Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo,...

12

Transcript of Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo,...

Page 1: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender
Page 2: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender
Page 3: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender

Como economista, ao ler o livro “Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval”, pensei numa comparação entre o Brasil e os demais países que compõem os BRICs — Rússia, Índia e China. Imaginei um russo buscando no Google “Carnaval + Rio de Janeiro” e obtendo, em 0,37 se-

gundos, 5.300,000 resultados; um chinês procurando “Samba + Rio de Janeiro” e, em 0,32 segundos, obtendo 3.500.000 resultados; ou um indiano buscando por “Brasil + Carnaval” e conseguindo, em 0,33 segundos, 8.230.000 resultados. Difícil é imaginar festas populares russas, chinesas ou indianas com a mesma dimensão internacional que o nosso carnaval.

Bric-Bric carnaval

Ainda instigada pela comparação da popularidade da festa mais importante do país, fiz uma busca mais detalhada de referências sobre as festividades culturais dos países componentes dos BRICs. Nessa breve análise, fica evidente que somente o Brasil possui uma festa popular com a expressão e representatividade econômica internacional.

Atualmente, o carnaval do Rio de Janeiro, que tem como âncora o desfile das escolas de samba do grupo especial, conta com uma cadeia produtiva bem definida, su-portada e suportando diferentes indústrias como as do turismo, gráfica, audiovisual, fonográfica, instrumentos, bebidas e entretenimento. As informações acerca dessa cadeia são apresentadas em detalhes no livro, que é resultado de pesquisa de um interessante grupo multidisciplinar (abrangendo as áreas da economia, política tribu-tária, sociologia, comunicação).

É difícil mensurar a renda gerada durante o ano com o carnaval e a quantidade de pessoas de fato envolvidas, pois uma grande parte dessa cadeia produtiva ainda está na informalidade. Tendo em vista a representatividade do espetáculo para a renda carioca, seria interessante trazer essa atividade para a formalidade. Incentivos fiscais, investimento em ensino, subsídios são ferramentas a serem consideradas para mitigar o problema.

O carnaval é um evento genuinamente brasileiro, patrimônio nosso, simplesmente intransferível! Aliás, por falar em coisas que são signos de brasilidade e que merecem o nosso olhar observador, quem sabe já não chegou a hora de estudar a Cadeia Produtiva da Economia do Futebol?

Mariana Kujawski*

“Paz, carnaval, futebolNão mata, não engorda e não faz malCarnaval, futebolSe joga para cima e vira sol..”.(Axé Mondo)

* Mariana Kujawski é economista forma-da pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Page 4: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender

O carnaval e suas externalidadesA proposta de sistematização de uma atividade econômica ligada ao setor de

entretenimento, utilizando os conceitos tradicionais de cadeia produtiva e Arranjos Produtivos Locais (APLs), é um enorme desafio a ser alcançado, ainda mais quando

a atividade econômica a ser modelada é a da economia do carnaval. Segmento econô-mico em que diversos setores da economia industrial, de serviços, comércio e entreteni-mento/cultural se integram e convergem em um verdadeiro espetáculo de grandiosida-de, charme, beleza singular e universal.Nesse sentido, as pesquisas, informações e conhecimentos apresentados no livro “Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval”, resultado de estudo realizado durante os últimos qua-tro anos, proporcionam um verdadeiro entendimento do processo criativo e produtivo do carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado.

Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender as correlações en-tre elos da cadeia produtiva, diretos e indiretos e, desta forma, identificar aglomerações produtivas, que podem ser factíveis de serem desenvolvi-das como uma grande unidade fabril, subdividida em pequenas unidades de negócios inter-relacionadas. O Estado do Rio de Janeiro está dando os primeiros passos na constituição de Governanças de APLs de Entretenimento no Brasil. Mas já há experiên-cia suficiente que justificaria a constituição de uma governança do Polo de Carnaval com efetiva participação de seus principais agentes: escolas de samba dos grupos especial e de acesso, bandas e blocos. O mapa do município do Rio e da Região Metropolitana, apresentado nas páginas 112 e 113, dão corpo a essa afirmação. A alma da festa é a paixão carioca pela alegria, um dos nossos mais importantes ativos econômicos.

Renato Dias Regazzi*

* Engenheiro Mecânico (UFRJ), pós-gradua-do em Engenharia de Produção (INT e UFRJ), Renato Dias Regazzi também tem pós-gra-duação em Administração (FDC) e mestrado em Gestão Tecnológica (CEFET).

Page 5: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender

* George Vidor é editorialista e colunista do jornal O Globo, além de comentarista eco-nômico da Globonews.

O desenho da cadeia produtiva da economia do carnaval

Quando eu era editor de Economia no jor-nal O Globo, na época de carnaval, tentá-vamos produzir matérias que mostrassem

a dimensão econômica desse espetáculo. No en-tanto, esbarrávamos no problema de não haver praticamente ninguém ou nenhuma entidade que estudasse essa questão. A Prefeitura do Rio nos fornecia algumas informações, mas normalmente eram voltadas apenas para os desfiles das escolas de samba. Realmente, tínhamos dificuldade em colher dados sobre o impacto da “Cadeia Produti-va da Economia do Carnaval”.Depois da construção da Cidade do Samba, locali-zada na Zona Portuária do Rio, ficou mais fácil obter uma dimensão econômica, já que os artesãos que produzem carros alegóricos e fantasias trabalham o ano inteiro. Mas, de qualquer maneira, nunca tive-mos essa cadeia produtiva esquematizada. Até por-que o componente informal é muito grande.

O trabalho realizado por Luiz Carlos Prestes Fi-lho no livro “Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval” é uma fonte de pesquisa muito rica para quem quer analisar essa questão. É uma bela iniciativa do autor, que analisa profunda-mente e consegue desenhar essa cadeia. Pelo livro, pude descobrir que até as bordadeiras do município de Barra Mansa (situado no interior do estado do Rio de Janeiro) têm uma partici-pação importante nesse processo. O livro é, re-almente, um trabalho quase que acadêmico e de grande valia para os estudiosos do assunto.

George Vidor*

Page 6: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender
Page 7: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender

Dentre as tantas festas populares brasileiras, certamente, o carna-

val ocupa um lugar de desta-que. Com foco no desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, identificamos o espetáculo responsável pela projeção de arte e de alegria para todo o mundo, promovendo uma demanda intensa de público de todas as partes. A visão antropológica do car-naval e suas relações com a so-ciedade constituíram produto editorial de importante estu-dioso brasileiro. Entretanto, do muito que já se disse sobre o evento, uma lacuna precisava ser competentemente preen-

chida, garantindo uma fonte de consulta para pesquisado-res e gestores. A inexistência de uma análise criteriosa da economia do carnaval, que forma uma cadeia de serviços, não permitia apreciar com mais profundidade sua importância no segmento socioeconômico da nossa sociedade. Para alegria da legião de profis-sionais que poderão se bene-ficiar de um novo olhar sobre essa festa popular, chega ao mercado o livro “Cadeia Produ-tiva da Economia do Carnaval”, da editora E-papers A obra, que reúne um elenco de profissionais especializados, ar-ticula de forma lógica uma mas-sa de dados pesquisada pelo Núcleo de Estudos de Econo-mia da Cultura (NEEC) e garan-te de imediato seu lugar como proposta de referência sobre o tema. Trazendo didaticamente todos os aspectos relacionados

O carnaval é uma cadeia produtiva de serviços à economia do carnaval, evi-

dencia a criação e os direitos, trabalha o caráter popular da festa, destaca focos de criativi-dade e enriquece seu conteúdo agregando importantes anexos. Dessa maneira, o NEEC dá con-tinuidade às pesquisas sobre economia da cultura que vem realizando há dez anos.”Cadeia Produtiva da Economia do Car-naval” permitirá muitos desdo-bramentos, inclusive, o aprimo-ramento de metodologias de estudos das cadeia produtivas de serviços, pois o Brasil ainda está dando os primeiros passos neste campo teórico. Guardo a certeza que as per-cepções oferecidas no texto garantirão que muitos profis-sionais incorporem, no exercí-cio das suas atividades, formas especiais de buscar soluções. O livro evidencia consisten-temente os motivos econô-micos que fazem do carnaval uma iniciativa vitoriosa.

Eraldo Montenegro*

* Administrador de empresa, Eraldo Montenegro é diretor presidente da Divulgar Serviços Limitada e membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias.

Page 8: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender

A força econômica do socialQuando cheguei ao Rio de Janeiro nos

anos 1950, o carnaval carioca já mos-trava o seu valor. Hoje é uma festa que

mobiliza uma boa parcela da economia do estado do Rio. Por isso, já não era sem tempo termos um estudo completo e analítico para traçar de maneira profunda, mas objetiva, toda sua cadeia produtiva.Não é comum no Brasil a concepção da pro-dução cultural como potência econômica. Mas ao estudar e interligar cada um dos elos dessa atividade econômica — as etapas de produção, distribuição, comercialização e consumo — Luiz Carlos Prestes Filho presta um contribuição im-portante para o mercado de trabalho e para a renda do estado do Rio de Janeiro.Antes relegado ao segundo plano quando o tema é desenvolvimento econômico local, o car-naval é apresentado em suas várias dimensões. A obra mostra como uma das maiores festas populares do planeta estimula o turismo, movi-menta bilhões de reais por ano e gera centenas de milhares de empregos. Mas o livro vai além. Torna-se essencial porque sistematiza o estudo e apresenta muitos pontos que não eram conheci-dos pelo grande público. Quando Luiz Carlos fala

das Bordadeiras de Barra Mansa, mostra como uma atividade a princípio simples pode se tornar essencial para a economia local.O aspecto social que se apresenta no livro tam-bém merece destaque. O carnaval é a vida e a realidade de uma parcela da população que não tem muitas oportunidades. A cultura do carna-val segue um sistema complexo, comandado por talentos singulares e tipicamente brasileiros. Seu desenvolvimento se dá pelo amor à cultu-ra e pelo sentimento comunitário de todos os envolvidos. Os subsídios apresentados no livro tornam possível avaliar a importância dessa fes-ta popular, mostrando a atuação de seus produ-tores culturais e facilitando o entendimento do ciclo econômico que eles movimentam.É difícil imaginar o Brasil sem carnaval. E “Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval”, além de ser um livro belíssimo, é um passo importante na valorização cultural, econômica e social não só do Rio de Janeiro, mas de todo o país.

João Paulo Reis Velloso*

* Ministro do Planejamento entre 1969 e 1979, João Paulo Reis Velloso é econo-mista e Presidente do Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE).

Page 9: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender

A criação e recriação popular

A “Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval” é uma obra que dá passos gigantescos à frente do que se encontra disponível sobre o carnaval brasileiro no Rio de Janeiro e suas emanações. Quero felicitar o coordenador Luiz Carlos Prestes Filho e sua equipe pelos resultados obtidos

neste livro-relatório, sendo importante sublinhar alguns aspectos em que houve uma ampliação cri-teriosa e rigorosa das fronteiras de conhecimento em relação à produção do espetáculo e sua atual configuração como “mercadoria” da indústria de bens culturais.

Pela primeira vez, comecei a entender a complexidade dos direitos autorais e de suas potencia-lidades. Considero extremamente bem construída a janela sobre a fiscalidade derivada direta e indiretamente do espetáculo. Fica claro que há uma enorme potencialidade, do ponto de vista da economia de mercado e das relações com o aparelho público, que deve ser objeto de reflexão política e inovações institucionais.

Carlos Lessa*

* economista, professor emérito e ex-rei-tor da UFRJ, ex-presidente do BNDES.

Lendo o livro, travei conhecimento com os diversos desdobramentos da cadeia produtiva, sobretu-do em temas sobre os quais imaginava estar informado. Desconhecia a força do polo comercial de Madureira no circuito mercantil de produção do espetáculo. Sabia da demanda de bordados gerada pelo carnaval, porém “descobri”, neste livro, o importante núcleo de bordadeiras de Barra Mansa.

Apesar do dinamismo e da atualidade da atividade artesanal em relação à economia do espetá-culo, não me canso de sublinhar a essencialidade da “geriatria” dos objetos duráveis. Automóveis, caminhões, tratores, geladeiras e televisões, ao suprirem os mercados “de segunda e terceira mãos”, geram acesso a bens modernos e revitalizados a importantes frações das famílias com baixa renda. Ao mesmo tempo, ampliam o mercado primário de bens duráveis industriais; cito também as bor-dadeiras de Barra Mansa como um magnífico exemplo. Contudo, não há um estatuto para o arte-são nem um esquema sólido de apoio creditício aos milhões de brasileiros que, com criatividade, reeditam o passado na fronteira inovadora de nossa economia moderna.

Recomendo a leitura deste excepcional trabalho de equipe, que teve a liderança do “Prestinho”, inteiramente devotado ao desdobramento cognitivo e operacionalização político-econômica da cultura. O Brasil vive intensamente um processo onde a criação e a recriação popular alimentam alguns dos mais importantes empreendimentos capitalistas atuais. A Feira de São Cristóvão e o espetáculo do samba são exemplos deste sucesso. Historicamente, é muito bom aprender com o povo, parafraseando boa receita de Mao Tse Tung.

Page 10: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender
Page 11: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender

O Brasil ainda é, sob muitos aspectos e em diversos setores, o país da superficiali-dade. Há certa preguiça mental, espe-

cialmente, no trato da coisa pública por parte de um bom número de agentes do poder.Aí reside o meu único temor em relação ao bom aproveitamento pelas autoridades desse crite-rioso estudo sobre a “Cadeia Produtiva da Econo-mia do Carnaval”. Trata-se de um belo exemplo de obra coletiva, que revela o resultado de um le-vantamento profundo acerca dos recursos gera-dos e movimentados pelo carnaval no estado do Rio Janeiro. Sem dúvida, o boom da chamada “indústria do entretenimento” é um fenômeno mundial. Só fica atrás, em expressão econômica, da indústria do petróleo e do comércio de armas. O livro, aos poucos, capítulo por capítulo, por meio de pesquisas científicas, prova que carnaval é o maior evento popular e a mais importante atração do calendário turístico do Rio, com repercussão em todos os demais municípios do estado, país e continente. Impressionante a força econômica dessa festa em cada elo de sua cadeia.

As comemorações momescas dependem dire-tamente da propriedade intelectual, pois seriam inviáveis sem a utilização dos direitos patrimo-niais de autores, artistas, editores de música etc, além da exploração de marcas de indústria, comércio e serviços. Sem contar, o direito de arena e de imagem de todos que participam dos grandes desfiles. Temas abordados com competência no estudo na parte II, intitulada de “A criação e os direitos”.Parabéns a todos que colaboraram direta ou in-diretamente com o trabalho. Não poderia deixar de enaltecer também a atuação do coordenador científico, Luiz Carlos Prestes Filho, sem exagero o maior conhecedor do tema no país. Prestes é, antes de tudo, um perseverante, um obstinado. Convenhamos que ele tem muito a quem sair... Em suma, a “Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval” é uma obra de longo alcance, que nos enche de alento e esperança. Nunca o car-naval tangível e o intangível estiveram tão jun-tos e tão bem na foto.

O tangível e intangível do carnaval

* João Carlos de Camargo Eboli, Presidente da Comissão Permanente de Direito de Propriedade Intelectual do IAB - Instituto dos Advogados Brasileiros. 05 de outubro de 2009.

João Carlos de Camargo Eboli*

Page 12: Bric-Bric carnaval - Editora E-papers · carnaval, que é um sistema complexo e, ao mesmo tempo, anárquico e organizado. Com o livro, editado pela E-papers, é possível entender