Breve introdução ao design - parte 4

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Matéria: Produção Gráfica Professor: Yuri Amaral Breve introdução ao Design - parte 4 SIMBOLOGIA É o estudo dos símbolos. Existem várias vertentes que estudam suas origens e formações, mas uma das mais importantes é, sem dúvidas, a Semiótica. SEMIOLOGIA O homem desenvolveu diversas linguagens, diferentes maneiras de se comunicar, e cada uma delas compreende um universo de regras e represen- tações próprias e que também podem se relacionar e se representar entre si. Pela fala, por exemplo, temos diferentes idiomas, gírias, regionalismos, termos de uma profissão, etc. As possibilidades são inúmeras. “Segundo Saussurre (1916), ‘a língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e, por isso, é confrontável com a escrita, o alfabe- to dos surdos-mudos, os ritos simbólicos, as fórmulas de cortesia, os sinais militares, etc., etc. Ela é, simplesmente, o mais importante de tais sistemas. Pode-se, assim, conceber uma ciência que estuda a vida dos signos no quadro da vida social; (…) chama-la-e-mos semiologia (…). Ela poderia nos dizer em que consistem os signos, quais as leis que os regem. Por não existir ainda, não podemos dizer o que será; todavia, tem o direito de existir e seu posto está determinado de começo”. (ECO, 2009, p.9) Saussurre foi fundamental à semiótica contemporânea, pois “antecipou e determinou todas as definições posteriores de função sígnica” (ECO, 2009, p.10). Mas, diferente de Saussurre que se limitou a linguística, Peirce foi além ao considerar o signo de uma maneira geral, onde (apud ECO, 2009, p.10) um signo é qualquer coisa que está para alguém no lugar de algo sob determinados aspec- tos ou capacidades. E partindo desse princípio, Eco propõe (2009, p.11) “definir como signo tudo quanto, à base de uma convenção social previamente aceita, possa ser entendido como ALGO QUE ESTÁ NO LUGAR DE OUTRA COISA.” E ainda “aceita-se a definição de Morris (1938), para quem ‘uma coisa é um signo somente por ser interpretada como signo de algo por algum intérprete; assim, a SEMIÓTICA O livro Tratado geral de semiótica, 2009 (editora Perspectiva), de Umberto Eco, tem como objetivo “… explorar as possibilidades teóricas e as funções sociais de um estudo unificado de todo e qualquer fenômeno de significação e/ou comunicação. Esse estudo assume a forma de uma TEORIA SEMIÓTICA GERAL capaz de explicar qualquer caso de FUNÇÃO SÍGNICA em termos de SISTEMAS subjacentes correlatos de um ou mais CÓDIGOS. Um projeto de semiótica geral compreende uma TEORIA DOS CÓDIGOS e uma TEORIA DA PRODUÇÃO SÍGNICA; a segunda teoria leva em consideração um grupo muito vasto de fenômenos, tais como o uso natural das diversas ‘linguagens’, a evolução e a transformação dos códigos, a comunicação estética, os vários tipos de interação comunicativa, o uso dos signos para mencionar coisas e estados do mundo e assim por diante.” (ECO, 2009, p.1) Ainda em Eco “A semiótica tem muito a ver com o que quer que possa ser ASSU- MIDO como signo. É signo tudo quanto possa ser assumido como um substituto significante de outra coisa qualquer. Esta outra coisa qualquer não precisa necessariamente existir, nem subsistir de fato no momento em que o signo ocupa seu lugar. Nesse sentido, a semiótica é, em princípio, a disciplina que estuda tudo quanto possa ser usado para mentir. Se algo não pode ser usado para mentir, então não pode também semiótica não tem nada a ver com o estudo de um tipo particular de objetos, mas com os objetos comuns na medida em que (e só na medida em que) participem da semiose.’”. Logo, pode-se entender por signo toda e qualquer coisa dotada de significado, que represente outra coisa e que faça parte de um conjunto de códigos de determinado grupo. 01 02

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Matéria: Produção GráficaProfessor: Yuri AmaralBreve introdução ao Design - parte 4

SIMBOLOGIAÉ o estudo dos símbolos. Existem várias vertentes que estudam suas origens e formações, mas uma das mais importantes é, sem dúvidas, a Semiótica.

SEMIOLOGIA O homem desenvolveu diversas linguagens, diferentes maneiras de se comunicar, e cada uma delas compreende um universo de regras e represen-tações próprias e que também podem se relacionar e se representar entre si. Pela fala, por exemplo, temos diferentes idiomas, gírias, regionalismos, termos de uma profissão, etc. As possibilidades são inúmeras.

“Segundo Saussurre (1916), ‘a língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e, por isso, é confrontável com a escrita, o alfabe-to dos surdos-mudos, os ritos simbólicos, as fórmulas de cortesia, os sinais militares, etc., etc. Ela é, simplesmente, o mais importante de tais sistemas. Pode-se, assim, conceber uma ciência que estuda a vida dos signos no quadro da vida social; (…) chama-la-e-mos semiologia (…). Ela poderia nos dizer em que consistem os signos, quais as leis que os regem. Por não existir ainda, não podemos dizer o que será; todavia, tem o direito de existir e seu posto está determinado de começo”. (ECO, 2009, p.9)

Saussurre foi fundamental à semiótica contemporânea, pois “antecipou e determinou todas as definições posteriores de função sígnica” (ECO, 2009, p.10).Mas, diferente de Saussurre que se limitou a linguística, Peirce foi além ao considerar o signo de uma maneira geral, onde (apud ECO, 2009, p.10) um signo é qualquer coisa que está para alguém no lugar de algo sob determinados aspec-tos ou capacidades. E partindo desse princípio, Eco propõe (2009, p.11) “definir como signo tudo quanto, à base de uma convenção social previamente aceita, possa ser entendido como ALGO QUE ESTÁ NO LUGAR DE OUTRA COISA.” E ainda “aceita-se a definição de Morris (1938), para quem ‘uma coisa é um signo somente por ser interpretada como signo de algo por algum intérprete; assim, a

SEMIÓTICA O livro Tratado geral de semiótica, 2009 (editora Perspectiva), de Umberto Eco, tem como objetivo

“… explorar as possibilidades teóricas e as funções sociais de um estudo unificado de todo e qualquer fenômeno de significação e/ou comunicação.Esse estudo assume a forma de uma TEORIA SEMIÓTICA GERAL capaz de explicar qualquer caso de FUNÇÃO SÍGNICA em termos de SISTEMAS subjacentes correlatos de um ou mais CÓDIGOS.Um projeto de semiótica geral compreende uma TEORIA DOS CÓDIGOS e uma TEORIA DA PRODUÇÃO SÍGNICA; a segunda teoria leva em consideração um grupo muito vasto de fenômenos, tais como o uso natural das diversas ‘linguagens’, a evolução e a transformação dos códigos, a comunicação estética, os vários tipos de interação comunicativa, o uso dos signos para mencionar coisas e estados do mundo e assim por diante.” (ECO, 2009, p.1)

Ainda em Eco

“A semiótica tem muito a ver com o que quer que possa ser ASSU-MIDO como signo. É signo tudo quanto possa ser assumido como um substituto significante de outra coisa qualquer. Esta outra coisa qualquer não precisa necessariamente existir, nem subsistir de fato no momento em que o signo ocupa seu lugar. Nesse sentido, a semiótica é, em princípio, a disciplina que estuda tudo quanto possa ser usado para mentir.Se algo não pode ser usado para mentir, então não pode também

ser usado para dizer a verdade: de fato, não pode ser usado para dizer nada.” (ECO, 2009, p.4)

Em sua afirmação, Eco nos leva a crer que tudo que identificamos e decodifica-mos como mundo é criado pelo homem, e é neste mundo que nos comunicamos, apropriando-se dos códigos já estabelecidos ou criando novos a partir dos já existentes, para nos fazer entender.

semiótica não tem nada a ver com o estudo de um tipo particular de objetos, mas com os objetos comuns na medida em que (e só na medida em que) participem da semiose.’”. Logo, pode-se entender por signo toda e qualquer coisa dotada de significado, que represente outra coisa e que faça parte de um conjunto de códigos de determinado grupo.

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FENÔMENO O livro Tratado geral de semiótica, 2009 (editora Perspectiva), de Umberto Eco, tem como objetivo

“… explorar as possibilidades teóricas e as funções sociais de um estudo unificado de todo e qualquer fenômeno de significação e/ou comunicação.Esse estudo assume a forma de uma TEORIA SEMIÓTICA GERAL capaz de explicar qualquer caso de FUNÇÃO SÍGNICA em termos de SISTEMAS subjacentes correlatos de um ou mais CÓDIGOS.Um projeto de semiótica geral compreende uma TEORIA DOS CÓDIGOS e uma TEORIA DA PRODUÇÃO SÍGNICA; a segunda teoria leva em consideração um grupo muito vasto de fenômenos, tais como o uso natural das diversas ‘linguagens’, a evolução e a transformação dos códigos, a comunicação estética, os vários tipos de interação comunicativa, o uso dos signos para mencionar coisas e estados do mundo e assim por diante.” (ECO, 2009, p.1)

Ainda em Eco

“A semiótica tem muito a ver com o que quer que possa ser ASSU-MIDO como signo. É signo tudo quanto possa ser assumido como um substituto significante de outra coisa qualquer. Esta outra coisa qualquer não precisa necessariamente existir, nem subsistir de fato no momento em que o signo ocupa seu lugar. Nesse sentido, a semiótica é, em princípio, a disciplina que estuda tudo quanto possa ser usado para mentir.Se algo não pode ser usado para mentir, então não pode também

ser usado para dizer a verdade: de fato, não pode ser usado para dizer nada.” (ECO, 2009, p.4)

Em sua afirmação, Eco nos leva a crer que tudo que identificamos e decodifica-mos como mundo é criado pelo homem, e é neste mundo que nos comunicamos, apropriando-se dos códigos já estabelecidos ou criando novos a partir dos já existentes, para nos fazer entender.

É o primeiro contato de um signo qualquer com a mente. Se chama fenômeno pois ainda nos é desconhecido, e passa a ser signo apenas depois de ser interpretado e assimilado.

A TRINDADE É o processo de semiose de um signo em outro (no caso, o fenômeno é um signo, porém desconhecido à mente a qual se apresenta).

PRIMEIRIDADEO exato instante em que o fenômeno se apresenta. Neste instante – que não dura mais que alguns milésimos de segundo – uma qualidade-de-sensação é criada, que é basicamente o que se sente quando a mente se depara com o fenômeno (signo desconhecido). A partir daí, inicia-se o processo de interpretação e busca pelo entendimen-to dessa qualidade-de-sensação.

SECUNDIDADEÉ possível que dure alguns instantes, ou anos. Tudo depende da capacidade de compreensão da mente intérprete e de quanto conhecimento possui e/ou pesquisa para compreender o fenômeno.

TERCEIRIDADEUma vez compreendido o fenômeno, chega-se a Terceiridade, que é o instante no qual a qualidade-de-sensação se torna um signo compreensível ao intérprete.

Pode-se ignorar o fenômeno. Ou traduzi-lo em uma linguagem compreensível para o intérprete.As possibilidades são muitas.

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FATORESa serem levados em consideração na análise dos signos e criação de uma marca:

A MARCA É um símbolo. A ela, alguém - geralmente os envolvidos na criação e desenvolvimento - atribui um valor e cria um ambiente no qual seja possível reconhecer esse valor, para que ele não sofra grandes alterações nos significados que podem ser gerados pelos mais diversos intérpretes. Este símbolo desempenhará um papel, e é preciso validar qual é:

É importante ter em mente que o processo de criação de um símbolo deve ser embasado em uma extensa pesquisa, com referências que embasem muito bem o trabalho a ser criado, evitando ruídos que atrapalhem o desenvolvi-mento sadio da marca.

CulturaHistóriaSociologiaMitologiaReligiãoPsicologia

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

ECO, Umberto, 1932. Tratado geral de semiótica / Umberto Eco [tradução de Antonio de Pádua Danesi e Gilson Cesar Cardoso de Souza]. – São Paulo: Perspectiva, 2009 – (Estudos ; 73 / dirigida por J. Guinsburg)

PEIRCE, Charles S. Escritos Coligidos, Os Pensadores, 1ªEd., São Paulo: Abril, 1974.

SANTAELLA, Lúcia. Produção de Linguagem e Ideologia, São Paulo: Ed. Cortez, 1980

Suprirá uma necessidade. Qual?Responderá a uma demanda do mercado. Qual?Atenderá um público. O que esse público gosta/con-some/pensa/acredita/fala?Venderá um produto/serviço. O que esse produto/serviço significa? Qual é sua origem? O que ele representa para as pessoas? O que esta marca pode modificar/aper-feiçoar/oferecer a mais para ser escolhida?

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