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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (MESTRADO E DOUTORADO) 8º SPLE SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LETRAS 13 e 14 de novembro de 2013 Caderno de Programação e Resumos de Apresentações MARINGÁ NOVEMBRO/2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (MESTRADO E DOUTORADO)

8º SPLE – SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LETRAS 13 e 14 de novembro de 2013

Caderno de Programação e Resumos de Apresentações

MARINGÁ NOVEMBRO/2013

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8º SPLE

Comissão Organizadora:

Coordenadora

Profª Drª Neiva Maria Jung

Membros Profª Drª Alba Krishna Topan Feldman

Profª Drª Roselene de Fátima Coito Profª Drª Vera Helena Gomes Wielewicki

Pós-graduanda

Adriana Beloti - Doutorado

Secretário Adelino Marques

Endereço: Programa de Pós-Graduação em Letras – Mestrado e Doutorado

Bloco G-34 (Térreo), Sala 01 Campus Universitário

Fone/Fax: (44) 3011-4830 CEP: 87020-900 – Maringá – PR

E-mail: [email protected] Site: www.ple.uem.br

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8.º SPLE – PROGRAMAÇÃO GERAL Local: Campus da UEM

13 de novembro de 2013 – Quarta-feira

MANHÃ 8h às 9h: Entrega do material e Solenidade de Abertura Local: UEM - Auditório do CCE - Bloco F67 9h às 10h – Conferência de Abertura: Palestra: Novos Desafios da Pós-Graduação Coordenação da Pós-Graduação em Letras/UEM Local: UEM - Auditório do Bloco F67 10h às 10h30min – Intervalo 10h30min às 12h: Mesas-Redondas: Mesa Redonda I – Estudos Linguísticos Local: UEM – Auditório do CCE – Bloco F67 Título: Pesquisa e Multidisciplinaridade - Profª Drª Jacqueline Ortelan Botassini (UEM) - Profª Drª Renata Marcelle Lara (UEM) - Profª Drª Rosa Maria Olher (UEM) Mesa Redonda II – Estudos Literários Local: UEM – Auditório do CCH – Bloco H35 S07 Título: A Pesquisa em Estudos Literários hoje: desafios e perspectivas - Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM) - Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado (UEM) - Prof. Dr. Fabio Lucas Pierini (UEM)

TARDE 13h30min às 15h30min – Apresentação de projetos e dissertações defendidas no PLE Sessão 1 – Local: UEM – Auditório do PLE - Bloco G34 – Sala 203 Estudos Linguísticos Arguidora: Profª Drª Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso Adélli Bortolon Bazza – SUBJETIVAÇÃO NO DISCURSO DE SUJEITOS IDOSOS EM CONTEXTO DE ESTUDOS NA UNATI-UEM (projeto) Rafael Andrade Moreira – “É PRECISO NÃO TER MEDO, É PRECISO TER A CORAGEM DE DIZER”: ESTUDO DA PARRHESIA NO DISCURSO DE CARLOS MARIGHELLA (projeto)

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Hoster Older Sanches – DISPOSITIVO DE SEXUALIDADE E O DISCURSO SOBRE A AIDS NO BRASIL DOS ANOS 1980 (projeto) Luana Cimatti Zago – SOBRE O CONCEITO DE FORMAÇÃO DISCURSIVA: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM NO DISCURSO BÍBLICO (projeto) Sessão 2 – Local: UEM - Bloco G34 – Sala 216 Estudos Linguísticos Arguidor: Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo Cristiane Malinoski Pianaro Angelo – MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS À PRÁTICA DOCENTE EM SALAS DE APOIO À APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA (projeto) Hérika Ribeiro dos Santos – O PAPEL DAS PRÁTICAS SOCIAIS DE LINGUAGEM NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES (projeto) Jakeline Aparecida Semechechem – IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS E DE LETRAMENTO EM UMA ESCOLA DO CAMPO EM CONTEXTO MULTILÍNGUE NA SUPERDIVERSIDADE: DAS IDEOLOGIAS ÀS PRÁTICAS DE LETRAMENTO (projeto) Adélia Aparecida Pereira da Silva Rodrigues – PERGUNTAS DE LEITURA E CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS: EXPERIÊNCIA COM 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL (defesa) Sessão 3 – Local: UEM – Auditório do CCH – Bloco H35 Sala 07 Estudos Literários Arguidora: Profª Drª Alba Karishna Topan Feldman Giuliano Hartmann – NATÁLIA DE HELDER MACEDO, UMA BIOGRAFIA DE SI: UM DIÁRIO DE RESISTÊNCIA PASSIVA E SIMULACRO AUTORAL (projeto) Eduardo Navarrete – MASCULINO E FEMININO EM RADUAN NASSAR (projeto) Joyce Luciane Correia Muzi – “VESTIDA DE AZUL E BRANCO...” A NORMALISTA NÃO MAIS ESTÁ: A REPRESENTAÇÃO DA PROFESSORA NO ROMANCE BRASILEIRO DE AUTORIA FEMININA (projeto) Wilma dos Santos Coqueiro – POÉTICAS DO DESLOCAMENTO: REPRESENTAÇÕES DE IDENTIDADES FEMININAS NO BILDUNGSROMAN DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEA (projeto) Sessão 4 – Local: UEM – Auditório do DLM - Bloco H35 – Sala 02 Estudos Literários Arguidor: Prof. Dr. Milton Hermes Rodrigues Wagner Vonder Belinato – NOVAS VOZES PARA CAIO FERNANDO ABREU: DA LEITURA AUTORAL AO CÂNONE (projeto) Arnaldo Pinheiro Mont’Alvão Júnior – LITERATURA NERD: CONSTRUÇÃO/CONSOLIDAÇÃO DE UMA CULTURA LITERÁRIA BRASILEIRA (projeto) Leandro Vieira – O SENHOR DOS ANÉIS E O CÂNONE OCIDENTAL: J.R.R. TOLKIEN E A TRADIÇÃO CLÁSSICA (projeto) Juliane Nadal Cavalheiro da Silva – VOZES DO SÍTIO: A PRESENÇA E A AUSÊNCIA DE ILHAS POLIFÔNICAS NAS NARRATIVAS LOBATIANAS (projeto) 15h30min às 15h45min – Intervalo 15h45min às 17h30min – Apresentação de projetos e dissertações defendidas no PLE

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Sessão 5 – Local: UEM – Auditório do PLE - Bloco G34 – Sala 203 Estudos Linguísticos Arguidora: Profª Drª Cristiane Carneiro Capristano Janaina Lacerda da Silva – ESTUDO DAS ROTINAS DE ESCRITA DO PAS-UEM (projeto) Denise Moreira Gasparotto – O TRABALHO DOCENTE DE REVISÃO E REESCRITA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL NARRATIVA DE TERROR (projeto) Jane Cristina Beltramini Berto – CARACTERIZAÇÃO DE CONCEITOS SOBRE REESCRITA, REVISÃO, REFACÇÃO E RETEXTUALIZAÇÃO (projeto) Sessão 6 – Local: UEM – Auditório do DLM - Bloco H35 – Sala 02 Estudos Literários Arguidora: Profª Drª Mirian Hisae Yaegashi Zappone Diana Milena Heck – A REPRESENTAÇÃO DA MORTE E SEUS SIGNIFICADOS EM AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE, DE JOSÉ SARAMAGO (projeto) Renata Santana – OS ESPAÇOS NARRATIVOS EM TODOS OS NOMES, DE JOSÉ SARAMAGO (projeto) Alexandre Gaioto Martins – ASPECTOS LÍRICOS EM DALTON TREVISAN (projeto) Sessão 7 – Local: UEM – Auditório do CCH - Bloco H35 – Sala 07 Estudos Literários Arguidora: Profª Drª Marisa Corrêa Silva Ana Cristina Fernandes Pereira Wolff – ENTRE O LÍRICO E O PICTÓRICO: A ALDEIA DE VERGÍLIO FERREIRA (projeto) Aline Carla Dalmutt – DOS “VELHOS BRINQUEDOS DE SONHO” À “INFÂNCIA PAVOROSAMENTE PERDIDA” A PAISAGEM DE LISBOA NA INFÂNCIA DE PESSOA (projeto)

14 de novembro de 2013 – Quinta-feira

MANHÃ 08h às 10h – Apresentação de projetos e dissertações defendidas no PLE Sessão 8 – Local: UEM – Auditório do CCH - Bloco H35 – Sala 07 Estudos Literários Arguidora: Profª Drª Lúcia Osana Zolin Ana Cláudia Paschoal – ESPAÇO E SILÊNCIO EM PAULINHO PERNA TORTA E ABRAÇADO AO MEU RANCOR, DE JOÃO ANTÔNIO (projeto) Maria Elisa Dias Fraga – O TEATRO DE CHICO BUARQUE EM TRÊS TEMPOS: RODA VIVA, GOTA D´ÁGUA E ÓPERA DO MALANDRO (projeto) Larissa Walter Tavares – O ESPAÇO EM PEDRO PÁRAMO, DE JUAN RULFO (projeto)

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Mateus dos Santos Moscheta – BERTOLT BRECHT E O TEATRO DIALÉTICO NO BRASIL PÓS-1985: A EXCEÇÃO E A REGRA EM DUAS ENCENAÇÕES PARANAENSES (projeto) Sessão 9 – Local: UEM - Bloco G34 – Sala 216 Estudos Linguísticos Arguidor: Prof. Dr. Pedro Luis Navarro Barbosa Fernanda Silveira Boito – LEGENDAGEM E O PROCESSO TRADUTÓRIO: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA TRADUÇÃO PARA LEGENDAS DO DOCUMENTÁRIO “LIXO EXTRAORDINÁRIO” (projeto) Verônica Braga Birello – A AUTORIA, A INTERPRETAÇÃO E A TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: UMA DISCUSSÃO DISCURSIVA – DO LIVRO À TELA DE ANIMAÇÃO (projeto) Juliana da Silveira – TWITTER, MÍDIA E POLÍTICA: OS FUNCIONAMENTOS DISCURSIVOS DA HASHTAG #MENSALÃO (projeto) Érica Danielle Silva – IMAGENS DO REAL E O REAL DAS IMAGENS: A ARQUITETURA DISCURSIVA DA (D)EFICIÊNCIA NO CINEMA (projeto) Sessão 10 – Local: UEM – Auditórido do PLE - Bloco G34 – Sala 203 Estudos Linguísticos Arguidor: Prof. Dr. Manoel Messias Alves da Silva Cristina Silva dos Santos Armelin – UM ESTUDO DOS PROCESSOS REFERENCIAIS EM ARTIGOS DE MODA (projeto) Fernando Sachetti Bonfim – GRAMATICALIZAÇÃO DO ITEM LINGUÍSTICO ASSIM: SUA FUNCIONALIDADE NOS PROCESSAMENTOS COGNITIVO, IDEACIONAL, INTERPESSOAL E TEXTUAL (projeto) Fátima Christina Calicchio – A HIPOTAXE ADVERBIAL: FUNÇÕES TEXTUAL-DISCURSIVAS NO GÊNERO RESPOSTA ARGUMENTATIVA (projeto) Ana Paula da Silva – UMA ANÁLISE DAS POSSIBILIDADES REFERENCIAIS NA COLUNA DE JOSÉ SIMÃO (projeto) 10h às 10h30min – Intervalo 10h30min às 12h – Apresentação de projetos e dissertações defendidas no PLE Sessão 11 – Local: UEM – Auditório do PLE - Bloco G34 – Sala 203 Estudos Linguísticos Arguidor: Prof. Dr. Renilson José Menegassi Marina Casaril – PROVA BRASIL: É POSSÍVEL PROPOR AVALIAÇÕES DE ABRANGÊNCIA NACIONAL EM TERMOS DE LETRAMENTO COMO PRÁTICA SOCIAL? (projeto) Shirlei Aparecida Doretto – O ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA E OS PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL: A RELAÇÃO TEORIA/PRÁTICA (projeto) Tatiane Henrique Sousa Machado – RASURAS EM SEGMENTAÇÃO: CONFLITOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA NOÇÃO DE PALAVRA (projeto) Sessão 12 – Local: UEM - Auditório do CCH - Bloco H35 – Sala 07 Estudos Literários Arguidor: Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory

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Marcela Gizeli Batalini – A REPRESENTAÇÃO DA MULHER IDOSA NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEA: ESTRELA NUA, DE MARIA ADELAIDE AMARAL E MILAMOR, DE LÍVIA GARCIA-ROZA (projeto) Tayza Cristina Nogueira Rossini – A CONSTRUÇÃO DOS CORPOS: A REPRESENTAÇÃO DO CORPO FEMININO NEGRO EM UM DEFEITO DE COR (projeto) Míriam Juliana Pastori Bosco – BIOGRAFISMO E HIBRIDISMO NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO DE NOVE NOITES, DE BERNARDO CARVALHO (projeto) Simone de Souza Burguês – A TRADUÇÃO (CULTURAL) DE ÓRFÃOS DO ELDORADO PARA O INGLÊS (projeto)

TARDE 13h30min às 15h30min – Apresentação de projetos e dissertações defendidas no PLE Sessão 13 – Local: UEMV – Auditório do CCH - Bloco H35 – Sala 07 Estudos Literários Arguidor: Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado Angela Enz Teixeira – CLASSIFICAÇÃO DAS ADAPTAÇÕES BRASILEIRAS DE OBRAS LITERÁRIAS PARA A INFÂNCIA E A JUVENTUDE (projeto) Berta Lúcia Tagliari Feba – PERSONAGENS BOJUNGUIANAS E SUAS REPRESENTAÇÕES (projeto) Joaquim Francisco dos Santos Neto – O MERCADO EDITORIAL NO CAMPO DA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL E AS RELAÇÕES QUE ESTABELECE COM O GÊNERO DRAMÁTICO NO BRASIL (projeto) Andressa Fajardo – LUÍS DILL E NARRATIVA PARA JOVENS: O GÊNERO POLICIAL (projeto) Sessão 14 – Local: UEM - Bloco G34 – Sala 216 Estudos Linguísticos Arguidora: Profª Drª Ana Cristina Jaeger Hintze Simone Maria Barbosa Nery Nascimento – A ESTRUTURA RETÓRICA DO TEXTO E A ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DE SERMÕES (projeto) Fernanda Callefi – PRODUTIVIDADE E A CRIATIVIDADE DOS NEOLOGISMOS SEMÂNTICOS EM BLOGS (projeto) Bruna Plath Furtado – A CONDICIONALIDADE EXPRESSA PELO QUANDO NO PORTUGUÊS ARCAICO (projeto) Fernanda Trombini Rahmen Cassim – AS RELAÇÕES RETÓRICAS ESTABELECIDAS POR PORÇÕES TEXTUAIS QUE APRESENTAM PARÁFRASE E CORREÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO FALADO (projeto) Sessão 15 – Local: UEM – Auditório do PLE - Bloco G34 – Sala 203 Estudos Linguísticos Arguidora: Profª Drª Roselene de Fátima Coito Douglas Zampar – FORMAÇÃO IMAGINÁRIA E MEMÓRIA DISCURSIVA: PT E PSDB NA FOLHA DE S. PAULO (projeto) Amarildo Pinheiro Magalhães – POLÍTICA E RELIGIÃO NA CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 2010: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM DISCURSIVA (projeto) Jefferson Gustavo dos Santos Campos – TECNOLOGIAS DE LEITURA E INOVAÇÃO EM REGIMES DE VER E DE DIZER A ARTE: UMA POLÍTICA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL NO ESPAÇO VIRTUAL (projeto)

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Elaine de Moraes Santos – METAMORFOSES DA CORPOREIDADE POLÍTICA NOS SEMINÁRIOS BRASILEIROS: O ENQUADRAMENTO DE DILMA ROUSSEFF NAS ELEIÇÕES DE 2010 (projeto) 15h30min às 15h45min - Intervalo 15h45min às 17h30min - Apresentação de projetos e dissertações defendidas no PLE Sessão 16 – Local: UEM – Auditório do CCH - Bloco H35 – Sala 07 Estudos Literários Arguidora: Profª Drª Luzia Aparecida Berloffa Tofalini Lilian Cristina Marins Prieto - LETRAMENTO MULTIMODAL, CIBERAGÊNCIA E (RE)INCLUSÃO SOCIAL: CONVERGÊNCIAS ENTRE O CÂNONE SHAKESPEARIANO E A TELENOVELA O CRAVO E A ROSA E A FORMAÇÃO CRÍTICA NA TERCEIRA IDADE (projeto) Sirlei Cardoso Cordeiro Vimieiro – LETRAMENTO, LEITURA LITERÁRIA E ESCOLA: UMA PRÁTICA SOCIAL (projeto) Luciene Aparecida Sgobero Uller – FORMAÇÃO DE LEITOR LITERÁRIO NA ESCOLA PÚBLICA: PROBLEMAS E DESAFIOS DE TODA COMUNIDADE ESCOLAR (projeto)

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SUMÁRIO (ordem alfabética por autor de trabalho)

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA

Pág.

1. Adélia Aparecida Pereira da Silva Rodrigues PERGUNTAS DE LEITURA E CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS: EXPERIÊNCIA COM 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

13

PROJETOS DE DISSERTAÇÕES

1. Aline Carla Dalmutt DOS “VELHOS BRINQUEDOS DE SONHO” À “INFÂNCIA PAVOROSAMENTE PERDIDA” – A PAISAGEM DE LISBOA NA INFÂNCIA DE PESSOA

14

2. Alexandre Gaioto Martins ASPECTOS LÍRICOS EM DALTON TREVISAN

14

3. Ana Cláudia Paschoal ESPAÇO E SILÊNCIO EM PAULINHO PERNA TORTA E ABRAÇADO AO MEU RANCOR, DE JOÃO ANTÔNIO

15

4. Ana Paula da Silva UMA ANÁLISE DAS POSSIBILIDADES REFERENCIAIS NA COLUNA DE JOSÉ SIMÃO

15

5. Andressa Fajardo LUÍS DILL E NARRATIVA PARA JOVENS: O GÊNERO POLICIAL

16

6. Bruna Plath Furtado A CONDICIONALIDADE EXPRESSA PELO QUANDO NO PORTUGUÊS ARCAICO

16

7. Cristina Silva dos Santos Armelin UM ESTUDO DOS PROCESSOS REFERENCIAIS EM ARTIGOS DE MODA

17

8. Denise Moreira Gasparotto O TRABALHO DOCENTE DE REVISÃO E REESCRITA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL NARRATIVA DE TERROR

18

9. Diana Milena Heck A REPRESENTAÇÃO DA MORTE E SEUS SIGNIFICADOS EM AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE, DE JOSÉ SARAMAGO

18

10. Douglas Zampar FORMAÇÃO IMAGINÁRIA E MEMÓRIA DISCURSIVA: PT E PSDB NA FOLHA DE S. PAULO

19

11. Eduardo Navarrete MASCULINO E FEMININO EM RADUAN NASSAR

20

12. Fátima Christina Calicchio A HIPOTAXE ADVERBIAL: FUNÇÕES TEXTUAL-DISCURSIVAS NO GÊNERO RESPOSTA ARGUMENTATIVA

20

13. Fernanda Callefi PRODUTIVIDADE E A CRIATIVIDADE DOS NEOLOGISMOS SEMÂNTICOS EM BLOGS

21

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14. Fernanda Silveira Boito LEGENDAGEM E O PROCESSO TRADUTÓRIO: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA TRADUÇÃO PARA LEGENDAS DO DOCUMENTÁRIO “LIXO EXTRAORDINÁRIO”

21

15. Fernanda Trombini Rahmen Cassim AS RELAÇÕES RETÓRICAS ESTABELECIDAS POR PORÇÕES TEXTUAIS QUE APRESENTAM PARÁFRASE E CORREÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO FALADO

22

16. Fernando Sachetti Bonfim GRAMATICALIZAÇÃO DO ITEM LINGUÍSTICO ASSIM: SUA FUNCIONALIDADE NOS PROCESSAMENTOS COGNITIVO, IDEACIONAL, INTERPESSOAL E TEXTUAL

23

17. Hoster Older Sanches DISPOSITIVO DE SEXUALIDADE E O DISCURSO SOBRE A AIDS NO BRASIL DOS ANOS 1980

23

18. Janaina Lacerda da Silva ESTUDO DAS ROTINAS DE ESCRITA DO PAS-UEM

24

19. Jefferson Gustavo dos Santos Campos TECNOLOGIAS DE LEITURA E INOVAÇÃO EM REGIMES DE VER E DE DIZER A ARTE: UMA POLÍTICA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL NO ESPAÇO VIRTUAL

25

20. Juliane Nadal Cavalheiro da Silva VOZES DO SÍTIO: A PRESENÇA E A AUSÊNCIA DE ILHAS POLIFÔNICAS NAS NARRATIVAS LOBATIANAS

25

21. Larissa Walter Tavares O ESPAÇO EM PEDRO PÁRAMO, DE JUAN RULFO

26

22. Leandro Vieira O SENHOR DOS ANÉIS E O CÂNONE OCIDENTAL: J.R.R. TOLKIEN E A TRADIÇÃO CLÁSSICA

26

23. Luana Cimatti Zago SOBRE O CONCEITO DE FORMAÇÃO DISCURSIVA: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM NO DISCURSO BÍBLICO

27

24. Luciene Aparecida Sgobero Uller FORMAÇÃO DE LEITOR LITERÁRIO NA ESCOLA PÚBLICA: PROBLEMAS E DESAFIOS DE TODA COMUNIDADE ESCOLAR

28

25. Marcela Gizeli Batalini A REPRESENTAÇÃO DA MULHER IDOSA NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEA: ESTRELA NUA, DE MARIA ADELAIDE AMARAL E MILAMOR, DE LÍVIA GARCIA-ROZA

28

26. Maria Elisa Dias Fraga O TEATRO DE CHICO BUARQUE EM TRÊS TEMPOS: RODA VIVA, GOTA D´ÁGUA E ÓPERA DO MALANDRO

29

27. Marina Casaril PROVA BRASIL: É POSSÍVEL PROPOR AVALIAÇÕES DE ABRANGÊNCIA NACIONAL EM TERMOS DE LETRAMENTO COMO PRÁTICA SOCIAL?

30

28. Mateus dos Santos Moscheta BERTOLT BRECHT E O TEATRO DIALÉTICO NO BRASIL PÓS-1985: A EXCEÇÃO E A REGRA EM DUAS ENCENAÇÕES PARANAENSES

30

29. Míriam Juliana Pastori Bosco BIOGRAFISMO E HIBRIDISMO NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO DE NOVE NOITES, DE BERNARDO CARVALHO

31

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30. Rafael Andrade Moreira “É PRECISO NÃO TER MEDO, É PRECISO TER A CORAGEM DE DIZER”: ESTUDO DA PARRHESIA NO DISCURSO DE CARLOS MARIGHELLA

32

31. Renata Santana OS ESPAÇOS NARRATIVOS EM TODOS OS NOMES, DE JOSÉ SARAMAGO

32

32. Shirlei Aparecida Doretto O ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA E OS PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL: A RELAÇÃO TEORIA/PRÁTICA

33

33. Simone de Souza Burguês A TRADUÇÃO (CULTURAL) DE ÓRFÃOS DO ELDORADO PARA O INGLÊS

34

34. Sirlei Cardoso Cordeiro Vimieiro LETRAMENTO, LEITURA LITERÁRIA E ESCOLA: UMA PRÁTICA SOCIAL

34

35. Tatiane Henrique Sousa Machado RASURAS EM SEGMENTAÇÃO: CONFLITOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA NOÇÃO DE PALAVRAS

35

38. Tayza Cristina Nogueira Rossini A CONSTRUÇÃO DOS CORPOS: A REPRESENTAÇÃO DO CORPO FEMININO NEGRO EM UM DEFEITO DE COR

36

37. Verônica Braga Birello A AUTORIA, A INTERPRETAÇÃO E A TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: UMA DISCUSSÃO DISCURSIVA – DO LIVRO À TELA DE ANIMAÇÃO

36

PROJETOS DE TESE

Pág.

1. Adélli Bortolon Bazza SUBJETIVAÇÃO NO DISCURSO DE SUJEITOS IDOSOS EM CONTEXTO DE ESTUDOS NA UNATI - UEM

37

2. Amarildo Pinheiro Magalhães POLÍTICA E RELIGIÃO NA CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 2010: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM DISCURSIVA

38

3. Ana Cristina Fernandes Pereira Wolff ENTRE O LÍRICO E O PICTÓRICO: A ALDEIA DE VERGÍLIO FERREIRA

38

4. Angela Enz Teixeira CLASSIFICAÇÃO DAS ADAPTAÇÕES BRASILEIRAS DE OBRAS LITERÁRIAS PARA A INFÂNCIA E A JUVENTUDE

39

5. Arnaldo Pinheiro Mont’Alvão Júnior LITERATURA NERD: CONSTRUÇÃO/CONSOLIDAÇÃO DE UMA CULTURA LITERÁRIA BRASILEIRA

40

6. Berta Lúcia Tagliari Feba PERSONAGENS BOJUNGUIANAS E SUAS REPRESENTAÇÕES

40

7. Cristiane Malinoski Pianaro Angelo MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS À PRÁTICA DOCENTE EM SALAS DE APOIO À APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA

41

8. Elaine de Moraes Santos METAMORFOSES DA CORPOREIDADE POLÍTICA NOS SEMANÁRIOS BRASILEIROS: O ENQUADRAMENTO DE DILMA ROUSSEFF NAS ELEIÇÕES DE 2010

41

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9. Érica Danielle Silva IMAGENS DO REAL E O REAL DAS IMAGENS: A ARQUITETURA DISCURSIVA DA (D)EFICIÊNCIA NO CINEMA

42

10. Giuliano Hartmann NATÁLIA DE HELDER MACEDO, UMA BIOGRAFIA DE SI: UM DIÁRIO DE RESISTÊNCIA PASSIVA E SIMULACRO AUTORAL

43

11. Hérika Ribeiro dos Santos O PAPEL DAS PRÁTICAS SOCIAIS DE LINGUAGEM NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

44

12. Jakeline Aparecida Semechechem IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS E DE LETRAMENTO EM UMA ESCOLA DO CAMPO EM CONTEXTO MULTILÍNGUE NA SUPERDIVERSIDADE: DAS IDEOLOGIAS ÀS PRÁTICAS DE LETRAMENTO

44

13. Jane Cristina Beltramini Berto CARACTERIZAÇÃO DE CONCEITOS SOBRE REESCRITA, REVISÃO, REFACÇÃO E RETEXTUALIZAÇÃO

45

14. Joaquim Francisco dos Santos Neto O MERCADO EDITORIAL NO CAMPO DA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL E AS RELAÇÕES QUE ESTABELECE COM O GÊNERO DRAMÁTICO NO BRASIL

45

15. Joyce Luciane Correia Muzi “VESTIDA DE AZUL E BRANCO...” A NORMALISTA NÃO MAIS ESTÁ: A REPRESENTAÇÃO DA PROFESSORA NO ROMANCE BRASILEIRO DE AUTORIA FEMININA

46

16. Juliana da Silveira TWITTER, MÍDIA E POLÍTICA: OS FUNCIONAMENTOS DISCURSIVOS DA HASHTAG #MENSALÃO

46

17. Liliam Cristina Marins Prieto LETRAMENTO MULTIMODAL, CIBERAGÊNCIA E (RE)INCLUSÃO SOCIAL: CONVERGÊNCIAS ENTRE O CÂNONE SHAKESPEARIANO E A TELENOVELA O CRAVO E A ROSA E A FORMAÇÃO CRÍTICA NA TERCEIRA IDADE

47

18. Simone Maria Barbosa Nery Nascimento A ESTRUTURA RETÓRICA DO TEXTO E A ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DE SERMÕES

48

19. Wagner Vonder Belinato NOVAS VOZES PARA CAIO FERNANDO ABREU: DA LITERATURA AUTORAL AO CÂNONE

48

20. Wilma dos Santos Coqueiro POÉTICAS DO DESLOCAMENTO: REPRESENTAÇÕES DE IDENTIDADES FEMININAS NO BILDUNGSROMAN DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEA

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RESUMOS

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA

PERGUNTAS DE LEITURA E CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS: EXPERIÊNCIA COM 6º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL

Adélia Aparecida Pereira da Silva RODRIGUES

Prof. Dr. Renilson José MENEGASSI

Este estudo, vinculado ao Grupo de Pesquisa “Interação e Escrita” (UEM_CNPq –

www.escrita.uem.br) e SEED-Paraná, destaca uma prática de avaliação de leitura muito presente

nas salas de aula, as perguntas de leitura, que, embora sejam recorrentes em todas as disciplinas,

não se efetivam como eficientes no processo de ensino e aprendizagem. O trabalho realizado no 6º

ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Maringá, no Noroeste paranaense, objetivou

demonstrar como é possível alterar as tradicionais perguntas de leitura, que normalmente figuram

no livro didático, construindo questionamentos pertinentes, que levam o aluno a refletir sobre suas

construções de sentidos e discutir o assunto do texto de forma autônoma e crítica. No intuito de

atingir o objetivo, partiu-se das perspectivas sobre leitura, centradas nos estudos da Linguística

Aplicada e da prática escolar de leitura, pressupostos discutidos por Dell’Isola (1996), Solé (1998),

Colomer & Camps (2002) e ampliados por Menegassi (1995; 2010; 2011), o qual ressalta a

necessidade dessa proposta como parte do processo de desenvolvimento do leitor na escola, para a

construção do sentido, fator determinante a qualquer leitura em sala de aula. O trabalho também

se pauta sob o respaldo das teorias de Bakhtin (2003) e Bakhtin/Volochinov (2004), que vêem a

linguagem como um produto sócio-histórico, como lugar de "inter-ação" entre sujeitos sociais,

coparticipantes da construção do contexto ideológico no qual convivem. Nesse sentido, as práticas

de leitura levadas para a sala, mediadas pelo professor, precisam tornar-se atividades bem planejas

e com objetivos que sejam sustentados por uma teoria que proporcione ao aluno uma verdadeira

interação e tomadas de posição diante do texto. Para que isso se efetive, o estudante precisa ser

preparado para constituir-se como leitor e escritor autônomo no seu próprio processo de ensino-

aprendizagem. Nesse procedimento, as perguntas de leitura precisam construir verdadeiras

reflexões, direcionando o estudante no momento complexo de criação de sentidos, usando as

etapas de leitura para atingir os sentidos textuais, a partir de um processo crescente de

dificuldades, começando no nível mais elementar, da decodificação, a fim de evoluir para a

compreensão, até chegar ao nível mais elaborado, o da interpretação, em que o seu contexto social

reflete a leitura. Além disso, na sala de aula, o processo se completa quando, ao produzir um texto-

resposta para as perguntas, os alunos atentarem para a construção completa do enunciado, que

consiste inicialmente no resgate da temática, completando com a reflexão realizada para responder

à indagação que apresenta como resposta. Após esse processo, o aluno certamente passa pela

última etapa da leitura, a retenção. Por se tratar de uma pesquisa que coleta dados no contexto

natural de ensino, o experimento pode ser definido como pesquisa-ação de cunho qualitativo. Além

disso, envolve a descrição de dados alcançados a partir da imersão do pesquisador com o foco

pesquisado; enfatizando mais o processo do que o produto. Dessa forma, esse processo permite ao

pesquisador se autoavaliar, provocando transformações em sua prática na sala de aula. Os

resultados das análises demonstram que a ordenação e sequenciação de perguntas, assim como as

ações do professor, na mediação, na maior parte do tempo, contribuem para um desempenho

satisfatório do estudante, desenvolvendo-lhe autonomia e criticidade leitora.

Palavras-chave: Leitura; Perguntas; Ensino Fundamental.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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PROJETOS DE DISSERTAÇÕES

DOS “VELHOS BRINQUEDOS DE SONHO” À “INFÂNCIA PAVOROSAMENTE PERDIDA”

A PAISAGEM DE LISBOA NA INFÂNCIA DE PESSOA

Aline Carla DALMUTT

Clarice Zamonaro CORTEZ

Resumo: Lisboa sempre se manifestou de modo emotivo aos olhos e sentidos de Fernando Pessoa.

Isso porque o poeta viveu a sua primeira infância na capital portuguesa, assim a cidade é dotada de

uma série de encantamentos. Na verdade, Pessoa é Lisboa e Lisboa é Pessoa, na qual as vivências

mais profundas do poeta encontram ressonância. Segundo o próprio Pessoa, o heterônimo Álvaro de

Campos foi sua invenção mais íntima, na qual ele depositou todo o seu sentir. Eis a missão desse

heterônimo: “Sentir tudo de todas as maneiras”. De fato, Campos é o retrato “melhorado”, física e

moralmente, do seu criador. Ele teve o papel de viver os males de Pessoa e assim, de libertá-los.

Em vista disso, o engenheiro é o Pessoa mais intenso, mais instigante, mais picante e com mais

relevo. Por isso, é possível dizer que, sobretudo, era em Campos que Pessoa, mais do que em sua

própria voz, revivia frequentemente e com mais ênfase as imagens da sua infância pavorosamente

perdida, isto é, a paisagem de Lisboa, suas ruas, o “Tejo”, o céu e o porto. Sendo assim, objetiva-se

compreender a relação entre a trajetória biográfica do heterônimo Álvaro de Campos e as sensações

apanhadas na paisagem de Lisboa que repercutem na sua poesia de tom infantil, analisando os

aspectos imagéticos e simbólicos. Os conceitos de espaço poético serão embasados por Maurice

Blanchot, Carlos Reis e Ana Cristina M. Lopes, Gaston Bachelard, Antonio Candido, Antonio Dimas,

Alfredo Bosi, Michel Collot, entre outros. O corpus contempla desde as grandes Odes sensacionistas

até os conhecidos “poemas confessionais”, em que o poeta tenta desesperadamente recuperar o

estado idílico de sua infância perdida. Impossibilidade que traz uma galeria de imagens que

recorrem ao cenário da cidade de Lisboa, afinal, foi ali que Pessoa nasceu, viveu/sentiu e morreu.

Também, pretende-se retratar a maneira que o engenheiro Campos representou a Lisboa do final do

século XIX e início do século XX.

Palavras-chave: Fernando Pessoa; Álvaro de Campos; Paisagem.

Área de Concentração: Estudos Literários.

ASPECTOS LÍRICOS EM DALTON TREVISAN

Alexandre Gaioto MARTINS

Prof. Dr. Milton Hermes RODRIGUES

A proposta desta dissertação é analisar contos de Dalton Trevisan sob o paradigma do discurso

lírico. Considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, o contista curitibano

Dalton Trevisan, de 89 anos, publicou mais de trinta livros, desde a sua estreia na literatura com

Novelas Nada Exemplares (1959), e teve suas obras vertidas para o inglês, o espanhol e o italiano.

Durante a sua trajetória literária, foi contemplado, por mais de uma vez, com importantes prêmios

da língua portuguesa, como o Camões, o Portugal Telecom e o Jabuti. Avesso a aparições públicas, o

autor se mantém, até hoje, distante dos eventos em que é homenageado, não permite ser

fotografado nem concede entrevistas. O corpus desta dissertação será composto por contos

publicados nos livros Contos Eróticos (1984), Ah, É? (1994) e Novos Contos Eróticos (2013). O

objetivo geral é o de reconhecer nessas obras uma espécie de reorientação discurso-estrutural, pela

presença ostensiva do discurso lírico. Serão retomados, nesta dissertação, os estudos desenvolvidos

por Massaud Moisés, Vitor Manuel de Aguiar e Silva, Antonio Candido e Alfredo Bosi, entre outros,

sobre o autor e sobre teoria da poesia. Interessa, neste sentido, estudar a sistemática das

metáforas, por exemplo, e investigar a ironia (que se casa com o grotesco). Uma das hipóteses

dessa pesquisa é de que, a partir da articulação destes três elementos de fundo lírico, a metáfora,

ironia e o grotesco, o autor curitibano extrapola a noção mais popular e tradicional do conto,

chegando a assumir a postura de um poeta satírico, ao retratar, sardonicamente, por exemplo, o

envolvimento sexual de seus personagens. Embora os contos de Dalton Trevisan amiúde sejam

objetos de estudos de alunos da graduação, mestrado e doutorado, de diversas instituições do País,

não há, até o momento, tanto quanto eu saiba, uma investigação a partir da perspectiva lírica.

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Nossa pesquisa, portanto, pretende contribuir para a fortuna crítica de Dalton Trevisan.

Palavras-chave: Dalton Trevisan, narrativas, discurso lírico.

Área de concentração: Estudos Literários.

ESPAÇO E SILÊNCIO EM PAULINHO PERNA TORTA E ABRAÇADO AO MEU RANCOR, DE

JOÃO ANTÔNIO

Ana Cláudia PASCHOAL

Profa Dra Luzia Aparecida Berloffa TOFALINI

Visto como escritor representante da massa anônima das grandes cidades, João Antônio recriou

literariamente o ambiente dos marginalizados – jogadores de sinuca, punguistas, otários, moleques

de rua, bêbados, prostitutas, guardadores de automóveis, soldados, porteiros de casa noturna,

cafetões, pedintes, traficantes e malandros – sempre destinados ao abandono e ao anonimato

dentro de um centro urbano que prestigia o homem bem-sucedido. O objetivo central da pesquisa

proposta consiste em examinar as dimensões do espaço e do silêncio em narrativas que abordam a

vida de duas personagens bem diferenciadas do universo criado pelo contista paulistano João

Antônio. Mais especificamente, dois aspectos principais são abordados: a importância do espaço e a

relevância do silêncio e dos silenciamentos que permeiam os textos. O corpus de análise é composto

pelos contos Paulinho Perna Torta e Abraçado ao meu rancor, ambos narrados em primeira pessoa

e ambientados na cidade de São Paulo. O entendimento bastante divulgado de que o escritor se

preocupa em retratar somente personagens que ele mesmo chama de “merdunchos” – os excluídos

e perdedores – é revisto. O estudo tem por base a pesquisa bibliográfica e a análise dos contos

escolhidos. O referencial teórico utilizado para a consecução do trabalho fundamenta-se, no tocante

às questões pertinentes ao espaço ficcional, em A poética do espaço (1996), de Bachelard, O

universo do romance (1976), de Bourneuf e Ouellet e Todas as cidades, a cidade (1994), de Gomes,

entre outros; já as obras As formas do silêncio: no movimento dos sentidos (2007), de Orlandi, e

Silêncio em prosa e verso: minério na fratura das palavras (2007), de Majadas, entre outros, dão

suporte teórico no que tange à dimensão do silêncio nas narrativas selecionadas. Além do

aprofundamento dos conhecimentos relacionados à obra do escritor, ao gênero do conto, à categoria

do espaço e ao modo como o silêncio se apresenta na literatura, espera-se contribuir com as

pesquisas acerca do fazer literário do escritor, abrindo novas perspectivas ao exame de tais

aspectos, tratados com engenho e arte pelo contista paulistano.

Palavras-chave: espaço, João Antônio, silêncio.

Área de Concentração: Estudos Literários.

UMA ANÁLISE DAS POSSIBILIDADES REFERENCIAIS NA COLUNA DE JOSÉ SIMÃO

Ana Paula da SILVA

Profa Dra Ana Cristina Jaeger HINTZE

Muitas são as possibilidades de formas de referência, responsáveis pela coesão e coerência no texto,

apontando certa “garantia” para a progressão do sentido. Esses processos permitem ao produtor de

um enunciado se remeter a outros elementos por meio de anáforas ou catáforas, utilizando-se, para

isso, de elementos linguísticos. As formas de manifestação desse processo de retomada podem se

dar, segundo Koch (2005 apud MARCUSCHI, 2005), tanto por fatores extratextuais quanto

intratextuais. Os fatores intratextuais são aqueles que possuem os referentes marcados na

materialidade do texto, sendo as anáforas e catáforas os mecanismos mais comuns para se fazer

essa remissão. Essas anáforas e catáforas se apresentam, ordinariamente, por: pronomes de

retomada, sinonímia, elipse, repetição e encapsulamento anafórico. Por outro lado, o uso de fatores

extratextuais para se fazer referência surge quando o objeto designado está na situação

extralinguística, isto é, quando há um referente no cotexto/contexto. Constata-se a presença de

referência extratextual, por exemplo, quando se faz uso de um termo que Koch (2005 apud

MARCUSCHI, 2005) denomina como anáfora indireta ou âncora. A anáfora indireta, segundo

Marcuschi (2005), é o fenômeno textual de expressões nominais definidas, ou o uso dos pronomes

interpretados referencialmente, sem que haja um antecedente explícito no texto. É uma estratégia

de ativação de referentes e, portanto, um processo de referenciação implícita. Esta pesquisa visa

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examinar os processos remissivos utilizados pelo colunista do jornal Folha de São Paulo, José Simão,

a fim de analisar as possibilidades referenciais de que o autor se vale para construir a rede

referencial de suas produções. Justifica-se a escolha desse corpus, por se acreditar que José Simão

cria um texto que, apesar de ser publicado em uma sessão diária, destinada à “diversão”, mostra

uma crítica social que se apresenta por meio, principalmente, da ironia. Assim, apesar de parecerem

descompromissados e considerados como “jornalismo de humor”, esses textos têm um compromisso

de catalisar opiniões de vários seguimentos sociais, inclusive do próprio jornal. Desse modo, por

meio de um uso informal de linguagem , o colunista trabalha com uma referência contextual, visto

que, para compreender os seus possíveis propósitos , é necessário que se acompanhem os

acontecimentos de contexto social mais amplo. Para as análises que serão realizadas, utilizar-se-ão

tanto os pressupostos teóricos da perspectiva funcional da linguagem (mais especificamente os de

Halliday (1985)) quanto os da Linguística Textual.

Palavras-chave: processos referenciais; contexto; coerência.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

LUÍS DILL E NARRATIVA PARA JOVENS: O GÊNERO POLICIAL

Andressa FAJARDO

Profª Drª Alice Áurea Penteado MARTHA

A narrativa juvenil brasileira das últimas décadas, constituindo um subsistema diferenciado do

infantil, tem mostrado diferentes facetas temáticas e formais, inclusive com a revitalização de

gêneros clássicos, como o romance policial, contribuindo para aproximar jovens leitores dessa

produção. A partir dessa perspectiva, procuramos, no decorrer desta dissertação, com o apoio de

diferentes teorias e pesquisadores, observar e discutir modos de apropriação de elementos da

narrativa policial, em um corpus de dez obras do escritor gaúcho Luís Dill. A fundamentação teórica

da pesquisa abrange estudos sobre a gênese do romance policial, sobre suas modalidades textuais

(romance de enigma, negro e de suspense), com respaldo nos estudos Todorov (1979), Medeiros e

Albuquerque (1979), Reimão (1983), Boileau e Narcejac (1991), Chandler (2002), Carvalho (2006),

entre outros, os quais foram de grande importância para o estabelecimento de pontos de contato

entre o gênero policial e as narrativas juvenis contemporâneas analisadas. Além disso, valemo-nos

das teorias sobre a Sociologia da leitura, notadamente nas contribuições de Escarpit (1974, 1977),

Barker e Escarpit (1975), Candido (1976), Hauser (1977), Aguiar (1996), Zilberman (2001) e por

fim, das concepções sobre o papel da indústria cultural na produção e veiculação de livros com base

em estudos realizados por Wellershoff (1970), Bourdieu (1974), Eco (1979), Lajolo e Zilberman

(1988) e Horkheimer e Adorno (1990). Como resultados, destacamos que a relação estabelecida

entre a narrativa policial e a juvenil ocorre desde a inserção de temáticas violentas (morte,

violência, criminalidade, etc.), até a forma com que a obra literária é construída, a atmosfera de

mistério e investigação, a inserção das personagens jovens no papel do detetive e/ou do criminoso,

as pistas a serem investigadas, a presença de um crime, entre outros fatores, responsáveis não

apenas em aproximar os dois objetos estéticos, mas também por proporcionar ao jovem leitor a

partir do cotejamento entre dois mundos – realidade e ficção - o questionamento acerca de

acontecimentos e emoções que o envolvem como ser-no-mundo.

Palavras-chave: Literatura juvenil; Luís Dill; Narrativa juvenil policial.

Área de concentração: Estudos Literários.

A CONDICIONALIDADE EXPRESSA PELO QUANDO NO PORTUGUÊS ARCAICO

Bruna Plath FURTADO

Maria Regina PANTE

Neste trabalho analisaremos as sentenças da língua portuguesa do período arcaico que expressam

condicionalidade a partir da utilização da conjunção quando, definida pela gramática tradicional

como introdutória de uma noção temporal. Estudos como o apresentado por Hirata-Vale (2005)

comprovam a eficácia comunicativa e a recorrência de expressões cujo valor condicional não

acontece por meio da canonizada estrutura “se a, (então) b”, tais estudos confirmam a relevância

de pesquisas que se proponham a compreensão e descrição de determinadas estratégias

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linguísticas. Como objetivo deste trabalho, pretendemos empreender uma descrição sobre as

expressões de condicionalidade marcadas pela conjunção quando na língua portuguesa do período

arcaico. Para tanto utilizaremos como fundamentação teórica os estudos funcionalistas da

linguagem, os quais, conforme Neves (1994, p. 109), se interessam pela verificação de como a

comunicação é obtida em determinada língua natural e de como os usuários da língua se comunicam

eficientemente. Assim, de acordo com a autora (NEVES, 1994, p. 109), todo estudo de uma língua

natural que seja fundamentado em uma teoria funcionalista examina a competência comunicativa,

considerando, para isso, as expressões das estruturas linguísticas como configurações de suas

funções. Prototipicamente define-se que uma combinação de orações em que haja relação de

condicionalidade possui sentenças iniciadas pela conjunção SE, as quais, conforme Neves (2011,

p.829), podem apresentar os seguintes modelos de construção: SE + ORAÇÃO CONDICIONAL +

ORAÇÃO PRINCIPAL ou ORAÇÃO PRINCIPAL + SE + ORAÇÃO CONDICIONAL. Entretanto Neves

(2011, p.831) salienta que, assim como o que ocorre em construções com determinados tempos

verbais, a condicionalidade pode ser expressa a partir de construções temporais, nesse caso a noção

de condição pode mesclar-se à noção expressa pelo conectivo em questão. Como corpus

utilizaremos, inicialmente, oito obras do século XV do português, sendo elas: Chronica de El-Rei D

Afonso II, Chronica d'El-Rei D. Affonso III, Chronica de El-Rei D. Affonso V volumes I, II e III,

Chronica de El-rey D Diniz volumes I e II e Chronica de El-rey D Sancho II. As obras selecionadas

são de autoria de Rui Pina, o qual, conforme Moisés (1974,p. 44), foi nomeado cronista-mor do

reino em 1497.

Palavras-chave: condicionalidade, construções temporais, português arcaico.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

UM ESTUDO DOS PROCESSOS REFERENCIAIS EM ARTIGOS DE MODA

Cristina Silva dos Santos ARMELIN

Profa Dra Ana Cristina Jaeger HINTZE

A coesão e coerência são alguns dos principais fatores responsáveis pela textualidade, ou seja,

esses processos constituem uma das principais propriedades que definem certo conjunto de palavras

como sendo um texto. A coerência é a responsável por manter uma relação lógica entre as ideias, a

fim de que esse texto não seja apenas um amontoado de frases isoladas. Ela tem, então, a

incumbência de fazer que quem o leia seja capaz de compreendê-lo. A coesão textual, por seu

turno, (tanto a referencial como a sequencial) é o elemento chave do processo de construção

textual, visto que, certifica uma ligação linguística entre os componentes do texto. Neste trabalho,

no entanto, dá-se enfoque aos processos referenciais, os quais podem ser anafóricos ou catafóricos

e são responsáveis pela progressão textual das produções escritas. Esses elementos anafóricos e

catafóricos são umas das mais evidentes demonstrações da coesão e da coerência em um texto e

manifestam-se, comumente, por meio dos encapsulamentos anafóricos, das elipses, da sinonímia,

da repetição, dos pronomes de retomada e da anáfora indireta. Assim, os processos referenciais

serão investigados em corpus composto por artigos opinativos de moda (colunas, apreciação de

estilistas, editoriais) da Revista Select, os quais serão selecionados por período de um ano e

analisados por meio de uma abordagem quantitativo-qualitativa, a fim de evidenciar quais

estratégias de referência mais comuns influenciam possivelmente a criação/formação de opinião dos

leitores, visto que, além de apresentarem processos de coesão e da coerência, também favorecem o

encadeamento argumentativo desses textos. Desse modo, a presente pesquisa visa demonstrar

como tais processos referenciais utilizados por seus autores conduzem à ideia do convencimento dos

leitores na aquisição de produtos de moda “imprescindíveis” à“boa” auto-imagem . A escolha desse

corpus justifica-se, também, pelo fato de o mercado da moda ser muito lucrativo e movimentar

milhões na economia global. Para realizar tais análises, este trabalho se apoia não só nos

fundamentos teóricos da perspectiva funcionalista da linguagem, mas também nos pressupostos

teóricos da Linguística Textual.

Palavras-chave: processos referenciais; coesão e coerência; argumentatividade.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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O TRABALHO DOCENTE DE REVISÃO E REESCRITA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL

NARRATIVA DE TERROR

Denise Moreira GASPAROTTO

Prof. Dr. Renilson José MENEGASSI

A pesquisa enfoca a prática docente com a revisão e a reescrita de textos junto a alunos de 4º e 5º

anos do Ensino Fundamental I, na região Noroeste do estado do Paraná, a partir da produção, em

sala de aula, do gênero textual Narrativa de Terror. Concebendo a reescrita como trabalho e

pautados nos pressupostos do Círculo de Bakhtin, no tocante ao dialogismo, à interação, à

responsividade do discurso escrito, ao gênero; e em trabalhos sobre revisão e reescrita de textos, a

partir dos estudos da Linguística Aplicada, observou-se a prática de revisão de textos de uma

professora, após um período de orientação teórico-metodológica, e o processo de interação

estabelecido com seus alunos pela reescrita. No trabalho de orientação à docente, preconizou-se a

caracterização do gênero textual Narrativa de Terror, ao demonstrar que os apontamentos para

reescrita deveriam ser observados a partir desse pressuposto. A coleta de registros ocorreu durante

o segundo semestre de 2012, após intervenção teórico-metodológica colaborativa realizada com a

professora, oferecendo-lhe: 1) subsídios teóricos sobre: a) concepções de escrita; b) caracterização

sobre o gênero textual eleito; c) estudo sobre as propostas teórico-metodológicas de correção

textual; d) encaminhamentos dos comentários de revisão no texto do aluno; e) operações

linguístico-discursivas na reescrita; 2) discussões orientadas antes e durante o trabalho em sala se

aula, a fim de subsidiar a compreensão da proposta de trabalho e avaliar condutas em andamento.

Os resultados das análises apontam que: a) a internalização de pressupostos teórico-metodológicos

se efetiva quando um só gênero textual é enfocado; b) as orientações e o acompanhamento com a

docente são práticas necessárias no processo de formação continuada; c) o aprimoramento no

desenvolvimento da escrita dos alunos; d) a necessidade de desenvolver e aprimorar estratégias, de

revisão e reescrita, próprias ao gênero textual investigado; e) o trabalho com a revisão e a reescrita

de textos em gênero textual específico se mostra mais eficaz, em virtude das necessidades desse

enunciado; f) a possibilidade de aumentar o nível de interação entre professor, texto e aluno,

conforme as escolhas metodológicas de revisão e a consideração observação atenta à capacidade de

compreensão do aluno.

PALAVRAS-CHAVE: Revisão, reescrita, Narrativa de Terror.

Área de concentração: Estudos linguísticos.

A REPRESENTAÇÃO DA MORTE E SEUS SIGNIFICADOS EM AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE,

DE JOSÉ SARAMAGO

Diana Milena HECK

Profa Dra Marisa Corrêa SILVA

Morte, palavra tão temida por séculos, inclusive pela sociedade contemporânea, sempre foi alvo de

grandes indagações e mistério, justamente por não saber-se como é e se há algo após a morte, pois

só se vive a experiência da morte do outro, o que não ajuda, especificamente, a saber como será

nossa própria morte. O tema, apesar de ter sido pouco a pouco instituído como interdito no

Ocidente, é contemplado em larga escala no que diz respeito à Literatura e outras Artes, como o

teatro, a música, pintura e dança. Em quase toda obra literária o leitor depara com a morte, seja ela

tema principal ou transversal. O certo é que há certa resistência a reflexões sobre o assunto, sendo

o tema considerado por vezes mórbido se não receber um tratamento "consolador". Levando em

consideração a ampla abordagem e, ao mesmo tempo, recusa do tema, o que nos parece

contraditório, temos como objetivo do trabalho analisar a morte, enquanto fenômeno e enquanto

personagem, representada por José Saramago, em As Intermitências da Morte (2005). Para tanto,

realizamos uma análise reflexiva da obra com a intenção de revelar como o autor delineia a imagem

da morte e como isso mexe, não só no imaginário dos personagens, mas também em toda a esfera

social, histórica, econômica e cultural do que se estabeleceu como tabu em relação ao assunto. Em

outro momento, focamos nossa análise na questão dos moribundos, e como estes são tratados pelos

personagens “saudáveis” diante da greve da morte. Para tal pesquisa, nos respaldamos,

principalmente, na teoria do filósofo esloveno Slavoj Žižek que, além de realizar uma releitura de

Lacan, contribui para nosso trabalho em relação às discussões sociais, que estão estritamente

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relacionadas com o tema da morte. Além da contribuição teórica de Žižek, nos amparamos em um

referencial específico sobre a abordagem da morte no Ocidente, como o de Philippe Ariès (2003),

Júlio José Chiavenato (1998) e Edgar Morin (1970), além de contribuições teóricas que nos auxiliam

em questões próprias do romance, como o uso de Antoine Compagnon (2012), com a questão

autoral. Até o momento, percebemos que o tratamento dado ao moribundo na obra reflete muito em

relação ao cuidado com os mesmos na vida real e a verdadeira intenção de Saramago em retratar a

imagem da morte como má (percepção esta que nos é comum) ou se o autor consegue, através da

humanização desta, modificar sua imagem malvada, a fim de fazer seu leitor perceber que apesar

de dolorosa, é fundamental, será melhor analisada no quarto capítulo deste trabalho (em

construção).

Palavras-chave: Materialismo lacaniano; morte; José Saramago.

Área de concentração: Estudos Literários.

FORMAÇÃO IMAGINÁRIA E MEMÓRIA DISCURSIVA: PT E PSDB NA FOLHA DE S. PAULO

Douglas ZAMPAR

Profa Dra Maria Célia Cortez PASSETTI

Consideramos o processo discursivo eleitoral um processo de produção e circulação de sentidos, de

modo que sua compreensão demanda um olhar que vise compreender a forma como os discursos

envolvidos nesse processo são simbolicamente construídos. Diante disso, elegemos como objeto de

pesquisa o discurso de um meio de comunicação de grande circulação no cenário nacional, a Folha

de S. Paulo, e tomamos como foco de nossa atenção a cobertura das cinco últimas eleições

presidenciais, tendo como objeto central de nosso trabalho as eleições 2010. Sabemos que dois

partidos centralizam as disputas presidenciais no Brasil desde 1994: o PT (Partido dos

Trabalhadores) e o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), sendo assim, voltamos nosso

olhar para o imaginário acerca desses partidos que funciona na Folha de S. Paulo, observando traços

desse funcionamento nas eleições de 2010 e buscando compreende-los em sua relação com as

demais eleições, em um esforço para observar o papel da história na produção de efeitos de sentido.

Temos, assim, como objetivo descrever o funcionamento do imaginário do PT e do PSDB na Folha de

S. Paulo nas eleições 2010 discutindo os modos como a memória discursiva, estruturada em redes

de sentido, constitui o imaginário dos partidos. Fundamentamos nosso trabalho na Análise de

Discurso, em especial os trabalhos de Michel Pêcheux. Tomamos a formação imaginária como aquilo

que constitui as posições sujeitos envolvidas em uma comunicação e também os conceitos dos

referentes de que se fala. Sendo assim, para compreender quem fala, para quem e sobre o que é

preciso observar a inscrição da língua na história. A memória discursiva da conta também dessa

inscrição da língua na história, sendo o funcionamento que sustenta a possibilidade do sentido, a

possibilidade do dizer. As palavras não existem como entidades que contém significado, mas antes

como traços que apontam para os diversos momentos em que são utilizadas e derivam dessas

diversas utilizações as suas possibilidades múltiplas de interpretação. Em nosso trabalho, buscamos

reunir enunciados diversos do jornal, os quais serão recortados em torno dos temas mais

recorrentes nas eleições 2010, e mostrar como esses enunciados se relacionam por meio da

constituição de redes de sentido. O trabalho com eleições diversas nos permite compreender como

determinados traços do imaginário dos partidos se mantém ou se modificam nas diferentes eleições.

Esperamos mostrar, como nosso trabalho, traços constitutivos do imaginário dos dois partidos que

centralizam as disputas presidenciais no Brasil, mostrando como o funcionamento desses

imaginários atua na produção de efeitos de sentidos nos texto publicados pela Folha de S. Paulo,

podendo destacar traços como a ligação do PSDB a um imaginário mais alinhado à religião, à

propriedade privada (e também à prática da privatização), enquanto o PT vem marcado por uma

oposição à religião, à prática da corrupção e uma ligação às classes sociais de menor renda.

Palavras-chave: eleições; formações imaginárias; memória discursiva.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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MASCULINO E FEMININO EM RADUAN NASSAR

Eduardo NAVARRETE

Profa Dra Luzia Aparecida Berloffa TOFALINI

As obras de Raduan Nassar, como um todo, têm em comum, entre outras coisas, a apresentação de

conflitos muito marcantes entre homens e mulheres. Três de seus textos têm como eixo central o

desenvolvimento desses conflitos entre os sexos especificamente na sociedade contemporânea, isto

é, na sociedade dos meados do século XX. Hoje de Madrugada, Ventre Seco e Um Copo de Cólera

foram escritos no ano de 1970 e todos têm uma trama muito similar trazendo relacionamentos

amorosos conturbados. Sabemos que desde os anos 1950 a sociedade ocidental vem sofrendo

transformações culturais, econômicas, políticas, etc., que resultaram na ascensão do que se

convencionou chamar de pós-modernidade. Como não poderia deixar de ser, tais mudanças tiveram

reverberações no comportamento de homens e mulheres, uma vez que abalaram os antigos e

persistentes padrões de masculinidade e feminilidade. Os três textos de Nassar selecionados por nós

foram escritos no momento em que essas transformações começaram a ecoar no Brasil e Nassar,

como uma testemunha desse momento histórico, escreve aquelas três narrativas tendo justamente

os padrões de gênero como tema central. Nosso objetivo é, à luz desse contexto, analisar as três

obras com vistas a revelar como se deu a construção estética dos personagens masculinos e

femininos. Fazendo uso das considerações teóricas de autores filiados à História Cultural e à Crítica

Sociológica, buscaremos investigar essas representações em cada obra separadamente para, em um

segundo momento, cotejá-las entre si, na tentativa de chegar a uma síntese final. Nossa hipótese,

ainda em fase de corroboração, é a de que Nassar constrói seus personagens usando como decalque

os antigos moldes de gênero.

Palavras-chave: Gênero; Literatura; Raduan Nassar.

Área de concentração: Estudos Literários.

A HIPOTAXE ADVERBIAL: FUNÇÕES TEXTUAL-DISCURSIVAS NO GÊNERO RESPOSTA

ARGUMENTATIVA

Fátima Christina CALICCHIO

Prof. Dr. Juliano Desiderato ANTONIO

RESUMO: Propomos neste trabalho analisar como a hipotaxe adverbial pode contribuir para a

construção da argumentatividade do gênero resposta argumentativa. Para isso, selecionamos como

objeto de análise as produções textuais que foram melhor avaliadas pela Banca de Avaliação dos

candidatos ao vestibular de verão da UEM/2011. Inicialmente, analisamos nas produções textuais

selecionadas as ocorrências das orações adverbiais, quantificando essas orações e suas posições no

texto considerando as relações estabelecidas entre as porções textuais. Levando em consideração o

panorama teórico, o funcionalismo, a investigação a ser explorada nesta pesquisa corresponde ao

estudo das funções textual-discursivas das orações adverbiais que funcionam como valor de guia,

ponte de transição, moldura, foco, função tópica dentre outras funções na articulação de orações

que podem contribuir para a construção da argumentatividade do gênero resposta argumentativa.

Como aporte teórico, aliamos estudos de funcionalistas como Antonio (2008); Mann & Thompson

(1988); Matthiessen & Thompson (1988), Taboada M.; Gómez-Gonzalez da Teoria da Estrutura

Retórica do Texto. De acordo com essa teoria, as relações retóricas dão coerência ao discurso,

conferindo unidade e permitindo que o produtor atinja seus propósitos com o texto que produziu, ou

seja, essa teoria fundamenta-se no principio de que o texto tem uma estrutura retórica subjacente à

estrutura superficial e, por meio de uma análise dessa estrutura, seria possível recuperar o objetivo

comunicativo que o produtor pretendeu atingir ao escrevê-lo. Somam-se a esse enfoque os

pressupostos de Decat (2009); Neves (1999; 2000). Com base nos estudos realizados até o

momento, pode-se considerar que a função textual - discursiva das orações adverbiais na

articulação de orações são recursos favoráveis à argumentação desse gênero, uma vez que

funcionam como elo entre função textual e discursiva.

Palavras-chave: Hipotaxe adverbial; Função textual-discursiva; Gênero Resposta Argumentativa.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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PRODUTIVIDADE E A CRIATIVIDADE DOS NEOLOGISMOS SEMÂNTICOS EM BLOGS

Fernanda CALLEFI

Prof. Dr. Manoel Messias Alves da SILVA

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a ocorrência de neologismos semânticos em três blogs ou

diários da região Sul do Brasil – correspondendo aos Estados do PR, SC e RS – tais análises serão

sistematizadas nas fichas de pesquisa neológica. Também demonstraremos os assuntos que mais

propiciam a produção de neologismos, a classe de palavras mais predominante para a formação dos

neologismos e o tipo de neologia mais encontrado. Examinamos as formações denominadas de “e-

comunicação” com intuito de abordar essas criações para a fala, estudar as formações de tais

léxicos, já que elas não insinuam apenas a produção de um novo recorte antropocultural e de

unidade linguística que lhes corresponde, mas também a resposta àquelas necessidades

socioculturais.Para o desenvolvimento da pesquisa, partimos do conceito de neologismo semântico

de Alves (1990) e Henriques (2007) para a seleção das palavras. Para a questão do tipo de neologia

foi adotada a proposta de Correia (2012) que denomina o fenômeno como: neologia denominativa,

neologia estilística e neologia da língua. Utilizamos como ferramenta para a manipulação do corpus

o programa Microsoft Word, em que foi possível armazenar o corpus dos três blogs no período do

dia 13/02/2012 até o dia 13/02/2013. Como também, com auxílio do programa, verificamos o

número de ocorrências nas mensagens dos blogueiros e nos posts, por meio da ferramenta localizar,

que identificou os neologismos solicitados e, assim, foi possível detectar quantas vezes determinado

neologismo apareceu em cada blog. Como corpus de exclusão usamos o Dicionário Houaiss 2.0 na

versão digital. Nosso estudo demonstrou que dentre 109.233 (cento e nove mil duzentos e tinta e

três) palavras obteve-se 48 (quarenta e oito) neologismos utilizados pelos blogueiros que foram

analisados nas fichas de pesquisa neológica, dos quais 34 (trinta e quatro) ocorrências pertence ao

blog que representa o Estado do PR, 9 (nove) neologismos foram produzidas no blog que representa

SC e 5 (cinco) foram encontradas no blog que representa o Estado do RS. Após isso, analisamos o

número de ocorrência desses neologismos contando o número de ocorrência dos blogueiros e o

número de ocorrências dos posts dos leitores, totalizando 164 (cento e sessenta e quatro)

neologismos, tendo como base 530.120 (quinhentos e trinta mil e cento e vinte) palavras, das quais

74% foram encontradas no blog que representa o Estado do PR, 20% no blog que representa SC e

apenas 6% no blog que representa o RS. A política e o futebol foram os assuntos que mais

propiciaram o uso dos neologismos. Também constatamos que os neologismos são utilizados tanto

para denunciar, criticar, satirizar ou mesmo para denominar algo. Além disso, a classe de palavras

mais recorrente para a formação dos neologismos é a dos substantivos. Por fim, a neologia que

predominou foi a estilística devido ao gênero blog, que exige mensagens cada vez mais criativas,

para dessa forma atrair os leitores.

Palavras-chave: Blog; Neologismo Semântico; Léxico.

Área de Concentração: Estudos Linguísticos.

LEGENDAGEM E O PROCESSO TRADUTÓRIO: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA

TRADUÇÃO PARA LEGENDAS DO DOCUMENTÁRIO “LIXO EXTRAORDINÁRIO”

Fernanda Silveira BOITO

Profa Dra Rosa Maria OLHER

A perspectiva desconstrucionista questiona alguns conceitos tradicionalmente relacionados à

tradução, como: a (im) possível essencialidade de um texto original e a consequente recuperação de

um sentido fixo e determinado. Nessa medida, a reflexão pós-moderna entende a tradução não

como um mecanismo de transferência de significado de uma língua para outra, mas como um

processo de construção e relações de sentido, uma re-enunciação, um novo texto. Por esse viés, a

tradução é entendida como uma atividade interpretativa fortemente associada a fatores histórico-

sociais, culturais e ideológicos em que os significados são produzidos por um sujeito tradutor-leitor

situado em um tempo e lugar. Nessa perspectiva o objetivo da nossa pesquisa foi analisar a

tradução para legendagem em língua inglesa do documentário “Lixo Extraordinário” a partir de uma

perspectiva discursivo-desconstrucionista da tradução. Os objetivos específicos consistiram em

analisar de que modo os aspectos culturais brasileiros são transmitidos, mantidos ou transformados

na tradução para a língua inglesa, com base nas escolhas do tradutor; discutir e problematizar se as

escolhas do tradutor podem influenciar na construção de nova identidade do sujeito catador e

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compreender e discutir os aspectos ideológicos inerentes ao discurso no processo de tradução. A

justificativa desta pesquisa está baseada na produção de um trabalho que venha contribuir para os

Estudos da Tradução sob a ótica da Análise do Discurso, enfocando a modalidade tradução para

legendas, acrescentando informações e aprofundando os estudos acerca desse ramo da tradução

que certamente vem se expandindo. As análises reiteram os dizeres pós-modernos sobre tradução

de que aspectos culturais e ideológicos são inerentes ao processo tradutório, um novo texto, cujos

sentidos são construídos em um jogo de relações, no qual a voz do tradutor está sempre presente.

Ademais, observamos que as escolhas tradutórias são capazes de construir efeitos de sentido,

inclusive efeitos de identidade diferentes daqueles produzidos a partir do texto de partida, nos

levando a conceber a tradução como um instrumento que age em sociedade capaz de transformar

culturas e (re) formar identidades.

Palavras-chave: Tradução; Desconstrucionismo; Análise do Discurso.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

AS RELAÇÕES RETÓRICAS ESTABELECIDAS POR PORÇÕES TEXTUAIS QUE APRESENTAM

PARÁFRASE E CORREÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO FALADO

Fernanda Trombini Rahmen CASSIM

Prof. Dr. Juliano Desiderato ANTONIO

Uma proposta interessante para o estudo dos fatores que levam um texto a ser considerado

coerente é apresentada pela Teoria da Estrutura Retórica do Texto (RST), uma teoria descritiva que

tem por objeto de estudo a organização dos textos. Na visão da RST, além do conteúdo

proposicional explícito veiculado pelas orações do texto, há proposições implícitas chamadas

proposições relacionais, que surgem das relações que se estabelecem entre porções do texto. Uma

lista de aproximadamente vinte e cinco relações foi estabelecida após a análise de centenas de

textos, por meio da Teoria da Estrutura Retórica. Essa lista não representa um rol fechado, mas um

grupo de relações suficiente para descrever a maioria dos textos. Sua função primordial está no

estabelecimento da coerência dos textos. Neste trabalho, pretende-se investigar as relações

retóricas estabelecidas em porções de texto que apresentam as estratégias de construção do texto

falado conhecidas como paráfrase e correção. A partir disso, podemos comparar as diferentes

intenções desse falante ao introduzir em seu texto oral uma correção e uma paráfrase. Na

paráfrase, o enunciado-fonte (EF) é matriz para movimentos semânticos de especificação ou

generalização, expressos pelo enunciado-reformulador (ER), que determinam uma progressão

textual, gerando novos sentidos. (FÁVERO; ANDRADE & AQUINO, 2006, p. 260). É importante

destacar que, na paráfrase, há uma equivalência semântica entre as duas porções textuais, ou seja,

o satélite apresenta um conteúdo que procura estabelecer uma equivalência de sentido entre ele e o

núcleo. Assim, há sentidos equivalentes, enquanto na correção há contraste entre as ideias. A

correção apresenta a mesma estrutura básica da paráfrase (um enunciado fonte é substituído por

um enunciado reformulador), porém podemos comparar as diferentes intenções do falante ao

introduzir em seu texto oral uma correção e uma paráfrase. A diferença maior entre essas duas

estratégias de reformulação está na aproximação semântica do EF e do ER: enquanto na correção

têm-se o objetivo de reelaborar o discurso, torná-lo mais “adequado”, assegurando a compreensão

no diálogo, na paráfrase também procura assegurar a intercompeensão, porém há uma relação de

equivalência total ou parcial, com traços semânticos comuns. Pretendeu-se, portanto, analisar

também as estratégias de correção e paráfrase no corpus utilizado, relacionando-os com as relações

retóricas que pudessem ser estabelecidas nessas porções textuais. O corpus de pesquisa é formado

por elocuções formais (aulas e apresentações de trabalhos). Depois de ser transcrito e segmentado,

procurou-se as porções textuais que apresentavam correção e paráfrase para, depois, analisa-las

com relação às suas características principais formais. Por fim, averiguou-se quantitativamente as

relações retóricas estabelecidas nos segmentos de texto selecionados para análise. Por meio da

pesquisa, pretende-se contribuir para a realização de análises da função das relações retóricas e dos

fenômenos de paráfrase e correção na construção de textos falados e no estabelecimento da

coerência textual.

Palavras-chave: Teoria da Estrutura Retórica do Texto, Correção, Paráfrase.

Área de concentração: Estudos linguísticos.

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GRAMATICALIZAÇÃO DO ITEM LINGUÍSTICO ASSIM: SUA FUNCIONALIDADE NOS

PROCESSAMENTOS COGNITIVO, IDEACIONAL, INTERPESSOAL E TEXTUAL

Fernando Sachetti BONFIM

Prof. Dr. Juliano Desiderato ANTONIO

O objetivo central desta pesquisa é o de investigar o processo de gramaticalização (GR) do item

assim. Para tanto, como fundamentação teórica, utilizaram-se os seguintes estudos de teóricos que

vêm produzindo extensa literatura sobre GR: Hopper (1987); Heine, Claudi & Hünnemeyer (1991);

Lichtenberk (1991); Kroch (1995); Traugott (1995); Heine (2006); Pintzuk (2006); Traugott

(2006). Somadas a esses estudos, reuniram-se pesquisas de linguistas brasileiros que também

examinam a GR do assim, a exemplo de Martelotta (1996); Martins (2004); Longhin-Thomazi

(2006); Souza (2009); Castelano, Luquetti & Souza (2012); Ramos (2012). Toda essa literatura

comparada tem demonstrado que itens linguísticos que passam pelo processo de GR mostram, em

uma mesma sincronia, ocorrências mais lexicais (mais concretas e de posição sintática mais livre)

coexistindo a ocorrências mais gramaticais (mais abstratizadas/subjetivas e de posição sintática

mais fixa). Com o item assim, não tem sido diferente. Por meio do corpus do FUNCPAR (Grupo de

Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná), puderam-se observar as seguintes

funcionalidades do item, assim listadas em um cline crescente de GR: dêitico espacial (uso original,

lexical), fórico textual, conjunção e marcador discursivo (MD). Além dos pressupostos teóricos

subjacentes ao processo de GR e das funcionalidades do assim, arrolou-se, ainda, sobre a

participação do item nas três metafunções propostas por Halliday (1970, 1973, 1977): a ideacional,

a interpessoal e a textual. O que se parece notar é que, apesar de essas três funções não serem

excludentes, o ganho de GR do assim é acompanhado de um enfraquecimento de sua propriedade

ideacional (semântica). Compensatoriamente, esses mesmos usos mais gramaticalizados mostram

grandes forças interpessoal e textual. Isto é, apesar de alguns teóricos da GR tratarem o processo

como empobrecedor, é significativo o ganho de expressividade do assim quando MD. Nesta

pesquisa, atrelou-se, ainda, esse ganho de expressividade à importância que o assim MD tem

mostrado no processamento cognitivo (Givón, 1989) dos falantes. Em momentos de dificuldade de

processamento cognitivo, o MD assim se revela como um indício hesitativo de função retardadora

(URBANO, 1999), ocorrendo nos seguintes dois ambientes sintáticos: ou no interior de um

sintagma, antecedendo complementos de verbos e nomes (SILVA & MACEDO, 1990), ou não

sintagmaticamente, articulando segmentos formadores de tópicos discursivos. Para essas últimas

ocorrências, recorreu-se à Teoria da Estrutura Retórica (RST), de Mann & Thompson (1983), na

tentativa de se investigar se tem havido uma especialização do assim no estabelecimento de alguma

relação retórica.

Palavras-chave: assim; gramaticalização; funcionalismo.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

DISPOSITIVO DE SEXUALIDADE E O DISCURSO SOBRE A AIDS NO BRASIL DOS ANOS

1980

Hoster Older SANCHES

Prof. Dr. Pedro Luis NAVARRO Barbosa

RESUMO: O trabalho de dissertação busca investigar o discurso sobre a aids produzido na década de

1980, no Brasil. Para isso, a pesquisa fundamenta-se nas ferramentas teóricas de Michel Foucault,

de forma especial, na História da Sexualidade. Em A vontade de saber, o dispositivo de sexualidade

apresenta-se como conceito significativo para a investigação discursiva, como, por exemplo, a

governamentalidade dos corpos e da população que, no caso desta pesquisa, dá-se em um recorte

histórico que permeia o início da contaminação pelo vírus HIV no Brasil. No primeiro volume da

História, Michel Foucault analisa as relações de poder-saber que se debruçam sobre a sexualidade

do indivíduo, produzindo um sujeito de sexualidade. O corpus da pesquisa é composto por

materialidade em discursos escritos e em falados, na mídia, como os recortes realizados de jornais e

de revista de circulação nacional (Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil e Veja), bem como registros em

vídeo, como reportagens e notícias sobre a aids daquele período. O trabalho, aqui desenvolvido, é

uma das análises da dissertação. Em 1987, o jornal Folha de S.Paulo, diário impresso de notícias,

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fez circular uma vasta produção discursiva cuja temática era a aids. A partir da constituição e da

descrição desse objeto, pode-se compreender como o governo dos corpos é enunciado e como esse

enunciado é materializado, em notícias e em reportagens. A fundamentação teórica desta análise

está alicerçada em pressupostos teóricos foucaultianos, especialmente no que tange aos estudos

sobre enunciado, governo e poder. Observa-se que Estado deve saber tudo sobre as práticas dessas

populações e dos indivíduos, especialmente, as inerentes à sexualidade, que se configuram como

objeto, nos termos de Foucault, de um “controle-repressão”. A produção de saberes sobre a aids

ocorre em meio ao exercício desse poder governamental e da resistência que a ele é feita. Nesse

jogo discursivo, ressalta-se uma preocupação em conhecer o estado biológico de cada população,

sendo algumas o foco de atuação do poder político, como a população homossexual e a carcerária.

Observa-se que a governamentalidade do corpo do indivíduo e das populações é prioridade do

Estado com a realidade da aids; em vista disso, o corpo da população de estrangeiros, de

homossexuais e de prisioneiros é mantido sob o olhar clínico e político do Estado e da ciência, a fim

de identificá-lo e separá-lo. O Estado, portanto, submete o corpo do portador do vírus HIV a

relações de poder/saber e resistência presentes nas tramas sociais.

Palavras-chave: Discurso; Aids; Governamentalidade.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

ESTUDO DAS ROTINAS DE ESCRITA DO PAS-UEM

Janaina Lacerda da SILVA

Profa Dra Marilurdes ZANINI

Dentro do arcabouço teórico bakhtiniano, a língua depende da sua realidade fundamenta – a

interação humana – para existir. Nesse sentido, a língua configura-se – como o produto da interação

entre os sujeitos de um grupo social – e a linguagem – como os conjuntos de contextos possíveis de

uso de cada termo da língua. Dessa forma, esses pressupostos bakhtinianos que se coadunam com

os estudos brasileiros de Geraldi (1991, 1997, 2010) e de Antunes (2003, 2009), dentre outros,

deslocam o estudo da língua para o estudo da linguagem entendida como uma forma de interação

humana mediada pelo uso da língua, o que caracteriza a concepção interacionista de linguagem.

Consequente a essa concepção interacionista de linguagem, o texto é concebido como um ‘encontro’

entre dois sujeitos historicamente marcados. Assim, à luz da perspectiva interacionista de ensino-

aprendizagem de Língua Portuguesa, neste trabalho, buscamos analisar a interação pedagógica

organizada no PAS-UEM – Processo de Avaliação Seriada da Universidade Estadual de Maringá – a

partir de duas produções escritas de sessenta alunos-candidatos participantes desse processo

avaliativo seriado. Os textos, corpus desta pesquisa, foram escritos em diferente momento, por isso

fornecem dados distintos do processo de desenvolvimento da escrita do aluno e da interação entre

Universidade e Ensino Médio. O primeiro texto analisado (produzido no ano de 2009 na 1ª etapa do

PAS-UEM) oferece-nos dados da escrita do aluno-candidato da primeira série do ensino médio no

momento inicial do processo seletivo seriado. Já o segundo texto (escrito em 2011 na 3ª etapa do

PAS-UEM) revela-nos dados da escrita do aluno da terceira série do ensino médio em uma interação

final com o processo. Nessas análises das interações verbais que acontecem no PAS-UEM, estamos

interessamos em analisar o processo pelo desenvolvimento da escrita do aluno-candidato para

construir a realidade que o circunda. Isto é, se por um lado, buscamos, por meio da pesquisa

qualitativo-interpretativa, focalizar o macrossocial do PAS-UEM para entender como ele se relaciona

(ou poderia relacionar-se) com o microcosmo da sala de aula, por outro, estendemos essa

interpretação para construir a interação organizada na rotina do processo. Com isso, acreditarmos

que as análises das ações de escritas dos alunos-candidatos em diferentes momentos do PAS-UEM

podem guiar as práticas de ensino-aprendizagem da escrita desenvolvidas pelos professores em sala

de aula, como orientam os fundamentos da Linguística Aplicada. Além disso, nossos resultados

podem tornar ‘visível’ como o macro contexto do PAS-UEM pode desencadear um aperfeiçoamento

da escrita dos sujeitos com os quais o processo seletivo interage.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de Língua Materna; Linguística Aplicada; PAS-UEM.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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TECNOLOGIAS DE LEITURA E INOVAÇÃO EM REGIMES DE VER E DE DIZER A ARTE: UMA

POLÍTICA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL NO ESPAÇO VIRTUAL

Jefferson Gustavo dos Santos CAMPOS

Profa Dra Ismara Eliane Vidal de Souza TASSO

Perscrutar os sentidos onde não há soberania das palavras; tatear materialidades em um espaço

obtuso por sua própria tangibilidade; cotejar cultura e tecnologia na tensão desses “campos

logicamente estabilizados”. Eis o desafio acatado pela presente pesquisa: o de ler imagens, contudo,

não qualquer leitura, não qualquer imagem. Trata-se, antes, de ler discursivamente, na urdidura

heterotópica do artístico, as tramas vetoriais do político entretecido nas demandas do social. Para

concretizar esse empreendimento, a pesquisa focaliza uma série enunciativa que compõe parte

material do Portal Projeto Portinari e Museu Casa de Portinari e mobiliza um gesto de leitura que,

sob a alcunha de uma Análise de Discurso, conflui na relação (in)tensa entre os postulados de Michel

Pêcheux e de Michel Foucault, assim como em especulações teóricas gestadas a partir de

formulações advindas de outros campos de saberes, a fim de demonstrar como, no modo de

constituição de suas modalidades enunciativas, tais arquiteturas hipermidiáticas integram-se a

estratégias de saber-poder que perturbam a identidade dos enunciados na prática de sua leitura,

inscrevendo-os em outra ordem discursiva, um deslizamento da ordem do artístico para a ordem do

político em demandas contemporâneas do social. A hipótese de que, ao ter sua identidade

perturbada pelos processos técnicos, a materialidade do artístico, nas coerções sofridas pela prática

de leitura para qual é gestada, é tratada como a condição de possibilidade de se acolher os efeitos

de uma política de acessibilidade cultural no espaço virtual, permitiu situar o modo de composição

do olhar as discursividades nas sociedades democráticas, pontuando a relação das novas tecnologias

como condição de emergência da materialização dos discursos sob modalidades enunciativas

diversas. Tal reflexão apontou a Inovação Tecnológica como dispositivo por meio do qual constitui-

se uma trama heterogênea e heterotópica entre a materialidade do artístico, as instituições

museológicas, as hipermídias de divulgação, as arquiteturas virtuais e as medidas de segurança

para a manutenção e funcionamento dessa engrenagem. Preliminarmente, consideramos que o

processamento técnico da materialidade do artístico e seu modo de circulação pelo espaço virtual

alteram a relação institucional dos enunciados, os quais, tal como um caligrama, atestam as linhas

de ruptura e instituem um espaço de contradição entre os campos da arte e da política. O

dispositivo da Inovação Tecnológica constitui as linhas de visibilidade que compõem o arquivo

discursivo em análise que, por uma lado, formaliza o espaço virtual como um campo heterotópico de

utilização dos enunciados da ordem do artístico, promovendo um efeito de democratização dessas

materialidades, enquanto espólios da produção cultural nacional – o que supomos tratar-se de uma

nova tecnologia de funcionamento da governamentalidade no que tange a uma política de

acessibilidade cultural. Por outro, os efeitos da reprodutibilidade da obra de arte geridos pelas

demandas do dispositivo da Inovação Tecnológica sustentam, nas invisibilidades enunciativas, as

mutações desse mesmo dispositivo, razão para que os enunciados que daí derivam mantenham

relações dissimétricas de poder entre o ter acesso às reproduções das obras de arte em detrimento

das obras em si.

Palavras-chave: Dispositivo da Inovação Tecnológica. Reprodutibilidade da obra de arte.

Acessibilidade cultural.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

VOZES DO SÍTIO: A PRESENÇA E A AUSÊNCIA DE ILHAS POLIFÔNICAS NAS NARRATIVAS

LOBATIANAS

Juliane Nadal Cavalheiro da SILVA

Profa Dra Alice Áurea Penteado MARTHA

O presente trabalho tem como objetivo investigar níveis de narração e de focalização em algumas

obras de Monteiro Lobato, (1882-1948), embasados na teoria de Mieke Bal, que nos conceitos de

Gérard Genette traz alguns apontamentos que são considerados ferramentas acessíveis para uma

análise do texto narrativo e que aqui será aplicado à narrativa lobatiana. Partindo dessa análise, que

é o ponto de partida para ao próxima etapa, se chegará ao objetivo principal dessa dissertação: a

análise do dialogismo e da polifonia no viés de Mikhail Bakhtin. Como não se trata de um romance

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polifônico, tomamos a liberdade de chamar esses pontos de Ilhas Polifônicas, termo que ajudará a a

definir os casos de ausência e presença de polifonia na obra.

Palavras-chave: Monteiro Lobato; Mieke Bal; Mikhail Bakhtin; polifonia.

Área de concentração: Estudos Literários.

O ESPAÇO EM PEDRO PÁRAMO, DE JUAN RULFO

Larissa Walter TAVARES

Profa Dra Evely Vânia LIBANORI

Essa dissertação tem por objetivo estudar o espaço na obra Pedro Páramo, do escritor mexicano

Juan Rulfo. Em Pedro Páramo, as personagens só podem ser entendidas se levar em conta a relação

delas com o espaço à sua volta. Seres humanos, animais e plantas estão em conexão existencial,

seus destinos estão ligados. O estudo sobre o espaço é, portanto, o estudo sobre a existência

humana e os temas que a ela estão relacionados, como o amor, a vida, a morte.

A obra retrata a essência da natureza humana e foge da concepção tradicional do romance. A

construção do espaço está embasada na realidade física, mas o espaço em Pedro Páramo não pode

ser explicado como um cenário externo e objetivo que abriga seres e objetos e que permanece

inalterado, independentemente do que acontece nele. Não há apenas um espaço, há vários. Cada

personagem tem seu próprio espaço e, além disso, seu tempo. A organização textual é

fragmentada, ou seja, não há enlaces de causa-efeito entre as partes constituintes da fábula do

romance. A narração reflete a linguagem cotidiana do cenário regional em que se desenvolve a

fábula, mas muito mais do que isso, a linguagem é altamente simbólica. Frases, falas, palavras têm

sempre um sentido que ultrapassa o nível comunicativo e possui, latentes, sentidos outros.

O estudo sobre o espaço implica a reflexão sobre o destino humano. Portanto, esta pesquisa tem

como substrato teórico duas linhas teóricas: a Ecocrítica e a Filosofia existencialista. O referencial

teórico mais diretamente ligado à Ecocrítica e que fundamentará esse trabalho é: O Homem e o

Mundo Natural, de Keith Thomas (1988), Ecocrítica, de Greg Garrard (2006), Terras da Terra, de

Stuart Pimm (2005). O material utilizado sobre a Filosofia existencialista é O ser e o nada e O

existencialismo é um humanismo, de Jean-Paul Sartre, e o Ser e o tempo, de Martin Heidegger.

Com base nessas correntes teóricas, será apresentada uma análise de como o espaço se relaciona

com cada personagem da obra, principalmente Pedro. Na sequência será mostrada a associação

entre a catástrofe física e a catástrofe humana. Por fim, o estudo abordará Comala enquanto espaço

de morte. Será estabelecida, dessa forma, a íntima relação entre o espaço e as personagens na

obra.

Palavras-chave: Pedro Páramo; Espaço; Sujeito/Natureza.

Área de concentração: Estudos Literários.

O SENHOR DOS ANÉIS E O CÂNONE OCIDENTAL: J.R.R. TOLKIEN E A TRADIÇÃO CLÁSSICA

Leandro VIEIRA Prof. Dr. Márcio Roberto do PRADO

Segundo Ernst Robert Curtius (2013), apesar de o fenômeno da “canonização” de determinadas

obras em uma lista existir há um bom tempo, a palavra classicus em âmbito literário só apareceu

tardiamente com Aulo Gélio, em seu Noctes Aticae. Afora o surgimento histórico do termo, muitos

autores procuraram, ao lado de Curtius, definir o que este vocábulo significa, ou melhor, a que se

refere. Italo Calvino, por exemplo, buscou catorze definições para o clássico. Em um de seus

apontamentos, ele diz que se trata de uma obra inesgotável, que oferece uma sensação de

descoberta a cada nova [re]leitura. Já para T.S. Eliot, clássico é a obra que supera a própria língua,

mantendo-a viva para a posteridade. Segundo Mortimer Adler e Robert Hutchins, clássicos são obras

que, dialogando entre si em um alto nível artístico-cultural, constituem uma “Grande Conversação”

da cultura ocidental. Sendo assim, com base nos apontamentos supracitados, bem como nas ideias

de Gilbert Highet, Harold Bloom, Leyla-Perrone Moisés e outros importantes estudiosos do assunto,

este trabalho tem como principal objetivo abordar uma obra literária do século XX que (ainda)

enfrenta resistência no sentido de sua plena inserção no cânone ocidental oficial, embora, ao lado do

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Ulysses de Joyce, já tenha sido considerada como um verdadeiro “clássico” por autores

emblemáticos como W.H. Auden e C.S. Lewis. Trata-se aqui de O Senhor dos Anéis de J.R.R.

Tolkien, obra que atraiu para si críticas de todos os tipos desde sua publicação na Inglaterra,

enfocando temas universais como a luta entre o bem e o mal, a vida e a morte, a virtude e o vício

etc., tudo isso subordinado a uma jornada heróica rumo à execução de uma missão salvífica. Uma

vez feito o recorte temático da pesquisa, para cumprir seus objetivos, esta dissertação, além de

apresentar os diversos conceitos de clássico de autores importantes, analisa a formação clássica de

Tolkien, assim como os aspectos da literatura clássica presentes em sua obra. Este trabalho visa

ainda, se não justificar uma possível canonização de O Senhor dos Anéis, ao menos demonstrar que

a tradição clássica, ou fortes aspectos desta, persistem no tempo em meio à pluralidade genérica do

século XXI. Espera-se assim que, apesar de a poesia épica, ou a literatura clássica de modo geral,

terem perdido seu prestígio literário perante as novas modalidades genéricas posteriores, ainda é

possível apontar aspectos vívidos de uma Tradição Clássica em obras modernas como a abordada

nesta pesquisa, com importantes desdobramentos no estabelecimento de um campo literário

contemporâneo bem como na formação do leitor dos dias de hoje. Palavras-chave: clássico; tradição; O Senhor dos Anéis. Área de concentração: Estudos Literários.

SOBRE O CONCEITO DE FORMAÇÃO DISCURSIVA: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM NO

DISCURSO BÍBLICO

Luana Cimatti ZAGO

Profa Dra Sonia Aparecida Lopes BENITES

Ao longo de seu percurso como disciplina, e até mesmo antes disso – quando balbuciava suas

primeiras formulações teóricas –, vemos a AD demonstrar disposição, por assim dizer, em se

construir – desconstruir – reconstruir. É, definitivamente, uma disciplina em evolução. O conceito de

formação discursiva é um exemplo disso. Esse que outrora, especialmente na década de 1970, fora

um conceito basilar para a AD, tornou-se um conceito relativizado. Depois de sofrer certo desgaste

teórico e até mesmo abandono, o conceito de formação discursiva, hoje, é alvo de reformulações,

reinterpretações. Tendo isso em vista, propomo-nos discutir o conceito de formação discursiva

retomando seu percurso histórico-teórico desde seu nascedouro e desenvolvimento, com Michel

Foucault e Michel Pêcheux, até seu desgaste conceitual, na tentativa de definir a noção de formação

discursiva com a qual se pretende trabalhar neste estudo, de modo que se possa refletir se ele é, ou

pode ser, um conceito ainda produtivo para AD. Para tanto, valemo-nos de uma seleção de textos

bíblicos registrados nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. São utilizados para este

estudo discursos em que há pelo menos dois indivíduos na cena da enunciação estabelecendo um

diálogo de confrontação. Os evangelhos mostram que o sujeito Jesus Cristo, assim como a maioria

dos judeus, é interpelado, entre outras, pela ideologia messiânica, isto é, pela crença de que

alguém, enviado por Deus, viria ao mundo para estabelecer um novo tempo para a nação judaica.

De um modo geral, os judeus esperavam que esse enviado os libertasse das opressões, sobretudo

do império romano. O messias personificado em Cristo, no entanto, não corresponde ao esperado:

ele não fala de libertação política, mas de libertação de pecados; não fala de um governo físico, mas

de um governo transcendente. O choque entre esses dois posicionamentos permite-nos olhar para o

que, em certo estágio de sua teoria, Pecheux (1971) chamou de duas formações discursivas

distintas. Partindo do princípio básico da AD de que o sujeito historicamente determinado e

ideologicamente constituído, ao significar por meio da linguagem, se significa, lançamos um olhar

discursivo sobre parte dos discursos atribuídos Jesus Cristo, a fim de refletir sobre os traços de

discursos anteriores presentes no seu discurso e no de seus interlocutores, de modo que se possa

observar como se dá a relação língua e história na atividade de significação dos sujeitos do discurso

bíblico em suas relações com o mundo. Vale acrescentar que a Bíblia, além de guardar um vasto e

rico material para a área da AD, possui ampla circulação em território nacional, cuja maioria da

população se declara cristã (87%, segundo o último Censo do IBGE, realizado em 2010*). De acordo

com a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo#, trata-se do livro que obteve maior número de

leitores de todos os tempos, o que nos estimula a lançar também sobre o texto bíblico, ou parte

dele, um olhar discursivo.

Palavras-chave: formação discursiva; discurso bíblico; posicionamento.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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FORMAÇÃO DE LEITOR LITERÁRIO NA ESCOLA PÚBLICA: PROBLEMAS E DESAFIOS DE

TODA COMUNIDADE ESCOLAR

Luciene Aparecida Sgobero ULLER

Prof. Dr. Márcio Roberto do PRADO

O objeto desta pesquisa teórico-prática consiste em uma reflexão crítica sobre a dificuldade de a

Instituição Escolar Pública, representada por duas escolas pesquisadas na cidade de Campo Mourão,

em formar leitores literários efetivos, apesar dos investimentos na escola feitos no decorrer dos

últimos anos pela mantenedora SEED/MEC, tanto em infraestrutura (materiais didáticos, utensílios,

tecnologia, etc.), quanto na formação continuada para professores e demais profissionais da

educação. Para a análise proposta, foi realizada pesquisa bibliográfica, cujo aporte teórico constitui-

se de conhecimentos relacionados à leitura, à literatura e ao letramento, bem como um estudo de

caso de abordagem etnográfica, envolvendo aplicação de um questionário em duas salas de sexto

ano (tratadas, aqui, como pertencentes à “escola A” e à “escola B”). A escola A representa uma

escola “modelo”, pois se localiza no centro da cidade de Campo Mourão, é ampla, limpa e

conservada. As suas dependências são bem planejadas, possui laboratórios de química e de

informática equipados e uma boa biblioteca; possui quadra coberta e, no intervalo, dá espaço às

atividades da rádio escolar, comandada pelo Grêmio Estudantil do colégio. A lista de espera para se

estudar nesta escola é grande, por ter se consolidado como uma escola que proporciona um ensino

de qualidade. A escola B, por sua vez, localiza-se na periferia de Campo Mourão, em um bairro

pobre e violento, tendo um grande espaço no seu interior. Contudo, além de a área construída não

ser tão grande, o prédio está mais envelhecido em comparação com a escola A (apesar das

tentativas de conservação da gestora). Possui laboratórios de química e informática, uma biblioteca,

mas não possui quadra coberta nem rádio escolar. A aplicação do questionário deu-se no final de

novembro de 2012, durante as aulas de Língua Portuguesa das duas escolas. As questões foram

organizadas, objetivando uma investigação de como a escola utiliza seus recursos estruturais e

tecnológicos disponíveis para o trabalho com a leitura, visando a formação do leitor literário. Neste

sentido, a investigação partiu de questões relacionadas à biblioteca e à sua utilização, passando pelo

laboratório de informática, internet e TV pendrive, abordando, por fim, questões sobre a relação

aluno/leitura. As respostas dos alunos, tanto da escola “A” quanto da escola “B”, além de colocar em

discussão a pressuposição de que uma das escolas apresentaria resultados muito superiores aos da

outra, apontam para a necessidade de mudanças urgentes no ensino em relação à leitura, pois,

apesar de ambas as escolas apresentarem bibliotecas grandes, arejadas e bem equipadas, os alunos

de ambas as escolas demonstram distanciamento dos livros, comprovando que, mais do que o

espaço físico, o que faz a diferença no processo de formação do leitor são as ações que a escola

pode implementar junto aos discentes, em favor dessa formação. Essa pesquisa aponta também

para a importância de um trabalho de leitura escolar voltado para o letramento, utilizando as

tecnologias disponíveis no ambiente escolar, por meio de uma metodologia diferenciada.

Palavras-chave: Formação do leitor; Tecnologia; Educação.

Área de concentração: Estudos Literários.

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER IDOSA NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA

CONTEMPORÂNEA: ESTRELA NUA, DE MARIA ADELAIDE AMARAL E MILAMOR, DE LÍVIA

GARCIA-ROZA

Marcela Gizeli BATALINI

Profª Drª Lúcia Osana ZOLIN

Levando-se em conta o lugar secundário ocupado pela mulher na tradição literária, marcado pela

marginalidade de sua produção, sendo quase sempre retratada a partir da visão do outro, evidencia-

se a necessidade de tomarmos como objeto de estudo o modo como à mulher é representada pela

própria mulher no texto literário. Soma-se a isso, ainda que há muito venha se discutindo temas

relacionados à velhice, um número ainda tímido de estudos que contemplem a imagem do idoso na

literatura. Inclusive, dentre os próprios estudos feministas, verifica-se quase intocada as discussões

que contemplem a terceira idade. Desta forma, o presente trabalho, sob o viés da crítica feminista,

sobretudo a partir da vertente anglo-americana, busca analisar nas obras Estrela nua, de Maria

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Adelaide Amaral e Milamor, de Lívia Garcia-Roza, a construção e representação da personagem

feminina, atentando-se para questões relacionadas aos estudos de gênero (masculino/feminino)

empreendidos por tal crítica, bem como os fatores relacionados ao critério etário. Procurando,

assim, desnudar e desestabilizar pressupostos sustentados a partir de oposições binárias, tais como:

mulher/ homem e jovem/idoso, dicotomias essas que sustentam determinados posicionamentos

ideológicos e determinadas posições hierárquicas. Para isso, tomamos como base os estudos

empreendidos por Judith Butler, Roger Chartier, Teresa de Lauretis, dentre outros. Cabe ressaltar

que os dados levantados em tais produções apontam para um reconhecimento e valorização da

pluralidade frente às escolhas e experiências femininas, inclusive em relação ao envelhecimento.

Palavras-chave: Personagem feminina; Representação; Autoria feminina.

Área de concentração: Estudos Literários.

O TEATRO DE CHICO BUARQUE EM TRÊS TEMPOS: RODA VIVA, GOTA D’ÁGUA E ÓPERA DO

MALANDRO.

Maria Elisa Dias FRAGA

Prof. Dr. Alexandre Villibor FLORY

Durante o período militar, principalmente após a instauração do AI-5, a adaptação de obras teatrais

consagradas em uma tradição crítica tornou-se uma forma criativa de discutir questões polêmicas

nacionais, em grande medida remetendo a momentos em que a relação entre arte e sociedade foi

fundamental e bem explorada e discutida. Assim, após a estreia de Chico Buarque com a peça Roda

Viva (1968), que motivou diversas ameaças e mesmo espancamentos dos artistas e frente à

censura da peça Calabar (1973), suas duas peças seguintes são adaptações: Gota d’água (1975), de

Medeia (Eurípides) e Ópera do Malandro (1978), de A Ópera dos mendigos (John Gay) e A Ópera

dos três vinténs (Brecht). Com isso em vista, esse projeto estuda as peças citadas pesquisando

como expressam questões fundamentais de seus momentos históricos, pelos temas e pelas muitas

rupturas formais, além de estudar as relações que estabelece com a rica tradição de um teatro

dialético brasileiro, que remonta aos grupos Teatro de Arena, Oficina e Opinião. Sua base teórica e

crítica é formada por autores Bertolt Brecht, Jean-Pierre Sarrazac, Peter Szondi e Anatol Rosenfeld,

João Roberto Faria, Sábato Magaldi, Décio de Almeida Prado, Iná Camargo Costa. No primeiro

capítulo, faremos um percurso histórico das formas teatrais no Brasil até o início das atividades

teatrais de Chico Buarque. No segundo, discutiremos a peça Roda Viva, especialmente para

compreender a dinâmica da indústria cultural no Brasil que começava a ter seus ídolos da

juventude. No terceiro capítulo analisaremos a peça Gota d’água por categorias de análise como: a)

o espaço (físico, cultural, econômico e estético) e como ele influencia o pensamento e o

comportamento das personagens, especialmente Jasão, Joana, Mestre Egeu e Creonte; b) a função

da linguagem cifrada da peça, rimada e complexa, que é muito eloquente mesmo quando dominada

pelos silêncios, vazios e não-ditos; c) a função do narrador na peça. Também importa estudar a

adaptação crítica que leva para o âmbito da luta de classes a disputa entre Jasão e Joana, até

mesmo mostrando como Jasão, filho da favela, sabe como manipular seus antigos companheiros, o

que não se vê no original grego. No quarto capítulo, focaremos a peça Ópera do Malandro e a

dimensão crítica de sua forma intertextual e metateatral, averiguando os métodos de composição

como forma de recuperação histórica, inclusive do conceito de malandragem, estratégias utilizadas

para questionar a identidade cultural e incentivar uma postura crítica dos acontecimentos sociais e

políticos do período. O teatro de resistência de Chico Buarque, com suas metáforas, com seu

distanciamento, com suas novas formas procurou e encontrou espaço para construir uma das obras

mais vigorosas e contundentes, em todos os aspectos, da literatura brasileira de então, o que já

justifica seu estudo pelo recorte apresentado.

Palavras-chave: Chico Buarque de Hollanda; Teatro Brasileiro; Teatro e Sociedade.

Área de concentração: Estudos Literários.

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PROVA BRASIL: É POSSÍVEL PROPOR AVALIAÇÕES DE ABRANGÊNCIA NACIONAL EM

TERMOS DE LETRAMENTO COMO PRÁTICA SOCIAL?

Marina CASARIL

Profa Dra Neiva Maria JUNG

A Prova Brasil, um dos principais testes de avaliação da educação no país, tem como objetivo

principal avaliar a qualidade do ensino das escolas públicas localizadas em área urbana. Essa prova

avalia, mais especificamente, os conhecimentos de Língua Portuguesa (com foco na leitura) e os de

Matemática (com foco na resolução de problemas), e é aplicada nas séries finais do Ensino

Fundamental - 5.º e 9.º anos. Ao analisar a média nacional da Prova Brasil, em sua última aplicação

(2011), observamos que o 9.º ano atingiu 243 pontos na disciplina de Língua Portuguesa, enquanto

o mínimo considerado adequado pelo movimento Todos Pela Educação, considerando os níveis

apresentados na escala de proficiência do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), é 275

pontos. Dessa forma, percebemos que há necessidade de desenvolvimento de pesquisas que

tenham como foco a organização dos processos avaliativos nacionais, como a Prova Brasil. Trata-se,

segundo Euzébio (2011), de testes aplicados que apresentam uma ancoragem massiva e focada no

universo global, assentadas e conduzidas, na maioria das vezes, de modo asséptico e uniformizante.

Nesse sentido, percebemos que a Prova Brasil é elaborada com base nas demandas e ideologias de

uma classe dominante, a qual impõe o seu contexto local como global, reafirmando um modelo

autônomo de letramento. Como modelo alternativo, Street (1984) apresenta o modelo ideológico de

letramento, em que a escrita passa a ser vista como constituinte de práticas sociais, o qual tem

constituído em certa medida práticas pedagógicas que têm mudado com a adoção de concepções

sociais da linguagem. Dentro dessa problemática, nossa pesquisa foca em apenas uma das séries, o

9.º ano. Em termos metodológicos, foi analisado o modelo de prova disponibilizado pelo Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e os descritores que a

embasam. Observamos a recorrência e a variedade dos gêneros escolhidos para os testes e quais os

padrões de interação com o texto escrito privilegiados pela prova. Além disso, elaboramos um

simulado da Prova Brasil para o 9.º ano, na tentativa de construí-lo a partir dos conceitos dos Novos

Estudos sobre o Letramento (NLS), representados por Street (1984, 2003, 2010), Barton e Hamilton

(2004) e Heath (1982) e aplicamos o simulado desse teste avaliativo em um 9.º ano de uma cidade

do Norte do Paraná. Esse simulado será analisado, bem como os resultados de sua aplicação, com o

objetivo de responder a seguinte questão: é possível pensar um exame em âmbito nacional a partir

de teorias sociais da linguagem, como a do letramento? Em termos de resultados, esperamos

contribuir com discussões a respeito de avaliação de leitura e letramento, bem como contribuir com

a prática pedagógica visando refletir sobre a possível articulação entre teorias sociais de uso da

linguagem e avaliação.

Palavras-chave: letramento; Prova Brasil; avaliação.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

BERTOLT BRECHT E O TEATRO DIALÉTICO NO BRASIL PÓS-1985: A EXCEÇÃO E A REGRA

EM DUAS ENCENAÇÕES PARANAENSES

Mateus dos Santos MOSCHETA

Prof. Dr. Alexandre Villibor FLORY

O conceito do didático se configura na obra do dramaturgo alemão Bertolt Brecht em diversos

aspectos temáticos e formais, especialmente em sua produção do final dos anos 1920 ao início dos

anos 1930. Uma das dimensões mais relevantes diz respeito à perspectiva histórica que marca sua

obra, de tal modo que sua produção não pode ser desvinculada de sua estratégia de participação

nos contextos em que foi elaborada. Sendo assim, um dos objetivos gerais da dissertação é retomar

a discussão sobre esse conceito pelo prisma da sua historicização, que não busca categorias

atemporais para a implementação das atividades didáticas. Sendo assim, num primeiro capítulo de

minha dissertação iremos discutir a variada produção brechtiana em sua relação com o turbulento

contexto alemão da república de Weimar (1919-1933) e, depois, do exilado, contemplando as várias

fases de sua obra. Para esse percurso histórico das formas teatrais serão fundamentais os trabalhos

de Anatol Rosenfeld, Iná Camargo Costa, Peter Szondi, entre outros. Num segundo capítulo,

estudaremos a sua recepção ativa nos anos 1960 no Brasil pelo teatro de grupo, em especial no

teatro de Arena e pelo CPC – Centro Popular de Cultura, ligado à UNE, bem como o momento

histórico que ensejou o surgimento e o desenvolvimento desses grupos e de uma nova dramaturgia.

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Autores importantes nesse contexto são Oduvaldo Vianna Filho (A mais-valia vai acabar, seu Edgar),

Augusto Boal (Revolução na América do Sul) e Gianfrancesco Guarnieri (Eles não usam Black-tie). A

retomada do teatro de grupo no Brasil no final dos anos 1980 será o tema do terceiro e último

capítulo. Nele pesquisaremos algumas montagens específicas da peça A exceção e a regra, levando

em conta sua atualidade e utilidade agora no Brasil, com uma retomada crítica da obra de Brecht.

Uma das questões mais relevantes é estudar porque, exatamente no momento em que muitos

diziam que Brecht estava fadado a ser esquecido, pelo fim da experiência socialista no bloco

soviético (1989), o interesse pelo dramaturgo alemão cresceu ainda mais, inclusive no Brasil, onde

muitos grupos (Galpão, Latão, TUM, Ói Nóis Aqui Traveis, Teatro de narradores, para citar poucos)

retomam o estudo sobre as obras e suas encenações. Em outras palavras, o momento em que o

capitalismo neoliberal teria vencido o comunismo, muitos grupos retomaram suas discussões –

estéticas e políticas – sobre exploração, encobrimento e naturalização via ideologia do progresso e

do individualismo exacerbado, o que está diretamente relacionado com a proposta formal e temática

de A exceção e a regra. Para essa dissertação, importa verificar como grupos específicos efetivaram

essa recepção, apoiando-nos em gravações em DVD das apresentações, em textos e entrevistas

sobre as apresentações, bem como a análise da dramaturgia do autor alemão. Sua recepção crítica

dos anos 1960 – quando, além da encenação de sua dramaturgia, foi fundamental para a criação de

uma dramaturgia nacional – também é decisiva para esse novo momento, que se espraia do final

dos anos 1980 até os dias atuais.

Palavras-chave: Bertolt Brecht; Teatro Brasileiro; Teatro e Sociedade.

Área de concentração: Estudos Literários.

BIOGRAFISMO E HIBRIDISMO NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: UM

ESTUDO DE NOVE NOITES, DE BERNARDO CARVALHO

Míriam Juliana Pastori BOSCO

Prof. Dr. Milton Hermes RODRIGUES

A relação entre ficção e realidade sempre foi e sempre será motivo de investigações. A pesquisa a

que nos propomos aqui aborda esse fenômeno no que ele tem de mais intensificador: o biografismo.

Na literatura brasileira, temos muitos exemplos de obras literárias em que os autores se valem da

experiência referencial – sua e/ou de outro – para construir sua representação ficcional. O exemplo

que nos interessa nesta pesquisa é o romance Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho. Trata-se

de uma construção romanesca peculiar, com marcas estilísticas de autoria. Investigamos a

possibilidade de que o romance em questão represente uma das tendências mais visíveis da

literatura brasileira contemporânea: o biografismo, ou ainda um possível novo biografismo, que não

se encaixaria em outros subgêneros do romance. Nossos objetivos com este estudo são verificar a

frequência de obras de caráter biográfico ou autobiográfico, o que convencionamos chamar

biografismo, na literatura brasileira a partir da década de 60 até a atualidade; compreender quais

fatores concorrem para a ficcionalização de fatos referenciais no romance citado; investigar quais

estratégias foram usadas para provocar uma hibridização indissociável, que envolve aspectos

conceituais epistemológicos próprios do fenômeno literário e em relação aos gêneros em si enquanto

estruturas; e verificar como a estrutura da obra estudada atribui a ela um caráter mais ou menos

ficcional. O biografismo sempre existiu na literatura brasileira e, para compreendermos o fenômeno

na atualidade, retomamos sua ocorrência a partir da década de 60. Para isso, recorremos a críticos

como Flora Sussekind, Temístocles Linhares, Malcolm Silverman. Quanto à hibridez narrativa,

refletimos sobre conceitos literários fundamentais, como realismo e verossimilhança, verdade

referencial e verdade ficcional, com intenções de compreender melhor como se constituem as

retóricas da ficção e do memorialismo. Para essa parte, nossas bases teóricas são variadas,

incluindo especialmente Umberto Eco e Philipe Lejeune. A análise da estrutura de Nove noites é o

cerne de nossa investigação: como ele se constitui como ficção valendo-se de tantos elementos

referenciais? É a estrutura a principal responsável para que seja considerado romance. A fim de

demonstrar a construção estética dessa narrativa nos valemos de Roland Barthes e Mieke Ball,

refletindo sobre as relações narrador-tempo, e realizando uma análise da sintaxe narrativa. Nove

noites se revela um amálgama de narrativas envolvendo aspectos biográficos, autobiográficos,

fictícios e referenciais.

Palavras-chave: Narrativa brasileira recente, biografismo, Bernardo Carvalho.

Área de Concentração: Estudos Literários.

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“É PRECISO NÃO TER MEDO, É PRECISO TER A CORAGEM DE DIZER”: ESTUDO DA

PARRHESIA NO DISCURSO DE CARLOS MARIGHELLA.

Rafael Andrade MOREIRA

Profa Dra Maria Célia Cortez PASSETTI

Ao se debruçar sobre os pensamentos de Michel Foucault, um dos pontos que mais pode nos

incomodar é a forma como ele mostra o(s) perigo(s) que rodeiam os discursos. Em sua Ordem do

discurso, ele indaga sobre o que há, enfim, de tão perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus

discursos proliferarem indefinidamente? Tentando responder a essa indagação, o próprio “filósofo”

explica que essa vontade de verdade, como os outros sistemas de exclusão, apóia-se sobre um

suporte institucional: é ao mesmo tempo reforçada e reconduzida por conjunto de práticas.

Pensando numa estética da existência, sobretudo, para a constituição de um sujeito moral, Foucault

define essa “cultura de si” como uma prática, na qual o indivíduo é instado a ter cuidados consigo

mesmo. Dessa prática do cuidado de si, somos lançados por Foucault, em seus dois últimos anos de

cursos no Collège de France, à problemática da “coragem da verdade”. De fato, esse estudo nos

apresentará o conceito de parrhesia como estudos históricos na cultura grega, dos trágicos aos

cínicos, passando pelos filósofos políticos. O conceito de parrhesia seria a prática de liberdade da

linguagem, o dar a liberdade de falar francamente. Foi pensando no funcionamento dessas práticas

que instigou o ponto central desse trabalho, que fora investigar as práticas éticas (cuidado de si)

que permitem ao sujeito Carlos Marighella ser considerado um parrhesiasta. A pergunta de pesquisa

que norteará o trabalho será: Quais seriam as práticas éticas (cuidado de si) que Marighella se

“assujeitou” para se constituir como um sujeito moral (arte de existência), cujas as ações

constituiriam um determinado código (a luta pela liberdade) e que o “autorizasse” a ser um

parrhesiasta? Para tanto, temos como objetivo geral: Investigar as práticas éticas (cuidado de si)

que permitem ao Marighella ser considerado um parrhesiasta. Como objetivos específicos pensamos

em: 1) Descrever as condições de produção do “corpus”; 2) Refletir sobre as práticas de

subjetivação (ética da existência) para o governo de si e dos outros; 3) Analisar o discurso de

Marighella, apontando indícios que comprove esse discurso como parrhesia. Ou seja, se é um

discurso de parrhesia? Se é... como isso se dá? O aporte teórico ficará a cargo da Análise de

Discurso numa perspectiva Foucaultiana. O corpus selecionado está constituído por três obras de

Marighella: Porque resisti à prisão, a primeira edição é de 1965. Utilizaremos a 3ª edição, de 1995;

Manual do guerrilheiro urbano, escrito em 1969. Circulou em versão mimeografada. Utilizaremos

uma versão em pdf; Rondó da liberdade, escrito de 1939 a 1940. Utilizaremos a edição de 1994. A

pesquisa encontra-se em desenvolvimento, portanto, não possui nenhuma análise concreta.

Palavras-chave: discurso; práticas; parrhesia; marighella.

Área de concentração: Estudos linguísticos.

OS ESPAÇOS NARRATIVOS EM TODOS OS NOMES, DE JOSÉ SARAMAGO

Renata SANTANA

Profa Dra Clarice Zamonaro CORTEZ

O estudo de aspectos relacionados ao espaço é essencial na compreensão de obras literárias. No

estudo aqui proposto, iremos analisar os espaços narrativos na obra Todos os Nomes, de José

Saramago (1997) e como sua construção contribui para o desenrolar das ações. A Conservatória

Geral do Registro Civil e o Cemitério Geral são os principais espaços que a obra apresenta; a Escola

e a Cidade são espaços secundários, ambos dotados de significados, com formas labirínticas,

características de escuridão e contiguidade, que irão assumir papéis importantes no desenrolar da

narrativa, quando não determinantes. O objetivo da pesquisa é relacionar os elementos espaciais

com os demais componentes da narrativa saramaguiana, verificando de que modo concorrem para o

desenrolar do romance e para a construção dos sentidos nesta obra revestida de valores oníricos,

além de verificar a configuração dos cenários da mobilidade do Sr. José na busca pela mulher

desconhecida, analisando como a configuração dos espaços cria um entrelugar composto por

coordenadas espaciais do mundo convencional somadas a outras características como mobiliário,

acessibilidade, limite/expansão do limite, usos específicos e usos deslocados etc.. A fortuna crítica

de Saramago é bastante alentada, por isso foram selecionadas apenas algumas obras que

fornecerão subsídios para a análise teórica do espaço. São elas: Lins (1976), Aguiar e Silva (1982),

Santos e Oliveira (2001), Bal (1990), Barbieri (2009), Rodrigues (2009), Borneuf e Ouellet (1976).

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Para a exemplificação da teoria aplicada no romance, utilizaremos Bachelard (1989), que irá dar

subsídio para a questão simbólica, Dimas (1987) que trata da questão do espaço e de sua

importância fazendo menção aos variáveis conceitos, sumariando reflexões de vários teóricos, Ozíris

(2007) que trata de conceitos de forma minuciosa, enfatizando as demais categorias para mostrar a

relação que as mesmas têm com a questão do espaço, Ferreira (2007) que falará da forma como

Saramago estiliza suas personagens, visto que elas aderem aos espaços que as cercam, Gomes

(2009) que trata do percurso labiríntico em Todos os Nomes entre outras. Em um primeiro

momento, faremos um apanhado teórico no que diz respeito ao espaço. Posteriormente iremos

contextualizar o momento vivido pelo autor, retratar a sociedade da época, o momento que Portugal

se encontrava, o período que Saramago insere, a forma diferenciada como escreve, linguagem,

ironia, pontuação, etc; para finalizar aplicando a teoria e análise anteriormente comentada no corpo

do romance. Assim, a pesquisa deseja apontar a importância do espaço na construção da

personagem e como esta personagem o influencia; como o momento do autor influencia na obra, as

várias dimensões que um espaço pode assumir dentro de uma narrativa e a simbologia existente

nele, além de mostrar a ligação que o espaço tem com os demais aspectos do texto e de sua

importância dentro de uma obra literária.

Palavras-chave: Espaço, romance, José Saramago.

Área de Concentração: Estudos Literários.

O ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA E OS PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL: A

RELAÇÃO TEORIA/PRÁTICA

Shirlei Aparecida DORETTO

Prof. Dr. Edson Carlos ROMUALDO

O cenário educacional, principalmente a partir dos anos de 1980, tem motivado estudos e pesquisas

voltadas para a melhoria da educação. Aliado a isso, há uma série de ações efetivadas pelas

instituições governamentais, em âmbitos nacional e estadual, com a criação de leis, documentos

orientadores e cursos de formação continuada de professores. Há, também, diversos livros e

pesquisas que tratam sobre a prática pedagógica de ensino de português. Ainda assim, segundo

Antunes (2003), o cenário educacional revela poucas mudanças quando se trata do processo de

ensino e aprendizagem das práticas discursivas de uso da língua, leitura e produção, e de reflexão

sobre esse uso, a análise linguística (AL). As ações efetivam-se, também, em nível superior, com a

criação de diretrizes, leis, pareceres e resoluções que buscam, de modo geral, garantir ao professor,

em formação inicial, maior contato com conteúdos e práticas pedagógicas, superando o equívoco

histórico de que teoria e prática são dissociáveis na prática social. Acreditando que esses

professores serão, no futuro, os responsáveis pelos encaminhamentos das atividades de ensino e

aprendizagem de língua nas escolas, entendemos ser de fundamental importância discutir aspectos

relacionados à formação desses profissionais. Dessa forma, objetivamos investigar e analisar como

se constituem as relações dos alunos-estagiários de um 4º ano do curso de Letras, de uma

instituição pública, no noroeste do Paraná, com o eixo de reflexão sobre a língua, a prática de

análise linguística, no processo de sua formação, na disciplina de Prática de Ensino e, posterior a

isso, na preparação de sequências pedagógicas para o Estágio Curricular Supervisionado, avaliando

a relação teoria-prática. Para tanto, realizamos um estudo de caso, por meio de uma abordagem

etnográfica, com observação, descrição e análise dos dados, sendo, então uma pesquisa qualitativa-

interpretativa. Assim, o corpus de análise constitui-se de registros coletados por meio de gravações

em vídeo e áudio de todas as aulas da disciplina de Prática de Ensino durante o primeiro bimestre de

2012, de uma entrevista com a professora regente da disciplina, de trabalhos elaborados por

estudantes na disciplina de Prática de Ensino, de planos de aulas elaborados pelos estudantes para

regência em Língua Portuguesa e de gravações de algumas aulas dos estudantes estagiários nas

escolas campo de estágio. Os resultados, parciais até o momento, são bem diversificados e apontam

para a coexistência de diferentes perspectivas teórico-metodológicos em relação ao ensino e

aprendizagem do eixo de reflexão sobre a língua. Nosso arcabouço teórico fundamenta-se nos

pressupostos da Linguística Aplicada de base interacionista, nos pressupostos teórico-metodológicos

de estudiosos que têm se dedicado à AL, como Geraldi, Antunes, Mendonça e Suassuna. Para a

abordagem da relação teoria-prática, buscamos auxílio nos documentos oficiais norteadores da

prática docente, como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

Palavras-chave: Formação inicial; Análise linguística; Relação teoria/prática.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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A TRADUÇÃO (CULTURAL) DE ÓRFÃOS DO ELDORADO PARA O INGLÊS

Simone de Souza BURGUÊS

Profa Dra Vera Helena Gomes WIELEWICKI

Com o advento da globalização, os estudos da tradução vêm tomando, cada vez mais, lugar de

destaque na academia. Entretanto, nem sempre a tradução foi bem vista e aceita, especialmente no

que tange a tradução de textos literários. Com relação a esse tipo específico de tradução, a literária,

muitos foram e ainda são os críticos e professores de literatura que encaram as traduções de textos

literários, especialmente dos canônicos, como uma forma de ferir e descaracterizar o texto

“original”, que é colocado em um pedestal, em uma posição sagrada (ARROJO, 1986). Todavia,

graças aos estudos contemporâneos sobre tradução, outras ciências têm sido trazidas para esse

campo de estudo – antropologia, psicanálise, estudos culturais. Nesse cenário, surge uma nova

vertente dos estudos da tradução, conhecida como contestadora ou pós-moderna (BENJAMIN, 2001;

DERRIDA, 2006; VENUTI, 2002). Tal concepção propõe uma nova forma de compreender o estudo

da tradução, em que se passa a vê-la como um ato especializado de leitura, que está engajado em

um contexto, juntamente com um sujeito (tradutor) que não é o mesmo da escritura do texto fonte,

enfim, que se trata de uma prática muito complexa e que envolve inúmeros fatores. Além dos

estudos da tradução terem conquistado um lugar privilegiado, o número de traduções de obras

literárias dos mais diversos países também aumentou. A literatura brasileira, nas últimas décadas,

tem ganhado visibilidade internacionalmente graças às inúmeras traduções de muitas de suas obras

para outras línguas, especialmente para o inglês. Nesse sentido, a presente pesquisa busca analisar

de que forma um romance contemporâneo da literatura brasileira – Órfãos do Eldorado (2008),

escrito por Milton Hatoum – foi traduzido para o inglês, tendo como principal norte a forma como os

aspectos culturais presentes na obra de partida foram traduzidos para a língua de chegada. Para

tanto, realizamos, por meio de uma abordagem descritiva, uma reflexão a respeito da tradução da

obra mencionada para o inglês, especialmente no que concernem os elementos culturais nela

presentes (BHABHA, 1998; HALL, 2003). Ao analisarmos a tradução, observamos que os elementos

da cultura brasileira, nesse contexto, amazônica, receberam um trato especial, visto que o tradutor

optou por deixar os elementos culturais na língua fonte (português) e elaborou um glossário em

inglês, onde se explica todas as marcas de tal cultura que foram deixados no idioma de partida. Isso

posto, salientamos que a tradução de obras da literatura brasileira vem contribuindo para que o

Brasil seja conhecido internacionalmente, não apenas por sua “natureza e cultura exuberantes”, mas

também pela literatura de qualidade que aqui se produz.

Palavras-chave: literatura brasileira traduzida; tradução cultural; Órfãos do Eldorado (2008).

Área de concentração: Estudos Literários.

LETRAMENTO, LEITURA LITERÁRIA E ESCOLA: UMA PRÁTICA SOCIAL

Sirlei Cardoso Cordeiro VIMIEIRO

Profa Dra Mirian Hisae Yaegashi ZAPPONE

Esta análise foi elaborada após pesquisas bibliográficas, num trabalho de revisão de literaturas afins,

e tem como objetivo mostrar como é visto o conceito de letramento e alfabetização, num primeiro

momento tentaremos estabelecer as diferenças de cada um desses processos, bem como de suas

afinidades, porém não excludentes e sim complementares. Persiste no meio acadêmico, e até

mesmo em espaços escolares, uma leitura errônea que vê esses conceitos como sinônimos, e por

essa razão priorizam um conceito em detrimento do outro. Em seguida abordaremos o conceito de

letramento literário. Os pesquisadores da área, de modo geral, postulam que o letramento literário

precede a alfabetização, portanto o contato com gravuras e aparato mímico desenvolve habilidades

ou competências capazes de alicerçar a formação do aluno na leitura literária. Temos nesta

afirmativa a essência dos postulados freirianos de que a leitura de mundo precede a leitura da

palavra. As mídias também estão fazendo parte dessa equipe, uma vez que, as crianças estão cada

dia mais cedo se apropriando de recursos tecnológicos e fazendo leituras até mesmo antes de

frequentarem os espaços de ensino básico. Após a leitura do material bibliográfico, que trata do

assunto, acreditamos que a escola precisa firmar uma relação de cumplicidade com as famílias de

seus estudantes. Isso porque conhecendo suas particularidades é que terão condições de adequar

sua prática e metodologia pedagógica com vistas à formação de cidadãos críticos e detentores de

saberes específicos para o meio do trabalho e valores tão necessários para a vida em sociedade.

Page 35: Caderno de Programação e Resumos de Apresentações SPLE.pdf · Janaina Lacerda da Silva – ESTUDO DAS ROTINAS DE ESCRITA DO PAS-UEM (projeto) Denise Moreira Gasparotto – O TRABALHO

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Pesquisas apontam que crianças que fazem parte de um contexto no qual pessoas letradas

desenvolvem o hábito da leitura têm melhor desempenho escolar e, consequentemente, melhores

condições de chegarem aos níveis mais elevados do ensino. Sendo assim, os pais ou responsáveis

compõem com os educadores uma equipe responsável pelo processo ensino-aprendizagem de suas

crianças. Todavia, esta análise manterá o foco nos aspectos literários que fazem parte da prova

aplicada aos candidatos do PAS-UEM (Processo de Avaliação Seriada).

Palavras-chave: Letramento literário; Leitura; Prática social.

Área de concentração: Estudos Literários.

RASURAS EM SEGMENTAÇÃO: CONFLITOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA NOÇÃO DE PALAVRA

Tatiane Henrique SOUSA-MACHADO

Cristiane Carneiro CAPRISTANO

A constituição do conceito de palavra, por meio da delimitação por espaços em branco, não é uma

tarefa fácil, nem linear entre escreventes, pois “palavra” pode ser definida do ponto de vista

fonológico, morfológico, sintático e semântico, sem que haja, necessariamente, isomorfismo entre

esses diferentes planos da língua. Nesse percurso, em alguns momentos, o escrevente volta-se

sobre o material escrito, deixando marcas de possíveis dúvidas, denominadas, neste estudo, de

rasuras. Essas ocorrências normalmente são consideradas “sujeiras” a serem passadas a limpo.

Contudo, numa outra perspectiva, essas rasuras podem ser entendidas como lugares de conflito,

que indiciam “o reconhecimento, pelo sujeito escrevente, de uma disparidade entre a sua escrita e a

escrita que julga convencional – a escrita que atribui ao outro” (CAPRISTANO, 2007, p.151). Para

delineamento dessa pesquisa, utilizamos o banco de produções textuais coletado por integrantes do

Grupo de Pesquisa Estudos sobre a linguagem (CNPq), banco este que, atualmente, subsidia

também pesquisas do Grupo de Pesquisas Estudos sobre a escrita (CNPq). Para composição desse

banco de produções textuais, foram acompanhadas as mesmas crianças da primeira a quarta série

do ensino fundamental em duas escolas da rede municipal de ensino da cidade de São José do Rio

Preto (SP) ao longo do período de abril de 2001 a dezembro de 2004 na mesma turma. Para

elaboração dos textos, as crianças produziam diversos enunciados a partir de diferentes propostas

de produção textual. As propostas foram organizadas da seguinte forma: (I) 1ª série foram

coletadas 451 produções textuais divididas em 14 propostas de escrita; (II) 2ª série, 471 produções

textuais em 15 propostas; (III) 3ª série, 359 produções textuais divididas em 12 coletas e; (IV) 4ª

série foram coletadas 421 produções textuais em 14 coletas, totalizando 1.702 (mil setecentos e

duas) produções textuais, divididas em 55 propostas. A partir desse corpus, elegeram-se rasuras

diretamente ligadas à segmentação gráfica, como dado de pesquisa, por permitem reconstituir o

caminho rumo ao conceito convencional de palavra. Parte-se da hipótese de que as rasuras

permitiriam identificar, na escrita infantil, possíveis “caminhos” trilhados pelo escrevente, frutos das

diferentes participações em práticas orais e letradas. Neste contexto, a presente pesquisa quanti-

qualitativa, objetiva mapear as rasuras ligadas à segmentação presentes nos enunciados escritos

por crianças do Ensino Fundamental, visando compreender como o escrevente caminha em direção

à definição convencional de palavra. Para tanto, ancora-se em procedimentos metodológicos do

Paradigma Indiciário, proposto por Ginzburg (1986), uma vez que o pesquisador debruça-se sobre

os textos originais, buscando “pistas” capazes de reconstruir o percurso do escrevente. Como

resultados preliminares, até o presente momento, foram identificadas 365 rasuras que parecem

emergir do conflito com a delimitação de espaços em branco. Essas rasuras são distribuídas são

distribuídas ao longo da série da seguinte forma: 105 na 1ª série; 118 rasuras na 2ª série; 83

rasuras ao longo da 3ª série e 59 na 4ª série. Nas próximas etapas da pesquisa, realizaremos a

análise qualitativa dos dados, observando (a) quantidade de rasura por sujeito; (b) tipo de rasura;

(c) quantidade de rasura por tipo e ano; (d) rasura e sua relação com gêneros textuais.. Essa

análise nos permitirá tecer algumas considerações sob como o escrevente constrói ao longo do

processo de aquisição a escrita, o conceito convencional de palavra.

Palavras-chave: Aquisição da escrita; Rasura; Segmentação gráfica.

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A CONSTRUÇÃO DOS CORPOS: A REPRESENTAÇÃO DO CORPO FEMININO NEGRO EM UM

DEFEITO DE COR

Tayza Cristina Nogueira ROSSINI

Profa Dra Lúcia Osana ZOLIN

Tradicionalmente, as mulheres foram em todas as esferas (social, histórico, político e estético)

consideradas como inferiores ao sexo masculino. Em detrimento da política do patriarcalismo, a

mulher foi silenciada, excluída e vitimada por preconceitos e estereótipos lançados em sua imagem

ao longo da história. Quando se trata da mulher negra a situação é ainda mais complicada. Se à

mulher branca cabia o silenciamento e o subjugamento social, o espaço reservado à mulher negra

era muito mais inferiorizado. No romance “Um defeito de cor” (2011) tem-se representado a

imagem da mulher negra escravizada que se defronta com o embate das ideologias, estereótipos e

preconceitos que são engendrados em sua identidade e corporalidade. Sistematicamente

esquadrinhada e categorizada, a corporalidade tem contribuído nos estudos feministas para a

discussão da representação dos corpos femininos, frequentemente vinculados a estereótipos de

objetificação nos mais diversos âmbitos, além de legitimar a dominação veiculada por meio de

preconceitos e estereótipos lançados na imagem da mulher. Corpos invisíveis, corpos subalternos,

corpos disciplinados, corpos violentos, corpos erotizados, corpos refletidos, entre outros corpos,

nomeados por Elódia Xavier em sua tipologia Que corpo é esse? O corpo no imaginário feminino

(2007), servem como esteio para a investigação e debate sobre a representação do corpo feminino

na literatura de autoria feminina brasileira e contribuem para a investigação e análise da

representação do corpo feminino negro dentro da narrativa eleita. Acreditamos que, para que as

representações sejam apreendidas no romance, é necessário que se leve em conta a trajetória

percorrida pela personagem e as mudanças que ela sofre em sua identidade e seu corpo durante

todo o processo. Como aporte teórico, estaremos embasados na visão da Crítica Feminista

articulada a estudiosos como Elódia Xavier, Pierre Bourdieu, Michel Foucault, Arthur Frank, Iris

Young, Regina Dalcastagnè, Roger Chartier, entre outros, que abordam a questão da representação

e da corporalidade como construto social e histórico. Associa-se ainda categorias como gênero, raça,

identidade, levando-se em consideração ideologias e modelos simbólicos presentes na cultura e que,

impreterivelmente, se refletem nas identidades e nos corpo. Traz-se, portanto, para a discussão,

teóricos como Clifford Geertz, Stuart Hall e Zygmunt Bauman. A metodologia utilizada teve caráter

bibliográfico qualitativo compreendendo a pesquisa bibliográfica, estudo, revisão e exploração das

teorias citadas, aplicadas na obra “Um defeito de cor” (2011), de Ana Maria Gonçalves.

Palavras-chave: representação feminina; literatura brasileira; corpo negro; identidade.

Área de concentração: Estudos Literários.

A AUTORIA, A INTERPRETAÇÃO E A TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: UMA DISCUSSÃO

DISCURSIVA - DO LIVRO À TELA DE ANIMAÇÃO

Verônica Braga BIRELLO

Profa Dra Roselene de Fátima COITO

A literatura possibilita uma interdisciplinariedade que nos permite articular teorias e conceitos em

busca da compreensão de fenômenos presentes no cotidiano. No início do século XXI as narrativas

representantes do gênero maravilhoso e fantástico ganham destaque proporcionando a publicação e

reedição de históricas como Harry Potter de J. K. Rolling, O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, As

Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis. Todas essas obras de sucesso foram produzidas

cinematograficamente e tem um lugar de origem comum, o Reino Unido, local onde podemos

encontrar o livrio Howl's Moving Castle de Diana Wynne Jones, que constitui parte de corpus de

análise desse trabalho junto com sua tradução intersemiótica intitulada Hauru no Ugoku Shiro, do

diretor japonês Hayao Miyazaki. Nesse contexto, a autoria é uma questão amplamente discutida em

diversas linhas e vertentes teóricas, proporcionando extensas discussões. Nessa pesquisa pensamos

a autoria enfocando a função autor, um conceito proposto por Foucault (2000) que caracteriza um

lugar vazio que um dado sujeito pode assumir ao realizar a complexa tarefa de organização textual

que caracteriza a função autor. Sendo assim, nossa proposta visa compreender o funcionamento

discursivo dessa função na tradução intersemiótica de uma obra literária. Buscamos construir um

percurso que unisse a teoria e a análise o que nos possibilitou expandir nosso foco não sendo

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limitado pela autoria discursiva, mas tratando ainda da tradução intersemiótica, com enfoque na

caracterização das personagens e a mudança de materialidade, além de discutirmos o processo de

interpretação do diretor e a caracterização de uma nova obra, por meio da tradução. Por meio desse

trabalho nos foi possível observar que a função autor se realiza na transposição do texto escrito

para a materialidade fílmica na figura do diretor que em dado momento ocupa esse espaço vazio,

chamado por Foucalt (2000), de função autor. Assim, seria ocupando essa posição que o diretor

consegue realizar a complexa tarefa de selecionar, organizar, excluir, modificar, inserir enunciados e

ao mesmo tempo deslocar sentidos entre as obras. Mostrou-se possível dizer, em nosso percurso

teórico-analítico, que efeitos de sentido diferentes são produzidos, ou seja, além de mudanças

temos inserções e exclusões que podem significar para o público espectador e tais mudanças

caracterizam a função autor nessa tradução intersemiótica.

Palavras-chave: análise do discurso; função autor; tradução intersemiótica.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

PROJETOS DE TESES

SUBJETIVAÇÃO NO DISCURSO DE SUJEITOS IDOSOS EM CONTEXTO DE ESTUDOS NA

UNATI- UEM

Adélli Bortolon BAZZA

Prof. Dr. Pedro Luis NAVARRO Barbosa

Nesta pesquisa, propõe-se analisar a subjetivação do idoso em contexto de ensino na Universidade

Aberta à Terceira Idade (UNATI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O chamado

envelhecimento da população, além de trazer mudanças nas relações da sociedade com a velhice,

trouxe o idoso para o centro de muitas discussões, o que desencadeou uma reconstrução das

identidades de idoso construídas e assumidas pela sociedade. Tamanha reconfiguração de papeis

justifica social e academicamente uma discussão sobre tal temática. Enquanto alguns trabalhos

analisam o discurso sobre o idoso, objetiva-se analisar as práticas que compõem um discurso do

idoso sobre si. Embasada em uma perspectiva discursiva, calcada no pensamento de Michel

Foucault, recorta como objeto de análise as práticas desses sujeitos sobre si mesmos para se

constituírem como sujeitos idosos de seu discurso. Nesta discussão, são mobilizados da teoria

foucaultiana conceitos como: discurso, memória, objetivação, subjetivação, cuidado de si, artes de

existência. O corpus é composto de entrevistas semiestruturadas com dez idosos regularmente

matriculados na UNATI- UEM, registradas em áudio e produções escritas também de alunos dessa

instituição a respeito das suas vivências da velhice. As questões propostas na entrevista são

calcadas em elementos apontados por Foucault como constitutivos de uma cultura do cuidado de si:

Cuidados com o corpo – o que inclui regimes de saúde e exercícios físicos; Meditações; Orientação

com confidente; Intensificação das relações sociais; Procedimentos de provação; Exame de

consciência; Conversão a si mesmo; Dispositivo do Casamento; Dispositivo da Sexualidade. Por

serem baseadas nos pressupostos teóricos foucaultianos, tais perguntas favorecem que seja

confirmada a permanência ou não dos elementos descritos por Foucault como práticas do cuidado de

si para a sociedade grega clássica no modo de se fazer sujeito dos idosos que, atualmente, estudam

na UNATI – UEM. Com o intuito de extrapolar a confirmação e possibilitar que novas práticas

desenvolvidas por esses sujeitos sejam descritas, propôs-se a etapa da escrita de um relato pessoal

para que os idosos participantes pudessem contar, de forma menos dirigida, sobre sua forma de

viver atualmente. Supõe-se que, assim como os demais fenômenos sociais se deem em um

processo de permanências e rupturas, algumas práticas desses sujeitos sobre si correspondam às

práticas tradicionalmente descritas como próprias a um idoso, enquanto outras sejam rupturas

nesses contratos sociais. As análises feitas até o momento apontam para uma ruptura na prática do

aconselhamento, enquanto as demais práticas permanecem presentes na cultura de si dos idosos

entrevistados.

Palavras- chave: subjetivação, idoso, discurso.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

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POLÍTICA E RELIGIÃO NA CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 2010: UMA PROPOSTA DE

ABORDAGEM DISCURSIVA

Amarildo Pinheiro MAGALHÃES

Prof. Dr. Edson Carlos ROMUALDO

Esta pesquisa se ocupa do estudo do funcionamento dos elementos religiosos nos discursos sobre as

eleições presidenciais, em 2010, no Brasil. Tal proposta investigativa torna-se relevante, sobretudo,

quando se considera que tais elementos, sobretudo aqueles associados à moral cristã, exerceram

influência preponderante entre os critérios de definição do voto pelos cidadãos brasileiros em ambos

ou turnos das eleições presidenciais supramencionadas, interpelando, inclusive, eclesiásticos e fiéis

de diversas denominações cristãs a, em nome de sua fé, manifestarem-se publicamente o seu

apoio a determinado(a) candidato(a) e, na maioria das vezes, desqualificar seus oponentes. Ao se

optar por compreender esse processo discursivo a partir da perspectiva do fiel-eleitor, elegeu-se

como materialidade para a análise pretendida as comunidades do site de relacionamentos Orkut

que, dentre as redes sociais, foi onde se deu mais intensamente o debate sobre o tema à época do

pleito. Nessas condições, provoca-nos seguinte questão: Como se torna possível, na conjuntura de

um Estado laico e com o crescente número de pessoas que se declaram sem religião, que os

elementos religiosos determinem a formulação dos discursos e práticas político-eleitorais? Em

relação à pergunta principal, assume-se preliminarmente a tese de que existem na sociedade

elementos que poderiam ser considerados constitutivos do que se convencionou chamar de

identidade nacional. Esses elementos afetam a posição que os sujeitos assumem quanto às questões

práticas da vida social, inclusive na hora do voto A religiosidade, tanto pelo aspecto da fé, quanto

pela da moral, seria, assim, um desses aspectos, sendo, portanto capaz, em uma situação de

eleição suplantar aspectos objetivos do campo político-eleitoral, entre eles os rumos da nação

quanto aos direitos sociais fundamentais, fazendo-o funcionar a partir do maniqueísmo bem/mal e

suas derivações como crer/ não-crer, ser contra ou favor a este ou aquele posicionamento moral. A

ancoragem teórico-metodológica se dá a partir da Análise de Discurso de linha francesa (AD),

referenciada nos estudos de Michel Pêcheux. Vislumbra-se na AD a possibilidade descrever-

interpretar o funcionamento discursivo dos elementos religiosos que afetam os processos de

interpelação ideológica e dos sujeitos envolvidos na produção e circulação dos discursos políticos-

eleitorais e neles se materializam a partir de um efeito de suposta evidência. Nesse itinerário tem se

buscado compreender discursivamente o conceito de a partir da tese da interpelação ideológica do

sujeito, ou seja, à partir dos processos que escapam à consciência e, consequentemente, ao

controle do sujeito e derivam de sua relação com o inconsciente, com as formações ideológicas e

com a exterioridade constitutiva da linguagem.

Palavras-Chave: Religião, Política, Eleições 2010.

Área de Concentração: Estudos Linguísticos.

ENTRE O LÍRICO E O PICTÓRICO: A ALDEIA DE VERGÍLIO FERREIRA

Ana Cristina Fernandes Pereira WOLFF

Profa Dra Clarice Zamonaro CORTEZ

A vida mantém estreita relação com os espaços, sejam eles reais ou imaginários. Tais espaços são

por nós habitados e vividos, fazem parte da constituição de quem somos e da percepção que temos

do mundo; deles a memória não se desvencilha. Pensar as narrativas pressupõe, sempre, pensar

um espaço. Apesar de muitos pesquisadores afirmarem que a espacialidade literária ainda não

conquistou o lugar teórico desfrutado por outros elementos ou categorias narrativas, este é um

tema cujo interesse vem crescendo nos últimos anos. Trata-se de uma área que se oferece como

amplo campo de investigação e possibilita novas abordagens do texto literário. Em alguns escritores,

o leitor atento observa como o espaço narrativo é fundamental para a construção do texto, a

organização do discurso e a emergência da subjetividade. Em Vergílio Ferreira, ficcionista e ensaísta

português, o espaço tem papel decisivo na construção romanesca e pode-se dizer que dele partem

(e para ele convergem) a memória, os fatos e, sobretudo, as investigações, reflexões e vivências

intimistas dos narradores (predominantemente narradores-personagens). Desse modo, o

espaço/paisagem ultrapassa os meros referentes externos para conduzir a uma particular forma de

percepção do real e da própria existência. Ao longo da produção ficcional vergiliana, notam-se

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algumas recorrências, entre as quais se destacam determinadas referências espaciais. Nesse

sentido, as aldeias – que parecem ser sempre a mesma – são um espaço de eleição, presente em

quase todos os romances. Não-nomeadas, tais aldeias guardam muitas semelhanças entre si; são o

espaço de intimidade do narrador-personagem ou personagem principal, seu lugar de origem, para

o qual (ou no qual) se desloca, espaço de intimidade, de busca de uma verdade mais autêntica e do

encontro com o Absoluto. Partimos da hipótese de que as aldeias vergilianas – que consideramos

como a aldeia – são o espaço sagrado do “eu” ficcional, espaço que ora se tinge de luz ora de

sombras, dadas as experiências, memórias e reflexões a ela relacionadas. Tão intensa é a ligação do

“eu” a tal espaço que o próprio discurso se reinventa: ao narrativo mesclam-se tanto características

do lírico quanto elementos pictóricos, num esforço para dizer aquilo que provém das camadas mais

íntimas do homem. Assim, esse microcosmo expande-se e, em linhas gerais, refrata os grandes

temas e anseios ligados à vida humana. Com base nisso, para nossa pesquisa selecionamos como

corpus os romances Cântico final (escrito em 1956 e publicado em 1960), Aparição (1959), Alegria

breve (1965) e Para sempre (1983), a fim de investigar a construção do espaço/paisagem na(s)

aldeia(s) vergiliana(s), o qual se mostra profundamente ligado à subjetividade e à memória. Além

disso, procuramos verificar os recursos líricos e pictóricos que contribuem para a configuração

dessas aldeias. Para tanto, em se tratando de uma pesquisa de caráter bibliográfico, além da

fortuna crítica do autor, tomamos como referencial teórico, metodológico e analítico básico, obras

que versam sobre o espaço e a paisagem, tanto no campo literário quanto em áreas afins (geografia

cultural, filosofia, estudos culturais, história). Entre os principais autores que compõem esse aporte,

citam-se: Michel Collot, Simon Schama, Milton Santos, Yi Fu Tuan, Gaston Bachelard, Mircea Eliade,

entre outros.

Palavras-chave: espaço/paisagem; aldeia; memória.

Área de concentração: Estudos Literários.

CLASSIFICAÇÃO DAS ADAPTAÇÕES BRASILEIRAS DE OBRAS LITERÁRIAS PARA A

INFÂNCIA E A JUVENTUDE

Angela Enz TEIXEIRA

Profa Dra Vera Helena Gomes WIELEWICKI

O tema de pesquisa proposto são as adaptações de obras literárias para o público infantojuvenil

comercializadas por quatro editoras, quais sejam Ática, Moderna, Salamandra e Scipione de 2013.

Este tema impõe-se pela curiosa variedade das formas e estruturas das adaptações, delineando a

tese de que as obras adaptadas podem ser classificadas, segundo as operações envolvidas para o

processo de adaptação. A partir disso, impõe-se a questão: Como se dá a adaptação de obras

infantojuvenis no que tange à apropriação da obra de partida? Para tanto, o corpus de análise

constitui-se pelos catálogos dessas editoras e por obras adaptadas, cujo objetivo é a análise

estrutural de tais obras e a descrição dos grupos configurados, procedimentos que caracterizam a

pesquisa como qualitativa. Quanto à técnica para a coleta de informações, está sendo utilizada a

documentação indireta, por meio de pesquisa bibliográfica, pois o corpus de análise da pesquisa

constitui-se pelas adaptações mostradas nos catálogos das editoras nominadas. Após o

delineamento das classes para agrupar as adaptações, serão selecionadas obras específicas de cada

classe para fazer uma descrição estrutural dos grupos configurados. As adaptações a serem

selecionadas terão como critério a nacionalidade da partida: deverão ser textos brasileiros. O

método de abordagem a ser usado delineia-se como o indutivo, porque a análise das adaptações

partirá de um número limitado de casos particulares (com a intenção de identificar regularidades

formadoras de grupos e diferenças entre os grupos) para se tecerem as leis que particularizam as

classes de adaptações de textos literários. Para a fundamentação teórica, basicamente, o trabalho

baseia-se na teoria da transtextualidade de Genette (1982), na da adaptação de Hutcheon (2011) e

na da intertextualidade de Koch et al. (2007). Segundo o corpus de pesquisa levantado, constatou-

se que a variedade de gênero das obras de partida extrapola os limites literários, abarcando outras

mídias e produções não artísticas. Conforme o estágio inicial da pesquisa, pode-se dizer que existe

uma diferença marcada na estrutura das adaptações, levando-se em conta sua relação com a obra

de partida e sua função social, permitindo que as classes delineadas sejam cinco, cujos nomes ainda

estão em fase de sedimentação.

Palavras-chave: Adaptação; literatura infantojuvenil; estrutura de obras adaptadas.

Área de concentração: Estudos literários.

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LITERATURA NERD: CONSTRUÇÃO/CONSOLIDAÇÃO DE UMA CULTURA LITERÁRIA

BRASILEIRA

Arnaldo Pinheiro MONT’ALVÃO Júnior

Profa Dra Vera Helena Gomes WIELEWICKI

Há alguns anos, um fenômeno cultural vem se firmando no Brasil, conquistando cada vez mais

adeptos, sejam eles jovens ou adultos: a Cultura Nerd. Ao se verem diante desse amplo mercado

promissor, os agentes da indústria cultural dedicam seus esforços a criar produtos para atender aos

desejos desse público. Dessa forma, observa-se a emergência de uma nova interação entre

produtores e consumidores de mídia, representando uma transformação cultural, investigada e

definida pelo crítico de mídia Henry Jenkins como Cultura da Convergência (2009). Ou seja, verifica-

se que a Cultura Nerd é essencialmente uma Cultura da Convergência, pois agrega os três conceitos

que embasam a teoria desenvolvida por Jenkins, quais sejam: convergência dos meios de

comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva. A afirmação de que a relação entre

consumidores e produtores de mídia representa uma transformação cultural se consolida ao se

verificar que, dentre as diversas mídias pelas quais a Cultura Nerd circula, também a literatura

passa por transformações e adaptações que a caracterizam conforme as preferências do público

nerd. A literatura brasileira assiste então a consolidação da Literatura Nerd como uma nova cultura

literária hospedada em seu cerne, marcada por seus gêneros textuais, seu processo de editoração,

seus próprios conceitos críticos. Assim, fundamentando-se nos princípios teóricos da Cultura da

Convergência investigados por Henry Jenkins, esta pesquisa visa defender a tese de que é possível

afirmar a existência, se não do gênero literário nerd, da Literatura Nerd Brasileira, mesmo como

uma cultura literária. Também se buscará traçar o perfil da Cultura Nerd, tanto em sua gênese

estadunidense quanto em sua atuação no Brasil, para entender as influências dessa cultura na

literatura. Para tanto, o site Jovem Nerd, e por extensão a editora Nerdbooks, foi selecionado como

objeto de estudo para esta pesquisa, por ser o principal expoente hoje da cultura nerd no Brasil.

Dentre as atrações do Jovem Nerd, o Nerdcast, podcast semanal do site, servirá para a

investigação, restringindo a pesquisa aos nerdcasts de literatura. Além desse material, serão

analisadas também as publicações da Nerdbooks. Vale ressaltar que esta pesquisa será realizada em

três momentos principais, sendo o primeiro momento a investigação da cultura nerd e as

características da cultura nerd brasileira, buscando os traços específicos que a marcam. O segundo

momento será a integração dessa cultura nerd com a Cultura da Convergência de Henry Jenkins,

investigando os conceitos de convergência por meio da análise do universo nerd. Por fim, o terceiro

momento se dedicará ao estudo das obras da Nerdbooks e aos nerdcasts de literatura. Ao fim desta

pesquisa, apontam-se como possíveis resultados a firmação do conceito da Cultura Nerd Brasileira,

com seus traços característicos definidos, bem como sua caracterização como uma Cultura da

Convergência; a definição da Literatura Nerd como uma nova corrente literária brasileira.

Palavras-chave: Literatura Nerd; Cultura Nerd; Literatura Brasileira.

Área de concentração: Estudos Literários.

PERSONAGENS BOJUNGUIANAS E SUAS REPRESENTAÇÕES

Berta Lúcia Tagliari FEBA

Profª Drª Mirian Hisae Yaegashi ZAPPONE

Embora pesquisas na área da literatura infantil e juvenil brasileira tenham se alargado

acompanhando a expansão da indústria cultural, ainda têm caráter embrionário diante da

quantidade e da qualidade de autores e obras. Nesse sentido, o objetivo central desta pesquisa é

contribuir para a ampliação e o aprofundamento de questões críticas e teóricas acerca da literatura

para crianças e jovens a partir da leitura e da análise do conjunto da obra de Lygia Bojunga, autora

consagrada pela crítica, possibilitando uma leitura interpretativa da constituição de sua arte escrita.

Mais especificamente, tem como intuito fazer um levantamento de personagens que compõem as

narrativas da autora, a fim de estudar sua posição e seu grau de complexidade na trama, aspectos

sociais e econômicos, dados de composição física e psicológica, papeis afetivos e sociais

desempenhados, aptidões artísticas e tipo de desfecho. Após este levantamento e mapeamento de

características predominantes, objetivamos interpretar as informações para identificar como se

constituem as representações feitas por Bojunga e como se configura o leitor implícito instituído

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neste universo ficcional, tendo como fundamentação a Teoria do Efeito, de Wolfgang Iser, e

subsídios complementares com base em teoria e crítica literária, literatura infantil e juvenil, leitura e

leitor. A partir deste prisma, o enfoque nas personagens coopera para gerar a oportunidade ao leitor

de assumir um papel ativo na leitura delineado pela estrutura textual, ou seja, papel que exige do

leitor respostas às provocações motivadas pela posição perspectivística interna do texto e que

resultam em experiências estéticas. Para tanto, optamos por uma pesquisa de natureza exploratória

e do tipo bibliográfica para aprimorarmos e investigarmos verticalmente ideias propagadas em

estudos da literatura infantil e juvenil brasileira, para analisarmos as narrativas e interpretarmos os

elementos levantados, bem como para contribuirmos para a intensificação de pesquisas sobre

Bojunga e suas personagens. O estudo preliminar demonstra que as personagens crianças/jovens

sofrem internamente por diferentes motivos, dentre eles pela busca de identidade, pelo desencontro

entre seus anseios e os do adulto, pela solidão, mas, por meio da arte, superam os conflitos,

compreendem os próprios sentimentos e amadurecem, promovendo novas significações para a vida.

Palavras-chave: literatura; Lygia Bojunga; personagens.

Área de concentração: Estudos literários.

MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS À PRÁTICA DOCENTE EM SALAS DE APOIO À APRENDIZAGEM

DE LÍNGUA PORTUGUESA

Cristiane Malinoski Pianaro ANGELO

Prof. Dr. Renilson José MENEGASSI

Esta pesquisa aborda os procedimentos metodológicos utilizados por um professor de Sala de Apoio

à Aprendizagem de Língua Portuguesa (SAALP) – 6º ano do Ensino Fundamental, na região Centro-

Sul do Estado do Paraná. Tem-se, por objetivo, refletir a respeito do fazer docente junto a alunos

com dificuldades de aprendizagem em Língua Portuguesa, de maneira que possam ser vislumbradas

algumas alternativas de ação para se resolverem ou minimizarem-se os problemas de uso da

linguagem evidenciados nesse contexto. A fim de atingir esses objetivos, empregamos como

procedimento de investigação a pesquisa-ação crítico-colaborativa, visto que entramos numa

relação colaborativa com o professor da SAALP, auxiliando-o, por meios de diversas ações

colaborativas pontuais, a refletir sobre a própria prática no trabalho com a língua materna; a

construir novos conhecimentos a respeito do processo de leitura e de escrita; a planejar ações em

prol da melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem em SAALP; a alterar as ações cotidianas

em sala de aula; a diagnosticar os problemas e os efeitos das mudanças nesse contexto de ensino.

Em conformidade com características da pesquisa-ação, esta se constituiu em três etapas: a)

Diagnóstico inicial, em que se constata que ações colaborativas se fazem necessárias a desenvolver

junto ao professor para a melhoria da qualidade de ensino e de aprendizagem proporcionada no

contexto da SAALP; b) Ações colaborativas junto ao professor e o monitoramento da prática em

sala de aula; c) Diagnóstico final, para se verificar os resultados das ações colaborativas. Nesse

contexto, o trabalho pauta-se na teoria sócio-histórica de Vygotsky (1984, 1998), na teoria

enunciativa do Círculo de Bakhtin e nas concepções de processo de leitura e escrita abordadas por

Menegassi (2010). Os resultados parciais apontam para a necessidade de se fornecer ao professor

de SAALP subsídios teórico-metodológicos a respeito do processo da leitura e da escrita, bem como

acompanhar e orientar a sua prática pedagógica com a língua materna nesse contexto de ensino.

Palavras-chave: Leitura; Produção escrita; Sala de Apoio à Aprendizagem.

Área de Concentração: Estudos Linguísticos.

METAMORFOSES DA CORPOREIDADE POLÍTICA NOS SEMANÁRIOS BRASILEIROS: O

ENQUADRAMENTO DE DILMA ROUSSEFF NAS ELEIÇÕES DE 2010

Elaine de Moraes SANTOS

Prof. Dr. Edson Carlos ROMUALDO

Várias pesquisas de referência no Brasil e no cenário internacional já descreveram como o uso do

corpo e do gesto na política passou por adaptações para figurar em uma sociedade ambientada

pelas mídias. Igualmente significativos têm sidos os estudos que interrogam a relação

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plurissignificativa entre dois campos distintos: a mídia e a política. Na esteira de nossos trabalhos

anteriores, percebemos uma necessidade de investigar, sob a perspectiva da Análise do Discurso de

linha francesa (AD), as metamorfoses que configuram não o corpo político empírico, mas a sua

discursivização, isto é, o seu simulacro, tal como ele é engendrado pelos veículos de informação e

de comunicação de um mundo pós-moderno. Para tanto, montamos um arquivo formado pelas 208

edições dos quatro semanários brasileiros de atualidades – as revistas CartaCapital, Época, IstoÉ e

Veja, publicadas no decorrer de um acontecimento histórico-discursivo específico: as eleições

presidenciais de 2010 no Brasil. Na disputa desse ano, houve um intenso trabalho da mídia impressa

em promover a vigilância, no sentido foucaultiano, da candidata Dilma Rousseff, do Partido dos

Trabalhadores (PT), através, sobretudo, de fotografias que, somadas ao verbal das matérias,

favoreciam a produção de efeitos de sentidos que desqualificavam a presidenciável aos olhos dos

(e)leitores. As multifaces desse cenário motivou a realização desta pesquisa de Doutorado cujo

objetivo principal é analisar os enquadramentos dos semanários brasileiros sobre Dilma Rousseff na

cobertura da campanha. Nas primeiras entradas em nosso arquivo para delimitação do corpus,

percebemos que, no cerne dos discursos sobre a candidata, podemos apontar duas regularidades

discursivas principais: a) as referências às mudanças no corpo e na postura da candidata para

minimizar o denominado “ar de antipatia” da petista; e b) um constante questionamento acerca da

capacidade dela de assumir o governo, aliado à ideia de que a popularidade de seu antecessor, o

presidente Luiz Inácio Lula da Silva, era a única justificativa para o crescimento de Dilma nas

intenções de voto ao longo da campanha. Da análise das condições de possibilidade do pleito

presidencial em destaque, lançamos as seguintes perguntas de pesquisa: a) como dispor dos

dispositivos teórico-metodológicos da AD para analisar a discursivização do corpo da candidata,

focalizando os atravessamentos e os efeitos de sentidos possíveis?; e b) como a relação Lula-Dilma

foi discursivizada nos enquadramentos das páginas da imprensa? A fim de responder essas questões

norteadoras, entrecruzamos, inicialmente, os estudos discursivos ao diálogo sobre o processo de

midiatização a partir dos domínios da Comunicação e da Ciência Política e optamos pelo trabalho

com uma unidade compósita: o discurso político-midiático. Dentro do quadro teórico adotado, nosso

mergulho na historicidade da trama discursiva de nosso objeto nos levou à proposição de duas

categorias interligadas. Para nosso gesto de leitura, classificamos as fotografias do corpo de Dilma

como corporeidade e propomos a noção de policorpo como o produto final das metamorfoses

inerentes ao enquadramento da presidenciável. Oriundos ao manuseio dessas categorias, os

resultados preliminares mostram a produção de um efeito de copresença de Lula-Dilma no

acontecimento discursivo do pleito presidencial de 2010.

Palavras-chave: corporeidade; discurso político-midiático; enquadramento.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

IMAGENS DO REAL E O REAL DAS IMAGENS: A ARQUITETURA DISCURSIVA DA

(D)EFICIÊNCIA NO CINEMA

Érica Danielle SILVA

Profa Dra Ismara Eliane Vidal de Souza TASSO

Para a fase atual de doutoramento, nos propomos a compreender o investimento discursivo

cinematográfico sobre o corpo anormal na contemporaneidade. O quadro que compõe o corpus de

pesquisa restringe-se a seis produções fílmicas: quatro documentários exibidos no Festival de Filmes

sobre a deficiência “Assim Vivemos” e dois longa-metragem – o filme brasileiro “Colegas” (2012) e o

filme francês “Os Intocáveis” (Intouchables, 2012), ambos ganhadores de vários prêmios em 2012 e

2013. Sob os fundamentos teórico-metodológicos da Análise de Discurso de linha francesa e seus

desdobramentos no Brasil, vislumbramos as materialidades cinematográficas como espessuras

fílmicas que se inscrevem em regimes de verdade, em lugares de enunciação que são, para nossa

perspectiva de estudo, como pontos de escuta para problematizações acerca da arquitetura

discursiva cinematográfica, que inscreve efeitos de poder sobre o político e o social, a partir de um

feixe de relações entre saber (sobre o corpo anormal) e verdade. Nossos tateamentos teórico-

analíticos iniciais vêm apontando para o dispositivo da (in)visibilidade da privacidade como eixo

norteador de uma arquitetura discursiva historicamente heterogênea, que coloca em funcionamento

formas de (des)aparecimento do corpo anormal no político e no social, por meio de tecnologias ora

repressivas, ora disciplinares, ora reguladoras. A tese que será defendida, pode ser resumida na

seguinte asseveração: as estratégias e os mecanismos utilizados no tecido discursivo

cinematográfico inscrevem-se em espaços de significação, cujo dispositivo da (in)visibilidade do

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privado produz um regime da enunciação do “corpo transparente”. A questão que norteará nosso

trabalho de análise e de interpretação se define da seguinte maneira: de que modo a (in)visibilidade

do privado, enquanto dispositivo que organiza o discurso cinematográfico sobre o corpo anormal na

contemporaneidade, legitima e/ou desconstrói dimensões políticas circunscritas às demandas do

social? Dessa forma, partimos da constatação preliminar de que na produção dos regimes

enunciativos cinematográficos o sujeito é perpassado por jogos enunciativos de verdade que

funcionam como uma ascese, isto é, um exercício de si sobre si, em que ele pode se transformar e

aceder a um certo modo de vida. É no exercício de dizer a verdade que se auxilia os governados

para que eles mesmos encontrem sua verdade, de modo que saibam conciliar suas obrigações

sociais e políticas (poder sobre os outros) com a construção de si, enquanto sujeito de seus atos

(domínio de si). Esse imperativo ascético, que se exerce no/pelo discurso cinematográfico é

responsável, então, pelo funcionamento da biopolítica, exercício do poder, que tem como objetivo

intervir, por meio de mecanismos globais, na vida da coletividade / população, para que se

obtenham estados globais de equilíbrio, de regularidade. O discurso cinematográfico, nesta

perspectiva, age, pois, por meio de uma existência material heterogênea, que conduz o espectador

para um regime de olhar corpos anormais, articulada pelo dizível e pelo visível. Como pontos nodais

de uma rede discursiva, os sentidos produzidos pelas sequências fílmicas flutuam no entremeio de

ordens dispersas e heterogêneas que comungam dos espaços da arte e da política; do privado e do

público; da experiência de si e da ação social.

Palavras-chave: discurso cinematográfico; biopolítica; (in)visibilidade do privado.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

NATÁLIA DE HELDER MACEDO, UMA BIOGRAFIA DE SI: UM DIÁRIO DE RESISTÊNCIA

PASSIVA E SIMULACRO AUTORAL

Giuliano HARTMANN

Profa Dra Marisa Corrêa SILVA

O romance/diário Natália (2010) de Helder Macedo é a narrativa que, no escopo da

contemporaneidade se revela como um caleidoscópio de possibilidades, uma fábula na qual, não

apenas a ficção de sua existência (nesse caso, a personagem que dá nome ao texto), mas os

próprios atos de criação, escrita e narração, acabam por transpassar-se mutuamente, estabelecendo

fronteiras difusas, abrindo margem para questionamentos acerca de sua construção fabular. Sua

escrita funde os gêneros (romance e diário íntimo), exercendo uma espécie de metalinguagem

acerca do ato de criação romanesca, e, entrelaçando vozes e múltiplas subjetividades, circunda uma

questão que se torna inerente à própria obra, ou seja, sua autoria. Dessa forma, tendo de um lado,

as reflexões de Antoine Compagnon (2001), Michel Foucault (1992), Wayne C. Booth (1980) no que

tange a autoria (principalmente a noção de autor implícito), e, de outro, Slavoj Žižek (2010)

problematizando a configuração e a condição do sujeito na contemporaneidade, a presente pesquisa

promove uma reflexão acerca dessa possível inversão de posições de autoria do campo ficcional na

construção estética do romance, tendo em vista a mutabilidade do texto macediano e a instabilidade

de Natália, uma subjetividade construída sob a forma de mosaico narrativo, e que, ao assumir a

posição de narradora, assume a simbolização de si no universo que a cerca, relativizando as leis que

a concebem enquanto subjetividade textual. O diário íntimo da personagem revela que as relações

travadas na tríade autor – obra – leitor, ganha nova dimensão simbólica no corpo do romance/diário

quando seus papéis são relativizados diante do pacto mimético estabelecido entre a linguagem da

arte literária e o real. O texto macediano, ao propor um emaranhado entre narrativa ficcional, diário

intimo, problemática autoral e fragmentação subjetiva, expõe a estrutura simbólica dominante por

meio de suas falhas, a personagem autonomiza sua própria liberdade ao negar-se, ao revelar no

escopo da narrativa a incompletude de si. Seu grito de liberdade não está na ruptura e na negação

de regras previamente estabelecidas pelo social, mas sim em seu oposto, na aceitação de seu papel

social de mulher, esposa, mãe (?) e sujeito, enquanto resistência passiva. Ao assumir a escrita de

si, Natália engana seu leitor, e, ao enganá-lo mostra a saída, rompe com as regras do universo

social contemporâneo, fraturando as estruturas já delimitadas pela ideologia capitalista. Dito de

outro modo, a personagem macediana não se condiciona, sua construção aparentemente previsível,

se mostra como estandarte do caos, pois revela a substância que define e o sujeito enquanto

entidade livre, ou seja, não reificável na linguagem, o sempre vazio a ser preenchido,

Palavras-chave: Narrativa portuguesa; Autoria; Helder Macedo.

Área de concentração: Estudos Literários.

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O PAPEL DAS PRÁTICAS SOCIAIS DE LINGUAGEM NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Hérika Ribeiro dos SANTOS Prof

a Dr

a Neiva Maria JUNG

Constatamos que ainda há muitas lacunas no que tange à articulação entre teorias de perspectiva

social com a gramática, que é entendida por muitos como inflexível. Problematizar um pouco mais,

afirmando talvez o que recomendam os documentos oficiais. Sob a perspectiva das teorias sociais de

linguagem, nossa proposta consiste em observar a cultura do que é ensinar gramática, mais

especificamente a morfossintaxe, para alunos do curso de Letras, da Universidade Estadual de

Maringá. Mais especificamente, pretendemos observar como o curso de Letras da UEM está

articulando teorias sociais da linguagem com o ensino de gramática. Defina a teoria do letramento

que embasará a análise de dados. Para empreender nossos gestos de leitura, definimos como

instrumentos de coleta de dados questionário aplicado às turmas de 2.° e 3.° anos do curso de

Letras, licenciatura inglês/português noturno, entrevista com professores formadores, análise de

documentos, como a grade curricular do curso e programas das disciplinas. Em termos de

resultados, entendemos que a pesquisa proposta poderá contribuir com a formação de educadores

mais reflexivos no sentido de que eles compreendam as diversas dimensões que permeiam a análise

linguística enquanto conjunto de práticas sociais.

Palavras-chave: Práticas sociais de linguagem. Gramática. Formação de professores.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS E DE LETRAMENTO EM UMA ESCOLA DO CAMPO EM

CONTEXTO MULTILÍNGUE NA SUPERDIVERSIDADE: DAS IDEOLOGIAS ÀS PRÁTICAS DE

LETRAMENTO

Jakeline Aparecida SEMECHECHEM

Profa Dra Neiva Maria JUNG

O uso das línguas e o letramento são perpassados por dimensões culturais e ideológicas. Martin-

Jones e Jones (2000) afirmam que línguas e letramento são incorporados por diferentes práticas

culturais e visões de mundo específicas. Edwards e Nwenmely (2000) destacam, por sua vez, que a

visão de mundo dos grupos sociais determina os usos do letramento, a escolha da língua e os

significados que estão associados aos usos linguísticos. Ainda em contexto multilíngue, de acordo

com Pietikäinen e Kelly-Holmes (2013), devido às fronteiras linguísticas e normas serem muitas

vezes deslocadas, em fluxo, ou renegociadas, há muitas ideologias, que geram conflitos. Nesse

sentido, foi levantada a seguinte pergunta de pesquisa: que ideologias linguísticas e de letramento

constituem as práticas linguísticas e de letramento em uma escola do campo em contexto

multilíngue na superdiversidade no Sudeste do Paraná? Ainda considerando que, conforme Moyer

(2012), as ideologias não são dissociadas das práticas sociais, uma vez que as ideologias fornecem

um link entre a linguagem e as escolhas diárias e práticas que são moldadas por um processo social

mais amplo e com as relações sociais em constante mudança, buscamos analisar as práticas

linguísticas e de letramento procurando reconhecer as ideologias que as constituem. Os conceitos

que subsidiam o estudo são os seguintes: letramento como prática social na perspectiva dos Novos

Estudos sobre Letramento, multilinguismo na superdiversidade, interação como ação social no viés

da Etnometodologia e da Análise da Conversa Etnometodológica, participação na perspectiva da

Análise da Conversa e também da Sociolinguística Interacional e os pressupostos de ideologias

linguísticas no viés da abordagem interacionista e de relações de poder e disputas simbólicas na

vertente sociológica. Para o trabalho de campo, adotamos uma abordagem qualitativo-

interpretativa, crítica e de cunho etnográfico, e, para a geração de dados, já em andamento, na

escola lócus da pesquisa, propusemos procedimentos e instrumentos, tais como observação com

registro em diário de campo, gravação de dados audiovisuais de aulas, questionários e entrevistas

semiestruturadas, entrevistas de grupo focal, narrativas orais, diários dos participantes, entrevistas

sobre os diários, sessões de visionamento dos dados e coleta de materiais. Em fase de geração de

dados, prevemos que este estudo pode contribuir com subsídios para que, juntamente com outros

estudos, seja base para políticas, programas e orientações para o letramento em contexto de

superdiversidade, bem como para escolas do campo em tal contexto e para práticas multilíngues,

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uma vez que, de acordo com abordagem social de letramento, o primeiro passo para as políticas de

transformação é mostrar-se sensível ao contexto e à necessidade local.

Palavras-chave: Multilinguismo; superdiversidade; letramento.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

CARACTERIZAÇÃO DE CONCEITOS SOBRE REESCRITA, REVISÃO, REFACCÃO E

RETEXTUALIZAÇÃO

Jane Cristina Beltramini BERTO

Prof. Dr. Renilson José MENEGASSI

Esta pesquisa documental, de cunho bibliográfico, objetiva definir os conceitos relativos à reescrita,

no processo de produção textual escrita, amplamente difundidos na literatura acerca de sua

especificidade, caracterização e conceitualização, com vistas à contribuição com os estudos da área.

Dada a incidência de diversos conceitos relativos à reescrita, tais como revisão, reescrita, refacção e

retextualização, o trabalho parte, primeiramente, de suas descrições nos documentos curriculares

oficiais, norteadores para o ensino de língua materna no país e nos estados da federação;

posteriormente, em confronto às definições e caracterizações presentes nas pesquisas da área de

Letras/Linguística localizadas nos principais programas de Pós-graduação do país, o cotejamento

dessas definições pelas pesquisas veiculadas nos principais periódicos e obras publicadas na área

com vistas a traçar um panorama da abrangência de utilização destes conceitos. Para tanto,

elegemos, como referencial teórico privilegiado para este trabalho, os estudos do Círculo de Bakhtin

e de pesquisadores brasileiros Geraldi (1997; 1986), Brait (2000), Faraco (2003), Fiad (1997; 2003)

e Menegassi (2010), sobre a prática de produção textual escrita, ancorados pela concepção dialógica

de linguagem presente nos estudos interacionistas, à luz da Linguística Aplicada. Os resultados

preliminares apontam para a indefinição destes termos nos documentos oficiais e carecem de

definições precisas nos trabalhos publicados, posto que se remetem à literatura da área e são

tomados :a) como equivalentes em sua apresentação; b) como sinônimos nas práticas propostas; c)

apresentam lacunas teóricas quanto às suas definições e exemplificações, tanto na teoria quanto

nas práticas descritas.

Palavras-chave: reescrita, conceitos. produção textual escrita.

Área de Concentração: Estudos Linguísticos.

O MERCADO EDITORIAL NO CAMPO DA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL E AS RELAÇÕES

QUE ESTABELECE COM O GÊNERO DRAMÁTICO NO BRASIL

Joaquim Francisco dos SANTOS Neto

Profa Dra Alice Áurea Penteado MARTHA

Investigar o gênero dramático em suas relações com o mercado de livros para crianças e jovens no

Brasil, a fim de verificar como a indústria cultural, mais especificamente as editoras, vem destinando

obras para esses dois públicos é a principal preocupação deste projeto. Para isso, propõe uma

pesquisa de caráter quantiqualitativo, utilizando-se de investigação bibliográfica com objetivo de

compreender o problema e situá-lo no campo da literatura infantil e juvenil. Nesse sentido,

considerará a teoria e a crítica literária para identificar, nas obras, o fluxo de modalidades ou

aspectos particulares entre a cultura erudita e a cultura de massa, buscando identificar, entre essas

obras, aquelas que se destacam por preocupações estéticas e com a formação de bens simbólicos. É

preciso destacar que o teatro destinado a crianças e jovens no País tem sua primeira publicação em

1895, com a obra Teatro Infantil, de Figueiredo Pimentel, e somente em 1948, com a representação

de O casaco encantado, de Lucia Benedetti, alcança o que ficou conhecido como o moderno teatro

destinado à infância e à juventude. Dentro desse panorama, este trabalho parte do pressuposto de

que pesquisar o movimento de publicação das peças de teatro infantojuvenil no País, além da

importância para os estudos que visam à formação do leitor, possibilitam também a compreensão

do desenvolvimento do gênero dramático de um modo geral, contribuindo para a sistematização do

conhecimento acadêmico sobre teatro brasileiro.

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PALAVRAS-CHAVE: Gênero dramático; Literatura para crianças e jovens; Mercado editorial.

Área de concentração: Estudos Literários.

“VESTIDA DE AZUL E BRANCO...” A NORMALISTA NÃO MAIS ESTÁ: A REPRESENTAÇÃO DA

PROFESSORA NO ROMANCE BRASILEIRO DE AUTORIA FEMININA

Joyce Luciane Correia MUZI

Profa Dra Lúcia Osana ZOLIN

Por décadas, a professora foi representada a partir do que a sociedade patriarcal preconizava. A

normalista, sinônimo de moça prendada, de reputação ilibada, aparece em artefatos culturais como

fotografias, jornais, revistas, canções, contribuindo para que um padrão ficasse colado no imaginário

brasileiro. No samba "Normalista" (1949), tem-se reproduzida a imagem da mulher pura, vestida

sobriamente, que após formada estaria pronta para casar. Para Chartier (2002), as representações

são impostas por quem tem o poder de classificar e nomear, revelando o ausente e substituindo-o

por uma imagem. Considerando que a literatura pode servir como instrumento de legitimação,

constatação e/ou contestação da forma como a professora é representada, analisaremos sua

representação em romances brasileiros de autoria feminina durante os séculos XIX, XX e XXI,

evidenciando as construções das personagens e seus contextos históricos, tendo em vista sua

imprescindibilidade, uma vez que estará em questão a condição social da mulher. Como hipótese,

acreditamos que estas professoras representadas refletem o imaginário da época e acompanham a

evolução das conquistas feministas no que diz respeito às condições de trabalho e às

representações, evidenciando um afastamento dos valores e práticas patriarcais ocidentais. Como

aporte teórico utilizaremos a Crítica Feminista Angloamericana, pois esta se ocupa da denúncia das

arbitrariedades e formas como é manipulada a imagem feminina na tradição literária, e da escrita da

mulher como lugar da experiência social feminina (ZOLIN, 2003). A metodologia utilizada se divide

em dois momentos: um quantitativo, no qual, após realizar a leitura dos romances, preencheremos

um questionário sobre as personagens e visando à submissão das informações ao Software Sphinx

Survey, o qual nos fornecerá um conjunto de dados estatísticos para a análise do perfil das

professoras. O outro momento qualitativo compreende as seguintes etapas: do levantamento dos

romances escritos por mulheres nos séculos XIX, XX e XXI, nos quais sejam representadas

professoras; da investigação a respeito da evolução da situação sócio-política no Brasil em relação à

formação profissional para as mulheres, atentando às questões históricas e legislativas, bem como à

divisão sexual do trabalho; da comparação dos contextos sociais, políticos e históricos que embasam

os romances, intencionando uma aproximação entre temáticas ou categorias, de modo a entender

se e como estes contextos influem nos destinos das personagens em questão; e finalmente da

análise de alguns romances representativos de temáticas ou categorias elencadas a partir do recorte

quantitativo, com o intuito de compreender como as personagens professoras vêm sendo

representadas na literatura de autoria feminina – se elas apontam para posicionamentos

emancipatórios ou reprodutores de valores hegemônicos.

Palavras-chave: Romance Brasileiro, Representação, Professora.

Área de concentração: Estudos literários.

TWITTER, MÍDIA E POLÍTICA: OS FUNCIONAMENTOS DISCURSIVOS DA HASHTAG

#MENSALÃO

Juliana da SILVEIRA

Profa Dra Maria Célia Cortez PASSETTI

Este projeto tem como proposta analisar o funcionamento dos enunciados políticos no Twitter, a

partir da análise da produção e circulação da hashtag #mensalão e outras a ela diretamente

relacionadas. A longa duração do julgamento no cenário político e midiático brasileiro permitiu com

que a hashtag #mensalão fosse repetidamente retomada, reinterpretada, transformada, produzindo

deslocamentos significativos na forma como o episódio político-midiático é lido e comentado na

sociedade em rede na qual nos encontramos. Consideramos, assim, que o surgimento da hashtag

aponta para uma (re)configuração nas relações discursivas políticas e midiáticas na sociedade atual,

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sobretudo após o surgimento de um espaço público informacional que permite aos mais diferentes

atores e sujeitos políticos se conectar em rede. As análises têm como aporte teórico a Análise de

Discurso de matriz francesa e mobiliza, principalmente, conceitos teóricos como discurso, arquivo e

memória. A escolha do Twitter como ambiente de investigação se deu pelo fato de que o ambiente

congrega características singulares quando comparado com as demais mídias sociais (como Youtube

e Facebook), em que há o predomínio de vídeos e imagens com foco no lúdico e no entretenimento.

O Twitter, diferentemente dos demais ambientes, é predominantemente textual e sua forma e

conteúdo estão condicionados há 140 caracteres. Outra justificativa para privilegiar a análise do

Twitter é o fato de que essa rede tem sido considerada, sobretudo pelos teóricos da comunicação,

como aquela que estaria mais próxima de uma atividade política engajada, uma vez que os sujeitos

que atuam nessa rede se mostram interessados no debate de ideias e temáticas sociais, facilitadas

pela sua organização estrutural em tópicos específicos que se organizam como “Assuntos do

Momento”. Visto, portanto, como espaço público informacional de relevante importância no

contexto do “julgamento do mensalão”, o Twitter é campo privilegiado de investigação para as

discussões que pretendemos levantar em torno da relação mídia, política e discurso, nas sociedade

contemporânea. Nosso corpus de análise foi selecionado a partir de um arquivo maior, construído

pela coleta diária dos enunciados em torno na hashtag #mensalão, durante a fase final do

julgamento da Ação Penal 470, que compreendeu o período de 02 de outubro de 2012 a 31 de

dezembro de 2012.

Palavras-chave: Twitter; Discurso Político; mensalão; Análise de Discurso.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

LETRAMENTO MULTIMODAL, CIBERAGÊNCIA E (RE)INCLUSÃO SOCIAL: CONVERGÊNCIAS

ENTRE O CÂNONE SHAKESPEARIANO E A TELENOVELA O CRAVO E A ROSA E A FORMAÇÃO

CRÍTICA NA TERCEIRA IDADE

Liliam Cristina Marins PRIETO

Profa Dra Vera Helena Gomes WIELEWICKI

Esta pesquisa está vinculada ao tema “literatura traduzida e recepção” e tem como objetivo principal

verificar a possibilidade de formação crítica de leitores na terceira idade por meio da aplicabilidade

da tríade letramento multimodal/ciberagência/(re)inclusão social via tradução como proposta de

ensino de literatura em língua inglesa na Universidade da Terceira Idade (uma instituição vinculada

à Universidade Estadual de Maringá). Para tanto, uma disciplina foi proposta na UNATI em 2012,

intitulada Literatura em língua inglesa e multimodalidades: Shakespeare e a telenovela, a fim de

discutir e questionar a circulação de um texto literário canônico (a peça The Taming of the Shrew)

na indústria de massa (na telenovela O Cravo e a Rosa). Nessa perspectiva, a pergunta de pesquisa

que norteia este estudo se refere à possibilidade de formação de um leitor crítico na terceira idade

via tradução por meio da relação entre a cultura popular (representada pela telenovela O Cravo e a

Rosa) e a cultura elitizada (representada pelo texto literário The Taming of the Shrew).

Especificamente, o estudo tem como foco verificar como se dá a recepção da circulação de The

Taming of the Shrew, de William Shakespeare, na telenovela O Cravo e a Rosa, da Rede Globo, e de

bens culturais no ciberespaço pelos alunos da terceira idade. A base teórica deste trabalho está

fundamentada nos autores seminais: Hermans (1996), Lévy (1999), Cope; Kalantzis (2000), Kress

(2003), Derrida (2005), Benjamin (2008) e Jenkins (2009). Como metodologia, além da gravação

das aulas na UNATI, um blog foi desenvolvido na disciplina e funcionou como um mediador da

agência discente, pois foi um meio no qual os alunos divulgaram suas experiências pessoais com o

texto literário, com Shakespeare e com a disciplina. A hipótese levantada na pesquisa de que é

possível formar leitores críticos na terceira idade, de que os alunos da terceira idade têm uma

posição favorável à literatura na telenovela e a de que eles podem tornar-se (ciber)agentes se

confirmaram na análise da recepção dos alunos de ambos os contextos e produções mencionados.

Os resultados mostram que os alunos da terceira idade passaram a ser agentes nas aulas de

literatura, considerando agência como uma ação reflexiva e transformadora, a partir das discussões

proporcionadas pelo contato com modos diferentes de circulação das obras de arte e, mais

especificamente, a literatura, e com a maneira como essa circulação é influenciada pela

convergência de meios na sociedade atual. Além disso, essa experiência revelou que o letramento

digital é um veículo valioso para o grupo social da terceira idade, o qual permitiu a essas pessoas

exercerem a sua agência nas comunidades virtuais e na sociedade de modo geral, considerando o

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alcance global do mundo virtual. Nesse sentido, a formação crítica e digital na terceira idade no

contexto de convergência entre meios também desempenha um papel importante para o acesso

deste público às artes e à cultura.

Palavras-chave: Tradução; (ciber)agência; Terceira idade.

Área de concentração: Estudos Literários.

A ESTRUTURA RETÓRICA DO TEXTO E A ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DE SERMÕES

Simone Maria Barbosa Nery NASCIMENTO

Prof. Dr. Juliano Desiderato ANTONIO

Com o objetivo de descrever a organização textual de sermões bíblicos, buscamos embasamento na

teoria da Estrutura Retórica do Texto (RST) e também dos Tópicos Discursivos. A RST é uma teoria

descritiva que contribui no sentido de caracterizar as relações estabelecidas entre porções que

formam a tessitura do texto. As relações podem acontecer entre uma parte mais central,

denominada núcleo, e uma mais periférica, denominada satélite, como também podem acontecer

entre orações de mesmo estatuto, as denominadas multinucleares. Nesse sentido, a organização

acontece pela constituição dessas partes em relação, formando as partes maiores, compreendendo o

texto todo (MATTHIESSEN; THOMPSON, 1988). O sermão tem como característica as suas divisões

temáticas, e, em alguns casos, essas divisões são subtemas retirados de apenas um texto da Bíblia,

o texto que serviu de base para o sermão. Em outros casos, as divisões não precisam

necessariamente seguir uma sequência textual biblíca. Para verificar a estrutura temática dos

sermões, portanto, contamos com os estudos existentes sobre Tópicos Discursivos. Analisar-se-á

três tipos básicos de sermão bíblico – textual, tópico ou temático e o expositivo - com o intuito de

demonstrar as relações existentes na macroestrutura textual que contribuem também para a

organização temática do texto. O corpus se constitui de sermões bíblicos coletados em igrejas

evangélicas. Acredita-se que será possível a identificação de relações retóricas entre os tópicos

discursivos. Acredita-se também que, por se tratar de organização e coerência textual, o estudo

possa contribuir na produção, não somente de sermões, mas de outros gêneros falados que

requerem um planejamento prévio.

Palavras-chave: gênero sermão, RST (Estrutura Retórica do Texto), Tópicos Discursivos.

Área de concentração: Estudos Linguísticos.

NOVAS VOZES PARA CAIO FERNANDO ABREU: DA LEITURA AUTORAL AO CÂNONE

Wagner Vonder BELINATO

Profa Dra Mirian Hisae Yaegashi ZAPPONE

Este projeto de tese tem como objetivo investigar a influência cultural que o escritor Caio Fernando

Abreu passou a exercer depois de seu falecimento. Até o presente momento, a coleta de dados

realizada a fim de subsidiar a fortuna crítica em relação ao nome e à obra do autor apontam para a

priorização dos estudos identitários, atrelando suas análises às observações sobre o tema

desenvolvidas principalmente por Stuart Hall, em A identidade cultural na pós-modernidade (2006)

e, em segundo lugar, genéticos em ambiente acadêmico. Apontam também para o crescimento da

influência do autor nos meios virtuais, onde a auferição de audiência demonstra a constante

renovação de público leitor. Impulsionada por estes dados, a pesquisa segmenta-se na influência

que Caio Fernando Abreu exerce sobre novos narradores brasileiros. O interesse por esse objetivo

surge, ainda no desenvolvimento da dissertação por mim defendida no ano de 2009, a partir de

pesquisa realizada no serviço online Google Books. O serviço retornou, além de referências

acadêmicas ao autor de origem, referências literárias, já que o serviço expande os limites da

pesquisa para o conteúdo dos livros, extrapolando título, palavras-chave ou resumo. Nesse âmbito,

portanto, é que surgiram os nomes de novos narradores que se utilizam da figura ou das obras de

Caio Fernando Abreu como referências para suas próprias. Esse público leitor singular, dotado de

privilégios na ordem do discurso, pois se situa como produtor de texto dentro do campo literário e,

podendo publicar, passa a realizar mudanças culturais nesse sistema e a operar bricolagens diversas

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e joga com os referenciais identitários que se possui do escritor gaúcho, referenciando o autor em

claro contexto de intertextualidade, tanto às situações mais conhecidas das obras do mesmo quanto

à memória coletiva da época em que viveu Caio F., tornando a obra do autor marco da

representação social da época.

Palavras-chave: Leitura; Produção literária; Caio Fernando Abreu.

Área de concentração: Estudos Literários.

POÉTICAS DO DESLOCAMENTO: REPRESENTAÇÕES DE IDENTIDADES FEMININAS NO

BILDUNGSROMAN DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEA

Wilma dos Santos COQUEIRO

Profa Dra Lúcia Osana ZOLIN

O Bildungsroman tradicional, cujo modelo seria Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister (1795),

de Goethe, mostra o desenvolvimento intelectual e humano do herói e a formação do seu caráter.

Esse conceito de romance, tido como um fenômeno tipicamente alemão e voltado à representação

de personagens masculinos, começa a ser problematizado a partir do século XVIII. Na atualidade,

sobretudo a partir dos estudos de Cristina Ferreira Pinto, de 1990, pode-se falar em um

Bildungsroman de autoria feminina brasileiro. Os temas que permeiam esses romances variam

muito, desde a representação da infância e adolescência das personagens, a reflexões sobre os

problemas amorosos e de formação cultural e identitária. Desse modo, o objetivo desse trabalho é

uma análise da representação das identidades femininas deslocadas na contemporaneidade em

romances de formação, ou Bildungsroman, em três escritoras contemporâneas que situam suas

personagens femininas em diferentes perspectivas: Heloísa Seixas, Pérolas absolutas (2003),

Paloma Vidal, Algum Lugar (2009) e Adriana Lisboa, com Azul-Corvo (2010). A metodologia da

pesquisa caracteriza-se pelas leituras de obras teóricas que abordam a relação entre a crítica

cultural e o pós-modernismo (HUTCHEON, 1991; CEVASCO, 2003; HALL, 2011; BAUMAN,

1998,2001,2003), da Crítica Feminista (BADINTER, 1991; PORCHAT, 1992; COELHO, 1998;

SHOWALTER, 1994; ZOLIN, 2009; DUARTE, 2011; DEL PRIORE, 2012), da teoria do romance e o

gênero Bildungsroman (KAYSER, 1985; BOURNEUF & QUELLET,1999; LUKACS, 2000; BAKHTIN,

2010, 2011), bem como de discussões mais contemporâneas (PINTO, 1990; MAAS, 2000;

SCHWANTES, 2007) que indicam a evolução do gênero e a representação da minorias na atualidade.

Os resultados parciais da pesquisa demonstram que, nesses romances, predominam questões mais

existenciais em detrimento das específicas das relações de gênero. Segundo Zolin (2009), com

base nos estudos da ensaísta americana Elaine Showalter, nessa fase pós anos 90, a literatura de

autoria feminina já não tem seu foco nas questões de gênero, uma vez que começam a surgir

romances nos quais se pode “vislumbrar a representação de uma nova imagem feminina, livre do

peso da tradição patriarcal” (2009, p. 331). Embora ainda representem problemáticas tradicionais

da escrita feminina como a busca da realização afetiva e por se enquadrar no socialmente aceito,

Heloísa Seixas, com Pérolas absolutas, Paloma Vidal, com Algum Lugar e Adriana Lisboa com Azul-

corvo, representam mulheres com identidades deslocadas na contemporaneidade, fugindo do script

tradicional. Todas as narrativas são homodiegéticas, com um tom altamente confessional e

memorialístico, exprimindo a experiência feminina marcada pela sua vivência social. As

protagonistas, geralmente, refletem o descentramento, a desarmonia e angústia existencial que são

próprias das personagens pós-modernas

Palavras-chave: Romance de formação; Escritoras contemporâneas; Identidade feminina.

Área de concentração: Estudos Literários.