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10 Filosofia da Educação [Reflexões sobre o Conhecimento] Nesta Unidade IIntrodução ....................................... 10 Conhecimento ................................ 13 Considerações ................................. 29 Referências Bibliográficas ........... 30 Referências Midiáticas .................. 30 Atividades Veja no Guia da Disciplina as ativi- dades propostas para esta unidade. 1 Unidade Introdução E stamos começando uma nova disciplina que muito lhe ajudará no entendimento de outras disciplinas e também no entendimento da realidade que nos cerca: nossa casa, nossa escola, nossa sociedade, a nossa política, enfim, o mundo em que estamos vivendo. Essa disciplina chama–se Filosofia da Educação. Você já deve ter ouvido muitas e muitas vezes a palavra Filo- sofia. Agora que começa a estudar uma disciplina que se chama Filosofia da Educação deve estar se perguntando: do que se trata tudo isso? Vamos então começar pelo nome e, a partir do enten- dimento das palavras, faremos um exercício de compreensão do significado da disciplina, o que ela vai nos acrescentar e como po- deremos utilizar essa disciplina como uma importante ferramenta para entendermos o nosso curso e, principalmente, a nossa prática enquanto profissionais que iremos nos tornar. Pedagogia – EAD Imagem 1

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Filosofia da Educação

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Filosofia da Educação[Reflexões sobre o Conhecimento]

Nesta Unidade

• IIntrodução ....................................... 10

• Conhecimento ................................ 13

• Considerações ................................. 29

• Referências Bibliográficas ........... 30

• Referências Midiáticas .................. 30

AtividadesVeja no Guia da Disciplina as ativi-dades propostas para esta unidade.

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Introdução

Estamos começando uma nova disciplina que muito lhe ajudará no entendimento de outras disciplinas e também no entendimento da realidade que nos cerca: nossa casa,

nossa escola, nossa sociedade, a nossa política, enfim, o mundo em que estamos vivendo. Essa disciplina chama–se Filosofia da Educação.

Você já deve ter ouvido muitas e muitas vezes a palavra Filo-sofia. Agora que começa a estudar uma disciplina que se chama Filosofia da Educação deve estar se perguntando: do que se trata tudo isso? Vamos então começar pelo nome e, a partir do enten-dimento das palavras, faremos um exercício de compreensão do significado da disciplina, o que ela vai nos acrescentar e como po-deremos utilizar essa disciplina como uma importante ferramenta para entendermos o nosso curso e, principalmente, a nossa prática enquanto profissionais que iremos nos tornar.

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Vamos estudar alguns aspectos muito importantes da filosofia, e ao mesmo tempo, vamos entender como começam as preocupa-ções éticas que acompanham nossa caminhada através dos tempos.

Comecemos, então, pelo nome dessa disciplina: Filosofia da Educação – o que significa?

Você sabe que a sua casa, a escola, o local onde trabalha são construídos sobre um alicerce, uma base que precisa ser bem sólida para que agüente o peso da construção. Essa base, esse alicerce é também chamado de fundação. Essa fundação é o que sustenta a construção.

Imagine que a Filosofia é uma grande construção. Não uma construção do tipo da sua casa, mas uma grande construção em que os tijolos são as idéias, as interpretações que os filósofos têm da realidade que estudaram e vivenciaram. Pois bem, vamos aqui, estudar quais são os fundamentos dessa grande construção chama-da Filosofia, qual o terreno sobre o qual se levantou esse grande edifício do pensamento.

Por fundamentos da Filosofia vamos entender: as bases, os alicerces que a permitiram chegar aonde chegou. Observe que ne-nhuma construção começa pelo teto. É preciso preparar o terreno, deixá–lo plano, livre de ondulações e irregularidades. Ondulações e irregularidades também acometem o nosso pensamento. Foi tentando fugir dessas imperfeições que os primeiros filósofos se impuseram uma grande tarefa:

Definir e deixar bem claro como entendemos a realidade e quais as coisas que fazem parte dessa realidade.

Essa foi a primeira ou uma das primeiras preocupações a que se debruçaram os primeiros homens conhecidos como filósofos.

Lembre–se também que quanto melhor for feito um alicerce, maior será a durabilidade e rigidez da construção. Do mesmo modo, entenda que seu estudo é a construção dos alicerces de sua vida profissional: aqui você estará construindo, passo a passo,

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os alicerces que lhe permitirão atingir os objetivos a que você se propôs. Então comecemos com vontade e determinação. Apli-que–se à leitura deste material, bem como, das obras que serão indicadas. Faça as atividades propostas, discuta e procure sanar suas dúvidas através dos recursos oferecidos. Ao fazer isso, você estará preparando o terreno para compreender cada vez mais a sua posição, o seu papel dentro de sua realidade.

ATENÇÃO!

O conteúdo que expomos nesta apostila é a porta de en-trada para novos conhecimentos. Durante o estudo desta disciplina, você terá todos os subsídios necessários para realizar pesquisas e aprofundar seu conhecimento sobre esse assunto. Por isso, contamos com sua participação no AVA e, também, dedicação para alcançarmos mais esse objetivo.

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Conhecimento Todos nós, independente do grau de instrução, temos uma

percepção do mundo à nossa volta. Isso quer dizer, que quando você sai de manhã para o seu trabalho, você utiliza um conjunto de informações, manipula um conjunto de conhecimentos que lhe permitem chegar ao seu destino, realizar a sua tarefa, conversar com seu chefe e com seus colegas, entender as atividades que deve desempenhar durante o seu dia de trabalho.

Você também tem um entendimento sobre a sociedade onde vive. Afinal, você cresceu, fez amizades, namorou, casou, tem uma família. Como teria feito tudo isso se não entendesse como funciona a sua sociedade?

Pois bem, é correto dizer que todos nós temos um conheci-mento que nos permite viver em um ambiente social, um conheci-mento que nos permite entender as mensagens que são veiculadas pela nossa sociedade. Isso é comum a todas as pessoas. Cabe então perguntar, antes de qualquer coisa: o que é o conhecimento?

Quando temos uma dúvida sobre o significado de uma palavra, recorremos de imediato ao dicionário. Nesse caso, precisamos de um dicionário específico, um dicionário de Filosofia.

Encontramos a seguinte explicação para a palavra conheci-mento:

Em geral, uma técnica para a verificação de um objeto qualquer, ou a disponibilidade ou posse de uma técnica semelhante. Por técnica de verificação deve–se entender qualquer procedimento que possibilite a descrição, o cál-

culo ou a previsão controlável de um objeto; e por objeto deve–se entender qualquer entidade, fato, coisa, realidade ou propriedade (ABBAGNANO, 2003, p. 174, grifo nosso).

Essa definição pode parecer um tanto técnica ou mesmo com-plicada para você que está iniciando o estudo dos fundamentos de filosofia. Gostaria que observasse as palavras que grifamos dessa definição. Elas indicam uma ação da pessoa que busca o conhecimen-to. Verificar, descrever, calcular e prever de uma forma controlável.

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Verificar é uma ação que nos permite a confirmação de algo, no nosso caso, o objeto que se quer conhecer. Se você está reali-zando um procedimento de conhecer alguma coisa (um texto que está lendo, por exemplo), toma algumas medidas que confirmem as informações que o texto contém. Você ficha o texto, procura as palavras que não pertencem ao seu vocabulário, aquelas que não sabe o significado, verifica todas as informações. Ao final dessa atividade de verificação, você sente segurança sobre o conteúdo que está presente no texto. A verificação é uma atividade que nos confirma as informações contidas no objeto que se está conhe-cendo e nos dá a segurança de tê–las assimilado.

Nesta citação, o autor define a verificação como um proce-dimento que permite a descrição daquilo que se quer conhecer. Descrever é fazer uma listagem de todas as partes que compõem o objeto, é detalhar esse objeto em todos os seus aspectos. Quando descrevemos alguma coisa, tentamos captar todas as partes dessa coisa. Imagine que você vai contar a alguém uma cena que presen-ciou. A cena tem uma ordem, um desenvolvimento, que devem ser respeitados ao descrevê–la, para que a sua descrição seja inteligível, faça sentido à pessoa para a qual está descrevendo. O mesmo ocorre com a descrição do objeto que é alvo do conhecimento.

A verificação postula também um cálculo, uma previsão con-trolável. Prever controlavelmente é uma das metas de determinados tipos de conhecimento. Ao prever, o homem se antecipa e pode realizar as suas ações tendo em vista evitar ou confirmar as previ-sões. Nos exemplos que serão citados mais a frente, a questão da previsibilidade ficará bem evidente.

Esse último detalhe é um ponto importante que precisamos prestar um pouco de atenção. Ao longo da leitura desse texto, ficará claro que, dentre os vários tipos de conhecimentos que existem (falaremos desses tipos a seguir), apenas alguns, pelas suas características, permitem esse tipo de previsão controlada. Durante um período da história do conhecimento, uma frase ficou muito famosa, pois sintetizava as grandes esperanças depositadas num de-terminado tipo de conhecimento. A frase era “Prever para prover”.

Prever para prover foi, e ainda é uma das preocupações que dominam uma boa parte dos cientistas, daqueles que se ocupam de

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um determinado tipo de conhecimento. Mas sem nos adiantarmos em nossas discussões, por hora é preciso que observemos que as ações citadas no trecho acima estão ligadas ao ato de conhecer. Fi-quemos com essas palavras por enquanto. Observe que essas ações são necessárias para aqueles que desejam conhecer alguma coisa.

A seguir, apresentamos uma outra definição de conhecimento:

O conhecimento é o pensamento que resulta da rela-

ção que se estabelece entre o sujeito que conhece e o

objeto a ser conhecido. A apropriação intelectual do objeto supõe que haja regularidade nos acontecimentos do mundo; caso contrário, a consciência cognoscente nunca poderia superar o caos (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 21 – grifo nosso).

Atente para esta última definição que aproxima o conhecimen-to ao pensamento resultante de uma relação que se estabelece entre você (sujeito que conhece ou sujeito cognoscente) e o objeto a ser conhecido (objeto cognoscível). Observe, também, que a autora dessa última citação aponta para a necessidade de uma regularidade nos acontecimentos do mundo. É essa regularidade que nos permite acreditar que conhecemos o que dizemos conhecer. Ou seja, por meio dessa regularidade conseguimos superar o caos, a desordem.

Um pequeno exemplo dessa regularidade: quando você diz que conhece o horário em que o ônibus passa no ponto perto de sua casa, você está dizendo que conhece porque sabe que, todo dia, naquele mesmo horário o ônibus passa no ponto. É a regularidade do horário que lhe permite dizer que você conhece o horário. Essa regularidade acompanha o processo de conhecimento, ou melhor, faz parte desse processo.

Poderíamos mostrar infinitos exemplos que apontariam para a mesma direção. De todo modo, fica claro que encontraremos várias definições acerca do que é o conhecimento. Não vamos nos deter, por enquanto, em definições mais elaboradas. Tentemos começar a partir de um nível bem elementar. Vamos pensar como nós, pessoas comuns, entendemos o que é o conhecimento.

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Tipos de conhecimento e distinção entre dois tipos específicos de conhecimento

Comecemos pela definição que todo mundo dá sobre o co-nhecimento. Busquemos essa definição lembrando–nos de como empregamos essa palavra no nosso cotidiano.

Quando alguém me pergunta: “Você conhece Fulano?” e eu digo “Sim, eu conheço!” – o que se entende por conhecer? Entende-se que sei o nome desse indivíduo; que já fui apresentado à essa pessoa. Minha resposta pode significar também que tenho muitas informações a respeito de tal Fulano: se é bom pai, se é bom filho, se é trabalhador e por aí vai.

Seja qual for o significado que dermos à palavra conhecer, todas elas vão significar que eu tenho algumas “certezas“ sobre o “objeto” alvo da pergunta (em nosso exemplo, uma pessoa). Não importa, por enquanto, saber se a minha certeza é subjetiva, isto é, se são minhas crenças pessoais que me dão essa certeza. Seja como for, quando digo que conheço uma pessoa, significa que tenho informações que me permitem formar uma opinião sobre ela, pensar determinadas coisas a respeito dessa pessoa, ter uma posição em relação a ela e significa também que essas informações apresentam certa regularidade que me possibilita ter a certeza sobre o que digo que conheço.

Esse primeiro significado de conhecer (que temos determi-nadas certezas sobre algo) nos acompanha a todo momento e, na maioria das vezes, ajuda a solucionar a maioria dos nossos pro-blemas cotidianos.

Vamos exemplificar:

Para não chegar atrasado ao meu trabalho preciso conhecer os horários de ônibus que me levam de casa para o traba-lho. Quando paro o carro num determinado cruzamento e conheço a fama do lugar (é um local onde há muitos assaltos), tomo minhas precauções, como fechar os vidros do carro, travar as portas, etc.

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Poderíamos nos estender em um número infinito de exemplos. Todos eles indicariam, mais ou menos, esse significado de conhe-cer, que está associado a um determinado tipo de conhecimento. Isso significa que existem diversos tipos de conhecimento. O co-nhecimento não se dá de uma única maneira, mas pode variar de tal forma que, de acordo com o tipo de conhecimento, aparecem diferenças e discrepâncias entre esses tipos.

Um claro exemplo dessas diferenças ocorre quando compa-ramos o conhecimento religioso com o conhecimento científico. Não se trata de colocar esses dois tipos de conhecimento numa escala de valores e compará–los. É preciso que se admita que são dois tipos distintos de conhecimento. Do mesmo modo, podemos afirmar que o conhecimento mítico e o conhecimento místico se diferenciam dos outros tipos de conhecimento citados.

Não é objetivo deste material fazer uma lista dos tipos de conhecimento existentes. Estamos listando alguns tipos para que você possa refletir sobre o fato de que o conhecimento não é algo único, pronto, acabado e que cada tipo de conhecimento tem suas características, tem suas finalidades e objetivos.

Vamos nos deter aqui na comparação de dois tipos de con-hecimento: o conhecimento científico e o conhecimento de senso comum.

Você pode perguntar o por que de escolhermos esses dois e a resposta é bem simples. O conhecimento de senso co-mum é o conhecimento que utilizamos em nosso cotidiano, aquele com o qual temos um contato desde a mais tenra idade. O conhecimento científico é o conhecimento que se produz nas universidades, nos centros de pesquisa, enfim, é o conhecimento com o qual você está tendo contato através desse seu curso.

Os dois tipos de conhecimento têm suas regras, seus objetivos, seu alcance e sua aplicação. Diferenciam–se um do outro e assim como os demais, têm uma forma de ser aplicado. É preciso saber

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as características de cada um, pois, utilizar o senso comum no lu-gar do conhecimento científico pode trazer problemas de diversas ordens. Do mesmo modo não somos cientistas ou especialistas em nossa disciplina vinte e quatro horas por dia. O fato de termos acesso ao conhecimento científico não nos livra de utilizarmos o conhecimento de senso comum.

Cada tipo de conhecimento tem suas próprias características. Vejamos quais as características do conhecimento de senso comum.

O conhecimento que utilizamos em nosso cotidiano não é crítico, não se coloca como um problema. É um conhecimento subjetivo, heterogêneo, qualitativo, individualizador e também gene-ralizador e muitas vezes é veículo de preconceitos (CHAUI, 2000).

Essa mesma autora faz uma longa descrição das características tanto do conhecimento de senso comum quanto do conhecimento científico. Nos parágrafos seguintes, vamos nos basear nessas ca-racterísticas apontadas pela autora e relatar exemplos ilustrativos do uso de cada um desses dois tipos de conhecimento.

O conhecimento de senso comum não é crítico. Como exem-plo, imagine a situação a seguir.

Quando um homem do campo olha para o céu e, pelo brilho do sol, pela disposição e quantidade de nuvens, pela intensidade do vento “sabe” que no dia seguinte irá chover, ele não se preocupa em saber como a análise que fez dos elementos da natureza o informa sobre as condições do tempo do dia seguinte. Ele simplesmente “sabe” e isso lhe basta. Esse conhecimento é suficiente para que ele, caso tenha algum produto secando em seu terreiro, providencia o recolhimento para que ele não estrague com a chuva que se avizinha. Nesse sentido, ele se mostra útil, pois a partir de conhecimentos herdados de seus pais, avós, esse homem do campo sabe como deve proceder, sabe “ler” os indícios da natureza e consegue organizar as suas ações baseado nesse tipo de conhecimento.

O conhecimento de senso comum é subjetivo. Isso quer dizer que ele expressa as opiniões individuais, de grupo e, por isso, varia de pessoa para pessoa ou de grupo para grupo. Por exemplo, se uma dona–de–casa tem uma experiência ruim com uma empregada doméstica e, a partir dessa experiência, formar uma opinião ou

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um conceito desabonador (todas as empregadas domésticas são exploradoras, todas não fazem o serviço direito, etc.) sobre elas, o conhecimento dessa dona–de–casa é tipicamente subjetivo, pois está baseado numa experiência pessoal mal sucedida.

Outra característica do senso comum é a sua heterogeneidade. Essa característica faz com que julguemos, baseados nesse tipo de conhecimento, coisas semelhantes como coisas diferentes. É muito comum ouvirmos um julgamento complacente sobre políticos que roubam, mas realizam obras enquanto ouvimos a condenação ex-plicita de ladrões cujas ações são noticiadas na tv. “O político ‘X’ rouba, mas faz!”. Esse tipo de julgamento é baseado nessa carac-terística do senso comum, pois trata como coisas distintas entre si, eventos que são a mesma coisa. Roubo é roubo, não importa quem o realize e com que fins. Mas, neste caso, visto sob a ótica do senso comum, assume significado diferenciado, isto é, há a justificativa de um ato por um lado (o do político que faz) e, por outro, há a condenação desse mesmo ato (do simples ladrão).

O senso comum é qualitativo. Essa é uma característica que nos permite julgar as coisas pelas suas qualidades e características: grandes ou pequenas, secas ou molhadas, extensas ou curtas, etc. Esta característica dá ao conhecimento de senso comum a pos-sibilidade de ter uma determinada validade, isto é, o julgamento baseado no senso comum muitas vezes pode conter elementos de verdade. Contudo, as demais qualidades ou características do conhecimento de senso comum tornam esse tipo de conhecimento inadequado para várias instâncias de nossa vida.

Pelo fato de ser qualitativo e heterogêneo, o senso comum é também individualizador. Por esta característica, os fatos e os ob-jetos da realidade que nos cercam nos aparecem como coisas ou indivíduos autônomos, desligados de um contexto maior. É muito comum ouvirmos frases que atribuem somente ao indivíduo, à sua capacidade pessoal, o fato deste ser pobre ou rico. Esse tipo de comentário é devido a essa característica do senso comum. As pessoas que fazem esse julgamento baseadas nesse tipo de conheci-mento só poderiam chegar a essa conclusão, pois essa característica impede que as pessoas liguem fatos e objetos a um contexto maior, o contexto histórico, social, econômico, cultural, etc.

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A característica generalizador, por outro lado, é uma conse-qüência das características anteriores do senso comum. Por ser generalizador, o senso comum tende a reunir numa só idéia fatos diversos entendidos como semelhantes. A expressão “todo político é ladrão” é um bom exemplo disso. Essa expressão, que pode ser constatada numa simples conversa entre pessoas, escutada num ponto de ônibus, numa fila de banco, etc., ilustra essa característica. Quando julgamos algo baseado no senso comum, temos uma ten-dência muito forte de fazer generalizações. Essa característica pode ser um veículo eficiente do preconceito. Como o próprio nome já diz, pré conceito ou conceito anteriormente formado (anterior a qualquer reflexão, ponderação, análise etc.) é algo muito comum àqueles que julgam as ações e a própria realidade do cotidiano baseado apenas no senso comum.

Esse é o lado perigoso do conhecimento de senso comum. Pelo fato de não ser um conhecimento crítico, muitas vezes vem carregado de preconceito. Máximas como “todo político é ladrão”, “bandido bom é bandido morto”, “favelas são celeiros de ladrões” etc., são cristalizações do preconceito que o conhecimento de senso comum carrega. Imagine um eleitor que, munido apenas do conhecimento de senso comum, dirige–se para a urna de votação. Quais serão os seus critérios de escolha? Qual será o comprometi-mento desse eleitor com a sua comunidade? Se a ação desse fictício eleitor for norteada apenas pelo senso comum, as respostas a essas perguntas não serão nada satisfatórias. Ele poderá pensar que tanto faz em quem vai votar já que, de acordo com o seu conhecimento de senso comum, “político é tudo igual”.

Do mesmo modo, imagine um policial fazendo uma incursão numa favela, munido de arma e do conhecimento de senso comum sobre os moradores de lá. Talvez as constantes notícias de chacinas e execuções sumárias sejam um reflexo dessa ação norteada pelo senso comum que, infelizmente, se tornou constante nas cidades brasileiras.

Por último imagine um médico ginecologista que atende num posto de saúde. Esse médico tem o conhecimento específico de sua área, a medicina, mas não está livre de ter o senso comum como norteador de suas ações em outras áreas que não a medicina. Se

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ele acreditar que a pobreza pode ser acabada fazendo com que as mulheres pobres tenham menos filhos, ele poderá norteado por essa certeza, tentar convencer as mulheres que atende a fazerem laqueadura mesmo quando esse procedimento não for indicado.

Os exemplos acima são suficientes para nos alertar sobre os perigos de julgarmos nossas ações e os fatos da sociedade, baseados apenas no conhecimento de senso comum.

Ao contrário, o conhecimento científico tem características bem diferentes.

Uma das diferenças fundamentais entre senso comum e co-nhecimento científico é que onde o conhecimento de senso comum vê certezas, fatos, eventos ocorridos, o conhecimento científico vê problemas a ser investigados (CHAUI, 2000).

Essa é uma diferença fundamental, pois o conhecimento cientí-fico não assume de imediato a utilidade prática do que é conhecido. Antes de ser útil, o objeto que se vai conhecer é valorizado pelo fato de poder ser um objeto de conhecimento. E encontra–se nessa categoria toda realidade que nos cerca, da mais ínfima partícula subatômica à mais extensa galáxia.

Dessa forma, o conhecimento científico é objetivo, quantitati-vo, homogêneo, generalizador e diferenciador, surpreende–se com a regularidade, distingue–se da magia e pretende–se um libertador das correntes do preconceito, da ignorância que aprisionam o ho-mem (CHAUI, 2000).

A objetividade do conhecimento científico é a caracte-rística que faz com que a pessoa que julgue algo, baseada nesse conhecimento, procure a verdade do objeto a ser conhecido em sua estrutura, em suas características, in-dependente de suas crenças particulares. A objetividade é uma característica que é mais facilmente demonstrável nas ciências naturais (física, matemática, biologia, etc.). Quando um cientista estuda uma célula, por exemplo, as suas crenças particulares, a sua opção política, ideológica não vai influenciar aquele estudo, pelo menos é o que se

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espera de alguém que estude objetivamente o seu objeto. Aplicar essa objetividade às ciências humanas (história, sociologia, antropologia, etc.) requer mais cuidado do pes-quisador e não é algo que se faz nos mesmos moldes das ciências naturais. A preocupação é uma só, a necessidade também, mas a aplicação dessa objetividade é mais difícil. Quando um cientista vai estudar um movimento grevista, por exemplo, ele foi treinado para ser objetivo, procurar as causas, as relações entre os elementos, enfim, tem um método de estudo para isso. Contudo, esse mesmo cientista é um produto daquele meio, daquela sociedade. Daí a maior dificuldade em se conseguir objetividade.

O tema da objetividade nas ciências humanas é muito extenso e não cabe iniciar uma discussão desse assunto. Nosso propósito é marcar as diferenças entre este conhecimento e o senso comum. A objetividade é uma das grandes diferenças entre esses dois tipos de conhecimento.

O conhecimento científico é quantitativo, isto é, esse conhe-cimento baseia–se em medidas objetivas, critérios rigorosos de avaliação, padrões universalmente aceitos. A utilização da matemá-tica talvez seja o melhor exemplo que ilustre essa característica. As diferenças de peso, consistência, solidez de objetos são explicadas pelo conhecimento científico como diferenças entre as moléculas que compõem os objetos comparados.

Do mesmo modo, as diferenças entre as cores são explicadas como diferenças entre o cumprimento das ondas eletromagnéticas que formam as ondas luminosas (CHAUÍ, 2000).

Outra característica desse conhecimento é que ele é homogê-neo, isto é, existe uma preocupação em se encontrar leis gerais que regem o funcionamento do universo. A lei da gravidade que regula a atração entre os corpos, a lei da oferta e procura que influencia os preços das mercadorias, enfim todas as leis que agem sobre a realidade que nos cerca e que atinge objetos e fatos distintos mas que tem sobre esses fatos e objetos a mesma influência.

A característica a seguir é a mesma encontrada no senso co-

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mum, contudo, somadas às demais, contribui para que o conheci-mento científico explique de forma diferente os objetos sobre os quais lança sua análise. Estamos falando da característica genera-lizador. Essa característica faz com que o conhecimento científico reúna coisas que são percebidas como individuais e diferentes entre si sob um mesmo critério de avaliação e análise. Por exemplo, a diversidade orgânica dos elementos da natureza (animais e plantas), que são percebidos como distintos – uma árvore se difere de um castor, por exemplo – e mostra que todos esses elementos têm em comum o carbono. Em outras palavras, o entendimento dos mecanismos da vida passa pelo entendimento desse elemento que é inerente à toda vida, o carbono.

Ao mesmo tempo, o conhecimento científico é diferenciador, isto é, não reúne e nem generaliza elementos que, aparentemente, se apresentam como iguais. É preciso notar que o conhecimento científico, por todas as suas características, não se deixa levar pelas aparências, pelas primeiras evidências. Desse modo, algo que pare-ceria semelhante a um olhar desatento, aos olhos do conhecimento científico recebe um outro tratamento. Como exemplo podemos citar a antropofagia. Aos olhos do homem comum, essa é uma prática bárbara, selvagem, um crime dos mais hediondos, não importando onde e quando se realiza. Aos olhos do antropólogo a antropofagia praticada por tribos indígenas é vista como um elemento pleno de significado. Aos olhos desatentos, essa prática, ocorrendo ou nas chamadas sociedades civilizadas ou nas socie-dades ditas “primitivas” recebe um único e mesmo rótulo: crime hodierno. Aos olhos do antropólogo, essa prática é inserida em seu devido contexto: crime nas sociedades modernas, ritualística nas sociedades “primitivas”.

Ao contrário do senso comum, o conhecimento científico surpreende–se com a regularidade, a constância, a freqüência dos acontecimentos e procura uma explicação racional, procura esta-belecer relações de causa e efeito para eventos que, de outro modo, seriam rotulados como fantásticos, sobrenaturais, excepcionais, etc.

Por suas características, o conhecimento científico, ao longo de sua história, procurou libertar o homem dos grilhões do fanatismo, da superstição, dos preconceitos, do medo do desconhecido.

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Se voltarmos aos exemplos dados para o senso comum e subs-tituirmos o julgamento movido pelo senso comum pelo julgamento orientado pelo conhecimento científico, veremos que as diferenças entre esses dois tipos de conhecimento ficam bem mais evidentes.

Assim, se aquele mesmo homem do campo, agora munido do conhecimento científico, analisar os dados da natureza como o brilho do sol, a disposição das nuvens, a intensidade dos ventos, vai procurar estabelecer relações entre esses elementos. Vai pro-curar, através de alguns instrumentos, medir a intensidade do sol numa escala de valores aceita universalmente; vai procurar medir a velocidade do vento com algum aparelho construído para esse fim; vai analisar os dados disponíveis e procurar estabelecer relações de causa e efeito para poder explicar determinadas manifestações da natureza que estão relacionadas com a chuva do dia seguinte. Ou seja, existe agora uma nova postura que vê nos acontecimentos, não apenas indícios que servem para a atividade prática cotidiana, mas elementos que se apresentam para ser conhecidos, medidos, exa-minados, procuradas e estudadas as relações existentes entre eles.

Do mesmo modo, um eleitor que está munido do conhecimen-to científico sobre seu país, seu estado, sua cidade; um eleitor que observa a relação de determinado candidato, partido ou orientação política e as ações que são feitas nos diferentes níveis de governo, vai procurar, de acordo com sua orientação política, votar num candidato que melhor responda aos seus anseios.

Também será diferente a atitude do policial ao entrar numa favela se ele foi instruído em sua academia com informações pro-duzidas cientificamente, mostrando que a marginalização é um processo histórico ligado às relações de poder que se estabelecem entre as camadas da sociedade. Saberá agir de forma diferenciada se o seu papel naquele momento foi explicado a ele baseado em estudos científicos sobre o estado, a imposição da força e a lega-lidade dessa imposição.

De igual modo, se o médico também tiver um conhecimento científico sobre a sociedade, sobre a distribuição de riqueza num país, vai entender que a questão da pobreza material de uma so-ciedade não se resolve esterilizando mulheres das camadas mais pobres dessa sociedade.

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Procuramos mostrar pelos exemplos acima que a diferença entre o conhecimento de senso comum e o conhecimento científico pode ser a diferença entre a vida e a morte, a diferença entre uma atitude inconsciente, subjetiva, imediata, preconceituosa e uma atitude consciente, objetiva, ponderada e plural.

Apesar das diferenças gritantes existentes entre esses dois tipos de conhecimento (senso comum e conhecimento científico), cabe aqui uma reflexão sobre as possibilidades e limites de cada um des-ses conhecimentos, não apenas esses dois nos quais nos detivemos mais tempo, mas também nos demais tipos de conhecimentos.

Os conhecimentos que citamos neste texto (mítico, religioso, científico, etc.) têm, todos eles, seus limites e possibilidades, e com-pará–los muitas vezes torna–se uma tarefa sem utilidade alguma.

A comparação, por exemplo, entre o conhecimento religioso e o científico, ao longo do tempo, têm vindo à tona constantemente. Atualmente, a última questão nesse campo foi à declaração de uma alta autoridade do Vaticano reiterando a declaração de Bento XVI sobre a não contradição entre a teoria evolucionista e as idéias católicas.

Questões desse tipo têm mais utilidade para a venda de revistas e jornais do que para a discussão sobre o conhecimento. Desde Kant, um filósofo alemão do século XVIII, que o conhecimento científico tem, por assim dizer, estabelecido os seus limites. Portan-to, a discussão sobre comparar qual conhecimento é mais verda-deiro, qual conhecimento “vale” mais, acaba sendo uma discussão improdutiva não nos leva a lugar algum.

É preciso que saibamos que cada tipo de conhecimento tem o seu campo de possibilidades, a sua utilidade, o seu espectro de abrangência. Misturar tipos de conhecimento numa discussão que procura compará–los é demasiada-mente infrutífero e, no limite, pura perda de tempo.

Ter sempre em mente as limitações dos tipos de conhecimen-tos evita que entremos em discussões desnecessárias.

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A respeito dos limites do conhecimento científico, um autor da Sociologia, Max Weber, tem uma reflexão muito proveitosa e que mostra claramente esses limites. Num brilhante texto em que discute a ciência como uma vocação daqueles que a praticam, Weber nos brinda com um texto esclarecedor:

Vejamos a Medicina moderna, uma tecnologia prática que está cientificamente muito desenvolvida. A “pressu-posição” geral da Medicina é apresentada trivialmente na afirmação de que a Ciência Médica tem a tarefa de manter a vida como tal e diminuir o sofrimento na medida máxima de suas possibilidades. Não obstante, isso é problemático. Com seus meios, o médico preserva a vida dos que estão mortalmente enfermos, mesmo que o paciente implore a sua libertação da vida, mesmo que seus parentes, para quem a vida do paciente é indigna e para quem o custo de manter essa vida indigna se torna insuportável, lhe assegurem a redenção do sofrimento. Talvez se trate de um pobre lunático, cujos parentes, quer o confessem ou não, desejam, e devem desejar, sua morte. Não obstante, as pressuposições da Medicina, e do código penal, impe-dem ao médico suspender seus esforços terapêuticos. Se

a vida vale a pena ser vivida e quando – esta questão

não é indagada pela Medicina. A Ciência Natural nos dá uma resposta para a questão do que devemos fazer

se desejamos dominar a vida tecnicamente. Deixa to-

talmente de lado, ou faz as suposições que se enquadram nas suas finalidades, se devemos e queremos realmente

dominar a vida tecnicamente e se, em última análise,

há sentido nisso (WEBER, 2002, p. 100, grifo nosso).

O exemplo de Weber coloca–nos uma questão essencial quan-to aos limites do conhecimento científico e, através deste limite, podemos antever que os demais tipos de conhecimento também têm os seus.

Weber problematiza a questão das possibilidades do conheci-mento científico. O exemplo que cita é fundamental. O conheci-

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mento científico não pode nos dizer no caso mostrado por Weber, se a vida vale ou não ser vivida. Essa é uma questão que transcende as possibilidades do conhecimento científico.

Devido ao seu limite, o conhecimento científico só pode ser empregado para resolver determinadas questões. É por isso que precisamos entender que os outros tipos de conhecimento, o co-nhecimento mítico, o religioso e até mesmo alguns aspectos do senso comum têm o seu “campo de atuação”. É por esse motivo também que dissemos acima que comparar tipos de conhecimento levam de nada a lugar algum. As discussões que existem sobre co-locar tipos de conhecimentos numa escala de valor e compará–los entre si perdem sentido, pois cada tipo de conhecimento tem as suas possibilidades.

No texto de Max Weber há o questionamento se a ciência poderia levar o homem a Deus, levar o homem para a felicidade. Essas questões, declara Weber, não têm sentido algum. O campo de atuação da ciência, do conhecimento científico é limitado. Em seu campo, esse conhecimento reina soberano, mas apenas em seu campo (WEBER, 2000).

Observe que, no início do fragmento apresentado, Weber aponta para um caminho que se tornou o caminho dominante do conhecimento científico: o conhecimento cristalizado em tec-nologia prática, voltada para a solução de problemas relativos ao domínio da natureza. Observe que a medicina é o caminho para obtermos o conhecimento para dominar a vida tecnicamente. Esta é a chave para entendermos essa questão. O conhecimento cien-tífico nos permite dominar técnicas para o que desejamos fazer. Questões que abordam aspectos que o conhecimento científico não apresenta meios para examinar estão fora de seu alcance.

A questão da felicidade, por exemplo. O que o conhecimento científico pode nos ajudar? Quando definimos a felicidade pelo nú-mero de substâncias que nosso cérebro produz e, em nossa corrente sanguínea, inundam nosso corpo com sensações prazerosas, sob esse aspecto podemos recorrer ao conhecimento científico. Mas se associarmos a felicidade a questões como, descobrir o sentido da vida, como devemos viver nossas vidas, qual é o sentido que devemos dar à nossa existência, se devemos procurar sentido em

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nossa existência etc., para essas questões o conhecimento científico pode não ser o melhor meio de nos ajudar.

A distinção entre esses tipos de conhecimentos, bem como a distinção entre conhecimento de senso comum e conhecimento científico precisa ficar bem clara. Pelos exemplos apresentados, podemos perceber quão diferentes são os caminhos pelos quais nos levam o senso comum e o conhecimento científico. Por isso, muitas vezes, as informações que você receber durante o seu curso irão se chocar com o que você traz como verdade estabelecida. Esse choque, essa tensão é altamente positiva. Se você conseguir superar o primeiro impacto, se acolher a perplexidade que talvez sentirá, dará os primeiros passos para olhar o mundo sob uma perspectiva diferente. A realidade aparece, então, como problemas que suscitam reflexões, análises e buscas de soluções.

ATENÇÃO!

Vá além! Pesquisando, você pode aprofundar e ampliar seus conhecimentos. Sugerimos, portanto, que você leia os livros citados na bibliografia e nas Referências Biblio-gráficas.

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Considerações

Vamos recordar...

Vimos nesta unidade:

• Existem vários tipos de conhecimento e cada tipo tem o seu alcance e possibilidade.

• Na maior parte do tempo, utilizamos o conhecimento de senso comum, pois ninguém usa seus conhecimentos es-pecíficos 24 horas por dia.

• Cada tipo de conhecimento tem as suas próprias caracter-ísticas.

• Usar somente o conhecimento de senso comum não nos permite ter um olhar crítico sobre a realidade que nos cerca.

• O conhecimento científico é um conhecimento que nos permite ver a realidade de uma forma diferente da vista pelo senso comum.

• O conhecimento científico é um conhecimento que procura a organização, a ordenação, as relações lógicas entre as partes que o compõem. Essas preocupações também ocuparam os primeiros filósofos que começaram a buscar uma maneira segura de compreender a realidade à sua volta.

Na próxima unidade trataremos dessa questão.

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Referências Bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003, 1014 p.

ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1993.

CHAUI, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.

Referências Midiáticas

Ima gem 1 . Dispon íve l em: h t tp ://www.sxc.hu/browse.phtml? f= download&id=1101215. Acesso em: 28 jan. 2010.