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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” EM GESTÃO DE RECURSOS
HUMANOS
CAIXAS DE ASSISTÊNCIA E RECURSOS HUMANOS:
Um caso no setor elétrico.
Autora: Renata Francisco Caldwell
Professora Orientadora: Ana Cristina Guimarães
Rio de Janeiro
2010
2UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” EM GESTÃO DE RECURSOS
HUMANOS
CAIXAS DE ASSISTÊNCIA E RECURSOS HUMANOS:
Um caso no setor elétrico.
OBJETIVOS:
Esta publicação atende a complementação
didático-pedagógica de metodologia da
pesquisa e a produção e desenvolvimento de
monografia, para o curso de pós-graduação
“lato senso” em Gestão de Recursos
Humanos pela autora Renata Francisco
Caldwell.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, ao meu irmão Giovanni
e aos meus pais Rodolfo e Iolanda, por todo o
carinho. Ao amigo e companheiro Flávio, pela
força e compreensão. Aos amigos da CAEFE por
contribuírem a cada dia para o meu crescimento
profissional. Aos colegas e professores do IAVM
pela agradável e enriquecedora experiência
acadêmica. E a todos que contribuíram para a
realização de mais uma etapa em minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família e aos meus
amigos, por serem a base das minhas realizações.
5
RESUMO
Os benefícios sociais constituem um importante aspecto do pacote de
remuneração. Desta maneira, a empresas investem nesses recursos a fim de
valorizar o seu negócio, na medida em que os benefícios sociais além do
aspecto competitivo no mercado de trabalho constituem-se em ações voltadas
para a preservação das condições físicas e mentais dos empregados. Diante
do contexto de reestruturação produtiva, os benefícios sociais adquirem papel
relevante na reprodução da força de trabalho na medida em que as políticas
sociais públicas vão sendo transferidas ao setor privado. Na pesquisa
apresentada, que tem como recorte um caso no setor elétrico brasileiro, foi
possível verificar que a Caixa de Assistência dos Empregados de Furnas e
Eletronuclear – CAEFE assume papel relevante no sentido de complementar a
política de recursos humanos de Furnas Centrais Elétricas para a concessão
de benefícios sociais.
6
METODOLOGIA
O objeto de estudo deste projeto são os benefícios da Caixa de
Assistência dos Empregados de Furnas e Eletronuclear. Este será estudado a
partir do material disponível pelas empresas CAEFE e Furnas Centrais
Elétricas.
Embora a CAEFE tenha outras empresas patrocinadoras previstas pelo
seu estatuto, será interessante para esta pesquisa atrelá-la somente à empresa
Furnas, que é a sua principal mantenedora e objeto a ser pesquisado neste
trabalho.
A metodologia de trabalho para a pesquisa apresentada consiste na
análise de publicações e documentos destas empresas, bem como nas minhas
observações enquanto assistente social inserida no contexto apresentado.
O procedimento metodológico fundamental foi o levantamento das
informações disponíveis nos arquivos, relatórios e nos sites de Furnas e da
CAEFE.
A bibliografia principal utilizada para fundamentar e compreender o tema
foi Cardoso (2006), Chiavenato (2009) e Mota (2005).
7
SUMÁRIO
ITRODUÇÃO.....................................................................................................08
CAPÍTULO I
AS POLÍTICAS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS......................................................11
CAPÍTULO II
2.1 – A CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS EMPREGADOS DE FURNAS E
ELETRONUCLEAR...........................................................................................20
2.2 – A POLÍTICA DE BENEFÍCIOS DA CAEFE..............................................23
CAPÍTULO III
A POLÍTICA DE BENEFÍCIOS DE FURNAS E A COMPLEMENTAÇÃO DA
CAEFE...............................................................................................................31
CAPÍTULO IV
A UTILIZAÇÃO DA REDE DE BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS DA CAEFE
PELOS ASSOCIADOS......................................................................................33
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................40
8
INTRODUÇÃO
O tema a ser pesquisado é a inserção da Caixa de Assistência dos
Empregados de Furnas e Eletronuclear – CAEFE no contexto da Política de
Recursos Humanos de Furnas Centrais Elétricas.
Desta maneira, pretende-se estudar de que modo a atuação da CAEFE
está atrelada à Política de Recursos Humanos de Furnas.
O interesse pelo tema a ser estudado surgiu a partir da minha inserção
enquanto assistente social da CAEFE.
Observei que a criação desta instituição, no ano 2000, foi iniciativa de
um grupo de gestores de Furnas e da Fundação Real Grandeza (fundo de
pensão dos empregados de Furnas e Eletronuclear) para manter alguns
benefícios que antes eram providos pela Fundação que, no contexto da
reestruturação produtiva, complementava os benefícios que deixaram de fazer
parte da Política de Recursos Humanos de Furnas.
Esse movimento ocorreu a partir de uma determinação da Secretaria de
Previdência Complementar, que inviabilizava a manutenção de atividades de
caráter assistencial através dos fundos de pensões1.
A partir deste marco, os benefícios e serviços de caráter assistencial, até
então administrados pela Fundação Real Grandeza, passaram a ser alocados
na CAEFE, figura jurídica criada com a finalidade de proporcionar benefícios de
caráter assistencial aos associados e suas famílias.
Portanto, a alternativa viabilizada pela instituição e pelos trabalhadores
foi a criação de outra pessoa jurídica, que legalmente pudesse manter a rede
de benefícios assistenciais já existente, assim como criar novas ações neste
aspecto.
1 Lei Complementar Nº 108, de 29 de maio de 2001. Dispõe sobre a relação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e outras entidades públicas e suas respectivas entidades fechadas de previdência complementar, e dá outras providências. Lei Complementar Nº 109, de 29 de maio de 2001. Dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar e dá outras providências.
9Em 2006, a CAEFE assumiu materialmente seu quadro próprio e
processos de trabalho, deixando o aspecto virtual para a constituição efetiva da
organização, inclusive com o aspecto físico contemplado (criação da sede
própria da CAEFE).
Cabe ressaltar que esse histórico foi por mim vivenciado, desde 2004,
quando comecei a estagiar na Caixa. Entretanto, não há registros publicados
que apresentem este histórico e que tampouco relacionem a atuação da
CAEFE à Política de Recursos Humanos de Furnas, a qual é uma das
empresas mantenedoras da Caixa.
Destaco ainda, que embora a CAEFE tenha outras empresas
patrocinadoras previstas pelo seu estatuto, será interessante para esta
pesquisa atrelá-la somente à empresa Furnas, que é a sua principal
mantenedora e objeto a ser pesquisado neste trabalho.
Diante desse contexto, são objetivos desta pesquisa verificar se os
benefícios oferecidos pela CAEFE estão em consonância com a Política de
Recursos Humanos adotada por Furnas e verificar a complementaridade das
atividades exercidas pela Caixa às ações de Recursos Humanos de Furnas.
No primeiro momento abordaremos as particularidades das políticas de
benefícios socioassistenciais direcionadas aos trabalhadores das
organizações. Será importante destacar ainda neste primeiro capítulo a
discussão sobre a criação das caixas de assistência no contexto da
privatização da Seguridade Social brasileira.
Essa discussão torna-se relevante diante do atual cenário de
reestruturação produtiva, quando os benefícios sociais tornam-se fundamentais
para a reprodução da força de trabalho na medida em que as políticas sociais
públicas vão sendo transferidas ao setor privado.
No segundo capítulo do trabalho será apresentada a Caixa de
Assistência dos Empregados de Furnas e Eletronuclear – CAEFE, seu negócio,
estrutura e política de benefícios socioassistenciais, que são o objeto dessa
pesquisa.
10No terceiro momento do texto abordaremos a política de benefícios
praticada por Furnas, percebendo de que modo os benefícios fornecidos pela
CAEFE atuam em complementação à gestão de recursos humanos em Furnas.
Nas considerações finais discutiremos a relevância da atuação da
CAEFE para a prestação da assistência social no contexto de Furnas.
11
CAPÍTULO I
AS POLÍTICAS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS
Diante do contexto de reestruturação produtiva, os benefícios sociais
adquirem papel relevante na reprodução da força de trabalho na medida em
que as políticas sociais públicas vão sendo transferidas ao setor privado.
O Estado deixa de cumprir seu papel enquanto provedor da Seguridade
Social pública e passa a incentivar que as empresas privadas atuem
principalmente em relação à assistência social, uma vez que as políticas de
saúde e previdência tornam-se objetos de comercialização.
Nesse movimento de transferência das funções públicas para a esfera
privada das empresas, os direitos sociais são transformados em direitos
corporativos, vinculados ao contrato de trabalho e ao desempenho dos
trabalhadores.
Conforme aponta Cardoso (2006) desde os anos 90 ficou evidenciado
um progressivo e substancial processo de desmantelamento das estruturas
jurídicas, financeiras e institucionais das políticas sociais públicas no Brasil.
Paralelamente ao sucateamento dos serviços e benefícios sociais do Estado
nas áreas de saúde, educação, habitação, assistência e previdência assistiu-se
à proliferação de iniciativas privadas em todas as áreas aludidas.
A falência e sucateamento do aparelho produtor de serviços
públicos contribuíram para o crescimento das demandas sociais, que
passam a ser objeto de conquistas do movimento sindical, ao mesmo
tempo em que se naturaliza a idéia de eficácia do setor privado em
detrimento do setor público (MOTA, 2005: 171).
Trata-se de um programa internacional de reformas cujas principais
metas são: redução dos gastos públicos, ampliação da participação do setor
privado lucrativo e não-lucrativo, redução das contribuições sociais das
empresas, desenvolvimento de políticas focalizadas na pobreza,
12desenvolvimento de atividades voluntárias complementares aos serviços
públicos.
Sendo assim, Motta (2005) aponta duas principais conseqüências do
processo que vem sendo efetivado pelo capital: 1)os trabalhadores que
permanecem no mercado de trabalho tendem a defender corporativamente as
conquistas, enquanto os que estão excluídos do mercado formal de trabalho
tem as suas formas de organização coletiva esfacelada; 2) estão sendo
criados, então, sistemas de seguridade próprios das empresas e voltados para
aqueles trabalhadores que ainda possuem vínculos formais, enquanto os
trabalhadores excluídos desse vínculo tornam-se clientela da assistência
social.
No Brasil, a partir do final dos anos 1980 a sociedade brasileira ensaiou
a institucionalização e constitucionalização dos primeiros passos em prol do
exercício da cidadania, de formas de democracia, de constitucionalização de
novos direitos sociais, trabalhistas e políticos. Embora a arquitetura da
seguridade brasileira pós-1988 tenha a orientação daquelas que formam o
estado de bem-estar nos países desenvolvidos, as características excludentes
do mercado de trabalho, o grau de pauperização da população, e o nível de
concentração de renda e as fragilidades do processo de publicização do
Estado, permitem afirmar que, no Brasil, a adoção da concepção de seguridade
social não se traduziu objetivamente numa universalização dos benefícios
sociais. Mesmo assim, as fragilidades existentes também não são suficientes
para negar que os trabalhadores brasileiros, a partir dos anos 1980, adquiriram
novos direitos, ampliaram o acesso a serviços públicos não mercantis,
usufruíram de algum alargamento da oferta de benefícios, como os da
assistência social, à exemplo do Benefício de Prestação Continuada – BPC, e
da saúde, dentre outros.
Esse processo que possuiu apenas duas décadas passou a ser negado
a partir dos meados dos anos 1990 em favor dos ideários neoliberais e de um
conjunto de mudanças macroestruturais, momento em que as classes
dominantes iniciam a sua ofensiva contra a seguridade social universal.
13 Antecedidas ora pelo discurso da crise da previdência, ora pelo da
ampliação da participação da sociedade, segundo Mota (2005), a Previdência e
a Assistência passaram a constituir uma unidade contraditória (a negação de
um sistema único de previdência social pública é, ao mesmo tempo, a base
para afirmação de um sistema único de assistência social) no processo de
constituição da seguridade social brasileira.
Os fundos de aposentadoria e pensões e os programas de assistência
foram os que mais rapidamente registraram mudanças nos sistemas de
proteção social, transformando os trabalhadores ora em "cidadãos
consumidores" de serviços mercantis, ora em “cidadãos-pobres” merecedores
da assistência social.
Mota (2005) sinaliza ainda que uma das principais características que
marcaram a expansão da seguridade social brasileira no pós-1964: ela se fez
mediante a fragmentação dos meios de consumo coletivo, franqueando ao
capital privado a prestação de serviços considerados rentáveis, como foi o caso
da saúde e da previdência via mercado de seguros. A estes se junta o instituto
da renúncia fiscal que, sob o argumento da colaboração empresarial, estimulou
as empresas a ofertarem serviços sociais próprios aos seus empregados. Ao
incluir no sistema segmentos não assalariados ou em situações sociais de
vulnerabilidade, através da criação de programas de assistência social,
afastavam os setores médios assalariados, transformando-os em
consumidores de serviços privados complementares de saúde e previdência
social.
Pode ser apontada como conseqüência para a seguridade social a
fragmentação do acesso dos trabalhadores ao sistema de proteção social. Pois
no âmbito privado são identificados seguros sociais privados, destinados aos
consumidores com renda suficiente para adquiri-los no mercado e serviços
sociais oferecidos pelas empresas aos seus trabalhadores, mediados pelo
contrato de trabalho. Já no âmbito público estão situados os serviços
assistenciais destinados aos inaptos ou excluídos do trabalho assalariado, sob
a responsabilidade do Estado.
14 Tais modificações trazem conseqüências no sentido de reduzir o papel
do Estado na área do bem-estar social, transferindo os serviços para o setor
privado.
Se por um lado existe o movimento do Estado para transferir ao setor
privado os seus mecanismos de proteção social, por outro as empresas
buscam redefinir estratégias de gestão e ferramentas de recursos humanos
para tornarem-se competitivas no mercado.
Cesar (2006) sinaliza que há uma crescente preocupação das empresas
em repensar as políticas de recursos humanos, integradas ao conjunto das
demais políticas e estratégias organizacionais. O principal eixo deste
redirecionamento consiste na implementação de novas modalidades de gestão
da força de trabalho, que permitam a formação de um novo comportamento
produtivo do trabalhador, baseado na confiabilidade e no envolvimento do
mesmo com os objetivos da empresa. As principais estratégias adotadas
apontam para o desenvolvimento de programas participativos e para a
ampliação dos sistemas de benefícios e incentivos à produtividade do trabalho.
Desta maneira, a estratégia de gestão recursos humanos das empresas
busca integrar políticas e práticas de administração de recursos humanos aos
programas de qualidade e produtividade a fim de reduzir os níveis de conflitos
e comprometer os trabalhadores com os propósitos e metas das empresas.
Chiavenato (2009) destaca que o salário pago em relação ao cargo
ocupado constitui somente uma parcela do pacote de compensações que as
empresas costumam oferecer aos seus empregados e que uma considerável
parte da remuneração total é constituída por benefícios sociais e serviços
sociais.
É importante destacar que os benefícios socioassistenciais têm papel
relevante na reprodução da força de trabalho e engajamento do trabalhador.
Os benefícios e recompensas oferecidos pela organização influenciam na
satisfação dos seus empregados, que estão dispostos a investir seus recursos
individuais na medida em que obtém retornos e resultados dos seus
investimentos.
15Ninguém trabalha de graça. Como parceiro da organização,
cada funcionário está interessado em investir com trabalho,
dedicação e esforço pessoal, com os seus conhecimentos e
habilidades desde que receba uma retribuição adequada. As
organizações estão interessadas em investir em recompensas para
as pessoas desde que elas possam receber contribuições ao alcance
de seus objetivos (CHIAVENATO, 2004).
Deste modo, as empresas adotam, segundo Chiavenato (2004), um
sistema de remuneração que compreende 1) remuneração básica,
representada pelo salário, mensal ou horário; 2) incentivos salariais,
desenhados para recompensar os empregados por um bom desempenho e 3)
benefícios, quase sempre denominados remuneração indireta.
A concessão dos benefícios e serviços sociais, geralmente, é comum a
todos os empregados, independentemente do cargo ocupado. Cabe ressaltar
que algumas organizações estabelecem planos de benefícios diferenciados
para os diferentes níveis de empregados.
Segundo Chiavenato (2009), os benefícios sociais são as facilidades,
conveniências, vantagens e serviços que as organizações oferecem aos seus
empregados com vistas a poupar esforços e preocupação; constituindo meios
indispensáveis à manutenção da força de trabalho dentro de um nível
satisfatório de moral e produtividade.
Os benefícios sociais constituem um importante aspecto do
pacote de remuneração. O benefício é uma forma de remuneração
indireta que visa oferecer aos empregados uma base para a
satisfação de suas necessidades pessoais (CHIAVENATO, 2009:
108).
Cabe ressaltar que para além do processo de “privatização” da políticas
sociais, a origem dos benefícios sociais relaciona-se principalmente às
exigências dos sindicatos e das negociações coletivas, legislações trabalhistas
e previdenciárias, competição entre as organizações na disputa pelo mercado
de recursos humanos, além da dedução de impostos obrigações tributárias das
empresas.
16Segundo Chiavenato, os benefícios sociais, inicialmente, estiveram
orientados para uma cultura paternalista e limitada, justificada pela
preocupação em reter talentos e baixar a rotatividade de pessoal; além da
preocupação em reduzir impostos através dos incentivos oferecidos pelo
Estado às instituições que prestassem esses benefícios.
As empresas tornaram esses recursos ainda mais vantajosos ao seu
negócio, na medida em que os benefícios sociais além do aspecto competitivo
no mercado de trabalho constituem-se em ações voltadas para a preservação
das condições físicas e mentais dos empregados.
É importante destacar que, por atuarem na reprodução da força de
trabalho, os benefícios sociais adquirem papel relevante na vida dos
trabalhadores e que por esta razão os mesmos são utilizados pelas empresas
para o aumento da produtividade e retenção dos mesmos.
Do mesmo modo que os benefícios extra-salariais, os
incentivos também se apresentam como instrumentos capazes de
“prender” o trabalhador à empresa, possibilitando o aumento da
produtividade, melhoria do desempenho e maior satisfação no
trabalho (CESAR, 2006: 121).
Merecem destaque na bibliografia sobre este tema, alguns dos
benefícios sociais de maior expressão praticados pelas organizações.
Transporte do pessoal: seja sob a forma de veículo individual (para
determinados níveis) ou coletivo fretado, este benefício pode ser custeado
integralmente pela empresa ou parcialmente subsidiado por ela. Uma
alternativa é a concessão de vale-transportes aos empregados.
Alimentação: o programa de alimentação do pessoal pode variar
extensamente. Podo incluir desde instalações de refeitórios e cozinhas
industriais a oferta de lanches, cafezinhos, cafés-da-manhã, etc. Na maioria
das empresas é praticada a concessão de vales-refeições para o trabalhador
utilizar em restaurantes nas imediações do local de trabalho.
Assistência médico-hospitalar: no caso deste benefício, quase sempre
há a divisão dos custos entre empresa e empregado. Em alguns casos envolve
17revisão médica completa e anual para os empregados, podendo até prever a
existência de ambulatórios médicos dentro da própria empresa. Outra
alternativa para a concessão deste benefício é a contratação de seguros-saúde
disponíveis no mercado.
Assistência odontológica: este benefício é oferecido por meio de
consultório dentário na própria empresa, por serviços especializados prestados
fora da instituição ou ainda através de planos odontológicos contratados no
mercado.
Seguro de vida em grupo: o plano de seguro de vida em grupo é mais
barato do que o plano individual. Este benefício é custeado integral ou
parcialmente pela empresa. Ocasionalmente envolve seguro de acidentes
pessoais.
Planos de empréstimos pessoais: constituem uma espécie de
assistência financeira da empresa ao seu pessoal. Estes auxílios podem ser
desde planos simples envolvendo estudos de casos individuais até opções
mais sofisticadas com alternativas de empréstimo e reembolsos com ou sem
juros e ainda apresentando valores maiores e prazos mais dilatados de
ressarcimento. Estes benefícios são quase sempre administrados pelo Serviço
Social da organização.
Serviço Social: a ação do Serviço Social pode ser elencada no rol dos
benefícios uma vez que estes profissionais atuam sob a perspectiva de acesso
e garantia dos direitos dos empregados, seja através de estudos de casos
individuais vinculados ao contexto organizacional mais amplo, pesquisas
sociais, elaboração de políticas, programas e projetos sociais voltados ao
quadro de trabalhadores da empresa e da sociedade como um todo. O
assistente social é um profissional que modifica a realidade social apresentada
por meio de análise e intervenção especializada.
Assistência jurídica: este benefício é oferecido por meio de
assessoramento jurídico pelo corpo de advogados da própria empresa no
atendimento demandas jurídicas apresentadas pelos empregados. Quase
sempre é fornecida sem custo ao trabalhador.
18Planos de complementação de aposentadorias: este benefício destina-
se a complementar o rendimento da previdência social pública dos empregados
aposentados, através da criação de fundos específicos para tal fim. As
empresas podem subsidiar parte deste fundo ou não. Estes benefícios podem
ser efetivados através de fundações fechadas criadas pela própria empresa (os
chamados fundos de pensão), entidades abertas ou até mesmo por
contratação no mercado de planos de renda mensal assegurada.
Grêmios ou clubes: é um benefício voltado à recreação, integração e
bem-estar dos empregados e, em alguns casos, de suas famílias. A empresa
disponibiliza instalações que permitam o desenvolvimento de práticas
esportivas, de lazer e culturais; que os empregados podem utilizar durante
intervalos, ao final do expediente ou até mesmo nos finais de semana. Em
algumas atividades a utilização destes espaços pode estar atrelada aos índices
de saúde do trabalhador, como por exemplo, no caso das academias.
As empresas ampliam os sistemas de benefícios e
incentivos, exigindo uma atuação centrada na forma técnica de
administrá-los, modernizando e racionalizando o gerenciamento de
recursos humanos, de modo a equacionar, positivamente,
envolvimento, crescimento profissional e realização pessoal [dos
trabalhadores] (CESAR, 1998: 172).
Deste modo, observa-se que, voltados para as condições materiais ou
psicológicas da força de trabalho, os benefícios sociais constituem um estímulo
aos mesmos no sentido de aumentar a produção, estimular a adesão às metas
e valores da empresa, bem como reter estes trabalhadores.
Se na conjuntura atual o papel regulador e provedor do Estado em relação
à proteção social encontra-se reduzido, cria-se terreno fértil para a expansão
de entidades que têm por objetivo preencher a lacuna deixada pelo Estado
neste aspecto.
Podem ser destacadas as organizações não governamentais atuando nas
estratégias de enfrentamento da pobreza no Brasil e, em relação ao campo do
trabalho, entidades que se propõem a prestar benefícios de cunho
socioassistencial ao trabalhador, para além das coberturas governamentais.
19É, então, nesse contexto que se inserem as empresas que constituem a
rede de proteção social aos trabalhadores de Furnas, que no caso da pesquisa
apresentada, refere-se à Caixa de Assistência dos Empregados de Furnas e
Eletronuclear – CAEFE.
A proposta da CAEFE é prestar assistência aos seus associados,
atuando em consonância com a política de recursos humanos das empresas
patrocinadoras.
20
CAPÍTULO II
2.1 – A CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS EMPREGADOS DE
FURNAS E ELETRONUCLEAR
A Caixa de Assistência dos Empregados de Furnas e Eletronuclear
(CAEFE) é uma sociedade civil de fins assistenciais e não econômicos,
instituída em 17 de julho de 2000, com sede no Rio de Janeiro.
A missão, visão, compromissos institucionais, valores e princípios da
instituição são definidos a seguir.
O compromisso institucional da CAEFE é atuar de forma pró-ativa, com
foco na consecução dos objetivos da política de recursos humanos das
patrocinadoras, em sintonia com as necessidades dos associados e com os
desafios do mercado em que atua.
A missão da CAEFE é desenvolver ações voltadas para a preservação
da qualidade de vida dos empregados de Furnas, Eletronuclear, FRG e de
outros associados, quer durante o ciclo produtivo de sua existência, quer ao
longo do período de sua aposentadoria, considerando ainda que o amparo à
família constitui elemento básico à plena realização do ser humano.
A visão da CAEFE é ser referência em gestão da qualidade de vida,
atuando na oferta de serviços eficientes voltados para promover a saúde, o
bem estar e o desenvolvimento social dos seus Associados, proporcionando-
lhes tranqüilidade diante do futuro.
Os valores da empresa são: ética, respeito, transparência, credibilidade,
integridade, responsabilidade social. E os seus princípios: qualidade de vida,
competência técnica, comunicação pró-ativa, racionalização econômica,
excelência em processos e serviços e a valorização do ser humano.
Cabe ressaltar que embora a CAEFE tenha definido em seu estatuto três
empresas patrocinadoras (Furnas, Eletronuclear e Real Grandeza), a maior
21parte dos recursos que sustentam a Caixa e a maioria dos seus associados é
vinculada à empresa Furnas Centrais Elétricas.
É importante destacar que a Caixa presta assistência aos associados
oriundos das três patrocinadoras na condição de empregado e também na
condição de aposentado. Estes benefícios são estendidos ainda ao pensionista
quando o associado titular falece.
Os benefícios sociais da CAEFE nasceram na Fundação Real
Grandeza (que é a fundação de previdência privada de Furnas e Eletronuclear)
e passaram, a partir do ano 2000, a compor a rede de benefícios assistenciais
da Caixa, conforme determinação legal da Secretaria de Previdência
Complementar, que impedia a prática de quaisquer ações consideradas
assistenciais através dos fundos de pensão do país.
A CAEFE desenvolve a sua política de benefícios através da captação
de recursos financeiros oriundos da comercialização de seguros, que por si já
podem ser configurados como benefícios sociais uma vez que oferecem
condições diferenciadas ao grupo dos seus associados em relação ao
mercado.
Para além da captação dos recursos a Caixa presta os benefícios aos
associados através do Serviço Social da instituição.
Essa estrutura torna-se mais evidente ao observar o cronograma a
seguir.
CAEFE
Presidência
Diretoria de
Administração
Diretoria de Benefícios e
Integração Social
Diretoria Financeira
Serviço Social Gerência de Benefícios
Integração Social
Gerência de Seguros
22O cronograma permite perceber a estrutura da CAEFE, destacando a
alocação das Gerências de Seguros, responsável pela captação dos recursos
institucionais, e da Gerência de Benefícios e Integração Social, que articula a
utilização dos recursos, empregando-os em ações assistenciais.
23
2.2 – A POLÍTICA DE BENEFÍCIOS DA CAEFE
A política de benefícios da CAEFE é dividida basicamente em dois
blocos: os seguros e os benefícios de cunho assistenciais.
Ao setor de seguros cabe a captação de recursos, através da
bonificação pela venda dos seguros ao universo de empregados, aposentados
e pensionistas das empresas patrocinadoras.
Ao setor de Serviço Social é imputada a incumbência de planejar,
executar e avaliar todas as atividades que envolvam ações de cunho
socioassistenciais.
A CAEFE oferece aos seus associados os seguros de vida e acidentes
pessoais em grupo, sendo estes parcialmente custeados pelas empresas
patrocinadoras.
Além destes, a Caixa disponibiliza os seguros residenciais e de veículo,
que por tratar-se de apólice coletiva, possui alguns diferenciais em relação ao
mercado. Cabe ressaltar que este último é a modalidade de seguro que
movimenta maior recurso financeiro na CAEFE.
O seguro de veículos é um serviço oferecido com o objetivo segurar
veículos dos associados e seus dependentes em condições mais vantajosas se
comparadas às oferecidas pelo mercado, visto que são apólices coletivas.
O seguro de vida em grupo destina-se a garantir o pagamento de
indenização aos segurados em caso de morte natural e acidental, invalidez
permanente total por acidente, invalidez permanente parcial por acidente,
invalidez funcional permanente total por doença, 50% da morte natural e
acidental do cônjuge, 50% da invalidez permanente total por acidente e
reembolso de despesas com funeral dos filhos dependentes.
O seguro de acidentes pessoais busca garantir o pagamento de
indenização aos beneficiários do segurado, exclusivamente, em caso de morte
acidental.
24O seguro residencial visa garantir o patrimônio e a tranqüilidade da
família dos segurados. Além das garantias básicas (obrigatórias), pode ser
ajustado às necessidades e possibilidades de pagamento de cada um,
incluindo as garantias adicionais que esta apólice oferece.
É importante destacar ainda que a Caixa recebe bonificação a partir da
venda destes seguros e que este recurso é revertido para o investimento nos
benefícios de cunho assistenciais.
A administração e execução destes benefícios estão sob a
responsabilidade do Serviço Social da CAEFE.
A CAEFE oferece os seguintes benefícios assistenciais aos associados:
Auxílio Alimentação, Empréstimo Social, Auxílio Funeral, Programa de
Integração, Programa Educação, Saúde e Segurança, além do Serviço Social,
que atua em relação às demandas individuais apresentadas, bem como realiza
estudo e desenvolve projetos orientados para a garantia e avanço dos direitos
dos associados.
O Auxílio Alimentação é um benefício cujo objetivo é auxiliar os
associados na complementação da alimentação familiar. Cabe ressaltar que
nem todos os associados são contemplados por este benefício, pois há um
recorte de remuneração, atualizado anualmente, para a sua concessão.
O benefício é viabilizado através de um cartão magnético, com crédito
mensal para ser utilizado em estabelecimentos comerciais credenciados.
Sendo assim, o benefício não é somente uma ação que visa à melhoria
da qualidade de vida, em relação a complementação alimentar do trabalhador
ou assistido, e sim, como uma ação voltada ao contexto familiar do associado,
trazendo melhoria imediata.
O Benefício do Empréstimo Social é voltado ao associado que
apresente dificuldade financeira, que estejam interferindo na dinâmica familiar
e/ou comprometendo o orçamento doméstico.
25O Empréstimo Social tem por objetivo atender aos associados da
CAEFE que apresentem situações sociais no campo da habitação, educação,
saúde e situações que inviabilizem a reorganização do orçamento familiar.
O Auxílio Funeral constitui-se como um benefício voltado à atender
associados e/ou familiares dos mesmos, em caso de despesas decorrentes do
sepultamento do titular, cônjuge ou companheiro, pais e filhos de qualquer
idade.
No caso do falecimento do titular, o benefício é concedido sob forma de
reembolso integral, limitado ao teto, tratando-se de falecimento do dependente,
a concessão é feita 80% sob forma de empréstimo, a ser ressarcido em 10
parcelas e 20% sob forma de reembolso.
O Plantão Social é um benefício que prevê assistência social aos
associados da CAEFE nos momentos em que finda o horário de funcionamento
da empresa.
O Plantão Social situa-se no contexto de garantia de direitos, através da
informação e suporte aos associados da CAEFE.
O Serviço Social, em consonância com o Código de Ética Profissional
(1993), busca a criação de mecanismos de participação dos usuários, através
da democratização das informações e do acesso aos programas disponíveis no
espaço institucional.
As demandas sociais são trabalhadas através do Plantão Social no
sentido de garantir o acesso dos associados à informação sobre os recursos
disponíveis na rede de benefícios socioassistenciais do Sistema Furnas.
O serviço social é responsável pelo planejamento, coordenação,
execução e avaliação das ações relacionadas ao Plantão Social.
O Programa de Integração é um benefício desenvolvido pela Caixa de
Assistência dos Empregados de Furnas e Eletronuclear (CAEFE), sob
responsabilidade da Diretoria de Benefícios e Integração Social, que denota a
dimensão assistencial e de qualidade de vida em cumprimento a principal
26origem, finalidade e missão da CAEFE, conforme preconizado e determinado
por seu Estatuto, que diz:
“(...) tem por objetivo desenvolver ações voltadas para a preservação da
qualidade de vida dos em pregados de Furnas, Eletronuclear, FRG e de outros
associados à CAEFE, quer durante o ciclo produtivo de sua existência, quer ao
longo do período de sua aposentadoria, considerando ainda, que o amparo à
família constitui elemento básico à plena realização do ser humano”
(Planejamento estratégico da CAEFE 2006-2008).
Por tratar-se de benefício assistencial, a CAEFE entende que o
Programa de Integração está em consonância com a Lei Orgânica de
Assistência Social - LOAS no que tange à “proteção à família, à maternidade; à
infância, à adolescência e à velhice” (lei 8.742; CAP I, Art. 2º).
O caráter assistencial do Programa de Integração é evidenciado através
dos subsídios financeiros nas ações, uma vez que viabiliza o acesso dos
associados às atividades de lazer.
A CAEFE destaca em seus projetos e relatórios que o lazer, também na
condição de necessidade fundamental, não deve ser menos importante que
outros direitos sociais como educação, saúde, habitação, saneamento e outras
necessidades consideradas básicas à vida humana; visto que existe relação
direta entre lazer e saúde, lazer e educação e lazer e qualidade de vida;
dimensões estas que não podem ser dissociadas ou negligenciadas.
O Programa de Integração realiza atividades socioculturais e de lazer
como instrumento para atingir a integração entre os associados, entendendo
que todas as atividades de lazer tendem a envolver grupos e a desenvolver a
sociabilidade.
Desta forma, a CAEFE desenvolve suas ações baseadas na
reivindicação dos associados através da implementação de comitês
representativos locais ou regionais, a fim de incrementar a participação social,
assim, insere-se na carteira de benefícios assistenciais da CAEFE, destinados
à manutenção e ampliação da qualidade de vida dos associados; entendendo
que o ser humano, em todas as fases de sua vida, necessita, não somente das
27necessidades básicas, mas, também, o de ampliar seu espaço participativo e
buscar a sua integração social de forma mais ampla e efetiva.
Estas ações são desenvolvidas pela equipe de Serviço Social da
instituição, cuja contribuição do profissional para o Programa de Integração dá-
se no sentido de atuar no processo educativo do grupo, através de seu papel
de facilitador e orientador.
O trabalho do Serviço Social no Programa visa contribuir para que o
grupo seja mais que um público espectador, compreendido como categoria
estática, e passe a ser um ator crítico, atento e participativo na vivência de
seus momentos de lazer.
Além disso, o Assistente Social, em consonância com o Código de Ética
Profissional (1993), busca a criação de mecanismos de participação dos
usuários, através da democratização das informações e do acesso aos
programas disponíveis no espaço institucional.
O Programa de Integração é composto pelos seguintes projetos:
Prazer de Viver: voltado para a realização de atividades de integração,
tais como passeios, encontros, confraternizações, visando à manutenção e à
melhoria da qualidade de vida dos associados e de seus dependentes.
A CAEFE percebe que este projeto é o que mais vem ao encontro dos
anseios dos associados, no que tange ao acesso às atividades de lazer e
socioculturais, com baixo custo, à medida que é subsidiado pela instituição.
Vivendo a Aposentadoria: voltado para a realização de atividades de
interesse dos associados, com temas variados, incluindo palestras, cursos e
dinâmicas de grupo.
Como ação de maior expressão deste projeto, a CAEFE situa o “Ponto
de Encontro”, onde são realizados encontros mensais constituindo um espaço
privilegiado de participação dos associados, resgatando antigos vínculos,
criando novos e promovendo efetivamente a integração entre eles, e destes
com a CAEFE.
28O Programa Educação, Saúde e Segurança é um benefício que
denota a dimensão assistencial e de qualidade de vida também em
consonância com a origem, finalidade e missão da CAEFE.
A CAEFE sinaliza que, por tratar-se de benefício assistencial, o
Programa Educação, Saúde e Segurança vem ao encontro da Lei Orgânica de
Assistência Social (LOAS), utilizando o acesso à informação como modo de
proteção aos associados e seus dependentes.
O Programa tem caráter educativo, à medida que suas ações permitem
instrumentalizar os associados na compreensão, modificação e construção da
realidade social no qual ele está inserido.
Assim, uma vez que o associado possui instrumentos para modificar a
sua realidade, ele torna-se sujeito de sua própria existência; passa a ser capaz
de modificar as suas relações com o mundo.
Neste processo, a contribuição do profissional de Serviço Social para o
Programa Educação, Saúde e Segurança é no sentido de atuar no processo
educativo do grupo, através de seu papel de facilitador e orientador.
O trabalho do Serviço Social no Programa visa contribuir para que o
grupo seja mais que um público espectador, compreendido como categoria
estática, e passe a ser um ator crítico, atento e participativo.
Além disso, o Assistente Social, em consonância com o Código de Ética
Profissional (1993), busca a criação de mecanismos de participação dos
usuários, através da democratização das informações e do acesso aos
programas disponíveis no espaço institucional.
Visando ampliar o trabalho realizado pelo Serviço Social através do
Programa, busca-se a consolidação de parcerias com outros profissionais,
instituições, comissões, etc. – com o RH das empresas patrocinadoras, CIPAS,
bem como com parceiros externos: CECREMEF, DETRAN, SESI, SESC, entre
outras. Deste modo, a utilização das parcerias confere maior visibilidade ao
benefício e torna-o com maior alcance.
A conceituação, análise e discussão do programa em questão é
bastante próxima a do Programa de Integração. Este fato dá-se porque o
29Programa Educação, Saúde e Segurança originou-se a partir de demandas
então atendidas através do Programa de Integração.
Cabe destacar que o Programa Educação, Saúde e Segurança ficou
marcado por uma de suas primeiras ações, que foi percorrer a todas as áreas
regionais que possuíam maior concentração de associados para formar
comitês integrados, compostos por empregados, aposentados, pensionistas
locais. Estes comitês têm por objetivo desenvolver ações nas áreas que sejam
de efetivo interesse dos associados.
É ainda, através do Programa Educação, Saúde e Segurança que a
CAEFE efetiva sua participação nas semanas de prevenção aos acidentes de
trabalho das empresas associadas e realiza, ainda, cursos e treinamentos com
foco na informação enquanto ferramenta para discussão da necessidade dos
cuidados com a saúde, com a reciclagem de conhecimentos, bem como com a
adoção de medidas voltadas para a segurança do trabalhador.
O Programa Educação, Saúde e Segurança é composto pelos seguintes
projetos:
Consciência Corporal: destinado a trabalhar, junto aos associados, a
necessidade de atenção ao corpo, como forma de melhoria da qualidade de
vida. Prevê aulas coletivas e atendimentos individuais na sala de Consciência
Corporal, localizada na sede da CAEFE.
Conforme a filosofia do Programa, o Projeto de Consciência Corporal
destina-se a trabalhar, junto aos associados, a necessidade de atenção ao
corpo, como forma de melhoria da qualidade de vida.
Comitês Integrados: possibilitar a extensão das atividades, produtos e
serviços oferecidos pela CAEFE aos associados das áreas regionais;
desenvolver comissões participativas que atuem como parceiras da CAEFE na
escuta apurada aos associados, nos auxiliando nas questões voltadas às
providências e divulgação de informações (formadores de opinião), bem como
propor atividades de acordo com a realidade cultural e demanda específica de
cada área.
30 Deste modo, é possível verificar que as ações desenvolvidas pela Caixa
são direcionadas para as políticas de Recursos Humanos através da prestação
de benefícios sociais voltados ao quadro de empregados, aposentados e
familiares.
31
CAPÍTULO III
A POLÍTICA DE BENEFÍCIOS DE FURNAS E A
COMPLEMENTAÇÃO DA CAEFE
Furnas Centrais Elétricas é uma empresa de Economia mista, de
administração indireta do Governo Federal, vinculada ao Ministério de Minas e
Energia e controlada pela Eletrobrás.
A instituição foi criada em 1957, através do Decreto Federal nº 41.066 e
começou a funcionar efetivamente em 1963, em Passos (MG). Em 1º de junho
de 1971 a sede foi transferida para o Rio de Janeiro, no mesmo ano que foi
criado seu fundo de pensão privado, enquanto entidade de previdência e
assistência social, com sua estrutura subordinada diretamente ao organograma
vigente na empresa central. Com este advento, foi também criada a primeira
equipe de Serviço Social, em 1972.
A empresa atua a mais de cinqüenta anos nas áreas de geração,
transmissão e comercialização de energia elétrica, garantindo o fornecimento
de energia a cerca de 51% dos domicílios brasileiros.
Sua missão é “atuar como empresa do ciclo da energia elétrica,
ofertando produtos a preços razoáveis e serviços adequados para melhorar a
condição humana”. A visão de Furnas é “ser excelência no ciclo de energia
elétrica contribuindo para o bem-estar da sociedade, o desenvolvimento
tecnológico do país e a conservação do meio ambiente” 2.
A política de Recursos Humanos de Furnas é efetivada através de
quatro programas norteadores: Desenvolvimento Profissional, Qualidade de
Vida, Segurança e Saúde.
O Programa de Desenvolvimento Profissional tem como objetivo o
desenvolvimento e a aprendizagem de todo o corpo de colaboradores de
2 Estas informações foram retiradas do site: www.furnas.com.br, acessando o link Institucional.
32Furnas, dotando-o de competências técnicas e gerenciais que objetivem a
melhoria dos resultados da empresa.
O programa se efetiva através do Projeto Prisma, que reúne os serviços
e programações referentes a eventos de desenvolvimento em ambientes
presenciais de aprendizagem e também à distância.
O Programa de Qualidade de Vida, que objetiva a melhora da
qualidade de vida dos empregados, é alicerçado em três vertentes: atividades
físicas, atividades culturais e atividades do Serviço Social da empresa.
O Programa de Saúde desenvolve ações de prevenção e educação,
em paralelo à medicina ocupacional e assistência direta.
Esse programa é executado tanto através do ambulatório médico da
empresa, quanto em ações como o projeto para prevenção e tratamento da
dependência química, campanhas regulares de prevenção e formação de
agentes multiplicadores, entre outras atividades.
O Programa de Segurança é voltado principalmente para a construção
das linhas de transmissão, considerando o elevado grau de risco envolvido
nesta atividade. Esse programa contempla ações como seminários técnicos,
palestras com todos os trabalhadores, apresentações de vídeos e simulação de
situações de risco.
A partir da descrição da política de recursos humanos de Furnas foi
possível perceber que a atuação da CAEFE vem ao encontro desta política e
que suas ações complementam a rede de benefícios oferecidos aos
trabalhadores, pois são oferecidos benefícios diferentes do que a empresa
patrocinadora fornece aos seus trabalhadores.
Verificamos a importância dessa rede como complementação à política
de recursos humanos de Furnas através da quantificação dos atendimentos
gerados pelos benefícios da CAEFE.
33
CAPÍTULO IV
A UTILIZAÇÃO DA REDE DE BENEFÍCIOS
ASSISTENCIAIS DA CAEFE PELOS ASSOCIADOS
Utilizou-se como recorte para análise dos investimentos nas ações
socioassistenciais, os três benefícios assistenciais que movimentam maior
recurso financeiro na instituição: o Empréstimo Social, o Auxílio Funeral e o
Auxílio Alimentação.
Levantou-se ainda a utilização dos seguros administrados pela CAEFE
no sentido de verificar a adesão dos associados a este tipo de benefício, que
além de oferecer condições diferenciadas ao grupo permite a captação de
recursos financeiros para a instituição a fim de reinvesti-los em ações
assistenciais.
Foi possível perceber que embora a CAEFE ofereça aos associados
benefícios e serviços sociais que Furnas não desenvolve, a utilização dos
mesmos frente ao número de associados ainda é reduzida.
Segundo dados da prestação de contas da CAEFE no ano de 2009, dos
cerca de 11.000 associados, menos de 1% utilizaram o benefício do
Empréstimo Social; 2,1% acessaram o Auxílio Funeral e 4,1% foram
beneficiado pelo Auxílio Alimentação.
A tabela a seguir apresenta a disponibilização dos três benefícios
assistenciais destacados, ao longo do ano de 2009.
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL MÉDIA
EMPRÉSTIMO SOCIAL 6 5 6 4 8 10 16 10 13 10 5 5 98 X
AUXÍLIO FUNERAL 21 21 24 14 21 14 22 23 13 24 13 19 229 X AUXÍLIO
ALIMENTAÇÃO 457 457 462 417 417 467 459 462 460 461 446 446 5411 451
34O gráfico abaixo ilustra as concessões dos benefícios assistenciais da
CAEFE no ano de 2009.
11000
98 229 451
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Total deassociados
EmpréstimoSocial
Auxílio Funeral AuxílioAlimentação
Concessões de benefícios assistenciais 2009
Segundo dados da prestação de contas da CAEFE no ano de 2009, dos
cerca de 11.000 associados, cerca de 94% contrataram o seguro de vida
(incluindo neste percentual, os seguros pagos por Furnas aos seus
empregados); 86% tornaram-se beneficiários do seguro de acidentes pessoais;
cerca de 51% contrataram o seguro de veículo e 10% o seguro residencial.
35 Com relação à captação de recursos para investimento nas ações
assistenciais, podemos analisar os dados a seguir.
1100010287
9469
5649
1114
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Total deassociados
SeguroVida
SeguroAcid.
Pessoais
SeguroVeículo
SeguroResidencial
Contratação de Seguros em 2009
Percebemos que a instituição tem uma boa adesão aos seus produtos
por parte dos seus associados. Um importante aspecto sobre esta questão
refere-se ao fato do investimento dos recursos financeiros captados pela
CAEFE nas ações de caráter sócioassistencial. De certo modo, contratar os
seguros junto à CAEFE significa prover benefícios indiretos ao próprios
contratantes do serviço – os associados da instituição.
A CAEFE sinaliza em seus relatórios a necessidade de aumentar a sua
arrecadação a fim de viabilizar maior investimento nas ações de caráter
assistencial, uma vez que os custos administrativos desta instituição não são
mais subsidiados pelas empresas associadas, que segundo o estatuto de
constituição da Caixa, também deveriam ser patrocinadoras.
Desde o ano de 2007, quando o TCU sinalizou que Furnas deveria
suspender o repasse de recursos financeiros para subsidiar os custos
administrativos da Caixa, a instituição vem arcando integralmente com tais
gastos e dessa forma, os recursos que poderiam ser investidos integralmente
36na ampliação das ações assistenciais estão comprometidos com a manutenção
da CAEFE.
Esta questão polêmica em relação ao repasse de recursos das
empresas patrocinadoras está sendo analisada judicialmente e por esta razão,
a CAEFE vem sinalizando a necessidade de investimentos em novas frentes
de captação de recursos.
Tal ressalva foi necessária para que as análises quantitativas não
ofusquem a relevância da instituição, principalmente no que tange à sua
missão enquanto Caixa de Assistência.
Entretanto, o grande desafio da CAEFE para a sua manutenção
enquanto entidade voltada à proteção social dos seus associados está na
ampliação dos atendimentos às demandas apresentadas. Será necessário que
a CAEFE consiga buscar novos centros de custeio com vistas a expandir a sua
atuação.
A CAEFE terá ainda o desafio de consolidar-se no universo de Furnas
fazendo jus a sua missão de desenvolver ações voltadas para a preservação
da qualidade de vida dos empregados de Furnas, Eletronuclear, FRG e de
outros associados, quer durante o ciclo produtivo de sua existência, quer ao
longo do período de sua aposentadoria, considerando ainda que o amparo à
família constitui elemento básico à plena realização do ser humano.
37
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como destacado neste trabalho, de fato, o papel de prover a população
das ações assistenciais é do Estado. Entretanto, a lacuna deixada pelo poder
público, especialmente em relação à classe trabalhadora, necessita ser
amparada por órgãos como as caixas de assistência, seja por segmentos de
trabalho (ofícios/profissões) ou por segmentos institucionais (empresas
estatais, de economia mista e privada).
É importante destacar que, por atuarem na reprodução da força de
trabalho, os benefícios sociais adquirem papel relevante na vida dos
trabalhadores e que por esta razão os mesmos são utilizados pelas empresas
para o aumento da produtividade e retenção dos mesmos.
Neste sentido, atualmente a CAEFE tem como foco, dentro de sua área
assistencial, o atendimento às necessidades básicas e emergenciais dos
associados e seus familiares, através de programas assistenciais.
Como considerações finais ressalto que foi possível constatar que a
atuação da CAEFE, enquanto complementadora da política de Recursos
Humanos de Furnas, exerce papel fundamental e diferencial para a empresa
patrocinadora.
É importante destacar ainda que essa proteção social oferecida pela
CAEFE em relação aos seus associados estende-se ao empregado
aposentado e ao pensionista deixado por ele.
Penso que além da própria gênese do negócio da CAEFE – prestação
assistência social – a sua relevância reside no fato de que a rede de proteção
social oferecida pela instituição abrange o trabalhador ao longo do seu período
produtivo e de sua aposentadoria, além da sua própria família.
Outra questão importante sobre a complementação desta política de
Recursos Humanos refere-se ao fato de que a Caixa desenvolve ações que
Furnas não executa através da sua política de recursos humanos.
38Na medida em que o Estado tem seu papel de regulador da assistência
social ampliado ou diminuído, são percebidos impactos diretamente os
programas assistenciais direcionados ao trabalhador, de modo geral,
registrando-se também impactos significativos nas empresas, através da
definição dos estilos de programas assistenciais adotados.
Esta questão remete à redução do papel da Fundação Real Grandeza
no papel de provedora da rede complementar de benefícios, conforme dito
anteriormente, tornando o fértil o caminho para a consolidação e afirmação da
importância das ações particadas pela CAEFE no sentido da proteção social
aos trabalhadores.
Desta maneira, foi possível concluir que a atuação da CAEFE cumpre o
papel de estimular os trabalhadores das empresas associadas no sentido de
aumentar a produção, incentivar a adesão às metas e valores da empresa,
bem como reter estes empregados.
Os benefícios sociais, como são relacionados às condições materiais ou
psicológicas da força de trabalho acabam por conferir um estímulo aos
empregados no sentido de aumentar a produção, estimular a adesão às metas
e valores de Furnas, bem como reter estes trabalhadores.
A CAEFE torna-se então entidade estratégica para a gestão de recursos
humanos de Furnas e das empresas associadas.
É importante destacar que a Caixa pode ser utilizada pela empresa
patrocinadora como recurso estratégico de gestão da força de trabalho, mas ao
mesmo tempo, representa uma conquista dos trabalhadores enquanto sujeitos
coletivos organizados.
Nesse sentido, ganha destaque o papel dos sindicatos e entidades
representativas dos trabalhadores, uma vez que estes têm ação fundamental
para a reivindicação da existência da Caixa enquanto instituição provedora de
assistência social.
Deste modo, a CAEFE representa por um lado o interesse do capital
para aumentar lucros através da gestão da força de trabalho pela obtenção do
39consenso doa trabalhadores, adesão às metas de produtividade e valores da
empresa. Por outro lado, a CAEFE pode auxiliar os trabalhadores no avanço de
seus direitos sociais enquanto trabalhadores mobilizados.
Penso que esta Caixa, cuja formação data menos de uma década, tem
muito a contribuir para o desenvolvimento de Furnas no cenário das empresas
modernas, podendo tornar-se até referência para outras experiências
empresariais.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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da Assistência Social – LOAS. Diário Oficial República Federativa do Brasil.
Brasília, 1993.
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fábrica de consensos. São Paulo: Cortez, 2006.
CESAR, Monica de J. Serviço Social e reestruturação industrial: requisições,
competências e condições de trabalho profissional. In: A nova fábrica de
consensos. São Paulo: Cortez, 2006.
__________________. A experiência do Serviço Social nas empresas. In:
Capacitação em Serviço Social e Política Social. Brasília: CFESS/ ABEPSS,
1998.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
____________________. Recursos Humanos: o capital humano das
organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
_____________________. Remuneração, benefícios e relações de trabalho:
como reter talentos nas organizações. São Paulo: Manoel, 2009.
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passo a passo... Siga o mapa. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
MOTA, Ana Elizabete. Cultura da crise e Seguridade Social: um estudo sobre
as tendências da previdência e da assistência social brasileira nos anos 80
e 90. São Paulo: Cortez, 2005.
41
OUTRAS FONTES DE CONSULTA
• www.furnas.com.br
• www.caefe.com.br
• Planejamento estratégico da CAEFE 2006-2008.
• Relatório de Gestão CAEFE 2009.