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CANAIS DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES: UM ESTUDO DAS RECLAMAÇÕES DOS CLIENTES EM UMA EMPRESA DE TELEFONIA MÓVEL FELIPE AUGUSTO SANTOS FIGUEIREDO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ORIENTADOR: PROFESSORA LETÍCIA M. CASOTTI D.Sc. EM ADMINISTRAÇÃO RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL. 2003

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CANAIS DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES:UM ESTUDO DAS RECLAMAÇÕES DOS CLIENTES EM UMA EMPRESA DE

TELEFONIA MÓVEL

FELIPE AUGUSTO SANTOS FIGUEIREDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIODE JANEIRO – UFRJINSTITUTO COPPEAD DEADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ORIENTADOR:PROFESSORA LETÍCIA M. CASOTTI

D.Sc. EM ADMINISTRAÇÃO

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL.2003

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CANAIS DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES:UM ESTUDO DAS RECLAMAÇÕES DOS CLIENTES EM UMA EMPRESA DE

TELEFONIA MÓVEL

FELIPE AUGUSTO SANTOS FIGUEIREDO

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de

Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do grau de mestre.

Aprovada por:

Presidente da Banca

D.Sc. Letícia M. Casotti – COPPEAD/UFRJ

Ph.D. Angela da Rocha – COPPEAD/UFRJ

D.Sc. Marie Agnes Chauvel – IBMEC

Rio de Janeiro, RJ

2003

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Figueiredo, Felipe A. S.

CANAIS DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES:UM ESTUDO DAS RECLAMAÇÕES DOS CLIENTES EM UMAEMPRESA DE TELEFONIA MÓVEL / Felipe A. S. Figueiredo. Rio deJaneiro: UFRJ/COPPEAD, 2003.

xviii, 118 p. il.

(Dissertação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPEAD, 2003. Orientadora: Letícia Casotti.

1. Marketing. 2. Serviços ao Cliente. 3. Telefonia Móvel

4. Tese (Mestrado UFRJ/COPPEAD). I. Título.

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Dedico todo este trabalho aos que sempre se dedicaram a meensinar para a vida toda. Obrigado mãe e pai.

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Agradecimentos

Agradeço à Professora Letícia Casotti por todo o suporte, contribuição e real

orientação na condução do trabalho.

Também agradeço às Professoras Angela da Rocha e Marie Agnes Chauvel

pela participação na banca e pelos comentários construtivos.

Ao pessoal da COPPEAD que, sempre solícito, nos dá ferramentas para tornar

o trabalho menos árduo.

Ao pessoal da Telefônica Celular pois, sem seu apoio pessoal e profissional,

este estudo não se concretizaria.

A meus pais, que sempre mostraram que o caminho do sucesso passa pela

educação.

Aos amigos, por fazerem com que eu me sinta privilegiado de ter vocês por

perto.

A Victor e Helô pela Luana que nos deram.

Ao Bruno, principalmente por mostrar que perseverança e dedicação são

fundamentais.

A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que eu chegasse até

aqui.

E agradeço especialmente à Marcella, pela amiga e mulher que é, transmitindo

paz e tranqüilidade fundamentais nestes momentos.

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FIGUEIREDO, Felipe. CANAIS DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES:UM ESTUDO DAS RECLAMAÇÕES DOS CLIENTES EM UMA EMPRESADE TELEFONIA MÓVEL. Orientadora: Prof. Letícia Casotti. Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPEAD , 2002. Dissertação (Mestrado em Administração).

A qualidade no relacionamento com o cliente torna-se, cada vez mais, uma

vantagem competitiva, principalmente em um mercado de telefonia móvel em

crescimento. As principais reclamações dos clientes da Telefônica Celular são

avaliadas em cada um dos canais de relacionamento com os clientes. São

identificados três principais motivos das reclamações dos consumidores: os

aparelhos celulares, as contas e o atendimento. A dissertação aborda também

o tratamento destas reclamações e procura avaliar de forma qualitativa a

relação destas reclamações com a satisfação do cliente no que tange à

retenção e perda dos clientes.

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FIGUEIREDO, Felipe. CUSTOMER RELATIONSHIP CHANNELS: A STUDY OFCUSTOMERS’ COMPLAINTS IN A MOBILE TELECOM COMPANY.Orientadora: Professora Letícia Casotti. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD ,

2002. Dissertação (Mestrado em Administração).

Customer relationship quality is increasingly becoming a competitive

advantage, mostly in a growing mobile telecommunication market. The major

complaints at Telefônica Celular, a Brazilian mobile company, are evaluated in

each relationship channel. Three key complaints are recognized: handsets, bills

and customer service. In addition, the study considers these complaints’

handling and attempts to formulate a qualitative assessment linking these

complaints with customers’ satisfaction in respect of customers’ retention and

loss.

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SUMÁRIO

I) INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 11

I.1) RELEVÂNCIA DO ESTUDO ..................................................................................................... 11I.2) OBJETIVOS.......................................................................................................................... 14I.3) QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS ...................................................................................... 15I.4) DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.................................................................................................... 15I.5) ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................................................. 16

II) REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 18

II.1) PRODUTOS, BENS E SERVIÇOS ........................................................................................... 19II.1.1) A Intangibilidade de Produtos .................................................................................... 19II.1.2) Serviços ..................................................................................................................... 23II.1.3) Qualidade em Serviços .............................................................................................. 26

II.2) MARKETING DE RELACIONAMENTO ...................................................................................... 32II.2.1) Conceito de Marketing de Relacionamento ............................................................... 32II.2.2) A Importância de Reter Clientes ................................................................................ 36II.2.3) Recuperação de Erros em Serviços .......................................................................... 38

II.3) CANAIS DE RELACIONAMENTO COM O CONSUMIDOR ............................................................ 44II.3.1) Call Centers ............................................................................................................... 45II.3.2) Outros Canais de Relacionamento ............................................................................ 52

III) METODOLOGIA.................................................................................................................... 58

III.1) PERGUNTAS DA PESQUISA ................................................................................................. 58III.2) METODOLOGIA ESCOLHIDA................................................................................................. 59III.3) ESCOLHA DO CASO............................................................................................................ 60III.4) COLETA E ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................... 61III.5) LIMITAÇÕES DO ESTUDO .................................................................................................... 62

IV) O CASO TELEFÔNICA CELULAR....................................................................................... 63

IV.1) TELEFÔNICA CELULAR E O AMBIENTE COMPETITIVO........................................................... 63IV.2) A ESTRUTUTRA DOS CANAIS DE RELACIONAMENTO DA TELEFÔNICA CELULAR. ................... 65IV.3) LOJAS PRÓPRIAS COMO CANAL DE RELACIONAMENTO ....................................................... 69IV.4) CALL CENTER COMO CANAL DE RELACIONAMENTO ............................................................ 74IV.5) TELEFÔNICA ON-LINE COMO CANAL DE RELACIONAMENTO................................................. 78IV.6) OUTROS ASPECTOS DOS CANAIS DE RELACIONAMENTO ..................................................... 80IV.7) SATISFAÇÃO DOS CLIENTES............................................................................................... 85

V) ANÁLISE DO CASO, CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ..... 91

V.1) ANÁLISE DO CASO.............................................................................................................. 91V.1.1) As Reclamações........................................................................................................ 91V.1.2) Os Tipos de Reclamações ........................................................................................ 94V.1.3) Possíveis Impactos Relacionados à Satisfação ........................................................ 99

V.2) CONCLUSÕES ADICIONAIS ................................................................................................ 101V.3) SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ........................................................................... 103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 105

ANEXO 1: Dados de Reclamações em Lojas em 2002............................................................ 115

ANEXO 2: Segmentação de Clientes na Telefônica Celular .................................................... 116

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ÍNDICE DE TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS

Tabela 01: Evolução do número de acessos celulares e celulares/ habitantes ................. 11

Tabela 02: Panorama da concorrência entre as operadoras celulares................................ 13

Tabela 03: Definições de elementos de qualidade de serviços............................................ 30

Tabela 04: Percepção de vendedor e comprador no pós-venda.......................................... 35

Tabela 05: Problemas nos serviços e a predisposição em reagir........................................ 42

Tabela 06: Fatores positivos e negativos na interação com um call center ....................... 49

Tabela 07: Grupos de classificação do atendimento: Consultas e Informações ............... 66

Tabela 08: Grupos de classificação do atendimento: Serviços ........................................... 67

Tabela 09: Grupos de classificação do atendimento: Reclamações ................................... 67

Tabela 10: Reclamações nas lojas próprias em 2002............................................................ 72

Tabela 11: Reclamações no call center em 2002 ................................................................... 76

Tabela 12: Evolução das reclamações provenientes da Anatel ........................................... 83

Tabela 13: Evolução das reclamações provenientes de ODC .............................................. 84

Tabela 14: Pesquisa de satisfação – Resultados................................................................... 87

Tabela 15: Pesquisa de satisfação – Motivos de Insatisfação ............................................. 87

Tabela 16: Quadro resumo das reclamações de clientes em 2002 ...................................... 98

Tabela 17: Dados completos de reclamações em lojas - 2002 ........................................... 115

Figura 01: Concessionárias de telefonia celular no Brasil ................................................... 12

Figura 02: Conceito de produto total ...................................................................................... 22

Figura 03: Exigência de novos canais .................................................................................... 44

Figura 04: Grupos de canais de relacionamento com o cliente ........................................... 66

Figura 05: Estrutura dos canais de atendimento ................................................................... 69

Figura 06: Fluxo de atendimento no call center..................................................................... 75

Figura 07: Organização funcional do back-office .................................................................. 81

Gráfico 01: Lucro anual gerado por um consumidor ao longo do tempo........................... 37

Gráfico 02: Comparativo de pontos de venda e atendimento em lojas próprias ............... 70

Gráfico 03: Solicitações dos clientes nas lojas próprias em 2002....................................... 73

Gráfico 04: Reclamações X Total de atendimentos nas lojas próprias em 2002................ 74

Gráfico 05: Volume de reclamações X Total de solicitações no call center em 2002 ........ 76

Gráfico 06: Principais itens de reclamação no call center .................................................... 77

Gráfico 07: Reclamações no Telefônica On-line.................................................................... 79

Gráfico 08: Reclamações agrupadas nos clusters mais relevantes .................................... 82

Gráfico 09: Tempo de resolução das reclamações em função do segmento do cliente ... 85

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Gráfico 10: Dados da Pesquisa Anatel 2002........................................................................... 86

Gráfico 11: Intenções de Cancelamento X Cancelamentos X Retenções em 2002 ............ 88

Gráfico 12: Intenções de Cancelamento por segmento ........................................................ 89

Gráfico 13: Percentual de clientes por segmento................................................................ 117

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Neste capítulo são mostrados a relevância deste estudo, com um panorama

histórico da telefonia celular no Brasil, e os objetivos e perguntas propostas

para esta pesquisa. Também são evidenciadas as delimitações do estudo.

I.1) Relevância do Estudo

O setor de telefonia celular no Brasil vem crescendo continuamente, e com

maior intensidade desde a sua privatização em 1998. As operadoras destes

serviços têm experimentado um grande aumento na sua base de clientes

desde então. Em 2002, o setor possuía mais de 30 milhões de celulares

habilitados e a estimativa é de que em 2005 o número de celulares ultrapasse

os 50 milhões (tabela 01).

Tabela 01: Evolução do número de acessos celulares e celulares/ habitantes

ANO ACESSOSCELULARES

CELULARES A CADA 100HABITANTES

1990 Zero 01992 30.000 01994 80.000 0,51996 2.700.000 1,71998 7.400.000 4,51999 15.000.000 9,12000 23.200.000 142001 28.700.000 17

2002 (até julho) 30.600.000 26,22005 (estimativa) 58.000.000 32,6

Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações (2002)

Em 1998, a privatização do sistema de telecomunicações brasileiro dividiu o

território nacional em dez áreas de concessão para as empresas de telefonia

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móvel estabelecendo inicialmente um modelo de duopólio de competição em

cada uma delas. A disputa do mercado seria travada entre uma empresa

incumbente (oriunda do Sistema Telebrás) e uma empresa entrante (espelho).

(IBOPE, 2002).

O mapa esquemático a seguir exemplifica o cenário competitivo encontrado

pelas operadoras de telefonia móvel logo após a privatização (figura 01).

Figura 01: Concessionárias de telefonia celular no Brasil

Fonte: IBOPE (2002)

Seguindo o cronograma de privatização, a competição foi incrementada com o

início das operações de outras entrantes e, a partir de janeiro de 2002, houve a

possibilidade de entrada por meio de acordos operacionais, em outras áreas,

de todas as operadoras que tivessem antecipado as metas previstas para

2003. (IBOPE, 2002).

De janeiro de 1994 até julho de 2001 já haviam sido contabilizados pelo órgão

regulador, a ANATEL, mais de R$74,7 bilhões em investimento na área de

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telefonia celular (ANATEL, 2002), mostrando a crescente importância deste

setor na economia e desenvolvimento nacional.

O mercado do Rio de Janeiro, responsável por grande parte deste

investimento, tornou-se extremamente competitivo com a recente entrada de

duas outras operadoras celulares (tabela 02).

Tabela 02: Panorama da concorrência entre as operadoras celulares

Operadora Banda Tecnologia Market Share Principal AcionistaTelefônica Celular A CDMA 61% Telefónica Móviles

ATL B TDMA 37% Telecom AmericasOi D GSM 2% Telemar

TIM E GSM Não disponível TIMFonte: Dados internos - Telefônica Celular

Segundo dados da rede interna de divulgação da Telefônica Celular,

recentemente, a Telefónica Móviles (controladora de Telefônica Celular) e a

Portugal Telecom (controladora de Telesp Celular) criaram uma Joint Venture,

que reunirá 100% das participações de ambos os grupos em companhias

brasileiras de telefonia celular.

Esta nova empresa será a maior operadora de telefonia celular no Brasil e na

América do Sul, com cerca de 13 milhões de clientes na Telesp Celular (São

Paulo), Global Telecom (Santa Catarina e Paraná), Tele Sudeste Celular (Rio

de Janeiro e Espírito Santo), CRT Celular (Rio Grande do Sul) e Tele Leste

Celular (Bahia e Sergipe).

Neste contexto, a utilização de tecnologia possibilita às empresas

modernizarem e desenvolverem, dentre outros canais, seus centros de

atendimentos ao consumidor com muito mais funcionalidade.

“O sistema de telemarketing tem avançado, gradativamente, desde a

década de 80. Seus aspectos de Interatividade, Flexibilidade,

Controle, Comodidade, Custos e Velocidade são fortes vantagens que

contribuem para a sua continuada aplicação e evolução nos

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ambientes comerciais e nas atenções dos consumidores.” (Matozo,

2000)

Desta forma, cada vez mais a prestação de serviços ao consumidor torna-se

um diferencial competitivo. A relevância do estudo reside não somente no seu

caráter exploratório, por causa da pouca literatura brasileira disponível sobre o

assunto, mas também em evidenciar quais características do serviço de

telefonia prestado são, em geral, mais reclamadas pelos clientes. Estas

características, por serem percebidas como relevantes, podem impactar mais

diretamente na satisfação dos clientes.

I.2) Objetivos

Este estudo, portanto, se propõe a mostrar os principais tipos de reclamações

feitas pelos clientes nos diferentes canais de relacionamento de uma grande

operadora de telefonia celular no Brasil, a Telefônica Celular. Considerar-se-á

todos os canais de relacionamento nos quais o cliente pode contactar a

empresa. São analisados os seguintes canais:

• Lojas Próprias;

• Atendimento Telefônico via Call Center (Serviço de Atendimento ao

Consumidor);

• Página Web;

• Outros canais como, por exemplo, a ANATEL e Órgãos de Defesa do

Consumidor (ODC).

Outro tópico abordado é o tratamento dado às reclamações. A dissertação

também objetiva compreender como as reclamações influenciam os níveis de

satisfação dos clientes e que impactos estas reclamações podem ter sobre a

fidelidade dos clientes.

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I.3) Questões a serem respondidas

As questões a serem respondidas nesta dissertação são:

♦ Quais as principais reclamações feitas a uma empresa de telefonia móvel

no Brasil?

♦ Como são tratadas estas reclamações em cada um dos canais disponíveis

de relacionamento?

♦ Como os canais de relacionamento influenciam na retenção ou perda

destes clientes?

I.4) Delimitação do Estudo

O estudo está limitado ao entendimento e avaliação das reclamações da

Telefônica Celular. Por suas características mercadológicas únicas como, por

exemplo, ser a primeira operadora a atuar no Rio de Janeiro, os resultados não

podem ser extrapolados para outras empresas ou mercados.

O ambiente competitivo também possui características peculiares como:

• alta competitividade;

• regulamentação em constante alteração;

• fortemente baseado em tecnologia.

Os processos internos de atendimento desta empresa vêm se alterando

constantemente e, portanto, os dados e informações obtidas refletem

unicamente os momentos em que estes foram coletados. Não há previsão

quanto a traçar um acompanhamento destas alterações ao longo do tempo,

embora sejam feitas sugestões ao final do estudo.

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Em todos os dados utilizados, considera-se apenas aqueles clientes da

Telefônica Celular que são pessoas físicas. Os clientes que estão inscritos sob

um C.N.P.J. constituem um segmento completamente distinto e tratados de

modo diferenciado pela própria Telefônica Celular. Deste modo, as análise e

conclusões são válidas apenas para o segmento individual não sendo possível

traçar uma extensão para o segmento corporativo de clientes.

Uma outra limitação consiste no fato de os dados a serem analisados

consistirem no universo de dados de contatos registrados de alguma forma

pela empresa. Todos aqueles contatos realizados pelos clientes que, de

alguma maneira, não foram registrados em bases de dados, não foram

considerados para a obtenção dos resultados mostrados ao longo da

dissertação.

Contudo, através de pesquisas realizadas no exterior, verificou-se que em

torno de dois terços dos consumidores não informam à empresa que estão

insatisfeitos (Stephens e Gwinner, 1998), e como no Brasil a presença maciça

de call centers é de apenas uma década, esta proporção é ainda maior

(Chauvel, 2000).

I.5) Organização do Estudo

Os subseqüentes capítulos desta dissertação estão organizados da seguinte

forma:

• O capítulo II versa sobre a revisão de literatura no que tange a produtos,

bens e serviços. Também são abordados os temas de Marketing de

Relacionamento com especial atenção à retenção de clientes e

recuperação de erros em serviços. Finalmente, é apresentado o tema de

Canais de Relacionamento com especial ênfase aos call centers já que

destes dispõe-se de maior literatura disponível;

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• O capítulo III mostra a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

dissertação, a coleta e análise dos dados e as limitações inerentes ao

método;

• Já o capítulo IV descreve o caso escolhido para o estudo. Este capítulo

situa a Telefônica Celular no cenário atual e mostra os dados obtidos no

estudo em relação às solicitações e reclamações dos clientes nos diversos

canais. Ao final do caso, exibe-se um cenário consolidado de todos os

canais e são indicados possíveis reflexos na satisfação dos clientes;

• A análise e conclusões a partir das informações obtidas no capítulo anterior

bem como as sugestões para futuras pesquisas nesta linha de abordagem

são descritas no capítulo V;

• Nos Anexos encontram-se alguns dados de apoio coletados que servem de

suporte para esta dissertação.

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CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura não pretende ser exaustiva. Tenta-se abordar diversos

tópicos disponíveis correlatos ao assunto. Inicia-se com uma descrição

genérica de Produtos, Bens e Serviços focando-se principalmente nos

Serviços. Dentro deste tópico, é dada especial importância ao tema de

Qualidade em Serviços visto que é diretamente relacionado às possíveis

reclamações de clientes.

Outro grande tópico abrange o Marketing de Relacionamento. A American

Marketing Association define marketing de relacionamento como:

“Marketing com o objetivo consciente de desenvolver e gerenciar

relacionamentos de longo prazo e/ou de confiança com clientes,

distribuidores, fornecedores, ou outras partes envolvidas no ambiente

de marketing.” (Bennett, 1995, p. 242)

Neste ponto, segundo a visão supracitada, a dissertação deter-se-á mais

detalhadamente na importância de reter os clientes aumentando seu

relacionamento com a empresa ao longo do tempo. A recuperação de erros em

serviços também é abordada dentro da revisão de literatura.

Por último, faz-se uma revisão dos canais disponíveis para relacionamento

onde destacam-se temas relacionados à importância dos canais, seus

principais atributos e possíveis utilizações para atender às demandas dos

clientes. O canal call center, por ser o mais utilizado, está em separado, assim

como há um tópico para os demais canais de relacionamento.

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II.1) Produtos, Bens e Serviços

II.1.1) A Intangibilidade de Produtos

“Commodities não existem. Todos os bens e serviços podem ser

diferenciados e normalmente o são. Apesar da crença geral ser de

que isso é verdade mais para bens de consumo do que para bens e

serviços industriais, a verdade é exatamente oposta.” (Levitt, 1986, p.

72)

Levitt (1986) afirma que, mesmo na comercialização de produtos

completamente idênticos (especialmente produtos com negociação em bolsas

de mercadorias, como grãos, metais, dentre outros), o que diferencia os

diversos negociantes é a execução deste comércio: como executam as

transações, rapidez da confirmação das ordens de compra, etc.

A crescente consideração dos aspectos intangíveis na concepção de um

produto dificulta até mesmo a definição do termo produto. De acordo com

Bennett (1995), o verbete “produto” vem acompanhado da explicação de que

este termo foi muito utilizado para designar troca ou uso que envolve

especialmente a forma física / tangível, enquanto “serviço” designaria

operações de troca ou uso em que o comprador, vendedor ou usuário estariam

mais interessados nos aspectos intangíveis.

Mas esta mesma definição indica que o termo a ser usado neste caso, em

substituição a produto é “bem”. Produto seria o agrupamento de bens e

serviços associados a eles. Produto, é definido como:

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“Pacote de atributos (funcionalidades, benefícios e usos) passíveis de

serem trocados ou utilizados; normalmente representados por uma

mistura de formas tangíveis e intangíveis. Dessa forma, um produto

pode ser uma idéia, uma entidade física (um bem), um serviço, ou

qualquer combinação entre os três. Ele existe com a finalidade de

troca para satisfação de objetivos individuais e organizacionais.”

(Bennett, 1995, p. 218-219)

Kotler e Armstrong (1996) afirmam que produto é qualquer coisa que possa ser

oferecido ao mercado e que possa satisfazer um desejo ou necessidade. Os

autores avaliam que profissionais de marketing devem pensar no produto em

três níveis:

• Produto Núcleo : para entendê-lo é preciso responder à pergunta “O que

o comprador está realmente comprando?”. E cita o exemplo de Levitt,

que afirmou que um consumidor, ao comprar uma broca para furadeira

de ½ polegada está, na realidade, comprando um buraco preciso de ½

polegada

• Produto real : A partir do núcleo do produto, do benefício que ele deve

possibilitar, um produto real deve ser criado. O produto real pode

apresentar até cinco das características seguintes:

o Nível de qualidade;

o Funcionalidades;

o Embalagem;

o Marca;

o Design.

• Produto aumentado: além do núcleo do produto (o benefício a ser

oferecido) e do produto real (a forma escolhida para gerar tal benefício),

há ainda o produto aumentado, que é representado por serviços e

benefícios adicionais. Estes serviços podem ser:

o Garantias;

o Serviços de entrega;

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o Serviços de instalação;

o Crédito;

o Serviço pós-venda.

Kotler e Armstrong (1996) ilustram os níveis de um produto com o exemplo das

filmadoras de uso doméstico da Sony. O produto real (com marca, embalagem,

etc.) foi desenhado a partir do desejo dos consumidores de “capturar

momentos importantes”, que representa o núcleo do produto. Mas, como

produto aumentado, a empresa oferece aos compradores garantia para as

peças, aulas gratuitas de como utilizar a filmadora, conserto rápido e um

telefone com ligação gratuita para tirar dúvidas e ajudar a resolução de

eventuais problemas.

A visão de Kotler e Armstrong (1996) é reforçada por Takeuchi e Quelch

(1993). Neste artigo, os autores mostram que a qualidade do atendimento ao

consumidor pós-venda é muitas vezes tão importante quanto o desempenho

do produto comprado.

“É óbvio que um serviço ao consumidor excelente raramente poderá

compensar o fraco desempenho de um produto. Mas serviço ao

consumidor de má qualidade pode rapidamente anular todas as

vantagens de produzir e entregar um produto de qualidade superior.”

(p. 143)

Levitt (1986) também define vários níveis de um produto (figura 02). O produto

genérico é comparado ao produto real, ou seja, o “bem sem o qual não há

chance de entrar no jogo da participação de mercado” (p.78), como imóveis à

venda para um corretor ou os pares de tênis para a Nike.

O segundo nível refere-se ao produto esperado. Da mesma forma, abrange

características além do produto genérico, mas são consideradas essenciais

pelos clientes para que possa haver a transação. Pode representar, por

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exemplo, a oferta de um cronograma de entregas fracionadas para um

produtor de benzeno. As características do produto esperado, como o próprio

nome diz, referem-se ao produto genérico associado a funcionalidades

consideradas obrigatórias pelos compradores (Levitt, 1986).

O produto aumentado refere-se à oferta do produto esperado além de exceder

as expectativas dos consumidores. Como disse Levitt (1986): “oferecer mais do

que ele pensa precisar ou acostumou-se a esperar.” (p.81-82)

O produto potencial diz respeito, além do produto aumentado, a todas as

possibilidades viáveis de atrair e manter consumidores. Enquanto o produto

aumentado indica práticas já sendo desempenhadas, o produto potencial traz

características ainda não implementadas (figura 02).

Figura 02: Conceito de produto total

Fonte: Levitt (1986, p. 79)

Cabe notar que as funcionalidades características de cada nível são

modificadas dinamicamente. Desta forma, à medida que vão sendo

implementadas, características do produto potencial transformam-se em

características do produto aumentado. Segundo Kotler e Armstrong (1996),

pela mesma dinâmica, características do produto aumentado acabam sendo

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encaradas pelos consumidores como características esperadas e passam a

ser uma necessidade de oferta e não mais um fator de diferenciação,.

Kotler e Armstrong (1996) avançam em sua análise afirmando que a

competição entre produtos e empresas é dada, hoje em dia, quase que

exclusivamente no nível de produto aumentado. As empresas devem buscar

não apenas satisfazer seus clientes, mas encantá-los como forma de vencer a

corrida contra a concorrência.

As formas de “aumentar” um produto envolvem serviços: assistência técnica,

garantia, instalação, dentre outras. São muitos os serviços que podem ampliar

a oferta de uma empresa. Mesmo em empresas prestadoras de serviço, as

formas de ampliar a oferta esperada envolvem o aperfeiçoamento ou

integração de serviços. Por isto, é importante analisar algumas particularidades

e características dos serviços.

II.1.2) Serviços

Este tópico busca ressaltar, de forma qualitativa, a importância e as

características dos serviços, sem tentar avaliar definitivamente a melhor forma

de medir o tamanho ou a importância do setor de serviços nas diversas

economias.

O setor de serviços representa parcela significativa da geração de valor das

economias. Segundo Kotler e Armstrong (1996), o setor de serviços era

responsável por 74% do PIB norte-americano. Conforme as oportunidades do

mercado, as empresas podem inclusive rever seu foco de atuação como, por

exemplo, a IBM que já foi uma empresa de hardware e hoje atua na área de

serviços. De acordo com Gummesson (2002), 90% dos empregos mantêm

alguma relação com serviços.

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Os produtos apresentam componentes de serviços que podem (ou não)

diferenciá-los de seus concorrentes diretos ou substitutos. Além disto, parte

significativa da atividade econômica enquadra-se na definição de serviço de

Boone e Kurtz (1995): “Serviços são tarefas intangíveis que satisfazem as

necessidades de consumidores e empresas.” Segundo Payne (1993), estes

serviços podem representar um “serviço puro”, como a contratação de uma

babá ou um serviço que inclua outros bens e serviços associados (como uma

viagem de avião).

Pesquisa conduzida por Bennington et al. (2000) reforça a dificuldade dos

consumidores em separar a percepção de serviços específicos dentro de um

pacote de serviços oferecidos pela empresa. Uma das conclusões destes

autores indica que a percepção da qualidade do atendimento do call center da

empresa considerada (no caso uma empresa australiana de serviços públicos)

estava diretamente ligada à satisfação com os serviços da empresa como um

todo.

Boone e Kurtz (1995) indicam seis características especiais dos serviços:

• Intangíveis;

• Inseparáveis do prestador de serviços;

• Perecíveis;

• Padronização de serviços é difícil;

• Os compradores normalmente envolvem-se no desenvolvimento e na

distribuição dos serviços;

• A qualidade é altamente variável.

Kotler e Armstrong (1996), Payne (1993) e Martin (1999) utilizam três

características usadas por Boone e Kurtz (1995) – Intangibilidade,

Perecibilidade e Inseparabilidade – mas agrupam as outras três características

citadas por este autor na característica por eles chamada de variabilidade.

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Abaixo, segue uma breve descrição das quatro características indicadas por

Kotler e Armstrong (1996), Payne (1993) e Martin (1999):

• Intangibilidade: serviços não podem ser tocados, saboreados, vistos,

sentidos ou ouvidos antes de serem comprados (Boone e Kurtz, 1995).

Como os consumidores tendem a buscar sinais da qualidade do serviço,

prestadores de serviço tendem a associar aspectos tangíveis a este

serviço de várias formas (Kotler e Armstrong, 1996), como através do

ambiente em que o serviço será prestado (em restaurantes, por

exemplo) e de uniformes do pessoal de atendimento das companhias

aéreas. Mas estas estratégias não alteram o fato de que o serviço só

poderá ser experimentado ao longo da refeição (no restaurante) ou

durante o período entre a chegada ao check-in do aeroporto e a

chegada ao destino final (no caso da companhia aérea).

• Perecibilidade: serviços não podem ser estocados para uso ou venda

posterior. Assentos de avião vazios e mesas desocupadas não podem

ser “economizados” para uso posterior (Boone e Kurtz, 1995). Os

prestadores de serviço tendem a enfrentar este problema através de

mecanismos de ajuste de oferta e demanda, como promoções para os

períodos de menor utilização ou contratação de mão-de-obra temporária

para os períodos de pico, por exemplo (Kotler e Armstrong, 1996).

• Inseparabilidade: enquanto é possível consumir um bem (como um

chocolate, por exemplo) sem ter nenhuma idéia de quem o produziu,

embalou e transportou, ao usufruir-se um serviço fica impossível separá-

lo do agente que o desempenha, seja uma pessoa ou mesmo uma

máquina. Como o cliente normalmente está presente na produção do

serviço, o contato provedor(es)-cliente também representa aspecto

muito importante da qualidade do serviço (Kotler e Armstrong, 1996).

• Variabilidade: como há o envolvimento dos clientes na “fabricação” dos

serviços e na maioria das vezes o serviço é desempenhado por

pessoas, há sempre variações na prestação deste serviço, uma vez que

a “qualidade dos serviços depende de quem o desempenha, além de

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onde, como e quando ele é desempenhado.” (Kotler e Armstrong, 1996,

p. 662)

II.1.3) Qualidade em Serviços

Chauvel (2000) sugere que, ao menos no Brasil, a definição do problema da

satisfação / insatisfação ainda é uma tarefa considerada problemática. As

relações entre desconfirmação, satisfação e comportamentos do cliente no

pós-compra são difíceis de serem medidas diretamente.

Autores como Oliver e Westbrook (1991) e Singh e Pandya (1991) apesar de

colocarem em questão elementos essenciais no conceito de satisfação (sua

característica unidimensional e a natureza de sua relação com os

comportamentos de pós-compra), não chegaram a examinar a possibilidade de

uma revisão no conceito de satisfação.

Avkiran (1999) distingue os conceitos de qualidade e satisfação. Segundo o

autor:

“A qualidade percebida do serviço representa um julgamento ou

atitude global relacionado à superioridade do serviço, enquanto a

satisfação está relacionada a uma transação específica.” (p. 61)

Para Grönroos (1995), qualidade em serviços é representada pela forma como

os clientes percebem este serviço:

“... a qualidade é qualquer coisa que os clientes afirmam ser, e a

qualidade de um produto ou serviço, em particular, é qualquer coisa

que o cliente perceba como tal.” (p. 61)

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Segundo Lovelock e Wright (2002), antes de comprar um serviço, o

consumidor tem uma expectativa sobre sua qualidade que tem como fatores

de formação suas expectativas individuais, experiências anteriores,

recomendações de outras pessoas e a publicidade. Após a prestação do

serviço, os consumidores comparam esta expectativa com o serviço por eles

recebido. Se o serviço prestado encantar o cliente, excedendo suas

expectativas, será percebido como de qualidade superior, representando o

serviço desejado por tal cliente. Se a qualidade percebida cair dentro de uma

zona de tolerância em relação ao serviço esperado, a empresa terá prestado

um serviço adequado. Caso a qualidade mostre-se bem inferior ao esperado,

há uma lacuna de qualidade.

Lovelock e Wright (2002) avançam em sua análise afirmando que esta

diferença entre recebido e esperado representa a lacuna 7 do modelo de

lacunas desenvolvido pelos autores: a lacuna no serviço. Estas lacunas,

devem ser evitadas a todo contato com os clientes, pois a opinião de um

cliente sobre o serviço representa “uma opinião geral sobre a entrega do

serviço, que é constituída de uma série de experiências bem e mal sucedidas

com o serviço.” (p. 109)

Segundo este modelo, as sete lacunas potenciais de qualidade são:

(1) Lacuna do Conhecimento: a diferença entre o que osfornecedores de serviços acreditam que os clientesesperam e as necessidades e expectativas reais dosclientes;

(2) Lacuna nos padrões: a diferença entre as percepçõesda administração sobre as expectativas do cliente e ospadrões de qualidade estabelecidos para a entrega doserviço;

(3) Lacuna na entrega: a diferença entre padrões deentrega especificados e o desempenho real dofornecedor de serviço;

(4) Lacuna nas comunicações internas: a diferença entreaquilo que o pessoal de propaganda e vendas julga quesão as características do produto, desempenho e nível

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de qualidade do serviço e aquilo que a companhiarealmente é capaz de entregar;

(5) Lacuna nas percepções: a diferença entre aquilo que érealmente entregue e aquilo que os clientes percebemter recebido (porque são incapazes de avaliaracuradamente a qualidade do serviço);

(6) Lacuna na interpretação: a diferença entre aquilo que ascampanhas de comunicação de um fornecedor deserviço realmente prometem e aquilo que um clienteacha que foi prometido por estas comunicações;

(7) Lacuna no serviço: a diferença entre o que os clientesesperam receber e suas percepções do serviço que érealmente entregue (p 108-109).

Grönroos (1995) indica seis critérios que determinam a boa qualidade

percebida do serviço. São eles:

• Profissionalismo e habilidades: relacionado à percepção, por parte dos

clientes, de que os prestadores de serviço têm condições (conhecimento

e habilidades) de resolver seus problemas de forma profissional;

• Atitudes e comportamento: percepção de que os prestadores do serviço

estão dispostos a tratá-los de forma cordial e espontânea e preocupam-

se em prestar um bom serviço;

• Facilidade de acesso e flexibilidade: forma de operar do prestador de

serviço (canais de acesso, empregados, sistemas, etc.) foram projetados

para facilitar o acesso a ele e estão preparados para atender a

necessidades específicas do cliente (flexibilidade);

• Confiabilidade e honestidade: percepção de que a empresa prestadora de

serviço honrará suas promessas e atuará segundo os interesses dos

clientes;

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• Recuperação: prestador de serviços esforçar-se-á para encontrar

rapidamente soluções aceitáveis diante de falhas ou ocorrência de

imprevistos;

• Reputação e credibilidade: operações do prestador de serviço percebidas

como confiáveis, valem o valor pago e representam bom nível de

desempenho.

Lovelock e Wright (2002) citam ainda um outro modelo para avaliar a

percepção dos clientes da qualidade em serviços. Este modelo considera de

cinco dimensões amplas: confiabilidade, tangíveis, sensibilidade, segurança e

empatia.

Pesquisa conduzida por Zeithaml et al. (1990) define dez elementos que

influenciam na qualidade de serviços, ao mesmo tempo em que exemplificam

como cada um manifesta-se (tabela 03).

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Tabela 03: Definições de elementos de qualidade de serviçosElemento Definição Exemplo

ConfiabilidadeHabilidade de desempenho do serviço

oferecido confiante e rigorosamente.

Os termos do cartão de crédito estão isentos

de erros?

Nível de respostaBoa vontade para orientar os clientes e

prestação imediata do serviço.

A empresa responde às cartas ou atende às

ligações telefônicas?

CompetênciaDomínio das habilidades necessárias e

conhecimento do desempenho do serviço

O técnico de consertos demonstra conhecer o

que está fazendo?

CortesiaEducação, respeito, consideração e

cordialidade do pessoal de contato.

O caixa do banco tem conduta agradável?

CredibilidadeConfiabilidade e honestidade do prestador

de serviço.

O banco tem boa reputação?

SegurançaInexistência de perigo, risco ou dúvida. O cartão de crédito está protegido contra uso

indevido?

AcessoFacilidade de contato. A empresa tem um número de telefone toll-

free que funciona 24 horas?

ComunicaçãoManter o cliente informado na linguagem

que ele possa entender e ouvi-lo.

Os funcionários de atendimento explicam

com clareza os procedimentos?

Conhecimento do

consumidor / cliente

Fazer esforço para conhecer os clientes e

suas necessidades.

As comunicações da empresa reconhecem

as necessidades individuais dos clientes?

TangibilidadesAparência das instalações, equipamentos,

pessoal e materiais de comunicação.

As instalações do banco são atraentes? As

ferramentas usadas pelo técnico de conserto

parecem modernas?

Fonte: Zeithaml et al. (1990)

Em relação à prestação de serviços e qualidade em call centers, Bennington

et al. (2000) preocupam-se com a questão do tempo na percepção da

qualidade do serviço. Os autores listam oito considerações que afetam a

percepção do tempo de espera pelo atendimento:

(1) tempo desocupado parece mais longo do que tempoocupado;

(2) esperas anteriores ao início do processo parecem maislongas do que esperas dentro do processo;

(3) ansiedade faz a espera parecer mais longa;(4) esperas com duração incerta parecem mais longas do

que esperas com fim conhecido;(5) esperas sem explicação parecem mais longas do que

esperas explicadas;(6) esperas injustas parecem mais longas do que as

esperas percebidas como justas;(7) quanto mais importante o serviço para o consumidor,

mais tempo ele se disporá a esperar;(8) esperas desacompanhadas parecem mais longas do

que esperas em grupo.

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Bennington et al. (2000) lembram que, por não possuírem indicadores visuais

(ou outros indicadores) do que está acontecendo dentro do centro de

atendimento e, além disto, por estarem normalmente ansiosos ao entrar em

contato com a empresa, os consumidores em contato com um call center

tendem a perceber qualquer espera como sendo exageradamente longa.

Avkiran (1999) reforça a importância do gerenciamento de filas: pesquisas

conduzidas em bancos mostraram relacionamento inverso entre o tempo de

espera em filas e a percepção de qualidade do serviço.

Alguns serviços podem ser prestados com menor contato pessoal sem afetar

muito a percepção de qualidade por parte dos clientes de acordo com

Bennington et al. (2000). Os autores buscaram caracterizar serviços em que

transações apoiadas por tecnologia podem ser percebidas como negativas. As

características destas transações são as seguintes:

• Alta importância dada ao contato pessoal;

• Alto grau de atenção pessoal exigido;

• Percepção de que o risco é reduzido pelo contato pessoal;

• Consumidores incapazes de usar a tecnologia;

• Percepção de que a tecnologia não está agregando valor.

Avkiran (1999) afirma ainda que, a substituição de funcionários por várias

tecnologias mais eficientes, em termos de custo, pode prejudicar a essência da

qualidade do serviço, a qual, segundo o autor, sempre envolve algum tipo de

contato humano.

Pesquisa conduzida por Bennington et al. (2000) em uma empresa australiana

de serviços públicos mostrou que o grau de satisfação dos consumidores com

o atendimento através do call center é menor do que o observado no

atendimento através das agências (contato pessoal).

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II.2) Marketing de Relacionamento

II.2.1) Conceito de Marketing de Relacionamento

O marketing de relacionamento “enfatiza o relacionamento interativo de longo

prazo entre o provedor de serviços e o cliente e a lucratividade a longo prazo”

(Gummesson, 1993, p.81). O autor segue em sua análise indicando que, pela

lógica do marketing de relacionamento, todos na organização são profissionais

de marketing em tempo parcial – o marketing não fica restrito às áreas de

marketing e vendas – e que clientes e empresas devem ser parceiros de uma

relação em que os dois lados saiam ganhando.

Ainda segundo Gummesson (2002), Marketing de Relacionamento pode ser

definido como marketing baseado na interação com redes e canais de

relacionamentos.

Peppard (2000) afirma que os conceitos relacionados ao marketing de

relacionamento não são novos – os profissionais de marketing sempre

buscaram relacionamentos fortes com seus clientes, a lucratividade por cliente

tem sido considerada importante fonte de análise há muito tempo e o conceito

de customização em massa já está presente na literatura desde o início da

década de 1990. Da mesma forma, bancos e vendedores de carros “do

passado” mantinham relacionamentos próximos com seus clientes, o que

garantia lealdade desses clientes porém, este sistema de relacionamento era

mantido de forma ineficiente, porque não podia ser estendido a um número

grande de clientes gerando, em conseqüência, altos custos repassados a estes

clientes.

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O autor avança em sua análise indicando que o uso eficiente da informação,

possibilitada por avanços tecnológicos, permite aos profissionais de marketing

de hoje oferecer a seus clientes variedade, preços baixos e serviço

personalizado ao mesmo tempo. A tecnologia permitiu eliminar o trade-off

tradicional da informação entre a riqueza de informações (volume,

customização e interatividade) e o alcance desta informação (número de

pessoas acessadas).

Com isto, é possível utilizar a informação para customização de produtos,

inovação em serviços, integração dos dados obtidos sobre cada consumidor,

calcular o valor ao longo da vida de um cliente para a empresa e o

estabelecimento de uma estratégia de múltiplos canais de comunicação e

distribuição.

Segundo Sheth (2002), o entendimento de Marketing de Relacionamento,

apesar de já existir há mais tempo, sofreu alteração no início da década de 90

devido principalmente à percepção de três fatores:

• Impacto da internet e da tecnologia de informação, especialmente em todas

as situações onde existe relação de recebimento / pagamento de clientes;

• Marketing de Relacionamento deve ser utilizado de forma seletiva e não

pode ser uma estratégia universal;

• Os clientes não lucrativos podem ser “terceirizados” e deve-se adquirir e

reter os clientes lucrativos.

Embora o autor não explicite como terceirizar os clientes não lucrativos de

modo que uma outra empresa administre os custos fixos destes, ele cita que

os clientes não lucrativos podem chegar a representar até um terço da base de

clientes principalmente em empresas que prestam serviços bancários e

telefônicos.

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A existência de canais de comunicação com o cliente possibilita a empresa a

visualizar de maneira clara, os pontos que estão falhando em seus produtos ou

serviços prestados. Ainda possibilita a análise do fato gerador da falha, se é

responsabilidade dela própria e quais motivos levaram os clientes a apontá-la

(Giangrande, 1997).

Sendo o consumidor a “alma de qualquer negócio”, a interação direta com ele

é feita através do funcionário, principalmente quando tratamos de empresa

prestadora de serviços. Os funcionários estão interagindo com o consumidor

quando processam os serviços ou fabricam os produtos que serão vendidos.

Raramente o escalão médio da empresa e, menos ainda, o alto escalão farão

este trabalho. Desta forma, o sentimento de valorização por parte do

funcionário reflete diretamente em sua postura com o consumidor, garantindo o

bom atendimento (Giangrande, 1997).

Levitt (1986) reforça a necessidade de gerenciamento do relacionamento.

Segundo este autor, em uma grande e crescente proporção das transações o

relacionamento entre empresas e clientes aumenta a partir do momento em

que a venda é efetivada. Este mesmo autor faz a analogia com um casamento:

a venda representa somente a consumação do namoro – é neste momento

que o casamento começa – o que determina se haverá a continuidade,

expansão dos negócios ou problemas e divórcio é a qualidade do esforço

dispensado pelo vendedor a este relacionamento.

Para ilustrar como as percepções e objetivos do comprador e vendedor

tornam-se bastante diferentes depois que a venda é efetuada, Levitt (1986)

apresentou os dados a seguir (tabela 04). O autor indica que o sistema de

premiação por vendas efetuadas estimula esta dissonância pois, uma vez

efetuada a venda, o vendedor começa a procurar e trabalhar a venda seguinte.

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Tabela 04: Percepção de vendedor e comprador no pós-venda

Vendedor Comprador

Objetivo alcançado Julgamento adiado; teste do tempo

Venda Termina Compra continua

Foco é desviado Foco na compra; quer confirmar queexpectativas foram satisfeitas

Tensão aliviada Tensão aumentada

Relacionamento Reduzido ouTerminado

Compromisso assumido; relacionamentointensificado

Fonte: Levitt (1986, p.118)

Segundo Kotler e Armstrong (1996), o foco do marketing de relacionamento é

criar valor para os clientes no longo prazo e, a medida de seu sucesso é dada

por indicadores de satisfação de longo prazo destes clientes. Os

relacionamentos a serem criados envolvem aspectos sociais, econômicos,

técnicos e legais e têm como objetivos altas taxas de lealdade dos

consumidores aos produtos e serviços da empresa.

Peppard (2000) ressalta que muitas empresas, diante da disposição de estar

realizando marketing de relacionamento, fazem uso limitado e ineficiente de

algumas de suas técnicas. O autor afirma que nestas empresas os esforços

são conduzidos pela área de marketing isoladamente e têm como objetivo final

um repositório de informações sobre os clientes que possam oferecer

subsídios para decisões empresariais a partir do uso de técnicas de data

mining. O autor sugere que o objetivo central do marketing de relacionamento

é maximizar o valor ao longo da vida de seus consumidores.

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II.2.2) A Importância de Reter Clientes

Reichheld e Sasser Jr. (1993) indicam que consumidores que “abandonam” a

empresa representam os maiores problemas de uma empresa, com grande

impacto sobre a lucratividade:

“[Saída de consumidores] está mais diretamente relacionada com os

lucros de uma empresa do que escala, market share, custos unitários

e muitos outros fatores normalmente associados a vantagem

competitiva. Quando o relacionamento com a empresa estende-se, a

lucratividade aumenta. E não pouco. As empresas podem aumentar

seus lucros em quase 100% com a retenção de apenas 5% a mais de

seus consumidores.” (p.311)

Boone e Kurtz (1995) reforçam a importância de manter fiel a base de clientes

de uma empresa através do exemplo da General Motors. Estudos feitos por

esta empresa mostraram que custa aproximadamente cinco vezes mais caro

conquistar um novo cliente do que manter um dos clientes da empresa. A

empresa calculou que um cliente satisfeito gasta, ao longo de sua vida, cerca

de 400 mil dólares na compra de automóveis, acessórios e serviços. Diante

deste cálculo, a empresa decidiu convidar todos os 700 mil compradores de

carros de uma de suas linhas, Saturn, para uma festa na sede da empresa que

durou três dias, com todas as despesas pagas.

Segundo Reichheld e Sasser Jr. (1993), clientes fiéis trazem três

conseqüências positivas para a empresa:

(1) aumento de receita como conseqüência da repetição de compras e

indicações a outros clientes potenciais;

(2) redução de custos como conseqüência de menores despesas de

aquisição que ocorrem, o que aumenta a eficiência ao servirem-se

clientes que já têm experiência no contato com a empresa;

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(3) menor rotatividade de funcionários, o que acaba fortalecendo, pela

criação de laços pessoais, a lealdade dos clientes. Além disto, os

custos de contratação e treinamento diminuem e a produtividade dos

funcionários, mais experientes em suas tarefas, aumenta.

Reichheld e Sasser Jr (1993) afirmam que, em uma vasta gama de indústrias,

o padrão se repete: quanto mais tempo a empresa mantém seus clientes,

maior a sua lucratividade. Segundo um estudo em uma empresa prestadora de

serviços para automóveis, constatou-se que o lucro de um cliente em seu

quarto ano de negócios com a empresa é mais do que o triplo do que o lucro

gerado no primeiro ano. Os autores afirmam que este padrão tem como um

dos motivos o fato de que a aquisição de novos consumidores determina

custos pontuais, em propaganda e promoções, por exemplo. Outro estudo feito

em uma empresa de cartões de crédito e em uma lavanderia industrial mostrou

a evolução do lucro por cliente ao longo de seu relacionamento com a empresa

(gráfico 01).

Gráfico 01: Lucro anual gerado por um consumidor ao longo do tempo

Cartão de Crédito

55494442

30

-50

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

0 1 2 3 4 5

Ano

Lucr

o po

r clie

nte

(US$

)

Lavanderia Industrial

256

222192

166144

0

50

100

150

200

250

300

1 2 3 4 5

Ano

Lucr

o po

r clie

nte

(US$

)

Fonte: Reichheld e Sasser Jr (p. 314)

Day (1999), indica quatro razões para que os clientes mais fiéis sejam mais

lucrativos:

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• Aumento do volume de compras: o volume de compras tende a

aumentar à medida que o relacionamento do cliente com a empresa

estreita-se;

• Menores custos de servir: à medida que a empresa conhece melhor

seus clientes mais antigos, o custo deste relacionamento tende a cair -

os consumidores acostumam-se a interagir com a empresa, diminuindo

o volume de dúvidas e problemas;

• Menor sensibilidade a preço: muitas vezes, clientes mais antigos dispõe-

se a pagar mais pelos mesmos serviços e produtos;

• Boca-a-boca favorável: consumidores fiéis geram propaganda gratuita

para a empresa.

II.2.3) Recuperação de Erros em Serviços

Marketing de Relacionamento tem sido largamente aceito como um fator

determinante para o sucesso da empresa a longo prazo, especialmente

quando trata-se de empresa de serviços, devido ao contato entre clientes e

provedores do serviço (Liljander, 2002). Conforme o autor, o relacionamento

empresa x cliente, pode ser desempenhado variando entre o superficial e o

verdadeiro, dependendo da confiança do cliente na empresa e dos benefícios

e comprometimento que ele percebe que pode obter.

Liljander (2002) indica que existem quatro diferentes fontes de confiança na

relação entre a empresa e o cliente:

• Confiança generalizada (baseada na reputação da empresa no mercado,

por exemplo);

• Confiança baseada em aspectos pessoais;

• Confiança no sistema (baseada no fato de o serviço sofrer regulamentação

de autoridade competente, por exemplo);

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• Confiança no processo (baseada em experiência interpessoal com a

empresa).

Segundo Lovelock e Wright (2002), diante de uma falha no serviço, os

consumidores podem reagir de quatro formas:

(1) não fazer nada;

(2) reclamar diretamente à empresa;

(3) agir indiretamente contra a empresa (associações de consumidores,

Justiça, etc.);

(4) trocar de fornecedor e/ou desencorajar outras pessoas a utilizar o

serviço (boca a boca negativo).

Os autores citam pesquisa que indica que quase 60% dos clientes de diversos

ramos de serviços mudaram de fornecedor devido a uma falha percebida:

• 25% por falha no serviço básico;

• 19% por problemas na interação com um atendente / funcionário;

• 10% por uma resposta insatisfatória a um problema anterior;

• 4% por comportamento anti-ético do fornecedor.

Blodgett et al. (1995) analisam os fatores que influenciam as ações de um

consumidor diante de um problema percebido no serviço e seus impactos

sobre a disposição deles em reclamar, gerar publicidade negativa antes da

reclamação (e depois da reclamação, quando esta ocorre), utilizar os serviços

da empresa novamente e gerar publicidade positiva. Segundo os autores,

estes fatores são: chance de sucesso, predisposição a reclamar, importância

do produto, justiça distributiva e na interação e estabilidade e possibilidade de

controle. Uma breve explicação destas variáveis e os resultados encontrados

na pesquisa estão apresentados a seguir:

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• Chance de sucesso: percepção de que a empresa poderá oferecer uma

solução adequada a um problema ocorrido (seja um reembolso do valor

pago, troca do produto ou outra solução). A pesquisa mostrou que este

é o fator mais importante na determinação de um consumidor em

reclamar, mesmo para consumidores que pretendiam abandonar a

empresa. Esta descoberta reforça a necessidade de criar uma

atmosfera de estímulo à reclamação, com fatores implícitos

(especialmente através das atitudes dos funcionários diante de um

problema) e explícitos (como garantias, e políticas do tipo satisfação

garantida ou seu dinheiro de volta, por exemplo). Outro importante

achado da pesquisa, indica que os consumidores que percebem baixa

chance de sucesso geram mais publicidade negativa (antes da

reclamação);

• Predisposição a reclamar: atitude individual de cada consumidor que

indica a disposição em reclamar quando insatisfeito com os serviços e

produtos de uma empresa. A pesquisa mostrou que consumidores com

menor propensão a reclamar apresentam maior tendência a gerar

publicidade negativa antes da reclamação;

• Importância do Produto: grau de importância dada ao produto/ serviço

pelos consumidores. A importância tende a aumentar quando estes

produtos/ serviços são (1) relativamente caros, (2) quando o consumidor

realmente precisa deles e/ou (3) quando o consumidor obtém grande

satisfação ao usá-lo. A pesquisa em questão observou que a

importância do produto não teve nenhum efeito sobre o aumento das

reclamações ou níveis de publicidade negativa pré reclamação;

• Justiça distributiva e na interação: a justiça distributiva está relacionada

à eqüidade envolvida na solução do problema (percepção de que houve

uma solução justa). Enquanto a justiça na interação indica a percepção

de que foi tratado, pela empresa, com cortesia e respeito. Estes dois

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fatores são muito importantes para definir se o consumidor vai dar nova

chance de fazer negócio à empresa, e se a publicidade gerada após a

reclamação será positiva ou negativa. É importante ressaltar que, a

justiça na interação teve impacto maior do que a justiça distributiva –

não adianta apenas oferecer uma boa solução, é preciso ser educado e

respeitoso no relacionamento com os clientes;

• Estabilidade e possibilidade de controle: a estabilidade diz respeito à

percepção de que o problema continuará ocorrendo, enquanto a

possibilidade de controle indica a percepção, por parte do cliente, de

que o problema poderia ter sido evitado. Os consumidores apresentarão

muito maior resistência a manter o relacionamento com a empresa (e

gerarão mais publicidade negativa) se perceberem os problemas como

estáveis e controláveis.

Lovelock e Wright (2002) citam ainda um estudo conduzido na Austrália, que

avaliou, dentre outras coisas, o percentual de pessoas que tiveram problemas

com vários tipos de serviço e a predisposição destas pessoas em tomar

alguma providência quanto ao problema (tabela 05). Os dados mostram que,

em relação a serviços de telefonia, até 93% dos consumidores tomaram

medidas diante de um problema sério. Este percentual é o maior observado

dentre todos os tipos de serviços pesquisados.

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Tabela 05: Problemas nos serviços e a predisposição em reagir

Tipo de Serviço% de consultados que tiveram

problemas no ano anterior

% que tomou medidas diante

de um problema sérioComputadores 27% 83%

Governo 26% 76%

Pequenas empresas 21% 81%

Bancos 17% 75%

Transporte Público 15% 52%

Telefone 13% 93%

Seguros 9% 74%

Esporte e Lazer 6% 59%

Fonte: Lovelock e Wright (2002, p.166)

Lovelock e Wright (2002) indicam dez diretrizes para melhor solucionar falhas

de serviço:

(1) Agir depressa;

(2) Admitir os erros sem ficar na defensiva;

(3) Mostrar compreender o problema do ponto de vista de cada cliente;

(4) Não discutir com os clientes;

(5) Respeitar as opiniões dos clientes;

(6) Dar aos clientes o benefício da dúvida;

(7) Esclarecer os passos necessários para resolver o problema;

(8) Manter os clientes informados sobre o andamento;

(9) Considerar a compensação;

(10) Trabalhar para reconquistar a confiança.

Quanto à resolução destas falhas, o cliente, ao sentir o menor sinal de

reticência por parte da empresa, se sente acusado, como se a empresa

estivesse sendo a vítima. De acordo com Chauvel (2000), para a empresa

construir uma imagem positiva, no Brasil, a atuação do call center deve ser no

sentido de evitar ao máximo que a relação entre os dois chegue neste estágio.

Feinberg (2000) chama a atenção para o fato de os call centers permitirem às

empresas construir relacionamentos mais duradouros com o consumidor.

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Aquele consumidor que tenha tido um problema solucionado em seu

relacionamento com o call center da empresa, tem mais chances de realizar

uma compra do que outro, que esteja satisfeito, sem ter encontrado falhas no

serviço.

Lovelock e Wright (2002) apontam, ainda, que outros aspectos devem ser

observados na relação com o consumidor que reclama:

• o fato de a empresa aceitar sem questionar toda e qualquer reclamação,

também não constitui uma boa alternativa, pois “a complacência pode ter

efeitos semelhantes aos da reticência”;

• o ressarcimento não gera necessariamente a satisfação;

• superar as expectativas no ressarcimento, pode ser fato gerador de

desconfiança.

Para Chauvel (2000), de acordo com seu estudo, no Brasil, as expectativas do

cliente muitas vezes são ambíguas, pois ele gostaria de não precisar recorrer

ao registro pessoal para ter o problema resolvido mas, por outro lado, ele

também não gostaria de ser tratado como um indivíduo anônimo.

Chauvel (2000), no entanto, também chama a atenção para o fato do conceito

de satisfação, tal como vem sendo estudado pela disciplina de comportamento

do consumidor, privilegiar aspectos psicológicos:

“Estudam-se os mecanismos que geram reações positivas ou

negativas, mas a existência de conflitos de interesses é deixada de

lado. De fato, reconhecer a existência destes conflitos equivale a

abandonar uma posição confortável, a de provedor, para uma mais

problemática e complexa: a de produtor, em uma sociedade

comandada pela economia e dividida por interesses conflitantes.”

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II.3) Canais de Relacionamento com o Consumidor

Segundo Peppard (2000), o modelo de negócios tradicional estava restrito

tanto no tempo quanto no espaço, e o mercado era tratado como mercado de

massa, com todos os indivíduos sendo tratados da mesma forma. Porém, ao

longo do tempo, os consumidores passaram a valorizar muito as empresas que

os tratam como indivíduos e a exigir maior conveniência, ou seja, buscavam

ser atendidos independentemente do local e horário, mesmo que isto

determinasse alteração do canal de atendimento utilizado, como mostrado na

figura 03. Desta forma, os canais de atendimento devem ser avaliados, pelas

empresas, em função de serem ou não apropriados para as tarefas que os

consumidores querem desempenhar.

Figura 03: Exigência de novos canais

Fonte: Peppard (2000, p. 319)

De acordo com Fournier et al. (1999), as empresas devem se comportar de

forma a dar a entender aos clientes que elas podem ser parceiras de valor.

Este comportamento deve gerar ações que demonstrem que os

relacionamentos de marketing não precisam ser vazios nem estressantes.

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Fournier et al. (1999) chamam atenção para o fato de os consumidores

demonstrarem sua satisfação ou insatisfação com a qualidade de vida no

mundo de hoje:

“Para os consumidores contemporâneos, a satisfação com o produto

está intrinsicamente relacionada com a satisfação com a vida, e as

empresas precisam satisfazer estas duas dimensões se quiserem

vencer.” (p. 110)

Ainda de acordo com estes autores, para formar um relacionamento mais

íntimo com os consumidores, a empresa deve utilizar de recursos que muitas

vezes são subutilizados, como: linhas diretas de atendimento a clientes,

internet (através de grupos de discussão de produtos na rede). Através destes

recursos, a empresa consegue obter informações relevantes.

Chauvel (2000) lembra que, o ideal é que o consumidor perceba que os canais

de relacionamento são eficientes devido à filosofia da empresa e não devido à

pressão que ele entende que pode exercer para garantir a eficiência desejada.

Se esta eficiência ocorrer de forma personalizada o resultado ainda é mais

positivo, pois ele se sentirá prestigiado, garantindo sua fidelização e fará com

que ele repasse a sua experiência positiva em cada canal.

II.3.1) Call Centers

Feinberg et al. (2000) afirmam que os call centers representam a principal

arma no processo de satisfazer as expectativas de seus clientes:

“Os call centers permitem às empresas “criar, manter e gerenciar

relacionamentos com os clientes através da solução de problemas e

reclamações rapidamente, ter informações, responder a perguntas e

estar disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por

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ano. Na realidade, parece que os consumidores agora esperam e

demandam acesso telefônico a empresas e fabricantes.” (p. 131)

Bennington et al. (2000) afirmam que métodos baseados na Internet e call

centers estão tornando-se a norma como complemento aos serviços

tradicionais, por correspondência, telefone ou em escritórios (contato pessoal).

Os autores avançam em sua análise indicando que, as operações de call

center podem ter papel essencial na obtenção de maior número de

consumidores e prestação de um serviço de maior qualidade, principalmente

quando serviços adicionais tornam-se disponíveis.

Takeuchi e Quelch (1993) analisaram estruturas de atendimento em vários

setores da economia e identificaram sete tópicos que devem ser considerados

na estruturação de um serviço de atendimento a clientes.

• Educar clientes: os consumidores devem ser ensinados sobre como

usar e como não usar os produtos da empresa.

• Educar empregados: estes não devem encarar as reclamações como

“chateação”, mas como fonte de informação. São os consumidores que

julgam a qualidade do produto e seus problemas e percepções devem

não apenas ser respeitados como atacados rapidamente.

• Ser eficiente primeiro; depois buscar ser agradável: Se pudessem

escolher “a maioria dos consumidores preferiria uma solução eficiente

de seu problema a um atendimento ‘sorridente’” (p.147). Os dois

objetivos devem ser conciliados, mas, quando enfrentando uma situação

de trade-off entre eles, a eficiência deve preponderar.

• Padronizar sistemas de serviços de reposta: os processos devem ser

pré-estabelecidos, com respostas padrão (que efetivamente resolvam o

problema apresentado) às solicitações mais comuns e níveis de

autoridade para solução de problemas de complexidade diferenciada e

com clientes diferentes.

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• Desenvolver política de preço: o SAC não precisa ser, necessariamente,

gratuito, até porque algumas vezes, a oferta de atendimento gratuito

ilimitado a todos os clientes dá a percepção aos clientes que pouco ou

nada o utilizam que estão financiando os demais que o utilizam com

mais freqüência. Em alguns produtos ou serviços, o atendimento pós-

venda é tratado como um centro de lucro.

• Terceirizar tarefas, se necessário: muitas vezes, o SAC é

desempenhado com mais eficiência quando terceirizado, seja por outros

componentes do canal de distribuição ou outras empresas, que podem

desempenhar tais tarefas com maior escala.

• Avaliar o serviço ao consumidor: seja tratado como centro de custo ou

centro de lucro, deve haver padrões de desempenho quantitativos para

cada componente do pacote de serviços. Além disto, estes padrões

devem ser comparados periodicamente com o desempenho real

observado.

Esta parece ser a realidade americana. Um estudo exploratório, feito no Brasil

por Leite et al. (2000), sugere que em uma sociedade relacional como a

brasileira (Da Matta, 1986), as relações podem ser mais importantes que a

eficiência na avaliação da qualidade do serviço. Além disto, a padronização

pode inibir o diferencial que um relacionamento amigável pode criar em

sociedades como a brasileira.

O estudo realizado por Souza (2002) compara duas estruturas de call centers,

uma terceirizada e outra com mão-de-obra própria. A primeira possui uma

justificativa de eficiência e a não terceirizada parece priorizar o relacionamento,

o que poderia ser um diferencial mais interessante em uma sociedade com

características relacionais fortes.

Quanto à utilização de tecnologia, Bennington et al.(2000) reforçam que o seu

emprego no atendimento a clientes gera alguns benefícios, como descritos a

seguir:

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• Os consumidores não precisam visitar a “fábrica” do serviço (escritório

ou loja de serviço), o que acaba gerando menores custos e maior

conveniência para eles;

• O tempo demandado para cada transação fica reduzido pois diminui a

necessidade de deslocamento até os serviços feitos no escritório. A

redução de tempo pode ser ainda maior, considerando-se que há

tecnologia disponível para transferir ligações para atendentes

desocupados em vários call centers, mesmo que estejam em

localidades muito distantes;

• Os serviços podem ser prestados, via call center, na linguagem

desejada pelos consumidores pelo direcionamento das ligações para

call centers específicos;

• Alguns consumidores consideram o serviço prestado via call center

melhor do que o serviço prestado pessoalmente;

• Permite às empresas prestadoras de serviço uma maior eficiência, na

medida que fica possível atender maior número de consumidores por

período de tempo. Além disto, é possível reduzir o número de

atendentes pois parte da responsabilidade do encaminhamento da

ligação é transferida ao consumidor, através de menus acionados pelo

teclado do telefone.

Na pesquisa conduzida por Bennington et al. (2000), foram identificados

fatores considerados positivos (valorizados) e negativos (irritantes) pelos

consumidores quando lidando com call centers. Estes fatores, que podem

alterar a satisfação do cliente como atendimento estão reproduzidos na tabela

06.

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Tabela 06: Fatores positivos e negativos na interação com um call center

Fatores Valorizados Fatores IrritantesEncaminhamento confiável Falta de serviço personalizado/ individualizado

Respeito e confiança mútua Ter que esperar ao telefone

Atendentes atenciosos e educados Comunicação pouco atenciosa

Serviço rápido e eficiente Ser transferido entre várias áreas/ atendentes

Acesso fácil Complexidade do sistema de telefonia

Comunicação aberta e efetiva Serviço e comunicação não confiável

Serviço personalizado/ individualizado

Informação confiável

Fonte: Bennington et al. (2000, p. 170)

Cabe observar, no entanto, que a maior parte dos “fatores irritantes”

observados por Bennington et al. (2000) possuem ligação estreita com

tecnologias que são normalmente empregadas em call centers, o que leva a

questionamentos sobre cuidados com uso da tecnologia.

Em geral, são utilizados alguns indicadores operacionais para a avaliação da

qualidade do serviço de um call center. Segundo Feinberg et al. (2000),

autores que são adeptos do controle destes indicadores indicam que o seu

gerenciamento é o caminho para alcançar excelência no atendimento a

clientes.

Segundo Feinberg et al. (2000) , as variáveis a serem medidas são:

(1) Velocidade média até o atendimento da ligação;(2) Tempo em fila de espera (tempo em que o cliente

espera na linha até ser atendido);(3) Percentual de clientes que obtêm solução satisfatória na

primeira ligação;(4) Taxa de abandono (percentual dos clientes que

desligam ou têm as ligações desconectadas antes doatendimento);

(5) Tempo médio de atendimento (tempo total que o clienteficou conectado a um atendente);

(6) Aderência (os atendentes estão no seu posto deatendimento como previsto?)

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(7) Tempo médio de trabalho após a ligação (temponecessário para completar os processos burocráticos,fazer pesquisas, após o término da ligação);

(8) Percentual de ligações bloqueadas (percentual declientes que encontram a linha ocupada ou nãoconseguem entrar na fila de espera do atendimento);

(9) Tempo até o abandono (tempo médio que cada clienteesperou antes de desistir na fila de atendimento);

(10) Ligações recebidas por atendente por turno;(11) Rotatividade dos atendentes (número de atendente

que deixaram a empresa em um período pré definido);(12) Ligações totais;(13) Níveis de serviço (ligações atendidas em menos de

x segundos divididos pelo número total de ligações).

Pesquisa realizada por Feinberg et al. (2000) em 514 call centers nos Estados

Unidos mostrou que estas treze variáveis estavam relacionadas com a

satisfação dos clientes. Destas, duas (percentual de contatos com o problema

resolvido na primeira ligação e níveis de serviço) estavam diretamente

relacionadas, ou seja, quanto maior o indicador, maior a satisfação dos

clientes. As outras cinco estavam inversamente relacionadas com a satisfação

dos clientes. São elas:

• Velocidade média até o atendimento;

• Taxa média de abandono;

• Tempo médio de trabalho após a ligação;

• Percentual de ligações bloqueadas;

• Tempo na fila de espera.

Porém, Feinberg et al. (2000) avançam em sua análise concluindo, através de

regressão passo a passo, as variáveis determinantes da satisfação dos

consumidores correspondiam a apenas 5% da variabilidade que poderia ser

explicada por elas, o que representa um relacionamento muito fraco entre as

variáveis. A partir dessa constatação, os autores concluíram que “nenhuma

das treze variáveis operacionais críticas podem ser entendidas como a variável

mais importante na criação e manutenção da satisfação do consumidor com a

experiência no contato telefônico.” (p. 139)

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Chauvel (2000) chama a atenção para os efeitos da repetição de uma

reclamação no call center. As repetições configuram uma situação crítica, pois

demonstram que as queixas não foram um fato único, mas estão ligadas à

imagem que a empresa está passando a seus consumidores. Através de

pesquisas realizadas no Brasil, pode ser concluído que em relação a call

centers, o consumidor não busca receber tratamento de um cliente anônimo,

mas sim um tratamento com base em princípios iguais e justos para ambas as

partes.

“Uma das razões para o aumento do número de empresas que

colocam à disposição de seus clientes call centers é o consenso

crescente em torno da idéia de que é preciso incentivar os clientes a

comunicarem sua insatisfação à empresa. Somente assim, é possível

identificar as falhas que geram insatisfação, corrigi-las e evitar

eventuais abandonos e migrações para empresas concorrentes.” (p.

188)

Segundo Betts et al. (2000), o gerenciamento de capacidade de um call center

é uma função bastante complexa, pois, em geral, os call centers apresentam

padrões de sazonalidade anual, mensal, semanal e diária, sendo que muitos

destes apresentam grandes picos imprevistos de demanda.

Os autores avançaram em sua análise, indicando que a formação de redes de

call centers selecionados representa uma forma eficaz de reduzir as flutuações

de demanda, pela agregação. Porém, esta criação de rede pode afetar a

qualidade do serviço, tanto devido à experiência dos atendentes quanto pela

necessidade de um tratamento local (respeitando-se as culturas e sub-culturas

dos clientes, como por exemplo o impacto de sotaques diferentes na qualidade

percebida do atendimento).

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Betts et al. (2000) colocam ainda a questão gestão da capacidade como

importante devido a seus impactos sobre o desempenho dos atendentes:

centros de atendimento super dimensionados geram insatisfação e tédio nos

atendentes enquanto número insuficiente de atendentes os coloca em

situações de estresse por excesso de trabalho nos vários momentos de pico de

demanda.

II.3.2) Outros Canais de Relacionamento

O consumidor deseja e deve ser ouvido e atendido, suas necessidades devem

ser conhecidas pela empresa em qualquer canal de relacionamento. A

definição do melhor ambiente para trabalhar é feita pelo cliente interno,

enquanto que o cliente externo define o melhor produto, embalagem etc. Para

garantir a perfeita comunicação e desempenho da empresa no mercado, é

necessário possuir funcionários, em todos os canais de relacionamento,

capacitados para interagir, ouvindo e respondendo, ao cliente interno e externo

(Giangrande, 1997).

Rosenbloom (1999), indica que, para um sistema de distribuição, há cinco

fluxos: fluxo do produto físico, fluxo da negociação, fluxo de propriedade, fluxo

de informação e fluxo de promoção. Para a distribuição de serviços, estes

fluxos ainda estão presentes, com exceção do fluxo do serviço físico. O autor

avança em sua análise indicando que todos os fluxos, com exceção do fluxo

do produto, são representados por informações, que podem ser digitalizadas.

Desta forma, Rosenbloom (1999) afirma que a Internet pode conduzir estes

fluxos, até mesmo de forma mais eficiente do que os canais tradicionais.

Portanto, em serviços em que não é essencial o contato pessoal entre

prestador de serviço e cliente (ou entre algum bem e o prestador de serviço), a

Internet pode representar o canal preferencial ou único de distribuição do

serviço.

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O autor prossegue em sua análise indicando cinco vantagens associadas à

utilização de canais de marketing eletrônicos, como mostradas a seguir:

• Alcance e escopo global: é possível atender a pessoas de qualquer

lugar do mundo com acesso à Internet;

• Conveniência e rapidez do processamento das transações: pesquisas

com consumidores mostraram que a conveniência foi a principal razão

para eles terem comprado através da Internet;

• Eficiência e flexibilidade do processamento da informação: a Internet

permite pesquisas e escolhas interativas, definidas pelo usuário;

• Melhor facilidade de gerenciamento de banco de dados e

gerenciamento de relacionamento com clientes: permite interação das

empresas com os clientes e customização ao nível desejado pela

empresa, até mesmo a nível individual;

• Custos de venda e distribuição menores: através de menores custos de

propaganda, distribuição (com uso de estoques centralizados, por

exemplo) e eliminação de vendedores comissionados, dentre outras

possibilidades.

Lovelock e Wright (2002) identificam cinco fatores que pressionam os

prestadores de serviço a disponibilizarem o atendimento, em canais

alternativos que necessitem ou não de contato pessoal, em horários

prolongados, chegando ao limite, representado pelo serviço 24/7 – durante

todo o dia, todos os dias da semana. Estes fatores são:

• Pressão econômica dos consumidores: esta pressão é reforçada pela

necessidade de número crescente de trabalhadores de serem atendidos

em horários fora do seu expediente;

• Mudanças na legislação: a lei (especialmente a trabalhista) tem sido

mais permissiva quanto ao trabalho em feriados, domingos e em

períodos não tradicionalmente utilizados (como a madrugada). Este fator

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tem importância maior para serviços em que atendentes são envolvidos

(exclui, por exemplo, serviços via Internet e centrais de atendimento

automatizado);

• Incentivos à melhor utilização de recursos: como, muitas vezes, o custo

fixo (especialmente os relacionados às instalações) determina parcela

significativa do custo das empresas de serviço, a ampliação do horário

de atendimento ajuda a diluí-los;

• Disponibilidade de funcionários para trabalhar durante horários “não

sociais”;

• Instalações de auto-atendimento automático: os equipamentos têm se

tornado cada vez mais confiáveis e facilmente utilizáveis.

Os autores indicam que, esta demanda por maior conveniência, em termos de

locais e horários de atendimento, também se estende a serviços

complementares, como busca de informações, reservas e solução de

problemas. E afirmam também que alguns avanços tecnológicos,

especialmente nas áreas de telecomunicações e informática, auxiliam a

empresa a oferecer esta conveniência desejada por seus clientes.

Lovelock e Wright (2002) destacam, primeiramente, o aparecimento de

telefones inteligentes, que permitem, através do uso do teclado em resposta a

mensagens pré-gravadas, que o cliente interaja com os sistemas de

informática dos prestadores de serviço. Citam também os quiosques de auto-

atendimento (das quais o principal exemplo são os caixas automáticos dos

bancos) que permitem que os clientes realizem transações simples. Por último,

destacam a possibilidade de fornecer informações, registrar pedidos e até

mesmo entregar alguns serviços baseados em informações através de sites na

Internet.

Por outro lado, Rosenbloom (1999) identifica ainda algumas desvantagens

associadas ao uso de canais eletrônicos de marketing:

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• Falta de contato com o produto físico e posse não imediata: esta

desvantagem diz respeito especialmente a bens físicos;

• Logística de entrega com eficiência e velocidade inferiores à da Internet;

• Excesso de sites e confusão na Internet: nem todas as pessoas

conseguem navegar pela Internet com desenvoltura, também por falhas

de design dos sites;

• Ignora motivos de compra pessoais e sociais: as pessoas não realizam

transações apenas por que necessitam do produto ou serviço em

questão. As motivações podem envolver estímulos a nível pessoal,

como sair da rotina, prazer em comprar, aprender sobre novas

tendências, atividade física, dentre outras. Dentre os motivos sociais, o

autor destaca ganhar experiência social fora de casa, status e

autoridade, o prazer de barganhar preços, etc.;

• Preocupação sobre a segurança: traduz-se em duas dimensões. A

primeira sobre a realização de transações com empresas sem ter

contato direto com elas. Em segundo lugar, diz respeito ao receio das

pessoas em transmitir informações importantes pela Internet.

Lovelock e Wright (2002) afirmam que o estímulo ao uso de sistemas de auto-

atendimento interativos é dado pela economia de tempo por eles gerados, o

que vai ao encontro da necessidade dos clientes por um serviço mais rápido e

conveniente. Além disto, o interesse por mais informações sobre os bens e

serviços adquiridos também fortalece estes sistemas de atendimento.

“O tema subjacente é oferecer mais opções aos clientes: algumas

pessoas optam pelo contato pessoal; outras gostam do contato

telefônico com um funcionário; outras ainda preferem o maior

anonimato e controle proporcionado por contatos mais impessoais. Ao

comprarem bens, alguns clientes gostam de visitar a loja e fazer um

exame físico dos artigos de seu interesse. (...) Finalmente, um grupo

pequeno, mas crescente de consumidores está optando pelo uso do

ciberespaço como meio de examinar e comprar bens pela Internet.

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Em cada um dos casos, embora o produto básico possa permanecer

o mesmo, as grandes diferenças nos sistemas de entrega significam

que a natureza da experiência de serviço como um todo muda

drasticamente quando o encontro passa do alto para o baixo nível de

contato.” (p. 260-261)

Já quanto à prestação de serviços em lojas onde é necessário o contato

pessoal direto, ao contrário do que ocorre em um call center, Lovelock e Wright

(2002) utilizam o termo “cenário de serviço” para descrever o “estilo e

aparência das condições físicas em que clientes e fornecedores de serviço

interagem” (p. 241). Estes autores concluem que o cenário de serviço pode

afetar o comportamento dos clientes de três maneiras:

1. Para atrair clientes potenciais (do segmento alvo), fazendo o

cenário destacar-se dos concorrentes, atraindo tais clientes;

2. Para transmitir, através de pistas simbólicas, a qualidade e

caráter da experiência de serviço que pode ser proporcionada;

3. Para criar efeitos (apelando para os cinco sentidos) para

estimular (ou criar) maior estímulo ao uso de certos serviços,

bens ou experiências utilizando-se de cores, distribuição espacial,

sons e aromas.

Lovelock e Wright (2002) também lembram que a manutenção de uma loja de

serviço é obrigatória para serviços baseados em pessoas porque eles exigem

que o cliente esteja fisicamente presente junto ao prestador de serviço. Porém,

em alguns casos, mesmo não sendo a loja de serviços essencial para a sua

prestação, os consumidores desejam que ela seja mantida, pois ela determina

um ambiente físico e social que os atrai.

Payne (1993) destaca que, quando o cliente tem que ir a uma loja de serviço

(ou prefere ir à loja mesmo havendo outras opções de canais de atendimento),

a localização tende a ser muito importante. O autor enumera considerações

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importantes que deveriam ser avaliadas na definição da localização de uma

loja de serviço, das quais algumas estão reproduzidas a seguir:

• Uma localização menos conveniente fará a compra do serviço ser

adiada?

• A facilidade de acesso e conveniência são fatores críticos para a

escolha de quem presta este tipo de serviço?

• Qual a importância de estar localizado perto de outros prestadores de

serviço, em pólos de serviços?

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58

CAPÍTULO III

METODOLOGIA

Neste capítulo, apresenta-se a metodologia utilizada nesta dissertação.

Inicialmente descrevem-se as perguntas da pesquisa. Em seguida, justifica-se

o método e tipo de pesquisa adotado e descrevem-se os critérios de escolha

do tema estudado. Finalmente, são descritos o método de coleta de dados e

as limitações inerentes ao método de pesquisa utilizado.

III.1) Perguntas da Pesquisa

Este estudo procura responder às seguintes perguntas de pesquisa:

♦ Quais as principais reclamações feitas a uma empresa de telefonia móvel

no Brasil?

♦ Como são tratadas estas reclamações em cada um dos canais disponíveis

de relacionamento?

♦ Como os canais de relacionamento influenciam na retenção ou perda

destes clientes?

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III.2) Metodologia Escolhida

Corrêa (1997) afirma ser possível identificar quatro objetivos em uma pesquisa:

• Familiarização com o fenômeno, podendo levantar hipóteses ou problemas

pesquisáveis em estudos posteriores;

• A apresentação das características de uma situação ou de um grupo de

indivíduos;

• A verificação da freqüência com que algo ocorre ou com que ele estaria

ligado a outro evento;

• Avaliação de uma hipótese de relação causal entre as variáveis.

As pesquisas que apresentam o primeiro objetivo supracitado, de

familiarização a um fenômeno, são pesquisas exploratórias. As relacionadas

aos dois objetivos seguintes, seja através da descrição de características ou de

freqüência de ocorrência do fenômeno estudado, classificam-se como

pesquisas descritivas. Quando a pesquisa tem como finalidade testar uma

hipótese, como indicado no quarto objetivo acima, pode ser classificada como

uma pesquisa explicativa.

Este trabalho apresenta características de uma pesquisa exploratória quando

tenta identificar como são tratadas as reclamações dos clientes em uma

empresa após indicar quais as principais reclamações feitas em cada canal de

relacionamento pois, como afirma Gil (1996), as pesquisas exploratórias:

“têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema

com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se

dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o

aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.” (p. 44)

Trata-se portanto, de uma pesquisa exploratória que escolheu como método

de coleta de dados o estudo de caso, ou seja, este foi o método utilizado para

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responder às perguntas de pesquisa elaboradas. Como também indica Gil

(1996):

“A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas

exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais

de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de

hipóteses ou reformulação de um problema.” (p. 59)

O fato da pesquisa ser classificada como exploratória é apoiada pela análise

de Souza (2002), que aponta que “a literatura sobre SAC é muito escassa,

principalmente no Brasil”. Conhecendo-se as especificidades e recente

desenvolvimento da indústria de telefonia no Brasil, é possível verificar que o

tema torna-se ainda menos explorado.

III.3) Escolha do Caso

Diante da intenção de estudar canais de relacionamento com o cliente, o

universo de empresas a serem estudadas foi reduzido, para que fosse possível

uma análise mais profunda do tema, a empresas cujo estreito relacionamento

com seu cliente prestasse papel importante em sua estratégia.

Várias indústrias de bens de consumo apresentam canais de relacionamento

bem estruturados, com foco em atendimento a dúvidas, solicitações e

reclamações sobre os produtos por elas produzidos. Porém, preferiu-se

estudar empresas de serviços, cujos canais de relacionamento não apenas

atendam a dúvidas técnicas, mas também que prestassem um amplo espectro

de serviços e informações nos canais e até mesmo a possibilidade de venda

de serviços adicionais. Desta forma, empresas de telefonia, cartões de crédito,

aviação, dentre outras, apresentavam-se como principais candidatas ao

estudo.

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A escolha da empresa Telefônica Celular deu-se por conveniência. O fato da

empresa estar localizada no Rio de Janeiro foi importante, mas decisivo foi o

fato do autor da dissertação ter acesso às fontes de informação necessárias à

elaboração do estudo.

Deve-se notar que a empresa controladora da Telefônica Celular , a Telefónica

Móviles, também é controladora de prestadoras de serviço móvel celular em

duas outras regiões do Brasil:

• CRT Celular – Rio Grande do Sul;

• TeleBahia – Bahia e Sergipe.

Porém, o estudo limitou-se à empresa com sede no Rio de Janeiro, por

entender-se que o fator regional poderia exercer influência sobre os resultados

obtidos.

III.4) Coleta e Análise de Dados

A partir da escolha do método para responder às perguntas da pesquisa, as

principais fontes de informação utilizadas foram fontes internas à empresa,

como entrevistas com seus executivos (gerentes da Diretoria de Clientes),

publicações e rede interna de informações. Os relatórios internos mensais de

controle do back-office e do atendimento também foram utilizados como fontes.

Também foram usados relatórios enviados pelo órgão regulador (Anatel) para

controle. Adicionalmente, utilizou-se também reportagens de jornais e revistas

sobre a empresa e o setor de telecomunicações no Brasil.

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III.5) Limitações do Estudo

Segundo Vergara (1998), qualquer método de pesquisa apresenta suas

limitações. Especificamente em relação ao estudo de caso, Gil (1996) afirma

que sua maior limitação é representada pela dificuldade de generalização dos

resultados obtidos. Porém, Yin (1993), apesar de concordar com a limitação

relacionada à dificuldade de generalização a partir do estudo de caso, afirma

que este problema não é exclusivo dos estudos de caso, pois também não é

possível generalizar a partir de um único experimento, por exemplo. Yin (1993)

sugere ainda que o estudo de caso não deve ser considerado somente como

uma amostra, mas como uma alternativa de estudo mais detalhado com o

objetivo de expandir de teorias.

As limitações não se restringem às relacionadas ao método de pesquisa

selecionado. Outra fonte de limitação é relacionada à literatura disponível

sobre o assunto, pois parcela significativa da literatura específica pesquisada é

de autoria estrangeira, principalmente norte-americana e baseada em

fenômenos e empresas distantes da realidade empresarial e social brasileira.

Como indicado anteriormente, estas limitações só fortalecem a classificação

desta pesquisa como exploratória, pois o pequeno número de estudos mostra

exploração insuficiente do tema, como indicado por Souza (2002).

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63

CAPÍTULO IV

O CASO TELEFÔNICA CELULAR

Neste capítulo são descritas as informações levantadas junto à Telefônica

Celular. Primeiramente, contextualiza-se a empresa e seu entorno competitivo.

A seguir, descreve-se como cada canal de relacionamento está estruturado e

detalha-se como cada um destes canais recebe e trata as reclamações dos

clientes.

Finalmente, traça-se um cenário consolidado das reclamações dos clientes e

são mostrados dados que tentam relacionar estas reclamações e seus

possíveis impactos na satisfação dos clientes.

IV.1) Telefônica Celular e o Ambiente Competitivo

A telefonia celular iniciou suas operações no Brasil, no Rio de Janeiro, em 30

de novembro de 1990. Inicialmente, não existia uma empresa específica para

celulares, mas um departamento de telefonia celular da antiga Telerj. Nesta

época, os aparelhos, que pesavam em média 0,5 kg, eram comercializados a

US$20.000 de caução para o assinante ter acesso ao sistema de acordo com

dados internos da empresa.

Em janeiro de 1998, surgiu a Telerj Celular como parte da cisão da Telerj e do

sistema Telebrás. No dia 29 de julho deste mesmo ano, um consórcio formado

pela Telefônica Internacional comprou a Tele Sudeste Celular Participações,

holding que controlava a Telerj Celular (RJ) e a Telest Celular (ES).

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Em 2002, a Telefônica Celular já possuía mais de 3 milhões de clientes no Rio

de Janeiro e Espírito Santo sendo líder de mercado no segmento celular com

mais de 60% do mercado. A empresa possui certificação ISO 9000 para os

seus processos de acordo com dados disponíveis na rede interna de

informações da Telefônica Celular.

Outras duas concorrentes, no entanto, passaram a disputar o mercado do Rio

de Janeiro em 2002: a Oi e a TIM controladas pelo consórcio da Telemar e

pela Telecom Itália respectivamente e utilizando tecnologia GSM.

Sendo assim, o Rio de Janeiro tornou-se o mercado com o ambiente mais

competitivo do país, com quatro players em telefonia móvel. Vale notar que, o

Rio de Janeiro é também o mercado com maior penetração do uso do telefone

celular (índice que mede quantidade de aparelhos habilitados pelo total da

população) do país. De acordo com o IBOPE (2002), este índice, no Rio de

Janeiro se situava, em dezembro de 2002, em 33,3% ao passo que em São

Paulo, por exemplo, possuía 23,6% de penetração celular em dezembro de

2002.

Deste modo, observa-se um mercado fortemente competitivo e menos voltado

para a aquisição de clientes por causa da grande penetração do serviço móvel

celular. De acordo com um gerente da empresa:

“A importância do relacionamento pós-venda cresce cada vez mais,

fazendo com que a Telefônica Celular dirija seu foco para a

fidelização, retenção e rentabilização dos seus clientes.”

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IV.2) A Estrututra dos Canais de Relacionamento da Telefônica Celular

Ao longo deste estudo são considerados três principais grupos de canais de

relacionamento com o cliente. O primeiro grupo refere-se ao canal presencial e

nele estão incluídos os pontos de venda da empresa. Estes pontos podem ser

próprios ou terceirizados. Ainda incluídas neste grupo, estão as máquinas de

auto-atendimento presentes nas lojas próprias.

Já o segundo grupo, é composto pelo canal telefônico. Neste são considerados

os call centers e as URAs (Unidades de Resposta Audível). Compõe o terceiro

grupo o canal virtual, representado pela web page da empresa.

Para o agrupamento desta forma, o principal critério levado em consideração

foi a percepção do cliente. Por exemplo, apesar da URA ser um canal

basicamente virtual, sem contato humano, ela foi classificada como

atendimento telefônico já que grande parte das ligações é transferida para um

atendente após o atendimento na URA e o cliente percebe este tipo de

atendimento como sendo parte do atendimento telefônico.

A figura 04 descreve os canais de relacionamento, sua relação de

dependência (própria ou terceirizada) e quais os meios de atenção (pontos de

contato) em cada um destes três canais considerados.

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Figura 04: Grupos de canais de relacionamento com o cliente

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Dentro da estrutura da Telefônica Celular, os tipos de solicitação são

classificados dentro de uma tipologia de atendimento ideal proposta. Existem

também três grandes grupos de classificação do tipo de atendimento em todos

os canais: Consultas e Informações, Serviços e Reclamações. Dentro destes

grupos, há as subdivisões descritas a seguir. Estas subdivisões têm o intuito

de pormenorizar e padronizar a classificação, auxiliando na interpretação

interna dos resultados obtidos mensalmente (tabelas 07, 08 e 09).

Tabela 07: Grupos de classificação do atendimento: Consultas e Informações

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

PessoalPessoalPessoalPessoalPessoalPessoal

Atençãoprópria

Atençãoprópria

Atençãoterceirizada

Atençãoterceirizada

Necessidade de contatocom a operadora

NecessidadeNecessidade de de contatocontatocomcom a operadora a operadora

Atençãoprópria

Atençãoprópria

Atençãoterceirizada

Atençãoterceirizada

! Lojaspróprias

! Dealers ! Call Centerpróprio

! CallCenterterceirizado

Auto-atend.Auto-Auto-atendatend..

PresencialPresencialPresencial TelefônicaTelefônicaTelefônica VirtualVirtualVirtual

Auto-atend.Auto-Auto-atendatend..

Canalde Atenção

CanalCanalde de AtençãoAtenção

Tipo deassistência

Tipo deTipo deassistênciaassistência

Relação dedependênciaRelação de

dependência

! Consultoresempresa

! Dealersde Empresas

! Máquinas ! URAUnidade deRespostaAudível

PessoalPessoalPessoal Auto-atend.Auto-Auto-atendatend..

! Chat

! Atend. Online

! SiteMeios deAtenção

Meios deAtenção

DescriçãoDescriçãoDescrição

• Faturamento

•Cobrança

•Aparelhos

• Rede

• Serviços

• Produtos e Planos

• Promoções

• Rede deDistribuição

• Faturamento

•Cobrança

•Aparelhos

• Rede

• Serviços

• Produtos e Planos

• Promoções

• Rede deDistribuição

Consultas e InformaçõesConsultas eConsultas e InformaçõesInformações

• Inf ormações sobre v alor da f atura, detalhamento da mesma, contestações , 2a v ia de contas eoutras consultas relativ as ao processo de f aturamento

• Consultas sobre o processo de cobrança incluindo parcelamenos , bloqueios , mensagens deav iso, escritórios de cobrança , débito automático, etc.

• Todo tipo de solicitação de inf ormação sobre características dos modelos de terminaiscomercializados, reprogramação de terminais e rede de assistência técnica

• Dúv idas sobre área de cobertura digital e analógica da Operadora, áreas temporariamente f orade serv iço, congestinamento e áreas a serem cobertas no f uturo

• Inf ormações acerca dos serv iços disponív eis em cada produto comercializado, suas tarif as ecaracterísticas

• Inf ormações gerais sobre os produtos of erecidos pela Operadora e seus respectiv os planos depagamento incluindo v alores tarif ados

• Consultas às promoções tanto em relação a terminais como a serv iços , incluindo seu prazo dev igência , área onde a promoção é v álida e demais condições

• Inf ormações sobre a rede de distribuição da Operadora, seus agentes autorizados ecredenciados e respectiv os serv iços disponív eis, horários de atendimento e localização

• Inf ormações sobre v alor da f atura , detalhamento da mesma, contestações , 2 a v ia de contas eoutras consultas relativ as ao processo de f aturamento

• Consultas sobre o processo de cobrança incluindo parcelamenos , bloqueios , mensagens deav iso, escritórios de cobrança , débito automático, etc.

• Todo tipo de solicitação de inf ormação sobre características dos modelos de terminaiscomercializados, reprogramação de terminais e rede de assistência técnica

• Dúv idas sobre área de cobertura digital e analógica da Operadora, áreas temporariamente f orade serv iço , congestinamento e áreas a serem cobertas no f uturo

• Inf ormações acerca dos serv iços disponív eis em cada produto comercializado, suas tarif as ecaracterísticas

• Inf ormações gerais sobre os produtos of erecidos pela Operadora e seus respectiv os planos depagamento incluindo v alores tarif ados

• Consultas às promoções tanto em relação a terminais como a serv iços, incluindo seu prazo dev igência , área onde a promoção é v álida e demais condições

• Inf ormações sobre a rede de distribuição da Operadora, seus agentes autorizados ecredenciados e respectiv os serv iços disponív eis, horários de atendimento e localização

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Tabela 08: Grupos de classificação do atendimento: Serviços

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Tabela 09: Grupos de classificação do atendimento: Reclamações

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

DescriçãoDescriçãoDescrição

• Ativação SVA

• Cancelamento de SVA

• Baixas / Cancelamentos

• Migrações

•Mudança de Plano

• Modificação de Dados

• Suporte Técnico

• 2ª Via de conta

• Bloqueio e desbloqueio

• Ativação SVA

• Cancelamento de SVA

• Baixas / Cancelamentos

• Migrações

•Mudança de Plano

• Modificação de Dados

• Suporte Técnico

• 2ª Via de conta

• Bloqueio e desbloqueio

ServiçosServiçosServiços

• Ativação ou modificação de qualquer serviço contratado junto a Operadora

•Cancelamento de qualquer serviço contratado junto a Operadora

•Efetivação da desconexão de um código de acesso mediante solicitação do cliente

• Alteração do produto contratado pelo cliente de pós-pago para pré-pago ou entre outrosprodutos oferecidos

• Alteração do plano contratado pelo cliente dentro do mesmo produto (ex: plano básico paraplano de franquia)

• Modificação de dados cadastrais do cliente como endereço ou telefone para contato, troca detitularidade do mesmo, data de vencimento ou tipo de fatura

• Serviço oferecido nas lojas onde há assistência técnica para terminais no próprio local

• Solicitação de envio de 2ª via de conta

•Bloqueio e desbloqueio de DDD/DDI, desbloqueio segunda NAM, temporário, por falta depagamento e por roubo / extravio

• Ativação ou modificação de qualquer serviço contratado junto a Operadora

•Cancelamento de qualquer serviço contratado junto a Operadora

•Efetivação da desconexão de um código de acesso mediante solicitação do cliente

• Alteração do produto contratado pelo cliente de pós-pago para pré-pago ou entre outrosprodutos oferecidos

• Alteração do plano contratado pelo cliente dentro do mesmo produto (ex: plano básico paraplano de franquia)

• Modificação de dados cadastrais do cliente como endereço ou telefone para contato, troca detitularidade do mesmo, data de vencimento ou tipo de fatura

• Serviço oferecido nas lojas onde há assistência técnica para terminais no próprio local

• Solicitação de envio de 2ª via de conta

•Bloqueio e desbloqueio de DDD/DDI, desbloqueio segunda NAM, temporário, por falta depagamento e por roubo / extravio

DescriçãoDescriçãoDescrição

• Faturamento

• Cobrança

• Rede

•Atendimento

•Serviços

• Produtos e Planos

•Promoções

•Retorno ao cliente

• Aparelhos

• Faturamento

• Cobrança

• Rede

•Atendimento

•Serviços

• Produtos e Planos

•Promoções

•Retorno ao cliente

• Aparelhos

ReclamaçõesReclamaçõesReclamações

• Questionamentos sobre contestação de chamadas, tarifação incorreta, cobrança de taxas emduplicidade, não recebimento de faturas ou recebimento com atraso e demais relacionados aoprocesso de faturamento

• Reclamações sobre cobranças indevidas de juros, multas, débito automático e outros correlatosao processo de cobrança, bloqueios indevidos, DACC

• Queixas sobre falta de cobertura em determinado local, ruídos, linhas cruzadas, ecos e falhasem geral na comunicação

• Reclamações sobre o pessoal de atendimento de lojas, agentes credenciados ou call center

• Reclamações sobre funcionamento de serviços já contratados, roaming indevido e falhas ouatrasos em geral na utilização dos SVA

• Planos assignados indevidamente a determinado cliente e demais reclamações gerais acercados produtos e planos oferecidos pela Operadora

•Reclamações geradas a partir do lançamento de promoções

•Reclamações sobre tempos de resposta aos clientes que já solicitaram determinado serviço /informação e ainda não a obtiveram

• Reclamações sobre as características de determinado terminal comercializado ou aindisponibilidade de um terminal para comercialização

• Questionamentos sobre contestação de chamadas, tarifação incorreta, cobrança de taxas emduplicidade, não recebimento de faturas ou recebimento com atraso e demais relacionados aoprocesso de faturamento

• Reclamações sobre cobranças indevidas de juros, multas, débito automático e outros correlatosao processo de cobrança, bloqueios indevidos, DACC

• Queixas sobre falta de cobertura em determinado local, ruídos, linhas cruzadas, ecos e falhasem geral na comunicação

• Reclamações sobre o pessoal de atendimento de lojas, agentes credenciados ou call center

• Reclamações sobre funcionamento de serviços já contratados, roaming indevido e falhas ouatrasos em geral na utilização dos SVA

• Planos assignados indevidamente a determinado cliente e demais reclamações gerais acercados produtos e planos oferecidos pela Operadora

•Reclamações geradas a partir do lançamento de promoções

•Reclamações sobre tempos de resposta aos clientes que já solicitaram determinado serviço /informação e ainda não a obtiveram

• Reclamações sobre as características de determinado terminal comercializado ou aindisponibilidade de um terminal para comercialização

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Representantes da empresa declaram, no entanto, que:

“Apesar de haver esta classificação proposta, está havendo

recentemente um esforço de realmente implementá-la no dia-a-dia

operacional. Deste modo, em alguns dados observados doravante,

esta classificação encontra-se ainda divergente da ideal”.

Esta alegada divergência deve-se principalmente a dificuldade da área de

Tecnologia da Informação em implementar a classificação proposta nos

sistemas de atendimento. Nas lojas próprias e nos call centers, esta

implementação está em fase final e no canal virtual ainda espera-se colocá-la

em prática em meados de 2003.

A figura 05 representa o mapa de atividades em cada canal mostrando,

condensadamente, as possibilidades de um cliente obter determinado tipo de

atendimento em cada tipo de canal e evidencia que, nem todos os tipos de

atendimento são permitidos em cada canal de relacionamento considerado.

Por exemplo, um cliente que queira realizar uma reclamação sobre aparelhos,

pode realizá-la nos seguintes canais: lojas próprias, call center e web page. Os

demais canais não estão disponíveis para este tipo de reclamação.

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Figura 05: Estrutura dos canais de atendimento

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

IV.3) Lojas Próprias como Canal de Relacionamento

A Telefônica Celular possuía, ao final de 2002, 654 pontos de venda e

atendimento espalhados pelo Rio de Janeiro e Espírito Santo. Destes, 296 são

especialistas que têm seu negócio focado em telefonia celular e 150 são

pontos dentro de lojas de bens de consumo. Outros 166 pontos de venda e

atendimento são em lojas mistas, ou seja, sem foco específico em telefonia

celular.

O gráfico 02 mostra o comparativo de pontos de venda e atendimento da

Telefônica Celular frente a concorrência. Os pontos de venda da TIM ainda

não tinham sido levantados quando da realização deste comparativo. Em

PresencialPresencialPresencial TelefônicaTelefônicaTelefônica VirtualVirtualVirtual

PessoalPessoalPessoal Auto-AtendimentoAuto-AtendimentoAuto-Atendimento PessoalPessoalPessoal Auto-AtendimentoAuto-AtendimentoAuto-Atendimento PessoalPessoalPessoal Auto-AtendimentoAuto-AtendimentoAuto-Atendimento

L..P.Loljas Rede IndiretaRede Indireta MáquinasMáquinas Call-CenterCall-Center URAURA WWWWWW

INFORMAÇÕES

•Faturamento•Cobr./Contas•Aparelhos•Rede•Serviços•Prod. e Planos•Promoções•Rede de distrib.

SERV IÇOS

•Ativações SVA

•Cancelam. SVA

•Baixas

•Migrações

•Mudança Plano

•Modific. Dados

•SuporteTécnico•2ª Via de conta

•Bloqueio/Desbl.

RECLAMAÇÕES

•Faturamento

•Cobr. /Contas

•Rede

•Atendimento

•Serviços

•Produtos e Planos•Promoções

•Retorno ao Cliente•Aparelhos

Não realizado Realizado Em desenvolvimento Não é realizado diretamente

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relação à ATL, a Telefônica Celular possui 30% de pontos de venda a mais.

Nota-se uma grande diferença na quantidade de lojas próprias; a Telefônica

Celular possui 42, enquanto seus concorrentes somados, possuem 28.

Gráfico 02: Comparativo de pontos de venda e atendimento em lojas próprias

Lojas próprias Especialista Consumo Misto

296

150

290

166

101842 45115 44

269

102

Telefônica ATL Oi

+ 1,3 vezes654

525

368

+ 1,8 vezes

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Conforme ilustrado no mapa de atividades (figura 05), estes agentes

credenciados têm sua atuação direcionada a vendas realizando portanto

poucos atendimentos a consultas, informações e serviços. Um representante

da empresa afirma que:

“No caso específico de reclamações, todos estes os agentes

credenciados (Especialista, Consumo e Misto) têm recomendação

expressa da Telefônica Celular de encaminhar o cliente ao

atendimento telefônico ou a uma loja própria da Telefônica Celular.

Deste modo, a empresa garante que todos seus clientes que queiram

reclamar entrem em contato com a empresa diretamente.”

Portanto, as 42 lojas próprias da Telefônica Celular podem ser consideradas o

único canal pessoal para atendimento a reclamações. Deste modo, dar-se-á

foco principalmente nos atendimentos em lojas próprias da Telefônica Celular,

pois os agentes credenciados não podem receber nenhum tipo de solicitação

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quanto a reclamações de clientes insatisfeitos. Tampouco, nos agentes

credenciados, há controle estrito sobre as solicitações dos clientes.

As lojas próprias da Telefônica Celular são operadas exclusivamente por

funcionários próprios da Telefônica Celular durante o horário comercial. Há um

gerente geral de atendimento em cada loja e funcionários treinados para

exercer as funções relativas à solução de problemas de clientes e vendas de

aparelhos.

O gerente de vendas, de cada loja, responde diretamente a uma Gerência

Geral de Lojas Próprias que, por sua vez, está subordinada à Diretoria de

Vendas. Vale notar que não há subordinação direta ao Diretor de

Relacionamento com Clientes no atendimento de lojas próprias pois, sendo as

lojas historicamente focadas em vendas, estas sempre estiveram ligadas

diretamente à área comercial.

Outra informação fornecida pela empresa indica que, em nenhum momento,

há segmentação de clientes no atendimento nas lojas. Um cliente de maior

valor e um de menor valor não são distinguidos no momento do atendimento a

uma reclamação.

As reclamações dos clientes em 2002, nas lojas próprias da Telefônica Celular,

estão consolidadas na tabela 10. A relação completa de atendimentos

encontra-se no anexo I.

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Tabela 10: Reclamações nas lojas próprias em 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Deve-se observar que, o sistema de marcação do atendimento a reclamações

em lojas depende fortemente da interação do atendente com o cliente

insatisfeito. A correta codificação do atendimento auxilia na solução do

problema com o consumidor.

DE acordo com as informações fornecidas na tabela 10, apenas 18,3% das

reclamações são solucionadas imediatamente (“defeitos solucionados” e

“contas solucionadas”). As demais reclamações, portanto, são encaminhadas

ao back-office da Telefônica Celular. Esta área concentra todas as

reclamações dos diversos canais e dá tratamento padronizado a estas

reclamações.

Nota-se também que 70,1% das reclamações são referentes a defeitos e

contas de clientes. No entanto, cabe ressaltar que reclamações de defeitos e

contas, que representavam 95,7% das reclamações em janeiro, em dezembro

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passam a representar somente 60,5% das reclamações, o que parece ser um

indicador positivo.

De acordo com representantes da empresa:

“A Telefônica Celular procurou dar um melhor tratamento a estas

reclamações de defeitos e contas em lojas. As reclamações de

defeitos foram gradativamente sendo mais solucionadas nas próprias

lojas devido ao crescente treinamento dos atendentes. Já as

reclamações de contas foram, em sua maioria, direcionadas ao canal

telefônico. Deve-se notar porém, que o mix das principais

reclamações não foi significativamente alterado no ano de 2002.”

A empresa declara, ainda, que as reclamações nas lojas representaram

aproximadamente 1% das solicitações dos clientes, em lojas, em 2002 (gráfico

03).

Gráfico 03: Solicitações dos clientes nas lojas próprias em 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

O histórico dos meses de 2002 nas lojas revela que os clientes passaram a

reclamar menos nas lojas durante este ano (gráfico 04). De acordo com um

representante da empresa, este comportamento deve-se à política da empresa

de direcionar o cliente insatisfeito para o atendimento telefônico e focar as lojas

em vendas. Segundo esta orientação, o cliente insatisfeito teria um tratamento

feito por um atendente telefônico especializado em reclamações. Esta política

Informações 50%

Reclamações1%

Serviços49%

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74

foi implementada durante o ano de 2002 e seu resultado foi um decréscimo no

número de reclamações realizadas nas lojas.

Gráfico 04: Reclamações X Total de atendimentos nas lojas próprias em 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

IV.4) Call Center como Canal de Relacionamento

A Telefônica Celular dispõe de call centers de atendimento gratuito que

operam 24 horas por dia durante todos os dias do ano recebendo em média 2

milhões de chamadas mensalmente através do número de acesso 1404.

Toda esta estrutura de atendimento é terceirizada pela Atento, uma empresa

do grupo Telefónica Móviles, controladora da Telefônica Celular. Ao contrário

do observado nas lojas próprias, o atendimento telefônico é segmentado por

tipo de cliente. Aqueles que a empresa classifica como de maior valor, são

atendidos por uma ilha de atendimento VIP, que atende 95% dos clientes em

até 10 segundos, enquanto os demais clientes são atendidos por uma outra

ilha que atende 90% dos clientes em fila de espera em até 10 segundos (figura

06).

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/020,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

4,0%

4,5%

Total de Reclamações% sobre Total de Atendimentos

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75

Figura 06: Fluxo de atendimento no call center

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Vale observar que, embora a diferenciação em termos de “tempo de espera”

não seja muito perceptível, os prazos para resolução das reclamações de

clientes são diferenciados.

Também deve-se ressaltar que, como a URA (Unidade de Resposta Audível),

que faz o atendimento inicial dos clientes, direcionando-os aos atendentes (se

necessário), não foi considerada nos dados apresentados, pois não recebe

nem registra reclamações.

Em termos de volume de reclamações, parece haver uma inversão da

tendência observada nas lojas próprias pois, a partir de março de 2002, passa-

se a ter de 1,6% a 1,8%, ou seja, um aumento de todos os atendimentos

telefônicos relacionados a reclamações de clientes, de acordo com o gráfico

05.

Identificação e SegmentaçãoIdentificação Identificação e e SegmentaçãoSegmentação Árvores da URAÁrvoresÁrvores da URA da URA Call CenterCall CenterCall Center

Identificanº ?

Solicita quedigite.

Caso não sejaidentificado

passar a Póspago

Pré pago

Pós pago

VIP + Alto Valor(Pós e Pré)

2 para Consultas/Informações3 para Serviços4 para WAP5 para Recarga6 para Consulta de Saldo7 para Outras Informações

Aberturas Específicas de cadaoperadora em função do volume

2 para Consultas/Informações3 para Serviços4 para WAP5 para Roaming Internacional6 para Outras Informações

Aberturas Específicas de cadaoperadora em função do volume

Sim

Não

Se # 4 ou # 5

Não VIP + NãoAlto Valor(Pós e Pré)

VIP + Alto Valor(Pós e Pré)

(1404)

Se houver comunicaçãoespecífica direcionar

para o atendente direto

Se VIP

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76

Gráfico 05: Volume de reclamações X Total de solicitações no call center em 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Os percentuais das reclamações classificadas durante todo o ano de 2002

estão resumidos na tabela 11. Observa-se que, durante o ano de 2002, em

média, 78% das reclamações referem-se a faturamento e a aparelhos

somadas. Também pode-se notar que os percentuais destes dois itens durante

o ano têm pouca variação.

Tabela 11: Reclamações no call center em 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

1,0%

1,2%

1,4%

1,6%

1,8%

2,0%

2,2%

2,4%

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Rec

lam

açõe

s 14

04

Apa

relh

os

Fatu

ram

ento

Serv

iços

Red

e

Cob

ranç

a

Ret

orno

ao

Clie

nte

Ate

ndim

ento

Prod

utos

e P

lano

s

Prom

oçõe

s

jan/02 55,0% 22,0% 10,0% 3,0% 3,0% 1,0% 2,0% 2,0% 2,0%fev/02 54,0% 23,0% 10,0% 3,0% 3,0% 2,0% 1,0% 2,0% 2,0%mar/02 57,0% 20,0% 11,0% 3,0% 2,0% 2,0% 1,0% 2,0% 2,0%abr/02 55,0% 19,0% 14,0% 5,0% 1,0% 2,0% 2,0% 1,0% 1,0%mai/02 55,3% 22,0% 11,3% 3,5% 3,3% 2,8% 1,5% 2,8% 1,8%jun/02 55,3% 22,0% 11,6% 4,6% 2,3% 2,2% 2,4% 1,9% 2,7%jul/02 55,6% 21,8% 13,0% 5,0% 3,1% 3,2% 2,7% 2,9% 2,9%

ago/02 55,3% 21,2% 12,4% 4,5% 2,4% 2,5% 2,1% 2,2% 3,1%set/02 55,4% 22,7% 12,1% 4,4% 3,8% 3,7% 3,2% 3,4% 3,6%out/02 55,4% 21,9% 12,3% 4,7% 3,9% 3,9% 3,6% 3,6% 4,1%nov/02 55,4% 22,9% 12,4% 4,7% 4,3% 3,3% 3,9% 3,0% 4,4%dez/02 55,4% 23,2% 12,3% 5,6% 4,6% 4,4% 4,2% 4,1% 3,8%

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77

A Telefônica Celular, após identificar estas reclamações, formula planos de

ação que permeiam por toda a organização para resolver estes problemas. O

gráfico 06 auxilia na detecção das principais origens de reclamações sob o

ponto de vista dos clientes.

Gráfico 06: Principais itens de reclamação no call center

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Percebe-se com mais clareza que, no call center, o item “aparelhos”

juntamente com o item “faturamento” são realmente aqueles de maior impacto

na insatisfação do cliente. Há uma forte correlação com os principais itens

observados no atendimento em lojas: “defeitos” e “contas”.

Isto sugere que, o direcionamento das reclamações das lojas próprias para o

canal telefônico, como declarado pela empresa, parece não alterar o mix de

reclamações já efetuadas através dos call centers. Os itens “aparelhos” e

“faturamento” são historicamente, e continuam sendo, os de maior relevância.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

• Faturamento• Cobrança• Rede• Atendimento• Serviços• Produtos ePlanos• Promoções• Retorno ao Cliente• Aparelhos

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78

IV.5) Telefônica On-line como Canal de Relacionamento

A Telefônica On-line é o site de serviços da Telefônica Celular. Foi criado em

Maio de 2002 para oferecer serviços aos clientes da Telefônica Celular

disponibilizando assim um canal adicional de relacionamento com os clientes.

Deve-se lembrar que o site institucional da empresa

(www.telefonicacelular.com.br) já existia desde 1999, porém com foco

principalmente na consolidação da imagem da companhia.

Portanto, aproveitando a crescente utilização deste canal e o aumento do

percentual de atendimentos virtuais no Brasil, a empresa declara que espera

um maior fortalecimento deste canal frente ao telefônico e presencial com a

popularização do acesso à Internet.

Devido aos baixos custos associados a este canal, a intenção da empresa é

oferecer as mesmas possibilidades de atendimento nos sites que os realizados

em outros canais de atendimento . Mas, a incipiência deste canal faz com que

as reclamações relativas a estes clientes não sejam sistematicamente

classificadas com a mesma tipologia dos canais presenciais ou telefônico. Em

2002 contabilizou-se apenas o número bruto de reclamações no canal on-line

(gráfico 07).

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79

Gráfico 07: Reclamações no Telefônica On-line

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Nota-se que, como o número de acessos ainda está aumentando ao longo do

tempo, parece natural que o número de reclamações acompanhe esta

tendência.

Outro ponto a ser destacado é o aumento do número de reclamações por

cliente (de 1,15 em maio para 1,35 em dezembro de 2002), que pode sugerir

que o cliente que reclama por este canal espere uma resposta mais rápida por

parte da Telefônica Celular e conseqüentemente reitere sua reclamação num

menor espaço de tempo.

O gerente responsável pelas reclamações provenientes do canal virtual declara

que:

“Qualitativamente, as reclamações dos clientes versam principalmente

sobre funcionalidade dos aparelhos vendidos pela empresa. Estes

clientes, teriam um perfil mais “tecnológico” e desejariam desfrutar de

mais características e serviços de valor agregado oferecidos pela

empresa”.

0

50

100

150

200

250

Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Recl

amaç

ões

1

1,05

1,1

1,15

1,2

1,25

1,3

1,35

1,4

Recl

amaç

ões

por C

lient

e

Reclamações

Acessos /1000

Reclamaçõespor Clientes

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80

No canal virtual, está sendo desenvolvido um serviço de “Fale Conosco”

diretamente na página inicial de navegação onde o cliente estará a apenas um

“clique” da empresa, sendo somente necessário enviar um e-mail com sua

sugestão ou reclamação. Este serviço facilitará ainda mais o acesso dos

clientes e até não clientes para se comunicarem com a empresa.

IV.6) Outros Aspectos dos Canais de Relacionamento

Existe uma área de back-office na Telefônica Celular que concentra todos os

tipos de reclamação dos clientes provenientes dos canais já citados: Lojas

Próprias, Call Center e Telefônica On-line. Esta área também trata as

reclamações de outros canais, a saber:

• Correspondências entregues pelos Correios;

• Correspondências provenientes das Lojas;

• Reclamações provenientes de contatos ativos com os clientes;

• Procon e outros Órgãos de Defesa do Consumidor (ODC);

• Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que é o órgão regulador

das telecomunicações no Brasil.

Esta área, portanto, concentrando os tipos de reclamações provenientes de

outros canais, é a responsável por fornecer um panorama global do tratamento

dado às reclamações.

A área está estruturada num modelo de organização por funções, como mostra

a figura 07, que permite que cada funcionário seja “especialista” em

determinado tipo de reclamação dando maior agilidade na resposta aos

clientes. Os operadores são especializados em atividades como: apurações

técnicas, de rede, de contas e diversas.

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81

Figura 07: Organização funcional do back-office

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Todas as reclamações passam por um processo de apuração para verificação

de sua procedência. Caso sejam julgadas improcedentes, um grupo de

atendentes especializados faz um contato com o cliente explicando os motivos

da improcedência.

Caso a apuração julgue a reclamação procedente, são feitos os devidos

ajustes (na conta, por exemplo) e também é feito um contato com o cliente

para comunicar a solução do caso.

Esta área é a responsável, em última análise, pelo cumprimento dos prazos de

resolução das reclamações. A agência reguladora, Anatel, estipula um prazo

máximo de cinco dias úteis para a solução de petições dos clientes por

qualquer canal.

Gerência back-officeGerência back-office

Operadoresatividade 1

Operadoresatividade 2

Operadoresatividade 3

Operadoresatividade 4

OrganizaçãoOrganização por por FunçõesFunções

Coord. BOCoord. BO

Diretoria ClientesDiretoriaDiretoria Clientes Clientes

" Encaminhamentoimediato a um especialista"Permite grande agilidadecom economia de escala

Pontos positivosPontos positivos Pontos negativosPontos negativos

" Requer treinamento maisapurado

Modelo de Back-Office da Telefônica Celular

Modelo de Back-Office Modelo de Back-Office da Telefônica Celularda Telefônica Celular

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82

O gráfico 08 mostra número de reclamações recebidas consolidadas em uma

única visão e agrupadas nos clusters mais relevantes e que representam mais

de 90% das reclamações totais. Os dados estão consolidados a partir de

setembro de 2002, pois apenas a partir desta data foi possível obter uma visão

consolidada de todas as reclamações da empresa por causa, principalmente,

dos diversos sistemas envolvidos e que deveriam ser integrados.

Gráfico 08: Reclamações agrupadas nos clusters mais relevantes

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Primeiramente, nota-se um grande aumento nas reclamações relativas ao

atendimento em comparação com o canal telefônico e com as lojas próprias,

onde as reclamações técnicas e de faturamento predominavam. Isto pode-se

dever ao fato das reclamações por atendimento serem feitas principalmente

por canais alternativos como a Anatel e ODC (Órgãos de Defesa do

Consumidor) ao invés de serem feitas via call center ou lojas próprias da

Telefônica Celular.

13975129301272011021

7088

6192 6765 6610

299627472156 2784

2698227619031756

Setembro Outubro Novembro Dezembro

Total Técnica Fatura Atendimento

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83

As tabela 12 e 13 mostram a evolução do número de reclamações entrantes a

cada mês do ano de 2002, no back-office da Telefônica Celular, provenientes

da Anatel e de ODC respectivamente. Nota-se que, durante todo o ano de

2002, no mínimo 95% das reclamações provenientes da Anatel e 100%

daquelas registradas nos ODC, são resolvidas dentro do prazo (5 dias úteis e

15 dias respectivamente).

Os números também sugerem uma relativa estabilidade no número de

reclamações, principalmente pelo esforço da empresa em respondê-las, o mais

rápido possível, evitando assim reiterações.

Tabela 12: Evolução das reclamações provenientes da Anatel

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Rec

lam

açõe

s A

nate

l

Entr

ante

s (N

ovas

)

Res

olvi

das

Pend

ente

s

Res

olvi

das

em 5

dia

s út

eis

jan/02 644 644 - 100,0%fev/02 445 445 - 100,0%mar/02 384 384 - 100,0%abr/02 407 396 11 97,3%mai/02 386 369 17 95,6%jun/02 284 281 3 100,0%jul/02 403 403 - 100,0%

ago/02 399 399 - 100,0%set/02 347 347 - 100,0%out/02 533 531 2 99,6%nov/02 506 506 - 100,0%dez/02 578 576 2 99,7%

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84

Tabela 13: Evolução das reclamações provenientes de ODC

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

No final de 2002, a empresa estava em processo de criação de uma Ouvidoria

que centralizaria os casos mais graves de reclamações e faria o

relacionamento com os órgãos da imprensa. Desta maneira, clientes que

reclamam reiteradamente e chegam até os ODC seriam identificados

prontamente e as ações preventivas tomadas.

Sob o aspecto da diferenciação do tratamento das reclamações, ainda que os

clientes não sejam informados sobre o segmento a que pertencem, há

prioridade dentro da empresa na solução de reclamações de acordo com o

segmento do cliente. Isto reflete em prazos diferenciados para os clientes de

maior valor (diamante, ouro e prata). Sendo assim, estes clientes têm tempo

de resolução médio menor das suas reclamações (gráfico 09).

Rec

lam

açõe

s O

DC

Entr

ante

s (N

ovas

)

Res

olvi

das

Pend

ente

s

Res

olvi

das

em 1

5 di

as

jan/02 166 166 - 100%fev/02 111 111 - 100%mar/02 150 150 - 100%abr/02 158 158 - 100%mai/02 141 141 - 100%jun/02 113 113 - 100%jul/02 129 129 - 100%

ago/02 174 174 - 100%set/02 121 121 - 100%out/02 154 154 - 100%nov/02 147 147 - 100%dez/02 148 148 - 100%

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Gráfico 09: Tempo de resolução das reclamações em função do segmento do cliente

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Não há diferenciação nas principais reclamações de acordo com a

segmentação dos clientes. Em outras palavras, as principais reclamações de

um cliente “Diamante” são as mesmas de um cliente “Azul”, quais sejam:

reclamações quanto a aparelhos, faturamento e quanto ao atendimento

prestado pelos atendentes.

IV.7) Satisfação dos Clientes

Pode-se inferir que as pesquisas de satisfação dos clientes refletem, em certos

aspectos, as suas insatisfações. Além disto, a intenção do cliente em

abandonar a empresa prestadora de serviços também está, em muitos casos,

relacionada a uma prévia insatisfação do cliente. Estas intenções de

cancelamento podem ser vistas como a maior insatisfação dos clientes, visto

que estes desejam, em última análise, cortar os vínculos que ainda existam

com a empresa.

Portanto, neste tópico, aborda-se estes dois tipos de inferência da satisfação

dos clientes: pesquisas e intenções de abandono. Estas medições podem

fornecer subsídios para um melhor entendimento das insatisfações dos

clientes e, principalmente, daqueles clientes que não chegam a reclamar

formalmente nos canais de relacionamento da empresa mas que, ao final,

manifestam sua intenção em abandonar a empresa.

1,22,0 2,0

2,9 2,9

Diamante Ouro Prata Bronze Azul

Tempo médio de resolução de reclamações em dias úteis- Acumulado 2002

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86

Quanto a medições de satisfação realizadas pelo órgão regulador, a Telefônica

Celular (avaliada pelo Índice Médio de Satisfação), segundo a pesquisa da

Anatel (2002) situa-se próximo ao benchmark brasileiro em satisfação de

cliente de empresas prestadoras de serviço móvel celular. O índice com maior

gap para o benchmark é o de “satisfação com a central de atendimento”

(gráfico 10).

Gráfico 10: Dados da Pesquisa Anatel 2002

Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações (2002)

A pesquisa de satisfação utilizada pela Telefônica Celular é realizada com

clientes que entraram em contato com o call center da empresa. Esta pesquisa

é realizada semestralmente com os clientes avaliando com notas de 1 a 5 o

seu grau de satisfação com o atendimento (tabela 14). Nota-se que 79,1% dos

clientes pesquisados declaram-se “totalmente satisfeitos” ou “satisfeitos” com o

atendimento prestado.

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87

Tabela 14: Pesquisa de satisfação - Resultados

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Esta mesma pesquisa mostra que, os clientes “insatisfeitos” ou “totalmente

insatisfeitos” representam 5,9% dos pesquisados e, em geral, expressam

motivos de insatisfação relacionados à qualidade do atendimento e quanto à

dificuldade na solução de problemas como mostra a tabela 15. A tabela

também detalha os motivos declarados pelos clientes para sua insatisfação.

Tabela 15: Pesquisa de satisfação – Motivos de Insatisfação

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Base = 1683

Grau de Satisfação em relação ao atendimento prestado pelo SAC

Nota Quantidade %

Totalmente satisfeito 5 683 40,2Satisfeito 4 661 38,9Neutro 3 239 14,1Insatisfeito 2 52 3,1Totalmente insatisfeito 1 48 2,8Não Lembra 17 1,0Total 1700 100,0

1

5

4,12

79,1%

Moda............. 5Mediana........ 4

Nota 1 – Totalmente Insatisfeito e Nota 2 – Insatisfeito # Pela dificuldade de solução do problema

“o problema não foi solucionado.”“porque não teve resposta do seu problema e não foi bem atendido.”“porque há quatro meses pedi transferência de linha e até hoje não obtive resposta.”“muita demora no desbloqueio da linha.”“no SAC não resolve o problema, só na loja.”“o problema nunca é resolvido durante o atendimento.”“não houve solução do problema, pois é um plano corporativo.”

# Pela falta de qualidade no atendimento

“porque falta preparo dos operadores e porque ficam transferindo para outrossetores e a ligação cai.” “porque ficava um jogo de empurra-empurra.”“os atendentes não passam a informação de forma que o cliente possa entender.””porque todas as vezes em que procurou o SAC teve grande espera no atendimentoe só foi resolvido depois que falou com a gerência.”“o atendente foi um pouco áspero com o cliente.”“os atendentes querem se ver livres do cliente.”

# Dificuldades quanto ao sistema

“porque constantemente não consegue falar com o SAC.”“demora no atendimento eletrônico.”

# Outras dificuldades“não informam quando o telefone é bloqueado.”

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88

Quanto às intenções de cancelamento dos clientes, a Telefônica Celular possui

uma “última chance” de retê-los na empresa quando estes clientes entram em

contato com a empresa para cancelar seus contratos de prestação de serviços.

Deve-se observar que apenas os clientes de planos pós-pagos têm esta

característica, uma vez que, devem cancelar os contratos para que não

paguem mais as mensalidades ou franquias.

Portanto, os clientes que entram em contato com o call center para cancelar

suas linhas são encaminhados para atendentes especializados em entender os

motivos do cancelamento e tentar reverter estas intenções de cancelamento.

O gráfico 11 relaciona os percentuais das intenções de abandono dos clientes

por motivo e, destes, quantos foram retidos como clientes e quantos

rescindiram os contratos no último ano.

Gráfico 11: Intenções de Cancelamento X Cancelamentos X Retenções em 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Nota-se que, com exceção do item relacionado a custos, que representa 24%

dos 78% que não são retidos, o segundo item de menor retenção dos clientes

13%9%

11%

12% 9%

15%

39%

24%

9%12%2%

4%

6%16%

1%3%4%

3%

3%4%1%

TotalTotalRetidosRetidos Não RetidosNão Retidos

Qualidade do Serviço

Obtenção de 2ª linha

Custo

Compra de Tel Fixo

Outros

Sem Uso/ Necessidade

Problemas de Aparelho

32%Total 78%

Causas de AbandonoCausas de AbandonoCausas de Abandono

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89

é “problemas com o aparelho” com 11% de perdas destes clientes. Vale

também notar que o item “faturamento” ou “contas” não aparece entre os

maiores motivos de cancelamento de clientes.

Em relação às intenções de cancelamento por segmentos, o gráfico 12 mostra

um panorama da evolução das intenções a partir de julho de 2002. Os valores

representam o percentual de clientes por segmento que entraram em contato

com a empresa e manifestaram sua intenção de cancelar o contrato. Dados

anteriores a esta data não estão disponíveis por problemas nos sistemas

internos de informação.

Gráfico 12: Intenções de Cancelamento por segmento

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03

DIAMANTEOUROPRATABRONZEAZUL

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90

Nota-se que, os clientes de menor valor, principalmente os classificados como

“Azul” e representam aproximadamente 48% da base de clientes, têm uma

maior propensão histórica ao abandono do relacionamento com a Telefônica

Celular.

Este resultado mantém-se constante quando se observam puramente as taxas

de abandono da empresa e não as intenções de abandono. As taxas de

abandono têm um perfil muito parecido com o do gráfico 12 evidenciando um

comportamento semelhante tanto nas intenções de cancelamento como nos

cancelamentos propriamente ditos.

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91

CAPÍTULO V

ANÁLISE DO CASO, CONCLUSÕES E SUGESTÃO PARA PESQUISASFUTURAS

V.1) Análise do Caso

Neste tópico realiza-se uma análise das informações obtidas junto à Telefônica

Celular com o objetivo de responder às perguntas de pesquisa propostas. Na

medida do possível, associando-se esta análise à revisão de literatura

organizada no capítulo II.

V.1.1) As Reclamações

O telefone celular possui diversas funcionalidades que, inicialmente, faziam

parte do conceito de produto aumentado (Kotler, 1996) como, por exemplo,

mensagens de texto e navegação pela internet.

Com a popularização de seu uso, estas características foram incorporadas ao

produto esperado (Kotler, 1996). Sendo assim, os atributos do produto

parecem ter deixado de ter muita importância, dando lugar aos serviços

agregados que incluem os diferentes canais de relacionamento com o cliente

(Gummesson, 2002).

A qualidade no relacionamento com o cliente torna-se, cada vez mais, um

diferencial competitivo, principalmente em um mercado de telefonia móvel com

as características de crescimento e competitividade deste segmento, no Rio de

Janeiro.

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O cliente que reclama, por exemplo, é aquele que está fornecendo à empresa

uma oportunidade de construir um relacionamento. Esta oportunidade, no

entanto, depende dos canais de relacionamentos disponibilizados pela

empresa, isto é, como estes canais estão estruturados e quão pró ativos são

no atendimento às solicitações dos clientes (Blodgett et al., 1995).

Já o cliente que não reclama pode estar satisfeito com os níveis de serviço, ou,

em outro cenário possível, o cliente não reclama e, simplesmente, muda de

“marca” (Lovelock e Wright, 2002), quando os mercados são competitivos,

como é o caso da telefonia móvel no Rio de Janeiro.

A Telefônica Celular não possui dados suficientes para que possa ser feita

uma associação direta relacionando os clientes reclamantes com aqueles que

abandonam a empresa. Seria interessante que, no futuro próximo, a empresa

analisasse este tipo de dado. De acordo com Lovelock e Wright (2002), quase

60% dos clientes mudam de fornecedor devido a uma falha percebida.

As informações fornecidas indicam também que a Telefônica Celular parece

não criar uma atmosfera de estímulo à reclamação. Este ponto é evidenciado

nas lojas próprias, onde os clientes são direcionados ao canal telefônico para

realizar as reclamações, disponibilizando um canal de relacionamento a menos

para reclamações. Blodgett et al. (1995) crêem que este estímulo faz com que

os consumidores percebam uma menor chance de insucesso no tratamento de

suas reclamações.

Ainda segundo Blodgett et al. (1995), outro fator que estimula a realização de

reclamações é relacionado à importância do produto para os consumidores. O

telefone celular, com sua alta taxa de adoção, principalmente em grandes

centros urbanos como o Rio de Janeiro, parece ter se tornado um bem muito

importante no dia-a-dia do consumidor (Lovelock e Wright, 2002).

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A Telefônica Celular declara que, com a criação de sua Ouvidoria, espera

reduzir o impacto na satisfação dos clientes gerado pelas reclamações. A

criação da Ouvidoria sugere uma maior preocupação da empresa com a justiça

distributiva (Lovelock e Wright, 2002) e com a interação com clientes. Esta

Ouvidoria atuará principalmente junto aqueles clientes que já efetuaram

alguma reclamação na empresa. Evitar-se-iam assim os efeitos da repetição

das reclamações no call center (Chauvel, 2000).

Outro ponto relevante segundo, Takeuchi e Quelch (1993), é a educação dos

empregados no atendimento, principalmente no que está relacionado à

reclamações. No caso específico da Telefônica Celular, há uma estrutura

dedicada ao atendimento de reclamações. Os empregados da linha de frente

são terceirizados e seus supervisores são funcionários da Telefônica Celular.

Também vale notar que há scripts padronizados de resposta, o que, de acordo

com Takeuchi e Quelch (1993), é fator essencial na estruturação de serviços

de atendimento.

Todos os atendentes de call center recebem treinamento específico para

fornecer um serviço padronizado ao cliente. Além disto, os atendimentos são

avaliados periodicamente através de escutas telefônicas realizadas por

pessoal próprio da Telefônica Celular. Os tempos de atendimento (tempo de

espera, tempo de/até abandono, tempo médio de trabalho após ligação) são

todos controlados e regidos por contrato com a empresa terceirizada,

garantindo a otimização dos mesmos.

O estudo feito por Souza (2002) questiona a busca da maior eficiência em

Serviços de Atendimento a Clientes, sugerindo que esta busca por eficiência

possa prejudicar a construção de relacionamentos em culturas relacionais (Da

Matta, 1984) como o Brasil.

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Especificamente no canal virtual (Telefônica On-line), a empresa vem

potencializando o uso deste canal por meio de propaganda nas contas dos

clientes e envio de mensagens de texto, o que está de acordo com as

vantagens explicitadas por Rosembloom (1999).

Ainda assim, a empresa declara que o gerenciamento do banco de dados de

clientes reclamantes está em desenvolvimento, o que não permite com que se

façam análises mais profundas deste canal por falta de dados disponíveis. Os

demais canais eletrônicos: URA (Unidade de Resposta Audível) e máquinas de

auto-atendimento ainda não permitem que o cliente realize reclamações e, de

acordo com a empresa, não há previsão para tal.

V.1.2) Os Tipos de Reclamações

Foram identificados três grandes motivos de reclamações de clientes da

Telefônica Celular ao longo da observação dos dados coletados junto aos

canais:

• Defeitos de aparelhos

• Problemas em contas e/ou faturamento

• Reclamações quanto ao atendimento per se.

Todos estes fatores estão relacionados a expectativas dos clientes, segundo

Kotler e Armstrong (1996). Não há nenhum fator externo como, por exemplo,

“promover descontos como faz a concorrência”, que influencie fortemente as

taxas de abandono dos clientes.

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Reclamações quanto aos Aparelhos

Quanto aos defeitos de aparelhos, no contexto de produto aumentado (Kotler,

1996), a assistência técnica seria uma das formas de as empresas ampliarem

a oferta do seu produto. No caso específico da Telefônica Celular este conceito

ainda não foi adotado. Os próprios fornecedores dos aparelhos é que são

responsáveis pela assistência técnica na grande maioria dos casos.

Esta peculiaridade pode ser um indício da causa do elevado número de

reclamações relativas a aparelhos. A separação da assistência técnica de

aparelhos da própria cadeia de valor da Telefônica Celular pode representar

uma menor percepção de qualidade do serviço prestado pela empresa.

Pode haver uma dissonância nas percepções entre clientes (compradores) e

vendedores, pois estes últimos são remunerados apenas em função da

quantidade de vendas. Não havendo foco no pós-venda, segundo Levitt

(1986), faz-se com que as percepções sejam realmente diferentes entre as

partes compradora e vendedora.

Além disto, como o próprio aparelho celular é o produto tangível mais

importante vendido pela empresa, este fator, segundo Blodgett et al. (1995),

influencia diretamente as ações de um consumidor diante de um possível

problema pois sem o aparelho funcionando corretamente é impossível

desfrutar dos serviços oferecidos.

Lovelock e Wright (2002) concluem que 93% dos consumidores com

problemas em seu aparelho telefônico, de fato, reclamam e tomam medidas

diante de um problema. Na Telefônica Celular os resultados indicam que as

reclamações são influenciadas pela variável aparelho. De qualquer modo,

nenhuma afirmação definitiva pode ser feita sem que seja realizado um estudo

mais detalhado deste fator.

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Reclamações quanto ao Atendimento

Já em relação a reclamações de atendimento prestado, deve-se lembrar que a

Telefônica Celular oferece grande facilidade de acesso aos canais de

reclamação principalmente o canal telefônico, já que o aparelho celular é o

próprio meio de acesso, o que, de acordo com Grönroos (1995), é um ponto

positivo e que determina boa qualidade do serviço. Por outro lado, a reputação

e a credibilidade, fatores também essenciais na percepção da qualidade dos

serviços parecem guardar ainda influências na Telefônica Celular por seu

passado recente de empresa estatal e sem foco no cliente.

De acordo com Takeuchi e Quelch (1993), um mau atendimento pode anular

as vantagens da entrega de um produto superior. A percepção da menor

qualidade no atendimento que gera reclamações dos clientes na Telefônica

Celular pode estar associada a alguns fatores como:

• Tempos de espera com duração incerta (Zeithaml et al., 1990);

• Substituição de funcionários de atendimento por tecnologia mais eficientes

em termos de custo (Avkiran, 1999), perdendo-se o contato humano direto

com o cliente.

As reclamações por causa do atendimento são realizadas principalmente

através dos canais alternativos como Anatel e Órgãos de Defesa do

Consumidor. Isto pode sugerir uma última alternativa ao atendimento prestado

pela empresa. Verifica-se internamente que, muitos dos clientes que chegam a

reclamar nestes órgãos públicos, já possuíram experiências (mal sucedidas)

nos canais de relacionamento da empresa.

Este aspecto é mais evidenciado quando se nota que os clientes, apesar de

não reclamarem direta e pró-ativamente quanto ao atendimento, o fazem nas

pesquisas de satisfação, onde o principal motivo de reclamações passa a ser o

atendimento. Este ponto pode indicar uma falha da empresa em relação ao

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atendimento aos clientes, não identificando suas necessidades em um primeiro

momento.

Portanto, no Brasil, como indica Chauvel (2000), nota-se que, possivelmente, o

caminho da Anatel e dos ODC é realmente visto como mais penoso para a

solução da reclamação, pois o cliente já tentou solucionar seus problemas,

sem sucesso, diretamente com a empresa.

Reclamações quanto às Contas

As contas enviadas aos clientes são outro grande motivo de insatisfação e que

geram reclamações para a empresa. Vale lembrar que as contas têm diversos

termos técnicos impressos e que, muitas vezes, são de difícil entendimento.

Sendo assim, sugere-se que grande parte desta insatisfação esteja ligada a

lacunas nos serviços prestados aos clientes pois o objeto realmente entregue –

valores faturados aos clientes mensalmente – provavelmente não é percebido

como tal em sua totalidade, como apontam Lovelock e Wright (2002).

Outra possível causa do elevado número de reclamações pode estar

relacionada ao número de contas com valores errados. Ainda que os clientes

reclamem de suas contas e os valores sejam ressarcidos, segundo Chauvel

(2000), este ressarcimento não geraria necessariamente a satisfação do

cliente brasileiro.

Um ponto ainda a ser esclarecido é que as reclamações de conta não são

apontadas como itens relevantes nas pesquisas de satisfação. Isto sugere

duas alternativas iniciais: ou os clientes já abandonaram a empresa, ou ainda,

os clientes ficaram satisfeitos com o resultado de suas reclamações de contas.

Não se pode fazer nenhuma análise adicional neste ponto, pois não há dados

disponíveis que a suportem.

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Pode-se apenas inferir a influência de alguns segmentos e de clientes nas

reclamações relativas a problemas com as contas. Os segmentos com contas

de maior valor, por exemplo, reclamam menos, provavelmente porque têm

serviços diferenciados oferecidos como detalhamento da fatura, prévia de

valores a pagar etc.

Um ponto de atenção refere-se à percepção de confiabilidade. De acordo com

Grönroos (1995), ela é um dos critérios que influenciam a boa qualidade

percebida do serviço. Como valores monetários cobrados em uma conta estão

diretamente ligados à percepção de confiabilidade, isto poderia levar o cliente

a reclamar, a partir do momento em que não possui mais esta confiança no

valor cobrado gerando desconfiança e reclamações reincidentes.

A tabela 16 fornece um resumo das principais reclamações de clientes em

2002 e das análises feitas até este ponto.

Tabela 16: Quadro resumo das reclamações de clientes em 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

Motivo daReclamaçãoMotivo da

Reclamação CanaisCanais

Panorama das Principais Reclamações de ClientesPanorama das Principais Reclamações de ClientesPanorama das Principais Reclamações de Clientes

TratamentoTratamento CaracterísticasCaracterísticas PossíveisMelhoriasPossíveisMelhorias

Influência daSegmentaçãoInfluência daSegmentação

Defeitos deAparelhos

Defeitos deAparelhos

PrincipalmenteLojas e Call

Center.Possivelmente

também nocanal virtual

PrincipalmenteLojas e Call

Center.Possivelmente

também nocanal virtual

1) Avalia procedência2) Soluciona o problema3) Contata o Cliente4) Monitora satisfação(amostra)

1) Avalia procedência2) Soluciona o problema3) Contata o Cliente4) Monitora satisfação(amostra)

! Reclamação Pró-Ativa

! Reflete naspesquisas satisfação

! Reclamação Pró-Ativa

! Reflete naspesquisas satisfação

Foco Externo daEmpresa

!Melhorarrelacionamento comfornecedores deaparelhos!Dar maior foco naAssistência Técnica

Foco Externo daEmpresa

!Melhorarrelacionamento comfornecedores deaparelhos!Dar maior foco naAssistência Técnica

Para os clientes demaior valor, influi nosíndices de satisfação

e de intenção deabandono

provavelmente porcausa do tratamento

diferenciado

Para os clientes demaior valor, influi nosíndices de satisfação

e de intenção deabandono

provavelmente porcausa do tratamento

diferenciado

Contas /Faturamento

Contas /Faturamento

PrincipalmenteLojas e Call

Center

PrincipalmenteLojas e Call

Center

1) Avalia procedência2) Soluciona o problema3) Contata o Cliente4) Monitora satisfação(amostra)

1) Avalia procedência2) Soluciona o problema3) Contata o Cliente4) Monitora satisfação(amostra)

! Reclamação Pró-Ativa

! Não refletediretamente naspesquisas satisfação /intenções de abandono

! Reclamação Pró-Ativa

! Não refletediretamente naspesquisas satisfação /intenções de abandono

Foco Interno daEmpresa

! Melhorar o Sistemada Faturamento! Tornar as Contasmenos Complexas

Foco Interno daEmpresa

! Melhorar o Sistemada Faturamento! Tornar as Contasmenos Complexas

Para os clientes demaior valor, influi nosíndices de satisfação

e de intenção deabandono

provavelmente porcausa do tratamento

diferenciado

Para os clientes demaior valor, influi nosíndices de satisfação

e de intenção deabandono

provavelmente porcausa do tratamento

diferenciado

AtendimentoAtendimentoEm sua

maioria, viaANATEL e

ODCs

Em suamaioria, viaANATEL e

ODCs

1) Contata o Cliente2) Apura Internamente3) Treinamento dosAtendentes (quando for ocaso)

1) Contata o Cliente2) Apura Internamente3) Treinamento dosAtendentes (quando for ocaso)

! Reclamação Reativa

! Principalinsatisfação observadanas pesquisas

! Reclamação Reativa

! Principalinsatisfação observadanas pesquisas

! Monitorarconstantemente oatendimento! Realizar pesquisasde satisfação nosoutros canais além docall center

! Monitorarconstantemente oatendimento! Realizar pesquisasde satisfação nosoutros canais além docall center

Possivelmente háinfluência, porém não

há indícios quecomprovem

Possivelmente háinfluência, porém não

há indícios quecomprovem

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V.1.3) Possíveis Impactos Relacionados à Satisfação

Primeiramente, quanto aos pontos de venda, deve-se lembrar que o cliente

não pode realizar reclamações nos agentes credenciados da Telefônica

Celular, o que provavelmente aumenta sua insatisfação. Por outro lado, o

modelo de remuneração adotado pela Telefônica Celular para com os agentes

credenciados leva em conta apenas o aspecto de vendas de aparelhos.

Dá-se, então, um conflito de interesses entre o agente credenciado e a

empresa, ou seja, dentro da cadeia de valor da Telefônica Celular. Como

solução alternativa, a Telefônica Celular poderia vir a alterar o modelo de

remuneração dos agentes credenciados levando em consideração aspectos de

pós-venda.

Vale também notar que as conclusões acerca das pesquisas de satisfação não

podem ser inequivocamente relacionadas às reclamações. Em diversos

momentos há, por exemplo, clientes reclamando da música de espera da

Telefônica Celular. Entretanto a Telefônica Celular não possui música de

espera em seu atendimento telefônico. Bennington et al. (2000) notam que

este viés na percepção dos clientes é comum e muitas vezes relacionado à

satisfação na prestação dos serviços como um todo.

Quanto à segmentação, esta parece não desempenhar papel relevante no mix

de reclamações pois as principais reclamações dos clientes de maior valor são,

em geral, as mesmas dos clientes de menor valor. A diferenciação está no

tratamento a estas insatisfações, ou seja, clientes de maior valor têm suas

reclamações atendidas mais prontamente que os de menor valor.

Por outro lado, os clientes de maior valor são menos propensos ao

cancelamento conforme os dados apresentados (gráfico 12). Este dado sugere

que o tratamento diferenciado a estes clientes pode fazer com que estes

efetivamente estejam menos insatisfeitos.

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Apesar do elevado número de clientes que podem estar insatisfeitos e não

reclamam diretamente com a empresa, pode-se inferir uma correlação entre os

tipos de reclamação e os motivos de abandono da empresa. No caso

específico da Telefônica Celular, isto é evidenciado principalmente pelo fato

das reclamações de aparelhos. Estas reclamações são as de maior volume

nos canais e, ao mesmo tempo, configuram o segundo maior motivo de

abandono da empresa. Em tempos de “parcerias”, os relacionamentos com as

empresas produtoras de aparelhos deve ser intensificado.

Quanto a pesquisas de satisfação dos clientes, a Telefônica Celular as realiza

apenas no canal telefônico. Deste modo, visa-se avaliar somente os principais

motivos de insatisfação dos clientes neste canal. Não há medição de

satisfação quanto ao atendimento em lojas. Neste canal, possivelmente o

atendimento prestado possui grau de satisfação diferente do call center como

aponta pesquisa conduzida por Bennington et al. (2000).

Segundo Peppard (2000), há uma crescente demanda pela utilização de novos

canais de relacionamento. Esta demanda faz com que as empresas tenham

que se adaptar e, provavelmente, a Telefônica Celular possa vir a realizar

pesquisas de satisfação em outros canais para melhor avaliar seu

atendimento.

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V.2) Conclusões Adicionais

A importância dada às reclamações dos clientes parece ainda pequena,

embora seja uma preocupação crescente na empresa. Nota-se que a

Telefônica Celular está gradativamente mudando seu foco da aquisição de

novos clientes para o foco na fidelização e retenção de clientes mais rentáveis.

Em relação ao aspecto de custos, de acordo com Reichheld (1993), as

empresas gastam menos ao fidelizar seus clientes do que ao recuperá-los ou

captá-los no mercado. Quanto maior o tempo de relacionamento com a

empresa, maior a lucratividade.

A comparação da satisfação “entregue” por empresas em outros países é

altamente benéfica, visto que permite cotejar a qualidade dos serviços

prestados no Brasil e em outros países. Os Estados Unidos, por exemplo,

possuem uma indústria de telecomunicações muito competitiva. O índice

aferidor da satisfação dos consumidores norte-americanos com diversos

setores de atividade econômica é o ACSI (American Customer Satisfaction

Index), formulado pela University of Michigan - Ann Arbor. Nos últimos três

anos, os índices de satisfação gerais da indústria de telecomunicações como

um todo foram os seguintes:

Nº em 2000: 72%

Nº em 2001: 70%

Nº em 2002: 71% (prévia)

No entanto, os consumidores norte-americanos convivem há mais tempo com

altos padrões de prestação de serviços. Os índices gerais norte-americanos,

nestes últimos anos, alinham-se com os obtidos na pesquisa da Anatel, de

69% a 76% de satisfação nos atributos pesquisados (gráfico 10). Este fato, no

entanto, não deve induzir a percepções de que a satisfação dos usuários

pesquisados nos dois países seja semelhante pois os graus de exigência e

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maturidade dos clientes americanos e brasileiros são diferentes, além das

diferenças culturais que influem na percepção de qualidade (Leite et al., 2000).

Sabe-se que há dificuldade em medir a satisfação dos clientes e monitorar

seus efeitos independentemente, ou seja, dificilmente consegue-se isolar estes

dois atributos (Chauvel, 2000). Como os dados mostrados ao longo desta

dissertação sugerem, o atendimento a reclamações está sendo otimizado

porém sempre de uma forma que parece reativa às demandas dos clientes na

Telefônica Celular.

Os resultados obtidos indicam que os clientes mais satisfeitos, ou seja, aqueles

com menor propensão ao abandono da empresa, são aqueles de maior valor.

Este fato pode estar relacionado ao tratamento diferenciado que a Telefônica

Celular oferece a estes clientes por estes aportarem maior rentabilidade para a

empresa. No futuro, no entanto, a percepção de valor do cliente pode ser

alterada e a segmentação utilizada deve ser adaptada a estas mudanças.

O desafio colocado pela própria empresa é conseguir se antecipar às

reclamações dos clientes, satisfazendo às necessidades destes antes mesmo

que estas mesmas necessidades se tornem motivos de preocupação e gerem

reclamações. Outro desafio que parece não estar claro na estratégia da

empresa é o de transformar reclamações em oportunidades de estreitar

relacionamentos com os clientes.

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V.3) Sugestões para Pesquisas Futuras

Dado o amplo espectro de possibilidades dentro do tema de relacionamento

com clientes, sugere-se a seguir algumas possibilidades de estudos futuros

considerando o cenário competitivo ainda incipiente no Brasil. Um ponto

relevante é notar que, grande parte das informações sobre o relacionamento

com os clientes, ainda não estão disponíveis ou não são divulgadas pelas

operadoras de telefonia móvel.

Como primeira sugestão, poderia ser feito um estudo que focasse na visão do

cliente sobre as reclamações, ou seja, fornecesse um melhor entendimento,

por meio de pesquisas junto aos próprios clientes, dos motivos e

conseqüências das reclamações. O estudo apresentado nesta dissertação

fornece apenas uma perspectiva interna da empresa.

Conforme apontado ao longo da dissertação, a Telefônica Celular não possui

dados que associem clientes reclamantes a clientes que abandonem a

empresa. Seria relevante que se realizasse um estudo evidenciando possíveis

relações entre o cliente que reclama e o que abandona a empresa. O estudo

poderia acompanhar o histórico do cliente desde sua primeira reclamação até

um possível abandono da empresa.

Outra sugestão consistiria no acompanhamento da evolução dos canais de

atendimento em relação às diversas solicitações dos clientes. Este

acompanhamento almejaria entender como estes canais se transformam com

o tempo, de forma a se adaptar às reclamações dos clientes e, até mesmo, às

limitações de custos.

O entendimento do segmento de clientes corporativos poderia ser o enfoque

de um estudo adicional, com esta mesma análise de suas reclamações, pois

muitas vezes estes clientes é que aportam maior rentabilidade para a empresa.

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Uma possível extensão do estudo é avaliar como podem ser utilizados, pela

prestadora de serviços, as aplicações de WAP (internet móvel) e SMS

(mensagens curtas) de modo a otimizar o relacionamento com o cliente

aproveitando o próprio telefone celular como canal de relacionamento.

Poder-se-ia também levantar o impacto que as reclamações em cada canal de

relacionamento têm no custo de atendimento. Este estudo traria

esclarecimentos adicionais quanto a que tipo de reclamações são as mais

onerosas para as empresas independentemente do volume de reclamações.

Desta forma, estaria sendo analisada a viabilidade econômica de cada tipo de

reclamação.

E, por último, uma outra possibilidade seria o enfoque mais profundo dos

impactos da segmentação de clientes no modelo de relacionamento da

empresa. Pode-se estudar como o uso desta informação, juntamente com um

modelo de dados sobre clientes, têm impacto sobre a satisfação, fidelização de

clientes e seu life time value.

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ANEXO 1: Dados de Reclamações em Lojas em 2002

Tabela 17: Dados completos de reclamações em lojas - 2002

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

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ANEXO 2: Segmentação de Clientes na Telefônica Celular

A Telefônica Celular realiza uma segmentação dos seus clientes de modo a

diferenciá-los no atendimento às suas solicitações. Deve-se ressaltar, porém,

que esta segmentação não é divulgada para os clientes, uma vez que, a

estratégia da companhia, neste momento de entrada e consolidação da

concorrência, não é passar a imagem de companhia que diferencia os clientes.

Esta segmentação leva em consideração três critérios principais de

agrupamento:

• valor da fatura;

• antigüidade do cliente. Significa há quanto tempo o cliente possui

relacionamento com a empresa;

• pontualidade no pagamento das faturas.

Apenas os clientes pós-pagos individuais, ou seja, aqueles que possuem

contratos com a Telefônica Celular e pagam mensalmente uma fatura, estão

segmentados. A companhia estuda formas alternativas de segmentação dos

clientes pré-pagos (que compram cartão para utilizarem os aparelhos) e

clientes corporativos.

Sendo assim, os clientes pós-pagos são divididos em cinco grandes grupos de

clientes descritos a seguir em ordem decrescente de valor percebido para a

companhia.

• Clientes “Diamante”

• Clientes “Ouro”

• Clientes “Prata”

• Clientes “Bronze”

• Clientes “Azul”

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Os três primeiros grupos (Diamante, Ouro e Prata) são chamados de clientes

de “Alto Valor” e têm prioridade diferenciada no atendimento telefônico e

prazos diferenciados no tratamento a reclamações. O grau de satisfação

destes clientes é normalmente, nas pesquisa internas de satisfação, maior do

que os dos demais clientes. Os demais grupos (Bronze e Azul) formam o que

se chama internamente de “Grande Público”. Os percentuais de clientes em

cada grupo podem ser observados no gráfico 13.

Há uma parcela dos clientes que não são segmentados pois são novos clientes

com perfil de utilização ainda indefinido. Há ainda sub-divisões destas

categorias, porém sua utilização foge ao escopo deste trabalho.

Gráfico 13: Percentual de clientes por segmento

Fonte: Dados internos - Telefônica Celular

AZUL - 48%

BRONZE - 25%

PRATA - 11%

OURO - 2%DIAMANTE - 2%

Ñ SEGMENT.

13%