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Capacitando a Força Missionária Internacional - Treinamento em discipulado transcultural - Implantação de igrejas transcultural - Comunicação e evangelismo transcultural e. Vida Missionária d. Aprendizado da Língua e. Especificações em Missões: Este lida mais com as áreas específicas que irão fornecer preparo adicional. 2. Currículo Implícito Quais são algumas das áreas implícitas de treinamento? Primei- ro, pode-se experimentar crescimento pessoal e espiritual através de intensa adoração semanal, focalizando-se temas como a atitude de servir, a vida crucificada, a obediência, a e o poder do Espírito Santo. Um dia de oração a cada mês também ajuda os estudantes a confiarem no Senhor como comunidade. Devocionais pessoais são uma das principais preocupações. Segundo, pode-se aprender sobre liderança através de um sis- tema de “pais adotivos”, no qual as famílias se revezamna liderança de toda a comunidade. Terceiro, uma ênfase sobre vida familiar prepara as famílias para a vida transcultural. Esse currículo está sendo regularmente avaliado, a partir do retorno vindo do campo e das mudanças no cenário missionário coreano. O diagrama seguinte mostra como ele é desenvolvido. 1. Assuntos Centrais a. Introdução a Missões b. Teologia de Missões D. Assuntos 94

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

- Treinamento em discipulado transcultural- Implantação de igrejas transcultural- Comunicação e evangelismo transculturale. Vida Missionáriad. Aprendizado da Línguae. Especificações em Missões: Este lida mais com as áreas

específicas que irão fornecer preparo adicional.2. Currículo ImplícitoQuaissão algumas das áreasimplícitas de treinamento? Primei-

ro, pode-se experimentarcrescimento pessoal eespiritual através deintensa adoração semanal, focalizando-se temas como a atitude deservir, a vida crucificada, a obediência, a fé e o poder do EspíritoSanto. Um dia de oração a cada mês também ajuda os estudantes aconfiarem no Senhor como comunidade. Devocionais pessoais sãouma das principais preocupações.

Segundo, pode-se aprendersobre liderança através de um sis-tema de “pais adotivos”, no qual as famílias se revezamna liderançade toda a comunidade.

Terceiro, uma ênfase sobre vida familiar prepara as famíliaspara a vida transcultural.

Esse currículo está sendo regularmente avaliado, a partir doretorno vindo do campo e das mudanças no cenário missionáriocoreano. O diagrama seguinte mostra como ele é desenvolvido.

1. Assuntos Centraisa. Introdução a Missõesb. Teologia de Missões

D. Assuntos

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Rumo a um Modelo Coreano de Treinamento Missionário

e. História de Missõesd. Antropologiae. Religiões não-cristãsf. Crescimento de igrejas2. Ministério Transculturala. Exegese e Homilética Transculturalb. Comunicação e Evangelismo Transculturale. Implantação de Igrejas Transculturald. Treinamento em Discipulado Transculturale. O Missionário como um Educadorf. O Ministério do Missionáriog. Estudos de Area3. Vida Missionáriaa. Prática Missionáriab. Filosofia e Ministérioe. Discipuladod. Encontro de Poderese. Habilidades Práticasf. Estudos de Caso4. Lingüísticaa. Habilidades de Aquisição da Línguab. Inglês5. Cursos Adicionais (opcionais)a. O Movimento Ecumênicob. Missão Asiáticae. Educação Teológicapor Extensão (Theological Education by

Extension - TEE)d. Desenvolvimento Comunitárioe. Teologia da Libertaçãof. Cultura Coreanag. Teologias do Terceiro Mundo

E. Professor/Liderança

Professores são especialistas que, no treinamento, se mantêmfiéis ao seguinte:

1. Ser um exemplo para os estudantes, seguindo o modelo deCristo (1 Pedro 5:3)

2. Ter como prioridade reproduzir as seguintes funções:3. Daraprioridade correta à vidaespiritual, família eministério

da pessoa.

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4. Almejar multiplicar.5. Enfocar a pessoa como um todo.6. Motivar os candidatos a terem iniciativa própria.

3. IMPLEMENTAÇÃO

A. Administração

1. Seleção de CandidatosDá-se prioridade àquelesque já foram aceitos por conselhos de

missões responsáveis, tanto interdenominacionais quanto denomi-nacionais; ainda assim, faz-se uma minuciosa entrevista antes queo candidato seja aceito.

2. Princípios de AdministraçãoExceto por alguns poucos funcionários de escritório, espera-se

de quase todos os membros do corpo administrativo e dos profes-sores que vivam como missionários. Isso significaque eles têm quelevantar seu sustento e adotar tim estilo de vida simples o máximoque puderem. Também precisam conseguir pessoas que orem poreles.

Quase toda a manutenção é feita pelos candidatos ou porvoluntários. Voluntários semanais participam, cuidando de criançasena cozinha, de acordo com seus chamados. Aproximadamente umadúzia de pessoas trabalha nesse esquema a cada semana. Esse tipode serviço sacrificial fortalece o efeito do ensino pelo exemplo.

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3. Princípios FinanceirosEspera-seque, tanto ostreinadores quanto oscandidatos, sigam

princípios de fé missionária, embora não de uma forma dogmática.Isso significa que candidatos, preparadores e os que os sustentamem oração buscam juntos no Senhor o suprimento de todas asnecessidades.

4. Sustento em OraçãoAlém das igrejas que sustentam financeiramente, e indivíduos

que sustentam em oração, há um grupo de senhoras que se encon-tram duas vezes por mês para orar. Elas oramnão apenas pelo centro,mas também por outros assuntos. São chamadas de “Senhoraspró-Associação para Missões” (Ladies for Association for Missions-LAM).

B. Vida Comunitária

Este pode ser um dos pontos fortes desse programa. Espera-seque os candidatos vivam numa comunidade de estreitaunião, divi-dida em três casas, por nove meses. Numa orientação inicial, dá-seespecial atenção às seguintes áreas:

1. Relacionamentos interpessoais2. Manutenção da propriedade3. Vida em família: Casamento, criaçãode filhosA vida comunitária pode terum efeito prejudicial seum cuidado

apropriado não for fornecido. Por outro lado, é dessa maneira queos candidatos treinam uns aos outros, e que os professores têm aoportunidade de dar atenção a problemas profundos que estejamtalvez escondidos.

A liderança fica a cargo de uma família a cada mês. O líder éresponsável portodososassuntos domésticos. Atéque oscandidatosse formem, um relacionamento permanente terá sido estabelecido.

C. Administração do Currículo

Um total de 582 horas de experiências de aprendizado de salade aula, formal e informal, maisuma viagem de um mês ao exterior,uma semana de experiência vocacional, uma semana de evangelis-mo em subúrbios coreanos e uma semana de um seminário depregação (para aprender princípios e práticas de pregação exegéticaintensivamente) - os candidatos terão participado de tudo issoquando se graduarem.

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Das 40 semanas requeridas, a divisão por categorias é a seguin-te:

Palestras: 22 semanas e um diaLeitura (estudo individual): 8 semanasViagem missionária: um mês e dois diasDias de oração: 10 diasEvangelismo doméstico: uma semanaEnvolvimento social: uma semanaSeminário sobre casamento: 4 diasAvaliação de compreensão: uma semanaFérias: uma semanaAs palestras formais duram cerca de 20 semanas, e as outras 20

semanas são dedicadas a diferentes formas de aprendizado.

D. Vida Devocional eMotivação para Missões

Espera-se que os candidatos mantenham um período devocio-nal diário. Cada mês, separa-se um dia para orar por missões eassuntos domnésticos. Além disso, todos os dias, ao meio-dia, oscandidatos oram por assuntos mundiais.

A coluna dorsal do programa devocional está nas noites dequarta-feira. E separado umn período maior para adoração e exposi-ção das Escrituras, enfocando temas, taiscomo a vida de serviço, avida crucificada, a fé, a alegria de servir, o fruto do Espírito, ocrescimento e outros assuntos dessa natureza.

Os domingos são separados para que os candidatos possamministrar em suas próprias igrejas. Os sábados são para descansodos estudos e para assuntos familiares. (Entretanto, alguns sábadossão também utilizados para evangelismo ao ar livre.)

4. CONCLUSÃO

O treinamento missionário coreano oficial começou em 1973,por decisão da Associação Asiática de Missões (Asia MissionsAssociation). O Centro Leste-Oeste de Pesquisa e DesenvolvimentoMissionário (East-West Centre for Missionary Research and Deve-lopment) foi o primeiro programa do gênero estabelecido paradesenvolver esse trabalho.

Desde então, numerosos modelos de treinamento missionáriotêm surgido. Um desses modelos foi descrito acima. Não é certoporquanto tempo esse tipo de treinamento minucioso será necessário;

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mas atualmente, no movimento missionário coreano, quando maismissionários pioneiros e aqueles que desejam servir com agênciasinternacionais de missões estão procurando treinamento, estou con-vencido de que esse modelo servirá a esse propósito.

NOTAS

1. Larry D. Pate, From Every People (Monrovia, California: MARC,1989),p.36.

2. M. Nelson, Directory of Korea Mission Societies, Mission TrainingInstitutes, and Missionaries (Seoul: Basilae, 1989), pp.181-199.

3. Ted Ward, “Non-formal Education - What Is It?”, p.4, modificadoe apresentado por William Taylor no seminário “History ofReligious Education” na Trinity Evangelical Divinity Schoolinverno, 1983.

O Dr. David Taiwoong Lee, presidente da FraternzdaaeMissionária Global (Global Missionary Fellowship) e diretor doseu Centro de Treinamento para o Ministério Global (GlobalMinistry Training Centre), teni dedicado sua vida ao treinamentode missionários coreanos. Ele serve no Comitê Executivo daComissão de Missões da WEF. Este capítulofoi apresentado pelaprimeira vez em 1990, no Congresso de Missões na Asia, naoficina de treinamento missionário e, então, revisado parapublicação.

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Faculdade Missionária daIgreja do Interior da

África, Eldoret, Quênia

Jona than Hildebrandt

O planejamento para a Faculdade Missionária da Igreja doInterior da África, em Eldoret, Quênia, começou com o

Bispo Ezekiel Birech e líderes de igrejas cm 1979. Foi nomeado em1980 um comitê de direção para planejar um programa de treina-mento missionário. Em 1981, um fazendeiro africano e sua esposadoaram 30 acres de suas terras para o campus da Faculdade. Em1984, foi iniciada a escavação para o primeiro edifício e, no dia 2de fevereirode 1986, aFaculdade Missionária foi aberta oficialmen-te pelo Dr. John Gration.

1. PROPÓSITO E FUNÇÃO DA FACULDADEMISSIONÁRIA

O comitê de direção aprovou, em 1984, o seguinte objetivoparaa Faculdade:

O propósito da Faculdade Missionária AIC é proporcionartreinamento transcultural, relevante e prático, a homens e mulheres

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que sentem o chamado de Deus para ir a outras tribos e nações como objetivo de proclamaras Boas Novas de salvação em Jesus Cristo.

A função da Faculdade Missionária irá cobrirfundamentalmen-te três setores:

(1) Treinamento missionário, que foi a primeira parte a seriniciada e desenvolvida;

(2) Trabalho de extensão e de seminários com pastores, paracriar uma consciência e uma sensibilidade missionária na igrejalocal;

(3) Pesquisa em áreas não-alcançadas, para avaliar a igrejadesses lugares que têm necessidades missionárias, e o que é neces-sário para suprir as mesmas.

2. FILOSOFIA DO TREINAMENTO MISSIONÁRIO

O Comitê de Direção eo Comitê de Currículo deixaram claro,desde o princípio, que queriam um programa de treinarnento queproduzisse missionários preparados para ir a uma área não-alcança-da e fazerum trabalho missionário efetivo. Em outras palavras, elesqueriam um curso prático.

A Faculdade Missionária não é uma escola teológica; ela seespecializa unicamente em treinamento missionário. Espera-se doscandidatos que tenham completado seu treinamento pastoral, conhe-çam sua Bíblia e teologia e estejam procurando treinamento missio-nário. Pelo fato de não ser ensinada teologia, é mais fácil para outrasdenominações utilizarem a Faculdade, pois sabem que não se esperadelas que aprendam a doutrina da igreja do interior da Africa.

Antes que um candidato seja aceito, é necessário que tenhatrabalhado com sucesso por pelo menos dois anos em algum tipo detrabalho cristão, em meio à sua própria tribo. A Faculdade Missio-nária não recebe homens diretamente da faculdade teológica, quenão tenham experiência de trabalho no “mundo real” de sua própriacultura.

Foi também decidido que o programa seria um treinamentomissionário baseado na família. Na maioria dos treinamentos mis-sionários ocidentais,.e em muitas escolas teológicas no Quênia, é omarido que recebe a educação, e o resultado é que a esposa e afamnília são freqüentemente mal preparados para o trauma de trans-por barreiras transculturais com o marido. Desde o princípio, foiplanejadoque o candidato teria que trazer sua esposa e filhos. Não

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Faculdade Missionária da Igreja do Interior da África

foram construídos dormitórios; o alojamento é para famílias. Essafilosofia é uma respostapara o estilo de vida de muitos missionáriosdo Quênia, que deixam suas esposas e famílias em casa etrabalhamsozinhos no campo missionário, porque a esposa teme viver numacultura estrangeira, não sente o mesmo chamado que o marido eassim por diante.

Visto que os bens materiais são mais limitados nos países emdesenvolvimento, a Faculdade Missionária procura desenvolver osrecursos humanos de maneira completa, enquanto também preparamissionários para utilizarem a tecnologia disponível, para tornarseuministério mais efetivo.

O currículo também enfatiza parceria com outros missionáriose unidade no corpo de Cristo. Ao invés de desenvolver uma atitudede “ir sozinho”,os estudantes são encorajados a cooperarcom outrosgrupos evangélicos e missionários, a fim de alcançar um objetivocomum.

3.0 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOCURRÍCULO

Muito antes de ser iniciada a construção ou de ser reunido ocorpo docente, o Comitê de Direção nomeou um Comitê de Currí-culo, com o objetivo de desenvolver um currículo especificamentedesignado para atender as necessidades de candidatos missionáriosdo Leste da Africa.

A. Pesquisa

Foi feita uma pesquisa entre os missionários do AIC, na qualse perguntou o que eles gostariam de ter sabido antes de iniciar seuministério transcultural; o que diriam a novos missionários; o quedesejavam saber, mas ainda não tinham aprendido; e assim pordiante. Os resultados indicaram um grande desejo de ter conheci-mento sobre antropologia e contextualização. Surpreendentemente,estes foram seguidos de perto por pedidos por cursos práticos, comomecânica de motocicletas, reparos em bombas de água, primeirossocorros, saúde familiar e construção de casas. Então, uma varieda-de de outras áreas foi mencionada.

B. Modelos não-ocidentais

Desde que o Comitê de Direção decidiu que não queria seguir

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servilmente um padrão europeu ou norte-americano de treinamentomissionário, pediu-se ao Reitor, em 1984, queescrevesse a institui-ções de treinamento missionário não-ocidentais e pedisse informa-ções sobre seus programas. O Reitor reuniu e apresentouinformações que foram discutidas pelo Comitê de Currículo, sendoaprovado, em seguida, um currículo de quinze mezes.

C. Educação Prática

O currículo é melhor descrito comoprático. A ênfase na práticareflete o contexto africanono qual a Faculdade está insemida, pofquetradicionalmente os africanos gostam de aprender fazendo . Oobjetivo da Faculdade não é produzir homens e mulheres queconheçam teoria de missões, mas homens e mulheres que realmentefaçam o trabalho missionário.

A Faculdade implementa sua filosofia de educação prática comtrês abordagens de aprendizado diferentes:

(1) Existem quatorze cursos teóricos, que são ensinados demnaneira a se relacionaremn diretamente ao ministério. Por exemplo,no curso de “Evangelismo e Implantação de Igrejas Transcultural”,a classe não gasta horas construindo gráficos ou muito temposelecionando estatísticas para fazer tabelas de crescimento de igre-jas. Ao contrário, o instrutor enfatiza métodos, meios e abordagenspara realmente ganhar para Cristo pessoas de uma outra cultura.

(2) Existem cursos práticos que tornarão a vida missionáriamais fácil para novos missionários, tais como:

(a) como iniciar um ministério pioneiro;(b) como consertar uma motocicleta;(c) como tratar a malária;(d) como planejar um pequeno edifício;(e) o que cultivar em climas semi-áridos;(f) como cozinhar com cereais desconhecidos.(3) Existem duas práticas de campo, nas quais os candidatos

realmente moram com suas famílias entre um grupo de pessoasnão-alcançado e tentam colocar em prática o que aprenderam.

D. Programas Inovadores para Esposas

O Comitê queria também que fosse desenvolvido um programadinâmico para esposas. Curiosamente, houve bastante resistênciaem empregar muita ênfase, tempo e recursos no treinamento demulheres. Nos primeiros estágiosde ensino, procurou-se o conselho

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Faculdade Missionária da Igrejado Interior da África

de uma instrutora, numa instituição bem conhecida em Nairobi,sobre o que deveria ser incluído num currículo para esposas africa-nas. Ela respondeu que pareciahaver pouca coisa disponível e que,particularmente, não achava necessário esse tipo de treinamento.

Felizmente, a Faculdade Missionária tinha uma esposa e mãeexperiente, que tinha a visão e habilidade para desenvolver um cursoespecificamente para a esposa e mãe africana missionária. BarbaraCollins elaborou seu treinamento em torno de um núcleo de trêscursos: (1) As Mães Missionárias; (2) A Esposa Missionária; (3) AEsposa eMinistra Missionária (nessa ordem). Cursos práticos paramulheres incluem preparo de novos cereais e vegetais, costura esaúde familiar.

E. Avaliação eMudança em Andamento

O corpo docente da Faculdade decidiu desde o princípio que ocurrículo deveria ser vivo, o que significa que deveria continuar ase desenvolver e a mudar. Todo o corpo administrativo está com-prometido a fazercada curso tão útil e efetivo quanto possível. Nofinal de cada período e no fim do ano acadêmico, todos os cursossão revisados. Nos primeiros três anos da Faculdade, um curso foieliminado, outro adicionado e a maioria sofreu mudança em seuconteúdo.

Para ajudar na avaliação, o Acadêmico Dean Malcolm Collinspediu aos alunos sua opinião sobre os cursos. O próprio palestrantetambém apresenta sua apreciação. Além disso, é enviado um ques-tionário aosgraduados, um ano após haverem deixadoa Faculdade,para obter suas respostas sobre o que é útil, não útil, o que poderiaser eliminado ou adicionado.

4.0 PROGRAMA ACADÊMICO

Atualmente, a Faculdade Missionária opera um programa in-tensivo de quinze meses, durante o qual há apenas seis semanas deférias, ao invés dos três mesese meio dados por outras instituiçõesno Quênia. O curso édividido da seguinte maneira:

Período I 12 semanasPrimeiro Módulo de Campo 2 semanasIntervalo (férias) 2 semanasMódulo de Música 1 semanaPerído II 12 semanas

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Intervalo (férias) 4 semanasSeminário de Alfabetização 1 semanaPeríodo III 12 semanasPrática de Campo 16 semanasSeminário de Instruçõespara os que Retornamdo Campo 2 semanas 64 semanas ou 15 mesesO dia típico é dividido em duas partes, com a manhã sendo

usada para educação formal emn sala de aula (com um intervalo nomeio da manhã para adoração) e a tarde para cursos práticos menosformais em sua abordagem, tais como mecânica de motores, cons-trução, culinária e costura.

A. Educação Formal, Não-Formal e Informal

A instrução formal oferecida pela Faculdade tem uma forteênfase em antropologia, contextualização e mninistério transcultural.Muito do aprendizado não-formal acontece à tarde, em aulas práti-cas. Esses cursos não são designados a tornar osestudantes especia-listas, mas a dar a eles uma introdução geral e um conhecimentoprático do funcionamento da máquina de combustão interna, dabomba de água, da construção de edifícios, da agricultura em terraseca, de primeiros socorros e coisas do gênero.

Certamente, o aprendizado não-formal também temn lugar du-rante as práticas de campo. Instrutores têm descoberto que osestudantes aprendem uma grande variedade de coisas durante operíodo no qual vivem entre pessoas de uma cultura diferente.

Um progresso interessante, que não foi planejado pelo Comitêde Curriculo, é a educação informalque acontece no kijiji (vila dosalojamentos dos estudantes). As casas dos estudantes são organiza-das em vilas de oito unidades que partilham umpátio comum. Entreas casas há aviários para demonstração, onde os estudantes podemmanter suas próprias aves domésticas. O pátio comum ajuda aconstruir relacionamentos entreas famílias dos estudantes, que vêmde uma variedade de tribos e países diferentes.

A estreita proximidade das casas estimnula uma troca de idéiase aprendizado. No curso sobre educação infantil formal, o instrutordescobriu que as mães já têm atentado para muitos aspectos dife-rentes da criação de filhos, apenas a partir do que observaram emseus vizinhos na vila dos estudantes. Embora pudesse ser esperadoque isso acontecesse entre as mulheres, acontece tamnbém com oshomens. Os pastores adquiriram novas percepções a partir da ma-

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neira como membros de outras tribos lidam com a disciplina dosfilhos, assuntos domésticos, quem faz que tipo de trabalho, e assimpor diante.

B. Vários Formatos de Instruções

A Faculdade tenta oferecer uma ampla variedade de métodosinstrucionais. Além da aula formal, há discussões de classe, peque-nosgrupos, ensino de equipe (utilizando um queniano e ummissio-nário expatriado para interagir a partir de seus próprios pontos devista sobre assuntos específicos), viagens de campo e professoresconvidados.

Os estudantes fazem uma pesquisa de campo e escrevem umrelatório de pesquisa, que é avaliado pouco antes do término docurso. A conclusão desse relatório, com sucesso, é um requisito paraa graduação.

O currículo inclui vários pequenos módulos de uma ou duassemanas, onde especialistas numa área específica oferecem umseminário ou oficina intensiva. Estes são realizados pela AssociaçãoAIC de Escola de Música, Alfabetização e Evangelismo do Quênia,e SIL (AIC Music School, Literacy and Evangelism Fellowship ofKenya, and SIL).

C. O Programa de Gado

Uma parte singular do currículo é o modelo de laticínios e oprojeto de cabras. Como a maioria dos povos não-alcançados noleste da Africa vive em áreas semi-áridas e áridas, eles tendem a serpastoreadores. A maior partedos missionários candidatos, por outrolado, possui origens agrícolas. Uma perspectiva de nossos progra-mas de treinamento é dar a essas pessoas de origem agrícola umaapreciação real por animais e a afeição que os povos nômades têmpor seu gado. Fazendeiros Nandi ao redor da Faculdade doaramdoze cabeças de gado de boa qualidade, em 1986, queformaram abase de um rebanho leiteiro. Os estudantes aprendem como lidarcom esses animais, o que inclui ordenhá-los durante um trimestreinteiro. (O leite é fornecido aos estudantes a um custo bastantereduzido, devido à sua contribuição no trabalho.)

Eles aprendem também sobre cabras, pois em áreas áridas esemi-áridas a cabra é o animal mais comum. Na Faculdade, cria-seuma raça especial de cabra, que apresenta uma alta produção deleite.Os estudantes aprendem como cuidare ordenhar esses animais. No

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final do curso, eles têm a opção de comprar um dos cabritosespeciais por cerca de US$10. Eles podem cuidar dessa cabra e,assim, ter o suprimento de leite para seus filhos garantido.

D. Práticas de Campo

Visto que a Faculdade Missionária AIC é designada a ser tãoútil e informativa quanto possível, énatural que um período prolon-gado seja separado para o trabalho de campo. Após o treinamento,os médicos fazem um estágio e os professores fazem um estágiosupervisionado de ensino. Nossa prática missionária não é umasimulação ou um “exercício”, mas um período de genuína expansãomissionária e evangelismo entre umgrupo de pessoas não-alcança-do. Embora os estudantes estejam pesquisando e escrevendo umrelatório, eles são informados de que o sucesso de sua prática decampo depende da maneira como são recebidos pelas pessoas,tentam aprendersua língua e testemunham sobre Jesus Cristo.

Como mencionado acima, o trabalho de campo apresenta umaexcelente oportunidade para aprendizado não-formal. No entanto,para fazer desse ambiente não-formal um sucesso, é necessáriomuito planejamento e preparação por parte dos professores daFaculdade. Um membro do corpo docente fica especificamente acargo da coordenação das práticas de campo (tanto nas duas sema-nas quanto nos quatro meses). Entretanto, em reuniões regulares dosprofessores, todos são envolvidos no planejamento e nas visitas,observações e avaliações. O Coordenador primeiro seleciona boaslocalizações onde familias possam ser colocadas. Estas são usual-mente locais de evangelismo da Igreja do Interior da África.

O Coordenador prepara os estudantes para um estágio nocampo, explicando que tipo de situações eles estarão enfrentando;que tipo de comida, se houver alguma; que tipo de combustívelexiste disponível; o climna do lugar; e outros detalhes como esses.Ao mesmotempo, professores de todas as classes dão ao coordena-dor do estágio uma ou duas questões, relacionadas a seus cursos,sobre as quais gostariam que os estudantes apresentassem umrela-tório ao retornarem. Embora o curso de antropologia seja o focoprincipal do estágio, queremos que os estudantes sejam capazes derelacionar a todas as suas aulas o que observarem.

Durante as duas semanas de práticas de campo, os estudantessão divididos em dois grupos de três ou quatro famílias e enviadosa três ou quatro locais. Um professor acompanha as famílias (com

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sua família também) e se estabelece perto dos estudantes. Há muitotempo não-planejado, para permitir que os estudantes observem econheçam as pessoas. Existem também alguns períodos estrutura-dos, nos quais o missionário, anciãos tribais, ou mulheres conver-sam sobre várias coisas na tribo. Quando os estudantes retornampara a Faculdade, eles têm duas semanas livres para responder asquestões dadas e escrever seu relatório. O relatório é, então, traba-lhado no curso de antropologia do período seguinte.

O período de quatro meses de aulas práticas requer mais pre-paração, porque as famílias não estão em grupos de três, massozinhas. Essa experiência de campo vem no final das aulas formaisno campus de Eldoret. Usualmente pedimos ao pastor ou missioná-rio anfitrião para colocar a família numa área onde gostaria de veruma igreja iniciada ou pessoas evangelizadas. As atividades duranteesse período longo de campo tendem a se enquadrar num padrão devida diária mais regular. Os estudantes preenchem um relatóriosemanal de suas atividades e de como estão vendo seu próprioprogresso. Durante os quatro meses, a família é visitada duas ou trêsvezes por membros do corpo docente, que falam sobre o que estásendo feito e sondam alguns problemas. O professor então escreveum relatório, que é usado pelo coordenadorpara fazeruma avaliaçãofinal do progresso do estágio da família.

No final dosquatro meses, osestudantes retornam à Faculdade.Tanto quanto possível, o estudante faz seus próprios preparativospara retornar, de maneira a poder mostrar seu desembaraço e habi-lidade em mover sua família de um lugar distante. Porduas semnanas,é realizado um seminário de instruções para os que retornam docampo, durante o qual cada estudante (maridose esposas individual-mente) relata suas experiências. Assim, os problemas são compar-tilhados; e a discussão de grupo ajuda a proporcionar váriasrespostas que podem ser utilizadas em situações similares.

No primeiro dia do seminário, os estudantes entregam seurelatório, que é, então, lido por cada professor durante a primeirasemana. Durante a segunda semana, o Coordenador e a administra-cão se encontram para determinar uma nota para cada estudante. OCoordenador procura também saber como o pastor ou missionárioanfitrião viu a vida e o ministério do estudante. Além de estabeleceruma nota, o Coordenador escreveuma avaliação bastante detalhadados aspectos principais do trabalhode campo. Essa folha de avalia-

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cão é, então, entregue ao estudante, antes da graduação, como seu“Boletim” da prática.

Geralmente, os estudantes ficam um pouco preocupados noinício do estágio, pois muita coisa é nova e desconhecida em suasmentes sobre o local de trabalho. No entanto, após os dois períodosde prática, eles superam seu medo de ir a novos lugares ou viverentre pessoas tão diferentes. A prática de campo torna a primeiradesignação real do missionário muito mais fácil, porque a famíliarealmente já “passou pelo processo” duas vezes, com o encoraja-mento e ajuda da Faculdade. Assim, antes de mais nada, o trabalhode campo dá aos estudantes um padrão a ser seguido quando forema um novo local e iniciarem um novo ministério.

E. Fim do Reconhecimento do Curso

Os estudantes que completaram com sucesso o curso de estudo,sobre missões, de onzemeses de duração, equatro meses de estágiomissionário (prática de campo) recebem um Diploma em Missiolo-gia. E oferecido um Certificado em Missiologia às esposas quecomnpletaram com sucesso o curso das esposas. Aquelas que játenham quatro anos de cursos bíblicos ou faculdade teológica, e quetenham um certo número de cursos extra com os homens, podemreceber um Diploma em Missiologia, ao invés do Certificado.

5. ESTUDANTES

A. Tipos de Candidatos

Admitem-se hoje dois tipos de candidatos na Faculdade Mis-sionária: pastorese profissionais. Apenas pastores foram aceitos nastrês primeiras matrículas (1986, ‘87 e ‘88). Entretanto, a partir dejaneiro de 1990, homens e mulheres anteriormente treinados comoenfermeiros, oficiais clínicos, professores, veterinários, e assim pordiante, passaram a ser admitidos. Muitas igrejas no Quênia operamescolas, hospitais e projetos de desenvolvimento de comunidadesem áreas afastadas. Ter profissionais dessas instituições, treinadosem comunicação transcultural, só pode ajudar a tornar o trabalhomaisefetivo. A Faculdade Missionária espera atender às necessida-des dessas pessoas.

B. Experiência Anterior à Admissão

Como mencionado anteriormente, todos os candidatos devem

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Faculdade Missionária da Igreja do Interior da África

ter, pelo mnenos, dois anos de trabalho pastoral ou em igrejas, antesde vir para a Faculdade (ou dois anos de experiência profissional,se não são pastores).

C. O Espectro do Rural para o Urbano

A maioria dos estudantes vem de uma experiência anteriorrural. Apenas alguns poucos tiveram umaexperiência de ministériourbano antes de vir para a Faculdade. Somente um graduado partiupara um ministério urbano desde que deixou a Faculdade. Ele estáse saindo muito bem, embora isso possa ser devido mais à suapersonalidade extrovertida que a algo que tenha aprendido emEldoret!

D. Diversidade Étnica

Nas quatro primeiras turmas na Faculdade, os estudantes ti-nham vindo de dezesseis tribos diferentes e seis países africanos.

6. GRADUADOS

A primeira formatura aconteceuem abril de 1987, quando onzeestudantes (cinco casais e um solteiro) se formaram. A segundaturma a formar-se era composta de dezenove estudantes (nove casaise um solteiro), e a formatura aconteceu em 31 dejulho de 1988. Emnovembro de 1989, quinze estudantes se formaram.

A. Locais de Ministério

A grande maioria dos graduados foi trabalhar entre povosnão-alcançados, em situações pioneiras. Estes incluem:Missionários Tribo & LocalizaçãoRuth & Ally Chepkwony Sabaot, no Monte ElgonSamuel & Priscilla Manuve Somalis, no nordeste do QuêniaAndrew & Agnes Mulinge Masai, em KajiadoSirisio & Cecelia Oromo Boya, no sul do SudãoReuben & Susan Rugutt Pokot Leste, em NginyangHenry & Karen Agango Turkana, em LotubaiJoel & Liza Langat Masai, em KilgorisDaniel & Susan Lemadada Rendille, em SongaWilson & Esther Bartwol Borana, em MarsabitHannington & Agnes Munyao Borana, em IsioloIsaac & Grace Waweru Pokot Oeste, em Alale

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

Afamília em ministério urbano é:James & Anne Bargetuny, na cidade de KakamegaOs mais recentesgraduados estão aguardando sustento e desig-

nação.

B. Relacionamento com Agências de Envio Nativas

Todos osgraduados têm realizado serviçomissionário de tempointegral, sustentado financeiramente pela Igreja Africana. A Facul-dade está satisfeita porque todos os graduados retornaram paratrabalhar com a igreja nacional. Isso é uma indicação de que otreinamento que é oferecido pela Faculdade se adequa às expectati-vas e à capacidade financeira das igrejas. A Faculdade Missionáriaprocura, acima de tudo, proporcionar um treinamento que nãodistancie o candidato da igreja nacional, devido a expectativasfinanceiras elevadas, demandas por equipamento caro, e assim pordiante.

C. Equipes Missionárias

Os graduados não se juntaram a equipes multinacionais, mastem-se cogitado sobre a hipótese de trabalharem com o programaMissões do Interior da Africa TIMO (Training in Missionary Ou-treach - Treinamento para a Expansão Missionária), no Quênia. Emsetembro e outubro de 1988, dois graduados e um membro doconselho administrativo da Faculdade Missionária foramcomo umaequipe a Seul, Coréia, para fazer evangelismo nos Jogos Olímpicose também para visitar igrejas coreanas.

D. Contatos eni andamento

Uma prioridade especial da Faculdade Missionária é mantercontato com os graduados. Queremos que eles saibam que o corpodocente e o atual corpo discente permanecem ao seu lado, orandopor seu ministério. No campus, há três lugares onde os nomes dosgraduados estão relacionados: (1) num grande estandarte, medindo91,20 x 12 1,60 cm, na Capela, como versículo de cada turma; (2)no prédio das esposas, com uma fotografia e uma etiqueta com onome de cada um, para lembrete visual de oração; (3) numa placa,ao lado de umaárvore especial plantadana formatura de cada turma.

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Faculdade Missionária da Igreja do Interior da África

7. CORPO DOCENTE

A. Composição

O corpo docente inicial da Faculdade Missionáriaera formadopor um casal queniano, um casal coreanoedois casais americanos.Isso foi, obviamente, provisão de Deus para dar trêsvisões culturaisdiferentes sobre vida, ensino e adoração.

B. Requisito de Experiência Transculturalpara Professores

Um requisito que o Quadro de Diretores exige para todos oscandidatos a professores é que ter tham um ministério transculturalreal antes de virem para ensinar. Quanto mais experiência, maisinteressante o candidato.

C. Políticas e Procedimentos

Uma abordagem democrática é utilizada no desenvolvimentode políticas e procedimentos educacionais. De acordo com os pro-cessos de tomada de decisão do leste africano, o Reitor pede asopiniões de todos os professores antes de tomar uma decisão. Todasas decisões passadas foram compiladas num Manual de Política eProcedimento, que é dado a todos os membros do corpo docente.

D. Experiência de Campo em Andamento

Devido ao interesse dos memnbros do corpo docente em man-ter-se em contato com ministério e evangelismo transcultural realno Leste da África, propõe-se que a cada quatro anos um professortenha a oportunidade de ficar cinco meses sem ensinar, para quepossa sair com sua família e viver uma situação missionária pionei-ra. Espera-se, com isso, evitar que o instrutor fique “fora deforma”,ou perca o contato com os desafios do trabalho e os melhoresmétodos de realizá-lo.

8. ALVOS E PROGRAMAS FUTUROS

Tendo experimentado as bênçãos de Deus para um bom iníciodo programa de treinamento missionário, a Faculdade Missionáriagostaria de expandir outras áreas de treinamento missionário e deprática, que ajudariam a igreja africana a ampliar sua participaçãoe comprometimento com o movimento missionário mundial. Osplanos para o futuro incluem: (a) contínua revisão do currículo para

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nos certificarmos de que estamos de fato suprindo necessidadesreais; (b) desenvolvimento de um seminário sobre conscientizaçãomissionária para pastores; (e) desenvolvimento de alguns cursospara missionários em serviço; e (d) expansão de pesquisas parainformar melhor a Igreja sobre os locais mais necessitados deevangelismo e implantação de igrejas.

9. CONCLUSÃO

O Conselho Administrativo da Faculdade Missionária AIC, ocorpo docente e os estudantes dão graças a Deus pelos seus pode-rosos feitos, realizados e ainda em realização, na Faculdade. Perce-bemos mais uma vez, no entanto, que dependemos totalmente delepara contínua direção e bênção.

E nossa oração que a visão da Faculdade não fique obscurecida,a ponto de esquecermos a Grande Comissão inscrita em seus portõ-es, e que não faltemos com nossa responsabilidade de desafiar epreparar homens e mulheres cristãos, para levaras Boas Novas dasalvação em Jesus Cristo àqueles que ainda não ouviram.

NOTAS

1. Henry Griffith, “We Can Teach Better Using African Methods”,

Evangelical Missions Quarterly (Julho de 1985) p.249.

Jonathan Hildebrandt, Reitor da Faculdade Missionária da Igrejado Interior da África, é um missionário de carreira com a AIM,tendo servido no Quênia, num número variado de tarefas. Estecapítulofoi primeiramente apresentado na Consulta de Manila e,então, revisado parapublicação.

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Modelos Brasileiros deTreinamento Missionário

MODELO 1:

CENTRO EVANGELICO DE MISSÕES:UM MODELO DE PREPARO MISSIONÁRIO

Carlos dei Pino

a década anterior as igrejas evangélicas no Brasil começa-ram a passar por uma conscientização missionária. E um

despertamento que, por um lado, ainda precisa crescer muito nestaconsciência, ampliando e priorizando suas atividades missionárias.Mas, poroutro lado, um considerável número de irmãose irmãs têmse sentido tocados por Deus e têm se disposto para o trabalhomissionário. Assim, desde 1983 o Centro Evangélico de Missões(CEM), vem trabalhando no sentido de oferecer um treinamentoadequado ao preparo destes irmãos. Tendo surgido, inicial e basica-mente, para conscientizar e treinar alunos evangélicos da Univer-sidade Federal de Viçosa, atualmente o CEM tem desenvolvido umtrabalho que atinge irmãos de 21 deniminações provenientes detodas as regiões do Brasil e, inclusive, de outros países, comoParaguai, Peru, Equador, Bolívia, Angola, Coréia e Irlanda.

No presente momento (março/1993) o CEMjá conta com uma

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Capacitando a Força Missionária Internacional

infra-estrutura física que favorece o seu funcionamento: um pavi-lhão de aulas com 5 salas de aula, uma biblioteca, 2 salas deprofessores e uma secretaria; um alojamento com capacidade para60 alunos solteiros (atualmente os casados alugam apartamentos nacidade); uma cozinha e refeitório para 150 pessoas; e umaresidênciapara o zelador. Em nossos projetos de construção estão incluidos:casas para professores, alojamento para casais e prédio de adminis-tração.

I. OBJETIVOS

A. Formar os seguintes tipos de pessoas:

1. Profissionais e Universitários que se sentem chamados porDeus para o servirem através do exercício competente de suasatividades profissionais dentro ou fora do Brasil. Esse tipo deministério missionário tem sido mais conhecido pelo nome defazedorde tendas” e começa a assumir uma posição de importânciaem nosso panorama missionário.

2. Evangelistas e obreiros que já receberam uma formaçãoteológica básica, embora não sejam bacharéis em teologia, e dese-jam um aprofundamento na área de missiologia visando o aprimo-ramento de seus ministérios dentro ou fora do Brasil.

3. Bacharéis em teologia que procuram um melhor preparonaárea de missões suprindo lacunas em sua própria formação teoló-gica, ministério eclesiástico-missionário ou atividades como diri-gentes de organizações e agências missionárias ou docência.Desejamosprepará-los para atuarem tanto como missionários quan-to como missiólogos.

B. Formar pessoas para exercerem um ministério de carátertranscultural.

Devido a isso, mantém-se acesa na formação dos alunos umaconstante preocupação pela evangelização de todos os povos e oestabelecimento de igrejas autóctones, O estudo de matérias comoAntropologia Cultural, Contextualização, Lingüística e Aprendiza-gem de Língua, Estratégia e Metodologia Missionária, Panorama daMissão da Igreja, Fenomenologia da Religião, Evangelismo, alémdos estágios práticos dentre outras está profundamente relacionadocom este caráter trans-cultural que objetivamos formar nos alunos.

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

C. Fomentar a reflexão missiológica no Brasil ena AméricaLatina, por perceber e sentir a carência que temos tidonessa área, principalmen te no Brasil. O CEM procuracontribuir e participardessa reflexão. Como?

1. Realizando encontros e consultas de caráter reflexivo emissiológico, abordando temasde reconhecida pertinência,mas quenão têm recebido o devido espaço na reflexão e prática da igrejabrasileira, por razões diversas. Temas que estiveram na pauta deencontros e consultas em 1992 foram: a) os evangélicos e a religio-sidade popular; b) música evangélica contextualizada; e) fazedoresde tendas hoje. Para 1993: a) missões indígenas ea igreja brasileira,dando a palavra priorotariamente para os indígenas evangélicos; b)teolgia contextual; e) música evangélica contextualizada.

2. Participando ativamente em encontros e conferências mis-sionárias locais, regionais e internacionais, com uma ênfase muitoespecial no contato eparticipaçãoem diversas igrejas locaispor todoo Brasil com o intuito de despertar e fortalecer a visão e atuaçãomissionária das mesmas.

3. Lecionando em outros centros de preparo missionário, insti-tutos e seminários teológicos procurando desta forma auxiliar naformação de seus alunos, visando um fortalecimento missiológicoe envolvimento missionário dos mesmos.

4. Publicando materiais pertinentes para a formação missioná-ria e reflexão missiológica: apostilas (aproximadamente 1500 pági-nas até hoje), coletâneas de ensaios, artigos em revistas evangélicasdenominacionais e interdenominacionais e livros. Atualmente já sepensa na organização de um departamento de publicações paratornar mais ágil esse importante setor de ministério do CEM.

II. FILOSOFIA DE ENSINO

A. Consciência de nossa posição:

A filosofia educacional do CEM tem como pano de fundoaconsciência da posição que ocupa no cenário educacional evangé-lico brasileiro. Para definir essa consciência, precisamos indicar oque não somos. O CEM tem consciência de que não é uma escolateológica, seja instituto bíblico, seminário, ou instituto de educaçãoreligiosa. Isso significa que o CEM não trabalha em nível deformação de pastores,educadores religiosos, evangelistasdeforma-

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

ção média, etc. Para tal formação, contamos no Brasil cominúmerasinstituições evangélicas, assim deliberadamente o CEM deixa paratais instituições a formação de obreiros desses níveis.

Por outro lado, temos consciência de sermos uma escola paratreinamento missionário e formação missiológica, áreas nas quaisas instituições mencionadas acima por sua vez não atuam, Sendoassim, afilosofia de ensino do CEM parte dessa consciência o quenos impulsiona a atuar especificamente nessas áreas na certeza deestarmos, dessa maneira, contribuindo e suprindo uma lacuna atéentão deixada em aberto no Brasil.

B. Vinculação missio-teológica:

Partindo da conciência de sua e tarefa na preparação de missio-nários transculturais ede missiólogos o CEM, tanto os membros dadiretoria quanto os professores, adota como expressõeshistóricas eadequadas da nossa fé e missãotanto o Pacto de Lausanne como aDeclaração de Fé da Aliança Evangélica Mundial (WEF).

Assim, entendemos e partimos de um conceito de missãointegral, procurando ver o homem como um sercompleto, em quecada área de sua vida interage com as demais; um ser humanoinserido em um contexto específico de vida, no qual ele precisa serplenamente atingido e alcançado com o evangelho de Jesus Cristo,que é suficiente para o homem todo e para todos os homens.

Além disso, vale dizer que, devido ao seu caráter de atuaçãointerdenominacional, o CEM não está vinculado a nenhum sistema,padrão ou filosofia de alguma denominação, mesmo sendo seusmembros efetivos, professores efuncionáriosfiliados às suas igrejase estando em comunhão com elas.

C. Treinamento a longo prazo:

Que tipo de preparo precisamos fornecer? Partindo dessa ques-tão e analisando o contexto evangélico brasileiro, o CEMoptou porum preparo missionário a longo prazo. Embora reconhecendo olugar e a importância de cursos missionários rápidos (de 3 a 6meses), o CEM viua necessidade de gastarmais tempo com o aluno,trabalhando de forma mais ampla o seu aprofundamento acadêmiconas principais áreas da missiologia, as suas experiências missioná-rias de cunho transcultural (estágios práticos) e o desenvolvimentode sua vida cristã.

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

D. Três ênfases educacionais:

O CEM procura oferecerum treinamento equilibrado entre trêsênfases principais:

1. Ensino formal: dentro da sala de aula, através de leituras,pesquisas e trabalhos exigidos pelos professores, onde o desempe-nho acadêmico dos alunos pode ser avaliado e observado.

2. Ensino não-formal: fora da sala de aula tendo caráter prático,através de estágios supervisionados (prioritariamente de fundotranscultural) que podemser feitos dentro ou fora de Viçosa, duranteo período letivo ou em recessos e férias. O desenvolvimento práticoe a capacidade para aplicação do que foi visto em sala de aula podeser, então, avaliado e observado.

3. Ensino informal: fora da sala de aula e independente dosestágios práticos. São encontros sociais, conversas particulares ouem grupos, momentos de recreação, devocionais diárias, vida co—munitária, etc, onde se aprende pela convivência uns com osoutrose pelo livre trânsito entre colegas e professores.

E. Sistenza modular de ensino:

Cada disciplina é oferecida de uma só vez, ou seja, o launo fazuma disciplina de cada vez, dentro de um período de 16 dias(incluindo os finais de semana) em que o tempo é distribuídosistematicamente entre horas de aulas em classe e horas de leiturase trabalhos extra-classe. E claro que essa distribuição depende donúmero de créditos de cada disciplina. Dessa forma, em cadamódulo o professor tem condição de cumprir totalmente o programada disciplina, bem como o aluno de dedicar-se exclusivamente aoestudo daquela matéria.

Após alguns anos utilizando o sistema modular de ensino, oCEM vem confirmar as vantagens que já esperava obter desde oinício. Entre elas, mencionamos as seguintes:

1. Concentração e aprendizagem: estudar e concentrar numadisciplina de cada vez, sem misturar assuntos de outras áreas. Ostrabalhos de pesquisas e leituras podem ser melhor acompanhadospelo professor que,por sua vez, tambémensina uma matériade cadavez, o que lhe permite uma dedicação muito maior em cada disci-plina.

2. Administração do tempo: sabendo como a disciplina estádividida dentro do módulo e que trabalhos tem a realizar até o final,

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o aluno pode programar com muito mais facilidade o seu tempo deestudo.

3. Professores: ao oferecermos uma determinada disciplina emuma ou duas semanas (dependendo do número de créditos e dadistribuição dos mesmosno módulo), temos a bênção de podermoscontar com professores visitantes e não-residentes em Viçosa, osquais são especialistas na disciplina oferecida.

Por outro lado,abre-se a oportunidade para que os professoresresidentes tenham mais condições para um melhor acompanhamen-to pessoal do aluno, bem como para a preparação de artigos, apos-tilas e ensaios e para a participaçãoem congressos missionários.

4. Saúde física e mental: há uma sensível diminuição da tensãodos finais desemestregerada pelo acúmulo de trabalhos acadêmicose provas de diversasdisciplinas.

5. Secretaria: há uma melhor distribuição do trabalho da secre-taria acadêmica durante o ano, facilitando o fechamento das cader-netas, bem como a emissão do histórico escolar.

6. Aproveitamentodos alunos: ao acompanharem uma discipli-na de cada vez, e não mais seis ou sete ao mesmo tempo, osestudantes conseguem obter umnível bem maior de aproveitamentoem cada matéria.

7. Regime flexível: da mesma forma como podemos ter profes-sores residentes e não-residentes (visitantes), também podemos ter(e temos tido) tanto alunos residentes quanto alunos não-residentesem Viçosa, que fazem apenas alguns módulos distribuídos pelo anoe, assim, não precisam interromper por um longo período suasatividades. O regime de não-residência atualmente tem sido utiliza-do principalmente por alunos de pós-graduação.

III. APRESENTAÇÃO DOS PROGRAMAS

1. Programa de Ministério Transcultural:

Objetivo:Preparaçãoprofissional de universitários, profissionais de nível

superior, pastorese evangelistas para atividades missionárias dentroe fora do país, paralelamente ou não à sua profissão.

Curso:Curso de Missiologia e Ministério Transcultural (nível univer-

sitário)Observação: a) Matérias desse curso poderão ser dadas em

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núcleos fora do CEM em intensivos com módulos especiais. b)Alunos portadores de diploma de teologia de nível médio estarãodispensados das matérias do ano teológico.

2. Programa de Pós-Graduação:

Objetivo:Preparação profissional eacadêmica de pastores, dirigentes de

organizações missionárias, professores de seminários, institutosteológicos e missiológicos, para atividades missionárias dentro efora do país e para o ensino missiológico.

Cursos:a) Especialização em Missiologia (latu sensu)b) Mestrado em Missiologia (stricto sensu)

3. Programa de Psicologia Pastoral:

Objetivo:Treinamento de profissionais dasciências humanas e da saúde,

pastores, líderes eclesiásticos, seminaristas, aspirantes ao ministérioe outras pessoas interessadas na capacitação necessária para levar acabo tim trabalho eficiente com famílias e membros das igrejas.

Cursos:a) Curso de Assessoramento Familiar (convênio: EIRENE -

Brasil).b) Curso de Psicologia Pastoral

IV. AFILIAÇÕES E CONVÊNIOS

Atualmente o CEM está filiado à Associação Evangélica deEducação Teológica na América Latina (AETAL),à Associação deMissões Transculturais Brasileira (AMTB), ao Global Network ofCenters for World Missions, ao Third World Missions Association(TWMA) e ao International Missionary Training Felowship (WEF).Mantém convênios com a Overseas Council for Theological Edu-cation, com a Presbyterian Church (USA) e com a AssociaçãoBrasileira de Assessoramento e Pastoral da Família (EIRENE).

V. CONCLUSÃO

O CEM está convencido da necessidade de um preparo sério eprofundo de nossos missionários, principalmente em uma época em

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que se inicia, no Brasil e na América Latina, um despertamentomissionário que pode vir a assumir proporções gigantescas com otempo. Está convencido também de que agora é a hora de seestabelecer sólidas bases missiológicas e de se buscar modelosmissio-teológicos para uma atividade missionária bíblica, consis-tente, autóctone e que reflita os propósitos salvíficos de Deus paracada povo. Por isso, o CEM busca a vontade de Deus acimade tudo,a cada passo de seu caminho, na esperança de poder continuarrealizando o ministério que do Pai tem recebido.

Carlos del Pino éprofessor e diretor acadêmico do CentroEvangélico de Missões (CEM). Acaba de completar o seumestrado em missiologia no CEM com a defesa da tese “OApostolado de Cristo e a Missão da Igreja”.

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

MODELO 2:

MISSÃO AVANTE

Neuza Itioka

Solange (estenão é seu verdadeiro nome) foi apresentada paraum conselho de missões brasileiro como uma candidata excelente.E havia muito para recomendá-la. Ela estava entusiasmada com aidéia de sair do Brasil para servir a Cristo. Sonhava que seuministério seria maravilhoso, esperando que centenas viessem a sevoltar para o Senhor. Também sonhava que talvez um dia pudesseencontrar o homem que viria a ser seu marido.

Mas pouco tempo depois de entrar em sua nova cultura, tudocomeçou adar errado. Elaestava chocada com a maneira diferentedas pessoas pensarem, se comunicarem e agirem. No meio de suaaculturação esolidão, encontrou umhomem que a tratava com muitadelicadeza. Ele parecia ser o homem com o qual havia sonhado,mesmo não sendo cristão.

Logo se envolveram emocionalmente. Ela descobriu que eleera casado, mas não conseguia deixá-lo. A missãosoube dasituaçãoe a trouxe de volta para casa. Ela recusou a disciplina, renunciouao trabalho, voltou para o campo e se casou com esse homemnão-cristão, destruindo sua famflia.

Diante desse tipo de situação, somos forçados a perguntar “Oque causou isso’?”, “Quem é responsável por esse tipo de escânda-lo?”, “Elaera realmente chamada?”, “Ela estava preparada?”.

Algum tempo atrás, recebi uma carta de uma amiga que estáservindo num campo missionário estrangeiro. Ela disse que, aoinvés de ser uma bênção naquele lugar, osmissionários brasileirosestavam se tornando uma maldição, devido à sua falta de respeito ànacionalidade. Faltava-lhes um espírito de submissão e considera-ção pela igreja nacional. E eles insistiam obstinadamente em agir àsua própria maneira, sem sensibilidade em relação ao seu paísanfitrião. De acordo com essa amiga, isso ocorreu devido à falta detreinamento e à imaturidade espiritual dessas pessoas. Sua conclu-são foi a seguinte: “Se esse tipo de coisas continuar, as portas dessepaís se fecharão para missionários brasileiros”.

O que vem a seguir são dois mnodelos, em desenvolvimento, deseleção e treinamento de candidatos a missionários no Brasil. Am-

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Capacitando a Força Missionária Internacional

bos procuram enviar para o campo missionários que estejam bemtreinados e que sejam maduros e eficientes.

A AVANTE procura homens e mulheres, casados ou solteiros.Seu principal objetivo é auxiliar a igreja nacional a fazerdiscípulosde todas as nações. Até hoje, já enviou 38 missionários para oParaguai, Uruguai, Peru, Colômbia e Espanha.

A. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE MISSIONÁRIOS

A AVANTE procura homens e mnulheres, com idade acima devinte e um anos, que irão servir como itnplantadores de igrejas detempo integral. Pré-requisitos:

1. Um ministério reconhecido numa igreja local;2. Um bom relacionamento com o pastor local;3. Treinamento em seminário,ou umdiplomade uma faculdade

ou escola secundária, com treinamento bíblico;4. Habilidades transculturais;5. Uma clara experiência com Deus e convicção de chamado

transcultural;6. Conhecimento próprio e equilíbrio emocional;7. Conhecimento de aspectos positivos e negativos de relacio-

namentos familiares;8. Boa saúde.

B. O TREINAMENTO DA AVANTE

O programa de treinamento da AVANTE prepara seus candida-tos a missionários em três estágios.

Fase 1: Essa fase inclui até um ano de treinamento inicial, apóso qual os missionários são enviados em equipes ao Uruguai, por doisanos. Essa experiência de camnpo confirma se os candidatos têm ounão um chamado transcultural e testa sua habilidade para implantarigrejas.

Durante seus dois primeiros anos de experiência de campo noUruguai, a equipe recebe cinco ou seis visitas de membros daadministração da AVANTE. O propósito dessas visitas é avaliar,ensinar, supervisionar e encorajar.

Fase 2: Após dois anos de experiência de campo, os missioná-rios da AVANTE, de capacidade comprovada, retornam ao Brasilpara estudos missiológicos adicionais intensivos e avançados, pro-

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

porcionados pela AVANTE. Alguns podem continuar, por dois outrês anos adicionais de treinamento, com uma das outras escolas demissões do Brasil. Depois eles são enviados a um outro país paratrabalhar numa equipe, por quatro ou cinco anos. Nesse ponto, sãoconsiderados missionários de carreira.

Fase 3: Agora o missionário já demonstrou coin sucesso seucomprometimento e sua perseverança. Nesse ponto, é dada aomissionário a responsabilidade de supervisionar um trabalho.

C. FILOSOFIA DE TREINAMENTO

A principal preocupação da AVANTE é que seus missionáriosdesenvolvam o ser, saber e fazer, exatamente como os discípulosde Jesus. Usando esse padrão bíblico, a AVANTE procura enviarhomens e mulheres de Deus que demonstrem um equilíbrio entreinformação e formação.

Ser: Este aspecto lida comn o caráter do missionário, usandocomo seu modelo a pessoa de Jesus Cristo. A ênfase está em setomarem homens e mulheres de oração, que ouvem a voz de Deuse recebem orientação dele para o ministério. Isso é particulam-menteapropriado porque muitos dos candidatos da AVANTE vêm de laresdesfeitos ou têm pais alcoólatras. Muitos sofreram abusos quandocrianças, e alguns vêm até mesmo de relações incestuosas. Aindaoutros têm relacionamentos homossexuais ou drogas em seu passa-do. Muitos estiveram envolvidos em espiritismo ou outras práticasocultas.

Num país como o Brasil, seriavirtualmente impossível selecio-nar apenas pessoas sem exposição a esses tipos de problemas. Mas,antes de enviar um candidato, a AVANTE gasta tanto tempo quantofor necessário para lhe trazer cura e recuperação.

A AVANTE também deseja criar oportunidades para que seusmissionários confiemno Senhor, através de privações e perseveran-ça. Isso é realizado por meio de:

Avaliações pelos deões e conselheiros;Discussões de biografias;Vigílias de oração e uma maratona de oração;Períodos de isolamento e reflexão;Oportunidades de compartilhamento de sonhos;O uso de um cartão de auto-avaliação;Interação com os professores.

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

Concluímos que não estamos procurando por um missionárioperfeito, mas por alguém consciente de seus pontos fortes e de suasfraquezas, e que saiba como lidar com ambos. Quando vemos queum candidato(e talvezsua esposa) não está pronto emocionalmente,encorajamos e recomendamos psicoterapia. Os responsáveis pelotreinamento na AVANTE ministram às necessidades emocionais doscandidatos, através dos seguintes meios:

Um ministério de libertação, com estudo e discussão sobrebatalha espiritual;

Cura interior por um psicólogo cristão e outros;Conhecimento próprio, adquirido através de jogos e simula-

ções.Conhecer: Como mencionadoacima, os candidatos missioná-

rios participam de um número de atividades acadêmicas. Estasincluem:

Um curso introdutório, com leituras e preparação de ensaios;Um curso intensivo de três meses,com os candidatos estudando

e vivendo juntos;Supervisão, avaliação e ensino no campo;Treinamento adicional numa escola de missiologia.Fazer: Para a AVANTE, a essência do “fazer” éo discipulado.

Discipular significa partilhar a vida de Cristo, modelando e compar-tilhando um ministério com outro. Elementos práticos incluem:

Ministério em equipe nos finais de semana;Dois anos de experiência de campo, supervisionada rigorosa-

mente;Contato com missionários mais antigos.Os alvos do “fazer”, para os missionários da AVANTE, são:

implantar uma igreja numa outra cultura, levando pessoas a Cristo,discipulando-as e motivando outros a seguir o processo de círculocompleto.

Enquanto osmissionários da AVANTE se preparam para ir parao campo, são treinados nas seguintes áreas:

1. São encorajados a desenvolver uma compreensão própriadeliderança e da função da equipe. Espera-seque os membros de umaequipe demonstrem lealdade ao grupo, a seu líder, à sua missão e aseus dirigentes. Os membros devem ser submissos ao diretor decampo e aos diretoresexecutivos. Devemtambém saber viverjuntose dar apoio uns aos outros, suportando juntos as dificuldades.

2. São encorajados a trabalhar diligentemente dentro de uma

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

igreja local. Devemcooperar com outros missionários, no país, nacidade e nas estruturas de igrejas que encontrarem no campo.Devemser parceiros da igreja na qual trabalhame se relacionar bemcom a igreja nacional, especialmente se sua equipe faz um trabalhopioneiro.

3. São encorajados a evangelizar, fazercontatos, apresentar oevangelho através de estudos bíblicos evangelísticos, batizar, disci-pular, tomar decisões sábias e se tornarem membros de uma igrejalocal.

4. São encorajados a aprendera lidar criativamente com temasque dizem respeito à disciplina da igreja.

5. São encorajados a encontrar recursos que os ajudarão aenfrentar e a solucionar problemas e crises.

Supervisão e treinamento no campo: Uma vez no campo, asequipes são visitadas regularmente por membros da administração.Por exemplo, as equipes no Uruguai são visitadas quatro vezes porano, com propósito de treinamento e encorajamento. Embora cadamembro da administração da AVANTE tenha vários dons em parti-cular, juntos eles são capazes de proporcionar uma assistência maisampla às equipes no campo. São abordados os seguintes temas:

Relacionamento com os nativose com a igreja nacional;Conhecimento do país, esboçando um perfil das pessoas de uma

cultura;Liderança e administração;Oraçãono campo como batalha espiritual.Cada visita ao campo inclui conversas individuais com mem-

bros da equipe. Os membros da administração gastam tempo comcada missionário da AVANTE, avaliando, confortando e encorajan-do-os como indivíduos e como grupo.

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Capacitando a Força Missionária Internacional

MODELO 3:

A MISSÃO ANTIOQUIA

A. História

Num seminário no sul do Brasil, em 1975, um grupo de estu-dantes orou, junto com a professora Barbara Burns, por um missio-nário brasileiro preso em Moçambique. Enquanto estavam emoração, Deus levou-os a orar pelas necessidades do mundo inteiro.Entre as pessoas presentes, dois homens receberam uma visão parainiciar o que, mais tarde, veio a se tornar a Missão Antioquia. Amissão existe apenas como um intermediário entre as igrejas e ocampo missionário.

B. Localização

A Missão Antioquia tem seu próprio campus de dezoito acres,próximo à cidade de São Paulo, num lugar chamado Valeda Bênção.A instalação tem um centro educacional, casas para os diretores ealguns professores, um centro de oração, um refeitório, uma casapara menores abandonados, dormitórios para osestudantes, acomo-dações para estudantes casados e um centro de conferências.

Além da Missão Antioquia e do orfanato, há tamnbém umministério com idosos, um centrode reabilitação para drogados, umcentro evangelístico e uma fazenda. O trabalho de manutenção éfeito por voluntários, sustentados por suas igrejas, e também pelosestudantes.

C. Educação Teológica

Um seminário teológico associado à Missão Antioquia atendea sessenta estudantes aproximadamente. A escola oferece treina-mento em educação cristã, mídia e outros cursos conduzindo a umBacharelado em Teologia.

Uma Escola de Treinamento Missionário, com doze estudantes,oferece um curso de seis meses que prepara candidatos para minis-tério transcultural. Esses estudos incluem cinco meses no Campusda Antioquia e tim mês em algum outro país da América Latina.Missionários preparadospela MissãoAntioquia podem ser enviadospela própria missão, por denominações ou outras agências de mis-

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

sões. Uma Escola Modular, com encontros mensais num fim-de-semana, oferece treinamnento para pessoas leigas.

D. A Filosofia da Missão

A Missão Antioquia procura expor os estudantes a diferentesáreas de ministério, tais como consciência social (crianças abando-nadas, jovens, idosos), trabalho prático (agricultura, animais, traba-lho de escritório, peixes, abelhas), bem como evangelismo etrabalho pastoral nos fins-de-semana.

E. Treinamento Espiritual

É a compreensão dos líderes da Missão Antioquia de que oponto fortedo treinamnento missionário deveser a vida espiritual doscandidatos. Portanto, uma Vigília de Oração é central para oprograma. O campus tem um centroque funciona dezoito horas pordia. O plano deles é ter vinte e quatro horas de oração. Inspiradospelos históricosmorávios, eles oram por um reavivamento no Brasile no mundo. Também intercedem pelos campos missionários, porseus próprios missionários, bem como pelo ministério e pelas ne-cessidades de sua própria missão. Uma vez por mês, a missãopromove um Meio Dia de Jejum e Oração e, uma vez em cada doismeses,há uma Alvorada de Oração para todoo campus, começandoàs cinco horas da manhã.

O Programa Devocional Diário inclui os seguintes elementos:Terça-feira: ReuniãoQuarta-feira: HoratranqüilaQuinta-feira: Devocionais em pequenos gruposSexta-feira: Reunião de adoraçãoSábado: Hora tranqüilaPequenos grupos de doze a quatorze pessoas se reunem para

estudar vários assuntos, incluindo “Como se relacionar uns com osoutros” e “Como amar uns aos outros”. Os líderes dos estudantesaceitam a responsabilidade pelo bem-estar de cada grupo.

F. Treinamento Acadêmico

O currículo inclui os seguintes cursos:Teologia de MissõesHistória de MissõesContextualizaçãoAntropologia

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Capacitando a Força Missionária Internacional

Estratégia MissionáriaCrescimento da IgrejaReligiões Antigas e ModernasEnfermagemMissões na BíbliaA Vida do Missionário:Choque cultural;Habilidade de adaptação a uma nova cultura;Batalha espiritual.Um dia regular tia vida de um estudante inclui:6:30 Acordar6:45 Café da manhã7:15 Devocional8:45-12:00 Aulas12:30 Almoço13:30-16:15 Trabalho no campus18:00 Jantar19:00-19:30 Leitura bíblica e intercessão pelas nações19:30-21:30 EstudoAlém dessas atividades, é requerido de cada estudante sair em

equipes para visitar diversas igrejas, com o propósito de ampliar avisão missionária. Isso se toma uma excelente oportunidade paraque os supervisores observem como os estudantes ministram e paratestar as habilidades que eles porventura tenham.

G. Visão Missionária

Todas as atividades no campus giram em torno da visão mis-sionária. A MissãoAntioquia recruta, treina e envia. Os estudantese líderes oram pelo mundo e pelo campo. Eles recebem e intercam-biam notícias de diversos missionários e campos.

Sempre existem oportunidades para estar em contato commissionários experientes, de outros países, que passam pelo centroe permanecem por espaços de tempo variados. Dessa maneira, osestudantes e futuros missionários em treinamento têm contato coinum corpo internacional.

H. Os Candidatos a Missionários

O candidato a missionário ideal, no que diz respeito à MissãoAntioquia, é:

Chamado por Deus para servir ao povo de uma outra cultura;

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Modelos Brasileiros de Treinamento Míssionário

Capaz de se adaptar a uma cultura diferente;Preparado para não levarvaloresculturais brasileiros para outra

cultura;Pronto para servir e não ensinar;Um homem ou mulher de Deus com caráter cristão;Uma pessoa de oração;Uma pessoa que tem experimentado o poder do Espírito Santo.Além dessas qualidades de caráter, os candidatos devem estar

desejosos de participar no trabalho prático. Cada estudante deveseparar duas horas por dia para trabalhar em alguma das seguintesáreas: o jardim ou o pomar, a cozinha comunitária, o departamentográfico, o cuidado dos animais, peixes ou abelhas. Isso proporcionamais uma oportunidade para que os instrutores conheçam a perso-nalidade e o caráter dos estudantes.

I. Avaliações

Os estudantes são constantemente avaliados em sua produtivi-dade intelectual, sua vida prática, sua vida espiritual e seus relacio-namentos interpessoais.

Além disso, há um curso intensivo sobre cura interior, de trêsa cinco dias, que capacita os estudantes a reconhecersuas própriasnecessidades nessa área e os prepara para ministrar a outros.

J. Iniciação No Ministério Transcultural

Proporciona-se aos estudantes uma oportunidade de serviçotranscultural na Bolívia,no Paraguai ou na Argentina, como umtestefinal para desenvolver habilidades de ministério. Vários estudantesvêm com pouca ou nenhuma experiência transcultural; e essa opor-tunidade aumenta a sensibilidade cultural.

Durante esse mês de experiência, os estudantes tentam estabe-lecer uma nova igreja, com a cooperação da igreja nacional. Dessamaneira, muitos dos estudantes podem confirmar seu chamado, oumudar de idéia a esse respeito.

K. Parcerias

Os candidatos a missionários com a Missão Antioquia estãotrabalhando oujá trabalharam com outras agências de mnissões, taiscomo a Aliança Missionária Além-mar (Overseas Missionary Fel-lowship).

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

3. CONCLUSÕES SOBRE ESSES DOIS MODELOS

BRASILEIROS

Acreditamos que a maior diferença entre esses dois modelosestá em sua filosofia educacional. A AVANTE, embora não tenhainstalações amplas, usa o curso introdutório como um processo paraeliminar candidatos inadequados. Durante o curso intensivo de trêsmeses que se segue, o candidato vive com o professor e é supervi-sionado em ministérios locais. Os dois anos que o candidato passaem algum outro país da América Latina são também consideradosuma parte de seu treinamento para o serviço de carreira.

Uma das ênfases especiais da Missão Antioquia é o cuidadopastoral pessoal dispensado ao candidato, por partedosmissionáriosveteranos, durante o curso de estudo. Eles procuram se relacionarem três áreas: espiritual, intelectual e emocional. Há uma forteênfase na oração incessante e na exposição a uma variedade denecessidades sociais.

Para que o movimento missionário no Brasil seja forte o bas-tante para causar um impacto genuíno no mundo, precisamos terumtreinamento ligado a uma visão e a uma igreja de envio. Há muitoscandidatos prontos para partir, mas a igreja brasileira não temsemprea visão necessária para sustentá-los e enviá-los. Oramos porum comprometimento crescente de oração e sacrifício, para que asmissões estrangeiras possam se tomar uma grande realidade noBrasil.

A Doutora Neuza Itioka, de vivência japonesa e brasileira, émissionária com a OC internacional, a cargo do departamento detreinamento da AVANTE. Ela também serviu no Brasil, porvários anos, conz a Aliança Bíblica Universitária do Brasil, umcorpo membro da Aliança Internacional de EstudantesEvangélicos (International Fellowship of Evangelical Students).Este capítulo foi apresentado primeiramente na Consulta deManila e então revisado para publicação.

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

MODELO 4:

MISSÃO EVANGéLICA KAIRÓS

Waldemar Carvalho

Além de vós...onde Cristo não foi anunciado” Rm 15:20

Esta passagem bíblica estava sempre diante de mim. O Evan-gelho onde Cristo ainda não foi anunciado”. Por que estar pregandoou estar tentando plantar uma Igreja onde já existem várias? Porquealgumas pessoasjá ouviram sobre o Evangelho várias vezes e outrasainda não tiveram a oportunidade de ouvir uma única vez?

Este questionamento era constante em minha mente, e aindacontinua sendo. Algo deveria serfeito. Mas como fazeralguma coisasobre a qual não se tem conhecimento e nem se sabe por ondecomeçãr? A busca de respostas deixava-se inquieto, imerso empensamentos constantes. E aquele questionamento forte geravadentro em mim uma vontade enormede conhecer melhor para sabero que fazer. Onde encontraressas respostas? Na Bíblia? Em estatís-ticas? Quem teria as informações?

Foi nessa busca que, numa manhã de julho de 1981, atendendoa um convite, entrei pela primeira vez em um navio. Esse navio eramuito especial. Tratava-se de uma embarcação evangélica, o navioDoulos da OM, onde estava sendo realizada uma ConferênciaMissionária. Naquela manhã, Deus fez-me saber todo o motivo dainquietação que até aquele momento sentia no ministério. Por maisque fizesse, sempre era incomodado pela sensação de estar faltandoalgo. Através de um desafio missionário lançado pelo irmão FrankDertiz, sobre a responsabilidade pessoal na evangelização do mun-do, descobri enfim o que estava faltando em nosso trabalho paraDeus. A Partir dessa data, toda a visão missionária assimilada atéentão mudou completamente.

Como pastor bem sucedido, trabalhando secularmente e tam-bém na implantação de igrejas, em bairros e favelas da grande SãoPaulo, tirtha um ministério muito ativo, mas sem uma visão domundo. Depois daquela manhã dejulho, comecei a entender porqueJesus mandou que levantássemos os olhos (Jo 4.35) para ver oscampos brancos para a colheita. Surgiu urna inquietação em sabermais, conhecer mais! Começamos a procurar e a assistir Conferên-

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

cias Missionárias, onde nos passaram mais conhecimento, maisdesafios, surgindo então as perguntas: O que fazer? Como fazer?Como começãr? Alguma coisa precisava ser feita!

Como não tínhamos nenhuma experiência com missões trans-culturais, resolvemos iniciar com um grupo de oração. No mesmoano de 1981, esse grupo de oração enviou um jovem para treina-mento no Doulos, por três anos. Dois anos depois, enviamos maisuma jovem para lá. Foi quando deixei meu trabalho secular, numaEscola americana, onde havia trabalhado por 22 anos, para dedicar-me integralmente a Missões.

Desempregado, sem sustento financeiro, aceitei o desafio deum grupo de irmãos que estavam formando um projeto missionário.Numa reuniãoonde formulamos os estudos e elegemos a diretoria,foram também estabelecidas as diretrizes de trabalho. O Pr. EdisonQueiroz, a Missionária Bárbara Helen Bums e outros irmãos disse-ram que o grupo precisaria de uma pessoa de tempo integral paralevar o trabalho à frente. Ofereci-me, dando um passo de fé, semsustento financeiro e scm recurso nenhum.

Começamos então o ProjetoAmérica do Sul,que se denominouP.A.S.. Trabalhamos juntos no P.A.S. no período de 1983 a 1987,implantando Igrejas no Uruguai, no Paraguai, no Peru e na Colôm-bia. Nesse período, com vinte missionários recrutados e treinados,implantamos nove Igrejas Evangélicas, em cidades onde ainda nãohaviam. Em 1987, encerramos as atividades do P.A.S. e MissãoAVANTE se estruturou sobre suas bases. Agora, com nova Direto-ria, nova visão de trabalho,já não havendo maisnecessidade do meutrabalho, fui convidado a deixara Missão.

Em novembro deste ano, foi realizado no Brazil o CongressoMissionário Brasileiro Ibero-Americano (COMIBAM). Fui convi-dado para ministrar um Seminário sobre como implantarigrejas emfavelas. Com uma participaçãoativa em todos os dias do Congresso,vi-me desafiado a organizar uma Missão, com uma visão parapovos pouco e não-alcançados, com ênfase em dois projetos: MA-GREB, visando alcançar o mundo muçulmano, e Servo Entre osPobres, com objetivo de implantar igrejas em favelas e cortiços naAmérica Latina, Africa e Asia. Assim, em 1988, sem nenhumrecurso financeiro e estrutural, iniciamos a missão KAIRÓS (pala-vra grega, que significa Tempo de Deus”). Pela fé, começamos adesafiar as igrejas a ter visão do mundo e a enviar missionários,

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

crendo que este é o tempo de Deus para a realização da ObraMissionária.

Com a experiência do P.A.S. e a ajuda da Dr Bárbara Bums,organizamos um currículo de 9 meses de treinamento no Brasil,sendo 6 meses por correspondência. O período do curso por corres-pondência inicia-se em novembro. Consiste em trabalhos escritos,livros autodidáticos, leituras dirigidas e trabalhos específicos sobrealguns livros e capítulos e sobre como levantar sustento. Os alunosrecebem uma folha de trabalhos com toda a orientação do curso,incluindo tipo de trabalho a ser feito e datas de entrega. Essestrabalhos, depois de entregues ao nosso departamento de treinamen-

to, são analisados a partir de sua data de entrega, seu conteúdo e suaapresentação. Levamos em consideração todos esses detalhes paraa avaliação. O candidato que cobrir todos os requisitos, inclusiveter seu sustento garantido para o campo até 30 de abril, passa entãopor uma entrevista pessoal e, se aprovada, é convidado para iniciaro treinamento intensivo no dia 1 de maio de cada ano.

O treinamento intensivo consiste em disciplina rígidas, super-visionadas 24 horas por dia. O dia começa às 6:30 da manhã, comhigiene pessoal. Segue-se:

7:00 - a sós com Deus7:30 - café da manhã8:00 - devocional em conjunto9:00 às 12:00 - aulas em classe12:00 às 13:00 - almoço13:00 às 15:00 - trabalhos gerais: lavagem louçãs; limpeza de

banheiros, salas de aula e refeitórios; trabalhos de manutenção, taiscomo consertos elétricos e hidráulicos, pinturas, capinagem, corte

de grama e limpeza em geral. Os alunos devem cumprir as tarefasobedecendo uma escala de rodízio semanal, organizada de tal ma-neira que todos passem por todos os tipos de trabalho.

15:00 às 16:00 - descanso16:00 às 16:45 - educação física16:45 às 17:30 - banho17:30 às 19:00 - aulas em espanhol19:00 às 20:00 - jantar20:00 às 22:30 - aulas em classe23:00 - SilêncioAduraçãodesse treinamento intensivo éde três meses. As aulas

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

são de segunda a sábado. Aos domingos, trabalhamos em evange-lismo em alguma região, implantando igreja.

Os alunos em treinamento não saem e só podem receber visitasdo seu pastor, durante esse período. Procuramos tratar comtodas asáreas da vida do candidato, a fim de levá-lo a uma preparo físico eemocional e a uma firmeza de caráter. Terminando o treinamento,em agosto de cada ano, damos o período de um mês ao candidatoaprovado para se despedir de sua igreja e de seus familiares. Eledeve retomar em setembro, quando enviamos as equipes para ocampo missionário designado. Durante o treinamento intensivo, sãoministradas as seguintes matérias:

- Caráter e Personalidade do Missionário- Discipulado- Teologia Bíblica de Missões- Hermenêutica- Dinâmicado Discipulado no Dia a Dia com Deus- Linguística- Compromisso Pessoal de Vida com Deus- Eclesiologia Criativa- Teologia da Prosperidade- Contextualização e Missões- Batalha Rspiritual- Convivência em Grupo- Antropologia- Cultura Andina- Seitas e Heresias- Vida do MissionárioEssas matérias são ministradas por professores de Missiologia

e Teologia, além de pastores com experiências em suas áreas.Usarmos somente professores com experiências vivenciada, a fim deque o treinamento seja bem prático. Evitamos aqueles dotadossomente de conhecimento teórico.

NOSSOS ALVOS E OBJETIVOS:

Alvos:

1) Desafiar a Igreja Nacional para Missões e mostrar que épossível fazer missões a partir da Igreja Local.

2)Alcançarpovos pouco ou não-alcançados, países ou cidades

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sem Igreja Evangélica, de preferência, e também ajudar Igrejasfracas, discipulando-as para Missões.

Objetivos:

Implantar IgrejasFormar Centros de TreinamentoEnviar missionários.Os membros das Igrejas são desafiados para o campo através

de conferências missonárias, Seminários sobre Missões em Igrejas,Acampamentos, Reuniões de pastores e Escolas Teológicas, etc.Como resultado desses trabalhos, surgem os candidatos a Missões.Qualquer candidato que se apresentar, tendo o aval do seu pastor, éaceito independentemente do seu nível cultural ou teológico. Du-rante o treinamento por correspondência, descobrimos se realmenteo candidato tem um compromisso sério com Deus, acontecendoassim uma seleção automática. Até hoje, não chegoua 5% o númerodos que começam o treinamento e saem para o campo.

Nosso trabalho é feito em equipes treinadas para imnplantarigrejas. Os métodos variam de acordo com os países ou a cultura dopovo. Estamos sempre partindo da Bíblia, com bastante ênfase nodiscipulado, pois o objetivo é formar líderes nacionais para pasto-rearem as igrejas implantadas. Nossosmissisonários não pastoreiamIgrejas. Só fazemos isso por um determinado período, até a forma-cão do líder nacional. Procuramos criar uma Igreja missionária, eem alguns lugares, com dois anos já estão desenvolvendo seutrabalho missionário, sustentando jovens em Seminários e enviandopara o campo.

Em cada país que vamos trabalhar, estabelecemos a KAIROScomo uma Missão nacional, com Centro de Treinamento e envio demissionários a partir daquele país. Simultaneamente à implantaçãode Igrejas, também motivamos as Igrejas existentes no país aenviarem seus missionários. A KAIROS promove, com as IgrejasNacionais, Conferências Missionárias, Consultas sobre Missões,Seminários para Conscientização e responsabilidade Missionária.

TRABALHOS DESENVOLVIDOS:

Emquatro anos de trabalho, a KAIRÓS tem feito pesquisa emoito países e colocado equipes em seis deles. Recrutou, treinou eenviou 66 missionários ao campo, que estão trabalhando no Pew,

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na Colômbia, na Venezuela, na Espanha, em Cabo Verde,e no Norteda África, em países muçulmanos.

No Peru, o trabalhoestá sendo realizado em cortiços e favelas,onde já estão implantadas cinco Igrejas, sendo que, em duas delas,já colocamos obreiros nacionais.

Na Colômbia, foram discipuladas duas igrejas e implantandasigrejas novas, em Bogotá, Medelin e Chocou (Estado muito pobre,que foi formado por escravos fugitivos).

Na Venezuela, temosduas equipes implantando duas Igrejas nointerior do país.

Na Espanha, duas equipes estão trabalhando no sul do país.Uma delas reabriu uma Igreja que estava fechada na cidade deHuelva, estruturando-a com visão missionária. Com menos de doisanos, a Igreja já foi colocada nas mãos de obreiros nacionais e aequipe foi deslocada para Los Palos de La Frontera, onde está sendoimplantada a primeira Igreja Evangélica na história daquela cidade.A outra equipe encontra-se em Conilde La Frontera, onde implantouuma igreja e já começou uma segunda, em Benalupe.

Em Cabo Verde, outra equipe está implantando uma Igreja, nacidade de Praia (capital), na Ilha de São Tiago.

No Norte da Africa, trabalhamos em conjunto com o projetoMAGREB. Atualmente temos três casais e uma moça que estãoinfiltrados na sociedade, no comnércio, na faculdade, e noshospitais,fazendo um trabalho silencioso de evangelismo pessoal.

A KAIROS já está registrada e com base estabelecida comouma Missão Nacional na Colômbia, no Peru e na Venezuela.

A base do Peru enviou seus primeiros missionários em 1992.Dois jovens foramenviados a um Seminário para preparo e outrosdois vieram para treinamento no Brasil.

A base da Colômbia também estará enviando seus missionáriosem 1993: um casal e uma moça para um treinamento no P.M.I., afim de trabalharem no Ubekistan, e um jovem para treinamento noBrasil.

A base da Venezuela está iniciando com Consultas, Conferên-cias Missionárias e Treinamentos para professores de Missões. Jáexiste um casal de venezuelanos, que foramtreinados no Brasil parasaírem com a primeira equipe da KAIRÓS rumo à Ásia este ano.Na Espanha e em Cabo Verde, estamos dando os primeiros passospara o registro da KAIRÓS e formação do primeiro Centro de

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

Treinamento Transcultural. O objetivo é estabelecer neste país umCentro de Treinamento que possa atender a Europa.

Na Costa Ocidental da África, planejamos inicair um outroCentro de treinamento para preparar missionários nacionais.

Na Ásia,pretendemos, a partir de 1993, começãrcom aprimei-ra equipe, a fimde implantar Igrejas e,em 1994, inicair o Centro deTreinamento para atender todo o sul da Ásia.

Estamos realizando no Brasil o nosso 5 Treinamento IntensivoTranscultural para a equipe de 1993, com maisou menos 25 candi-datos.

Esse tem sido o nosso trabalho. Fazendo uso das palavras dePaulo, em seu imenso amor aos judeus, dizendo que a boa vontadedo nosso coração e nossa súplica a Deus é para que, através daMissão KAIROS, os esforços de muitos se unam rumo a um sópropósito: Ir aos povosaonde Cristo ainda não foi anuanciado, a fimde que um dia o Senhor diga a respeito deles São mneus remidos” eestes respondam: “Jesus é o Senhor”.

Waldemar de Carvalho é pastor da Assembléia de Deus epresidente da Missão Kairós. Trabalhou durante vários anos naimplantação de igrejas na periferia de São Paulo efoi também umdos fundadores do Projeto América do Sul (PAS).

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MODELO 5:

FACULDADE TEOLÓGICA BATISTA DESÃO PAULO: TREINAMENTO

MISSIONÁRIO INOVADOR DENTRO DEUMA INSTITUIÇÃO “TRADICIONAL”

Donald E. Price

A. INTRODUÇÃO

A Faculdade Teológica Batista de São Paulo procura treinarmissionários dentro de seu contexto cultural e dentro do contextode uma instituição “tradicional”de formação ministerial.

Essa ênfase sobre o treinamento ministerial dentro do contextosocial do aluno vem desde os primórdios da instituição. A FTBSPfoi fundada em março dc 1957, pelos batistas do Estado de SãoPaulo, por um motivo muito simples; os jovens vocacionados pau-listas que então iam ao Seminário Batista do Sul, no Rio de Janeiro,para serem treinados, não voltavam de lá para realizarem seusministérios em São Paulo. Pelo contrário, permaneciam nas redon-dezasdo Rio de Janeiroe realizavambons ministérios lá. A carênciadeobreiros em São Paulo levou osbatistas paulistanos a criarem suaprópria instituição de treinamento teológico e ministerial.

O programa de treinamento missionário na Faculdade foi orga-nizado pela Dra. Lois McKinney, antes de sua volta aos EstadosUnidos em 1978, visando a preparação de obreiros transculturaisbrasileiros, principal mas não exclusivamente, batistas. O Dr. KarlLachier continuou com o programa e a Dra. Bárbara Bums organi-zou um departamento de missões, sendo Donald E. Price o atualtitular. O departamento de missões da Faculdade Teológica de SãoPaulo conta atualmente com sete professores, sendo três estrangei-ros e quatro brasileiros.

B. FILOSOFIA DE TREINAMENTO:

Cremos que o obreirodeve ser formado dentro de seu própriocontexto social. O aluno da Faculdade não se divorciade sua própriarealidade para fazer seu curso de teologia numa “estufa cristã”,passando a viver fora da realidade do mundo. Pelo contrário, conti-

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

nua em seu emprego, sua igreja e até sua casa. Os cursos deBacharelado são noturnos, enquanto os de Pós-graduação se ba-seiamno sistema de “universidade aberta”,ou “educaçãoàdistância.

O aluno ganha, com esta inserção no seu próprio contextosocial, a possibilidade da contínua aplicação dos ensinos bíblicos,teológicos e práticos à sua realidade. Ao mesmo tempo, traz suarealidade para a sala de aula, exigindo de seus professores umaeducação “pé no chão.” De fato, os próprios professores trazem suarealidade à sala de aula, pois mais de 90% são pastores de igrejas.A educação na Faculdade Teológica dificilmente vira “bancária.”

Ao mesmo tempo, o aluno de missões treina juntamente comalunos que estão se preparando para ministérios pastorais, de edu-cação cristã e de música. Na Faculdade Teológica Batista de SãoPaulo, não se divorcia o curso de missões da formação ministerialpara outros tipos de ministério. Pelo contrário, o curso de missõesestá integrado com os demais cursos teológicos.

Cremos que todos os alunos ganham com isso. Os alunos quenão estão fazendo missões ganham, porque é embutida uma visãomissionária na sua formação, tanto nasaulas de missões, que fazemcom obreiros transculturais experientes, quantono convívio com osalunos vocacionados para missões transculturais. E os alunos voca-cionados para missões transculturais adquirem uma visão ampla damissão total da igreja,através do convívio comirmãosvocacionadospara outros aspectos da missão.

Outra característica do treinamento na FTBSP é o treinamentopersonalizado. Embora todos os estudantes façam um núcleo co-mum de matérias e todosos alunosde cada especialização façam onúcleo daquela concentração, todos têm diversos créditos, quepodem aproveitar em cada semestre parafazer matérias opcionais.

C. FORMAÇÃO EM NÍVEL DE BACHARELADO

Este curso tem o propósito de conscientizar e treinar lídereschamados “leigos”. Vivemos numa cidade cosmopolita, a terceiramaior metrópole do mundo, segundo o IBGE. São Paulo perdeapenas para Tóquio eNova York em termos de tamanho. Existeminúmeras oportunidades para ministério transcultural dentro daGrande São Paulo,e muitos líderes chamados “leigos” se envolvemnestes trabalhos. Fornecemos a estes líderes a oportunidade de seprepararem melhor para os trabalhos nos quais já estão envolvidos.

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Capacitando a Força Missionária Internacional

Além disso, alguns líderes chamados “leigos”, que participamdos Conselhos Missionáriosde suas igrejas, fazem este curso paramelhor entenderos desafios queseus missionários enfrentam e paraadquirir uma visão maiorda missão de suas igrejas.

Os alunos que fazem este curso, bem como os demais alunosde Bacharelado, devem ter o segundo grau completo e serrecomen-dados por suas igrejas. Não precisam fazer um vestibular. No finaldo curso, recebem um certificado. Se quiserem, posteriormente,fazer um curso de Bacharelado na Faculdade, os créditos ganhospoderão seraplicadosa seu curso.

Este é o principal curso de treinamento missionário oferecidopela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Além das matériascomuns atodosos alunos da Faculdade,o aluno de missões faz umasérie de matérias antropológicas, teológicas e de comunicação, quelhe dão a base teórica para o ministério transcultural. Matérias taiscomo Antropologia Missionária, Comunicação Transcultural, Con-textualização, Teologia Bíblica da Missão e Missões em Efésiosformam o cernedesta base.

Não basta, porém, ter apenas uma base teórica para ser umobreiro transcultural bem-sucedido. Todos os alunos da Faculdadedevem fazer uma série de estágios supervisionados antes de seformarem. Esses estágios ministeriais proporcionam aos alunos aoportunidade de seremdiscipulados pelos professores da Faculdadee por pastores experientes.

Esses programas de estágio supervisionado têm os seguintesalvos: 1) Estabelecer uma relacão entre os estudos acadêmicos doaluno e sua experiência prática, 2) Darum entendimento melhor dotrabalho do pastoreoutras áreas de serviçocristão de tempo integral,através de atividadessupervisionadas, 3) Cultivar, na vidado aluno,comunhãointegral com Deus (João 15:1-8), 4) Promover o cresci-mento contínuo do caráter dos alunos, 5) Fortalecer o aluno para osconflitos espirituais, as vitórias sobreatentação eo usoda armadurade Deus (Efésios 6:10-18), 6) Promover um auto-conhecimentosobre dons e talentos eseu uso no ministério pessoal (Romanos 12;1 Coríntios 12-14; Efésios 4, etc;), 7) Realizar prática extensiva nasáreas de interessee especialização do aluno, e 8) Formar grupos deapoio entre pastores, colegas, membros da igreja eoutros obreiroscristãos, para melhorara qualidade de seus estudos, sua vida e seuministério.

Dentro destesprogramas de estágios, encontramos o programa

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

de estágios em missões. A FTBSP está inserida num laboratório damais ampla diversidadecultural. Procuramos aproveitar as oportu-nidades que esta metrópole cosmopolita oferece para a formaçãoministerial dos nossos alunos de missões. Nos primeiros dois anos,os alunos fazem matérias elaboradas a fim de ajudá-los a crescerespiritualmente, a aperfeiçoar seucaráter ea conhecerasi mesmos,bemcomo aseus próprios dons espirituais. Apartirdo terceiro ano,os alunosdesenvolvem ministérios evangelísticos transculturais emequipe, sob a direção de um deles e a orientação de um de seusprofessores, reunindo-se semanalmente com o professor para estafinalidade.

Os alunos batistas têm a oportunidade de implantar igrejas, emcolaboração com uma igreja local e a Junta de Missões da Conven-cão Batista do Estado de São Paulo. Trabalhos já foram iniciadoscom favelados ejaponeses em função desse programa. Enquantoescrevo, um trabalho com muçulmanos está sendo iniciado. Progra-mas semelhantes estão ao disposição dos alunos com as Juntas deMissões Mundiais eNacionais da Convenção Batista Brasileira. Osalunosqueconcluemo Bachareladoem Missõesjá são missionáriostransculturais.

D. FORMAÇÃO EM NÍVEL DE PÓS-GRADUAÇÃO

A Faculdade Teológica Batistade SãoPaulo atualmenteoferecedois cursos em nível de pós-graduação: umcurso de Especializaçãoem Missões e o Mestrado em Teologia com Especialização eniMissões. Os dois cursos cxigemn Bacharelado em Teologia, ou seuequivalente com uma média mínima de oito, exames vestibularesem mnissões e inglês e uma carta de recomendação da igreja docandidato, como pre-requisitos de admissão; já que os créditosganhos no curso de especialização podem ser aplicados posterior-mente ao mestrado. Aqueles que não têmBacharelado em Teologiaou seu equivalente devem fazer outros exames vestibulares parademonstrar sua competência na área teológica.

O curso de especialização em missões, latu senso, é parapastores, missionários, líderes eclesiásticos e professores de semi-nário que desejam aprender mais sobre a missão transcultural daigreja, sem serem obrigados a preencher todos os requisitos de ummestrado, principalmente a dissertação. Bem como o mestrado, éum curso baseado no sistema de “universidade aberta,” oferecendo

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ao aluno a oportunidade de continuar em seu contexto de trabalhoenquanto faz sua pós-graduação. Temos até um aluno missionárioque mora no Senegal!

Nesse curso, são vistos dois dos três alicerces filosóficos daeducação aqui na FTBSP: Primeiro, o aluno faz o curso sem ter quesair de seu contexto social e de trabalho; segundo, eleelabora seuplano estudos juntamente com seu orientador, desenvolvendo umarelaçãode companheirismoediscipuladoepromovendo, assim, umcurso personalizado. O terceiro alicerce filosófico, a inserção daeducação missiológica no campo maisamplo da educação ministe-riale teológica, évisto apenas vagamente, por ser este um curso deespecialização.

O aluno normalmente vem a São Paulo pelo menos uma vezdurante seu curso, para: 1) elaborar, juntamentecom seuorientador,seu plano de estudos. Existe um currículo básico, porémn cada alunoo adapta às suas próprias necessidades; 2) participar de um curso depedagogia,já que entendemos que a maioria dos alunos usará suaformação para lecionar na área de missões; 3) participar de umencontro do curso de mestrado só para sentir o gosto do companhei-rismo acadêmico nesse nível de estudos. O curso de pedagogia sedá, geralmente, na semana anterior a um dos encontrosdo curso demestrado.

Normalmente, o aluno consegue cumprir todos os requisitosacadêmicos dentro de dois anos. Costumamos dizer que é “meiomestrado”, pois, ao se formar, o aluno terá preenchido a metadedosrequisitos do curso de mestrado. No final de seu curso, o alunoescreve uma monografiade 35-40 páginas, sobreum assunto de seuinteresse dentro da área missiológica. Tipicamente, se relaciona aalgum aspecto de seu trabalho.

O curso de mestrado em teologia, com especialização emmissões, stricto senso, foi desenhado para aqueles que desejam serprofessores de missões em nível de Bachareladoe os quepretendemfazer doutoramentos na área missiológica. De fato, quase todos osalunos de mestrado já são professores de missões ou missionáriostransculturais.

Como o próprio nome diz, é um mestrado em teologia, comespecialização em missões. Não é um mestrado em missões apenas.Cremos que o aluno é melhor servido quando consegue enquadrarsuas pesquisas missiológicas dentro do campo mais amplo da teo-logia. Para tanto, ele participa de uma série de seis encontros,

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Modelos Brasileiros de Treinamento Missionário

cumprindo os requisitos de cada um, para fazer o núcleo dos seusestudos teológicos. O propósitodesses encontros édarao aluno umavisão mais ampla da teologia como disciplina e ajudá-lo a ver amissiologia como uma disciplina teológica.

Quando o aluno é aceito no programa, recebe um orientador,que será seu mestre e companheiro de lutas ao longo de seu curso.Cada professor tem um limite de alunos que pode orientar para teroportunidade de dar uma atenção de altíssima qualidade. O alunoelabora, juntamente com seu orientador principal (cada aluno tem,na realidade, três orientadores, caso surja algum imprevisto com oprincipal), o currículo para seus estudos na área de especializaçãoe, se possível, com vistas a lhe fornecer os recursos que precisarápara escrever sua dissertação.

Quando termina seus estudos na área de especialização, bemcomo os encontros, o aluno presta um exame de qualificação eentrega a proposta da dissertação. O Corpo Docente nomeia umabanca orientadora, normalmente composta de seus orientadoresdurante seu curso e, quando a dissertação está pronta, uma bancaexaminadora, que geralmente inclui uma pessoa de reconhecidareputaçãona área, que não seja do corpo docente da Faculdade.

A Faculdade Teológica Batista de São Paulo procura oferecercursos de missões em todos os níveis, para atender às necessidadee interesses mais abrangentes na área missiológica. Enfatizamostreinamento personalizado, dentro do contexto social do aluno edentro do contexto do treinamento ministerial em geral.

Donald Edward Price, americano, épastor e professor de NovoTestamento, Comunicação Transcultural e Crescimento da Igrejana Faculdade Teológica Batista de São Paulo.

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ModelosHispano-americanos de

Treinamento Missionário

William David Taylor e Jonathan Lewis

INTRODUÇÃO

A lgum tempo atrás, uma antigaaluna de Bill me enviou umacarta encorajadora. Ela compartilhou entusiasticamente

seus planos para o serviço missionário: ela e seu igualmente com-prometido esposo estavam se dirigindo ao mundo muçulmano - umdos campos missionários mais difíceis da história. Este entusias-mado casal representava a nata da juventude latino-americana en-viada para missões. Seus corações estavam ardendo. Ela tinhaquatro anos de treinamento formal bíblico e teológico (embora amaioria dos candidatos não tenha esse treinamento), e ele menos;eles vieram de uma igreja envolvida em missões; estavam emcontato com uma pequena agência de missões trabalhando commuçulmanos, queofereceria a eles algum preparo pré-campo; estãolevantando sustento junto a igrejas e amigos. Que história maravi-lhosa! Falta alguma coisa a eles? Sim. Pensamos quesim. Nossosamigos representam as centenasde novos missionários voluntários,que estão se lançando no serviço transcultural com tão pouco

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Capacitando a Força Missionária Internacional

treinamento sistemático (formal ou não-formal) para missões. Nãoque esse treinamento seja uma panacéia. Não é. Mas certamenteeles aproveitariam muito um preparo efetivo, que os ajudaria adesenvolver as competências de ministério extremamente necessá-rias no trabalho futuro.

Oquadro dasmissões na AméricaLatina é altamentepromissor,mas precisamos assegurar cuidadosamente queexistam infra-estru-turas adequadas, mesmoque isso pareça não-espiritual para alguns.Quais são os componentes-chave de uma infra-estrutura de missõ-es? Eles incluem: igrejas mobilizadas para missõese líderes visio-nários, candidatos amissionários, programas de treinamento, corposde envio e de redes, sustento financeiro e contatos internacionais,pastoreio/estabelecimento de estratégias/ supervisão no campo, pes-quisa e ministério alvo (grupo de pessoas, cidade, nação, ministé-rio). Mas onde nós estamos na América Latina? Deixe-nos darnossa própria perspectiva, obtida através de observação pessoal edahistória, bemcomo a partirdas vozes de colegaslatinos quefalamcomgrande visão e experiência.

1.0 QUADRO DAS MISSÕES NA AMERICA LATINA

Inegavelmente o Espírito Santo está trabalhando com poder,para acordar as igrejas latino-americanas para o seu papel emmissões, convertendo o Continente de um campo missionário parauma base missionária multiface de envio. Enquanto o COMIBAM(Congresso de Missões Ibero-Americano) éo principal movimentomissionário, há outras variadas correntes missiológicas que têm seupróprio papel significativo. Algunsdesses outros grupos discordamum pouco do COMIBAM, devido às inadequações missiológicaspercebidas. Eles podem estar certos em alguns aspectos, mas émuito fácil criticaroutros. Devemos dar tempo à nova liderança doCOMIBAM para amadurecer em vários aspectos, confiando noEspírito Santo para guiar e aprofundar esse movimento-chave.

O Congresso de Missões em São Paulo, sob liderança latina,em novembro de 1987, reuniu cerca de 3000 entusiasmados promo-tores de missões de toda a América Latina, Portugal e Espanha.Aquela foi uma semana poderosa, única na história da igreja naAmérica Latina. Os evangélicos declararam seu continente umabase de envio! Centenas se ofereceram para o serviço em qualquerparte do mundo.

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Modelos Hispano-Americanos

Infelizmente, o COMIBAM não estava preparado para acom-panhar aquelas decisões. As organizações necessárias para guiar,treinar, enviar e sustentar esses ávidos voluntários não estavam apostos. O desenvolvimento dessa infra-estrutura continua a ser umtema primordial para esta década. Realmente, o COMIBAM estáengajado num esforço herculano para estimularo desenvolvimentode programas de treinamento, agências de missõeseoutras estrutu-ras, como objetivo de realizaressa grande tarefa. Esse trabalho estásendo feito por uns poucos, radicalmente comprometidos líderesmissionários latinos, unidos por uma visão comum.

Adespeito de umainfra-estrutura relativamente frágil, trêsanosapós o COMIBAM de 87, Larry Pate relatou que, em 1990, cercade 150 agências diferentes e 3026 missionários transculturais lati-no-americanos estavam em serviço ativo, com 2040 provenientesapenas do Brasil. Issosignificava que 986 missionários vinham das18 nações de língua espanhola restantes, com uns poucos paísesliderando: México (224), Colômbia (192), Peru (164), Guatemala(90). Mas estimamos que menosde 10% desses missionários tive-ram algum treinamento pré-campo sério para seu ministério. Todolíder missionário latino-americano compartilha a profunda preocu-paçãoa respeito de um dos pontos fracosmaisgravesdo Continente:aausência de treinamento transcultural adequado. Estudosbíblicos,teológicos e ministeriais são disponíveis através de centenas deinstitutos bíblicos e seminários formais. Graças a Deus pelo limi-tado, mas crescente número de escolas e programas que oferecemtreinamento missionário. O desafio nas missões latino-americanashoje nos chama a proporcionar preparo efetivo para esses servos,para que não paguemos o triste preço de vermos mais jovensmissionários retomando para casa frustrados e derrotados, apósapenas alguns poucos e curtos anos de serviço.

Um latino que lidera um ministério para muçulmanos disserecentemente: “Pensávamos quepoderíamos simplesmente colocarários de nossos irmãos e irmãs no mundo muçulmano do Norte daAfrica. Enós tentamos isso. Agora encaramos uma crise. E maisdifícil do que qualquer um esperava. E a necessidade não é demissionários de curto prazo, mas de pessoas de longo prazo, quecomprometerão sua vida inteira para aprender a língua e a cultura,compreender o Islamismo, evangelizar, discipular, iniciar e nutririgrejas locais. Precisamos de mais treinamento pré-campo.”

Mas, primeiramente, deixe-nos levantar uma questão.

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Capacitando a Força Missionária Internacional

1. QUE TIPO DE MISSIONÁRIOSLATINO-AMERICANOS DEVEM SER TREINADOS?

Pelo menos quatro tipos nos vêm de imediato à mente. Primei-ro, osmissionários de carreira, de tempo integral, transculturais, queirão trabalhar dentro de culturas e povos latino-americanos. Hámilharesde campos individuaisecategorias maiores de necessidadedentro do Continente: grupos tribais não-alcançados, alguns muitoisolados edistantes de centrospopulacionais, outros maisacessíveisepróximos das cidades,outros que requerem trabalho lingüístico debase e traduções da Bíblia; centros urbanos sub-alcançados, comuma heterogeneidade cultural querequer sensibilidade econtextua-lização especial; outros gruposétnicos, incluindo populações orien-tais, que trazem o Budismo, o Islamismo, o Hinduismo e outrasreligiões; populações singulares como osjudeus, particularmenteem cidadesdo México e da América do Sul; o mundo universitário,comsuas necessidadesespecíficas; situações de assistência social edesenvolvimento, com necessidades administrativasetecnológicasespeciais; e muitas outras. Os missionários paraesses povos devemser fortalecidos efetivamente para servir ao Senhor e a seu povo.Muitos servos transculturais podem trabalhar dentro de suas fron-teiras nacionais, caracterizadas por diversidadecultural eespiritual.Esse é certamente o caso do México, da Guatemala, do Panamá, eda América do Sul. Esses missionários não teriam que adquirirpassaportes, vistos ou lidar com complicados câmbios de moeda.

Um segundo importante grupo de servos que precisam depreparo é o de trabalhadores transculturais de tempo integral, quese movem além das fronteiras do Continente latino-americano parao resto do mundo. No momento, há poucos focos de interesse. Umgrupo forte é o mundo muçulmano da Africa do Norte. Os laçosentre aAméricaLatina eaÁfrica do Norte sãohistóricos, retomandoatravés da Espanha, queviveu os 700anos de ocupação dos Mouros.Esses árabes causaram impacto sobre a cultura ea língua, deixandopelo menos 3000 palavras espanholas de raízes árabes. E agora oEspírito Santo impele evangélicos latino-americanos (e alguns daEspanha) a alcançar esses povos muçulmanos.

Um outro interesse primordial liga o Brasil e as nações hispâ-nicas do sul à África. Angola eMoçambique, porexemplo, atraírammissionários brasileiros porque as três naçõespartilham uma histó-ria colonial e a língua portuguesa. Mas as nações hispânicas tam-

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Modelos Hispano-Americanos

bém estão desenvolvendo seu próprio interesse na África. Outrosmissionários hispano-americanos estão servindo no “país mãe”(Espanha), mas, ao contrário de muitas expectativas, estão experi-mentando um severochoquecultural. Elesesperavam serrecebidosde braços abertos, mas não foi esse o caso. A Espanha consideratodas as pessoas da América como provenientes das “Colônias”. Hátambém algunspoucos missionários latino-americanos servindo emHong Kong, nas Filipinas e mesmo tentando ir para a India.

O vasto número dejovens procurando algum tipo de experiên-cia missionária de curto prazo forma o terceiro grupo que requertreinamento. Devido ao seu enfoque essencial em mobilizar jovens,tanto a O.M. quanto a JOCUM têm exercido um papel-chave norecrutamento, treinamento e exposição transcultural de centenas demissionários de curto prazo, da América Latina e de outras partesdo mundo. A O.M. Internacional tem dois navios oceânicos, querecrutam pessoal de vários países no Continente Latino. A JOCUM,com mais de 7000 missionários no mundo, tem uma rede global decerca de 450 bases de treinamento em 108 países, incluindo váriosna América Latina.

E interessante notar que, enquanto seus companheiros norte-americanos têm enfatizado missões de curto prazo, as expressõeslatinas dessas duas organizações têm tendido a visar esforços defronteira de longo prazo. As enormes dificuldades de levantarfundos na AméricaLatina para passagens aéreas carasnão fomentauma mentalidade de “curto prazo”. Líderes latinos dessas organi-zações sentem que tal esforço requer uma visão de longo prazo. Issotem levado a alguns esforços inovadores dentro dessas duas agên-cias.

A O.M. no Brasil “quebrou as regras” ao estabelecer uma basepermanente em Petrópolis, com o objetivo de dar à sua organizaçãoas instalaçõese a estabilidade necessárias ao preparo de servos paratrabalho de longo prazo. Algumas das bases latinas da JOCUMtambém quebraram a forma, ao combinar seu treinamento de trêsmeses de discipulado básico com a preparação transcultural, crian-do, assim, um programa de um ano. Isso serve como um trampolimpara lançar missionários de longo prazo. A JOCUM do Brasilimplantou 11 igrejas na base amazônica e tem missionários emPortugal, bem como em Moçambique e Angola. A base da Argen-tina enviou missionários de longo prazo para Marrocos, Espanha eIndia.

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Um outro grupoque precisa de treinamento éo de fazedores detendas bivocacionados latino-americanos. Há um forte e saudávelinteresseem enviar latinos a países de acesso restrito. Numa oficinano COMIBAM, sobre fazedores de tendas, ficamos espantados aover o número de pessoas presentes e ao ouvir o quejá estavasendofeito. Alguns homens de negócios talentosos estabeleceram “Com-panhias do Reino”, direcionando para missões os lucros obtidos.Outros falaram de seu desejo de irem como profissionais para asnações árabes. A FEDEMEC, uma federação de agências de mis-sões de Costa Rica, desenvolveu uma orientação estratégica parafazedores de lendas.

3. A SITUAÇÃO DO TREINAMEMTO MISSIONÁRIOLATINO-AMERICANO HOJE

Com todas as falhas do treinamento hispânico mencionadasacima, há alguns sinais encorajadores em cena. Os poucos líderesmissionários latinos e expatriados, queiniciaram empreendimentosde treinamento anos atrás, serão encorajados a ver seu númerocrescendo. A Comissão de Missões da WEF, em parceria com oCOMIBAM (tanto em nível continental quanto nacional), tem pa-trocinado uma série de consultas de treinamento missionário estra-tégicas: Argentina, Colômbia, Venezuela, Guatemala, México,Brasil. Além disso, têm surgido compromissos em estabelecernovos programas de treinamento, e nós louvamos a Deus por essespassos. Outras escolas teológicas estão percebendo a necessidadede introduzir novos programas e cursos aos seus currículos.

Um dos mais significativos resultados dessas consultas temsidoo desenvolvimento de um ‘Perfil de Competência Missionária”,um resultado primário do seminário de Córdoba, na Argentina, emjulho de 1991. Jon Lewis apresentou um processo interativo singu-lar, projetado para desenvolver um currículo de treinamento missio-nário no contexto. Todos os participantes das nações do Cone Sulse envolveram ativamente nas discussões. Essa consulta foi umprocesso de primeiro estágio, que continuou a criar novas convic-ções sobre curriculos e experiências educacionais que produzemmissionários eficientes. Isso também levou a consultas similares eao desenvolvimento de competências em outras áreas da AméricaLatina, África e Ásia.

Modelos Hispânicos Atuais de Treinamento Missionário

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Modelos Hispano-Americanos

1. 0 Eclesiocentrismo, crença básica de quea igreja local é aúnica agência ordenada por Deus para Seu trabalho, é fortementeadotado pelas igrejas latinas. Isso tem provocado resistência àformação de agênciasde missões. Um conceito ingênuo da tarefamissionária tem levado centenas de igrejas a comissionar pessoassem treinamento fundamental bíblico, teológico e em adaptaçãotranscultural. Essas pessoas são também enviadas com um apoiofinanceiro escasso, com a afirmação de que “Deus proverá”. Oserros e os horrores, cometidos por alguns desses missionários malpreparados, têm arminado o campo para outros que podem ter sidomais efetivos. Um famoso líder de missões brasileiro não enviarámissionários para Portugal, devido à reputação negativa desenvol-vida porpessoas enviadas anteriormente de sua terra. Indivíduos deoutras nações de língua hispânica podem estar desenvolvendo amesma má fama na Espanha.

Há, sem dúvida, várias exceções a essa regra. Uma grandeigreja na Morelia, México, tem uma escola de missões integrada dequatro anos. Além da instrução, é requerido dos estudantes umenvolvimento na implantação de igrejas em seu próprio país, antesde serem considerados aptos ao serviço transcultural. Essa igrejatem estabelecido hoje uma influência significativa para Cristo naÁfrica do Norte. Uma congregação menor em Santa Fé, Argentina,dirigeurna escola de missões acada ano. Os estudantesdeterminamcomo alvo uma comunidade rural e, seguindo as orientações paraimplantação transcultural de igrejas, estabelecem uma igreja. Astécnicas que eles usam são totalmente atípicas para a AméricaLatina, mas de muito sucesso. Aqueles que se “graduam” podemcontinuar o preparo para um trabalho no exterior.

2. Grande parte da carga para o treinamento transcultural foipara as agências de missões. Agênciasinternacionais, como aO.M.e a JOCUM, utilizam seus próprios programas de treinamento.Algumas das agênciasnacionais queestão surgindo, como a AME,na Guatemala, e a FEDEMEC, em Costa Rica, fazem o mesmo. OBrasil, sem dúvida, está bastante àfrente no desenvolvimento dessaárea, com missõescomo ANTIOQUIA, AVANTE e KAIROS lide-rando o caminho. Esses modelos brasileiros são considerados dig-nos de mérito para o mundo de língua espanhola.

3. Ministérios de treinamento de educação não-formal estãoem cena. Talvez um dos modelos mais intensivos que temos vistoaté então seja o ETNO em Costa Rica. Sob a liderança de um

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Capacitando a Força Missionária Internacional

talentoso missionário, o ETNO é um programa austero e eficientenas selvas, testando a fibra eo caráter, a resistência ea espirituali-dade, procurando por “uns poucos bons missionários”. O seumanual, Operação Gideão, apresenta os objetivos e o conteúdo dotreinamento. Isso me lembra o antigo programa “Jungle Camp”SIL/Wycliffe. Mas o ETNO está treinando latino-americanos paraserviçopioneiro transcultural de longo prazo entrepovos não-alcan-çados. Após o segmento introdutório de treinamento em sala deaula, os candidatos são colocados na “panela de pressão” da vidatribal, aprendendo através da ação. O estágio final do treinamentotraz a equipe de volta para uma última avaliação.

O P.M. Internacional (antigo Proyecto Magreb)éum ministérioque envolve agora todo o mundo muçulmano em sua visão, e foifundado por alguns criativos missionários antigos da O.M.. Suapaixão primeira foi penetrar o mundo árabe muçulmano da Áfricado Norte, mas em 1990 ela ampliou-se para abarcar a comunidademuçulmana global. Por vários anos eles foram a agência pioneira,através da América Latina,e prepararam o terreno para as agênciasmais recentes. O P.M. tem um programa de treinamento formal enão-formal amplamentedesenvolvido. As seções introdutórias sãooferecidas em espanhol e, então, os candidatos são enviados àÁfricado Norte para estudocomplementar e para aaquisição de experiên-cia. Eles são colocados numa aventura de “fazer”, numa culturaárabe, por um espaço de tempo prolongado. O P.M. compreendeuque uma preparação verdadeiramente adequada, para missionáriosde carreira com os muçulmanos, é séria e requer um compromissode longo prazo.

A necessidade de candidatos bem selecionados tomou-se clarapara o P.M., que aprendeu a depender de certos programas depreparo, como a Missão KAIROS, para fazer seu treinamentopré-campo com base brasileira. O fracasso é custoso demais paraque essas organizações permitam uma margem de alta percentagemde desistências. Um sistema de seleção, treinamento e exame decandidatos, bem projetado pela MissãoKAIROS, está provando sera melhor garantia queo P.M. tem de enviar pessoal eficientee dignode confiança para o campo.

4. Centros de treinamento missionário formal estão surgindoagora na América Latina. Nós temos interagido com a liderança doCentro Evangélico de Missões no Brasil, um programa dedicado atreinar missionários de longo prazo, descrito num outro capítulo

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Modelos Hispano-Americanos

deste livro. Embora a língua de ensino e aprendizado seja o portu-guês, você irá encontrar alguns hispânicos estudando lá. Outrosestudantesnumaturma recenteincluem trêscoreanos edois pastoresangolanos. Os graduados estão servindoatualmente em Moçambi-que, no Brasil, em Angola, na França, na India e em outros paísesda América Latina.

O CEMCA (Centro de Educacion Misionera Para CentroAme-rica) abriu suas portas em 1993, como um novo programa detreinamento missionário na Guatemala. Isso é um resultado diretodas duas consultas do COMIBAM e da Comissão de Missões daWEF paraa região. Esse Centrooferece um programa de seis mesesde residência e estudo de campo e tem o potencial de servir umnúmero significativo de igrejas, agênciase candidatos na região. A“Missões Betânia” tem uma rede de escolas latino-americanas queestá treinando missionários em campo, embora estes sejam tambémcomponentes integrantes de suas Escolas Bíblicas.

O quehá disponível, em espanhol, em nível formal missiológi-co? O IMDELA, Instituto Missiológico das Américas, com baseem Costa Rica, tem sido o de mais longo alcance. Seu propósito é“ajudar a treinarobreiros cristãos, especialmente na AméricaLatinae nas regiões do Caribe, para trabalharem como missionários aoredor do mundo...” O IMDELA opera seu programa de residênciaem Costa Rica, assim comoo EMISAD,sua abordagemde educaçãoà distância. Está surgindo como um dos centros latino-americanosmais fortes em termos de missiologia acadêmica. Seu programa écredenciado em nível universitário pelas autoridades de Costa Ricae tem relações de rede com seminários nos Estados Unidos paratransferência de crédito.

O IMDELA tem tentado ser tão maleável quanto possível emsua programação, oferecendo um diploma pré-universitário, bemcomo um grau de bacharel. Tem como alvo oferecer um programade doutoramento, à medida em que a demanda crescer. O pequenogrupo de trabalho em Costa Rica é complementado por professoresadjuntos e visitantes. Eles estão implementando conceitos progres-sivos de educação, corn base em competência e sistemas pessoaisde instrução. Devido à sua ênfase na produção de textos auto-ins-trutivos, o programa EMISAD, do IMDELA, pode ser um pontoforte no preparo de professores de missões por toda a AméricaLatina; especialmente daqueles que estão ensinando em institutosbíblicos eseminários, com pouco treinamento especializado. Isso

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Capacitando a Força Missionária Internacional

poderia ser realizado em parceria com outras instituições de cessãodegrau.

5. Alguns institutos bíblicose seminários estão se movendo notreinamento missionário e tendem a se dividir em duas categorias.A primeira delas é adas instituições que adicionaram uma matériaou duas ao seu currículo. Literalmente centenas de institutos bíbli-cos oferecemhojeuma introduçãoa missões. Apesar de serum bomcomeço, o pessoal de ensino, não-treinado e sobrecarregado detrabalho,está inaptoaoferecer muito além dessaorientaçãoelemen-tar.

A outra categoria édas instituições, a maioria seminários, queacrescentaram um programa em nível de mestrado em missões,oferecido apenas para pessoas que completam um bacharelado dequatro anos em teologia. Esse modelo, amplamente aceito na Amé-rica do Norte eEuropa, não teve êxito na América Latina. Em taiscasos, o corpo docente excede em número aos poucos estudantesque desejam percorrer essa longa e tediosa estrada para missões.Nósvisitamos algunssemináriosquetêm um programa de mestradocompletamente desenvolvido em seus catálogos, masestão esperan-do seu primeiro estudante ou professor adicional para levara novacarga.

Em contraste, o Seminário Evangélico Interdenominacional deTeologia (SEIT), em Buenos Aires, tem tentado criar um programaintegrado de missõesem nível de bacharelado. Os estudantes fazemcursos de missões, durante todos os quatro anos em que se encon-tram na escola, e são designados a ir para o Paraguai, para umaexperiência transcultural estruturada. Esse seminário relativamentenovo temn crescido com o movimento missionário emergente e temsido capaz de atender às necessidades percebidas, através de seuprograma inovador.

Ao contrário de mobilizadores de missões em seminários esta-belecidos, que precisam freqüentemente lutar contra a burocracia,oSEITfoi fundado comum claro enfoque em missões. Resta saberse os seminários estabelecidos serão capazes de conter o “vinhonovo”, comprogramas missionários sérios. Infelizmente, um outroseminário evangélico bem conhecido avaliou uma alternativa simi-lar, masno final decidiu-se contra. Felizmente, umahistória diversa

é representada pelo Seminário Bíblico de Colúmbia em Mede-lim, um dos vários que desejam servir ao crescente movimento demissões. Esse Seminário introduziu um programa de treinamento

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missionário bem elaborado, em nível de seminário, com obreirostransculturais dotados de habilidades de ensino. AFaculdade Evan-gélica Orlando E. Costas, em Lima,Peru,oferece um programa maisparecido com o IMDELA, com os modelos acadêmicos de bacha-relado e licenciatura em missiologia, acrescido de uma forte ênfaseem pesquisa sócio-antropológica.

Uma parceria com organizações como o COMIBAM e o IM-DELA, que podem oferecer programas modulares independentes emateriais instrucionais,enquanto as instituições estabelecidas lidamcominscrições eatribuiçãode crédito, pode serum meio de facilitaro envolvimento dessas organizações-chave.

6. Universidades evangélicas estão trabalhando em treinamen-to missionário. A universidade “Assemblies of God”, em El Salva-dor, oferece uma licenciatura em missiologia. A universidadeMariano Galvez, na Guatemala, apresenta um fascinante caso deparceria entre uma instituição de posse nacional e uma agência demissões estrangeira, o “Summer Instituteof Linguistics - SIL”. Essaparceria funde várias virtudes: a universidade conquista novo terri-tórioacadêmico eprestígio, oferecendo licenciaturas em lingüísticaaplicada esociolingüística; o SIL investe sua períciana especializa-ção e, no processo, ajuda a treinar novos lingüistas etradutores daBíblia latino-americanos. Uma revisão no currículo mostra umsólido programa acadêmico. Mas o corpo docente principal, bemcomo o diretor do programa, Dr. David F Oltrogge, e alguns dosestudantes entendem as implicações mais significativas para oministério transcultural. Os estudantes desse programa lingüísticoestão vindo não apenas da Guatemala, mas também da AméricaCentral e do Sul.

4. JUSTIFICAÇÃO

Ao apresentar esse resumo panorâmico do treinamento missio-nário na América Latina, nós usamos exemplos de instituições comas quais estamos familiarizados. Reconhecemos que nosso conhe-cimento é limitado e que, ao mencionarmos alguns programas,corremos o risco de excluir outros dignos de atenção, que poderiamser modelos latinos igualmente úteis. Por favor, aceite nossasdesculpas. Pedimosque nos informe sobre o que você e sua orga-nização estão fazendoem termosde treinamento missionário. Como objetivo de fornecerum serviçomelhor, o COMIBAMlançou um

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Capacitando a Força Missionária Internacional

esforço de pesquisa para identificar programas em cada país daAmérica Latina. Sinta-se livre para escrever para: CoordinatorTraining, COMIBAM International, Apartado Postal 27-1, CPO1907, Guatemala, Guatemala, CA.

5. UMA OLHADA NO FUTURO DO TREINAMENTOMISSIONÁRIO HISPÂNICO

Todas ascategorias eos programas mencionados acima devemcontinuar a crescer e a amadurecer. Mas não há mais nada a serfeito? Certamente! Os centrosexistentes não irão prepararefetiva-mente a grande onda de voluntários atuais e futuros. Que outrasrotas e modelos devem serexplorados?

Conversando com alguns líderes de missões latinos sobreesseassunto, percebe-se que há um compromisso de construir algonovono treinamento missionário para o Continente. Eis algumas dassugestões.

1. Precisamos completar a pesquisa para estabelecer acondição e as necessidades do treinamento missionário naAmérica Latina.

Nós não temos todas as informações, e é possível que, quandoas tivermos, sejamos encorajados pelo quejá está em andamento.

2. Devemos aprender mais lições com programas detreinamentoque estilo operando na África, na Ásia e noPacífico Sul.

Emboraos modelos da Europae da Américado Norte estejamcausando profundo impacto no movimento missionário moderno,eles não são necessariamente os melhores para serem exportadospara o resto do mundo. Temosumaoportunidade única para come-çar um treinamento de maneira nova e criativa. Isso realça anecessidade global de treinar redes, do leste ao oeste, do norte aosul, do sul ao leste e do norte ao leste; um jogo cruzadode relaçõespara compartilhar idéias, informações e recursos.

3. 0 treinamento latino deve utilizar recursos latinos.

Isso inclui conceitos de currículos, pessoal de ensino, modelosepessoal administrativo, distintivos educacionais. Isso irá requererestudo sério sobre financiamento de programas de treinamento da

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América Latina, evitando dependência excessiva dos recursos fi-nanceiros da Europa e da América do Norte. Ao mesmo tempo, otreinamento latino oferece novos horizontes de parceria financeira,para assegurar o lançamento dos novos centros e programas detreinamento, tão urgentemente necessários. Devem ser utilizadosrecursos humanos, incluindo educadores, teólogos e missionárioslatino-americanos. Mas também missionários expatriados vetera-nos poderiam dar uma grande contribuição, treinando a nova gera-ção de obreiros.

4. E imperativo o desenvolvimento de um currículo, bemcomouma produção adequada de textos.

Amaneira maisfácil de resolver o assunto do curriculoécopiaralgum conhecido; e devemos evitar essa tendência. E necessáriodar uma idéia original ao treinamento missionário, aprendendo daÁsia,da África ede escolasselecionadas da América do Norte e daEuropa, como a Faculdade Cristã All Nations (All Nations ChristianCollege - ANCC),no Reino Unido. Líderes de missões e educado-resdevem trabalhar juntos. E os textos? Deus nos livre de procurarsimplesmente traduções do inglês! Alguns livros de outras partesdo mundo podemseradaptados para a América Latina. Entretanto,há homens e mulheres experientes e competentes para escrever ostextos fundamentais para treinamento missionário, e eles têm sidoprocurados, encorajados econtratados para sua tarefa.

5. Desenvolverprogramas especializados em missões, de umou dois anos.

O programa de um ano poderia requererque os estudantes jáviessem com treinamento bíblico formal, e o de dois anos ofereceriaos estudos bíblicos e teológicos fundamentais. Esses centros detreinamento poderiam ser numa base nacional (como o CEMCA)ou mesmo regional. Emqualquer novo programa que for desenvol-vido, deve haver uma combinação de educação formal, não-formaleinformal. Não podemos nos dar ao luxo de organizar maiscentrosacadêmicos de missiologia teórica. Por essa razão, éimperativo queessas escolasconsiderem o que significa pensar, aprender eensinarcom o objetivo de assegurar um preparotranscultural efetivo. Devehaver uma idéia clara dos resultados desejados no treinamentomissionário.

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6. 0 conceito de consórcio pode ser explorado posteriormente.

Neste modelo, várias igrejas, escolas eseminários bíblicos seassociam para estabelecer e dar suporte a uma escola de missõescooperativa. As instituições teológicas oferecem suas particulari-dades doutrinárias edistinções características em seu próprio cam-pus. Mas as missiológicas (bíblica, cultural, espiritual, prática,estágios e outras) seriam feitas dentro do contexto do Centro deTreinamento Missionário (CTM), prcferivelmnente localizado numcontexto claramente multi-cultural. Recursos-chave poderiam sercompartilhados: professores e pessoal, custos administrativos, bi-blioteca e audiovisuais. O diploma, se o desejassem, seria fornecidopor cada escola, ou talvez pela associação do CTM.

O consórcio trazà baila o tema patrocínio. Quemserá o “dono”do CTM? Os modelos apresentados neste livro mostram o espectroda posse de treinamento. Talvez na América Latina todas essasopções surjam. Mas me parece que temos umaoportunidade únicade associar esses centros.

7. Pode surgiruma especialização regional.

Por exemplo, um enfoque lingüístico de tradução da Bíbliapoderia ser oferecido na Guatemala, integrando um Consórcio CTMe o programa da Universidade Mariano Galvez. Poderia ser dado,na Argentina,um enfoque sobreo Islamismo, devidoao comprome-timento com esse alvo já existente lá. Outras escolas poderiamoferecer diferentes ênfases: alcance urbano eimplantação de igre-jas; ministérios com estudantes universitários; ação social e desen-volvimento; fazedores de tendas biculturais.

8. 0 centro de treinamento deve combinar outros temas demissões.

A infra-estrutura de missões limitada, da América Latina, dámargem para que o centro de treinamento vá além da idéia tradicio-nal de uma escola, para se tornar também uma casa de missõescentral. Esta se tornaria um centro de rede de atividade de pessoas,informações, dados de missões, pesquisa, necessidades de povosnão-alcançados, agências à procura de pessoal ou igrejas, comrelacionamentos ligados em outras escolase centrossimilares.

9. 0 treinamento missionário deve examinar a educação com

base na competência.

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Os centros poderiam fazer um contrato com uma igreja, umaagência e o candidato, dizendo “Nós nos comprometeremos aoseguinte: quando este candidato terminar os estudos, estará prepa-rado adequadamente para o ministério transcultural especificado”.O que seria necessário para fazertal treinamento?

10. E imperativo que desenvolvamos programas detreinamento adequadosparafazedores de tendas latinos.

Muito pouco está sendo feito na América Latina, mas isso éuma necessidade urgente.

11. Deve haver um treinamento sério dos preparadores demissionários.

De onde esse pessoal de ensino especial vemn? Quaisos requi-sitos necessários a um preparador de missionários? Que tipo depreparo eles necessitam? Onde isso pode ser obtido? Estas sãoapenas algumasdas muitas questões-chave ainda por ser respondi-das. Existem seminários latino-americanos que poderiam propor-cionar excelente educação para os preparadores de missionários,mas algumas modificações no currículoe no programa deveriam serintroduzidas.

12. Devemos desenvolver parcerias missionárias criativas.

Tenho visto isso acontecendo em diversos países latino-ameri-canos. Costa Rica tem vários elementos-chave de infra-estrutura,incluindo umavariedade de programase escolas de treinamento. AFEDEMEC, agência missionária de Costa Rica, tem umpapel-cha-ve nessa parceria. Outro caso é a CEMCA, na Guatemala. Unioutro exemplo é internacional. A Comissão de Missões da WEFentrou numa parceria delongo prazo com o COMIBAM, queenfocao desafio de treinamento completo, incluindo pesquisa, currículo,publicações, textos e seminários para candidatos. Essa parceriapode ser adaptada para as outras regiões e continentes do nossoglobo.

6. CONCLUSÃO

Nos lembramos novamente daquele jovem casal se movendoresolutamente em direção à África do Norte. Eles estãocomprome-tidos com a tarefa e possuem algum treinamento teológico. Mas

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estarão preparados para esse difícil campo missionário quandochegarem? Sua agênciairá proporcionar pastorado, estabelecimen-to de estratégias e supervisão? Quem os treinará? Como serãotreinados? O que farão no sentido de se aproximaremde seu povoalvo? Por quanto tempo continuarão? Que Deus realmente osajude, proteja e prepare.

Se tivessem existido programas e centrosde treinamento sérios,mesmo dez anos atrás, na América Latina, nós estaríamos numaótima condição para ajudar a preparar as centenas de voluntáriosatuais. Mas temos um longo caminho a percorrer. Serão necessá-rios líderes capacitados e visionários (com habilidades administra-tivas e experiência efetiva em treinamento missionário) paramobilizar os recursos humanos e espirituais, com o objetivo depromover uma educação transcultural de qualidade no mundo delíngua espanhola.

Dr. William Taylor éo Secretário Executivo da Comissio deMissões da Aliança Evangélica Mundial (Missions Commissionof the World Evangelical Fellowship). Filho de missionário,nascido em Costa Rica, ele serviu conzo missionário de carreiracom a Missão América Central (CAM International,), noSeminário teológico CentroAmericano, na Guatemala. Foiprofessorde missões eni outros seminários nos Estados Unidos,no Reino Unido e no Terceiro Mundo. Jonathan Lewis,missionário argentino e filho de missionários, trabalha emCórdoba, no Instituto Bíblico de Córdoba, bem como noministério de mobilização para missões na Argentina, chamadoMissões Mundiais. Lewis lidera o movimento para estabelecer umcentro de treinarnento missionáriopara a Argentina e outrasnações do Cone Sul. Este capítulofoi escrito paraesta publicação.

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Faculdade Cristã AllNations

David Harley

1. A FACULDADE

A Faculdade Cristã All Nations (All Nations Christian Col-lege)éinternacional e interdenominacional, localizadapró-

ximo a Ware, cerca de 40 kilômetros ao norte de Londres, no ReinoUnido. Foi formada em 1971, pela união de três faculdades quetinham sido fundadasno início do século: Faculdade deTreinamentoMissionário Mount Hermon (Mount Hermon Missionary TrainingCollege) (1911), Faculdade Bíblica Ridgelands (Ridgelands BibleCollege) (1919) e Faculdade Missionária All Nations (All NationsMissionary College). Seu propósito é treinar homens e mulherespara o ministério transcultural. Atualmente, há mais de mil e qui-nhentos estudantesformados nesta instituição, servindo em mais de120 países por todo o mundo.

2. OS ESTUDANTES

Atualmente, há 170 estudantes na faculdade; destes, 56 sãohomens solteiros, 32 são mulheres solteiras e 82 são casados. Amaioria deles já são formados ou têm algum treinamento (como a

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qualificação para o trabalho de enfermagem, porexemplo). Elesjátêm também alguns anos de experiênciaem sua profissão. Sentimosque é importante, no mundo de hoje, que aqueles que estão sepreparando para trabalhar em algum outro país tenham o tipo detalento e experiência que serão bem-vindos no país para o qualestarão indo. Amenos queum candidatoa missionário em potencialtenha provado quepode fazerum bomtrabalho em seu próprio país,não há garantia de que fará um bom trabalho em outro país.

Devido ao fato de que a faculdade procura estudantes bemqualificados e que já tenham alguma experiência profissional, ocorpo discente tendeaserbastante maduro, comumamédiade idadede 30 anos.Na verdade, nós geralmentenãoaceitamosninguém commenos de 23 anos. Por outro lado, temos tido algunsestudantescomuma média de idade de 50 anos.

Como a maioria dos estudantes são graduados, o ensino numnível acadêmico elevado é inevitável. No entanto, compreendemosque Deus chama eusapessoas quenãotêm tanto preparo acadêmico.Sem dúvida, essas pessoas são, às vezes, maiseficientes queaquelasdo tipo “intelectual”! Assim, temos tentado ser flexíveis e incluirentreo corpo discente alguns que talvez apresentem dificuldades naárea acadêmica, mas que tenham demonstradopossuir outros talen-tos que poderiam ser muito úteis para a igreja no exterior. Dentreestes, posso me lembrar de um mecânico de carros, um construtoreum criador de porcos muito talentoso como evangelista pessoal.

Atualmente, 32 nacionalidades diferentes são representadasentreos estudantes. Cerca da metadedestes éda Grã-Bretanha, 25%da Europa e os outros são da Ásia, da África, da Australásia e dasAméricas. Ficamos especialmente felizes por termos 12 estudantesda África Negra.Tivemos recentemente um pastor egípcio, vivendoao lado de um israelense! Como os estudantes vivem e estudamjuntos nesta comunidade, eles têm uma grande oportunidade deouvir pessoas de outras culturas e de observar outros padrões decomportamento. Podem também começar a aprender mais sobre oque está acontecendo na Igreja em diferentes partes do mundo. Etambém uma circunstância oportuna para ouvir sobre os erros quemissionários têm cometido e aprender a evitá-los.

Há também mais de trinta denominações representadas nafaculdade, incluindo Batistas, Presbiterianos, Anglicanos, Evangé-licos Livres, Luteranos, Irmãos Menonitas e Pentecostais. Estasincluem carismáticos e não-carismáticos, bem como aqueles que

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Faculdade CristãAll Nations

não praticam o batismoinfantil eosqueo praticam. Inevitavelmen-te, existe uma variedade em nossos estilos de adoração, e nós,deliberadamente, encorajamos isso, para queos estudantes tenhamuma oportunidade de experimentar e aprender de outras tradiçõesde adoração cristã. Convidamos também pessoas de várias partesdo mundo para dirigir-nos na forma de adoração que utilizariamemseus países de origem. Queremos que os estudantes aprendam aapreciar e a respeitar um ao outro, embora possam ter conceitosdiferentes sobre o milênio ou o trabalho do Espírito Santo, porqueem seufuturo ministério seráessencial que sejam capazes de traba-lhar ao lado de outros cristãos.

3. AS QUALIFICAÇÕES PARA A ADMISSÃO

Cada ano podemos aceitar cerca de 100 novos estudantes. Noentanto, aproximadamente mil candidatos escrevem perguntandosobre a possibilidade de virem. Assim, tivemos que estabelecer umprocedimento de seleção bastante severo. Em primeiro lugar, esta-mos procurando pessoas que tenham um claro chamadoparamissãotranscultural. No caso de casais, esperamos que tanto o maridoquanto a esposa tenham tal senso de chamado. Também requeremosque sua convicção pessoal do chamado de Deus tenha o apoio desua igreja de origem, que os presbíteros dessa igreja não apenasacreditem queDeus os está chamando paraserem missionários, masque estejam dispostos a sustentá-los financeiramente eem oração.

Requeremos três referências para cada candidato: uma de umamigo, uma de seus patrões e uma de seu pastor. Na referência dopastor, estamos particularmente interessados em verificar se essemissionário em potencial tem desempenhado um papel significativona vidaecrescimento de sua igreja de origem,ese tem demonstradodons de evangelismo, pastorado, ensino ou serviço. Novamente,estamos trabalhando com o princípio de que recrutas deveriamprimeiro ter provado seus dons espirituais em meio à sua própriacultura, antes de serem enviados a outra.

Tanto nos formulários de requerimento, quanto na entrevistasubseqüente com dois membros da administração, estamos procu-rando evidências de maturidade espiritual e emocional. Normal-mente não aceitamos pessoas que tenham se convertido há menosde três anos. Somosespecialmente cuidadosos se há alguma evidên-cia de instabilidade emocional ou quando há referência a doenças

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mentais na família (isso é obtido no formulário médico). Estamospreparando indivíduos para enfrentar situações de estresse, instabi-lidade e solidão, onde podem estar vivamente conscientes do con-flito espiritual no qual estão envolvidos, e é importante queescolhamos aqueles que serão capazes de lidar com essas tensões.

Finalmente, estamos procurando candidatos que demonstremhumildade, flexibilidade e a habilidade de se entenderem bem comos outros. Queremos preparar missionários que não irão abordaruma outra cultura com uma atitude de superioridade, que nãoserãoexcessivamente rígidos a respeito da natureza do trabalho para oqual estão preparados a desempenhar, ou sobre as condições de seuserviço, e que não tornarão impossível o trabalho em equipe. Nocurso da entrevista, uma das questõesque temos em mente é: “Seráque eu gostaria de trabalhar numa equipe com essa pessoa?” Se nossentimos hesitantes a esse respeito, é provável que outros tambémse sintam; eportanto pode ser correto para nós não aceitarmos essapessoa para o treinamento!

4.0 PESSOAL

O atual corpo docente consiste de 15 pessoas de tempo integraleum professorde meio expediente, que vemtrês vezes por semana.Sete pessoas do corpo docente são mulheres, efaz parte da políticada faculdade manter uma paridade aproximada entre homens emulheres nessa função. Os professores se reúnem semanalmentepara discutir todosos aspectos do treinamento e do cuidadopastoraldos estudantes. Eles também se reúnem todas as semanas com ocorpo administrativo (incluindo cozinheiros, secretários e pessoasda manutenção) para discutir áreas de interesse maisamplas na vidada comunidade: Isso permite que cada departamento da faculdadese mantenha em contato com os outros, etambém nos forneceumaoportunidade de orarmosjuntos como um grupo completo. Estamospreocupados em reduzir as divisões de status entre acadêmicos eoutras pessoas da administração. Acreditamos que, numa comuni-dade cristã, o valor de cada talento individual deveria ser reconhe-cido equetodosdeveriam sercapazes de partilhar idéiaseexpressarsuas opiniões. Sempre que possível e apropriado, decisões maiores,que afetam toda a comunidade, são tomadas apenas depois daconsulta e discussão mais ampla, e então são alcançadas por umconsenso.

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Todo ano temos pelo menos um professor não-ocidental visi-tante, que gasta um período ou todo um ano em residência. Nosúltimos anos tivemos professores da India, da Coréia, do Japão, daGuatemala e do Peru. Temos também outros visitantes do TerceiroMundo que pesquisam conosco e podemtambém partilhar da vidada comunidade e contribuir para o ensino.

Quando procuramos novos professores, normalmente insisti-mos que tenham tido um certo número de anos de experiência emministério transcultural. Esperamos também que, além de serembons comunicadores, tenham habilidade pastoral. Isso é porquecada tutor (membro do corpo docente) tem adireção pastoral de 12estudantes e precisa ser capaz de se relacionar bem com eles eaconselhá-losem questões diversas.

Damos uma grande prioridade à unidade da administração e,portanto, fazemos um grande esforço para encontrar pessoas queestejam em sintonia com as características da faculdade e quetenham a habilidade de trabalhar bem em equipe.

Sentimos também que é importante ter professores com boasqualificações acadêmicas, mas reconhecemos quequalificações depapel por si só não tomam um professor adequado. Não indicaría-mos ninguém para professor que fosse academicamente brilhante,mas fosse de difícil relacionamento ou totalmente inexperiente emtermos de ministério.

5.0 CURSO

A maioria dos estudantes segue um curso de dois anos deduração de estudos bíblicos, teológicos, missiológicos, pastorais epráticos. O curso consiste de aulas e seminários, alguns dos quaissão básicos (assuntos “centrais”) enquanto outros sãomais especia-lizados (“optativos”). Os estudantes determinam seu próprio pro-grama de estudo, em consulta com seu tutor. Espera-se deles queassistam a todas as aulas e seminários do curso central, mas ocomparecimento aos optativos é livre edeterminadopelos interessesespeciais do indivíduo.

Em primeiro lugar, éimportante queos estudantes tenham umaboa base bíblica e teológica, que saibam em que acreditam comocristãos, e por quê. Não podemos cobrir todosos livros da Bíblia emprofundidade num curso de dois anos, mas temos por objetivo daraos estudantes as ferramentas hermenêuticas corretas para que

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saibam como abordar uma determinada passagem das Escrituras.Esperamos que os estudantes pensem sobre as principais áreas dadoutrinacristã e se familiarizem com diversas visões evangélicas enão-evangélicas.

Uma boa parte do tempo é designada para estudos missiológi-cos, queincluem a base bíblica para missões, a história da missãocristã, compreensão da cultura, relação do evangelho com acultura,missão holística, crescimento de igrejas, introdução a religiõesmundiais, metodologias missionárias, e assim por diante. Assimcomo os cursos centrais nesse campo, há uma grande variedade decursos especiais sobre religiões específicas ou abordagens missio-nárias (como missão médica). É separado um tempo considerávelparaos avanços teológicos não-europeus, as necessidades dasáreasurbanas em rápido crescimento e o desafio dos novos movimentosreligiosos.

Uma outra área que consideramos importantena preparação denovos missionários é a dos estudos pastorais, em que os estudantestêm a oportunidade de aprender sobre si mesmos esobre abagagememocional que podem estar carregando. Temos encontrado umnúmero crescentede candidatos que vieram de laresdestmídos, quesofreram abusos quando crianças ou que tiveram experiência comsexo ou drogas antes de sua conversão. É possível que todas essascoisas deixem cicatrizes em suas vidas que podem vir a inibir aefetividadede seu futuro ministério, se nãoforem tratadas antes quesejam enviados ao campo. O curso de Estudos Pastorais tambémcapacita osestudantes a entenderem melhor uns aos outros e prepa-ra-os, em alguma medida, para ministrarem apropriadamente emperíodos de luto, perda e mudança.

E necessárioque a teoria seja colocada em prática, eassim todoestudante aprendea desenvolver suas habilidades de comunicação.Isso é feito através de treinamento prático em conversação, evange-lismo, direção da adoração e uso da mídia moderna. Existem tam-bém oficinas sobre habilidades exegéticas e expositivas.

Como parteintegrante do seu treinamento, os estudantesda AllNations têm que separar um tempo todas as semanas para adquirirexperiência em ministério cristão. Num raio de aproximadamentetrinta quilômetros, podem ser colocados numa das 40 igrejas àsquais a faculdade está ligada. Alguns estão na nova cidade deHarlow, alguns nas áreas pobres do norte de Londres, alguns entre

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grupos étnicos e alguns nas igrejas denominacionais grandes epequenas da comarca local.

E também exigido dos estudantes que separem oito semanas,durante o curso de dois anos, para adquirirexperiência numa varie-dadede ministérioscristãos. Essas designações podem ser no ReinoUnido ou no exterior. A supervisão e as instruções para os queretornamdo campo sãocontroladas pela faculdade, de maneira queos estudantes recebam o máximo de benefício desse período. Podeser também valiosomencionar aqui que90% dos nossos estudantesjá tiveram um ou dois anos de experiência transcultural.

Finalmente, há um grande número de cursos práticos, ofereci-dos durante o período na faculdade, que capacitarão os estudantesa desenvolver habilidades que podem ser valiosas em seu trabalhofuturo. Esses cursos incluem manutenção de carros, construção,produção de alimentos, primeiros socorros, higiene e cuidadosdomésticos tropicais, fotografia, odontologia, cabeleireiro e culiná-ria básica!

O curso é planejado com os vários ingredientes acima, paraproporcionar um treinamento completo para futuros missionários.Isso parece ser o que os estudantes apreciam ao vir aqui, e é, semdúvida, nosso principal “fator de propaganda”. No Reino Unido, équase impossível, para o tipo de curso que oferecemos, recebercredenciamento governamental, e estamos pouco inclinados a mu-dar o que fazemos para obtermos crédito. No entanto, estamosprocurando credenciamento com o CNAA (Council for NationalAcademicAwards - Conselho paraPrêmios Acadêmicos Nacionais)para dois cursos subsidiários, que serão seguidos por uma minoriade estudantes. Um é para um Diploma de Estudos Bíblicos eTransculturais (que será o primeiro desse tipo nesse país). O outroé para um MA em Interpretação do Novo Testamento, oferecidoatravés da Faculdade Bíblica de Londres (London Bible College),com componentes missiológicos fornecidos por nós mesmos.

6. CASAIS

Quase a metade dos estudantes que vêm para a ANCC sãocasados. (Isso é quase inevitável, com uma média de idade de 30anos entre o corpo discente.) Entretanto, eles são aceitos no acordode queambos, marido e mulher, serão estudantes de tempo integral.Sentimosqueénecessário para ambosnão apenaspartilharo mesmo

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chamado e compromisso com Cristo, mas também tomar parte nomesmo treinamento. Esperamos que os dois assistam às mesmasaulas e façam uma quota completa de tarefas escritas. Existe umacreche para crianças na fase pré-escolar, que funciona das nove àstreze horas todos os dias, para que osestudantes possam estar livrespara dar andamento a seus estudos.

7. SISTEMA TUTORIAL

Cada tutor é responsável por tim grupo de 12 estudantes. Elesse encontram com os esttidantes para um período de adoração trêsvezes por semana, assim como para um caféjuntos eoutras ocasiõessociais, várias vezes por período escolar. A cada duas ou trêssemanas, eles se encontram com cada estudante individualmente,por uma hora ou mais, para discutir o trabalho acadêmico numaigreja local, seu desenvolvimento pessoal e crescimento espiritual,bem como qualquer outra área que o estudante deseje expor (talcomo orientação para o futuro,ou relacionamentos). Dedicamos umbom tempo para o trabalho de orientação pessoal aos estudantes e,assim, podemos conhecê-los e ajudá-los, tanto quanto possível,enquanto se preparam paraseu trabalhofuturo. No final de um cursode um ou dois anos, o tutorescreve uma referência detalhada sobreo estudante, que é então discutida com todos os outros professores,antes de ser escrito um formulário final eenviado para a missão ouagência de envio apropriada. Nosso objetivo é proporcionar umrelatório equilibrado eabrangente sobreos talentos ehabilidades deum candidato e sua capacidade para desempenhar trabalhos noexterior. Em última instância, sentimos que esse relatório é maissignificativo que o diploma da faculdade que os estudantes podemreceber. Globalmente, vemos o sistema tutorial como um dos ele-mentosmais importantes e formativos em nosso treinamento.

8. E OFUTURO...?

É obviamente essencial que qualquer instituto de treinamentose mantenha atualizado sobre as tendências dentro da igreja nomundo e acompanhe o que Deus está fazendo no seu mundo. Nósnos esforçamos constantemente para rever nosso programa e adap-tar nossos cursos às novasnecessidades da Igreja. Uma maneira pelaqual procuramos fazer isso é liberando regularmente professores

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Faculdade Cristã All Nations

para visitar a Igreja em diferentes partes do mundo, para falar comlíderes de igrejas e missões lá e para visitar estudantes antigos queestão agora em ministério ativo. Como resultado dessas visitas,temos mudado alguns de nossos cursos e introduzido outros - eassim, por exemplo, aumentamos recentemente a quantidade detempo dado a ministério urbano e a guerra espiritual. Tambémesperamos aprender com o crescente número de institutos de trei-namento missionário ao redor do mundo e desenvolver programasde permuta de professores e estudantes.

O Rev. David Harley, Reitor da faculdade Crista All Nations(All Nations Christian College), serviu como missionário com oCMJ por cinco anos, na Etiópia, entre os Falashi, e três anos entrejudeus, no Reino Unido. Ele foi o Associado de LausanneparaEvangelismo de Judeus (Lausanne Associatefor JewishEvangelism) de 1980-1989. Este capítulofoi primeiramenteapresentado na Consulta de Manila e, então, revisado parapublicação.

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PARTE 3.

CONSIDERAÇÕESEDUCACIONAIS

DECISIVAS

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Cultura, Aprendizado e

Treinamento Missionário

James E. Plueddemann

Estamos vivendo numa era emocionante para missões. Nãosomente existe uma nova vitalidade em missões, em váriospaíses tradicionais no envio de missionários, como também Deusestá chamando missionários dos denominados “países receptores”.Missionários da Nigéria estão ministrando de maneira transculturalna África,assim como nos Estados Unidos. Missionáriosda Coréiaestão servindo ao redor do mundo. Missionários do Brasil estãotrabalhando em Angola.

Coin a explosão da atividade missionária transcultural, vemanecessidade de avaliar todo o treinamento missionário. O treina-mento pode ser útil para missionários de qualquer cultura. Missio-nários de Yoruba, na Nigéria, enfrentam situações transculturaiscomplicadas quando testemunham para negros do centro da cidadede Chicago. E missionários coreanos encontram enormes desafiosquando ministram para quenianos rurais. Modelos de treinamentomissionário dos países tradicionais no envio podem ser de algumaajuda no treinamento de missionários do Terceiro Mundo. Masdiferenças culturais significativas no pensamento e aprendizadocertamente influenciam os métodos de treinamento missionário. Odesafio de repensar o treinamento missionário, numa perspectiva

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Capacitando a ForçaMissionária Internacional

global, poderia proporcionar um estímulo para o aperfeiçoamento

do mesmo em países tradicionais no envio.

1. PRINCIPAIS QUALIFICAÇÕES MISSIONÁRIAS

As qualificações mais importantes para missionários cristãossão as mesmas para todos, independente de sua origem étnica.Missionários atravessam fronteiras culturais para ensinar a BoaNova, que Cristo morreu e que, assim, homens e mulheres podemtomar-se filhos de Deus. Embora pareça óbvio, a primeira qualifi-cação para missionários efetivos é que sejam nascidos de novo eestejam se aperfeiçoando na semelhança de Cristo. Eles devem sercapazes de ensinar a verdade absoluta das Escrituras, de umamaneira que satisfaça as necessidades das pessoas. Missionáriosprecisamserhomens emulheres de oração, queusem constantemen-te a armadura de Deus. Missionários de todas as culturas precisamencontrar critérios bíblicosde liderança, sendo irrepreensíveis, tem-perantes, sóbrios, hospitaleiros e aptos para ensinar.1 O primeirocritério é que as missionários sejam verdadeiramente Cristãos.2

Mas os missionários podem beneficiar-se de treinamento adi-cional em habilidades de ministério transcultural. Missionários deLagos, servindo em Chicago, necessitam dessas habilidades tantoquanto missionários de Nova lorque, servindo em Tóquio.

Mas,como missionários de qualquer cultura podemse prepararpara servir ao Senhor numa outra cultura? Como a cultura domissionário em treinamento influencia o processo de ensino eaprendizado? O treinamento missionário na Asia seria diferente dotreinamento no Canadá? De que maneira pessoas nascidas em Seu!deveriam treinar missionários de Dallas para trabalhar em Lagos?Como um americano de Colúmbia, Carolina do Sul, deveria prepa-rar missionários nigerianos para trabalhar em Ghana?

Seres humanos têm muito em comum, independentemente deonde nasceram e cresceram, mas a cultura tem uma influênciaimportante na maneira comoas pessoas preferemaprender. Um bomtreinamento missionário em Wheaton teria muito em comum comum bom treinamento missionário em Nairobi, Hong Kong ou SãoPaulo. Mas um bom treinamento missionário teria também distin-ções em cada cultura. Valores culturais influenciam a prática dceducação de crianças, preferências cognitivas e expectativas peda-

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Cultura, Aprendizado e Treinamento Missionário

gógicas sobre educação. Fatores culturais devem ser considerados

no preparo de missionários.

2. CULTURA, MODO DE PENSAR E APRENDIZADO

As pessoas, em qualquer cultura, pensam processando informa-ções com mentes ativas. As regras para o processamento de infor-mações são influenciadas pela cultura, mas as diferenças sãoprimariamente variações sobre um tema comum.

Alguns estudos prematuros sobre cultura e cognição designa-ram erroneamente o pensamento não-ocidental como “pré-lógico,místico emesclado àvidaemocional”.3 Mesmo descriçõesrecentesfeitas por alguns missiólogos rotularam pessoas de diferentes con-tinentes como intuitivas ou relacionais, ao invés de lógicas. Nãoérealista classificar todos os africanos como “seres pré-lógicos, masrelacionais”, enorte-americanos como “individualistas lógicos, masnão-relacionais”. Essa generalização nega a correlação da criaçãode todas as pessoas. Toda cultura tem maneiras de estabelecercategorias, sistemas para planejamento de ação e um meio dequantificar objetos, pessoas e tempo.4

Não apenas existem similaridades em todas as culturas, mashátambém importantes diferenças dentro de cada uma. Fatores comoo montante de educação escolar que as pessoas tenham recebidopodemprever amplas variações5nos padrões de pensamento, mesmodentro de uma mesma cultura. Isso foi ilustrado num estudo con-duzido entre os Tangale, da Nigéria. Embora os adultos, que eramo objetivo do estudo, vivessem numa mesma região, manifestaramvariações significativas na maneira como estabeleciam categorias,com base no fato de terem ou não freqüentado alguma escola.

Earle e Dorothy Bowen iniciaram a importante tarefa de inves-tigar os efeitos do estilo cognitivo nas preferências de aprendizadona África.6 Mark Larson conduziu um estudo significativo sobre arelação entre o estilo cognitivo e o desenvolvimento cognitivo emestudantes de escolas bíblicas na Nigéria? Ele descobriu que ahabilidade de executar tarefas operacionais específicas parecia me-lhorar, quanto mais tempo havia que o estudante estava na EscolaBíblicade Treinamento(BibleTraining School). Padrõescognitivosde raciocínio moral também parecem ser influenciados pela cultu-ra.8 Estudossobre desenvolvimento da fé transcultural estão adqui-rindo importância.9 Todos os estudos mencionados acima mostram

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variações culturais dentro de temas eestruturas cognitivas comuns.Esses estudos ajudam a mostrar que o treinamento de missionáriosem várias culturas tem tanto similaridades quanto diferenças.

3. CONTEXTO E CULTURA

Provavelmente, a influência mais fundamental na cultura epensamento éo grau de sensibilidade das pessoas ao seu contexto.Algumaspessoas têm uma altasensibilidade ao contextoespecíficoao seu redor. Outras parecem interessar-se mais por idéias e temasmais amplos que o contexto imediato. Edward T. Hall dá umaexplicação útil sobre pessoas de “alto contexto” e “baixo contex-to.”1

Pessoas de alto contexto prestam uma atenção especial aomundo específico ao seu redor. Tudo no ambiente físico comunicaalgo sutil, mas significativo: a atmosfera da sala, sons, cheiros,expressões faciais e a linguagem do corpo. Essas pessoas tendem alembrar o nome de outras, bem como detalhes sobre eventos. Asdicas sutis num ambiente de vida real, de maneira intuitiva, masintencional, comunicam informações importantes.

Pessoas de baixo contexto, por outro lado, prestam especialatenção às palavras, idéias e conceitos. Elas podem lembrar umaconversa sobreum tema importante, masnãose lembram dos nomesdas pessoas envolvidas. As palavras eidéiasespecíficas eexplícitascomunicam maisclaramente queo tom de vozimplícito. Aprendizesde baixo contexto gostamde analizarecompararidéias. Um diretorde baixo contexto preferiria um contrato legal assinado que umaperto de mão de alto contexto. Um contrato legal assinado podeparecer um insulto eum sina! de desconfiança para um líder de altocontexto.

4. EXISTEM ESTILOS DE PENSAMENTOOCIDENTAIS?

Alguns cientistas sociais defendem a idéia de que valoresocidentais têm sido dominados pelos padrões de pensamento debaixo contexto da antiga Grécia, o que encorajou as pessoas a seconcentraremem idéias, ao invés de eventos.11 Assim, missionáriosocidentais em treinamento podemserhábeis em ver padrões amplosna história de missões, mas menos sensíveis às necessidades de

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Cultura, Aprendizado e Treinamento Missionário

outros missionários na própria classe.12 Mas a generalização quesugere queos norte-americanos são pessoas de baixo contexto e osafricanos são de alto contexto éenganosa. Algunsafricanos tendema ser de alto contexto, e outros, de baixo contexto. E igualmenteperigoso rotular os norte-americanos de um ou outro.

Uma pesquisa recentesugere que as principais diferenças cul-turais nãosão fundamentalmenteentre o mundo ocidental orientadopela cultura grega eo mundo não-ocidental. Taisdiferençasno modode pensar originam-se igualmente de fatores como rural-urbano,industrial-agrícola ou o montantede educação escolar formal. Porexemplo, o processo de ensino-aprendizado em sociedades rurais,em qualquer lugar do mundo, éfreqüentemente orientado por con-senso, conformidade e cooperação. Outros estudos sugerem quegruposurbanoserurais podemoperar comdinâmicas diferentes. Aspessoas, em qualquer lugar do mundo, que vivem em sub-culturasrurais, tendem a cooperar com maisboa vontadeque as pessoas emsub-culturas urbanas.13

O ensino eaprendizado numa sociedade de alta tecnologia eminformação, em qualquer continente, pode enfatizar convicçõespessoais, iniciativa individual e competição.14 A cultura tem umaimportante influência nas preferências do professor por estilos deliderança. Algumas culturas preferem liderança participativa, en-quanto outras preferem estilos de liderança mais autocráticos ecentralizados.

Um outro levantamento de pesquisamostrou que mulheres emmuitas culturas ao redor do mundo têm estilos cognitivos simila-

O país de origem do missionário em treinamento pode não seruma influência tão significativa no estilo de pensamento, como sãoas características específicas do aprendiz. Existem valores globaisdifusosque devem ser explicados aos missionários em treinamento.Assim,um executivobem educado em Cingapura ou Accra poderiater uma preferência de aprendizado similar à de um executivo deBuenos Aires ou Bruxelas.

5. CONTEXTO E APRENDIZADO

Ninguém é totalmente de baixo contexto, focalizando apenasidéias, ou totalmente de alto contexto,enfocando apenas o contextopresente. Preferências de ensino e aprendizado recaem sobre um

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espectro, entre contexto muito alto e muito baixo. Professores quese concentram em idéiasabstratas poderiam ser classificados comode baixo contexto. Professores quetendem aenfocarprincipalmenteas necessidades das pessoas ao seu redor seriam mais de altocontexto. Escolas de treinamento que enfatizam programas de estu-do, roteiros fixos e a quantidade de tempo a ser gasto em cadaassunto, tenderiam para a extremidade de baixo contexto do espec-tro. Professoresque enfatizam aautoridade eo desenvolvimento derelacionamentos, sem atenção especial ao programa de estudo ou àagenda, tenderiam para aextremidade de alto contexto do espectro.

Alto Contexto Baixo Contexto

O quadro da página seguinte pode serútil para resumir algumasdiferenças potenciais de ensino-aprendizado, entre treinamentosmissionários de alto e baixo contexto.16 As idéias são “previsõesinformadas” edignasde investigaçãoadicional. As duascolunas nãosão categorias distintas, mas podem sercomparadas a extremos deum espectro. Poucos indivíduos, se existe algum, são exemplos deum extremo ou outro. Em toda cultura haverão pessoas que tendempara um lado ou outro do espectro.

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Cultura, Aprendizado e Treinamento Missionário

Preferências de Preferências deEnsino e Ensino eAprendizado de Aprendizado deAlto Contexto Baixo Contexto

Possíveis Fatores Rural e Agrícola Educação EscolarCulturais Não-formal Formal Urbana

Educaçãoescolar Profissional

Estilo Cognitivo de Dependente do Campo Independente doCultura e CampoPensamento

Função Cognitiva Concreta Formal OperacionalOperacional

Raciocínio Moral Convencional Fundamentado numPrincípio

Desenvolvimento da Sintético-Convencional Individual-ReflexivoFé

Tempo de Cultura e Policrônico MonocrônicoAprendizado Muitas coisas podem Aaula começará e

acontecer ao mesmo tenninará na horatempo. Pode ser difícil certa. Os assuntoscomeçar e terminar na podem serhora, ou isolar um esquematizados numaassunto de uma vez, sequência ordenada.

As pessoas irão quererater-se ao assunto.

Estilo de A comunicação será A comunicação seráComunicação indireta, comênfase direta, tanto falada

em mensagens quanto escrita. Onão-verbais. Tom de conceito discutidovoz, postura e feições será mais importantefaciais terão que os sentimentos dasignificado conjunto. pessoa a fazeraTodo o contexto declaração. As idéiascomunicará. comunicam.

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Preferências de Preferências deEnsino e Ensino eAprendizado de Aprendizado deAlto Contexto Baixo Contexto

Autoridade O prestígio é dado Aautoridade é ganhapelo grupo e torna-se por esforço individualquase permanente. e pessoal. EEspera-se que os temporária e dependeoutros respeitem o de uma atuaçãoescalão hierárquico. contínua. AsAs credenciais credenciaisformaisformais são não são tãoimnportantes e importantes quanto oprecisam estar desempenho.evidentes.

Estilo de Liderança A liderança é Os líderes permitirãogeralmentemuito que cada pessoa tenhacontroladora, para um insumomanter aharmonia e a significativo nasconformidade do tomadas de decisão.grupo. O líder Os membros do gruponormalmente tem uma são mais inclinados apersonalidade questionar as idéias e“carismática”. Os decisões do líder. Oslíderes rettibuem líderes respeitam alealdade ao grupo. iniciativa pessoal dos

membros do grupo.

Estilo de Solução de Procuram-se soluções As soluções sãoConflitos indiretas entreamigos procuradas através de

mútuos. O desgosto é uma confrontaçãodemonstrado através direta. As pessoas sede comunicação não encontrarão face averbal, sutil. A solução face e explicarão ade conflitos pode ser dificuldadeevitada, tanto quanto verbahnente. Serápossível. enfatizadoo falar a

verdade.

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Cultura, Aprendizado e Treinamento Missionário

Preferências de Preferências deEnsino e Ensino eAprendizado de Aprendizado deAlto Contexto Baixo Contexto

Alvos de Ensino O propósito do ensino Oensino seráserá desenvolver orientadopara orelacionamentos dever. O grupo iráinterpessoais. O grupo querer trabalhar umserá orientado para as número específico depessoas. versículos ou tenninar

projetos determninados.

Passagens Bíblicas Narrativas e histórias SeráenfatizadaPreferidas bíblicas terão doutrina bíblica de

preferência. Os diversas partes daSalmos e as passagens Bíblia, ao lado dasque estimulama passagens didáticasimnaginação também das Epístolas.despertarão interesse.

Estilo de Interação Grande cooperação de A interação serágrupo e uma tendência personalizada, comna se conformar às uma ênfase nadecisõesde outros irá “propriedade”caracterizar o estilo, individual das idéias.Será importante a Serádesencorajada aharmnonia do grupo. conformidade.

Ênfase Religiosa Serão enfatizados o Uma compreensãoEspírito Santo e os sólida da Palavra dedons do Espírito. E Deus e uma convicçãoimportante umn doutrináriacorretacompromisso será enfatizada.emocional e uma Sermões expositivossensação de fazer serão apreciados.parte do grupo.

Principal Enfoque São enfatizados O enfoque é o estudotestemnunhos e da Bíblia, com ênfasecompartilhamentode na comnpreensão enecessidades. E interpretação dasimportante a aplicação idéias principais dade passagens bíblicas. passagembíblica.

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Preferências de Preferências deEnsino e Ensino eAprendizado de Aprendizado deAlto Contexto Baixo Contexto

Enfoque Missiológico Sinais e prodígios são Planos estratégicos deimportantes. longoalcance, comno

“O mundo até o AnoA oração é enfatizada. 2000”, são

importantes. Sãoenfatizadas estatísticasde crescimento daigreja.

Dificuldades Os estudantes têm Os estudantes têmnproblemas cm dificuldade emrelacionaras relacionara verdadenecessidades da vida à objetiva da Bíblia aosverdade objetiva da problemas da vida.Bíblia.

Pode levar a umaPode levar a heresia e ortodoxia mnorta.sincretismo.

Pontos Fortes Constrói Constrói uma sólidarelacionamentos comnpreensão daempáticos. O verdade de Deus. Dácompromisso cristão é tuna ênfase saudávelfervorosoe cuidadoso. aos bens e à

responsabilidadepessoal.

b. PENSAMENTOS INTEGRADOS DE ALTO EBAIXO CONTEXTO

Tanto aprendizes de alto quanto de baixo contexto têm pontosfortes sólidos e pontos fracos perigosos. Existe alguma maneira deestudantes e professores poderem obter os benefícios dos modos depensar, tanto do alto quanto do baixo contexto? Existem meios de sesuperar os pontos fracos dos dois extremos? Almejar meramente oponto médio de um espectro pode não ser a maneira ideal de se

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Cultura, Aprendizado e Treinamento Missionário

enfatizar os pontos fortes e tirar a ênfase dos pontos fracos. Talvezos pontos fortes possam ser fundidos e, assim,osestudantes possamter os pontos fortes de cada estilo de pensamento. Métodos de ensinodevem levarem consideração tanto o estilo de pensamento preferidoquanto o estilo de pensamento ideal.

7. IMPLICAÇÕES PARA O TREINAMENTOMISSIONÁRIO

O aprendizado em todas as culturas tem muito em comum. Masdescrever simplesmente preferências culturais no aprendizado nãomostra necessariamente como deveríamosensinar. Algumasculturasestão tão acostumadas a métodos de ensino opressivos que estespodem representar o estilo preferido. Por exemplo,algumas religiõesensinamn os estudantes a memorizar um livro santo numa línguadesconhecida. Novos cristãos dessa cultura podem preferir memori-zar a Bíblia no original Grego ou Hebraico, sem entender o signifi-cado das palavras. Uma pesquisa empírica pode descobrir que umamemorização mecânica sem sentidoéo estilo de aprendizado prefe-rido. Mas é duvidoso que tal aprendizado venha a desenvolvermissionários reflexivos.

Alguns sistemas educacionais focalizamn-se na aprovação emexamesexternos. Urn sistema comno esse pode parecer bastantedignode crédito. Por outro lado, o sistema de exame pode promover a“doença do diploma”. Após algum tempo, os estudantes começam apreferir o tipo de ensino que irá encher suas cabeças comfatos semsentido, desde que os ajude a passar nos exames. Passar nos examespara obter credenciais formais, ao invés de aprender como ser ummissionário eficiente, pode dominaro estilo de aprendizado preferi-do.

Assim, descrever um estilo de aprendizado preferido não éprescrever um bom estilo de ensino. A maneira como a cultura afetao pensamento édecisiva, mas não determina como se deve ensinar.Bons métodos de ensino irão reunir os pontos fortes de cada estilode pensamnento.

8. CONTEXTO E TREINAMENTO MISSIONÁRIO

Estudantes e professores de baixo contexto trazem muitos pon-tos fortes à situação de aprendizado. Eles são bons em pensamentos

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Capacitando a Força Missionária Internacional

criativos para si mesmos, são capazes de entender relações teóricasamplas e de ver relações abstratas entre idéias importantes. Mas têmtambém pontos fracos a serem superados. Elesnão serão automati-camente capazes de relacionar idéias teóricas à prática do trabalhomissionário.

Estudantes e professores de alto contexto também trazem valio-sos pontos fortes ao treinamento missionário. Eles tenderão mais acooperar, terão um desejo de serem práticos e irão querer testar asteorias no “mundo real”. Mas têm também pontos fracos a seremvencidos.

Os estudantes e professores podem estar ligados à prática aponto de não serem capazes de entender porque alguma coisa fun-ciona. Sem entender a teoria, eles não poderão generalizar aaplica-bilidade de idéias em outros ambientes.

O tipo de ensinoque ajudar os estudantes aintegrarem convic-ções pessoais a preocupações sociais, teoria a prática, o ativo aoreflexivo e o concreto ao abstrato reunirá intencionalmente ambasas preferências de contexto. O modelo de ensino pode parecer umamalha.18 O modelo de treinamento de malha pode integrar os pontosfortes dos estudantes de alto e baixo contexto.

9. IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO

A. Treinamento Missionário paraEstudantes de Baixo

Contexto

Estudantes de baixo contexto preferirão o tipo de ensino que

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