Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

25
c  aminhos d  a linguístic  a históRic  a Rosa Virgínia Mattos e Silva vr dível

Transcript of Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 1/24

c aminhos d a linguístic a históRic a

Rosa Virgínia Mattos e Silva 

vr dível

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 2/24

Direitos reservados àParábola EditorialRua Sussuarana, 216 - Ipiranga04281-070 São Paulo, SPpabx: [11] 5061-9262 | 5061-1522 | ax: [11] 5061-8075home page: www.parabolaeditorial.com.br

e-mail: [email protected]

 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida outransmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico,incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de

dados sem permissão por escrito da Parábola Editorial Ltda.

ISBN: 978-85-88456-88-4

© da edição brasileira: Parábola Editorial, São Paulo, outubro de 2008

Editor: Marcos Marcionilo

Capa E projEto gráfiCo:  Andréia Custódio

ConsElho Editorial:  Ana Maria Stahl Zilles [Unisinos]

Carlos Alberto Faraco [UFPR]Egon de Oliveira Rangel [PUCSP]

Gilvan Müller de Oliveira [UFSC, Ipol]

Henrique Monteagudo [Univ. de Santiago de Compostela]

Kanavillil Rajagopalan [Unicamp]

Marcos Bagno [UnB]

Maria Marta Pereira Scherre [UFRJ, UnB]

Rachel Gazolla de Andrade [PUC-SP]

Salma Tannus Muchail  [PUC-SP]

Stella Maris Bortoni-Ricardo [UnB]

CiP-braSil. CataloGaÇÃo Na FoNtESiNdiCato NaCioNal doS EditorES dE liVroS, rJ

S583cSilva, Rosa Virgínia Mattos eCaminhos da linguística histórica - “ouvir o inaudível” / Rosa Virgínia

Mattos e Silva. -São Paulo, Parábola Editorial, 2008.208 p. (Lingua[gem] ; 30)

Inclui bibliografaISBN 978-85-88456-88-4

1. Linguística histórica. 2. Mudança linguística. 3. Filologia. 4. Sociolin-guística. I. Título. II. Série

08-4415 CDD: 417.7 CDU : 81´28

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 3/24

SumáRio

“OUVIR O INAUDÍVEL”............................................................. 7Inroduo ............................................................................... 7

A. De que raa a linuísica isrica? ....................................... 8

B. Ser ossível searar sincronia de diacronia? ........................ 10C. Qual a dierena enre linuísica isrica e linuísicadiacrônica? .............................................................................. 12

D. É ossível aer linuísica isrica ou diacrônica seconsiderar a loloia? ............................................................. 13

E. Qual a relao enre linuísica isrica e linuísica erica? 15

parte i

A mUDANçA LINgUÍStICA Em pERSpECtIVAINtRALINgUÍStICA E INtRASSIStêmICA ................... 27

1. A eoria neoraica da udana linuísica ..................... 292. O esruuraliso diacrônico .................................................. 353. O eraiviso diacrônico ....................................................... 43

parte ii

A mUDANçA LINgUÍStICA Em pERSpECtIVASóCIO-hIStóRICA OU ExtRALINgUÍStICA ............... 551 precursores .............................................................................. 56

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 4/24

Antoine Meillet ...................................................................... 56 Michael Bakhtin ..................................................................... 58 Otto Jespersen......................................................................... 60 Ramón Menéndez Pidal ......................................................... 62Émile Benveniste .................................................................... 65

2 A udana linuísica no uncionaliso .............................. 71Sobre o sociouncionalismo ................................................... 91

3 A eoria da variao e udana laboviana ............................. 95A sociolinguística paramétrica: o “casamento” da variaçãointrassistêmica e intersistêmica............................................. 133

As tradições discursivas numa perspectivahistórico-diacrônica ................................................................ 146

4 Aluas observaões conclusivas .......................................... 149

parte iiiA REALIzAçãO DA mUDANçA LINgUÍStICA ................... 157

preliinar ............................................................................... 157

1 Aluns recursores ................................................................. 158J. H. Bredsdor ....................................................................... 158O. Jespersen............................................................................. 159R. Menéndez Pidal.................................................................. 160E. Sapir .................................................................................... 161É. Benveniste........................................................................... 164

2 Os neoraicos ................................................................... 167

3 O esruuraliso diacrônico .................................................. 170Eugenio Coseriu ..................................................................... 172

4 Na sociolinuísica .................................................................. 175

5 No eraiviso ....................................................................... 180R. Lass ..................................................................................... 184

Considerao nal ......................................................................... 187

REERêNCIAS BIBLIOgRáICAS ............................................ 189

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 5/24

 

“ouViR o inauDÍVEL”

Os principais testemunhos para o passado linguístico mais remotosão os textos escritos: inscrições, manuscritos, livros impressos (R. Lass 1997: 44).

Introdução

“Ouvir o inaudível” [“earin e inaudible” (Lass 1997:45)] ou “a are de aer o elor uso de aus dados” (Labov 1982: 20) so

aroriadas eoras, uiliadas or dois esecialisas coneorâneos,

ara denir o io de dados de que disõe os que rabala no cao da

linuísica isrica. meoras que abé ode, e are, deliiar o

que seja o rabalo nesse cao da linuísica.

Nesa inroduo, desenvolvo conceios bsicos, ano reerenes à lin-

uísica isrica, no seu senido esrio, coo a sua relao co a loloia e

co a linuísica erica. Busco abé resonder às seuines quesões:

A. De que raa a linuísica isrica?

B. Ser ossível searar sincronia de diacronia?C. Qual a dierena enre linuísica isrica e linuísica diacrônica?D. Ser ossível aer linuísica isrica e linuísica diacrônica se

considerar a loloia?E. Qual a relao enre linuísica isrica e linuísica erica?

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 6/24

Caminhos da linguística histórica

A. De que trata a linguística histórica?

tradicionalene, dene-se a linuísica isrica coo o cao da

linuísica que raa de inerrear udanas — ônicas, rcas, sinicase seânico-leicais — ao lono do eo isrico, e que ua línua ouua aília de línuas é uiliada or seus uenes e deerinvel esaoeorco e e deerinvel erririo, no necessariaene conínuo. Con-udo, a isria de ua línua, coo a isria dos oens, coo di m.oucaul, “no é ua durao: é ua ulilicidade de eos que se eara-na e se envolve uns nos ouros” (2000 [1972]: 293). Se assi é, a lineari-dade eoral das udanas nas línuas deve ser revisa, e a “ulilicidadede eos que se earana” deve ser levada na devida cona or aquele quea linuísica isrica. Ua rera ou lei do io neoraico, e que x (noeo A) > Y (no eo B), no se susena orque, enre A e B, úlilosaores ode er ido eeios ineserados sobre a udana de x > Y.

tendo encionado ua rera ou lei do io neoraico, direi aenas,ara reornar à eoria neoraica na are I dese livro, que ela oi a ri-eira eoria sobre a udana linuísica. Deois do adirvel rabalo dos

coaraivisas da rieira eade do século xIx, na reconsruo enéicadas línuas, sobreudo as indoeuroéias, de que no raarei nese livro ( c.,. e., Weedwood, 2002: 103-106; araco 2005: 139-142, ara ciar aenasauores cujos livros eso e oruus), os neoraicos ora, cera-ene, coo di C. A. araco, “u divisor de uas” (id.: 139).

Co base e Euenio Coseriu, no clssico Sincronia, diacronia e his-tória, que ara que a “descrio e a isria da línua siua-se, abas,no nível isrico da linuae e consiue junas a linuísica isrica”(1979: 236) e ainda undaenada no abé clssico Fundamentos empí-ricos para uma teoria da mudança linguística (2006/1968), cujos auores— U. Weinreic, esudioso do conao linuísico (c. Languages in Con-tact), ublicado ela mouon e 1953 e reediado e 1964, m. hero,dialeloo, auor do alas linuísico do iídice na Euroa, e W. Labov, enodiscíulo de U. Weinreic —, ceuei a ua orulao do que raa a lin-uísica isrica, ou seja, no se raa aenas das udanas das línuas aolono do seu eo de uso. É alo ais.

De eu ono de visa, j eoso e ario de 1988, que no oi con-esado, considero que se ode adiir duas randes verenes na linuís-

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 7/24

Ouvir o inaudível

ica isrica, que desinei, e aneno, de linuísica isrica lato sensu elinuísica isrica stricto sensu.

A linuísica isrica lao sensu rabala co dados daados e loca-liados, coo ocorre e qualquer rabalo de linuísica baseado e cor-pora, que, necessariaene so daados e localiados, al coo os esudosdescriivos, sobreudo do esruuraliso aericano, que eve seuidores

no Brasil, inclusive eu esa no livro de 1989, Estruturas trecentistas.

Nesse livro, descrevi os dados de u lono eo do século xIV, Os quatro

livros dos Diálogos de São Gregório; os esudos dialeolicos, ano alas

linuísicos, coo onoraas sobre dialeos reionais; os esudos socio-

linuísicos, coo os da sociolinuísica variacionisa, que rena o éo-do de quanicao or eio de roraas inoraiados, que eriecruar variveis inra e eralinuísicas e esabelece os esos relaivosdessas variveis; os esudos enolinuísicos, que, uiliando inoranesadequados aos objeivos, consiue corpora ara anlise, e eral denaurea qualiaiva. poderia ainda incluir na linuísica isrica latosensu as eorias do eo, do discurso e da conversao, que se baseia e

corpora daados e localiados.Considero a linuísica isrica stricto sensu a que se debrua sobre o

que uda e coo uda nas línuas ao lono do eo e que ais línuasso usadas. É essa a radicional conceo da linuísica isrica, que, no seusenido esrio, ode ser rabalada e duas orienaões:

a) a linuísica isrica scio-isrica eb) a linuísica diacrônica associal.

A do io a considera aores eralinuísicos ou sociais, abé ao-res inralinuísicos, coo a scio-isria roosa or S. Roaine (1985)e as sociolinuísicas, que raa da udana linuísica, coo é o caso daeoria laboviana da variao e udana. Desse io de linuísica isricaraarei na are II dese livro.

A do io b considera aenas aores inralinuísicos, coo é o casodos esruuralisos diacrônicos, cujo eelo aior é o de A. marine, no

seu livro de 1955, Économie des changements phonétiques, e do eraivis-o diacrônico, que e coo reresenane aior D. Lioo, que, desde1979, co o seu livro Principles o Diachronic Syntax, ve reorulando

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 8/24

10

Caminhos da linguística histórica

sua eoria da udana sinica, de acordo co as odicaões do odeloeraivisa. Desse io de linuísica isrica raarei na are I.

A linuísica isrica no senido esrio deende, direaene, da loloia,ua ve que e coo base de anlise inscriões, anuscrios e eos ires-sos no assado, que, recuerados elo rabalo lolico, orna-se os corpora indisensveis às anlises das udanas linuísicas de lona durao.

O que oi eoso aé aqui, no que se reere à queso A, ode ser sin-eiado no rco seuine:

B. Será possível separar sincronia de diacronia?

Desde que . de Saussure oi divulado no célebre Cours de linguisti-que générale (1916), a dicooia “sincronia” vs. “diacronia” ornou-se, araos esruuralisos que se iniciava, u dos osulados bsicos da linuís-ica oderna.

Saussure deendia que a langue ou “sisea” seria u coleo sis-ea de valores uros, ou seja, que os eros que o couna no se

Filologia Linguística histórica

A “ciência do tex-to”, base dos da-dos da linguísticahistórica.

Stricto sensu Lato sensu

Todo tipo de linguís-

tica que trabalha comcorpora datados elocalizados.

Linguística históricasócio-histórica

Linguística diacrônicaassocial

Considera fatoresextralinguísticosou sociais

Considera, sobretudo,fatores intralinguís-ticos

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 9/24

11

Ouvir o inaudível

denia or si esos, as or relaões recírocas. Esse sisea oo-neo consiuiria u état de langue e seria o objeo de esudo recíuo dalinuísica, da linguistique de la langue. A diacronia, or sua ve, raariadas udanas or que ua línua assa no eo e essas udanas ocor-reria na parole. Saussure deu rioridade à linguistique de la langue, ederieno da linguistique de la parole. Conudo, Saussure adiiu que aanlise aenas sincrônica seria ua absrao erica, idealiada coo ob- jeo de esudo, ua ve que esava consciene do ovieno das línuas aolono do eo. No esruuraliso aericano, sobreudo o de orienaoblooeldiana, é que a descrio sincrônica, ou linuísica descriiva, evi-ando aruenos isrico-diacrônicos, doina soberana.

Co a eeonia dos esudos sincrônico-descriivos, os esudos is-rico-diacrônicos assara a lano secundrio. Enreano, no ardou quesurisse os “revisionisas” dos osulados saussurianos. No que concerneà dicooia “sincronia” vs. “diacronia”, desacarei rieiro Coseriu.

Coseriu, u dos randes linuisas do século xx, no seu livro Sincronia,diacronia e história: o problema da mudança linguística, ublicado e oru-us e 1979, ao adiir que “a descrio e a isria da línua… consiue

 junas a linuísica isrica” (1979: 236) e sendo coerene co a disinoque desenvolve enre uncionaeno, sincrônico, e o consiuir-se, diacrônico,e que sincronia e diacronia so duas aces do eso enôeno, ara:

A línua se a…: é u aer-se nu quadro de eranncia e de coninuidade…mas o ao de se aner arcialene idnica a si esa e o ao de incororarnovas radiões é, recisaene, o que asseura sua uncionalidade coo línua eseu carer de “objeo isrico”. U objeo isrico s o é, se é, ao eso e-o, eranncia e sucesso (id.: 237-238).

Co a sociolinuísica laboviana ou variacionisa, cai or erra a “o-oeneidade” do objeo de esudo saussuriano, quando, j nos Fundamentosempíricos para uma teoria da mudança linguística, de 1968, deende osauores a “eeroeneidade” sincrônica. Essa “eeroeneidade ordenada”eriiu que a udana linuísica se inerasse a esse odelo erico, quecriou o ariício eodolico do “eo aarene”, dando are à de-onsrao da udana nua diacronia sincrônica, co base no esudo da

variao de alanes de aias erias dierenes, convivenes nua esacounidade de ala, e u eso eo e luar. pelas resas da variaoeria se evidenciava, na sincronia, a diacronia.

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 10/24

12

Caminhos da linguística histórica

C. Qual a dierença entre linguística históricae linguística diacrônica?

Cosua-se no disinuir linuísica isrica de linuísica diacrôni-ca. Conudo, essa disino deve ser eia.

iquei alera ara essa dierena, quando Ian Robers inisrou ucurso sobre eraiviso diacrônico e, or er se ineressado elo que nos-so ruo de esquisa — proraa ara a hisria da Línua poruuesa(pROhpOR) aia, disse que aíaos linuísica isrica e no diacrônica,iso é, rabalvaos co o objeivo de descobrir ou desvelar a consiuio

isrica da línua oruuesa ao lono de seu eo isrico.

Os eraivisas busca “elicar” (enre asas elicar, orque rero“inerrear”) as udanas — no caso, sinicas — que ocorrera se consi-derar aores eernos, ou scio-isricos, ineressados aenas nos aores r-rios à grammar do alane, ou seja, e seu rocessaeno couacional.

Essa osio erica é consequene co a eoria eraiva, que consideraa linuísica coo ua “cincia naural” e no “isrica”.

No livro Clause Structure and Language Change (1995), A. Baye e I.Robers so aaivos e be dene, da eoria de rincíios e arâeros, alinuísica isrica, conraondo a radio e a erseciva que adoa:

A aioria do rabalo radicional na linuísica isrica e na loloia é rabalosobre a “E-lanuae”… a anlise de ua línua coo “E-lanuae” é indeen-dene, e rincíio, de qualquer roriedade que ossa ser aribuída à ene/cérebro dos alanes naivos… à raica concerne undaenalene a “I-lan-

uae” (id.: 7).Deois de relacionare “quesões radicionais” aos esudos diacrôni-

cos ara:

Qualquer resosa que ossaos divisar ara as quesões dadas deender desaqueso: quais so os ecanisos da udana de arâeros… Acrediaos queo esudo da sinae diacrônica, ua ve que nos d u insight sobre os ecanis-os da udana de arâero, ode nos dier alua coisa sobre a arcao dearâeros, iso é, sobre a aquisio da linuae (id.: 6-8).

I. Robers ina rao ao arar que linuísica isrica é o que ae-

os no pROhpOR, e diacrônica, o que ae os eraivisas coo ele. Vola-

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 11/24

13

Ouvir o inaudível

rei à eoria da udana nua erseciva inrassisica na are I dese livroe abé à eoria da udana no eraiviso diacrônico.

D. É possível azer linguística histórica oudiacrônica sem considerar a flologia?

Ao buscar resonder à Questão A, aresenei e u rco a relaoenre a linuísica isrica, que no seu senido esrio deve esar relaciona-

da, eso deendene, do rabalo da loloia e, ali, sineicaene, dio

que a loloia é a “cincia do eo”, isso na verdade di uio ouco.Buscando ua denio ara a loloia no âbio dos esudos lol-

icos e linuísicos sobre a línua oruuesa, coeo co o esre Leie

de Vasconcellos que, nas suas Lições de flologia portuguesa, dene coaliude a loloia:

A loloia abrane ois: isria da línua (looloia, lica, linuísica e seusraos) co a esilísica e a érica; isria lierria. a-se alicao rica daloloia quando se edia criicaene u eo (1950: 8).

E conclui Leie de Vasconcellos

Nas inas releões, enendo de ordinrio or loloia oruuesa o esudo denossa línua, e oda a sua aliude, no eo e no esao, e acessoriaene oda lieraura, olada sobreudo coo docueno oral da esa línua (id.: 9).

illoos brasileiros coo Sera da Silva Neo, Anenor Nascenes,Sousa da Silveira, enre ouros, lloos declaradaene discíulos de Leie

de Vasconcellos, aceia essa conceo abranene ara loloia.Nesse “eo” uio be denido or Ivo Casro, abé lloo,e esudo e oenae ao rande lloo brasileiro Celso Cuna, ediordos Cancioneiros de paay goe Carino, marin Coda e Joan zorro,aroriadaene, di que era o “eo”:

e que linuisas abé era enraos, isoriadores, olclorisas, arquelo-os e no ina roblea de idenidade discilinar, ois se sabia aricianesde ua vasa eresa de aquisio de conecienos diversicados, as aro-

niveis e orno de u ineresse cou ela alavra docuenal ou arísica eelo seu cooraeno na isria. Conecere-se odos or lloos era radi-cional e aroriado (1995: 512).

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 12/24

14

Caminhos da linguística histórica

J Joaqui maoso Câara Jr., o caado “ai da linuísica” (o-derna) no Brasil, conraõe a linuísica à loloia, no seu Dicionário. Noverbee “Linuísica” di:

traa-se de ua cincia desineressada, que observa e inerrea os enôenos lin-uísicos: a. nua dada línua; b. nua aília ou bloco de línuas; c. nas línuase eral, ara dereender os rincíios undaenais que ree a oraniao eo uncionaeno da linuae enre os oens. h assi, orano, a linuísicaesecial (oruuesa, rancesa ec.); a linuísica coaraiva (indoeuroéia, caí-ico-seíica ec.); a linuísica eral. No so eros equivalenes à raica,e qualquer de suas aceões e à flologia, que pressupõe uma língua culta e umaescrita (1970 [1956]: 1956; rios eus).

maoso Câara Jr. resrine o cao de rabalo da loloia. Delediscordo quando di que a loloia “ressuõe ua línua lierria”. Basareerir os eos no-lierrios (ociais ou ariculares) que j ora edi-ados, ou eso a ser, no projeo ara a hisria do poruus Brasileiro,coordenado or Aaliba de Casilo, e a edio onuenal de L. . LindleyCinra sobre os Foros de Castelo Rodrigo, de 1959.

A loloia, oje, arece inerar-se elor coo ua das oras deabordar a docuenao escria, ano lierria coo docuenal e sen-

ido alo, enriquecida elas vias da críica eual, ano de eos anioscoo odernos. Assi a loloia assue o seu luar coo a “cincia doeo”, erana benéca seeada quase vine séculos elos aleandri-nos, nu reorno que, no dier do lloo oruus I. Casro, no é uaresaurao, as renovado reorno, or causa dos diensionaenos de seuobjeo, or causa dos avanos da inorica (c. Casro, 1995: 531). E no queconcerne aos esudos linuísicos, or causa do abé renovado reornorelaivaene aos esudos isrico-diacrônicos.

Qual ser eno o rabalo do lloo? Ninué elor do que a lloaialiana, no senido ais alo ossível do ero, Luciana Senano piccio,ara resonder a essa inerroao. No seu livro A lição do texto: flologia eliteratura, di:

illoo é que, uiliando odos os insruenos dos quais ode disor, esudan-do odos os docuenos, se esora or enerar no eisea [esaos sincrônicosideoloicaene unirios] que decidiu esudar, rocurar a vo dos eos e de uassado que j no considera suocado elos esados sobreosos (1979: 234).

Esero que se veja que no se ode aer linuísica isrica ou diacrô-nica se a docuenao reanescene do assado. Lebre-se que o erai-

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 13/24

1

Ouvir o inaudível

visa David Lioo no seu Principles o Diachronic Syntax, de 1979, enreouros robleas que levana na inroduo de seu livro, ressala o ael dolloo, edior de eos do assado, se os quais se orna iossível alicarqualquer eoria sobre a udana linuísica, inclusive a eraiva.

Coo no Brasil, a loloia recuou ara dar esao à linuísica o-derna, aqui aorada na década de 1960, viu-se de reene, ao reornare osesudos isrico-diacrônicos — ela via da sociolinuísica, do eraivisoe, ais receneene, ela via dos uncionalisos — que uios linuisasora e busca da releada loloia.

No que se reere à eodoloia, deve-se ressalar que no se ode ne

se deve uiliar qualquer edio de eo do assado ara a anlise isrico-diacrônica: a edio e de er sido eia co rigor flológico e co o obje-ivo claro de servir a esudos linuísicos; ediões úeis ao isoriador ouao esudioso da lieraura ou ao caado rande úblico, as que, conudo,no deve ser usadas ara esudos de isria linuísica.

E. Qual a relação entre linguística histórica e

linguística teórica?

E obras clssicas sobre a linuísica isrica, ais coo a HistoricalLinguistics, de teodora Bynon (1990 [1977]); a Historical and Comparati-ve Linguistics, de Raio Anila (1989 [1972]); a Socio-Historical Linguis-tics, de Suanne Roaine (1985 [1982]) e a de Raio Lass, Historical Lin-guistics and Language Change (1997), no raa esses auores da relao

enre linuísica isrica e linuísica erica.Rober marin, e Para entender a linguística (2003 [2002]), oraniao seu livro e seis caíulos: no rieiro, raa da linuísica descriiva; noseundo, da linuísica erica; e seuida, da linuísica eral; da losoada linuae; da linuísica isrica e da linuísica alicada.

Nessa obra, que e coo subíulo Epistemologia elementar de umadisciplina, vou e deer no que di o auor sobre a linuísica erica, caí-ulo 2, e sobre a linuísica isrica, caíulo 5.

Dene marin linuísica erica, loo no rieiro arrao do caí-ulo, diendo que a “nalidade da linuísica no é soene descrever, as

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 14/24

16

Caminhos da linguística histórica

abé elicar: dier or que os aos so coo so. Que esécie de causa-

lidade a linuísica ode alear?” (id: 51).

É a essa eruna que ele vai enar resonder. marin descara a “cau-salidade” isrica — “or ais esclarecedora que ossa ser, se rende a

ua causalidade enoenal: u dado enôeno rové de ouro ais an-

io” (id.: 52).

À . 53, ele di que enar osrar que a “elicao no ode escaar

de ua eoria”, que deve “dar cona do discurso” (id.: 57). E elica que “dar

cona” sinica “redier”. Conclui que a “uno da eoria é, eno, ua

uno rediiva, se eerce essencialene e dois doínios: a cobinaoe a inerncia” (id.: ib.).

Coninuando, di ele que a “cobinao”

deve redier as cobinaões que so aceiveis e as que no so: u dos randesérios do linuisa aericano N. Cosky oi er colocado o roblea nesseseros e -los vinculado às eincias do que se caa “oraliao” (id.: ib.).

Conclui o ie sobre a “cobinao”, arando que, “no das con-

as, so eras descriões siseaiadas, aberas sobre o ossível, as uioracaene elicaivas” (id.: 62)

Quano à “inerncia”, di que “ocua u luar iorane na eoriaseânica” (id.: 62), e ais adiane, a arir de eelos, ara o auor queé iorane a relao inerencial, orque ua das unões da eoria serredi-la correaene (c. . 63). Desaca ainda:

ua eincia essencial: a da eneralidade. Ua elicao suõe sere que nos

eleveos a u nível suerior de absrao. As eorias rediivas ode se siuare níveis uio variveis de eneralidade (id.: 67).

Deois de desenvolver os “níveis de eneralidade”, conclui o caíulo 2,osrando que, coo a linuísica aresena “oda sore de odelos” (id.: 73),

disso resula ua oridvel variedade erica, da qual no odeos dar neselivro, ne sequer u anoraa… o erio, de odo odo, é que se ulilique“as irejinas”: as oões ericas ode aé ser o eclusivas que os ebrosde ua escola ole soberbaene os de oura. mas as ersecivas eso u-

dando… Se é reciso rejeiar os ecleisos e as síneses, a linuísica erica, orouro lado, e udo a anar se rivileiar,ara alé das dierenas, os rincíiosunicadores e a invesiao de universais eodolicos (id.: 73-74).

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 15/24

Ouvir o inaudível

No caíulo 5, marin raar da linuísica isrica. Ara, de início,que “odas as línuas evolue” e s “eranece esicas as línuas or-as” (id.: 135). Considera que a

linuísica, orano, e obriaoriaene ua dienso isrica. Decero, éossível desineressar-se da isria. A linuísica “esruuralisa”, aericana oueuroéia, considerou que o bo uncionaeno das línuas no suuna e nadaconecienos isricos (id.: 135).

Considera marin que ua “dula dienso” na linuísica isrica:

toda línua é eia de caadas diversas: é necessrio u ínio de culura is-rica ara discerni-las. Elicar ua línua é, ao enos, e are, coreender

sua isria… eis, orano, o que jusica a abordae isrica, eso e urasincronia coneorânea. mas ca bvio que a isria da línua enconra e siesa alas raões ara odicar sua rica (id.: 141-142).

Ao raar da “elicao isrica”, di que essa “elicao se baseiae dois ios de noões: os universais diacrônicos e as endncias ioli-cas” (id.: 147). No desenvolverei aqui esse ico, que ser ocaliado naare III dese livro.

Ao naliar o caíulo 5, ara marin que “de ao a isria se siuaora de oda revisibilidade” (id.: 160). E encerra:

As u eríodo de relaivo aaaeno, a linuísica diacrônica recuera uavialidade oda nova: os dados no ara de se acuular e os éodos elicaivosde se oralecer. Aqui, coo e ouros caos, o roresso eiiria u esorode unicao. Se é ilusrio — e alve ernicioso — querer unicar os éodos, éurene aroniar da elor aneira ossível o acesso aos dados; cada ve aisdocuenos so eleronicaene consulveis; s a unicao relaiva de sua bali-ae iereual eriiria ua elorao verdadeiraene eca (id.: 160).

Ebora os caíulos 2 e 5 de marin no ena a ineno de relacio-

nar linuísica erica e linuísica isrica, inora, se dúvida, sobre o

objeo de esudo dessas duas linuísicas.

Conquano obras clssicas sobre a linuísica isrica no rae da

relao enre as duas linuísicas e causa, o livro de Carlos Albero araco,

Linguística histórica (2005), raa da relao enre “linuísica descriiva/

erica x linuísica isrica” (2005: 98) e di:mais odernaene, e decorrncia da ora coo se v dando os esudos sin-crônicos, os anuais cosua usar a denoinao linuísica erica ara os esu-

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 16/24

1

Caminhos da linguística histórica

dos sincrônicos (elo ao de esses esudos se ocuare anes co a consruo deodelos ericos, deduivos, dos siseas linuísicos e no co descriões indui-

vas) e oosio à linguística histórica (id.: 99).

Ao raar de “conceões de linuae e orienaões ericas dieren-es”, di araco:

A orulao e a discusso críica dos conceios de sincronia e diacronia revelaa queso eiseolica cenral da linuísica isrica, ou seja, a conceo doobjeo de esudo que cada ua das dierenes orienaões e. Dieos que essaé a queso cenral orque é ela (a conceo de linuae) que vai direcionar oodo coo cada orienao erica vai enender a udana, o que, or sua ve, vaideerinar seus dierenes éodos (id.: 102-3).

E, à . 105, ara:

E rao da diversidade erica que caraceria a cincia e cada oeno de suaisria, e e rao dos resecivos confios enre as eorias e a eoria e o real,o rocesso acuulaivo se d enos or soa do que or alas reelaboraõesericas, iso é, or reoadas de quesões eíricas e rocedienos analíicose novas caves inerreaivas.

E “Selecionando eorias”, di araco:

Ao iniciar-se e linuísica isrica… o esudane no e aenas de doinarconceios e éodos, as rincialene er clarea quano a ceras oões ane-riores a conceios e éodos que ele dever aer (id.: 105).

peruna-se araco: “o ecleiso seria ua saída?” E resonde:

O ecleiso acilene era conradio inerna, o que é u deeio caial dequalquer elaborao erica. Ao eso eo, o ecleiso nunca arane uabase eodolica consisene e, jusaene or isso, acaba or no ornecer as

bases ara ua ao roduiva… Isso no quer dier que no aja eorias coa-íveis, enre si, ne que a oo or ua eoria sinique doaiso. A co-aibilidade de eorias se d, e eral, quando elas coarila undaenosloscos (id.: 110).

Coninua araco:

Condenar o ecleiso no sinica — é iorane reeir — que as eorias no seenrecrue… Assi, ua coisa é o ecleiso (u aonoado acríico, innuo,de eorias) e oura é a sínese erica que ilica a neao de ua eoria (ela

críica a seus undaenos) e a reoada das quesões eíricas e de seus roce-dienos analíicos e novo esquea erico, e nova cave inerreaiva. Se oecleiso é condenvel, a sínese é, evideneene, desejvel (id.: 111).

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 17/24

1

Ouvir o inaudível

Concordo lenaene co as osiões de araco. Eorei, conudo,eu ono de visa, que no divere do dele, as es eseado na rica dequase quine anos do pROhpOR.

No eo co que nos aresenaos, e 1992, ao CNpq, u de nossos

robleas era eaaene ese: que lina erica seuir? Oaos no elo

“ecleiso erico”, as or ser “eerodoos”; no seuir ua lina erica

única. J avia no ruo “esruuralisas”, “variacionisas” e “eraivisas”.

hoje abé “uncionalisas”, “lloos”, “leicloos/leicraos” e

aluns que busca reconsiuir a scio-isria do oruus brasileiro.

A deciso do ruo oi: qualquer rabalo/esquisa deveria er ua “basedescriiva” e, de acordo co a orao e objeivo de cada u e cada rabalo/

esquisa, a base erica deveria er coerncia e consisncia erica, qualquer

que osse. Esudaos eos clssicos da linuísica isrica ou diacrônica

de A. Kroc, D. Lioo, S. Roaine; de uncionalisas (alees, inleses,

aericanos e brasileiros), endo coo objeivo a reconsiuio do assado da

línua oruuesa.

S. Roaine, no seu livro de 1985 — Socio-Historical Linguistics —, nosdeu ua isa undaenal, sobreudo no que se reere a u aseco eo-

dolico (oda eoria e o seu éodo): analoaene às classes sociais dos

esudos de udana linuísica no “eo aarene” da eoria laboviana,o “io” ou “nero de eo” so variveis eernas ou eralinuísicas

que deve ser consideradas. A arir daí, as esquisas do pROhpOR, que

raa de udana no “eo real de lona durao”, buscado levanar

dados e eos de naurea disina.

para o eríodo arcaico da línua oruuesa (séc. xIII a eados do séc.

xVI), no so uias as oões: eos noariais (ariculares e ociais); e-

os isoriorcos; eos de lieraura reliiosa; eos ccionais (coo é

o caso do Ciclo do graal) e a rica docuenao oéica do Cancioneiro me-dieval poruus, ano o roano coo o sarado.

No que se reere à isria do oruus brasileiro, a esa esraéiade seleo de eos ve sendo adoada: caras ociais e ariculares; docu-

enos ociais (aas, esaenos/invenrios), anúncios de jornais e edi-oriais (eses úlios, a arir do século xIx), sere buscando se a “o”

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 18/24

20

Caminhos da linguística histórica

que escreveu o docueno é a de u brasileiro, de u oruus ou de uaricano ou arodescendene. Nese úlio caso es a esquisa de KlebsonOliveira, co base no Arquivo da Sociedade proeora dos Desvalidos, uairandade de cor, criada na 2ª década do século xIx or aricanos ara alor-riar escravos. Ele ve esquisando a relao ala/escria na docuenaono-lierria oiocenisa. É ineressane saber que a rieira lei ara a or-oraa e línua oruuesa é do coeo do século xx.

Ua queso endene e candene, no colocada no início desa inro-duo, é a da relao ala/escrita na docuenao do assado. para alunsauores, a linuísica isrica é a isria da línua escria, as se a ala

no se escreve, ode-se enrever ou enreouvir a vo aravés dos eos: a-rea diícil e aenas aroiaiva, “ouvir o inaudível”.

S. Roaine, e seu Socio-Historical Linguistics (1985), raa do ealíngua alada vs. língua escrita. Sineiarei aluns onos do seu eo:

pode-se dier que línua alada e línua escria so insâncias de ua esalínua incororada or eios disinos… A uno da escria no é sileseneravar a línua alada: o ao de escrever e ua eisncia indeendene (1985:

14-15).

À . 17, ela ara que a linuísica e arinaliado a línua escriae ara:

A osio que se deve oar é esa: éodos de anlise linuísica que so vli-dos, se a línua escria é ua insância da línua, eno as esas écnicas odeser alicadas a odas as insâncias. E ouras alavras, a eoria linuísica no de-veria, necessariaene, ser esendida ara cobrir odos os casos relevanes; deveriaalicar-se àqueles casos da escria coo e sido eio or oda are (id.: 17).

Coo sociolinuisa que é, di Roaine:

A línua escria e sido objeo de esudo, as eu ono de visa é que écnicasda sociolinuísica (ou elo enos écnicas consideradas esecicaene sociolin-uísicas) no sido ereadas e aqueles que se auodenoina de sociolin-uisas ainda no se enajara e ais esudos (id.: 20).

Considerando o eríodo arcaico da línua oruuesa, discue-se é ossível

cear, aravés da docuenao escria, ao oruus correne. h aé quedeenda que sobre a docuenao arcaica s se ossa consruir raicas deeos, nunca ua raica de u esado de línua do assado.

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 19/24

21

Ouvir o inaudível

Sendo a docuenao escria que eranece e sendo ela ua rere-senao convencional da ala, ereos o refeo da ala, que erie irarconclusões, aé cero ono seuras, no nível oroônico, j que, no a-vendo ua noraiao ororca, a anlise da variao da escria oereceindícios ara alua erceo da vo, ou seja, da línua no seu uso ri-eiro, e qualquer dos níveis e que se ode esruur-la: ônico, rco,sinico, discursivo. tabé a ausncia de u conrole noraivo a coque no eo edieval a variao seja consane, ao que abé ode serindicador de usos variveis da ala.

O eso se ode dier da docuenao do eríodo colonial brasileiro,

e que os anuscrios, às vees de leiura uio diícil, erie enreou-vir a vo elas resas da variao da escria.

para concluir esse ico, escoli R. Lass. Sobre a eora “ouvir oinaudível” di Lass: “muio do nosso rabalo e a ver relaivaeneco línuas anias, de que no disoos de ravaões ne eos acessoaos alanes” (1997: 45). A rosio do que a escria reresena, ele oi-na que “inenuaene, a escria reresena a línua; as e que nível eco que reciso?” (id.: 47). Conclui o caíulo 2 — “Wrien Records”(1997: 44-103) — co o ie, draaicaene iniulado: “Inerrear vs.desaarecer” (id: 96) e di que eca o caíulo “raando de u robleainravel” (id.: ib.), orque:

eendar, noraliar e ouras oras de ediar alsica e radue sob o íulode ornar acessível, ao eo e que reende ‘reresenar’ objeos do assado.pior ainda, ais rocessos rodue seudodados e rejudica a leiura de onu-enos isricos (id.: 102).

Se seuísseos o essiiso de R. Lass, no averia linuísica is-rica! Ne ele eso, que é auor de u volue alenado — 423 inas—, Historical Linguistics and Language Change, ublicado e 1997 orinsisncia de J. Aylin, sua aia, ara que ublicasse o “bloody book”,coo se ode ler no recio (. ).

Se elas eorias da linuísica isrica e co o suore de eorias lin-uísicas e eral, se ode cear à caraceriao esqueica de u o-

eno da isria assada de ua línua, so os dados eíricos, ornecidosela docuenao reanescene, que conraro ou no as eorias e queerie rasrear e e are reconsruir seu uso vivo. Assi, ara cear,

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 20/24

22

Caminhos da linguística histórica

or eelo, às ossibilidades raaicais do oruus arcaico, as eorias eos dados devero esar inerliados.

Ainda desaco o que die R. Lass e Labov sobre o carer aradoal dalinuísica isrica e da udana linuísica.

Di o rieiro na equena noa que inrodu o livro: “A concluso a-radoal é que nossos éodos isoriorcos so requeneene eloresdo que os dados co que se e de rabalar” (1997: s/n).

tabé Labov desaca o carer aradoal da linuísica isrica, quedene coo “aradoo isrico”:

Sendo o assado dierene do resene, no coo saber quo dierene ele oi … Oenôeno que esaos esudando — a udana linuísica — é irracional, violen-o e irevisível. Desenvolver rincíios de udana linuísica ode arecer uereendieno quioesco, coo uios esudiosos j concluíra… A linuísicaisrica é arcada ela revalncia de conradiões aradoais que oerece urico leque de desaos ara o esecialisa que deseje resolv-los (1994: 21).

para concluir esa inroduo buscarei diensionar ainda aluasquesões que envolve a linuísica isrica:

por que as línuas uda? Coo as línuas uda? So essas as er-unas ririas e rieiras ara as quais a linuísica isrica busca res-osa, desde que se consiui, co rioroso éodo, a arir do século assado,as ceraene desde anes, coo eseculao e orno de robleas cru-ciais ara a coreenso do enôeno da linuae uana, ou eso des-de uio anes ainda: lebro o io de Babel, nos conns de nossa isria.

Na coneoraneidade, a areenso do enôeno se vola, co re-

doinância, ara ca-lo nas sincronias convenienes e deerinadooeno e luar da isria, no eo aarene da diacronia sincrônica. Eassi o âbio da linuísica isrica se alara e se esreia, no se odendooje deiar de ensar ano na linuísica isrica no seu senido esrio eanio — a udana das línuas ao lono do eo —, coo na linuísicaisrica, e u senido lao e recene, que abarca as aniesaões con-eorâneas de aos linuísicos no coeâneos.

Daí or que oje a linuísica isrica enloba os esudos de línuasinerados no ovieno sincrônico das sociedades e que so usadas. In-clui, orano, asecos doinanes da sociolinuísica da seunda eade

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 21/24

23

Ouvir o inaudível

dese século, abé da dialeoloia, nascida j no século assado, coo

desdobraeno subsequene e naural do isoriciso neoraico doi-

nane na seunda eade do século xIx.

Nessa conjuao da linuísica isrica no seu senido esrio, o

da udana no eo real, co a que rabala co dados das línuas

na sua variao e udana social e esacial sincrônicas, v-se e cau-

sa o osulado laboviano conecido coo “rincíio unioririo”, o

de que o conecieno das realidades in praesentia abre caino ara

elor coreenso de enôenos assados e o conecieno de rea-

lidades assadas docuenadas clareia a coreenso de enôenos da

aualidade. posio be eressa nesa assae do Building on Empi-rical Foundations de Labov:

A aliana que Weinreic-Labov-hero (1968) rouna enre dialeoloia, so-ciolinuísica e linuísica isrica é orienada ara u io de eoria que equili-braria a balana enre elicao isrica e sincrônica, corriindo o viés a-isri-co da linuísica eral do século xx. (1982: 21).

mais receneene, v-se que o rocesso de consiuio das línuas

coea a enrar coo arueno de eorias linuísicas que coo ob- jeivo undaenal no o resonder ao orqu e ao coo as línuas uda,

as coo elas se desencadeia onoenicaene no indivíduo e coo re-

resenar essa ossível raica “naural”. É cao novo de busca e que

arece se odero enconrar verenes aníodas das línuísicas dese sé-

culo, e que as orulaões dos siseas e/ou raicas e as orulaões

isricas sobre o consruir-se das línuas seria incoaíveis.

Esse enendieno da osio do esudo da udana linuísica eua eoria da raica es eliciado e uios rabalos de D. Li-oo, orulado coo na assae seuine de The Language Lottery:

Se olaros ara o ono e que ceras udanas ocorre, odeos ober in-oraões sobre os liies de raicas ossíveis, sobre o oeno e que oabiene linuísico uda de al aneira que desencadeie u dierene io deraica (1984: 149).

Co essas novas abordaens que arca a cincia da linuae dosns dese século, e-se u renascieno da linuísica isrica, io delinuísica que e nascer a cincia da linuae no século assado.

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 22/24

24

Caminhos da linguística histórica

Deve-se noar, conudo, que esse renascer no ilica nua revoluoaradiica na linuísica isrica, uio enos na linuísica e eral,as aenas nua reenrada da linuísica isrica no cenrio das correneslinuísicas eeônicas. No sou eu, nos liies de ina circunsância,que aro isso. Concordo enreano, co h. h. hock que, e seus Princi-ples o Historical Linguistics, deois de analisar os ercursos da linuísicaisrica na aualidade, conclui:

Vale noar que, ao lono desse ercurso, no se conduiu a refeo sobre a lin-uísica isrica e sua rica a ua colea “revoluo”, as anes a odica-ões — ela incororao de conceios que rovara ser úeis e sucieneene

ioranes ara sere adoados, e rejeiando (ou inorando) ouros (1986: VI).E 1977, no seu discurso coo residene da Linuisics Sociey o 

Aerica — Rethinking Linguistics Diachronically (1979: 275) —, J. h. gre-enber assue o crescene ineresse ela linuísica isrica e o auenodo ael dos aores diacrônicos na eoria sincrônica. Ara que uios ca-inos so indicadores de que coea eles a enrar e vrios níveis cooaricianes na esruura elanaria da cincia da linuae. Ressalva,enreano, que essa nova ace da linuísica coneorânea no indica quese ena oso abaio a dicooia saussuriana que oôs a abordae sin-crônica à diacrônica, as que udou a relao enre elas na coreenso doenôeno linuísico, levando as anlises sincrônicas a ornare-se dinâ-icas. Dia-se, alis, que isso j vina sendo rooso elos esruuralisasdo Círculo de praa, nos idos de 1920, as se diluiu no rocesso de desen-volvieno dos esruuralisos e oseriorene dos eraivisos que seencainara ara raar as línuas coo enôenos a-isricos.

Quando a LSA assue essa realidade, de ao esava “ocialiando”aos que coeara a surir na década anerior. Vale desacar que, a arirdo Sisio do teas, oraniado or W. Leann e Y. malkiel, e 1966,coeara a suceder-se, e vrios onos, enconros, seinrios e conres-sos sobre a linuísica isrica, suas ersecivas, seus avanos e j e 1973ocorre o First International Congress o Historical Linguistics.

Sabeos odos que, na linuísica eeônica de eno, oi de sini-

cao crucial ara os desinos da linuísica isrica o clssico da onoloiaeraiva, Sound Pattern o English (1968), de Cosky e halle, e quearuenos diacrônicos so considerados ara as inerreaões da eoria

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 23/24

2

Ouvir o inaudível

onolica adro. Roe-se assi a urala que anaoniava as aborda-ens sincrônica e diacrônica. Recorde-se que arios aneriores de m. halleso os redecessores de roosas que vincula diacronia/sincronia no a-nual de onoloia anes reerido.

Coneoraneaene ao que aconecia nas oses da onoloia eraiva,coea a oar vulo, a arir de 1966, as roosas de W. Weinreic, Labove m. hero, ublicadas e 1968 nos Fundamentos empíricos para uma teo-ria da mudança linguística, undadas nos rabalos de cao recedenes deLabov e mara’s Vineyard e Nova York, nos esudos de conao linuísicode Weinreic e na eerincia dialeolica de m. hero. Esava lanada no

cao a eoria da variao e udana da sociolinuísica aericana.

Assi, concoianeene se esarava a oosio eodolica que an-aoniava os éreis conceios saussurianos e abé se volava a linuísicaara os dados das línuas enquano enôenos isricos, deois de rioroso jeju que ecluía o corpus de dados da eodoloia e da anlise linuísicas.

O eo clssico de 1970 (ublicado no Brasil e 1976) de p. Kiarsky“Linuísica isrica” — úlio caíulo dos Novos horizontes em lin-

guística, oraniado or J. Lyons, veicular ara u úblico ais alo asrelaões enre aruenos diacrônicos e sincrônicos na anlise onolicasincrônica e rocessos diacrônicos. Nesses rabalo, Kiarsky aleja, ao -nali-lo, que o ndulo enre eoria linuísica e linuísica isrica enaceado à osio de equilíbrio (id.: 304).

No que se reere à eoria onolica, o desejo de Kiarsky se conr-ou. Enreano, arece ainda lone de equilibrar-se o ndulo que balana

enre as eorias linuísicas essencialene a-isricas, que no aceiaaruenos isricos ara aereioare-se, e as caadas eiricisasque, a arir dos dados, evidencia realidades scio-isricas das línuas. Abaala ocorre aora nessa rene.

Desses conronos (aesar de oros e eridos) crescido sucessiva-ene, e co sucesso, as eorias que busca a coreenso do enôenoda linuae uana ano na sua ace biosíquica quano na scio-is-

rica. O reconecieno da coleenaridade — arece-e que ossível— desses cainos que corre aralelos ser a ea de ua eoria elica-iva abranene ara a linuae uana.

8/3/2019 Caminhos da Linguistica histórica - Cópia

http://slidepdf.com/reader/full/caminhos-da-linguistica-historica-copia 24/24

Caminhos da linguística histórica

Surreende que o suerido or Kiarsky e 1970 ena oado ruosindeendenes e oje leos ericos eraivisas que rabala co udan-a linuísica que no reconece a sociolinuísica e vice-versa. No reeridoeo, se ara que ais orienaões so coleenares, elo enos no que sereere à queso basilar da linuísica isrica, que é a udana linuísica:

As esquisas que ocalia o coneo social da ala e a aquisio da linuaeela criana colea a abordae dessa queso undaenal que é a das u-danas… As oras e ronúncias varianes, indeendeneene de sua conscien-iao elo alane, ode coner conoaões sociais caaes de infuenciar o cur-so das udanas (1976: 292).

U indicador ineressane de que al divrcio erdura e no a cole-enao suerida or Kiarsky es no caíulo “Linuísica isrica” deR. Coaes, ublicado e 1987 nos New Horizons in Linguistics 2, abéoraniado or J. Lyons. Aí ca aene que no converia os eraivisase os sociolinuisas na enaiva de u eoria coreensiva da udana. Aorienao desse eo deonsra que a oo oi eia: rivileia-se, coquase eclusividade, as conribuiões das escolas sociolinuísicas — a ae-ricana e a inlesa — ara a queso da udana e ouco se enciona coo

o roblea é raado nos eraivisos.

A coleenaridade suerida no eo anloo de 1970 no se ae-rialiou subsancialene no ercurso da linuísica isrica dessas úliasdécadas, no senido de se consruir ua eoria da udana que conjuasseodelos eraivos e sociolinuísicos, as se dúvida, ara os que no i-lia e ua ou oura ose, os cainos aberos so roissores.