelem-se como na idade anterior. Esta é a idade ideal para orientação sexual, que deve ser ministrada pelos pais.

d. Espiritual Sendo crente, nessa idade a criança gosta muito de adorar a Deus. Ama a Jesus como Salvador, Amigo e Herói. É a época da plasticidade espiritual.

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Os Intermediários (12-14 anos) São também chamados adolescentes, o que de fato são. “Adolescente” deriva do latim adolesco =

crescer, desenvolver-se para a idade varonil. Nossa palavra “adulto” é o particípio de adolesco = crescido.

Palavra descritiva da idade: Transição. a. Físico

Crescimento rápido outra vez. Mudanças profundas, físicas e mentais, isto devido a ação decertas glândulas até então inativas, mas, agora, em obediência às leis do Criador, são ativadase respondem pelas transformações físicas e psíquicas da criança. Há agora muito vigor e muitaatividade. O coração do adolescente cresce e palpita com mais rapidez, o que dá ao meninoenergia, tornando-o barulhento. Bate a porta com força, assobia e grita com força total, que apobre mãe cansada e nervosa pergunta porque é que o Joãozinho não pode ser maiscavalheiro e delicado. Esses jovens furacões também dão vazão facilmente a tais explosões deenergia e logo ficam cansados. Meninos e meninas começam a demorar-se diante do espelhoe do perfume. As meninas crescem mais rápido, mas param mais cedo; os meninos demoramum pouco mais e continuam crescendo. Devido as novas forças desenvolvidas e odesassossego do físico, grande perigos rondam esta idade.Os adolescentes são desajeitados; esbarram em tudo e como quebram as coisas em casa! Issoporque mãos, pernas e pés estão em rápido crescimento, juntamente com forças até entãoinativas, e o cálculo e a firmeza sofrem prejuízos. Também costumam aprender e inventarcacoetes os mais diversos, mas sendo observados com simpatia, os abandonam pouco depoisautomaticamente (cacoetes na idade adulta têm sempre origem no sistema nervoso, comopressa, preocupação, estado emocional, etc.).Deus deve ser apresentado aos adolescentes como o nosso verdadeiro alvo.

b. MentalExpansão. Abandono das coisas de criança. Surge a razão, a mais alta das faculdades humanas,e o rapaz está sempre a perguntar o porquê e o como das coisas (razão no sentido deraciocínio, e não noutro). É a idade das dúvidas, inclusive as de ordem teológica. O adolescenteé pesquisador e lógico. Lê muito, se tiver formado nesse hábito. Concentra-se no que faz.Surgem as emoções. Perguntas bíblicas. Impera o reino da fantasia. Há constante sonhosquiméricos de coisas irrealizáveis, que costumamos chamar de “castelos de areia”. As emoçõesoscilam de um extremo ao outro. Hoje a mocinha está alegre, irrequieta, sonhadora. Amanhãestará muda, triste e não gosta mais de ninguém. O rapazinho adquire ares de teimosia,rebeldia, argumentação. Tudo isso faz parte dessa idade. Tudo deve ser canalizado e orientadopara o bem.A oração constante a Deus e a confiança em suas promessas segundo a Palavra, por parte dospais, é fator de primeira ordem para o equilíbrio, controle e vitória, tanto no lar como na vidados adolescentes. É ainda nessa idade que a mente atinge o mais elevado período intelectual,na fronteira dos 15 anos.

c. SocialDesejo de companhia. Aumenta o sentimento de grupo. Os pais enfrentam o problema decompanheiros apropriados para os filhos. Impulsos de independência. Detestam a rotina;querem variedade. Emoções intensas. A disposição e a força devem ser corretamenteorientados. O amor profundo que surge nessa época deve ter seu verdadeiro alvo em Deus eno próximo, com o qual convivemos aqui na terra até à morte. O estudo de relações humanaspor parte dos pais é muito útil nessa fase.O sentimento de justiça é muito forte, o que exige cuidado dos pais quanto a aplicação dedisciplina.

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d. EspiritualÉ época ideal para serem conduzidos a Cristo. Precisam de apoio constante e orientação, issonum ambiente apropriado de espiritualidade profunda, atividades cristãs e programaspróprios para a juventude.

Os Secundários (15-17 anos) Palavra descritiva da idade: Aspiração. As características físicas, mentais, sociais e espirituais, são praticamente as mesmas da idade anterior,

porém, mais acentuadas. A vida sentimental continua em desenvolvimento. Muitas vezes, há romances nesse ponto, os quais

exigem tato, controle, paciência, ação, confiança e observação por parte dos pais. Prossegue o espírito de competição.

Os Jovens (18-24 anos) Palavra descritiva da idade: Independência.

a. FísicoVitalidade ilimitada. O físico atinge o máximo. As energias físicas e mentais devem ser dirigidasde modo a fazer do jovem (rapaz ou moça) um cooperador na obra de Deus.

b. MentalOs sentimentos estão desenvolvidos ao máximo. Patriotismo. Paixão por ideais. O jovem gostade aparecer. Tem prazer em exibir uniformes, distintivos, etc. Gloria-se no sacrifício e naprática do bem ao próximo, fazendo para isso seus maiores esforços. Tem forte imaginaçãoconstrutiva. Jovens nessa idade têm planejado e inventado muitas máquinas e aparelhos.

c. SocialNessa idade o jovem escolhe o seu modo de vida definido. Essa idade repele a monotomia. É aidade de ouro da juventude. Antes disso o jovem aspira alguma coisa, agora ele parte para aindependência. A Escola Dominical pode influir grandemente na solução dos problemas domoço e da moça, como: conversão, dedicação a Cristo, vida espiritual profunda, namoro,casamento, etc. Os professores precisam ser bons conselheiros nessa fase. A escola deveprocurar ter professores à altura e para isso tomar todas as providências, inclusive diante deDeus em oração e súplicas.

d. EspiritualNessa idade os jovens têm convicções firmes, definidas. Uma vez tendo requisitos, servemmuito bem nas atividades da Escola Dominical, campanhas diversas, projetos e trabalhos emgeral da igreja local. Com a assistência e orientação necessárias, o trabalho da Mocidadeproduz abundantemente. A liderança desenvolvida através dos anos tem agora o seu auge.

Idades de 25 a 60 anos Daremos apenas um resumo, com as palavras descritivas de cada idade e ligeiras observações. Não é

que essas faixas de idade tenham pouca importância para o professor. Não! É devido às estreitas limitações do espaço e tempo deste curso.

a. 25-34 anos – Palavra descritiva da idade: Aplicação. A prudência entra em ação.b. 35-60 anos – Palavra descritiva da idade: Realização. A constância é uma realidade nessa

idade. É o meio dia da vida. É como se alguém subisse a uma montanha e chegasse ao topo.c. 60 anos para cima – Palavra descritiva da idade: Reflexão. Aqui começa a descida da montanha

da vida. É o inverso da subida na infância. Nessa idade, o homem e a mulher necessitam deapoio, simpatia, compreensão e paciência. É o início da velhice. São muito observadores. Se

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não tiverem o Espírito de Cristo e uma sólida formação, tenderão: ao pessimismo, à crítica, à murmuração, a ressentimentos, à maledicência e a maus hábitos.

IV. CONCLUSÃOO ensino para ser eficiente deve ser graduado, de modo a atender às necessidades dessas diferentes

idades, segundo suas características, necessidades e interesses que acabamos de ver. Fica, pois, bem claro que o professor para ser eficiente precisa não somente conhecer a matéria que vai ensinar (a Palavra de Deus) e ser espiritual; mas também conhecer o aluno, não apenas no sentido pessoal, mas sua psicologia. Oremos e busquemos o Senhor para Ele levante um poderoso ministério de ensino entre nós.

V. BIBLIOGRAFIABixler, Lawrence. How to Teach.Derville, L. Psicologia Prática no Ensino.Ciaw, Escola de Instrutores. Fundamentos do Ensino.Guillaume, Paul. Manual de Psicologia.Hurst, D.V. And He Gave Teachers.Oliveira, Samuel T. Psicologia da Adolescência.Oliver, Charles. A Preparação de Professores.Pearlman, Myer. Studying the Pupil.Santos, Theobaldo Miranda. Noções de Psicologia.Thornton, E. W. How to Teach.

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TECNOLOGIA DO APRENDIZADO

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TECNOLOGIA EDUCACIONAL

A presença inegável da tecnologia em nossa sociedade constitui a primeira base para que haja necessidade de sua presença na escola. A tecnologia é, como a escrita, na definição de Lévy (1993), uma tecnologia da inteligência, fruto do trabalho do homem em transformar o mundo, e é também ferramenta desta transformação. Apesar da produção das tecnologias estar a serviço dos interesses de lucro do sistema capitalista, a sua utilização ganha o mundo e acontece também de acordo com as necessidades, desejos e objetivos dos usuários.

Apesar de ser introduzida com maior ênfase nos anos 60, com uma pedagogia tecnicista, foi nos anos 80 que a tecnologia educacional passou a ser compreendida como uma opção de se fazer educação contextualizada com as questões sociais e suas contradições, visando o desenvolvimento integral do homem e sua inserção crítica no mundo em que vive, apontando que não basta utilização de tecnologia, é necessário inovar em termos de prática pedagógica. A tecnologia educacional, portanto, ampliou seu significado constituindo-se no “estudo teórico-prático da utilização das tecnologias, objetivando o conhecimento, a análise e a utilização crítica destas tecnologias, ela serve de instrumento aos profissionais e pesquisadores para realizar um trabalho pedagógico de construção do conhecimento e de interpretação e aplicação das tecnologias presentes na sociedade” (SAMPAIO & LEITE apud LEITE, 2003, p.12)

O conceito de alfabetização tecnológica do professor envolve o domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na sociedade, mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz em uma percepção global do papel das tecnologias na organização do mundo atual e na capacidade do professor em lidar com as diversas tecnologias, interpretando sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de distinguir como, quando e por que são importantes e devem ser utilizadas no processo educativo. (SAMPAIO & LEITE apud LEITE, 2003, p, 14)

Queremos contribuir para a criação e para o processo de autoria do professor, deixando clara à parte das inúmeras possibilidades das tecnologias. As tecnologias serão apresentadas, nestes textos, como ferramentas de produção e meios de expressão de diferentes saberes para professores e alunos nas suas práticas educativas.

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Consideramos que as tecnologias merecem estar presentes no cotidiano escolar primeiramente porque estão presentes na vida, mas também para:

diversificar as formas de produzir e apropriar-se do conhecimento; serem estudadas, como objeto e como meio de se chegar ao

conhecimento, já que trazem embutidas em si mensagens e umpapel social importante; permitir aos alunos, através da utilização da

diversidade de meios, familiarizarem-se com a gama de tecnologias existentes na sociedade;

serem desmistificadas e democratizadas; dinamizar o trabalho pedagógico; desenvolver a leitura crítica; ser parte integrante do processo que permite a expressão e troca

dos diferentes saberes.

O EDUCADOR E AS NOVAS MÍDIAS

O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de possibilidades de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos presencial e virtualmente, de avaliá-

los.

Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é importante que amplie, que aprenda a dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e as

de comunicação audiovisual/telemática.

Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. É importante que cada docente encontre o que lhe ajuda mais a sentir-se bem, a comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a que aprendam melhor. É importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar.

ANTES DE CADA AULA

Com a Internet podemos modificar mais facilmente a forma de ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos a

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distância. São muitos os caminhos, que dependerão da situação concreta em que o professor se encontrar: número de alunos, tecnologias disponíveis, duração das aulas, quantidade total de aulas que o professor dá por semana, apoio institucional. Alguns parecem ser, atualmente, mais viáveis e produtivos. É importante mostrar aos alunos o que vamos ganhar ao longo do semestre, por que vale a pena estarmos juntos. Procurar motivá-los para aprender, para avançar, para a importância da sua participação, para o processo de aula-pesquisa e para as tecnologias que iremos utilizar, entre elas, a Internet. O professor pode criar uma página pessoal na Internet, como espaço virtual de encontro e divulgação, um lugar de referência para cada matéria e para cada aluno (isso pode ser feito através de fóruns virtuais nas mídias sociais já existentes – FACEBOOK, Google +1 e Twitter) Essa página pode ampliar o alcance do trabalho do professor, de divulgação de suas ideias e propostas, de contato com pessoas fora da universidade ou escola. Num primeiro momento a página pessoal é importante como referência virtual, como ponto de encontro permanente entre ele e os alunos. A página pode ser aberta a qualquer pessoa ou só para os alunos, dependerá de cada situação. O importante é que professor e alunos tenham um espaço, além do presencial, de encontro e visibilisação virtual. Hoje começamos a ter acesso a ferramentas que facilitam a criação de ambientes virtuais, que colocam alunos e professores juntos na Internet.

O professor, tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar algumas ferramentas simples da Internet para melhorar a interação entre todos.

DURANTE CADA AULA

O Professor tem a opção de, durante as suas aulas, usar várias tecnologias para a transmissão da sua aula via som (cd, mp3, internet) e visual (Power point, filmes, gravuras e desenho em quadro).

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Quando em sala de aula sempre iremos depender daquilo que esta disponível no ambiente de nossa sala, na maioria dos casos, o professor da EBD necessita, e é mais efetivo que assim o façam, de utilizar seu próprio equipamento tecnológico para transmissão de sua aula.

POWER POINT

é um programa utilizado para criação/edição e exibição de apresentações gráficas, originalmente escrito para o sistema operacional Windows e portado para a plataforma Mac OS X.

O PowerPoint é usado em apresentações, cujo objetivo é in-formar sobre um determinado tema, podendo usar: imagens, sons, textos e vídeos que podem ser animados de diferentes maneiras. O PPT, é uma ponderosa ferramenta para compar-tilharmos, quadros, dados demográficos, vídeos e detalhes da lição, que seriam muito difícil de serem assimilados pelos

alunos sem uma representação gráfica

EX: O povo caminhou 40 anos no deserto, sendo que o tempo de sua caminhada deveria ser apenas de dias

OU AINDA:

O Povo de Israel viu a Glória de Deus sobre o monte Sinai

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Sem uma figura, ficaria difícil a captura da imagem desta passagem. É também possível colocarmos vídeos dentro de um power point o que permite uma habilitação ainda maior de expressar alguma passagem bíblica. COMO USAR O POWER POINT Apenas nestes breves minutos seria difícil apresentar todas as ferramentas e aplicações deste software, por isso, está disponível a você um rápido guia de usar este programa neste endereço abaixo: http://www.mediafire.com/download/2ts72xzwqsv54u3/apostila_oficina_power_point.pdf VÍDEOS Com a propagação e o domínio no uso de computadores, este virou uma importante e potente ferramenta, ele se transforma no nosso “player”, visualizador de slides, guia de projeto, ferramenta de estudo, e de preparação e apresentação das nossas aulas. As mídias mais conhecidas para tocarmos vídeos são: mp4, mpeg, flv, avi e mov.

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Saber disso é importante, porque nos auxilia em administramos melhor o tempo na hora de escolher a melhor versão do nosso material para ser apresentado, pincipalmente, se o local onde exibiremos nossa aula não será controlado por nós ou estará em um sistema diferente do que você preparou.

Você pode encontrar um material quase que infinito na internet, sobre quase qualquer assunto que esteja interessado.

Para fazer download de vídeo do Youtube, algumas ferramentas podem ser utilizadas. A que se tem encontrado maior facilidade é a Real Player Downloader. Além de automaticamente verificar se há um vídeo sendo tocado no seu computador, ele já oferece a melhor compactação e extensão após o término do download .

É imprescindível que, quando você estiver preparando uma aula, assista seus vídeos por completo pelo menos duas vezes, para ter certeza de que está “rodando” de maneira apropriada.

USANDO VÍDEOS DURANTE A AULA

Para utilizar os vídeos relacionados a sua aula, depois de haver certeza de que o arquivo que será tocado possui som e imagem em perfeito estado, você pode usá-lo dentro de um Power Point, ou tocar por um programa de execução de

mídia, como, Windows Media Player, iTunes, RealPlayer e outros.

Quanto mais comum o programa, maior a probabilidade de sucesso.

Outro fator importante na utilização de vídeos é a preocupação com a transmissão sonora da mensagem sendo tocada. Laptops e Tablets não possuem um sistema satisfatório de áudio.

Tenha sempre em mente que você precisará de algum tipo de amplificação para seu arquivo, caso você esteja utilizando o próprio equipamento de emissão, com as caixas de som embutidas.

Mais uma vez, a preparação prévia do ambiente da aula é o fator divisor de águas no uso deste material durante a sua aula.

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As soluções para isso são muitas, mas as mais confiáveis são estas a seguir.

- Fazer a conexão do seu computador ou tablete a uma caixa de somvia o “jack” do fone de ouvido

- Fazer a conexão do seu computador ou tablete a televisão deapresentação via o “jack” de fone de ouvido

- Fazer a conexão do seu computador via HDMI aosistema de apresentação que esta sendo utilizado.

APÓS CADA AULA

Entender e participar do processo de memorização de cada aluno é muito importante, é um fator chave na hora de acompanhar após as aulas.

Para professores de crianças acredito que distribuir aos pais e-mails, vídeos e a disponibilidade de contato, é muito importante para que durante a semana, aquilo que você ministrou na sua aula seja incorporado no dia-a-dia da família da criança.

Para professores de adolescentes e acima, a melhor maneira, é o acompanhamento e o compartilhamento via redes sociais, existe dentro de sites como facebook e etc, ferramentas de enquete e afins que podem ser utilizadas por você para propagar a memorização, é muito interessante que se compartilhe também o material utilizado em classe.

Disponibilize via internet seu esboço eletrônico, power point, links e bibliografia digital, para que o aluno possa maximizar e ir além da classe.

COMPARTILHANDO A AULA APÓS A AULA

Os correios eletrônicos, e-mail, não acompanharam a evolução da transmissão de dados como se esperava, hoje muito pouco conseguimos compartilhar via um arquivo anexado.

Textos, fotos em tamanhos médios e pequenos arquivos de áudio e vídeo, ainda podem ser transmitidos via um email, mas a maioria dos materiais em qualidades dignas de uma mercado de trabalho ou acadêmico, e

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porque não, do evangelho de Jesus, não podem ser compartilhados simplesmente anexando em um e-mail.

Nós temos, hoje em dia, sites específicos para compartilhamento de arquivos onde, após anexarnos, enviamos um e-mail, ou mesmo um text message para o nosso aluno, e ele pode fazer uma cópia de nosso arquivo em seu computador.

Além de ser mais seguro contra vírus e etc, também nos permite verificar quantos arquivos já foram copiados e qual a frequência de compartilhamento. Claro que também nos permite compartilhar arquivos muito maiores em tamanho e assim disponibilizarmos algo de maior qualidade.

Alguns sites oferecem este serviço gratuitamente outros já fazem um cobrança pelo tamanho de espaço online, que varia muito dependendo do tipo e segurança do serviço.

CONECTADO COM SEUS ALUNOS

Estar disponível, é muito importante para os nosso alunos, se não estivermos em conexão com eles, a internet estará, as respostas prontas estarão no youtube, wikipedia e google.

É muito importante que seus alunos tenham acesso a você via telefone (text message), e-mail, facebook, ou se no seu caso, sua pagina particular de e-mail, onde ele possa compartilhar suas dúvidas e aprender junto com você a palavra de Deus.

CONCLUSÃO

Na realidade de hoje, não podemos fugir a responsabilidade de nos atualizarmos para compartilhar uma melhor aula. Porém, não podemos usar da tecnologia em nome da nossa preguiça de gastar tempo preparando nos-sa aula, e este é o coração por trás deste material.

Tudo isso aqui tratado, melhora muito a transmissão do que queremos passar aos domingos ou outros dias, mas não diminui em nada, e, em muitos casos, aumenta nosso tempo de pesquisa e preparação para as aulas.

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O foco é: que o tempo gasto em aula seja melhor aproveitado por nós e nosso alunos, para edificação do Corpo de Cristo, como diz na Palavra de Deus: Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. (Efésios 5:15-16). O que significa exatamente, aproveitando as oportunidades de dias maus em que vivemos.

O nosso objetivo, é copiar o mandamento de Deus ao povo de Israel, pedindo a eles para tomar figuras e exemplos para dar aos filhos maneiras de incorporarem melhor a Palavra de Deus.

E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e

andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre

os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.

Deuteronômio 6:6-9

Que a nossa vida neste trabalho esteja verdadeiramente dedicada ao transmitir o conhecimento de Deus de maneira efetiva e eficaz para Glória de Deus na vida de nossos alunos.

LINKS E BIBLIOGRAFIA

Apostila: http://www.mediafire.com/download/vrresfvvcg2b47z/Tecnologia_no_Aprendizado.docx Power Point: http://www.mediafire.com/download/qkf4nkmil5p3zny/Tecnologia_no_Aprendizado.pptxVídeo: http://www.mediafire.com/download/lao6p2jbawdzqfs/VIDEO_EBD.mp4Bíblia: http://www.bibliaonline.com.br

Apostila Tecnologia Educacional – Rosangela Menta Mello (2004) Wikipedia – Microsoft PowerPoint (2013) Google Images – Logos Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias - José Manuel Moran (2000)

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