Caderno1 Educador Agricultura Familiar

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    Agricultura FamiliarIdentdade, Cultura, Gnero e Etnia

    Caderno Pedaggico Educadoras e Educadores

    1

    AgriculturaFamiliar

    ProJovem Campo - Saberes da TerraMinistrioda Educao

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    Caderno Pedaggico Educadoras e Educadores

    Agricultura

    FamiliarIdendade, Cultura,Gnero e Etnia

    Coleo Cadernos PedaggicosProJovem Campo-Saberes da Terra

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    Ministrio da Educao/SECADEsplanada dos MinistriosBloco L - Edifcio Sede2o andar - sala 200

    CEP 70.047-900BRASLIA - DF

    Ministrioda Educao

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    Agricultura

    FamiliarIdendade, Cultura,Gnero e Etnia

    Coleo Cadernos PedaggicosProJovem Campo-Saberes da Terra

    Ministrioda EducaoBRASLIA | DF | 2010

    Caderno Pedaggico Educadoras e Educadores

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    2010. SECAD/MEC

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao Connuada, Alfabezao e DiversidadeDiretoria de Educao para a DiversidadeCoordenao Geral de Educao do Campo

    CoordenaoArmnio Bello Schmidt

    Sara de Oliveira Silva LimaWanessa Zavarese Sechim

    Equipe Tcnica Pedaggica SECAD/MEC

    Eduardo DAlbergaria de Freitas

    Eduardo Gis de Oliveira

    Gilson da Silva Costa

    Joo Staub Neto

    Jos Roberto Rodrigues de Oliveira

    Lisnia de Giacome

    Michiele Morais de Medeiros Delamra

    Oscar Ferreira de Barros

    Equipe Tcnica Pedaggica - UFPE/NUPEP

    Joo Francisco de Souza (In Memorian)

    Zlia Granja Porto

    Karla Tereza Amlia Fornari de Souza

    Rigoberto Flvio Melo Arantes

    Maria Fernanda Alencar

    Almeri Freitas de Souza

    Equipe Tcnica Pedaggica - UFPA

    Jaqueline Cunha da Serra Freire

    Evandro Medeiros

    Romier da Paixo Souza

    Evanildo Estumano

    Editorao de comunicaoDirceu Tavares de Carvalho Lima Filho

    Projeto grcoAdrianna Rabelo Coutnho

    IlustraoHenrique Koblitz Essinger

    RevisoAntnio Neto das Neves

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Centro de Informao e Biblioteca em Educao (CIBEC)

    Agricultura familiar: idendade, cultura, gnero e etnia: caderno pedaggico educadoras e educadores / Coordenao: Armnio Bello

    Schmidt, Sara de Oliveira Silva Lima, Wanessa Zavarese Sechim. Braslia : Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Connuada,

    Alfabezao e Diversidade, 2010.

    140 p. il. - (Coleo Cadernos Pedaggicos do ProJovem Campo-Saberes da Terra).

    ISBN 978-85-7994-056-9

    1. Educao popular. 2. Agricultura familiar. 3. Educao de Jovens e Adultos. 4. Educao no Campo. I. Brasil. Ministrio da Educao.

    Secretaria de Educao Connuada, Alfabezao e Diversidade. II. Schmidt, Armnio Bello. III. Lima, Sara de Oliveira Silva. IV. Sechim,

    Wanessa Zavarese.

    CDU 374.71

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    APRESENTAO DO CADERNO

    CARTA AOS EDUCADORES E S EDUCADORAS

    1. TEMPO ESCOLA DE ACOLHIDA

    1.1. Ementa

    1.2. Objevos1.3. Aprendizagens desejadas

    1.4. Tempo formavo

    1.5. Jornadas Pedaggicas

    1.5.1. Acolhimento do Eu, do Outro, de Ns

    1.5.2. Estudando o Ambiente da Escola

    1.5.3. Conhecendo a Turma de Educandos/as

    1.5.4. Construo de Acordos Colevos e Organizao de Grupos

    de Estudo e Trabalho

    1.5.5. Propondo a Construo do Plano de Pesquisa

    1.5.6. Produzindo a Sntese do Tempo Escola de Acolhida

    Sumrio

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    2. O EIXO TEMTICO I

    - Problemtca

    - Ementa

    - Questes de Pesquisa- Aprendizagens Desejadas

    - Crculo de Dilogos

    - Jornadas Pedaggicas

    - Integrao de Saberes

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    3. SUGESTES DEROTEIRO PARA PLANEJAMENTO

    DAS JORNADAS PEDAGGICAS

    - Sugestes de Outras Possveis Jornadas Pedaggicas

    - Construindo Idendades da Agricultura Familiar

    - Para Ler, Refer e Debater

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    Argilcqua

    Costurando nossas histrias

    Entre o Campo e a Cidade

    Mandala

    Culturalidades: os Brasis da gente

    Mapeaculturando

    Cultura Midica

    Generalizando

    Um problema que no genrico!

    Etnicidades

    Pajelana

    Jornaa

    Conclusividade

    Avaliao Processual e Sistemazao

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    5.ANEXOS

    Anexo 1.

    Proposta de Roteiro para Entrevista

    Anexo 2.

    Questes de Pesquisa

    Anexo 3.

    Defnio dos Procedimentos de Pesquisa

    Anexo 4.

    Relacionando os Saberes Integrados

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    NOVA CULTURA NO CAMPO BRASILEIRO:

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    a Agricultura Familiar Sustentvel

    Apresentao do Caderno

    A

    Coletnea CADERNOS PEDAGGICOSest organizada em cadernos para

    a Educadora e o Educador, bem como

    para as Educandas e os Educandos,

    com o objevo de oferecer subsdios

    para que cada segmento do ProJovemCampo Saberes da Terra, no TempoEscola e no Tempo Comunidade, avance,

    respecvamente, na sua formao

    docente e na qualicao social e

    prossional com elevao da escolaridade

    (concluso do Ensino Fundamental).

    Essa coletnea deseja contribuir para

    um processo de estudo produvo e

    agradvel. Claro que, enquanto subsdios

    pedaggicos, os Cadernos no do

    conta de todas as questes do processo

    pedaggico do ProJovem Campo Saberes da Terra nas salas de aula.Possibilitam, contudo, uma metodologia

    de estudo e, portanto, de construo de

    saberes. Metodologia que, lanando mo

    dos Cadernos, do Acervo Bibliogrco

    de cada escola e do Laboratrio, sendo

    este a vida da comunidade e do entorno,

    possibilitar o desenvolvimento das

    habilidades intelectuais (elevao da

    escolaridade), prossionais (tcnicas

    necessrias ao manejo das diferentes

    ocupaes do Arco Ocupacional Produo

    Rural Familiar) e socioambientais

    (interveno na comunidade e na

    sociedade) para a autoformao e a

    transcendncia social de todos os sujeitos

    educavos no seu crescimento humano

    pessoal, prossional e colevo.

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    A esse conjunto de procedimentos

    didcos se denominou PERCURSO

    FORMATIVO, que contempla a base

    conceitual e metodolgica estruturante

    do Programa a m de subsidiar os sujeitos

    educavos do campo engajados naconstruo da caminhada do ProJovem

    Campo Saberes da Terra no Brasil. A

    proposta que, ao ser vivenciado, seja

    mediado pelas idias, pelas concepes,

    pelos valores, pelas experincias,

    pelas competncias, pelos desejos dos

    sujeitos educavos envolvidos na sua

    dinamizao.

    A inteno deste Caderno Pedaggico

    , portanto, criar condies para acompreenso, interpretao e explicao

    das contradies, das ambigidades,

    dos conitos e das possibilidades

    dos problemas que envolvem o Eixo

    Arculador, Agricultura Familiar e

    Sustentabilidade, por meio de cinco eixos

    temcos, os quais se propem construir

    respostas s suas problemcas. Os Eixos

    Temcos so:

    1. Agricultura Familiar: idendade,cultura, gnero e etnia.

    2. Sistemas de produo e processos de

    trabalho no campo.

    3. Cidadania, organizao social e

    polcas pblicas.

    4. Economia solidria.

    5. Desenvolvimento sustentvel e

    solidrio com enfoque territorial.

    No caso deste Caderno, a primeira tarefa qual se prope que cada segmento

    (do/a educador/a e do/a educando/a)

    idenque os problemas que o Eixo

    Temco 1, como uma dimenso do

    Eixo Arculador, apresenta para ossujeitos educavos, a comunidade, o

    territrio, a regio e o Brasil, por meio

    dos conhecimentos que j possuem

    sobre o assunto, conhecimentos que a

    mdia, as autoridades, as instuies, os

    Movimentos Sociais, as Cincias difundem

    sobre esses problemas. Dessa forma,

    ser possvel a construo de um saber

    mais amplo, consistente e l sobre os

    problemas e as possveis solues deles.

    A segunda tarefa construir uma sntese

    geral a parr das snteses elaboradas

    individual ou colevamente em cada

    passo do estudo do Eixo Temco. As

    snteses dos estudos constuem um

    processo analco a parr de invesgaes

    de campo e bibliogrcas (estudando

    e fazendo cincias humanas, sociais,

    da natureza e agrcolas: contedos

    educavos) que iro sendo documentadas

    por meio dos contedos instrumentais

    (linguagens verbais, arscas e

    matemcas) ao tempo que se aprende

    a elaborar projetos de interveno

    social (contedos operavos) para

    oferecer saberes e sugestes de ao que

    possibilitem uma vida decente a todas

    e a todos. Portanto, objeva possibilitar

    avanos na construo de nossa

    humanidade famlia, comunidade, ao

    entorno territorial e regional, bem como

    ao pas, para que possamos viver uma

    democracia expansiva.

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    Foto Arquivo Cetap/Curso de Alimentao 13/11/2006

    As snteses de cada passo do estudo

    do Eixo Temco (escritas, cantadas,

    pintadas, calculadas...) serviro de

    matria-prima para a construo da

    sntese nal de cada eixo. Esse ser o

    novo conhecimento produzido coleva

    e individualmente sobre a problemca

    representada pelo eixo temco. A

    sntese de cada eixo temco servir de

    matria-prima na elaborao da sntese

    nal do Eixo Arculador. Dessa forma,

    pretende-se contribuir com a construo

    de uma NOVA CULTURA NO CAMPO

    BRASILEIRO: a Agricultura Familiar

    Sustentvel. Essa sntese geral nal

    expressar o conhecimento produzido

    no processo invesgavo, vivido

    didacamente pelos sujeitos educavos.

    Uma nova cultura pode avanar nos

    campos brasileiros!

    Entende-se CULTURA como a inter-

    relao entre as condies materiais,

    associavas e simblicas da existncia

    humana; a orientao axiolgica (teorias

    que explicam a questo de valores) do

    pensar, do senr e do fazer humano

    e seus produtos (artefatos culturais).

    Condies materiais que s podem ser

    produzidas associavamente (organizadas

    ou instucionalmente) com juscavas

    cas, estcas, legais e intelectuais

    (condies simblicas).

    Ter-se-o duas snteses gerais no nal do

    processo de construo dos saberes do

    ProJovem Campo Saberes da Terra:

    uma de cada estudante e outra que

    represente as concluses colevas de

    cada escola. Alm destas, haver uma

    sntese dos/as educadores/as como

    Monograa de Concluso do Curso de

    Especializao ou Extenso Universitria.

    Esses novos saberes podero ser

    publicados como contribuio do

    Programa ao equacionamento e

    potencializao da Agricultura Familiar no

    Brasil.

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    Todas as snteses, desde as parciais decada Jornada Pedaggica at a nal doEixo Arculador, constuiro informaesnecessrias aos PROCESSOS AVALIATIVOStanto das aprendizagens individuaiscomo colevas, ao longo da execuodo ProJovem Campo Saberes da

    Terra, bem como das aprendizagens doeducando, do educador e do prprioPrograma.

    OS CADERNOS PEDAGGICOS propemUM PROCESSO METODOLGICO quegarante a construo dos CONTEDOSPEDAGGICOS simultaneamente:

    1: CONTEDOS EDUCATIVOS a parrdo/da estudo/discusso da realidadeconfrontada com as cincias humanas esociais, com as cincias naturais, agrriase suas tecnologias;

    2: CONTEDOS INSTRUMENTAIS:nas linguagens verbais, arscas ematemcas e em suas tecnologias;

    3: CONTEDOS OPERATIVOS:elaborao de projetos, planos eprogramas e suas tecnologias.

    Cada Caderno Pedaggico estar assimestruturado:* Problemas/ objeto de saberes a seremconstrudos no Eixo Temco;* Ementa;* Aprendizagens;* Questes de pesquisa;

    * Crculos de dilogo:- Construo coleva dos saberespela integrao de saberes populares,ciencos e tcnicos por meio deJornadas Pedaggicas e de outrastcnicas didcas.- Plano do Tempo Comunidade (Pesquisase Parlha de Saberes).

    Este Caderno Pedaggico do EixoTemco Agricultura Familiar:

    Idendade, Cultura, Gnero e Etnia

    quer ser o primeiro passo na efevaodessa tarefa pelos conhecimentos edocumentos que ir formular paraa construo de uma concepo deagricultura familiar mais forte e paraa formao social e prossional comelevao da escolaridade dos/as jovensda Agricultura Familiar. O Eixo Temcopretende garanr tambm, portanto,o Arco Ocupacional Produo RuralFamiliar por meio da capacitaoprossional para as Ocupaes a elerelacionadas e que so prioritrias noPrograma: Sistemas de Culvo, Sistemasde Criao, Extravismo, Aqicultura e

    Agroindstria.

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    Entende-se esse novo saber, um saber

    humano, conformado pelas dimenses

    cognivas, polcas, cas, estcas etcnicas, como ser explicitado na Carta

    aos Educadores e s Educadoras.

    Desejamos que este Caderno Pedaggico

    contribua, na sua diversidade de

    concepes pedaggicas e de avidades,

    com o processo de organizao do

    trabalho pedaggico e com o dilogo de

    saberes entre os sujeitos educavos.

    Num lado dalista a genteescreve comopai mais mee v maisv curam osbichos. Nooutro ladoapontamoscomo oveterinrioexplicou comoa cincia trataos animais.

    A gente vaidiscutir o que?Qual dos dois mais caro oumais baratopara cuidar dacriao?

    Tem gente queeu conheo,que vai querersaber o quevai dar menostrabalho paraele.

    Os saberes a serem produzidos nesse

    Eixo Temco resultaro do confronto

    de saberes dos/as educandos/as e desuas famlias com os saberes ciencos

    e tecnolgicos sobre a diversidade

    de agriculturas familiares, culturas,

    idendades, gnero e etnias do Brasil,

    objevando reer sobre a realidade

    existente, as potencialidades e

    possibilidades de reinveno do campo,

    o fortalecimento das aes e dos vnculos

    de pertencimento de trabalhadoras

    e trabalhadores do campo, buscando

    construir um novo saber humano sobre

    a Agricultura Familiar Sustentvel, sua

    importncia e a dignidade de seus sujeitos.

    Desejamos que este Caderno Pedaggico contribua com oprocesso de organizao do trabalho pedaggico e com odilogo de saberes com as Educandas e os Educandos.

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    A reinveno da Escola e da Agricultura Familiar

    As educadoras e educadores

    do Saberes da Terra,

    ao ensinar a dialogar

    com a tradio,

    o saber popular,

    a identdade nacional,

    etnia e gnero, tambm

    esto se formando para

    serem cidados e cidads

    de uma nova cultura mais

    solidria, ecolgica e

    sustentvel para o Brasil

    e o Mundo.

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    Carta

    aos Educadores e s Educadoras

    do PROJOVEM CAMPO SABERES DA TERRA

    Carssimas e Carssimos

    para as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros

    Sabemos que o mundo atual representa para

    todos ns um grande desao devido s suascontradies, aos conitos, s ambigidades e a falta

    de oportunidades para muitos, mas tambm muitas

    possibilidades. Isso verdade especialmente para

    as jovens e os jovens do campo brasileiro. Por isso,

    queremos apresentar-lhes nossos cumprimentos por

    terem aceitado o chamado para esse trabalho.

    O ProJovem Campo Saberes da Terra uma

    oportunidade que vocs tero para contribuir com o

    equacionamento desse amplo desao ao tempo que,

    trabalhando com a juventude rural, tambm connuaroseu prprio processo de formao pessoal e prossional.

    Para as jovens e os jovens, trata-se de um processo

    formavo de qualicao social e prossional com

    elevao da escolaridade no Ensino Fundamental.

    Realizar essa tarefa ser para esses jovens e para vocs

    mesmos uma contribuio inusitada na reinveno

    da escola para as trabalhadoras e os trabalhadores

    brasileiros, bem como na reinveno da Agricultura

    Familiar.

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    Pxa, em doisanos acaba-seo Fundamental!Aprendem-senovas tcnicasagrcolas. E nofuturo d prapensar em ir paraa Universidade.

    OCurrculo da Formao tanto do/a educador/aquanto do/a educando/a est alicerado naEducao Popular como uma Pedagogia enquanto uma

    Teoria Crca Geral da Educao1. Ser desenvolvido

    a parr de um Eixo Arculador e de cinco Eixos

    Temcos que sero trabalhados num amplo processo

    investgatvo e formador do/a educando/a e do/a

    educador/a durante os dois anos nos quais vocs

    trabalharo na qualicao social e prossional com

    elevao da escolaridade do jovem, concluindo o Ensino

    Fundamental2 na modalidade Educao de Jovens eAdultos3.

    Desejamos, ao nal de dois anos, durao do Curso do

    ProJovem Campo Saberes da Terra, contar com jovens

    concluintes do Ensino Fundamental e com uma formao

    prossional inicial ao tempo que teremos construdo uma

    nova concepo de Agricultura Familiar Sustentvel que

    contribuir para a transformao do campo brasileiro,

    permindo-nos argumentar consistentemente a favor de

    sua expanso e consolidao. Contaremos, tambm, com

    prossionais formados em Cursos de Especializao ouExtenso universitria formao connuada - a serem

    oferecidos por Instuies de Ensino Pblicas para atuar

    nesses processos polco-pedaggicos.

    Tempo: 2 anos

    Objevos:

    l concluir o ensino

    fundamental

    l jovens tecnicamentepreparados para

    agricultura familiar

    sustentvel

    l nova cultura agrcola e

    humanista

    l aptos a ingressar em

    curso de formao em

    nvel mdio ou tcnico

    prossionalizante

    O Currculo da Formao

    1Texto:

    Educao

    Popular,

    Educao

    do Campo e

    Projeto Polco-

    Pedaggico:

    Joo Francisco

    de Souza.

    2Texto:

    Diretrizes

    Curriculares

    Nacionais

    para o Ensino

    Fundamental:

    CEB/CNE.

    3Texto:

    Diretrizes

    Curriculares

    Nacionaispara a

    Educao

    de Jovens e

    Adultos: CEB/

    CNE.

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    No bastaaprender comoplantar. Vai terque perder avergonha decantar as msicas

    do Balaio deSaberes. O Balaiono teste pradesafnado. prapensar atravsda arte o que vaifazer na vida.

    EIXO ARTICULADOR E EIXOS TEMTICOS DA FORMAO

    O ProJovem Campo - Saberes da Terra, enquanto um

    projeto polco-pedaggico de qualicao social

    e prossional com elevao de escolaridade na

    modalidade EJA, em sua execuo, ter como EixoArculador as questes da Agricultura Familiar e da

    Sustentabilidade. Os Eixos Temcos que se desnam

    a responder a essas questes e construir uma nova

    concepo de Agricultura Familiar Sustentvel euma nova atuao prossional na mesma, com nveis

    crescentes de autonomia das Famlias, so os seguintes:

    1. Agricultura Familiar: idendade, cultura, gnero e

    etnia.

    2. Sistemas de Produo e Processos de Trabalho no

    Campo.3. Cidadania, Organizao Social e Polcas Pblicas.

    4. Economia Solidria.

    5. Desenvolvimento Sustentvel e Solidrio com enfoque

    Territorial.

    Esses Eixos sero trabalhados didacamente por meio

    de processos e avidades invesgavas. Ser uma

    grande pesquisa sobre o que est sendo e poder sera Agricultura Familiar Sustentvel do mbito localao nacional; portanto, uma ampla invesgao de

    possibilidades de melhoria da qualidade de vida dasfamlias e formao de seus/suas jovens.

    Vamos fazer com vocs uma reexo que promova

    uma primeira aproximao problemca central da

    pesquisa a ser realizada ao longo dos dois anos. Essareexo poder ser aprofundada por meio da leitura

    de textos sugeridos no Balaio de Saberes, do que delase diz no Projeto Polco-Pedaggico, assim como

    por meio da busca pela ampla bibliograa e pelos

    documentos disponibilizados, inclusive na Internet,pelos Ministrios do Governo Federal. Aqui queremosapenas indicar o problema de pesquisa / objeto desaber do Programa.

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    ASPECTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL A

    SEREM PESQUISADOS E POTENCIALIZADOS

    A Agricultura Familiar no Brasil se apresenta como uma

    possibilidade de vida, produo e realizao de inmeras

    pessoas que vivem no campo e do campo brasileiro(cerca de 30,8 milhes). Ainda se debate, no entanto,

    com obstculos para assim se concrezar, entre eles, o

    problema da sustentabilidade.

    Muitos agricultores e agricultoras familiares enfrentam

    problemas com as condies da propriedade, com a

    baixa produvidade, com a impossibilidade de superar

    uma situao de apenas sobrevivncia. Entende-se que

    preciso superar esses problemas para que essas pessoas

    possam, contentes e sasfeitas, viver mais dignamente e

    suas crianas e jovens possam encontrar na AgriculturaFamiliar horizontes econmicos, polcos e de realizao

    pessoal, dando connuidade a esse sistema produvo

    e cultural, mas que essa connuidade possa ocorrer em

    condies crescentes de humanizao.

    Para que o Programa anja sua nalidade e seus

    objevos, necessrio que consideremos o seu Eixo

    Arculador como um problema de ordem acadmica,

    tecnolgica e socioambiental, numa palavra, cultural,

    sobretudo para os integrantes da Agricultura Familiar, mas

    tambm para toda a sociedade brasileira. Portanto, um

    problema que exige ser equacionado do ponto de vista

    do conhecimento (acadmico), do ponto de vista de seu

    manejo produvo e comercial (tecnolgico e profssional)

    e de sua insero na dinmica econmica nacional e

    mundial e das condies de vida e crescimento humano

    de seus membros (socioambiental). Numa palavra,

    repemos, cultural.

    Enquanto um problema complexo, desaador e

    decisivo para milhares de pessoas, deve ser tomado

    como objeto de conhecimento de um programa que se

    prope qualicar social e prossionalmente a juventude

    da Agricultura Familiar ao tempo que so criadas as

    condies da elevao de sua escolaridade (Concluso

    do Ensino Fundamental) e assume o compromisso com

    a transformao cultural do sistema produvo do campo

    brasileiro.

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    contedos

    operavos

    Elaborar planos,

    programas e projetos,

    para intervenes

    tcnicas e sociais

    na comunidade e

    no entorno.

    contedos

    instrumentais

    Desenvolver linguagens

    arscas, matemcas

    e verbais, inclusive

    na variao ocial.

    contedo

    educavo

    Compreender,

    explicar e interpretar

    situaes concretas

    de vida e propor novas

    possibilidades a parr

    da Agricultura Familiar.

    4 Para caracterizar as

    questes da juventude

    da agricultura familiar,

    ver, no Caderno do/a

    Educando/a, o TextoVia Rural de Ulisses

    Freitas. Ainda pode ser

    buscado um resumo

    com acrscimos da

    pesquisa de Eliza

    Guaran de Castro

    (2005) (acessar pelo site

    hp://www.alasru.org/

    cdalasru2006/

    02%20GT%20Elisa%20

    Guaran%C3%A1%20

    de%20Castro.pdf),Entre fcar e sair:

    uma etnografa da

    construo social da

    categoria jovem rural,

    contribuies para o

    debate. E a Pesquisa

    Nacional da Educao

    da Reforma Agrria

    (PNERA) (2005), DF:

    MEC/INEP/MDA/INCRA/

    PRONERA. Acesso www.

    inep.gov.br

    A questo da Agricultura Familiar Sustentvel tem

    todas as condies de ser transformada em PROBLEMA/

    OBJETO DE CONHECIMENTO no ProJovem Campo

    SABERES DA TERRA, arculando, durante a sua realizao,

    todos os estudos e garanndo a cercao de Ensino

    Fundamental na modalidade da Educao de Jovens eAdultos e Formao Prossional Inicial. Isso signica tom-

    la como contedo educavo do Programa (compreender,

    explicar e interpretar a vida humana em suas situaes

    concretas e possibilidades a parr das condies da

    agricultura familiar), ao tempo que garante os contedos

    instrumentais (o desenvolvimento das linguagens arscas,

    matemcas e verbais, essas duas lmas na variao

    ocial) e os contedos operavos (qualicao social:

    habilidades de elaborar planos, programas e projetos

    para melhoria das condies para intervenes tcnicas e

    sociais na comunidade e no entorno), alm da qualicaoprossional do Arco Ocupacional Produo Rural

    Familiar, contemplando a formao nas Ocupaes a ele

    relacionadas que so prioritrias no Programa: Sistemas de

    Culvo, Sistemas de Criao, Extravismo, Aqicultura e

    Agroindstria.

    Isso signica tomar o Eixo Arculador Agricultura Familiar

    e Sustentabilidade como problema de estudo (objeto de

    saber) e objeto de prossionalizao (qualicao social

    e prossional da camada juvenil4 das trabalhadoras e dos

    trabalhadores da Agricultura Familiar), tendo em vista

    sua realizao humana (prossional, pessoal, polca,

    econmica e existencial).

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    Pxa ser que a gente vai dar conta de

    entender de cultura, gnero, etnia, sistema

    de produo, polticas pblicas, economia

    solidria e desenvolvimento sustentvel?

    Problemasda agriculturafamiliar

    Pouca terra,Baixa produvidade,Como superar a meraagriculturade sobrevivncia?

    Sendo um problema amplo, complexo e desaador doqual depende a vida digna de milhes de brasileiros,pensamos que esse desao pode ser desdobradoem cinco eixos temcos, para ser equacionadoadequadamente, a parr de sua compreenso, explicao

    e interveno. Portanto, entende-se ser necessrioconhec-lo em suas contradies, conitos, ambigidadese possibilidades, criando as condies de expressar esseconhecimento nas diversas linguagens para potencializara vida e garanr as condies de uma existncia cada vezmais humana na Agricultura Familiar brasileira. Pensamos,dessa forma, dar conta da complexidade e da importnciado mesmo.

    Cada um desses Eixos Temcos ser estudadoem suas problemcas acadmicas, tecnolgicas e

    socioambientais. Essas dimenses sero idencadase estudadas pelo/a educador/a e pelo/a educando/a,no Tempo Escola e no Tempo Comunidade, garanndoos contedos pedaggicos (educavos, instrumentais eoperavos) e desenvolvendo condies mais amplas econsistentes de humanizao.

    A proposta do Percurso Formavo do ProJovem Campo Saberes da Terra realiza-se por meio de processosinvesgavos e de avidades de Pesquisa (de campoe bibliogrca), tanto do/a educador/a como do/a

    educando/a, a qual estamos denominando de PESQUISADIDTICA.

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    Arf, arf, arf...

    Sustenta Edu

    que a gente

    chega l...

    Vou meteresse

    girassol em

    quem fala e

    no pedala.

    No mbito dos processos invesgavos, disnguimos apesquisa didtca, docente e discente, como meio derealizar os processos de ensino e aprendizagem da pesquisa

    profssional, aquela realizada pelos cienstas para fazer

    suas teses doutorais ou produzir tecnicamente um novo

    conhecimento. Essas diferentes formas de pesquisa no so

    idncas. Uma coisa a pesquisa prossional de ciensta

    para produzir tecnicamente novos conhecimentos. Outra

    a pesquisa didca para ensinar e aprender em conjunto,

    por meio da Prxis Pedaggica (arculao entre teoria e

    prca).

    Todas essas modalidades de pesquisa (didca e prossional)

    tm, no entanto, elementos ou caracterscas comuns.

    Todas so avidades acadmicas na busca por novos

    conhecimentos e pelo aprofundamento de um determinado

    conhecimento. Assim, a pesquisa prossional e a pesquisa

    como instrumento didco tanto da formao do/a

    educando/a como da formao do docente podem ser

    aproximadas do que, na Amrica Lana, denominado de

    Pesquisa-Ao Parcipante5.

    A Pesquisano Processo Didco

    ou Pesquisa Didca

    5Indicaode leitura:

    Epistemologia

    e pesquisa

    parcipante:

    Constri-se o

    conhecimento

    em

    cooperao?

    Emilio Luis

    Lucio-VillegasRamos.

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    Arquivo: Revista

    Agriculturas -

    experincias em

    Agroecologia

    Mulheres do

    semi-rido do

    Rio Grande do

    Norte constroem

    uma cisterna,

    realizando

    um trabalho

    tradicionalmente

    masculino.

    Entendi que pesquisar

    fazer um monte de

    perguntas... Mariinhame ama? Pois ela vive

    me maltratando...

    Perguntas? Vamos

    perguntar coisas

    srias. Se d tanto

    trabalho fazerrotao de cultura...

    porque os tcnicos

    a aconselham?

    Perguntas? Hummm...

    D pra trabalhar

    no campo e vender

    na cidade? Por que

    quando uma lavoura

    produz muito o seu

    preo cai?

    Em que se aproximam? Em que se afastam? E por que

    so maneiras de realizar pesquisas?

    A base comum de quaisquer formas de pesquisa a

    busca, a indagao, a procura, a reprocura, a curiosidade

    pelo desconhecido ou pouco conhecido, a constatao,a interveno, a comunicao, a busca de outras formas de

    explicao, de interpretao e de compreenso do que

    acontece com cada um de ns, com os outros, com

    nossas relaes, com o universo, a Terra, a cultura, as

    instuies, entre outros desejos que temos. Enm, o

    objevo de qualquer pesquisa produzir saberes sobre

    nossos relacionamentos (FREIRE, 1996).

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    Foto Arquivo Cetap/Curso sementes Csar 13/11/2006

    A pesquisa didca e a construo

    dos contedos pedaggicos

    Consideramos a pesquisa didca necessria ao

    processo de ensino-aprendizagem do/a educando/ae do/a educador/a e de sua formao no plano pessoal e

    prossional. A pesquisa como meio de formao permanente

    dos/as educadores/as torna-se processo de autoformao.

    O/a educador/a, para ensinar, tem que pesquisar sobre o

    contedo que vai ensinar e sobre as melhores formas de

    trabalh-lo com o/a educando/a.

    Para ensinar, precisa pesquisar sobre o que vai ser objeto

    do ensino: os contedos, os programas, os temas, os

    problemas... Isso porque as informaes que se tm do

    senso comum certamente no sero sucientes parao bom desempenho docente. A cincia est sempre

    progredindo, os problemas se complexicando e os/as

    educandos/as chegando aos centros de aprendizagem

    cada vez mais inquietos/as ou desinteressados/as.

    Alm do contedo do objeto de ensino, o/a educador/a

    ainda tem que pesquisar sobre as melhores formas de

    trabalhar o objeto de conhecimento com o/a educando/a

    para que este(a) re o maior proveito dos processos

    de ensino e aprendizagem e se aperfeioe pessoal e

    prossionalmente, amplie sua cultura e a compreensode si mesmo, dos outros e do mundo.

    A pesquisa docente, portanto, no se pode reduzir apenas

    busca pelos conceitos ciencos para a explicao do

    tema, a soluo do problema ou o esclarecimento do

    centro de interesse dos/as educandos/as e do processo

    educavo.

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    Arquivo MEC/Piau

    Na construo dos contedos pedaggicos, no so sucientesa cincia ou os conceitos. necessria uma cognio plena,embebida de ca, estca, polca e tcnica. Os contedospedaggicos tm, portanto, que garanr as condies daconstruo da sabedoria e no apenas de conhecimentos.

    Os contedos pedaggicos aqui so entendidos comocontedos educavos, instrumentais e operavos,dimenses que lhes so intrnsecas.

    Os contedos educavos dizem respeito a tudo o queimplica a compreenso, a interpretao, a explicao daexistncia humana em sua diversidade, nas contradies,ambigidades, conitos e possibilidades. Esse processo uma exigncia fundamental para nossa conformao

    como humanos. Cria as condies de nossa formaohumana. Os contedos educavos, sozinhos, no sosucientes para nossa formao. Necessrio se fazexpressar, documentar a compreenso por meio daslinguagens verbais, matemcas e arscas para garanra comunicao entre ns. Sem comunicao interpessoale coleva, no avanamos na nossa humanizao.

    Sendo assim, o domnio dos contedos instrumentais o desenvolvimento da capacidade de sua documentaopor meio das linguagens verbais, arscas e matemcas

    que so, tambm, imprescindveis. Quando falamosem contedos instrumentais, estamos nos referindo slinguagens humanas (verbais, matemcas e arscas),inclusive ulizando os instrumentos mais modernos dastecnologias da informao e da comunicao.

    No basta compreender, interpretar, explicar e expressara realidade natural, cultural, nossas relaes e a nsmesmos. preciso, pois, desenvolver a capacidade defazer projetos para transformar aqueles aspectos que,segundo nossos valores humanos, so idencados como

    negavos e impedem nosso crescimento.

    Igualmente, fundamental o desenvolvimento dacapacidade de elaborar projetos pessoais e colevos deao transformadora (contedos operavos) que garantamas condies de mudanas qualitavas na sociedade nosendo de que ela proporcione as condies de nossocrescimento humano individual e colevo. Esses projetos,programas e planos podem ser oferecidos sociedade local,municipal, estadual e nacional para que todos, inclusive asautoridades, possam agir no sendo de nossa humanizao.

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    Edu no bastatecnologia, tem queter sabedoria!

    Oh, Deusa das guasposso me transformarnum cara mais forto?

    Realizar o Processo de

    Ressocializao do/a Educador/a

    A pesquisa docente, na busca pelas idias, pelas noes,

    pelas concepes, pelos conceitos, analisa suas implicaes

    cas, polcas, estcas e tcnicas. Estamos propondo um

    processo de recognio6 desses conceitos, idias, categorias,

    concepes ou noes a m de que possamos v-los de outra

    forma. Estabelecida uma outra compreenso, realizado um

    processo de recognio, poderemos lutar pela reinveno

    daprxispedaggica escolar para que ela contribua com

    a reinveno das relaes sociais, das culturas e de nsprprios.

    Reinventando aprxispedaggica da Educao do Campo,

    poderemos contribuir, portanto, com outraprxissocialna

    medida em que nossos/as educandos/as sero prossionais,

    polcos, trabalhadores, no apenas para respondermos

    aos seus desejos pessoais, mas necessria transformao

    da sociedade em que vivemos como condio de realizao

    de seus desejos. Estaremos dando nossa contribuio para

    termos uma vida digna e vivermos bem, alegres e expansivos.

    6Cognio:

    s.f.1 processo

    ou faculdade

    de adquirir um

    conhecimento

    (HOUAISS,p.754).

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    Foto: Nina

    Fideles

    - Arquivo MSTDia Internacio-

    nal da Mulher

    - Fora Bush na

    Avenida Paulista

    09/03/2007

    7Gnosiologia: FIL teoria geral

    do conhecimento humano,

    voltada para uma refexo

    em torno da origem, natureza

    e limites do ato cognivo.

    HOAUISS, p.1461.

    Essa nova cognio (processo de recognio) poderresultar em outras formas de fazer e de senr o nossotrabalho docente, de nos fazermos, enquanto educadoras eeducadores, mais humanos na atuao prossional, social enas nossas relaes com o nosso meio natural e cultural. Issoconformaria umprocesso de reinveno.

    Se acontece uma reinveno permeada por uma recognio,congura-se a ressocializao. Constui-se um novo saber.Deu-se a ressocializao. A ressocializao, ento, situa-se nocampo da sabedoria (gnosiologia7).

    No se est a armar que esse novo saber sejanecessariamente um saber melhor que os anteriores. diferente. O desejo, porm, que seja mais amplo, maiscompleto e mais consistente para a ao de cada um comopessoa, como prossional. Portanto, angir-se-ia um saber

    melhor. Se assim for, dar-se- um processo de aprendizagem,acontecer a educao encarada posivamente. E pensamosque falar de ressocializao s tem sendo nessa direo.

    Pode, entretanto, se dar o contrrio, ou seja, podeacontecer uma educao negavamente, ou umadeseducao, pois duas outras atudes so possveisdiante de novas informaes: a rejeio pura e simplesda nova informao, ou a adeso cega s novasinformaes. Essas duas formas no as consideramoscomo aprendizagem.

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    O que

    vamos fazer?

    QuemvaipuxaraQuadrilhanoSoJoo?

    Lista dematerial

    Quemvai

    coordenar?

    31Arquivo MST

    Certamente, por isso, arma Freire (1996, p. 32 e 33):

    A curiosidade ingnua, de que resulta indiscuvelmente

    um certo saber, no importa que metodicamente

    desrigoroso, a que caracteriza o senso comum. O saber

    de pura experincia feito. Pensar certo, do ponto de vista

    do professor, tanto implica o respeito ao senso comum

    no processo de sua necessria superao quanto o

    respeito e o esmulo capacidade criadora do educando.

    Implica o compromisso da educadora, do educador com

    a conscincia crca do educando cuja promoo da

    ingenuidade no se faz automacamente.

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    Produo

    de Sntese,

    Elaborao de

    Desenhos e

    Produo de

    Texto da Turma

    no Mato Grossodo Sul, professor

    Florisnaldo

    10/08/2007.

    Arquivo MST

    Parece-nos evidente que a direo mais correta na

    construo do saber a pesquisa como elaborao crca

    de saberes. A pesquisa a fonte do saber. No , contudo,

    apenas a pesquisa docente a fonte do saber. As outras

    formas de pesquisa no deveriam fugir dessa perspecva.

    Tanto a pesquisa enquanto processos especcos deproduo de conhecimentos/ sabedorias, a pesquisa

    do invesgador prossional, como a pesquisa enquanto

    instrumento didco para as avidades em sala de aula e

    da autoformao da educadora e do educador.

    Ser importante que cada educadora, cada educador, bem

    como o colevo docente de cada escola do ProJovem

    Campo Saberes da Terra, desenvolva processos de reexo

    que explicitem como tm sido vividas a pesquisa docente

    e a pesquisa na formao connua, no codiano escolar,

    bem como a pesquisa discente. De modo especial, escrevamos resultados desses processos reexivos. Habituem-

    se, portanto, a escrever diariamente a crnica de suas

    descobertas e aes. Escrevam o seu Dirio Etnogrfco,

    um caderno de acompanhamento das aprendizagens no

    qual vo sendo documentadas as construes, as dores,

    os desejos e os avanos de cada um/a. Teremos, no nal,

    o mapa cultural de cada educadora e de cada educador.

    Alm de uma matria-prima excelente para trabalho nal (a

    monograa: sntese nal do crescimento intelectual) de cada

    docente. Vo elaborando e documentando. Caso contrrio,

    no se ultrapassa a barreira das boas declaraes.

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    Foto: Leonardo Melgarejo Arquivo MST

    8Epistemologia:FIL refexo

    geral em torno

    da natureza,

    etapas e

    limites do

    conhecimento

    humano;

    teoria do

    conhecimento.

    HOUAISS,

    p.1180.

    Concepo de saber ou sabedoria

    Temos ulizado as palavras saber, sabedoria, saberes.

    Que podero elas signicar?

    Na concepo de um lsofo francs chamado Jean-

    Franois Lyotard (1990), o saber ou a sabedoria uma

    sntese da cognio, da ca, da estca, da tcnica e

    da polca. O saber uma formulao que implica todasessas dimenses. Sua concepo se aproxima da idia do

    que armamos quando dizemos: Fulano um sbio. A

    sabedoria inclui o conhecimento (idias), porm mais

    ampla do que o conhecimento. Pois, alm da dimenso

    cogniva (cognio, idias, conceitos, noes, categorias,

    concepes), inclui os aspectos cos, estcos, polcos e

    tcnicos.

    O conhecimento (cognio) uma dimenso da

    sabedoria que segue procedimentos especcos na sua

    produo (epistemologia8

    ). A cincia apenas um pode conhecimento. Um discurso que poder vir a ser uma

    tecnologia. A forma mais ampla da inteleco humana a

    sabedoria, em seguida o conhecimento. Entre as diferentes

    formas de conhecimento, h um, o conhecimento cienco

    ou a cincia, que tem muito presgio no mundo atual

    porque pode se transformar numa tecnologia produva,

    militar, social ou das comunicaes.

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    Arquivo Saberes da Terra/Maranho

    Pedagogicamente, quais as implicaes dessas disnes?Para ns, talvez, a primeira e mais importante implicaoser a idia de que na Educao Bsica temos de produzirsabedoria e no apenas informar aos/as educandos/as retalhos de conhecimentos cienfcos. O objevo da

    Educao Bsica no formar historiadores, cienstas,matemcos, entre outras iluses que temos a respeitoda funo da Educao Bsica. , principalmente, produzircom os/as educandos/as saberes que contribuam com a suaconstruo como humanos e a nossa prpria humanidadecomo docentes. O objevo da Educao Bsica construirsaberes que contribuam com a construo do humano dosseres humanos, inclusive saberes que apiem a deciso dascrianas e dos jovens quanto ao seu futuro prossional epessoal.

    Assim, intuio muito fecunda aquela que arma: APESQUISA UMA FONTE DE SABER. Saber mais do queconhecer. O conhecer diz respeito apenas cognio: aformulao lgica e coerente de uma explicao sobredeterminado fenmeno natural ou cultural. Ou explicaodas relaes da natureza e da cultura, bem como desua importncia. O saber implica, alm da explicao(cognio, idias, lgica), a tcnica, a polca, a ca e aestca.

    interessante notar que Paulo Freire se refere ao

    desenvolvimento da CURIOSIDADE EPISTEMOLGICApara garanr OS MOMENTOS DO CICLO GNOSIOLGICO.Podemos interpretar essa perspecva como sendo a deque o conhecimento apenas um dos momentos dociclo (o cognivo) da construo do saber necessrio existncia humana: o viver bem, o crescimento humanode todas e todos. Ento, o conhecimento cienco(epistemologia) est subordinado construo dasabedoria ou do saber (gnosiologia) nas suas cincodimenses: a cogniva, a tcnica, a polca, a ca e a

    estca inter-relacionadas. Mas essa construo tem queser formulada como um todo: sabedoria.

    A pesquisa docente para o ensino e para suaautoformao como pessoa e prossional, assimcomo a pesquisa enquanto metodologia de ensinoque garante a construo de saberes pelos/aseducandos/as a perspecva que se assume noProJovem Campo Saberes da Terra.

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    Arquivo Saberes da Terra/Piau

    A Pesquisa, inclusive aquela ulizada como recurso

    didco, exige capacidade de confrontar saberes,

    de manejar argumentos, de raciocinar logicamente,

    rar concluses e elaborar textos que expressem os

    resultados dos processos invesgavos por meio das

    linguagens verbais, matemcas e arscas. Construode textos que envolvam, simultaneamente, essas

    diferentes linguagens de forma competente e na sua

    verso ocial da lngua e das matemcas. Ultrapassar

    os limites da curiosidade ingnua e angir a curiosidade

    epistemolgica. Historicizar, comparar, relacionar,

    discordar, elaborar novas possibilidades e assumi-las na

    prca. Pesquisar para construir o muito que temos para

    saber...

    Todos esses processos so fundamentados na Educao

    Popular enquanto uma Pedagogia como Teoria CrcaGeral da Educao que se transforma numa Proposta

    Pedaggica9. No caso do Programa, a Proposta Pedaggica

    fundamenta-se na Educao do Campo e adquire

    corpo por meio de um Projeto Polco-Pedaggico10. O

    ProJovem Campo Saberes da Terra tem uma proposta

    em construo que respeita as diversidades do Campo e

    se recria nas realidades locais em suas prxis pedaggicas

    nas Escolas ou nos Centros Educavos.

    Referncia

    FREIRE, Paulo. (1996).

    Pedagogia da autonomia.

    Rio de Janeiro: Paz e Terra.

    LYOTARD, Jean-Franois.

    (1990). A condio ps-moderna. Rio de Janeiro:

    Jos Olympio Editora.

    SOUZA, Joo Francisco.

    (2000). E a educao:

    que?? A educao

    na sociedade e/ou a

    sociedade na educao.

    Recife: NUPEP/UFPE;

    Edies Bagao.

    Equipe da UFPA e da UFPE

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    Compreenso do Projeto Polco Pedaggico

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    Tempo Escola de Acolhida

    do Programa ProJovem - Saberes da Terra

    1

    OTempo Escola de Acolhida marca

    o incio do processo formavo noPrograma ProJovem Campo Saberesda Terra. o momento de acolher os/aseducandos/as e suas famlias na escolapara dialogar sobre o Projeto PolcoPedaggico, conrmar as matrculas,denir acordos colevos, orientar asavidades educavas, entre outras. o primeiro contato e reconhecimentoda turma por parte da equipe dos/aseducadores/as.

    O Tempo Escola de Acolhida representa

    o incio do Percurso Formavo em quese buscar organizar o primeiro planode pesquisa que ser desenvolvido noTempo Comunidade. E est estruturadode forma semelhante ao desenvolvimentodos Eixos Temcos na perspecva defamiliarizar os/as educandos/as e asfamlias com a dinmica codiana doPrograma.

    So elementos constuvos do Tempo

    Escola de Acolhida: Ementa, Objevos,Aprendizagens, Tempo Formavo,Jornadas Pedaggicas. Vale lembrar queesses elementos so conceituados noPercurso Formavo.

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    1.1. EMENTAEstudo da Escola e da

    Educao. Concepes

    e prcas de Educao

    Popular e Educao

    do Campo. Estudo

    da relao entre

    educao, autonomia

    polco-cultural,

    desenvolvimento humano

    e sustentabilidade.

    Juventude e educao do

    campo no Projeto Polco-

    Pedaggico do Programa

    ProJovem Campo - Saberesda Terra.

    1.2. OBJETIVOS

    Proporcionar o

    acolhimento dos/as jovens

    educandos/as no Programa;

    Debater colevamente o

    Projeto Polco-Pedaggicodo Programa;

    Construir de forma

    parcipava os acordos

    de convivncia humana e

    pedaggica;

    Diagnoscar a realidade

    dos/as educandos/as;

    Planejarparcipavamente o

    ano levo, a organizao

    do trabalho pedaggico

    e as avidades a serem

    desenvolvidas;

    Construir colevamente

    as propostas de avidades

    do primeiro Tempo

    Comunidade.

    1.3. APRENDIZAGENS

    DESEJADAS Compreenso do Projeto

    Polco-Pedaggico doPrograma ProJovem

    Campo Saberes da Terra;

    Compreenso das

    concepes e prcas

    educavas de Educao

    Popular e Educao do

    Campo;

    Compreenso do

    Percurso Formavo doPrograma e dos elementos

    que o compem.

    1.4. TEMPO

    FORMATIVO

    O Tempo Escola de

    Acolhida tem seu tempoformavo exvel em

    termos de Carga Horria,

    cuja denio autnoma

    para cada experincia local

    do Programa.

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    Arquivo Comisso Pastoral da Terra

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    JORNADAS PEDAGGICAS

    ACOLHIMENTO DO EU, DO OUTRO, DE NS

    OBJETIVOPromover a discusso

    sobre a histria da

    escolarizao e as utopias

    dos/as educandos/as e da

    comunidade sobre o papel

    da escola, possibilitando

    equipe de educadores/as mapear as expectavas

    iniciais dos/as educandos/

    as, dos familiares e da

    comunidade sobre o

    Programa.

    QUESTES DE PESQUISASo elementos do

    conjunto do processo

    pedaggico que permitem

    visualizar o foco central do

    processo de formao:

    ?Quem so os meuscolegas de turma??Seus interesses soiguais aos meus??Que conhecimentoseles tm queeu no tenho e que

    conhecimentos eu tenho

    que eles no tm?

    ATIVIDADES PARAINTEGRAO DE SABERES

    Momento em que se

    realizam avidades

    que possibilitem s/aos

    educandas/os expressar

    as concepes e osconhecimentos que se

    tm sobre a importncia

    da escola na vida da

    comunidade.

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    Qual a Escola que temos?

    Qual a Escola que queremos?

    TECER PROPOSTASDE TRABALHO

    Atvidade 1

    Ao som da msica E vamos luta, aspessoas iro danar e se apresentar/cumprimentar/reconhecer...

    E VAMOS LUTAGonzaguinha

    Eu acredito na rapaziadaQue segue em frente e segura o rojoEu ponho f na f da moadaQue no foge da fera e enfrenta o leoEu vou luta com essa juventudeQue no corre da raia a troco de nadaEu vou no bloco dessa mocidadeQue no t na saudadee constri a manh desejadaAquele que sabeque mesmo couro da genteQue segura a bada da vida o ano inteiroAquele que sai do sufocode um jogo to duroE apesar dos pesares ainda se orgulha deser brasileiroAquele que sai da batalha

    E entra num botequimPede uma cerva geladaE agita na mesa logo uma batucadaAquele que manda um pagodeE sacode a poeira suada da lutaE faz a brincadeiraPois o resto besteira(Ns estamos pela)

    A parr da msica, esmular:

    u Comentrios e debates acerca da letrada msica e dos objevos da Jornada deAcolhida.

    Atvidade 2

    Circular uma sacola com smbolos que serepetem para que cada parcipante rereo seu, a m de formar grupos a parr

    da repeo dos mesmos. Cada grupoelege palavras ou expresses sntesesrespondendo seguinte questo:

    As tarjetas com as palavras eleitas seroaxadas na parte externa de uma caixa.Os grupos faro a socializao de suasprodues, debatendo suas relaes eimplicaes polcas e pedaggicas.

    Em seguida, os parcipantes sereagruparo formando quatro gruposcom a proposta de responder questo:

    Expressaro suas idias transformandoum dos lados da caixa, que aquirepresenta a ESCOLA, ulizando osmateriais que esverem dentro e as

    respostas registradas anteriormente dolado de fora.

    Socializao da produo.

    Dando connuidade, sero lanadasaos parcipantes novas perguntas. importante garanr o registro, podendoaxar as respostas (expresses oupalavras snteses) em mural para que osgrupos visualizem suas produes.

    Perguntas:

    ?Como viabilizar a escola quequeremos??Que aes seriam pernentes a essaproposta?

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    TECER PROPOSTASDA ESCOLA

    Atvidade 3

    Apresentao e discusso sobre oPrograma comunidade e sua relaocom a histria da escola;

    Mapeamento das expectavas doseducandos, familiares e comunidadesobre o Programa, seus desaos epossibilidades, por meio da ulizao deperguntas que esmulem a construodas idias:

    Ser importante garanr a leitura ediscusso de textos sobre ESCOLA,EDUCAO POPULAR e EDUCAO DOCAMPO.

    Atvidade 4

    Sensibilizao ambiental e visita aosambientes da escola:reconhecimento e problemazao

    das caracterscas dos espaos, daforma de ocupao, organizao e usosocial dos ambientes e representaogrca da percepo dos educandossobre os ambientes da escola;pesquisa de caracterizao e reexosobre o ambiente, a organizao eo funcionamento da escola, comodemonstra o exemplo abaixo:

    SNTESES PROVISRIASPara concluir esse momento, sugerimosque cada educando expresse oralmenteseus senmentos e impresses a respeitode como vislumbra sua parcipaono Programa a parr dessas primeirasreexes.

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    Arquivo Saberes da Terra/Piau

    ESTUDANDO O AMBIENTE DA ESCOLA

    OBJETIVOSuOrganizar, analisar as

    informaes provindas

    da avidade de

    observao (caminhadapela escola) e realizar

    debates que permitam

    o aprofundamento das

    reexes sobre as relaes

    e prcas existentes no

    ambiente escolar.

    u Promover a reexo

    sobre a relao entre

    o uso, a conservao

    e a sustentabilidadeem perspecva ampla,

    discundo o papel da

    escola e seus sujeitos

    nesses processos.

    PROBLEMATIZAO

    ?Que aspectosposivos enegavos observamos na

    organizao do espao daescola?

    ?Por que avaliamostais aspectos comonegavos ou posivos?

    ? Quais possveisaes poderiam serrealizadas para superar os

    aspectos negavos?

    Propor aos educandos a

    reexo sobre o espaogeogrfco da escola e sua

    transformao ao longo

    do tempo, sobre o meioambiente natural e socialda escola.

    INTEGRAO DESABERES - Momento emque se realizam avidades

    de dilogo para construo

    de Saberes Integrados emque podero ser discudas

    noes de cartograa,

    produo de quadros

    estascos e plantas

    baixas, noes de ecologia,

    introduo diviso social

    do trabalho e produo

    textual escrita, com o

    intuito de responder aos

    problemas estudados.

    Em seguida, sugerimos

    que os/as educandos/

    as sejam organizados em

    grupos para aprofundar

    as avidades referentes

    ao estudo do espaogeogrfco da escola e

    de seu entorno, do meioambiente natural e socialda escola.

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    Atvidades de organizao

    dos dados sobre o espao

    geogrfco da escola:

    1. Desenho do mapado local (escola e seu

    entorno), atentando para

    o registro das dimenses

    e distncias observadas e

    a proporcionalidade em

    uma escala pr-denida;

    2. Elaborao de texto

    escrito sobre a histria

    do lugar, organizado a

    parr da conversa comos/as trabalhadores/as

    mais angos/as da escola

    e os moradores do seu

    entorno;

    3. Desenho do croqui

    dos prdios escolares,

    observando iluminao

    natural e venlao dos

    mesmos (posicionamento

    em relao ao sol e

    direo principal do

    vento);

    4. Organizao de quadro

    com descrio das

    instalaes sicas (prdios)

    e dos equipamentos da

    escola.

    Atvidades de organizao

    dos dados sobre o meio

    ambiente natural da

    escola:

    1. Levantamento edescrio da vegetao

    (po, quandade,

    caracterscas);

    2. Caracterizao do solo

    (perl do solo; microfauna;

    cobertura vegetal);

    3. Levantamento e

    descrio dos animais

    existentes na escola;

    Observao: caso a

    escola no possua espao

    com rea verde, buscar

    desenvolver a avidade

    num bosque, terreno

    prximo escola, vizinhos,

    etc.

    Atvidades de organizao

    dos dados sobre o

    ambiente social da escola:

    1. Organizaode organograma

    e cronograma do

    funcionamento da escola;

    2. Produo de grcos

    com representao da

    diviso social do trabalho

    na escola, observado opercentual de parcipao

    de homens e mulheres.

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    Avidade de socializao,

    problemazao e debate sobre os dados

    organizados

    Agora, em plenria, sugerimos que

    os/as educandos/as socializem asprodues dos grupos e realizem debates,

    problemazando a compreenso sobre

    espao geogrfco, ambiente natural e

    ambiente social escolar.

    Abaixo apresentamos algumas questes

    para orientar o debate:

    ?Como analisamos o ESPAOGEOGRFICO DA ESCOLA e suatransformao ao longo do tempo?

    ?O que ser preciso transformar nesteespao??Que aes poderemos organizarneste sendo??Que responsabilidades/tarefasassumimos para contribuir nesteprocesso?

    E sobre o MEIO AMBIENTE NATURAL DAESCOLA, que anlises fazemos?(Sugerimos trabalhar as mesmas

    questes, ou novas, de acordo com o

    interesse do grupo).

    ?Que anlises fazemos sobre oAMBIENTE SOCIAL ESCOLAR e ofuncionamento da escola?

    SNTESES PROVISRIASPara concluir este momento, sugerimos

    que cada educando/a produza um texto

    escrito, tomando as questes do debate

    como referncia e respondendo s

    seguintes questes:

    ?Que relaes percebemos entre astrs dimenses estudadas??Qual a nossa compreensodo papel do ser humano natransformao e conservao do

    ambiente?

    ?Como envolver todos e todas no

    compromisso de conservao doambiente escolar?

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    Arquivo: Revista Agriculturas - experincias em Agroecologia

    CONHECENDO A TURMA DE EDUCANDOS/AS

    OBJETIVOSu Conhecer o perl social, cultural e

    econmico da turma, as caracterscas

    dos saberes dos/as educandos/as e as

    movaes que os zeram aderir ao

    Programa;

    u Idencar interesses e expectavas

    relacionadas formao;

    u Provocar entre os/as educandos/asprocessos de reexo e de autocrca

    sobre suas comunidades e famlias.

    Organizada em forma de jornada

    pedaggica, a realizao do diagnsco

    visa tambm propiciar aos/s educandos/

    as o contato com metodologias e

    instrumentos desse po de pesquisa.

    QUESTES PARA REALIZAODO DIAGNSTICOA proposta de diagnsco aqui

    apresentada de ser uma avidade

    de pesquisa dos/as educadores/as

    sobre o perl da turma de educandos/

    as, constuindo-se num importante

    instrumento para coleta, sistemazao e

    anlise de dados com vistas a (re)conhecer

    os mlplos aspectos que caracterizam

    cada um dos/as educandos/as.

    ?Qual a condio scioeconmicados/as educandos/as e de suasfamlias?

    ?Que elementos caracterizam a culturados/as educandos/as e de suas famlias??Que responsabilidades os/aseducandos/as assumem junto ssuas famlias e comunidades?

    ?Que idias os/as educandos/as constroemsobre si mesmos e suas famlias??Quais as caracterscas dos saberes jconstrudos pelos/as educandos/as??Quais os interesses e expectavasdos/as educandos/as em relao formao a ser oferecida pelo Programa?

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    Arquivo: Revista Agriculturas - experincias em Agroecologia

    INTEGRAO DE SABERES A realizaodo diagnsco dos/as educandos/as

    pode contribuir com o reconhecimento

    do grupo, alm do aprendizado sobre

    como organizar diferentes pos de

    diagnscos (a depender do interesse

    dos parcipantes): a entrevista como

    recurso de pesquisa; o quesonrio

    como instrumento de entrevistas;

    caracterizao da comunidade e da

    famlia; as expresses arscas comoforma de representao de idias,

    senmentos e idendades em diferentes

    realidades.

    Sugerimos que para realizao da

    avidade seguinte, em conversa com

    os/as educadores/as, cada educando/a

    possa, de prprio punho, preencher um

    quesonrio dando informaes de si e

    de sua famlia.

    DIAGNSTICO DE APRENDIZAGENSFundamental para o processo avaliavo,

    o diagnsco de aprendizagens objeva:

    idenfcar e perceber principalmente

    questes sobre o domnio da leitura,da interpretao, da escrita, da elaboraocrca e sobre o desenvolvimento do

    pensamento lgico-matemco dos/as

    educandos/as.

    Sugerimos que esse diagnsco sejarealizado a parr da anlise do prprio

    quesonrio preenchido pelos/as

    educandos/as e por meio de avidades

    pedaggicas diversifcadas, tais como

    produo de textos, resoluo deproblemas, produo arsca, etc.

    Apresentamos no Anexo 1 umaPROPOSTA DE ROTEIRO PARAENTREVISTA.

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    PARA LER, REFLETIR E DEBATER

    Elogio ao aprendizadoBertold Brecht

    Aprenda o mais simples!Para aqueles cuja hora chegouNunca tarde demais!Aprenda o ABC;No basta, mas aprenda!No desanime! Comece! preciso saber tudo!Voc tem que assumir o comando!Aprenda, homem no asilo!Aprenda, homem na priso!Aprenda, mulher na cozinha!Aprenda, ancio!Voc tem que assumir o comando!Freqente a escola, voc que no temcasa!Adquira conhecimento, voc que sentefrio!Voc que tem fome, agarre o livro: umaarma.Voc tem que assumir o comando!No se envergonhe de perguntar,

    camarada!No se deixe convencerVeja com seus olhos!O que no sabe por conta prpria, nosabe!Verique a conta, voc que vai pagar.Ponha o dedo sobre cada itemPergunte: o que isso?Voc tem que assumir o comando!

    ATIVIDADES

    - Sugerimos que, aps a leitura e odebate do poema de Bertold Brecht, cadaeducando/a produza um texto escritorelacionando o poema com o signicadode seu ingresso no Programa.

    - Propor, em seguida, que os/aseducandos/as expressem arscamenteque expectavas ou sonhos desejamrealizar no Programa.

    SNTESES PROVISRIASA anlise das produes dos/aseducandos/as, desde o quesonriopreenchido at a produo arsca, devesubsidiar o trabalho dos/as educadores/

    as na construo de mapas de dados daturma, que se constuem em materialpara subsidiar o processo avaliavo. Essesprodutos podem ser:

    uQuadro dos dados pessoais dos/as educandos/as idencando, noconjunto da turma, sexo, etnia, nveis deescolarizao, condio socioeconmica,etc.

    uMapa de aprendizagens dos/aseducandos/as para idencar os nveisde aprendizagem como domnio daescrita, leitura e expresso oral, arsca ematemca.

    u Parecer individual e geral sobre odiagnsco da aprendizagem elaboradopelos educadores aps a anlise doresultado das avidades.

    Para concluir as avidades dessa jornada,sugerimos a organizao de um eventode confraternizao em que os/aseducandos/as, individualmente e/ouem grupos, socializem produes comopoemas, msicas, pinturas, etc. ummomento em que os/as educadores/aspodero idencar tambm os diferentessaberes que os educandos possuem.

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    48

    Caro educador e cara educadora:

    Como resultado do diagnsco, este

    material se constuir em um primeiro

    inventrio sobre a realidade em que

    vivem os/as educandos/as, em umacaracterizao das aprendizagens

    (escolares) apropriadas pela turma.

    Uma nova reexo dos/as educadores/

    as sobre os mapas de dados deve

    ajudar a gerar uma sntese que aponteas necessidades de aprendizagensdo grupo. Seu processo educavodeve promover a (re)construo e oselementos da pesquisa (questes de

    invesgao e metodologia) a seremdesenvolvidos durante o processo

    formavo.

    A cada etapa do diagnsco,

    constuindo-se como elementos de

    um processo connuo, as avaliaes

    realizadas e as snteses produzidas

    ajudaro a dar o direcionamento da

    formao e da pesquisa, a parr das

    demandas de cada turma.

    Resultam desse processo a denio local

    dos objevos, a seleo contextualizada

    dos saberes necessrios e dos

    procedimentos metodolgicos que

    devem compor o processo formavo.

    Ou seja, o diagnsco contribuir para

    os/as educadores/as (re)construrem aproposta apresentada pelos CadernosPedaggicos do Programa ProJovemCampo Saberes da Terra. Dessa forma,possibilita a construo e incluso de

    novas proposies, que contemplem

    as questes prprias de cada contexto,

    consolidando assim um processo pautado

    pela pesquisa e estudo da realidade

    dos sujeitos educavos, sugerida pelo

    Programa originalmente, o que se

    coloca como objevo fundamental dos

    Cadernos.

    CONSTRUO DE ACORDOSCOLETIVOS E ORGANIZAODE GRUPOS DE ESTUDO E

    TRABALHOOBJETIVOSuRealizar um momento colevo de discusso

    com a turma para a construo de acordos de

    convivncia ca, humana e pedaggica.

    u Organizar grupos de estudo e trabalho

    que permitam dinamizar o processo

    educavo na escola.

    PROBLEMATIZAES

    ?Que comportamentos e relaespodemos desenvolver, individual ecolevamente, para conviver dignamente?

    ?Que acordo devemos rmar parareferendar nossos compromissos comuma convivncia ca, solidria e humana?

    ?Como devemos nos organizar paraarmar uma convivncia ca,solidria e humana durante o processo de

    formao proposto pelo Programa?

    ?Que responsabilidades devemosassumir, individual e colevamente, paradinamizar o processo educavo na escola?

    ?Como contribuir com umaestrutura que democraze a gestopedaggica da escola?

    A escola precisa ser entendida como

    sujeito-colevo atravs do qual se

    desenvolva um processo pedaggico

    dialgico, que esmule vivncias e

    aprendizagem de saberes para ajudar

    homens e mulheres a (re)educar o seu

    modo de pensar-senr-agir, individual

    e colevamente, na perspecva da sua

    armao como sujeitos cos, solidrios

    e compromedos com uma vida digna

    para todos.

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    ATIVIDADE Diviso da turma em pequenos grupos

    para discurem e responderem s

    problemazaes.

    Socializao das produes.

    Debate para escolha das prioridades do

    grupo.

    Assemblia Geral da Escola:construo de Acordos deConvivncia

    Momento para realizar dinmicas e

    vivncias pedaggicas para que possam

    ser debadas e respondidas pelo grupo as

    questes propostas, como, por exemplo:

    u Como devemos organizar os tempos

    e as tarefas codianas (rona diria) da

    escola para assegurar uma convivncia

    digna dos sujeitos educavos noambiente escolar?

    u Como deveremos agir, individual e

    colevamente, diante dos fatos que

    venham ferir tal acordo e prejudicar tal

    convivncia?

    O grupo poder eleger outras perguntas,

    de acordo com seus interesses e

    necessidades.

    Em seguida, redigir o ACORDO COLETIVODE CONVIVNCIA.

    INTEGRAO DE SABERES Este um momento que envolve Saberes

    Integrados relacionados ca e

    relaes humanas; organizao social

    e pedaggica; diversidade cultural e de

    gnero; cidadania, direitos e deveres;

    democracia parcipava e auto-gesto;

    diviso social do trabalho, etc.

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    Organizao dos Gruposde Estudo e Trabalho

    Sugerimos a composio de grupos com

    mdia de seis educandos, que podem

    ser organizados reunindo diferentessujeitos por sexo, idade, religio,

    origem tnica, experincia de vida,

    comportamentos, aprendizagens, etc. Tal

    organizao objeva promover entre os/as educandos/as o dilogo de saberes,a colaborao no estudo e o encontro,o reconhecimento, a compreenso eo respeito para com as diferenas e adiversidade cultural que caracterizam asociedade humana.

    Propomos que os grupos se constuam

    na base de organizao, a parr da qual

    os/as educandos/as se organizem para

    desenvolver em conjunto suas avidades

    de estudo (leituras, pesquisas, etc),

    trabalhos escolares (seminrios, produo

    de relatrios, etc), trabalhos prcos

    (manuteno do espao da escola,

    produo agrcola, etc), a avaliao do

    processo e a auto-avaliao (crca eautocrca). Ao longo do Programa, cada

    grupo eleger coordenadores para um

    determinado perodo, sendo substudos

    por outros, dando chance, assim, de

    todos atuarem na coordenao.

    Assim, a organizao dos grupos

    pode tambm promover entre os/as

    educandos/as experincias e construo

    de saberes, que lhes permitam,

    futuramente, planejar, organizar e

    coordenar avidades pedaggicas,polcas, culturais, etc, em seus

    assentamentos, associaes, sindicatos

    etc.

    Sugerimos, tambm, que cada

    educador/a assuma alguns grupos de

    educandos/as como referncia, por um

    determinado perodo, contribuindo na

    orientao das avidades, na avaliao

    da aprendizagem, etc, buscando assim

    uma melhor aproximao, dilogo eacompanhamento do desenvolvimento

    da aprendizagem dos/as educandos/as.

    SNTESES PROVISRIASExposio dos documentos construdos

    colevamente a parr da assemblia: o

    Acordo de Convivncia; o Organograma

    da Rona Escolar; a lista de composio

    dos grupos e de seus/suas educadores/as.

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    Arquivo: Revista Agriculturas - experincias em Agroecologia

    PROPONDO A CONSTRUO DO PLANO DE PESQUISA

    Ao assumir a pesquisa da realidade

    como o ponto de parda do processo

    de formao, qualicao social e

    prossional, preciso compreender

    que as questes de pesquisa soelaboradas tendo como referncia cada

    Eixo Temco e o diagnsco do perl

    da turma, que determinam o enfoque

    central do estudo a ser construdo ao

    longo dos Tempos Formavos.

    A discusso sobre a Pesquisa comoPrincpio Educavo foi conceituadae detalhada no item 2.2. do PercursoFormavo, entendida como um dos

    elementos estruturantes do Programa

    ProJovem Campo Saberes da Terra,aliado organizao dos TemposFormavos (Tempo Escola e Tempo

    Comunidade).

    Vale ressaltar que o exerccio da

    pesquisa tem em si uma dimenso

    formava relacionada ao aprendizado

    que integra diferentes saberes, pois

    mobiliza a seleo, o uso e a produo

    de conhecimentos de diversas reas,

    necessrios prpria materializao da

    avidade de pesquisa.

    A seguir, sero abordadas orientaesmetodolgicas para apoiar o trabalhodocente na construo do plano de

    pesquisa, a parr de um exerccio

    demonstravo sobre o Eixo Temco

    Agricultura Familiar: idendade, cultura,

    gnero e etnia.

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    1. Defnindo as Questes de Pesquisa

    A defnio das questes de pesquisa

    (quesonamentos que fazemos sobre a

    realidade em estudo) e a organizao

    do plano de pesquisa no Tempo Escola

    de Acolhida nortearo a organizaodas avidades do primeiro Tempo

    Comunidade de estudo sobre o Eixo

    Temco 1.

    A defnio das questes de pesquisa

    deve ser baseada na Ementa do Eixo

    Temco, arculando-as ao Eixo

    Arculador, ao Arco Ocupacional e aos

    demais Eixos Temcos e considerando

    a sntese do diagnsco sobre os

    educandos/as. Propomos, no Anexo 2,algumas questes de pesquisa.

    2. Construindo o Plano de Pesquisa

    A construo do plano de pesquisa

    requer denio e organizao do roteiro

    de avidades de pesquisa e exige a

    arculao de conhecimentos sobre o

    uso de instrumentos de coleta de dados,

    sobre a produo de relatrios, tabelas,

    grcos, sobre a elaborao de anlises

    crcas, etc.

    Destacamos que todo o processo

    formavo vivenciado no Tempo Escola

    de Acolhida, atravs das jornadas

    pedaggicas, busca a construo de

    saberes integrados, com a inteno da

    aprendizagem de saberes necessrios

    pesquisa.

    3. Elaborao do roteiro

    de avidades da pesquisa

    O roteiro de avidades da pesquisa

    consiste na organizao e sistemazao

    das questes formuladas e na deniodas metodologias e dos instrumentos de

    pesquisa, coerentes com a invesgao

    a ser realizada e arculada, a parr de

    determinados saberes integrados que

    ajudem na produo de reexes e

    solues sobre as questes-problema

    elaboradas.

    4. Defnio dos Procedimentos

    de pesquisa (metodologias e

    instrumentos)

    Os planos de pesquisa, alm de

    apresentarem as questes de pesquisa,

    devem contemplar a descrio das

    metodologias e instrumentos a serem

    ulizados, que referenciem o exerccio

    invesgavo a ser desenvolvido a cada

    Tempo Comunidade, observando as

    propostas e as aprendizagens a serem

    construdas pelos sujeitos educavos.

    No ANEXO 3 propomos um quadro

    com sugestes de procedimentos que

    podero contribuir na sistemazao,

    com a organizao e a anlise das

    informaes coletadas, constuindo a

    operacionalizao do roteiro da pesquisa.

    Sem determinar, porm, a quandade de

    alternncias entre Tempo Comunidade

    e Tempo Escola, necessrias realizao

    dos mesmos. Essa denio caber a

    cada escola do Programa, de acordo com

    as condies locais e as caracterscas

    prprias de seu funcionamento

    (calendrio escolar, nmero de

    alternncias, etc).

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    Relacionando

    os saberes integrados

    Considerando cada Eixo Temco,

    fundamental que a seleo de saberes,

    integrados em cada perodo de

    formao, seja realizada juntamente

    com a elaborao do Plano de Pesquisa,

    pois permite aos/s educadores/

    as organizarem o planejamento das

    avidades educavas do prximo Tempo

    Escola.

    Essa seleo deve ser coerente com a

    Ementa, as Aprendizagens, as Questes

    de pesquisa do Eixo Temco e inter-relacionadas ao Eixo Arculador, ao

    Arco Ocupacional e aos demais Eixos

    Temcos.

    Considerando as questes de pesquisa

    apresentadas, as metodologias e

    instrumentos propostos, organizamos,

    no ANEXO 4, algumas sugestes para

    integrao de saberes ans com o

    Eixo Temco Agricultura Familiar:

    idendade, cultura, gnero e etnia quepossibilitam organizar o planejamento da

    pesquisa em vrias dimenses, como, por

    exemplo: pesquisa sobre histrias da vida

    dos/as educandos/as, de suas famlias

    e comunidades, sobre relaes sociais

    e produvas no processo de ocupao

    e transformao do ambiente, sobre

    manifestaes culturais das comunidades

    e das famlias dos/as educandos/as.

    Construindo e registrando a

    organizao das propostas

    locais

    Como armamos inicialmente, o objevocentral do Caderno Pedaggico dos/as

    educadores/as esmular o processo de

    planejamento e fortalecer a organizao

    do trabalho educavo no codiano dos

    Tempos Formavos (tanto na escola como

    na comunidade). Propomos um Percurso

    Formavo que pretende se materializar

    na formao escolar dialogando com

    os diferentes contextos nos quais esto

    inseridos os sujeitos educavos que

    parcipam do Programa.

    Assim, sugerimos que cada educador/a

    elabore questes de invesgao, dena

    procedimentos de pesquisa e selecione

    saberes integrados para constuir a

    proposta pedaggica local.

    Essa iniciava pretende garanr a

    materializao de um processo educavo

    que atenda s demandas e aos anseios

    dos/as educandos/as que parcipamdo Programa em cada regio do pas,

    em dilogo com as necessidades e

    especicidades das comunidades de

    Agricultores Familiares das quais fazem

    parte.

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    Fotos Jeferson Rudy Arquivo Ministrio do Meio Ambiente 11-03-2007. Rio Acre. Local: Acre/Rio Branco

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    PRODUZINDO A SNTESE DO TEMPO ESCOLA DE ACOLHIDA

    OBJETIVOResgatar, sistemazar eapresentar em diversaslinguagens as reexesproduzidas e os saberesintegrados (re)construdosno Tempo Escola deAcolhida.

    PROBLEMATIZAO

    ?Qual o papel da

    escola na formaodos sujeitos, considerandoas relaes do serhumano em sociedadee na transformao econservao do ambiente?

    ATIVIDADEConsiderando o conjuntode avidades vivenciadasao longo do Tempo Escolade Acolhida, as reexesproduzidas e os saberes(re)construdos, sugerimosque os/as educandos/as elaborem SNTESESem diversas linguagens,individualmente ou

    colevamente produzamtextos escritos, desenhos,poemas, msicas, pinturas,etc, que possibilitemidencar e ressignicaro conjunto de saberes (re)construdos no perodo.

    Educador/a:A parr da anlisedas produes dos/aseducandos/as, poderoser elaborados pareceresavaliatvos, os quaisdevero compor omaterial que constuirparte do porlio daturma.

    SNTESES PROVISRIASO grupo dever planejar eorganizar a pesquisa a serdesenvolvida no primeiroTempo Comunidade.A parr da anlise dassnteses produzidas,deniro as prioridadese problemas a seremtrabalhados e estudadospelos sujeitos educavos.

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    As diferenas de gnero, idade, etnia que

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    EIXO TEMTICO 1

    Agricultura Familiar:Cultura, Idendade, Etnia e Gnero

    2

    singularidades criam em nossa comunidade?

    Aproblemca de pesquisa sobre a AgriculturaFamiliar Sustentvel, que o conceito que se desejaconstruir, de acordo com o Eixo Arculador do Currculo(Agricultura Familiar e Sustentabilidade) do ProJovemCampo Saberes da Terra, vai comear a ser elaboradapelo estudo do Eixo Temco 1- Agricultura familiar:idendade, cultura, gnero e etnia. No Tempo Escolade Acolhida, foi elaborado um plano de pesquisa a serrealizado no Tempo Comunidade relavo a esse EixoTemco (Anexo 1). Vamos retomar a problemcaque determina as questes de pesquisa, a ementa e as

    aprendizagens para o Tempo Escola.

    Essas aprendizagens sero elaboradas nos Crculosde Dilogo como dinmica da construo coleva desaberes por meio das Jornadas Pedaggicas ou deoutras tcnicas didcas. Vamos construir saberesdo Eixo Temco como uma das dimenses do EixoArculador. Ser a primeira sntese do Eixo Temco1 a ser construda no Tempo Escola de acordo com aprogramao de trabalho de cada turma: h um ouvrios Tempos Escola.

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    Foto: Arquivo do MST

    Idendade neste

    eixo vista

    especialmente

    nas dimensesde gnero, de

    gerao e de

    etnia, bem como

    nas relaes entre

    o campo e a cidade.

    A problemca a ser pesquisada no Eixo Temco 1

    ser a idendade cultural da Agricultura Familiar, das

    agricultoras, dos agricultores familiares e dos jovens

    membros dessas famlias. Idendade, nesse eixo,

    vista especialmente nas dimenses de gnero, de

    gerao e de etnia, bem como nas relaes entre

    o campo e a cidade. Dimenses da congurao

    cultural da Agricultura Familiar e de seus membros.

    Superar a desvalorizao do campo perante a cidade

    e a prpria imagem das jovens e dos jovens ruraiscomo desinteressados pelo meio rural contribui

    para a visibilidade da categoria como formadora de

    idendades sociais e, portanto, de demandas sociais

    (CASTRO, 2005, p. 1).

    Mas parece que

    essejovem ruralse apresenta longe do isolamento,

    dialoga com o mundo globalizado e rearma sua

    idendade como trabalhador, pequeno produtor

    familiar, lutando por terra e por seus direitos

    como trabalhadores e cidados. Assim,jovem daroa, juventude rural, jovem ruralso categorias

    aglunadoras de atuao polca. Essa reordenao

    da categoria vai de encontro imagem de

    desinteresse dos jovens pelo meio rural. Apesar

    dessa movimentao, esse novo ator pouco

    conhecido e ainda muito negligenciado pelas

    pesquisas sobre o tema juventude. Juventude rural

    tambm no se apresenta como foco prioritrio

    para as polcas pblicas de juventude (CASTRO,

    2005, p.2).

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    O jovem na roa

    est antenado com o

    mundo globalizado.

    Ele v o jornal na

    TV, ouve msicada moda, se veste

    igual ao jovem da

    cidade, e quer ter

    celular, computador

    e internet e dirigir

    uma moto. Deseja

    conhecer o mundo e

    ser feliz na sua terra

    natal produzindo

    alimento para o

    Brasil. Que questes

    a educao deve

    propor para o ajudar

    a ser um jovem no

    campo que supera

    os desafos da

    globalizao?

    Possivelmente, o ProJovem Campo Saberes da Terracontribuir para a visibilizao do jovem rural, jque, alm de uma polca pblica, se prope garanrcondies de sua armao como sujeito (idendade)do saber, portanto capaz de desenvolver idias, lutar por

    terra, por jusa e democracia. Que jovem do camporevelou o levantamento do Tempo Comunidade?

    Alguns estudos sobrejovem nas comunidades ruraisrevelam que um dos pontos centrais so as relaeshierrquicas que envolvem a denio de velho ejovem. S se tornam adultos e, portanto, respeitadosnessas comunidades aqueles que assumem a pequenapropriedade da famlia. Isso acontece na suacomunidade?

    Os debates sobre juventude, no Brasil, so recentes,arrancam nas dcadas de 1980 e 1990, chamando aateno sobre a diversidade do meio juvenil. No vema juventude como algo homogneo. Ento, um aspectoimportante descobrir essa diversidade. Mesmo entreos jovens e as jovens da Agricultura Familiar deve havermuitas singularidades. importante idenc-las emnosso estudo. Que singularidades criam em nossacomunidade as diferenas de gnero, idade, etnia?

    Quase sempre as questes da juventude esto

    relacionadas com os problemas da escolarizao,sobretudo no meio rural, mas tambm com as questesdo lazer. Pensa-se a juventude como jovens queesto em processo de formao e que ainda no tmresponsabilidades, principalmente por no estareminseridos no mercado de trabalho. Por isso, armaCastro no seu estudo sobre jovens de um Assentamento:

    O peso da transitoriedade aparece como umamarca recorrente nas denies e percepessobre juventude nos mais diferentes cenrios econtextos. Podemos armar que juventude umacategoria social que, via de regra, relega aquelesassim idencados a um espao subordinado nasrelaes sociais. Paradoxalmente jovem associadoa futuro e transformao social (2005, p. 6).

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    No campo dos meus sonhos temmetr, carro de boi, helicptero,pescaria, computador, faculdade,motocicleta e fogueira de So Joo...

    Outro aspecto importante da juventude a

    migrao. Hoje se constata inclusive que as jovens

    migram mais que os jovens. A autora acima citada

    demonstra que ser jovem rural carrega o peso

    de uma posio hierrquica de submisso, em um

    contexto marcado por difceis condies econmicas

    e sociais para a produo familiar (p. 7). E arremata:

    os problemas enfrentados pelos jovens so antes de

    tudo problemas enfrentados pela pequena produo

    familiar, e suas muitas formas de reproduo, como

    as difceis condies de vida e produo. Nestecontexto, algumas dificuldades atingem de forma

    mais direta os jovens rurais (p. 8).

    O problema do futuro tambm se coloca de forma quase

    dramca, pois, pelo menos no Assentamento estudado

    por Castro no Rio de Janeiro, a tendncia para esses

    jovens uma insero em condies precrias no mundo

    do trabalho, para lhos de assentados, ex-assentados,

    morando ou no no assentamento, ou mesmo jovens

    urbanos, sejam homens ou mulheres (p.9).

    Ser que essa falta de horizonte leva o(a) jovem ao

    desinteresse pelo meio rural, alm dos esgmas de

    matuto, caipira, tabaru? Por outro lado, aparecer