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2 Acontecimento

DUPONT COMEMORA 200 ANOS DE DEDICAÇÃO À CIÊNCIA

O ano de 2002 representa um grande marco na história da DuPont. A compa-nhia – fundada em 19 de julho de 1.802, na pequena cidade de Wilmington, no interior dos Estados Unidos – vem realizando uma série de eventos nos 70 países onde atua, para comemorar 200 anos de dedicação à ciência, desenvolvendo produtos e servi-ços que durante dois séculos ajudaram a tornar melhor a vida das pessoas ao redor do mundo.

A principal participação da América do Sul na festa dos 200 anos aconteceu através de trabalhos realizados por funcionários do Brasil, Argentina e Colômbia, que foram inseridos na Cápsula do Tempo, um dos pontos principais da celebração. Instalado no Hagley Museum and Gardens, local da fábrica original da DuPont, o compartimen-to também possui em seu interior as mani-festações artísticas de outros funcionários da América do Norte, Ásia e Europa.

A intenção é que a cápsula seja reaberta em 2102, quando a companhia completar 300 anos. Os 12 trabalhos que integram a Cápsula do Tempo foram escolhidos através de um concurso mundial e abordam o sig-nificado da DuPont para o mundo no início do século XXI e para onde os valores da companhia poderão levá-la no futuro. Os vencedores ganharam o direito de partici-par da cerimônia dos 200 anos nos Estados Unidos, no dia 19 de julho, e de terem suas manifestações reproduzidas em um calen-dário global da corporação.

O funcionário Marcos Alcino Vicentin Altran, da fábrica da DuPont em Paulínia (SP), representou o Brasil com um desses símbolos da comemoração dos 200 anos de fundação da companhia. Para elaborar o seu trabalho, Marcos contou com o apoio da na-morada, que faz bijuterias de vidro. Juntos, fizeram um colar que traz um pingente com a bandeira do Brasil sobreposta a um oval vermelho, símbolo da DuPont.

Os 200 anos da DuPont também estão sendo comemorados com o lançamento

de uma série de moedas cunhadas espe-cialmente para a ocasião. As peças fazem referência às descobertas científicas da companhia ao longo destes dois séculos de existência.

“Embora a DuPont esteja na América do Sul desde 1931, a participação da re-gião nas comemorações dos 200 anos será fundamental. Temos um grande histórico de contribuições à atuação global da com-panhia, além de um potencial expressivo de crescimento para os próximos anos”, afirma Henrique Ubrig, presidente da DuPont América do Sul e Brasil.

Festividades marcarão todo o ano de 2002

Presente no Brasil há 65 anos

A DuPont está presente no Brasil desde 1935. Possui uma atuação diversificada no país, que abrange, além do mercado agrícola, os setores automobilístico, têxtil, alimentício, de construção, decoração, entre outros. Atualmente, emprega mais de 1,2 mil pessoas. Suas unidades industriais ficam nas cidades de Camaçari (BA), Uberaba (MG) e Paulínia (SP).

Além disso, a DuPont tem participação em cinco joint ventures no país: Renner-DuPont (tintas automotivas e industriais), Fibra-DuPont (Grupo Vicunha, para produ-ção de nylon têxtil), Griffin Ltda. (produtos agrícolas), DuPont-Sabanci (nylon para a indústria de pneus) e DuPont-Cipatex (nãotecidos).

A DuPont comercializa no Brasil pro-dutos de alta tecnologia, identificados por marcas como Antron®, Corian®, Teflon®, Tyvek®, Zytel®, Sontara®, Butacite®, Ty-nex®, Tedlar®, Classic®, Surlyn®, Nomex®, Kevlar®, Suva®, Cordura®, Stainmaster®, Lycra® entre muitas outras.

A DuPont pode ser encontrada na Inter-net nos seguintes endereços: www.dupont.com e www.dupont.com.br.

INFORMAÇÕES: WN&P COMUNICAÇÃO LTDA.Tel. (11) 5542-2655 - Fax (11) 5561-5453Jornalistas: Itacir Figueiredo Júniore Clara Costa

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3Carta ao leitor

Nessa edição, começamos questionando a importância do associativismo (capa).

No mundo atual, você pode ser uma presa fácil quando estiver isolado (capa).

A Revista Batata Show pro-cura levar informações sobre os diversos segmentos da Cadeia da Batata, tanto a nível nacional como do exterior.

SESSÕES

Importância da Revista

Batata Show

Diretor Presidente: Marcelo Balerini de CarvalhoDiretor Administrativo: Edson AssanoDiretor Financeiro: Emílio Kenji OkamuraDiretor Batata Marketing: Paulo Roberto DzierwaDiretor Batata Consumo: Carlos Roberto Vieira Romano Diretor Batata Indústria: Celso Carlos Roqueto

Diretor Batata Semente: Albanez Souza de SáGerente Geral: Natalino ShimoyamaCoordenadora de Marketing ABBA: Daniela Machado Godoy Jornalista Responsável: Aparecida Haddad - MTB: 030718Criação e Editoração: Projeta Propaganda e Marketing [email protected] (15) 3232-8000

Destacamos que todas as matérias ou propagandas são relacionadas à batata, ou seja, queremos que a cada dia a revista proporcione informações úteis a todos.

Neste número destacamos assuntos da área técnica, huma-na, produção, ensino e pesquisa, legislação, administração, culiná-ria, países e outras cadeias.

Como novidade, a partir desta edição criamos um espaço para o leitor manifestar sua opinião sobre as matérias. Se você tiver sugestões ou críticas construtivas, basta enviar um e-mail para ana-lisarmos sua opinião e publica-la no próximo numero. Participem.

Esta revista é uma conquista da ABBA, em conjunto com as empresas parceiras e colabora-dores.

Batata Show é uma revista da ABBA

Associação Brasileira da Batata.Rua Vírgilio de Rezende, 705

(15) 272-4988 - Itapetininga/SP - 18201-030

[email protected]

EXPEDIENTE

Pulgão Verde da Batata....................35EntomologiaSementes Horicristal..................34Outras CulturasSimpósio Brasileiro da Batata..........33EventosA Rentabilidade dos Ativos e Gestão....32Gestão Agrícola

Questões trabalhistas....................... 28Crédito Rural................................... 30

LegislaçãoEmpório da Batata........................... 27RestauranteProteção de Cultivares........................ 24Batata SementeImportação de Batata Semente......... 23EstatísticaCepea e o Agronegócio...................... 22Pesquisa e ensino

Adubação da Batata.......................... 16Tuberização...................................... 18Por que Fosmag?................................ 20

NutriçãoCadastro Nacional............................. 15ComercializaçãoVariedades Irlandesas........................ 13VariedadesBatata no Peru................................ 10Países

O Agrônomo e o Mercado............... 08Personalidades

Batata no Alto Paranaíba................ 09Produtor

Vivência de alunos da Esalq.......... 05Empresas Parceiras........................ 05

CurtasExportar é o que importa.................. 04Editorial

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4 Editorial

Exportar é o que importa

agronegócio vem sendo responsável pelo saldo positivo

da balança comercial brasileira, com-pensando o saldo negativo de outros segmentos: industria e serviços.

Este resultado positivo é fruto da superação de inúmeras cadeias pro-dutivas que enfrentam um ambiente totalmente adverso: subsídios nos paí-ses desenvolvidos, elevadíssima carga tributária, legislações desfavoráveis e ausência de uma política governamental moderna.

O resultado poderia ser mais po-sitivo ainda se não houvesse barreiras internacionais de diversos tipos, assim como o apoio mínimo de nossos go-vernantes para alguns produtos que o Brasil importa, apesar de ser auto-suficiente.

As barreiras se justificam quando o objetivo é defender a sociedade local, envolvida na produção e não se justifica quando é para defender os interesses de algumas pessoas e/ ou empresas.

A falta de apoio do governo brasi-leiro para algumas culturas como alho, cebola, batata, tomate, trigo e algumas outras, proporciona oportunidades para

O

diversos segmentos de países desenvolvi-dos dominarem cada vez mais o mercado brasileiro.

No caso específico da batata, a abertu-ra de nossas fronteiras criou grandes opor-tunidades, principalmente para grandes empresas de fast-food e varejo, além da introdução de novos patógenos na cultura.

As importações, principalmente de batata processada na forma de palitos – congelados, ultrapassam 100 mil tone-ladas e beneficia a indústria e as redes de fast-food. Não adianta argumentar que gera empregos na cidade, pois gera muito mais desemprego no campo. O valor gasto anualmente com as importações, que subs-tituem mais de 10.000 ha de produção é o dobro do custo para construir uma indus-tria nacional capaz de abastecer 100% ou mais do mercado brasileiro.

O crescimento das grandes redes varejistas com suas próprias centrais de abastecimento vem causando a decadência rápida dos Ceasas, onde milhares de famí-lias conseguiam seu sustento. Os produ-tores brigam entre si para ver quem vende mais barato, muitas vezes vendem abaixo do custo de produção.

A cada dois ou três anos aterrisa uma nova praga em nossas áreas de plantio, que colaboram para elevar nossos custos e reduzir nossa produtividade. O grande número de entradas (portos, aeroportos, fronteira seca) constitui uma constante ameaça ao setor produtivo.

A conseqüência desta “evolução” cria uma conjuntura de decadência ge-neralizada dos segmentos nacionais da Cadeia Brasileira da Batata e um “paraí-so” para as empresas estrangeiras.

Se tudo vier pronto, não precisamos mais de ensino, pesquisa, insumos, máquinas, embalagens, combustíveis, distribuidoras, transporte...basta sermos consumidores.

Então, porque temos sempre que ouvir que exportar é o que importa, se o nosso próprio mercado é o destino de nossa produção.

Se o destino dos segmentos nacio-nais é desaparecer, que tal começar e estudar alternativas para criar opções às centenas de milhares de brasileiros que dependem desta cadeia.

Por favor, não me digam que poderei ser atendente de fast-food ou caixa de supermercado...

Não precisamos importar batata, somos auto-suficiente, basta colaborar.

BATATA BRASILEIRADEFENDA ESTA IDÉIA

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5Curtas

O processo de interação entre a As-sociação Brasileira da Batata (ABBA) e o Departamento de Produção Vegetal (LPV) da USP/Escola Superior de Agri-cultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) tem dado resultados promissores atra-vés de ações que vem estimulando alunos de graduação e pós-graduação a vivenciarem a realidade dos diferentes segmentos que compõem a cadeia pro-dutiva da batata.

Com essa finalidade, no semestre passado, alunos dos cursos de Enge-nharia Agronômica e de Pós-Graduação em Fitotecnia (LPV), das disciplinas de graduação Olericultura II e de pós-graduação Raízes, Tubérculos, Bulbos e Rizomas, tiveram a oportunidade de visitar a ABBA e produtores de batata da região de Itapetininga, SP. Essas visitas técnicas aconteceram em maio e junho e os grupos foram coordena-dos pelo Prof. Paulo César Tavares de Melo, do Departamento de Produção Vegetal.

O gerente-geral da ABBA, Enge-nheiro Agrônomo Natalino Shimoyama, recepcionou os visitantes na sede em Itapetininga, e organizou as visitas de campo a RF Lavouras, dos irmãos An-tonio Carlos Rodrigues e José Antonio Furtado, e à empresa Estância Célia dos irmãos Kameo e Hiroyuki Oi, tradicio-nais produtores de batata da região.

Nessa última, o Engenheiro Agrônomo Hiroyuki Oi (Keko) , ex-esalqueano da turma de 1991(foto em destaque), fez uma explanação sobre aspectos tecnológicos da bataticultu-ra no sudoeste paulista, incluindo o processo de mecanização da cultura e

enfocou, ainda, os principais gargalos que os produtores enfrentam na atualidade e que representam importantes demandas de pesquisa com a cultura. Os alunos puderam também observar a produção de mini- tubérculos, armazenamento de tubérculos-sementes em câmaras frigorífi-cas, a colheita e todas as etapas do benefi-ciamento da batata.

É fundamental ressaltar que atividades dessa natureza tem relevante importância no processo de formação dos estudan-tes de ciências agrárias, servindo como importante mecanismo de consolidação do conteúdo ensinado em aulas teórico-práticas.

Outras atividades desenvolvidas entre a USP/ESALQ e ABBA:

a) Realização em maio deste ano de uma palestra sobre a cadeia produtiva da batata, proferida pelo Engenheiro Agrô-

Vivência de alunos da Esalq na cultura de batata

nomo Natalino Shimoyama, para os alunos da disciplina Olericultura II, no Departamento de Produção Vegetal;

b) Participação do Prof. Paulo César nas reuniões da ABBA;

c) Organização do Simpósio Nacional da Batata que será realizado na USP/ESALQ nos dias 27 e 28 de novembro próximo;

d) Estabelecimento de Convênio ABBA/USP-ESALQ para oferecimen-to de estágios a estudantes nas empre-sas associadas à ABBA. As negocia-ções do convênio estão em andamento e deverão ser finalizadas a curto prazo;

e) Apoio logístico oferecido ao Prof. Prof. Paulo César para a condu-ção de experimentação de campo com batata na região de Itapetininga.

Prof. Paulo César Tavares de Melo Departamento de Produção Vegetal USP - ESALQ - (19) 3429-4190

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6 Curtas

A ABBA é composta atualmente por 50 produtores (BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), responsáveis por 30% da produção nacional de batatas.

Além dos associados, também fazem parte da família ABBA: 29 em-presas parceiras e 20 colaboradores.

As empresas parceiras (destacadas na última página), são aquelas que atuam tradicionalmente na Cadeia Brasileira da Batata, fornecendo os insumos para a produção.

Já nossos colaboradores são os pro-fissionais que desenvolvem atividades relacionadas à batata, principalmente ensino, pesquisa e extensão.

Acreditamos que a evolução desta parceria seja a principal alternativa para defender e modernizar a Cadeia Brasileira da Batata.

A evolução da parceria entre a ABBA e as 29 empresas parceiras vem evoluindo gradualmente.Recentemente em agosto de 2002, estive-mos participando do lançamento de 2 produ-tos: Byozime – SIPCAM em Florianópolis (SC) e Sensor – BAYER em Ipuiuna (MG) e Socorro (SP)A participação da ABBA tem sido através de

as equipes dos principais candidatos a Pre-sidência do Brasil, participação da ABBA no programa Canal Rural, viabilização de reuniões com autoridades, recebimento de informações e publicações estratégi-cas, inclusão do Presidente da ABBA no conselho consultivo ABAG, integração com representantes das principais cadeias produtivas do Brasil.O atendimento sempre gentil e profissional

da equipe ABAG indica uma ótima parceria da ABBA para enfrentar os grandes desafios do mundo atual.Aproveitamos a oportunidade para manifestar em nome da ABBA a nossa admiração e reconhecimento ao Dr. Roberto Rodrigues – Presidente ABAG, e parabeniza-lo pela admissão na Ordem Nacional do Mérito Cienti-fico – classe Comendador, outorgado pelo Presidente da Republica – Exmo Sr. Presidente da República – Fernando Henrique Cardoso, em 15 de agosto de 2002, no Palácio do Planalto – Brasília DF.

ABBA tornou-se filiada da ABAG Associação Brasileira de Agribu-

siness há poucos meses e já pode receber grandes benefíciosDestacamos a realização do I Congresso Brasileiro de Agribusiness, Reunião – Im-pactos da Crise Argentina, Reunião com

A

abag

EMPRESAS PARCEIRASpalestra sobre o Panorama Atual da Cadeia Brasileira da Batata, cujo conteúdo principal é informar sobre a situação atual de cada segmento e a importância do associativismo para os produtores.Esta atividade tem proporcionado oportuni-dade para uma integração cada vez maior entre a associação e empresas parceiras.

Em pé: Marcos Scarelli, Edson Asano, Dr. Giancarlo Oliva, Marcelo Bale-rine, Fernando Rotondo e Carlos Perez.Agachados: Dr. Giovanni Affaba e Milton Igarashi

COMPOSIÇÃO ABBA

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8 Personalidade

O Engenheiro Agrônomo e o Mercado de Trabalho

Agregar valores à produção.E o mais sério – produzir preservando e

recuperando o meio ambiente!Pode-se afirmar que o alimento torna-se

quase um subproduto da fazenda quando temos que olhar não somente a proprie-dade agrícola, mas sim a cadeia produtiva – acrescido da obrigação e da necessidade de preservarmos o meio ambiente.

Necessário ficar atento à produção agrí-cola como o setor primário da economia de um país, sem esquecer os efeitos provocados na economia como um todo na geração de empregos, distribuição de renda, geração de riquezas e conseqüentemente justiça social. Se a agricultura é setor primário da economia, ela é o alicerce. Se o alicerce ruir, ruirá o restante do aglomerado.

Haja vista o argumento da multi -fun-cionalidade usado pelos países ricos para praticarem o protecionismo. Será que eles estão certos?

As nossas universidades, institutos de pesquisa detêm hoje todo conhecimento agronômico (tecnologias) para a produção, e os números mostram isso claramente.Au-mentamos a produção em quase 40%, com diminuição de área plantada nos últimos dez anos. Nenhum outro setor da economia brasileira foi tão eficiente e competente.

Em contrapartida, tivemos queda de 40% real nos preços agrícola, o que mostra que só cuidamos da produção (tecnologia), sem atentarmos para o lado econômico e social da agricultura.

Afinal, trabalhamos somente a Agrono-mia e abandonamos a agricultura.

Esta foi a nossa obrigação, a nossa mis-são, até porque nos últimos 30 anos fomos empregados do estado, de multinacionais ou de agentes financeiros.

Em fim, nossa formação econômica praticamente não existia, principalmente sob o aspecto do profissional empreende-dor. Éramos e ainda somos formados para sermos pesquisador, professor, funcionário público, de banco ou de multinacionais.

Torna-se mais sério o problema quando todas as universidades têm hoje seu corpo docente constituído por profissionais decor-rentes desta formação.

Urge provocarmos o encontro das uni-versidades com os produtores e empresários rurais a fim de interrompermos este ciclo, para enfrentarmos este novo cenário.

O estado em todo o mundo diminui, o emprego em firmas nas relações antigas tende a desaparecer, portanto não podemos continuar oferecendo ao mercado o mesmo

Levi MontebeloAEASP – Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo(11) 221-6322 - [email protected] - site: www.aeasp.com.br

profissional do passado.Não estamos em hipótese alguma

criticando a pesquisa, o ensino, a pós-graduação, o mestrado ou doutorado. Ao contrário, já citamos nossa competência nesta área e temos que avançar e investir mais nas mesmas.

O que queremos chamar a atenção é para a mudança do necessário. A ne-cessidade do mundo, do momento, do mercado.

Com certeza não há falta de campo de trabalho para o Engenheiro Agrônomo, o que existe é falta de Engenheiro Agrô-nomo preparado para o campo.

O mercado a não ser em áreas especí-ficas não absorve profissionais somente especialistas. Os mercados requerem hoje profissionais ecléticos, com visão da cadeia produtiva buscando oportuni-dades e empreendendo.

Acredito que hoje em São Paulo os recém formados estão sendo absorvi-dos em sua maioria em cursos de pós-graduação. Afinal eles são preparados somente para isso.

Este fato tem o seu lado bom, mas seria muito melhor se antes este jovem tivesse trabalhando ao menos alguns anos como Engenheiro Agrônomo e pos-teriormente fosse buscar seu mestrado, doutorado, etc.

Ele teria com certeza uma visão maior da agronomia e da agricultura, podendo oferecer muito mais a socieda-de que tanto investe em sua formação, através de nossas universidades.

É necessário neste momento ter o co-nhecimento, mas sem nunca se esquecer que até o mais humilde dos homens pode ter algo a nos ensinar.

Concluo reafirmando: não falta cam-po de trabalho ao Engenheiro Agrônomo, o que esta faltando é formação de profis-sionais para o campo.

Precisamos promover urgentemente o encontro entre a Agronomia e a Agri-cultura.

Urge descobrirmos que o principal empregador do Engenheiro Agrônomo neste novo milênio terá que ser o pro-dutor rural seja ele empresário, médio, míni ou grande.

Temos que entender que é difícil res-peitar ou acreditar em produtor de leite que não conhece vaca, ou como diz um ditado popular:

“É suspeito quem cabritinhos vende e cabras não tem!”.

té o final dos anos 80 o gran-deempregador do Engenheiro

Agrônomo foi a área governamental, principalmente em pesquisa, extensão e ensino.

Durante a década de 90, as multi-nacionais na área de insumos, mais as instituições financeiras na área de credito passaram a absorver, parte representativa dos profissionais de ciências agrárias.

A partir de 95, com a estabilização financeira no país, mais o processo de globalização ocorreram mudanças radi-cais nas áreas econômicas e sociais no mundo e conseqüentemente no Brasil. Obviamente o Brasil, país de economia fundamentada na agropecuária (40% das exportações brasileiras, 37,5% do PEA, o maior negócio do Brasil) sofre uma mudança violenta com a abertura dos mercados, sem que tivesse qualquer preparo para as mudanças.

Neste momento começa a ficar evidente o chamado neoliberalismo – estado cada vez menor (privatizações) etc, etc...

Fato marcante e claro – tende a sumir o emprego – o profissional tem que ter emprego. A relação capital trabalho tem que ser revista, não só na Agronomia, mas em todas as áreas profissionais.

Exemplificando – Quando me formei em 1973, fui trabalhar na área gover-namental (acredito que 70% ou mais dos colegas também foram) na área de extensão rural, com a preocupação única de levar tecnologias aos produtores a fim de aumentar a produção agrícola.

Confesso que a missão não era difí-cil, já que os níveis de tecnologia eram baixos e aumentar a produção era rela-tivamente fácil.

Se compararmos aquele momento de 1973, com o atual vivido por um recém-formado em agronomia, veremos que o quadro mudou completamente.

O profissional atual não pode pen-sar somente em produzir, mas antes de tudo:

O que produzir?Para quem produzir?Com que qualidade produzir?

A

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9Produtor

Localizado no centro-oeste do estado de Minas Gerais, a região do Alto Paranaíba ocupa uma posição de destaque na cadeia brasileira da batata.

Araxá, São Gotardo, Ibiá, Serra do Salitre, Tapira, Perdizes, Santa Juliana e mais recentemente Sacramento, são os municípios com áreas de produção de maior expressão.

Caracterizada por altitudes médias que variam de 800 a 1350 metros, a região per-mite o plantio da batata durante todo ano. O período de maior precipitação pluviomé-trica, o chamado período das águas, é bem definido na região e se inicia na segunda quinzena de outubro e principio de no-vembro estendendo-se até o mês de março, mês a partir do qual as chuvas começam a apresentar periodicidade e distribuição irregular.

Os últimos levantamentos demonstram que o período das águas responde por 74% da batata consumo plantada no ano, com destaque para os meses de novembro e de-zembro. O plantio nesses meses é maior por duas razões, uma por segurança, visto que as chuvas nesse período são mais regulares e alguns municípios com grandes áreas como Araxá, Tapira e Sacramento predominam o plantio sem irrigação, e a outra razão esta na expectativa de mercado futuro dos pro-

dutores, que plantam nesses meses buscando os preços atrativos que os últimos anos vem apresentando nas proximidades da semana santa.

A variedade monalisa até o ano passado era responsá-vel pela maior porcentagem de plantio. Segundo levanta-mentos realizados, esta corres-pondia a 67% da área plantada, seguida pela bintje com 18% e as demais variedades com 15%, destaque para ágata e com menor representatividade, vivaldi,

caesar, cúpido e asterix. O cenário deve mudar para safra 2002/2003 a julgar pela semente que esta sendo produ-zida na região e pela intenção de plantio dos produtores, onde a variedade ágata deve passar a ser a variedade mais plantada, apesar do período relativamente curto em que esta vem sendo cultivada na região, e ainda, portanto sem a confirmação de seu bom desempenho, principalmente nas áreas de sequeiro onde é comum a presença de veranicos e também diante das altas pressões de doenças fúngicas que ocorrem em todo Alto Paranaíba.

Incômodo não só na batata mais também em outras culturas as pragas merecem especial

atenção. Destaque para a minadora, trips e a traça, principalmente no período de inverno, onde o clima da região se

apresenta bastante seco e com temperaturas médias relativamente altas para o período. No verão a pressão de pragas também é alta, segundo especialistas isto se deve as características do clima na região do cerrado no período de inverno, que não permite a baixa natural que ocorre na população de pragas, co-mum nas regiões com precipitações mais elevadas e temperaturas mais baixas.

Produção de Batata no Alto Paranaíba

No verão os produtores procuram realizar seus plantios em áreas com altitu-des superiores a 1000 metros. A inversão térmica nessas áreas é bastante acentuada, onde temos temperaturas diurnas altas e noturnas apresentando quedas significativas, ocasionando assim um gasto elevado em defensivos agrícolas visando o controle da requeima e da canela preta, principalmente nos anos de verões mais chuvosos.

Não diferente de outras regiões tradicio-nais no plantio de batata no Brasil, as áreas de arrendamento começam a se tornar cada vez mais escassas, e com isso os preços também cada vez mais altos, assustando a alguns produtores que há poucos anos atrás ainda conseguiam arrendar suas áreas tendo como custo apenas a melhora da terra.

Em síntese o Alto Paranaíba tem suas particularidades e problemas, comuns nas regiões onde uma cultura se instala em grande escala, no entanto as produtividades médias e a qualidade dos tubérculos colhi-dos, têm feito da região uma referência na bataticultura nacional.

Marcelo Marques RibeiroEngº Agroº Minas Safra LtdaFone/ Fax: [email protected]

Treinamento de produtores da regiãosobre tecnologia de aplicação de defensivos

Marcelo M. Ribeiro - Engº. Agrônomo

Valdomiro Fujikava - sócio do Grupo Nascente

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10 Países

comerciais, que produzem para o mercado e por outro estão os produtores de subsistência, os que destinam mais de 50% de sua produção ao próprio consumo. Os produtores comerciais utilizam recursos tecnológicos modernos como fertilizantes químicos e pesticidas.

Os produtores de autoconsumo utilizam tec-nologia tradicional com insumos próprios.

Os produtores orientados ao mercado obtêm altos rendimentos unitários graças aos recur-sos tecnológicos para aumentar a eficiência produtiva e diminuir os riscos de produção enquanto os produtores de subsistência obtêm baixos rendimentos, exposição e altos riscos de produção devidos a fatores biológicos e climá-ticos. Estima-se que 30% das áreas plantadas com batatas no Peru são propriamente para produção comercial.

A maior superfície de produção de batatas no Peru encontra-se na região andina, onde se concentra 95% de área cultivada.Na montanha há duas campanhas de produção: a denominada Grande Campanha se inicia em outubro com a chegada das chuvas e terminam em Abril com o fim da estação chuvosa, a Pequena Campa-nha se inicia em Maio e termina em Setembro. Esses cultivos se localizam nas zonas baixas e abrigadas da montanha porque as zonas altas são geladas e impedem o cultivo nesse período do ano

Na região costeira, as batatas são cultivadas no inverno, que vai de Abril a Junho e colhidas de Agosto a Novembro.

A concentração de sementeiras em determi-nadas épocas do ano resulta em certo caráter sazonal que reflete sobre os preços.

O ConsumoA estatística para o ano 2000 é de um consu-

mo de aproximadamente 104,2 Kg por pessoa, o qual coloca os Peruanos entre os maiores

consumidores de batatas da América Latina.A reforma Agrária imposta pelo governo

militar na década de 70 traz como conseqüência uma brusca queda de produtividade. Em 1992 foi registrado o mais baixo consumo aparente dos últimos anos, chegando a 34,8Kg por pessoa. Paralelamente, as políticas estatais baseadas em taxas de câmbio, dão preferência para importação de cereais e distanciaram os preços relativos dos cereais importados, incentivando o consumo de pão. Ainda sim a produção de arroz foi aumen-tada devido a um sistema de comercialização centralizado pelo Estado que garantia preços competitivos aos produtores e subsidiava o consumo. Na década de 80, com a ajuda estatal, a produção e o consumo de arroz cresceu de maneira muito significativa ajudando a mudar os hábitos alimentícios da população peruana, tanto nas áreas urbanas como nas áreas rurais. A recuperação do consumo na última década deve-se aos preços relativos dos produtos importados e na redução dos produtos que competem com a batata.

A IndústriaAs batatas são desidratadas por exposição a

períodos sucessivos de congelamento noturno e intensa radiação solar nas terras dos Andes. Esse processo que se pratica nos países andinos permite conservar a batata por vários anos em estado apto para o consumo humano e são con-sumidas principalmente pelas populações nativas das zonas altas do Peru, Bolívia e Equador. Outra forma de transformação e conservação é a batata seca, que se prepara por desidratação natural, onde a batata é cozida e posteriormente cortada em tamanho de aproximadamente 0,5 a 1 cm.

O popular consumo de frango assado acom-panhado de batata frita tem contribuído notavel-mente ao desenvolvimento de uma importante indústria artesanal de batatas em tiras e bastões. Estima-se que só na região metropolitana de Lima se processam diariamente cerca de 200 to-neladas de batatas para restaurantes. A expansão de restaurantes de comida por Kilo observada na década de 90 é devido a uma crescente demanda de batatas pré-frita congelada. O consumo diário de batatas pré-frita congelada em Lima é de aproximadamente 10 t.

O Comércio ExteriorTem havido esporádicas importações e ex-

portações de batatas através das fronteiras com países vizinhos em volume de pouca importância ao volume total da produção peruana.

Podemos afirmar que o Peru é auto-suficiente para abastecer seu mercado interno. As im-portações de produtos processados no ano de 2000 renderam aproximadamente 6,5 milhões de dólares.

A exportação de variedades de batatas com alta qualidade culinária tem um bom potencial no segmento especializado do mercado. As exportações de batatas in-natura para a Europa e América do Norte têm sido limitadas por problemas sanitários impostos pelos países industrializados.

O ArmazenamentoOs produtores comerciais destinam toda

sua produção ao mercado após a colheita. A

Situação e perspectiva do cultivo da batata no Perú

Fernando N. Ezeta - [email protected] Gonzáles

INTRODUÇÃOA batata é uma valiosa herança das antigas

civilizações que se desenvolveram nos Andes, antes da colonização espanhola no séc. XVI. Os especialistas indicam que o centro de plantação dessas espécies está nos Andes e na zona do lago Titicaca, entre Peru e Bolívia. Ali se encontra uma grande diversidade genética de espécies nativas cultivadas. Porém a distribuição das espécies silvestres de batata na América é muito ampla, envolvendo desde Chile e Argentina até o sul dos Estados Unidos. Na época destacaram a importância do cultivo da alimentação dos moradores de Tawantinuyo, o principal império Inca, que abrangia grandes extensões, o que hoje são territórios de Peru, Bolívia, Equador, Chile e Argentina. O Inca Garcilazo de la Veja (1539 – 1616), refere-se à batata como o mais importante legume que cresce debaixo da terra e que os índios usavam como alimento. Hoje em dia no Peru, a batata continua sendo um alimento básico, principalmente nas zonas rurais. Este cultivo representa 9% do PIB agropecuário, ocupa 13% de área com cultivos transitórios e gera 100.000 postos permanentes de trabalho no setor primário e muito mais nas indústrias e nos serviços relacionados a sua produção e utilização.

A batata está em quarto lugar no cultivo de ali-mento mais importante com um grande potencial de expansão e produtividade das áreas cultivadas dos países em desenvolvimento.

A produção no ano de 2001 o Peru produziu cerca de 2,8 milhões de toneladas de batatas em 243 mil hectares com uma produtividade por meio de 11,5 t/ha. A tendência de produção para a última década tem crescido com um importante

aumento de produtividade e de área cultivada.Não obstante, as séries históricas revelam

que houve mudanças, e as explicações são en-contradas em fenômenos sociais e econômicos ocorridos nas últimas décadas, entre eles, cabe mencionar a reforma agrária de 70, as distorções e preços relativos dos cereais importados, a produção e consumo de arroz da década de 80, e o terrorismo das últimas décadas.

Também se observa algumas flutuações drás-ticas da produção, associadas aos fenômenos climáticos ocorridos pelo El Niño,com suas devastadoras inundações, além da elevação da temperatura nas zonas produtoras.

Segundo o último censo agrário, no Peru existem aproximadamente 600.000 produtores de batatas. Por um lado estão os produtores

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11Paísescapacidade do armazenamento deste segmento dos produtores é a razão quase nula porque são expostos aos riscos elevados do preço devido à instabilidade da demanda com respeito ao preço e ao produto ser altamente perecível.

Os produtos de subsistência geralmente são armazenados nas regiões mais frias dos Andes, devido às baixas temperaturas do inverno serra-no. Esse tipo de produto enfrenta pequenos riscos de preço baixo na possível comercialização de pequenos excessos. Devido ao grande número, sua participação no mercado em período de es-cassez pode ser importante para a estabilização dos preços.

O Desenvolvimento TecnológicoO cultivo da batata no Peru provou uma ela-

boração tecnológica notável nas últimas décadas. A tecnologia permitiu importantes avanços na produtividade, na qualidade, custo de produção e na ocasião da oferta.

Os principais avanços tecnológicos foram da-dos em novas variedades e produção de sementes de qualidade.

As VariedadesNas zonas andinas, as variedades indígenas

foram cultivadas desde os tempos ancestrais e ainda hoje são cultivadas por muitos agricultores pela sua qualidade e atributos agronômicos. A mais conhecida é a batata amarela, produzida exclusivamente nos Andes, nas zonas definidas como agro-ecológicas.

Essas variedades têm alto conteúdo de ma-téria seca, várias cores de polpa e são muito apreciadas na preparação de papillas, prato típico por sua textura e sabor.

As batatas indígenas são amplamente con-sumidas pelas famílias rurais, embora algumas sejam comercializadas nos grandes mercados urbanos com preços que excedem largamente

o preço das batatas cultivadas pelos brancos. No quadro 2 contém alguns dos principais cultivos indígenas comercializado no Peru e seus atribu-tos gastronômicos.

O programa de melhoria genética da batata no Peru foi iniciado no meio do século passado, visando principalmente à seleção de variedades mais produtivas, com olhos superficiais e adapta-dos a grande diversidade climática características dos Andes.

Posteriormente, os moradores se concentraram na busca de resistência a doenças, principalmente Tizón Tardio, causado pelo fungo Phytophthora infestans.

Os conceitos de qualidade para o consumo sempre foram considerados devido a uma maior produtividade, e a resistência a doenças nem sempre estão associadas a uma melhor quali-dade. Pelo contrário, as novas variedades têm qualidade inferior à das plantadas pelos indíge-nas. Outros fatores como a falta de tubérculo, dimensão, tipo e a cor da pele reinaram sobre a qualidade culinária.

A melhoria genética com fins de tratamento industrial não recebeu maior atenção até a dé-cada de 90 quando os pedidos de batata para a indústria cresceram pelo impulso dos câmbios e pelos hábitos de consumo, melhorias nas receitas

e urbanização.Atualmente os programas de melhorias dão

prioridade a características como gravidade específica, teor em açúcares e forma de tubér-culos adequado ao tipo de processo industrial. Lamentavelmente até agora as indústrias têm poucas opções para o tratamento. Em geral são produzidas com matéria prima local usando variedades nacionais ou variedades estrangeiras com semente multiplicada localmente.

As cadeias internacionais de restaurantes de comida por kilo são abastecidas com batatas pré-fritas congelada, importadas para os Esta-dos Unidos, Canadá, Bélgica e recentemente Argentina. O quadro 3 contém as principais variedades cultivadas no Peru e seus principais atributos agronômicos e aptidões culinárias e industriais.

A SementeA produção de sementes está tendo importan-

tes avanços. Os métodos de multiplicação rápida e detecção de micróbios patogênicos foram difundidos nas instituições públicas e empresas privadas permitindo a produção de sementes básica de qualidade muito boa.

A tecnologia de semente permitiu introduzir rapidamente as novas variedades e recuperar a capacidade produtiva de antigas variedades

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12 Países

degeneradas pela acumulação de doenças cau-sadas por vírus.

Do mesmo modo chegou-se a melhorar a qualidade de semente de muitas variedades indí-genas cultivadas desde tempos coloniais.

Inicialmente a produção de semente pré-basica esteve entre as mãos do setor público, mas durante os últimos anos o setor privado fez incursões exclusivamente na produção de semente pré-basica por meio de associações de produtores.

No Peru a multiplicação de semente de qua-lidade é feita nas zonas elevada das montanhas, acima dos 3000m do nível do mar, onde a combinação de fatores climáticos e o isolamen-to permitem obter semente de boa qualidade fisiológica e sanitária.

Essas condições favoráveis dos Andes aju-daram nos sistemas tradicionais de produção de semente em vigor até agora. Considera-se que menos de 2% da semente seja produzida com supervisão oficial que apressa a produção e comercialização de sementes.

Os produtores comerciais completam a produ-ção com os sistemas tradicionais de multiplica-ção para o abastecimento de sementes.

A Competitividade da Batata no PeruUma análise exaustiva das limitações na

cadeia produtiva de batata no Peru escapa aos objetivos e à dimensão deste trabalho.

Contudo podemos apresentar algumas das mais importantes dificuldades que são encontra-das ao longo da cadeia de batatas no Peru.

Em primeiro lugar diremos que as limitações caem em dois grandes grupos: por um lado são diretamente aquelas em relatório ao processo produtivo, condicionado pela atmosfera e pela tecnologia e de outra parte são as limitações de caráter socioeconômico que incluem as condições estruturais dos sistemas produtivos, as políticas públicas e as instituições. Essa di-ferença convém mencionar a interação estreita entre estes dois grupos de fatores num sistema produtivo.

É evidente que o rendimento médio de 11,5 t/ha revela uma enorme infração de produtivi-dade que é baixa pela utilização de recursos tecnológicos disponíveis. Uma das mais impor-tantes limitações da produtividade no Peru é a falta de irrigação nas culturas de montanha. Nos Andes a maior parte da produção de batatas é feita em setores de terrenos não irrigados o que limita a produção só em uma época e expõem as

culturas em prolongados períodos de seca com as diminuições conseqüentes na produção.

Outro fator que merece uma atenção é a qua-lidade do produto. No entanto, sem intenção de diminuir a importância desses fatores, cremos que a sua incidência poderia reduzir-se pela uti-lização de tecnologia adequada disponível.

As limitações socioeconômicas são muito mais complexas e mais difíceis de resolver porque tem suas raízes em fatores exógenos ao sistema produtivo.

Um dos problemas estruturais mais compli-cados da relação produtiva é a grande concen-tração de produtores de batatas na economia de subsistência, onde predomina a pequena propriedade e a cultura em zonas marginais e altamente vulneráveis a fatores climáticos. Por outro lado, os produtores comerciais fazem face a altíssimos custos de transação para a aquisição de produção e serviços para a comercialização de seu produto.

A distância dos centros de produção aos centros de consumo com um sistema relativo a via pública deficiente cria o preço dos custos de transportes que é transferido ao consumidor final, criando o preço do produto em várias vezes o preço pago ao produtor.

A volatilidade de preços é associada ao caráter sazonal da produção, o pouco de capacidade de armazenamento, a perecibilidade do produto, industrialização e falta de sistemas de informa-ção de mercados.

Essas características introduzem um elevado nível de risco para os produtores. A estes fatores acrescenta-se as políticas comerciais do país no âmbito da globalização e a abertura econômica tem grande influência sobre a competitividade da cadeia produtiva de batata.

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13Variedades

Introduzidas há 4 anos no país, as variedades Irlandesas, da Irish Potato Marketing, vêm a cada ano apresentando uma adaptação muito boa às condições brasileiras, principalmente para plantio das secas (Fevereiro/Março).

A ótima performance das variedades irlandesas tem relação com própria his-tória da batata na Europa. Pelo trauma causado ao povo irlandês com a “Fome Irlandesa”, episódio da história da hu-manidade em que a população irlandesa foi reduzida em 2,5 milhões de pessoas (1,5 milhão morreram e 1 milhão de pessoas imigraram) devido ao apare-cimento da requeima (Phytophthora) na única fonte de economia e alimento do povo irlandês no século XIX, a batata. O’ Oak Park Research Centre, Carlow Irlan-

É notável que o resultado econômico é favorável a Slaney, sem se considerar a redução no custo de produção, pois nos campos da batata irlandesa se faz, no mí-nimo duas pulverizações a menos.

Entre as variedades a serem regis-tradas estão: Slaney, Avondale, Barna, Rooster, Burren e Anna.

Com exceção da Rooster, todas pos-suem produção acima de 45 toneladas por hectare, porém a Rooster possui qualidade culinária melhor que as demais sendo que a variedade teve aumento de consumo em 30% no Reino Unido.

Testada em Ibiá/MG, Cristalina/GO, São João da Boa Vista/SP, Ipuiuna/MG, Araxá/MG, etc tiveram comportamentos distintos, porém, apenas entre o nível de tecnologia e manejo dos produtores, mas em comum sempre com altas produções e resistência.

As variedades possuem como ponto forte a altíssima produtividade e resis-tência a doenças com exceção da Rooster como foi dito, e apesar de não apresen-tarem pele com a excelência daquelas destinadas a este segmento, se colocam em uma situação intermediária.

Pelas perspectivas que estão se abrin-do na mentalidade dos produtores, em função das diversas opções de mercado, preferência popular (pele vermelha no sul) condições climáticas, etc. As varie-dades IPM são sem dúvida uma excelente alternativa para os produtores e para a bataticultura nacional.

da – vem trabalhando para desenvolver novas variedades resistentes a requeima (Phytophthora).

Conciliado à característica genética de serem variedades de médio ciclo, o ganho de produtividade somado a economia no custo de produção, pelo baixo uso de de-fensivos, garante um resultado econômico bastante superior àqueles obtidos no tradi-cional mercado de variedades lisas.

Para se ter um exemplo prático em situações de mercado, comparamos os re-sultados de 24/09/99 da variedade Slaney, plantio de inverno, quando os preços eram extremamente desfavoráveis, e obtivemos os seguintes resultados:

Há quarenta anos no ramo de máquinas para beneficiar e classificar frutas e legu-mes, a Barana tem observado com bons olhos, as atitudes que vem sendo tomadas nestes últimos anos pelos produtores de batatas no sentido de proteger o nosso mercado.

Nós da Barana estamos engajados no mesmo sentido, pois temos tomado as providências necessárias para melhorar nossos equipamentos no que diz respeito a manter a integridade do tubérculo.

Através de solicitação dos nossos clien-tes, na sua maioria associados da ABBA, acabamos de desenvolver um modelo de classificador de sementes, cujo propósito é não machucar o tubérculo, pois nele

está o segredo de uma batata consumo de primeira. O equipamento foi desenvolvido de tal maneira, que a semente não tem contato com partes duras ou quinas vivas, somente roletes revestidos e almofadas têm contato com a semente. O processo de classificação se dá através de roletes duplos e revestidos. Logo na entrada da semente pode-se fazer uma escolha, em seguida, elimina-se o “pirulito”, na próxima etapa, dá-se à classificação das batatas que interessam para semente ou a “consumo” que sai no final do classificador. O equipamento permite a regulagem para seis tamanhos, podendo oscilar de 15mm a 95mm a abertura dos roletes classificadores.

Faz parte do mesmo equipamento, o apli-cador de fungicidas, pois, após o término da

classificação, a semente sai por uma esteira de roletes, no qual se encontram os bicos aplicadores.

O sistema de armazenamento se dá por caixas ou sacos, visto que, no final do processo, o cliente tem esta opção na bica através de suporte duplo, podendo ao mes-mo tempo, optar por um ou outro.

O processo de classificação, além de evitar choques, consiste em ter, no menor espaço possível, a separação, aplique de fungicidas e armazenamento.

A Ind. e Com. Barana se sente orgulhosa de estar presente com os bataticultores brasileiros nesta campanha para melhoria do produto nacional.

“Batata brasileira, nós defendemos esta idéia”.

Indústria e Comércio Barana

Variedades IrlandesasJosé Marcus Bernardis - Solanex (19) 641-2445 - [email protected]

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15Comercialização

Outro problema é a importação da batata congelada, que atinge uma fatia considerável do mercado. São aproxi-madamente 8.000 toneladas importadas mensalmente, o equivalente a 16.000 toneladas de batatas in natura que não es-tão sendo produzidas e comercializadas no Brasil, reduzindo ainda mais o dispu-tado mercado dos grandes restaurantes e redes como Mc Donald’s. Sobram para a nossa batata in natura os pequenos restaurantes, com graves problemas de pagamento, e os mercados periféri-cos. O afunilamento do mercado e a con-centração do varejo, em poucas grandes redes, causam uma espécie de leilão e canibalismo entre produtores e atacadistas na disputa pela venda.

A lógica do mercado hoje é perversa, para produtores e atacadistas: quando a margem é atraente, corre-se o sério risco de não receber. A inadimplência atinge quase 30% das vendas. Quando se recebe, a margem é tão pequena que não cobre os

Cadastramento Nacional Contra a Inadimplência

Cláudio Roberto Sinigalia FernandesComercio de Batatas Fernandes Ltda.tel/fax: 11-3311-0012 [email protected]

custos de produção e comercialização. Resultado: a cada dia desaparecem tradi-cionais empresas do setor, levadas à falên-cia pelas mudanças e inadimplência.

Para fazer frente a essa nova conjun-tura, a organização e articulação entre atacadistas e a parceria com os produtores são fundamentais e urgentes. Só juntos e organizados poderemos aumentar o poder de negociação junto aos distribuidores e

criar mecanismos de autoproteção. Uma das propostas é realizar um Cadastro Nacional da Batata, a exemplo do que acontece em outros setores. Esse ca-dastro reuniria todos os fornecedores e atacadistas e funcionaria como um Ser-viço de Proteção ao Crédito da Batata. Disponibilizado pela Internet para todos os produtores, atacadistas e compradores a partir de uma senha fornecida apenas para os participantes, o Cadastro reuniria

informações capazes de proteger contra a inadimplência e outros problemas. A proposta é simples e de fácil execução, mas o sucesso depende da participação, engajamento e confiança de todos.

comercialização da batata no Brasil tem sofrido mudanças radicais nos

últimos anos, com reflexos diretos nos custos da comercialização. Enquanto outros setores da economia vivem um processo de enxugamento, no mercado da batata, acontece o inverso. Novas tecnologias e um contingente maior de trabalhadores têm sido necessários para colocar à disposição das grandes redes de distribuição o produto selecionado, embalado e pronto para a comercialização no varejo.

Uma empresa atacadista com uma co-mercialização média de 6 mil sacas diárias de batata limitava-se, até a alguns anos, a uma estrutura pequena com 10 peões e três dirigentes. Hoje, é impossível comer-cializar 4 mil sacas diárias sem envolver quase 100 pessoas para cumprir condições de embalagem, acondicionamento, trans-porte e o gerenciamento impostos pelas grandes redes de supermercados.

A

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16 Nutrição

Importância da Adubação na Cultura da Batata

Tabela 1 - Estimativa nacional da demanda relativa por fertilizantes pelas principais cul-turas agrícolas, 1995-2000 (kg.ha-1)

É importante ressaltar que, nos últimos anos, o consumo de fertilizantes na batati-cultura vem apresentando suave decréscimo (Figura 1). Ainda assim, a demanda continua sendo elevada, o que pode estar associado ao uso indiscriminado de fertilizantes. En-tretanto, é possível adotar critérios técnico-científicos, respeitando sempre as exigências dos cultivares e, principalmente, as condições e dafoclimáticas uma vez que, no Brasil, se planta batata nas quatro estações do ano em

diferentes regiões.

Figura 1 - Consumo de fertilizantes (%) pela cultura da batata nos últimos anos

Considerando que o manejo adequado da fertilidade do solo é indispensável para obten-ção de boas produtividades com alta qualidade e a menores custos, torna-se fundamental atentar para os seguintes conceitos:

Felipe de Campos Vieira - Leonardo Shigeyuki Sugimoto

bataticultura brasileira não adota critérios técnico-científicos quando se

fala em correção do solo e nutrição mineral da planta. Esse fato pode comprometer a produtividade e afetar significativamente o custo de produção que, segundo a EMBRAPA (1999), o custo com fertilizantes na cultura da batata representa aproximadamente 15% do custo total.

Diferentes formas de manejo da adubação são empregadas pelos produtores, sendo que, de tempos em tempos, surge uma fórmula tida como a ideal para adubar a cultura. Porém, deve-se dar especial atenção à adubação e nutrição da cultura da batata pois, a demanda relativa de fertilizantes por unidade de área na cultura é algo impressionante, ocupando o pri-meiro lugar no “ranking” dentre as principais culturas, como mostra a Tabela 1.

A

Alunos de graduação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/ Integrantes do GAPE (Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão), orientado pelo Prof. Dr. Godofredo Cesar Vitti/ Departamento de Solos e Nutrição de Plantas, Caixa Postal 09 – CEP 13418-900. Piracicaba/SP, Email: [email protected]; Tel: (19)3417-2138.Agradecimentos: Eng. Agr. MSc Mirian Cristina Costa.

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17Nutrição

CONCEITO DE ADUBAÇÃOEm termos práticos, a adubação pode ser de-

finida pela seguinte expressão matemática:Adubação = (planta – solo) x fPor meio da análise dessa expressão,

verifica-se a necessidade de dimensionar três fatores básicos (Vitti et al., 2001):

Nutrição da planta quanto a elementos exigidos, quantidades necessárias para um determinado nível de produtividade, época e local para o fornecimento dos nutrientes e modo de aplicação;

Avaliação da fertilidade do solo, utilizando-se principalmente da diagnose visual, diagno-se foliar, histórico e análise do solo;

Uso eficiente do fertilizante (f), o qual é função do sistema de plantio, práticas conser-vacionistas, fontes de aplicação, parcelamento dos nutrientes e condições edafoclimáticas.

NUTRIÇÃO MINERALO sucesso dessa prática depende dos seguin-

tes parâmetros:Nutrientes necessários: N, P, K, Ca, Mg,

S, B, Zn, Fe, Mo, Cu e Mn.Quantidade exigida de nutrientesEm geral, para a produção de uma tonelada

de tubérculos são necessárias as seguintes quantidades de nutrientes (Tabela 2).

Tabela 2 - Quantidade de nutrientes exi-gidas para produção de 1 (uma) tonelada de tubérculo.

Por meio dos valores apresentados na Tabela 2, é possível quantificar as exigências nutricio-nais da cultura. Sabe-se que, para cada cultivar e épocas do ano, essas exigências não são as mesmas, fazendo com que exista amplitude nos teores exigidos. Filgueira (2000) relata que o fósforo é o quinto nutriente em ordem decrescente de extração, porém é o que oferece maior resposta em produtividade em solos brasileiros, pois favorece a formação de raízes, a tuberização e o tamanho dos tubérculos além de acelerar o ciclo da cultura.

Marcha de absorção de nutrientes pela cultura

É fundamental respeitar as fases de de-senvolvimento durante o ciclo da planta e interpretá-las para realizar o manejo da adu-bação, pois, as exigências de cada nutriente variam de acordo com a marcha de absorção. As marchas de absorção de nitrogênio, fós-foro e potássio são apresentados na Figura 2. Na Figura 3 são apresentadas as marchas de

cultura da batata. Dentre as vantagens desse parcelamento, Vitti et al. (2002) citam: i) menor perda por lixiviação (K e N); ii) menor perda por volatilização (N); iii) redução do efeito salino, que poderia danificar a brotação e iv) desenvolvimento de plantas com menor porte e mais vigorosas, evitando lesões nas hastes.

A seguir são mencionados trabalhos cientí-ficos nos quais estudou-se efeito do parcela-mento na adubação de cobertura.

Boock & Catani, 1956, estudaram o efeito do parcelamento da adubação nitrogenada e potássica, subdividindo-se os nutrientes em três vezes e observaram incremento na produtividade, principalmente em anos com alta pluviosidade, ressaltando que o parcela-mento do potássio não apresentou resultados significativos.

Filgueira (2000), cita que o parcelamento da adubação potássica é favorável em solos arenosos, nos quais a perda por lixiviação é mais elevada.

Vieira e Hamaguchi (2001), observaram maiores produtividades em áreas onde o ni-trogênio e o potássio foi parcelado em duas aplicações (plantio e amontoa) em compara-ção com a área onde o N e K foram fornecidos em uma só aplicação, juntamente com o fós-foro no sulco de plantio. Os mesmos autores observaram também que, com o parcelamento do N e K, as plantas apresentaram-se com a parte aérea reduzida, porém mais vigorosa ocasionando menor incidência de doenças em função dos menores índices de lesões.

Ainda em relação ao parcelamento, Vitti et al. (2002), sugerem: a) Plantio: 1/3 N + 1/2 K + 3/3 P + micronutrientes e b) Cobertura: 2/3 N (juntamente com enxofre) + 1/2 K. Os autores recomendam que essa cobertura seja efetuada quando a cultura estiver entrando no estádio II (intervalo entre a emergência e inicio da tuberização), aproximadamente aos 25 dias após o plantio, devendo-se fazer a adubação na véspera da amontoa.

Os aspectos abordados nesse artigo indicam que o uso de corretivos e fertilizantes, visando a melhoria e a manutenção da fertilidade do solo, bem como a nutrição mineral adequada da cultura da batata, está associado a impor-tantes fatores, como: i) planejamento de safra com escolha do cultivar que está mais bem adaptada às condições edafoclimáticas da região; ii) amostragem prévia do solo para análise química e física, bem como diagnose foliar e visual; iii) uso do “bom senso” para interpretação dos resultados da análise quí-mica do solo, realizando manejo correto, ou seja, aplicando os fertilizantes no momento certo e nas quantidades que as plantas ne-cessitam, o que caracteriza o uso racional do fertilizante.

Para obtenção de ótimos resultados de produtividade e qualidade com custos redu-zidos, produtores precisam ter consciência da importância de elevar e manter a fertilidade do solo (práticas corretivas como: calagem, gessagem, fosfatagem e potassagem) de acor-do com critérios técnicos, além de suprir, de maneira adequada, as exigências nutricionais da cultura (adubações de plantio, cobertura e foliar).

Literatura citada - Consulte Autor

absorção de boro e zinco.

Figura 2 - Absorção de nitrogênio, fósforo e potássio (Fontes, 1987).

Figura 3 - Absorção de boro e zinco (Fontes, 1987).

Local de aplicação dos fertilizantesOs fertilizantes podem ser aplicados dire-

tamente no solo (área total, sulco de plantio e cobertura) e nas folhas.

Geralmente, fertilizantes que fornecem macronutrientes (nutrientes que são exigidos pelas plantas em maior quantidade), são apli-cados diretamente no solo. Já os fertilizantes que fornecem micronutrientes (nutrientes que são exigidos pelas plantas em menor quantida-de), são aplicados nas folhas. Porém existem exceções como no caso do boro e zinco que, devido a certas particularidades, são aplicados preferencialmente no solo.

MANEJO QUÍMICO DO SOLOA seguir, será apresentada a seqüência

adequada de práticas para o manejo da fertilidade do solo e da nutrição mineral da planta, bem como os nutrientes fornecidos nessas práticas:Calagem: Ca e Mg; Gessagem: Ca e S;Fosfatagem: P2O5;Potassagem: K2O;Sulco de plantio: N, P2O5, K2O, Ca, Mg, S, B e Zn;Adubação de cobertura: N e K2O;Adubação foliar: Zn, Cu e Mn.Adubação de Cobertura

Esse item será enfatizado por tratar-se de uma prática pouco difundida e adotada, seja por questões financeira, falta de implementos adequados, apoio técnico e também por ques-tão de paradigmas.

É de fundamental importância o parcela-mento da adubação nitrogenada e potássica na

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18 Nutrição

IntroduçãoA batata (Solanum tuberosum L. subespécie

tuberosum Hawkes), planta herbácea da família Solanaceae, tem como importante fonte alimen-tar os seus tubérculos.

A produtividade média nacional é de 15,2 t ha-1, considerada baixa quando comparada aos principais países produtores (EUA, Alemanha, Holanda, Inglaterra e França), com produções médias acima de 30 t ha-1.

As razões que justificam essas altas pro-duções fundamentam-se no conhecimento ecofisiológico da cultura, proporcionando um eficiente manejo em suas diferentes fases fenológicas. O objetivo deste trabalho é en-focar principalmente o estádio III, ou seja, o processo de tuberização e suas implicações na produtividade final.

A tuberização ocorre em várias espécies vegetais, sendo que órgãos de natureza deter-minada apresentam a propriedade de acumular substâncias de reservas em seus parênquimas primários e secundários. Segundo Jolivet (1969), o armazenamento destas substâncias acompanhado de uma hipertrofia radial do órgão afetado caracteriza a tuberização. O amido é o principal polissacarídeo de reserva das plantas; armazenado na forma de grãos nas células da medula e do parênquima cortical; sendo insolúvel em água pode ser estocado em grandes quantidades (Dietrich & Ribeiro, 1986). Ewing (1995) afirmou que a formação de tubérculos de batata é acompanhada por alterações morfológicas e bioquímicas na planta, sendo que o início da tuberização é caracterizado pela paralisação do crescimento longitudinal e conseqüente crescimento radial da extremidade do estolão.

O controle do crescimento e do desen-volvimento depende da ação dos genes das células vegetais, sendo também influenciado por diversos fatores ambientais, tais como luz, água, nutrientes minerais e temperatura. A ação gênica é exercida através da síntese de substâncias reguladoras do crescimento, entre as quais se destacam as auxinas, as giberelinas, a citocinina, o etileno e vários outros tipos de compostos orgânicos, que atuam de forma conjunta e balanceada sobre o crescimento vegetativo, manutenção dos órgãos vegetativos, crescimento e amadurecimento dos frutos.

A tuberização é a resultante da interação de vários fatores extrínsecos e intrínsecos, sendo ativada por um estímulo indutor que desen-cadeará o desenvolvimento e crescimento do órgão de reserva.Fatores climáticos:

Temperatura – O clima desempenha um papel importante na produção da batata. As cul-turas mais produtivas encontram-se nas regiões ou estações em que prevalecem temperaturas baixas. As temperaturas ideais situam-se na faixa de 20 – 25 ºC durante o dia e 10 – 16 ºC durante a noite.

Fotoperíodo – O fotoperíodo influencia vários processos fisiológicos da batata, especialmente

o crescimento das ramas, estolões, floração e a tuberização. A produção de tubérculos está na dependência do crescimento dos estolões. O crescimento dos estolões é favorecido por dias longos. Sob condições de dias curtos, o seu comprimento é reduzido o suficiente para a formação do tubérculo.

Umidade – A quantidade de água no solo e a precipitação atmosférica afetam a produção de batatas, pois influenciam diversos proces-sos fisiológicos da planta, principalmente o crescimento, fotossíntese e a absorção de nutrientes.

Estádios fenológicos – A relação entre o cli-ma e fenômenos biológicos periódicos durante o ciclo da cultura da batata é definido por cinco estádios fenológicos (Figura 1).Figura 1 – Esquema do ciclo fenológico da cultura de batata.

Estádio I – período entre o plantio e a emer-gência das plântulas (10 dias). Nesse estádio

a plântula sobrevive das reservas contidas no tubérculo-mãe e o hormônio vegetal presente é a giberelina (região subapical).

Estádio II – período de desenvolvimento vegetativo compreendido da emergência até o desenvolvimento de estruturas diferencia-das denominadas de estolões (20 dias). Os estolões se desenvolvem a partir de gemas axilares (crescimento horizontal). O número de estolões é proporcional ao número de gemas axilares presentes no caule. As gemas abaixo do solo (escuro) sofrem a ação de outro balanço hormonal, ou seja, na presença de um caule com dominância apical (auxinas) e citocininas presentes nas raízes, se diferenciam em esto-lões e se desenvolvem lateralmente. Isso gera uma preocupação extra ao produtor na ocasião da amontoa. A amontoa quando efetuada de maneira adequada, resulta num maior número de tubérculos, porém, se efetuada de forma inadequada ocasiona um maior número de ramos “ladrões”.

Estádio III – Tuberização - A formação dos tubérculos de batata é acompanhada por alte-rações morfológicas e bioquímicas na planta (Figura 2). A produção de tubérculos está for-temente relacionada com o grau de estímulos envolvidos durante a fase de indução (30 - 40 dias), ou seja:

A) tubérculo-mãe; B) raízes; C) estolão e D) tubérculo em crescimento.

Saldo de fotoassimilados – A planta deve estar no seu máximo desenvolvimento vegeta-tivo (maior índice de área foliar).

Estolonização – Formação do maior número de estolões possíveis por planta. Parada de crescimento dos estolões: está relacionado com a completa formação da copa (dossel) da

planta e presença do ácido abscísico (ABA) sintetizado nas folhas e des-locados para os estolões.

Alteração do plano de divisão celular: essa mu-dança é conseqü-ência da ação de uma série de ini-bidores denomi-nados jasmonatos (ácido jasmônico e metil jasmona-

to). As citocininas são importantes para a es-tolonização e desenvolvimento dos tubérculos, pois estão envolvidas na promoção da divisão celular. A maioria dos tubérculos com tamanho ideal para colheita são formados dentro de um período de duas semanas.

Estádio IV – Crescimento dos tubérculos - O crescimento dos tubérculos apresenta um caráter exponencial, ou seja, a proporção de assimilados exportados pela folha é duplicado, sendo a maior parte dirigida para os tubérculos. Nesse estádio, a planta se encontra no seu má-ximo desenvolvimento vegetativo (60 dias). O aumento na massa seca dos tubérculos deve-se a deslocação de carboidratos da folha para os órgãos de reservas.

Estádio V – Maturação dos tubérculos – A maturação dos tubérculos se dá quando a pelí-cula se encontra no grau máximo em termos de brilho. Parte do ABA formado na parte aérea se desloca para os tubérculos tornando-os dormentes. Quando os tubérculos amadurecem ocorre a senescência e abscisão da parte aérea (presença de etileno e ABA) indicando o início da colheita. O tubérculo maduro apresenta maior capacidade de armazenamento e pele (periderme) mais espessa.

Silvio Tavares - [email protected]. Agrônomo, doutorando em agronomia - Depto. de Produção Vegetal - ESALQ/USP

Tuberização

Foto: Paulo C. T. Melo.

Figura 2 – Alterações morfológicas durante o processo de tuberização em plantas de batata:

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20 Nutrição

Por que Fosmag?

m primeiro lugar, pelo fósforo, na forma em que está no Fosmag, a qual não ocorre em nenhuma outra fonte de fósforo do mercado.

O fósforo do Fosmag caracteriza-se por maior disponibilidade no solo, e me-lhor absorção pela planta. Esses atributos são devidos a:

· Solubilidade total, mas gradual.· Magnésio intimamente ligado ao

fósforoEssas características, de maior dispo-

nibilidade e assimilaridade, do fósforo do Fosmag, conferem ao produto eficiência agronômica superior, confirmada oficial-mente pelo IFDC (Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes) – Alabama, EUA: Em confronto com o Superfosfato Simples (fonte nobre, entre as convencionais), o Fosmag revelou ex-pressiva superioridade, tanto em produção

de matéria seca, como em absorção de fósforo pela planta, e expressivo efeito residual enriquecendo o solo.

O Fosmag incorpora ainda, fortes “construtores de raízes”: cálcio móvel, e enxôfre assimilável (que, como o fósforo e magnésio, são macronutrientes essen-ciais) e, entre outros micronutrientes, o boro de alta disponibilidade – Isso promove sistemas radiculares bem de-senvolvidos, em volume e profundidade, com os benefícios de melhor captação de nutrientes e resistência à seca. Além disso, avaliações na área de microbio-logia realizadas na ESALQ (Prof. Elke J.B.N. Cardoso) revelaram ser o Fosmag benéfico à colonização de micorrizas (que ampliam muito a ação das raízes).

O aspecto físico do Fosmag – “aglo-merado” – também foi desenvolvido no sentido de otimizar sua eficácia: elevada

Eng º Heraldo Leite Martins CREA 503237/D - Manah heral-

[email protected]

superfície específica com excelente flui-dez permite distribuição uniforme de to-dos os macros e micronutrientes (incorpo-rados aos grânulos), que as composições Fosmag envolvem, assegurando nutrição homogênea de toda a lavoura.

Finalmente, mais que essas caracte-rísticas, os benefícios em termos de pro-dutividade e rentabilidade auferidos por grande número de produtores, justificam a adoção do Fosmag – fertilizante desenvol-vido especialmente para as necessidades dos nossos solos.

E

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21Combustível

Combustível Adulterado: Não Caia Nessa

Os motoristas brasileiros passaram a conviver com um perigo potencial: o de encher o tanque de seus veículos com combustível adulterado (ou “batizado”, como é chamado popularmente). O “batismo” é feito com a adição de subs-tâncias estranhas à composição básica da gasolina, do álcool ou do diesel. Essas substâncias podem causar avarias sérias em seu carro.

Toda gasolina deve obedecer a padrões mínimos de qualidade estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Infelizmente, pessoas inescrupulosas buscam o lucro fácil com práticas que podem avariar os veículos e a saúde das pessoas, já que a adulteração pode aumentar a emissão de poluentes. As adulterações mais comuns são misturar a gasolina com solventes ou adicionar à gasolina uma porcentagem de álcool anidro acima da estabelecida por lei (atualmente, ela é de 20%). Os veículos que saem das fábricas (e os que são tra-zidos ao país por importadores oficiais) têm seus componentes mecânicos e

eletrônicos regulados e programados para trabalhar com um combustível que siga os padrões da ANP. Quando um motorista coloca no tanque uma gasolina adulterada, passa a correr o sério risco de causar danos graves ao veículo. Primeiro, porque este não está preparado para funcionar com aquele combustível. Segundo, porque muitos dos produtos utilizados na adulte-ração danificam os componentes internos do motor - principalmente os de borracha. É fácil perceber quando o combustível está fora das normas, porque o motor “reage” a uma gasolina ruim. Seu rendimento cai, há falhas no funcionamento e o consumo aumenta.

Ao queimar gasolina adulterada, o motor cria resíduos que aderem às sedes das vál-vulas de admissão e à parede da câmara de combustão. Isso causa um desgaste prema-turo dos componentes internos do motor e aumenta a emissão de poluentes. O sistema de injeção de combustível, controlado por sistema eletrônico e com peças de alta pre-cisão, também sofre desgaste excessivo.

E a bomba de gasolina, que leva o combustível do tanque para o motor, fica danificada. Isso provoca falha constante no sistema de alimentação do combustível, dificuldade na partida e até a parada total do motor. A adulteração da gasolina pode acontecer em praticamente qualquer uma das etapas de armazenamento e transporte pelas quais o produto passa antes de chegar

ao consumidor final. A ANP e companhias empreendem todos os esforços possíveis para coibir essa prática.

O consumidor pode ajudar denunciando qualquer suspeita de adulteração de com-bustível e boicotando os postos que ven-dem gasolina de procedência suspeita.

Gasolina Adulterada Pode Causar:

· Falhas no funcionamento do motor;· Instabilidade da marcha lenta;· Aumento no consumo de combustível;· “Batidas de pino” e engasgos do motor;· Travamento das válvulas;· Depósito no pistão;·Danos ao diafragma da bomba de combustível;· Diluição excessiva do óleo lubrifican-te, causando desgastes dos mancais, cilindros e anéis de pistão;· Danos à carcaça da bomba de com-bustível;· Danos às juntas, aos vedadores e com-ponentes à base de borracha;· Aumento na poluição e na periculosi-dade dos poluentes;· Prejuízo para o meio ambiente, para a coletividade e para seu bolso.

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22 Pesquisa e Ensino

Equipe Cepea/Hortifruti – O grupo integra pesquisadores, professores e alunos de graduação e pós-graduação.

O CEPEA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, é formado por um conjunto de professores, pesquisadores com pós-graduação, estagiários e profissionais de informática, comunicação e administração cientes do desenvolvimento integrado de seus projetos. Atento à realidade das propriedades rurais brasileiras, o Cepea analisa o agrone-gócio considerando o conjunto de produtos produzido nas propriedades das diferentes regiões do País.

São pesquisados continuamente mais de 23 sistemas agroindustriais, com destaque para os trabalhos sobre os mercados hortícolas, pecuários, sucroalcooleiro, cafeicultor, de grãos (soja e milho) e algodoeiro.

Através do contato diário, por telefone, com uma rede de mais 1.800 colaboradores (agentes do agronegócio), o CEPEA elabora e divulga todos os dias, a partir das 18h, os indicadores de preços ESALQ/BM&F e CE-PEA/ESALQ, amplamente utilizados tanto em negociações do físico quanto no mercado futuro.

Questões macroeconômicas do País são acompanhadas pela equipe que elabora

O Cepea trabalha para o avanço do

agronegócio

mensalmente o PIB do Agronegócio e outras estatísticas setoriais agregadas.

Empreendedorismo, fretes, economia am-biental e a área energé-tica também recebem a atenção dos pesquisa-dores do Cepea, assim como os avanços nos instrumentos de comer-cialização agrícola.

O Cepea se dedica também ao estudo de temas sociais, como saú-de, nutrição, educação e trabalho infantil, com o objetivo de investigar a evolução dos padrões de qualidade de vida no meio rural e na sociedade em geral.

Especificamente no setor hortícola, o centro divulga suas informações através do seu site, congressos, palestras e pela mais recente publicação do centro: a Revista Hortifruti Brasil. Com um visualização e linguagem de fácil entendimento, o objetivo da revista é subsidiar os produtores na tomada de decisão na comercialização dos produtos hortícolas.

Além da revista Hortifruti Brasil, a divulga-ção de análises e outras informações elabora-das pelo Cepea ocorre continuamente através de informativos semanais e mensais, por meio de seu próprio site e também através de inserções diárias nos veículos de informações on line Agrocast (Grupo Estado) e Bloomberg

Diariamente, o Cepea consulta produ-tores, beneficiadores e atacadistas para acompanhar os preços de negociação em cada um desses segmentos. As principais variedades pesquisadas são a Monalisa, a Bintje, a Achat, a Asterix, a Mondial e a Ágata. A partir de ligações telefônicas, efetuadas por uma equipe especializada, são levantados preços e informações de mercado e posteriormente realizado ava-liações estatísticas e análises contextuali-zadas das informações levantadas.

O número de dados varia conforme a época da safra de cada região, tendo em vista a sazonalidade regional da produção no decorrer do ano. Dessa maneira, a safra das águas é a que reúne o maior número de colaboradores ativos, enquanto na sa-fra de inverno, o número de informantes potenciais é reduzido em até 50%.

Veja as praças pesquisadas pelo Ce-pea:

• Itapetininga/SP• Vargem Grande do Sul/SP• Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba/

MG• Conselheiro Lafaiete/MG• Guarapuava/PR

Mauro Osaki Margarete BoteonEveline Zerio

Margarete Boteonhttp://cepea.esalq.usp.br

Pesquisas econômicas no mercado da batata

• Ponta Grossa/PR• São Mateus do Sul/PR• Curitiba/PR• Brasília/DFO projeto Cepea vem formando uma co-

munidade que interage e forma o mercado da batata. Como reconhecimento a esse trabalho, a equipe recebe continuamente novas solicitações de agentes querendo in-tegrar a rede de colaboradores. Todos esses conversam periodicamente com o Cepea. Todas as informações são disponibilizadas mensalmente na revista Hortifruti Brasil. Os produtores podem receber gratuitamente a revista entrando em contato com o Cepea (Caixa Postal 132 – 13400-970 – Piracicaba -SP) ou através do site da instituição (http://cepea.esalq.usp.br). Os demais profissionais a revista está disponibilizada na versão

eletrônica, os interessados podem se cadastrar através do endereço eletrônico: [email protected]

Todas as edições da HORTIFRUTI BRASIL encontram-se no site do Cepea (http://cepea.esalq.usp.br). O Centro também disponibiliza na sua página informações cotações de outros setores produtivos. Diariamente, a partir das 18h30, o Centro divulga cotações das principais commodities agrícolas.

A Hortifruti Brasil publicou nas últimas edições os principais temas econômicos relacionados com o setor hortícola. A sua distribuição é gratuita a todos os produtores.

(agência internacional de notícias). As infor-mações e análises de pesquisadores Cepea são divulgadas ainda em reportagens jornalísticas de órgãos de comunicação especializados que freqüentemente o procuram como fonte.

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23Estatísticas

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24 Batata Semente

Viajando pelo Brasil, visitando produtores nas mais diversas regiões, do Rio Grande do Sul à Bahia, o assunto mais comentado ulti-mamente em todos os lugares e o que desperta mais curiosidade é o da proteção de cultivares de batata. E o que noto sempre é que se fala muito do assunto, mas pouco se sabe realmen-te sobre a legislação brasileira em vigor e sua aplicação prática. Vamos então tentar aqui, na medida do possível, neste espaço gentilmente oferecido pela ABBA, esclarecer algumas das principais dúvidas que persistem entre os produtores brasileiros.PORQUE PRECISAMOS PROTEGER CULTIVARES

A Lei que institui a Proteção de Cultivares no Brasil é a de número 9.456, datada de 25 de Abril de 1997, e regulamentada pelo De-creto número 2.366 de 05 de Novembro do mesmo ano. Foi somente com a adoção desta Lei que o Brasil foi aceito como membro pleno da UPOV (União pela Proteção dos Organismos Vegetais), entidade que discipli-na e regulamenta a proteção de cultivares a nível internacional no âmbito da Organização Mundial do Comércio e também dos organis-mos vinculados à Agricultura e Alimentação da ONU (Organização das Nações Unidas), como a FAO.

Tornar-se membro pleno da UPOV permitiu ao Brasil dar dois passos importantíssimos para o futuro de sua agricultura. O primeiro foi o de possibilitar finalmente a proteção internacional de variedades aqui criadas e desenvolvidas por empresas e institutos de pesquisa genuinamente brasileiros, notada-mente nas áreas de soja, café, frutas e cana-de-açúcar, nas quais dispomos de tecnologia bastante avançada. Isto porque uma norma básica das relações internacionais é o princípio da reciprocidade: somente poderíamos solici-tar proteção internacional de variedades aqui criadas se também oferecêssemos às empresas e institutos de outros países a possibilidade de, da mesma forma, obterem proteção para suas variedades no mercado brasileiro. Com a proteção internacional de algumas de suas variedades abre-se ao Brasil a possibilidade de exportar não só produtos agrícolas in natura como também a tecnologia para produzi-los naquelas áreas e culturas em que somos com-petentes e competitivos.

O segundo ponto importante nesta adesão do Brasil a UPOV foi o de sinalizar aos demais países, principalmente àqueles que usualmente nos exportavam produtos e tecno-logias agrícolas, de que os tempos da pirataria consentida em nosso país estavam acabando. A

“pirataria” consiste na produção e no uso local de variedades e/ou tecnologias desenvolvidas em outros países sem o pagamento de nenhum “royalty” ou o reconhecimento de qualquer direito àquela variedade ou tecnologia ao seu criador/obtentor/desenvolvedor. Esta política, que no caso da batata chegou a ser incentivada oficialmente desde o final da década de 70 até os primeiros anos da década de 90, estava levando o Brasil a um isolamento crescente no mercado agrícola internacional, e seu efeito mais perverso era restringir drasticamente o acesso dos produtores brasileiros às novas e promissoras variedades que eram desenvolvi-das em outros países.

Este processo é bem fácil de explicar e entender: o custo envolvido na pesquisa e desenvolvimento de novas variedades de batata supera a casa das dezenas de milhões de dólares ao longo de no mínimo dez anos. É um trabalho duro e meticuloso, envolvendo desde o cruzamento inicial a diversas fases de seleção dos clones gerados por este cruzamen-to ao longo dos anos, tendo em conta sempre os critérios de produtividade, resistência a doenças e pragas, aptidão de uso, apresentação comercial, adaptação a diferentes condições de solo e clima, entre outros fatores. E é, note-se bem, um investimento totalmente incerto, pois ao final deste trabalho pode-se não chegar a nenhuma variedade que valha a pena, o que é bastante freqüente por sinal.

Pois esta variedade obtida ao final tem real-mente que valer muito a pena porque depois de oficialmente identificada e registrada vem então a segunda fase do processo, tão difícil, trabalhosa, incerta e cara quanto a primeira: é a hora dos ensaios oficiais e privados de intro-dução da variedade nos mais diversos países e regiões, distribuição de amostras, dias de campo, testes comerciais em centros de distri-buição, investimento em propaganda e divul-gação. Isto exige mais uma grande inversão de capital e outros cinco a dez anos de trabalho, sem nada que garanta que este investimento será frutífero, por melhor que ele tenha sido realizado, tantos são os fatores envolvidos no sucesso de uma nova variedade em um mercado exigente e peculiar como o brasilei-ro. Então quando uma variedade finalmente conquistava seu espaço no mercado, algumas empresas e produtores locais pegavam carona no investimento e no trabalho alheios e passa-vam a produzir sementes localmente a partir do processo de meristema e mini-tubérculos, sem o reconhecimento de qualquer direito ao criador/obtentor e ao introdutor desta varieda-de. Em face desta situação, a reação natural

das empresas e institutos de pesquisa ao verem seus investimentos e esforços tecnológicos frustrados foi e será sempre, em qualquer época, local ou situação, a de simplesmente restringir ao máximo a introdução de novas variedades de batata naqueles mercados onde impere este tipo de “Lei de Gérson” comercial, onde algumas pessoas, sob as mais diversas alegações, tirem vantagens indevidas sobre o direito alheio. Como foi o nosso caso por uma boa época. E assim isolamo-nos por quase quinze anos. Até 1997.

Com a promulgação da Lei de Proteção de Cultivares esta cultura “vampiresca” de mercado teve seus dias contados. Não só as empresas e institutos de pesquisas estrangeiros passaram a sentir-se seguros para investir em nosso mercado como também se abriu uma enorme possibilidade de nós mesmos, bra-sileiros, investirmos na criação e introdução de nossas próprias variedades, seguros de que essa possa vir a ser uma ótima oportunidade de negócios e de que nossos direitos no futuro serão respeitados.

A NOSSA LEIA Lei 9.456 de Proteção de Cultivares es-

tabelece os padrões e critérios básicos para a identificação de um cultivar vegetal, a solici-tação de sua Proteção no Brasil, e os direitos e deveres inerentes à outorga do Certificado de Proteção, de acordo com o Protocolo da UPOV endossado pelo Brasil. Define-se aí o que é novo cultivar, o que é cultivar essen-cialmente derivada, como distinguir entre si as diferentes variedades, e quando se pode pedir sua Proteção. A Lei brasileira, a exem-plo do Chile e alguns outros países, somente admitem a Proteção de cultivares que tenham tido sua primeira comercialização interna ou externamente há no máximo quatro anos anteriores à data do seu pedido. Assim todas as variedades já existentes no mercado antes deste período de quatro anos não seriam e não serão passíveis de Proteção. Isso explica porque as principais variedades de batata presentes em nosso mercado não alcançaram Proteção – pois já eram todas muito antigas conforme explicamos há pouco – embora boa parte delas ainda seja Protegida em seus países de origem, a exemplo da Monalisa, Ágata e Asterix. A Proteção de um cultivar no Brasil se estende pelo período de quinze anos a contar da data de sua concessão, enquanto em outros países esse período chega a ser o dobro do nosso.

Mas o que é “a tal da Proteção” afinal? Em seu Artigo 8º a Lei diz que “a proteção do cultivar recairá sobre o material de reprodução ou multiplicação vegetativa da planta inteira”. E logo a seguir, em seu Artigo 9º, diz que “a proteção assegura a seu titular o direito à reprodução comercial no território brasileiro, ficando vedado a terceiros durante o prazo de proteção, a produção com fins comerciais, o oferecimento à venda ou a comercialização do material de propagação do cultivar, sem sua autorização” (Grifo Nosso). O que quer dizer, no caso da batata, que somente poderão ser comercializadas sementes de qualquer classe de uma variedade protegida desde que o vendedor tenha sido devidamente autorizado

Proteção de Cultivares Tudo que você sempre quis saber,mas nunca teve chance de perguntarAlexandre Andreatta [email protected] Exclusivo no Brasil de HZPC Holland BV, empresa líder mundial em sementes de batata.

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25Batata Sementepelo proprietário da variedade.CONTRATOS DE LICENCIAMENTO

Esta autorização se dá através dos Contratos de Licenciamento de Variedade Protegida, por meio dos quais as empresas obtentoras e pro-prietárias das variedades permitem que alguns produtores interessados ou escolhidos possam produzir material de reprodução de suas va-riedades. Estes Contratos definem os direitos e obrigações de cada partem e são específicos para cada variedade. Posteriormente à assi-natura do Contrato as empresas proprietárias estarão emitindo a cada produtor licenciado a respectiva “Autorização para Multiplicação de Variedade Protegida”, sem a qual as entidades certificadoras estaduais não aceitarão o regis-tro dos campos de produção. Cada empresa tem seu próprio padrão e maneira de operar, mas no geral estes contratos seguem rigoro-samente um padrão internacional adotado na maior parte dos países membros da UPOV. É importante ressaltar que um produtor que esteja produzindo material de multiplicação de uma variedade protegida sem estar ampa-rado em um Contrato de Licenciamento (ou um de Sub-Licenciamento como veremos a seguir) com o proprietário da variedade estará trabalhando ilegalmente e aos olhos da Lei brasileira estará cometendo um crime, sujeito a diversas penalidades como também estaremos esclarecendo mais adiante.

Uma questão que suscita muitas dúvidas nestes Contratos de Licenciamento é o tema do “Sub-Licenciamento”. Muitos produtores não entendem esse mecanismo, que na verdade é bastante simples. A empresa X, por exemplo, licencia a variedade Y para o produtor A. Este recebe da empresa material de propagação da variedade e a multiplica em sua propriedade. A seguir este produtor A vende ou cede uma parte de sua produção ao seu vizinho ou amigo, o produtor B, que se interessou pela variedade e também gostaria de multiplicá-la. Para que o produtor B esteja então legalmente amparado em sua produção ou quando da venda de sua colheita ele também necessita de um Contrato de Licenciamento daquela variedade Y. Como seu contato não foi direto com a empresa proprietária da variedade, nem recebeu o material original de propagação diretamente da empresa como o produtor A, ele poderá e deverá estabelecer um “Contrato de Sub-Licenciamento” com o produtor A, nos mesmos termos e condições iniciais do Contrato deste com a empresa proprietária, pelo qual este lhe transfere todos os direitos e deveres do Contrato original. Já o produtor A passa a ser o responsável perante a empresa proprietária da variedade também pelo produ-tor B, “Sub-Licenciado”, inclusive na questão do pagamento dos “royalties” devidos, que serão recolhidos no total, A+B, pelo produtor A. Este é um procedimento bastante comum no caso de Licenciamento de Cooperativas ou Associações de Produtores, quando a Co-operativa ou Associação é o produtor A e seus cooperados ou associados são os produtores B deste exemplo.ROYALTIES

O “royalty” (uma boa tradução talvez fosse “direito de uso”) é uma taxa anual previamente

estabelecida no Contrato de Licenciamento a ser paga ao proprietário da variedade de acordo com a quantidade de sementes comercializada. Ela varia bastante de empresa para empresa, de variedade a variedade, mas pode-se dizer que esta variação vai de um mínimo de US$ 20,00 por tonelada ao máximo de US$ 50,00 por tonelada. Esse valor varia conforme a política de introdução de variedades e atuação de cada empresa no Brasil, e varia também é claro conforme a qualidade e o potencial de mercado de cada variedade. Parece caro, mas não é, absolutamente, considerando-se o volume de capital e trabalho investidos em uma variedade de sucesso. Parece certo que uma tendência muito forte ao futuro é a de que estes Contratos de Licenciamento tornem-se uma espécie de “Franquias” de variedades, com as empresas proprietárias selecionando cuidadosamente, e em condições diversas das atuais, os produtores que serão seus “par-ceiros” na introdução e exploração de novas variedades no mercado.USO PRÓPRIO E MINI-TUBÉRCULOS

Nossa Lei de Proteção em seu Artigo 10º, seguindo o padrão da UPOV, diz que “Não fere o direito de propriedade sobre a cultivar protegida aquele que reserva e planta sementes para uso próprio, em seu estabelecimento ou em estabelecimento de terceiros cuja posse detenha”. Parafraseando o Arnaldo César Coelho, neste ponto a Lei é bem clara: toda multiplicação de sementes para uso próprio, que não seja comercializada, não fere a pro-teção e, portanto está isenta do pagamento de royalties. Pagam-se royalties apenas sobre o que é comercializado como material de pro-pagação, ou sejam, sementes.

Um produtor, por exemplo, que tenha re-cebido da empresa proprietária da variedade protegida 10 toneladas de material básico para multiplicação e que destas 10 toneladas tenha colhido 90 toneladas de material de primeira multiplicação. Se destas 90 toneladas ele guardar para si 40 toneladas para multi-plicações posteriores e vender 50 toneladas como sementes a outros produtores, ele terá de pagar os royalties incidentes apenas sobre estas 50 toneladas vendidas e não sobre o total de 90 toneladas produzidas. As 40 toneladas que ele guardou para si para multiplicação posterior são isentas de royalties. E assim sucessivamente em cada etapa do processo de multiplicação.

Já a produção de mini-tubérculos de varie-dades protegidas, mesmo que sejam para mo-tivo alegado de “uso próprio”, dependem de autorização especial e adicional dos proprie-tários das variedades e jamais estarão isentos do pagamento dos royalties, que neste caso é feito em base unitária. Há um valor fixado para cada mini-tubérculo produzido. É importante ressaltar aqui que mesmo um produtor que já tenha celebrado um Contrato de Licenciamen-to com uma empresa proprietária de variedade protegida e passe a produzir mini-tubérculos sem antes obter esta autorização especial e adicional, estará automaticamente infringindo o seu Contrato, sujeitando-se a busca, apreen-são, multa e processo criminal como se não tivesse contrato algum.

Que se saiba não há ainda nenhum produtor ou empresa brasileira autorizados a produzir mini-tubérculos de variedades protegidas, então se lhe oferecerem este tipo de sementes saiba desde já que você estará sendo cúmplice de um crime.

É provável que em breve haverão produto-res ou empresas autorizados a fazê-lo, dentro daquele quadro anteriormente descrito como uma tendência ao futuro de franquearem-se variedades, e, nesse quadro, a produção local de mini-tubérculos sob contrato com a em-presa proprietária da variedade alavancaria bastante a introdução de novas variedades. VANTAGENS

E qual a vantagem que um produtor bra-sileiro de batatas terá ao usar uma variedade protegida?

Bem, em primeiro lugar, deve-se considerar que daqui as diante somente variedades de batata protegidas, sejam elas nacionais ou estrangeiras, serão introduzidas no mercado brasileiro. Ninguém mais investirá em varie-dades que não sejam passíveis de proteção. Assim, os produtores que as cultivarem terão que necessariamente adaptar-se às normas de proteção. Não como regra, mas em geral as novas variedades a serem introduzidas pode-rão ser mais resistentes a doenças e viroses, mais produtivas, mais uniformes, de melhor apresentação e aceitação de mercado ou de melhor padrão culinário, o que pode resultar em menores custos de produção e maiores rentabilidades. A restrição do uso das varie-dades protegidas é outra vantagem àqueles que as licenciam, já que dificilmente haverá um excesso de oferta desta variedade ao mercado consumidor devido à possibilidade de planejamento da produção que a proteção propicia.

Da mesma forma, caso haja algum cresci-mento do processamento industrial de batatas no Brasil, já é uma tendência mundial o desejo das principais indústrias processadoras de trabalharem com variedades protegidas em sistema de exclusividade, garantindo assim um maior controle de produção e de qualidade à sua matéria-prima.Outra tendência já consolidada no mercado europeu mais desenvolvido (Inglaterra, Fran-ça, Holanda, por exemplo) é a de cadeias de supermercados oferecerem aos consumidores variedades de batata exclusivas, isto é, deter-minada variedade só é encontrada naquela determinada cadeia de supermercados. Vai demorar, mas com certeza esta situação tem grandes possibilidades de vir a ser implantada também no Brasil. Além disso, no mercado europeu, as variedades protegidas chegam em alguns casos a ter um preço final de venda até 30% superior ao das velhas variedades – o que, numa via de mão dupla, fez com que o cultivo destas velhas variedades livres passasse a ser feito quase que tão somente por aqueles produtores menos estruturados e organizados, de estrutura mais precária e artesanal, e logi-camente com resultados econômico-financeiro bem menores.“DAS SANÇÕES”

Está no Artigo 37º da Lei de Proteção de Cultivares:

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26 Batata Semente“Aquele que vender, oferecer à venda,

reproduzir, importar, exportar, bem como embalar ou armazenar para esses fins, ou ceder a qualquer título material de propagação de cultivar protegido, com denominação correta ou com outra, sem autorização do titular, fica obrigado a indenizá-lo, em valores a serem determinados em regulamento, além de ter o material apreendido, assim como pagará multa equivalente a vinte por cento do valor comercial do material apreendido, incorrendo ainda em crime de violação aos direitos do melhorista, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis”.

Pois é, a brincadeira está acabando. Daqui por diante ou trabalhamos de maneira séria e profissional ou ficamos expostos às sanções da Lei: Busca e Apreensão do material (ampara-das ambas em fiscais do Ministério da Agricul-tura e estes, se necessário, em força policial); Multa; Indenização; e o pior, estar sujeito a Processo Criminal. Piratear uma variedade não se enquadra como processo civil, comer-cial, mas sim como processo criminal. Não corra mais esse risco, regularize sua situação; é fácil e barato. Imagine a vergonha para um produtor rural sério e honesto, ou um técnico agrícola, um cientista, sofrer batida policial em sua fazenda ou laboratório? Responder a processo criminal por roubo (de propriedade intelectual) como um reles pirateador de CDs? Nossa Lei de Proteção é séria, muito bem feita e será corretamente aplicada, eu não tenho a menor dúvida disto, pois os tempos da impunidade estão se acabando neste país.

Dá para imaginar como a diretoria de uma universidade se explicaria a seus alunos pilha-dos em flagrante de violação de propriedade intelectuais? Uma Universidade seria digna desse nome desrespeitando aquilo que ela mais deveria respeitar? Seria na verdade muito ridí-culo e triste que ocorresse um flagrante assim. Dá para imaginar como os diretores de uma cooperativa tradicional explicariam a seus produtores cooperados que aquelas sementes que eram um dos principais motivos de seu orgulho lhes acarretaram uma vergonha e uma dor de cabeça enorme? Assim como é possível que isto aconteça, muito mais digno e sábio é evitar que isso venha a acontecer.SNPC

O SNPC (Serviço Nacional de Proteção de Cultivares) é o órgão criado no âmbito do Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento para normatizar, regulamentar, registrar e organizar todas as atividades relacionadas à proteção de cultivares no país. Uma tarefa imensa considerando o tamanho e a pujança da agricultura brasileira. Seu primeiro Diretor-Geral praticamente um “fundador” foi o Dr. Manoel Olímpio Vasconcelos Neto, que tomou a si a dificílima tarefa de arrebanhar e formar a equipe inicial de técnicos incumbidos de lançar as bases de uma estrutura tanto física quanto legal, partindo praticamente do zero, de uma matéria tão específica e complexa, e ao mesmo tempo tão urgente e necessária ao país.

A equipe do SNPC hoje, cinco anos depois, já maior e mais experiente – e sem dúvida ali

estão alguns dos quadros mais qualificados do Ministério da Agricultura – é dirigida competentemente pela Dra. Ariette Duarte Folle, com plenas condições para crescer junto com a moderna agricultura brasileira e impulsionar o país.

Cabe frisar que o SNPC não tem função fiscalizadora. Como já dito no início o SNPC normatiza e regula a proteção de cultivares no Brasil cabendo a fiscalização do cumpri-mento da Proteção concedida pelo SNPC a outros órgãos fiscalizadores do Ministério da Agricultura.VARIEDADES PROTEGIDAS

Já falamos tanto delas e ainda não demos o nome a nenhum boi. Está na hora. Já são 22 as variedades de batata protegidas no Brasil, sendo 15 holandesas, 4 francesas, 2 brasilei-ras e 1 alemã. Algumas já estão disponíveis no mercado enquanto outras ainda aguardam decisão de seus proprietários. A lista completa com todos os dados você pode encontrar na página do SNPC na internet : http://www.agricultura.gov.br/snpc/listagens

São elas por ordem alfabética: Almera, Amorosa, Armada, BRS Eliza, BRS Pérola, Caesar, Cherie, Cicero, Daisy, Fabula, Fon-tane, Innovator, Juliette, Konsul, Maranca, Markies, Penelope, Sinora, Tresor, Velox, Victoria e Vivaldi.

Page 27: Brasil há 65 anos - abbabatatabrasileira.com.bralimentício, de construção, decoração, entre outros. Atualmente, emprega mais de 1,2 mil pessoas. Suas unidades industriais ficam

27Restaurante“Aquele que vender, oferecer à venda,

reproduzir, importar, exportar, bem como embalar ou armazenar para esses fins, ou ceder a qualquer título material de propagação de cultivar protegido, com denominação correta ou com outra, sem autorização do titular, fica obrigado a indenizá-lo, em valores a serem determinados em regulamento, além de ter o material apreendido, assim como pagará multa equivalente a vinte por cento do valor comercial do material apreendido, incorrendo ainda em crime de violação aos direitos do melhorista, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis”.

Pois é, a brincadeira está acabando. Daqui por diante ou trabalhamos de maneira séria e profissional ou ficamos expostos às sanções da Lei: Busca e Apreensão do material (ampara-das ambas em fiscais do Ministério da Agricul-tura e estes, se necessário, em força policial); Multa; Indenização; e o pior, estar sujeito a Processo Criminal. Piratear uma variedade não se enquadra como processo civil, comer-cial, mas sim como processo criminal. Não corra mais esse risco, regularize sua situação; é fácil e barato. Imagine a vergonha para um produtor rural sério e honesto, ou um técnico agrícola, um cientista, sofrer batida policial em sua fazenda ou laboratório? Responder a processo criminal por roubo (de propriedade intelectual) como um reles pirateador de CDs? Nossa Lei de Proteção é séria, muito bem feita e será corretamente aplicada, eu não tenho a menor dúvida disto, pois os tempos da impunidade estão se acabando neste país.

Dá para imaginar como a diretoria de uma universidade se explicaria a seus alunos pilha-dos em flagrante de violação de propriedade intelectuais? Uma Universidade seria digna desse nome desrespeitando aquilo que ela mais deveria respeitar? Seria na verdade muito ridí-culo e triste que ocorresse um flagrante assim. Dá para imaginar como os diretores de uma cooperativa tradicional explicariam a seus produtores cooperados que aquelas sementes que eram um dos principais motivos de seu orgulho lhes acarretaram uma vergonha e uma dor de cabeça enorme? Assim como é possível que isto aconteça, muito mais digno e sábio é evitar que isso venha a acontecer.SNPC

O SNPC (Serviço Nacional de Proteção de Cultivares) é o órgão criado no âmbito do Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento para normatizar, regulamentar, registrar e organizar todas as atividades relacionadas à proteção de cultivares no país. Uma tarefa imensa considerando o tamanho e a pujança da agricultura brasileira. Seu primeiro Diretor-Geral praticamente um “fundador” foi o Dr. Manoel Olímpio Vasconcelos Neto, que tomou a si a dificílima tarefa de arrebanhar e formar a equipe inicial de técnicos incumbidos de lançar as bases de uma estrutura tanto física quanto legal, partindo praticamente do zero, de uma matéria tão específica e complexa, e ao mesmo tempo tão urgente e necessária ao país.

A equipe do SNPC hoje, cinco anos depois, já maior e mais experiente – e sem dúvida ali

estão alguns dos quadros mais qualificados do Ministério da Agricultura – é dirigida competentemente pela Dra. Ariette Duarte Folle, com plenas condições para crescer junto com a moderna agricultura brasileira e impulsionar o país.

Cabe frisar que o SNPC não tem função fiscalizadora. Como já dito no início o SNPC normatiza e regula a proteção de cultivares no Brasil cabendo a fiscalização do cumpri-mento da Proteção concedida pelo SNPC a outros órgãos fiscalizadores do Ministério da Agricultura.VARIEDADES PROTEGIDAS

Já falamos tanto delas e ainda não demos o nome a nenhum boi. Está na hora. Já são 22 as variedades de batata protegidas no Brasil, sendo 15 holandesas, 4 francesas, 2 brasilei-ras e 1 alemã. Algumas já estão disponíveis no mercado enquanto outras ainda aguardam decisão de seus proprietários. A lista completa com todos os dados você pode encontrar na página do SNPC na internet : http://www.agricultura.gov.br/snpc/listagens

São elas por ordem alfabética: Almera, Amorosa, Armada, BRS Eliza, BRS Pérola, Caesar, Cherie, Cicero, Daisy, Fabula, Fon-tane, Innovator, Juliette, Konsul, Maranca, Markies, Penelope, Sinora, Tresor, Velox, Victoria e Vivaldi.

EMPÓRIO DA BATATA INOVA MERCADOLuciana Carnevale (MTb 26.609)

Nasceu em Piracicaba/SP, um novo conceito na área de alimentação. Es-pecializado em batatas, o Empório da Batata funciona na cidade desde março de 2000. A batata, o quarto produto mais consumido em todo o mundo, ganhou um lugar todo especial neste restaurante. Engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), Renato Bueloni trabalhou durante muitos anos na área de defensivos agrícolas da Ciba Geigy Química e No-vartis, tendo ocupado a função de diretor comercial. Esta experiência proporcionou-lhe muitas viagens a trabalho, sendo comum

almoçar e jantar em diversos restaurantes nos mais diferentes locais. Iniciando a busca de um novo espaço em sua carreira, decidiu sentar-se do outro lado da mesa. Conhece-dor e habituado a um acirrado mercado com-petitivo, estudou diversas alternativas com objetivo de criar algo diferenciado. Surgiu, assim, a opção pela batata, um produto muito consumido, porém, pouco explorado em um único lugar. Existem inúmeros pontos onde

é possível consumir batatas nas versões fritas e assadas, por exemplo, mas, segundo Renato Bueloni, “havia um espaço grande a ser preen-chido”. Este espaço, explica, deveria apresentar as batatas nos mais variados formatos, além de chegar à mesa com muita qualidade. Definido o produto, partiu-se, em primei-ro lugar, à definição do nome do restaurante. Sendo a batata originária da América do Sul e como brasileiros, de-

finiu-se um nome apropriado a estas condições: Empório da Ba-tata. O processo de definição de cardápio foi relativamente longo e trabalhoso. Foi realizada uma pesquisa de mercado junto a poten-ciais clientes.

Foram oferecidas entregas em domicílio e almoços, tendo atingido a marca de 700 pessoas servidas. O “preço” era preencher um formulário com perguntas pertinentes ao sabor, qualidade e mistura de ingredientes. Tabulada a pesquisa pode-se definir o cardápio. Esta etapa contribuiu

decisivamente para a obtenção de um alto padrão de qualidade dos produtos. Inclusive contribuiu também para a inauguração, pois, sem nenhum investimento em propaganda e publicidade, o retorno foi considerado como muito acima das expectativas em termos de público. Muito bem ancorado por sua esposa Eliana e pela responsável pela cozinha, Nelys Montebelo, o cardápio nasceu já com diversos cortes de batatas

fritas, destacando-se o alfabeto de batatas (alfatatas), além de batatas com casca, noi-settes, entre outros itens. A linha estende-se pelo nhoque, o carro-chefe da casa. São servidos ao sugo (com utilização de tomates, num molho 100% natural), à bolonhesa, com rúcula ao sugo com manjericão, com almôndegas e brachola. Capítulo especial, sendo dos mais consumidos, são os nhocões recheados com frango e catupiry (legíti-mo), presunto e catupiry, ricota e nozes. O destaque diz respeito aos pratos. Todos são feitos no ato do pedido, de maneira artesanal. Na seqüência, há uma grande variedade de tortas (camarão, bacalhau e calabresa). Vale lembrar as la-sanhas de batata (com presunto com creme de brócolis). Os pães e roscas produzidos pelo restaurante são artesanais, sendo uma verdadeira prova de qualidade.

As batatas assadas recheadas, di-ferentemente das oferecidas nas tra-dic ionais casas de fas t - food, são trabalhadas, tendo duas camadas de recheio. Gratinadas, as batatas chegam à mesa bem quente. A batata de carne seca com catupiry é de encher a boca.

Até na sobremesa tem batata. A Delícia do Empório, por exemplo, é feita com purê de batata doce e sorvete de creme. Muitos pratos novos estão sendo testados e desenvolvidos para que possam compor o cardápio. Com o conhecimento adqui-rido após dois anos, o Empório da Batata está aberto a parcerias, podendo ser uma e x c e l e n t e o p ç ã o d e n e g ó c i o s . A batata, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, não engor-da e nem prejudica a dieta, desde que consumida de forma adequada.

Ela auxilia na redução do coleste-rol, além de não conter gordura, ser rica em ferro, potássio, fibras e fonte potencial de vitamina C. E então? Que tal comermos batata?

O Empório da Batata está localizado na Rua Alferes José Caetano, nº 687, no centro de Piracicaba.

Contatos podem ser feitos pelo telefone/fax: (19) 3422-4488 ou pelo email: [email protected]

Fachada do Restaurante

Eliana e Renato Bueloni, proprietários

Ambiente Interno com destaque ao fundo para o painel de batatas

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28 Legislação

Questões Trabalhistas Rurais Antenor Pelegrino*[email protected]

“O patrão também tem direitos trabalhistas”

Grande parte dos problemas trabalhistas deste país deve-se à falta de esclarecimentos quanto à correta aplicação nas normas vigentes. Muitas vezes o empregador acaba condenado pela Justiça do Trabalho, não porque é um mau patrão, mas por desconhecer os direitos trabalhistas do patrão.

Com o lançamento desta seção, a partir desta edição, vou prestar orientações trabalhistas rurais aos associados da ABBA (Associação Brasileira da Batata), respondendo às indaga-ções dos senhores associados.

Tenho como meta, prestar a melhor orien-tação possível aos empregadores, para que possam observar, nos estritos termos da lei, os direitos dos trabalhadores, afastando assim, os riscos de reclamações trabalhistas, contribuin-do para melhorar as relações entre patrões e empregados do campo.

Direitos do Patrão RuralNos milhares de cursos e palestras que tenho

ministrado em todo o território nacional há 20 anos, tenho dito aos empregadores, que os primeiros direitos do patrão, estão exatamente no ato admissional, em especial, saber quem está admitindo, quem está levando para sua propriedade rural.

É direito do patrão buscar informações sobre o candidato ao emprego, tais como: de onde veio, porque saiu do emprego anterior, o que fazia, quanto tempo trabalhou, enfim, buscar todas as informações, porém de maneira con-fidencial. Note bem: o trabalhador não pode sofrer prejuízos de ordem moral, razão porque, tudo deve ser feito no mais absoluto sigilo.

O exame médico admissional, além de obri-gatório (por lei), se constitui em uma garantia para o empregador, evitando a contratação de trabalhadores com problemas, cujos serviços que deverão ser executados ou ambiente de tra-balho possam lhes acarretar maiores problemas de saúde. O médico do trabalho a ser contratado para realização do exame admissional, deve conhecer sobre as atividades rurais, em especial sobre os serviços e ambiente de trabalho, para uma avaliação cuidadosa quanto a estar apto ou não para aquele trabalho.

Declarando o médico que o candidato está apto para o trabalho, antes de iniciar, o novo empregado deve providenciar todos os docu-mentos, desde a fotografia para ser colada no livro ou ficha de registro de empregados, até mesmo aos documentos dos filhos menores, para efeitos de pagamento de salário-família.

Importante: antes de devolver os documentos ao empregado, providenciar xérox de todos, inclusive das páginas da carteira de trabalho.

Cuidados ContratuaisEstando em ordem toda a documentação ne-

cessária para o registro, os próximos cuidados estão relacionados ao instrumento contratual, as condições que deverão estar inseridas do contrato, a modalidade de contrato.

Os direitos do patrão deverão ser observados no instrumento contratual, pois as cláusulas ali inseridas, desde que não sejam contrárias à lei, terão pleno valor, devendo ser respeitadas pelo empregado.

Experiência: mesmo sendo o contrato de tra-balho de prazo indeterminado, é recomendável estabelecer o prazo experimental, que pode ser de até 90 (noventa) dias. Sendo feito em prazo inferior a noventa dias, o empregador pode promover uma prorrogação apenas.

A grande importância do Contrato de Expe-riência, é que durante o prazo experimental, o empregado não adquire direito à chamada estabilidade provisória, isto é, mesmo em caso de acidente de trabalho, o empregado não tem direito à garantia de emprego.

Nas perguntas dos senhores associados, para as próximas edições, estarei esclarecendo sobre detalhes dos contratos de trabalho, especial-mente de experiência.

Função: contratado para uma determinada função poderá o empregador inserir no contrato uma cláusula em que o empregado, desde a data da admissão, concorda em exercer outras funções ou executar outros serviços, compa-tíveis com suas condições pessoais, durante a vigência do contrato. Isso para evitar, no dia de amanhã, que o empregado se oponha a executar os serviços determinados pelo empregador.

Auxílio de familiares: para evitar que em-pregado no dia de amanhã, quando despedido, procure a Justiça do Trabalho e apresente Re-clamação Trabalhista, alegando que sua esposa, filhos e demais parentes também trabalhavam na propriedade, é recomendável inserir uma cláusula contratual em que o empregado não poderá chamar terceiros para auxilia-lo, salvo se contratado (por escrito) pelo empregador. Este assunto será melhor esclarecido nas próximas edições, dada a importância de tal previsão contratual.

Prejuízos: quando o empregado causa um prejuízo ao empregador, este somente pode descontar o valor correspondente ao dano causado, caso ficar provado o dolo, isto é, que o empregado teve a intenção em causar o pre-juízo. Para evitar isso e poder descontar o valor referente ao dano causado por imprudência, negligência ou imperícia, o empregador deve inserir no contrato de trabalho uma cláusula prevendo tal condição.

Transferência: De acordo com a legislação vigente, o empregado não pode ser transferido para localidade diversa daquela em que fora ce-lebrado o contrato de trabalho, salvo com a sua anuência, em caso de cargo de confiança, dentre outros casos previstos em lei. Para que isso não aconteça, já no ato admissional, na elaboração do contrato de trabalho, inserir uma cláusula em que o empregado, desde aquele momento, concorda em ser transferido para quaisquer lo-calidades (regional, estadual e nacional), onde o empregador tenha propriedade agrícola.

Regulamento Interno dos EmpregadosAlém dos cuidados na elaboração do contrato

de trabalho, cujas “dicas” e orientações ainda não se esgotaram, o empregador deve adotar em sua propriedade rural o REGULAMENTO INTERNO DOS EMPREGADOS, diria em outras palavras “as regras internas”.

É através do Regulamento Interno que o em-pregado toma conhecimento dos seus deveres, direito do que lhe é proibido na propriedade rural, enfim, tudo aquilo que o empregador colocou como regra em seu estabelecimento. Com a introdução do Regulamento Interno, o empregador dispõe de ferramentas que permitam estabelecer uma melhor disciplina não só no local de trabalho, como também, na propriedade.

Implantado o Regulamento Interno e sendo os empregados bem orientados quanto à sua aplicabilidade, não só melhora a disciplina, como o relacionamento entre os próprios colegas de trabalho, o que é de fundamental importância.

O empregado ao ser admitido, no ato da assinatura do contrato de trabalho deve receber a cópia do Regulamento Interno, mediante re-cibo próprio, onde deverá declarar que está de acordo com as normas ali inseridas, sob pena de sofrer as sanções previstas pelo próprio regulamento.

No contrato de trabalho deverá haver uma cláusula que estabeleça que: o regulamento interno será parte integrante do contrato de trabalho. Assim previsto em contrato, todos os artigos do regulamento serão tidos como complemento daquele.

Com o Regulamento Interno dos Emprega-dos, além das faltas previstas como graves pela legislação trabalhista, inúmeras outras faltas que a lei não prevê, poderão estar previstas nesse instrumento. Exemplo: digamos que o empregado tenha saído na estrada utilizando o trator com as luzes apagadas, provocando acidentes. Onde enquadrar como falta grave, se a lei não prevê tal ato como falta grave. Por isso, estando previsto em regulamento e o em-pregado não obedecendo a tal regra, sua falta grave será, então, de ATO DE INDISCIPLINA, que por sua vez está prevista pela letra “h”, do Artigo 482 da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, como falta grave, o que autoriza o empregador aplicar a penalidade cabível.

Quanto aos empregados já existentes na propriedade rural, ao implantar o Regulamento Interno, o empregador deverá estabelecer um prazo de adaptação, normalmente de 90 (no-venta) a 120 (cento e vinte) dias. Durante esse prazo, mesmo que o empregado cometer uma

falta grave prevista no regulamento, ele deverá apenas ser alertado de que tão logo expirado o prazo de adaptação, tal falta cometida será passível de aplicação da penalidade cabível.

Outros direitos do patrãoNas próximas edições, conforme já exposto,

estarei respondendo às indagações dos senhores associados, leitores desta prestigiosa publica-ção. Mande suas perguntas à redação desta revista. As respostas serão publicadas, sem citar os nomes dos associados, salvo se houver autorização para isso.Lançamento 2002 do livroDIREITO DO TRABALHO - Urbano e Rurald o a u t o r A n t e n o r P e l e g r i n o

Já no prelo, para lançamento nacional o livro “DIREITO DO TRABALHO – Urbano e Rural”, do autor Antenor Pelegrino, Advoga-do e Consultor Trabalhista em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. É uma obra muito prática, um verdadeiro “curso de obrigações trabalhis-tas”, escrito em linguagem simples, didática, ao alcance de todos.

O autor com a experiência profissional em matéria trabalhista, acumulada em face dos milhares de cursos, palestras e conferências ministradas em todo o Brasil nos últimos 20 anos, atendendo a inúmeras consultas e tendo realizado centenas de auditorias trabalhistas em empresas e fazendas, além da atuação efetiva como advogado trabalhista patronal nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, com escritório atualmente na cidade de Uberlândia/MG, oferece uma obra que atende as necessidades de todos os que atuam em recursos humanos, contabilidade, adminis-tração de empresas, especialmente estudantes de direito, contabilidade, administração de

empresas, dentre outros.Nas edições anteriores, os exemplares

esgotaram-se em poucos dias. Assim, os inte-ressados em reservarem, antecipadamente, os seus exemplares (sem compromisso), poderão desde já fazê-lo, através do e-mail: [email protected] ou por carta, dirigida à Avenida Cesário Alvim, 818, 4º andar, conj. 415, CEP 38400-098 – UBERLÂNDIA/MG.

Quando concluída a confecção da obra, os exemplares serão encaminhados aos interessa-dos, através dos Correios. Os interessados em receber seus exemplares autografados e com dedicatória do autor, poderão observar quando do pedido de reserva antecipada.

LEIS TRABALHISTAS?Pergunte ao Pelegrino: www.pelegrino.com.br

Os internautas de todo o Brasil poderão enviar suas perguntas, a título de colabo-ração, cujas respostas serão inseridas na obra, e seus nomes e cidades serão lançados na página nacional de agradecimentos!

No PORTAL NACIONAL DE DIREITO DO TRABALHO, o consultor trabalhista Antenor Pelegrino está concluindo um novo e muito útil serviço destinado aos visitantes de seu Portal, é o “LEIS TRABALHISTAS? Pergunte ao Pelegrino!”. São milhares de perguntas, com as respectivas respostas sobre normas trabalhistas urbanas, rurais e domés-ticas.

O internauta para ter acesso ao serviço, deverá entrar no Portal em: www.pelegrino.com.br e clicar em “LEIS TRABALHISTAS? Pergunte ao Pelegrino!” . Já na seção de perguntas, poderá escolher o tema desejado (fé-rias, aviso prévio, justa causa, FGTS, seguro-desemprego, contratos, vale transporte) e clicar sobre a pergunta que deseja obter a resposta.

Neste simples “clicar” a resposta elaborada pelo Jurista e Consultor Trabalhista estará na tela do computador, podendo ser impressa, se for o caso.

Importante: a nova obra do Consultor ANTENOR PELEGRINO estará passando por revisões diariamente, acrescentando novas per-guntas & respostas e atualizando as respostas em caso de mudanças nas leis trabalhistas. É um serviço para ser consultado todos os dias.

Perguntas dos internautas: os internautas também poderão encaminhar suas perguntas, a título de colaboração, podendo a pergunta ser de no máximo 100 (cem) caracteres. Com a resposta do Dr. Pelegrino a pergunta encami-nhada pelo internauta será inserida de acordo com o tema.

Os internautas que enviarem suas colabo-rações, terão seus nomes com as respectivas cidades em que residem, lançados na página nacional de agradecimentos, em ordem alfabé-tica, por cidade e Estado. Participe! O Pelegrino já está aguardando a sua colaboração, através do E-mail: [email protected]

(*) Antenor Pelegrino é advogado e consultor trabalhista em UBERLÂNDIA, no Triângulo Mineiro, autor de mais de 10 obras sobre direito do trabalho urbano e rural, jornalista especializado em direito, radialista, professor de cursos de obrigações trabalhistas, foi um dos autores do projeto de regularização do trabalhador rural eventual, a pedido dos ministros da agricultura e trabalho. Em 1994, 2000 e 2002, teve seu nome aprovado, por una-nimidade, pela diretoria do Conselho Federal da OAB, para concorrer ao honroso cargo de Ministro Togado do TST – Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília.

Page 29: Brasil há 65 anos - abbabatatabrasileira.com.bralimentício, de construção, decoração, entre outros. Atualmente, emprega mais de 1,2 mil pessoas. Suas unidades industriais ficam

29Legislaçãofalta grave prevista no regulamento, ele deverá apenas ser alertado de que tão logo expirado o prazo de adaptação, tal falta cometida será passível de aplicação da penalidade cabível.

Outros direitos do patrãoNas próximas edições, conforme já exposto,

estarei respondendo às indagações dos senhores associados, leitores desta prestigiosa publica-ção. Mande suas perguntas à redação desta revista. As respostas serão publicadas, sem citar os nomes dos associados, salvo se houver autorização para isso.Lançamento 2002 do livroDIREITO DO TRABALHO - Urbano e Rurald o a u t o r A n t e n o r P e l e g r i n o

Já no prelo, para lançamento nacional o livro “DIREITO DO TRABALHO – Urbano e Rural”, do autor Antenor Pelegrino, Advoga-do e Consultor Trabalhista em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. É uma obra muito prática, um verdadeiro “curso de obrigações trabalhis-tas”, escrito em linguagem simples, didática, ao alcance de todos.

O autor com a experiência profissional em matéria trabalhista, acumulada em face dos milhares de cursos, palestras e conferências ministradas em todo o Brasil nos últimos 20 anos, atendendo a inúmeras consultas e tendo realizado centenas de auditorias trabalhistas em empresas e fazendas, além da atuação efetiva como advogado trabalhista patronal nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, com escritório atualmente na cidade de Uberlândia/MG, oferece uma obra que atende as necessidades de todos os que atuam em recursos humanos, contabilidade, adminis-tração de empresas, especialmente estudantes de direito, contabilidade, administração de

empresas, dentre outros.Nas edições anteriores, os exemplares

esgotaram-se em poucos dias. Assim, os inte-ressados em reservarem, antecipadamente, os seus exemplares (sem compromisso), poderão desde já fazê-lo, através do e-mail: [email protected] ou por carta, dirigida à Avenida Cesário Alvim, 818, 4º andar, conj. 415, CEP 38400-098 – UBERLÂNDIA/MG.

Quando concluída a confecção da obra, os exemplares serão encaminhados aos interessa-dos, através dos Correios. Os interessados em receber seus exemplares autografados e com dedicatória do autor, poderão observar quando do pedido de reserva antecipada.

LEIS TRABALHISTAS?Pergunte ao Pelegrino: www.pelegrino.com.br

Os internautas de todo o Brasil poderão enviar suas perguntas, a título de colabo-ração, cujas respostas serão inseridas na obra, e seus nomes e cidades serão lançados na página nacional de agradecimentos!

No PORTAL NACIONAL DE DIREITO DO TRABALHO, o consultor trabalhista Antenor Pelegrino está concluindo um novo e muito útil serviço destinado aos visitantes de seu Portal, é o “LEIS TRABALHISTAS? Pergunte ao Pelegrino!”. São milhares de perguntas, com as respectivas respostas sobre normas trabalhistas urbanas, rurais e domés-ticas.

O internauta para ter acesso ao serviço, deverá entrar no Portal em: www.pelegrino.com.br e clicar em “LEIS TRABALHISTAS? Pergunte ao Pelegrino!” . Já na seção de perguntas, poderá escolher o tema desejado (fé-rias, aviso prévio, justa causa, FGTS, seguro-desemprego, contratos, vale transporte) e clicar sobre a pergunta que deseja obter a resposta.

Neste simples “clicar” a resposta elaborada pelo Jurista e Consultor Trabalhista estará na tela do computador, podendo ser impressa, se for o caso.

Importante: a nova obra do Consultor ANTENOR PELEGRINO estará passando por revisões diariamente, acrescentando novas per-guntas & respostas e atualizando as respostas em caso de mudanças nas leis trabalhistas. É um serviço para ser consultado todos os dias.

Perguntas dos internautas: os internautas também poderão encaminhar suas perguntas, a título de colaboração, podendo a pergunta ser de no máximo 100 (cem) caracteres. Com a resposta do Dr. Pelegrino a pergunta encami-nhada pelo internauta será inserida de acordo com o tema.

Os internautas que enviarem suas colabo-rações, terão seus nomes com as respectivas cidades em que residem, lançados na página nacional de agradecimentos, em ordem alfabé-tica, por cidade e Estado. Participe! O Pelegrino já está aguardando a sua colaboração, através do E-mail: [email protected]

(*) Antenor Pelegrino é advogado e consultor trabalhista em UBERLÂNDIA, no Triângulo Mineiro, autor de mais de 10 obras sobre direito do trabalho urbano e rural, jornalista especializado em direito, radialista, professor de cursos de obrigações trabalhistas, foi um dos autores do projeto de regularização do trabalhador rural eventual, a pedido dos ministros da agricultura e trabalho. Em 1994, 2000 e 2002, teve seu nome aprovado, por una-nimidade, pela diretoria do Conselho Federal da OAB, para concorrer ao honroso cargo de Ministro Togado do TST – Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília.

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30 Legislação

Acompanhando as negociações e vo-tações das novas medidas pertinentes ao Crédito Rural, cristalizadas na MP 2196-3 (que cria a Empresa Gestora de Ativos – EMGEA) e na MP 9 (que reduz encargos e alonga o perfil das dívidas incluídas nos benefícios da lei 9138 /95 – securitização e PESA) deparamos–nos com dezenas de comentários de técnicos do governo e representantes das instituições finan-ceiras – feitos publica e abertamente à imprensa – no sentido de que tais medidas seriam “definitivas” e que “agora seria o momento de acabar com a cultura de inadimplência do setor rural no país”.

Sob tal ponto de vista, amplamente difundido pelos meios de comunicação, tem-se uma impressão crucial: o ruralista é fundamentalmente “caloteiro” e não paga suas dívidas por que não quer. Seria isso uma verdade?

Vemos tais comentários como, senão cínicos, no mínimo desinformados. A questão do Crédito Rural no Brasil não depende tão somente da vontade do deve-dor em cumprir suas obrigações. Qualquer técnico ligado à área econômica gover-namental sabe – ou deveria saber – que existência e sobrevivência de qualquer setor produtivo depende da manutenção de um ambiente econômico que garanta um mínimo de viabilidade.

Com o setor rural não é diferente: é sabido que os países mais ricos – os que mais pregam a não intervenção estatal na economia - são os que mais investem em políticas de proteção e subvenção do setor rural. Os exemplos da Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia ou do Sistema de Crédito Rural (Farm Credit Sistem) nos Estados Unidos, ou mesmo dos tradicionais e fortes Crédit Agricóle de France mostram a realidade.

No caso brasileiro, temos o nosso Sis-tema Nacional de Crédito Rural (SNCR), no qual há uma interação entre a esfera pública, que direciona, determina, institui fontes de recursos e fiscaliza, e a privada, que é a esfera de contratação do emprésti-mo pelo produtor junto ao banco.

O fato é que o Crédito Rural possui nor-mas próprias, diferenciadas dos contratos bancários comuns, e que tais normas não têm há muito sido seguidas nas contrata-ções dos financiamentos, bem como nos cálculos de evolução da dívida.

Tal fato pode ser comprovado em docu-mentos oficiais, seja no relatório da CPI do Crédito Rural, seja na vasta jurispru-dência que hoje se acumula nos tribunais, limitando e anulando cláusulas feitas em desconformidade com as normas legais e infralegais pertinentes ao SNCR.

Ou seja: existe uma inadimplência por que boa parte dos débitos rurais, se, forem calculados pelos critérios da lei 4829, do decreto lei 167 ou da lei 9138, não atingem os valores apresentados pelas instituições financeiras.

Justamente em função do descompasso entre a lei e a prática houve um verdadeiro inchamento dos débitos rurais, criando-se ativos bancários que, na verdade, não existem do ponto de vista legal.

A securitização e o PESA vieram justa-mente para tentar sanar tal situação. Tais benefícios, lastreados em recursos e/ou títulos do tesouro, criaram uma moratória legal forçada às dívidas rurais. Mas a se-curitização e o PESA não compreendem somente uma concessão de prazo. Tal concessão deve ser precedida da sus-pensão das execuções e / ou cobranças, bem como do recálculo da dívida, que é legalmente previsto, justamente para se fazer o montante do débito voltar aos parâmetros legais.

As instituições financeiras acabam sendo premiadas por suas ilegalidades, pois o governo, subvenciona além da diferença do prazo, o diferencial gerado pelo recálculo.

Por incrível que pareça, têm sido ex-tremamente freqüentes os casos em que a instituição financeira concede o prazo da securitização ou PESA, mas sem o recálculo legalmente previsto. Neste caso, o banco ganha três vezes: uma por evo-luir a dívida por critérios que certamente não passariam pelo crivo judicial; duas por receber do governo a equalização

Crédito Rural: A importância do recálculo no PESA e Securitização

do benefício e a terceira por manter a cobrança de valores que deveriam, por determinação da lei 9138/95, ser extirpados do débito (eis que “já pagos” pelo governo).

Em suma: os bancos incham a dívida até a mesma se tornar impagável. Pos-teriormente, securitizam ou incluem-na no PESA, recebendo recursos ou títulos do governo que correspondem à mesma devidamente “desinchada”. Na prática, mesmo tendo recebido tais valores, mantêm o referido “inchaço” em uma dívida que, normalmente, continua, por razões óbvias, incompatível com a lucratividade e com a capacidade de pa-gamento do produtor. Depois, tem-se a coragem de se falar que a inadimplência é um problema cultural do setor...

Dessa forma, tiramos as seguintes conclusões:

Os grandes beneficiados com a secu-ritização e o PESA são os bancos, que trocaram ativos “em ser” que, além de difícil recebimento eram de legalidade questionável, por recursos do tesouro ou títulos públicos negociáveis;

Os produtores não têm, na prática, sido beneficiados na extensão em que a lei ordena. A mera concessão de prazo sem o devido e legal recálculo poderá ter efeitos desastrosos, sobretudo se considerarmos a capitalização anual de juros em períodos de 20 a 25 anos;

O problema do débito rural consolida-do no país não é oriundo de uma cultura de inadimplência dos produtores, mas pela cultura de reiterado desrespeito à lei, cultivada pelo setor financeiro, sobretudo a partir do início da década de 90.

Pergunta-se muito se as novas me-didas trarão uma solução definitiva ao problema. A resposta a tal pergunta é simples: as leis existem. Para o resul-tado esperado, basta cumpri-las.

Igor P. Wildmann é advogado, mestre e doutorando em Direito Econômico, professor da Faculdade de Direito Izabela Hendrix/ BH. É também con-selheiro técnico em crédito rural da FAEMG e consultor jurídico da ABBA. Autor do livro “Crédito Rural: Teoria, Prática, Legislação e Jurisprudência”.

Igor Pantuzza Wildman [email protected]

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32 Gestão Agrícola

A Rentabilidade dos Ativos e a Ges-tão de Empresas do Agronegócio:

o caminho para a profissionalizaçãoIvan Wedekin - RC.W Consultores Ltda

Av. Moema 94 – Cj. 81 – CEP: 04.077-020(11) 5052-0973 - [email protected]

O agribusiness brasileiro passou por profundas mudanças ao longo da última década do século passado, principalmente devido aos acontecimentos macroeconô-micos internos e externos e à evolução tecnológica. A cadeia produtiva da batata vem seguindo esse movimento, com a profissionalização da produção agrícola tendo em vista a maior rentabilidade do negócio. Os elevados desembolsos por hectare e os problemas na comercialização são dois dos principais fatores que exigem a gestão eficiente, além da concorrência das importações, das mudanças de hábitos dos consumidores, do protecionismo e da falta de uma melhor organização da cadeia.

Tomar uma decisão de investimento depende cada vez mais de conhecimento, do ambiente competitivo e do próprio negócio. A análise da Rentabilidade dos Ativos do Agronegócio (RAG) é uma ferramenta útil para orientar a busca pela eficiência dos recursos mobilizados para a produção, ao quantificar, no nível da propriedade agrí-cola, os indicadores de rentabilidade, de produção e de capital:

Receitas principais e acessórias (pro-dutividade, volumes de comercialização, preços recebidos);

Custos fixos e variáveis de produção (área, insumos, mão de obra e demais fato-res de produção);

Despesas gerais (com vendas, com administração);

Impostos e tributos envolvidos nas operações;

Indicadores de capital de giro (prazos de recebimento, período de produção e formação de estoque, prazos de pagamento de fornecedores); e

Indicadores de capital fixo (terra, máquinas e equipamentos, edificações e benfeitorias).

A Rentabilidade dos Ativos Agropecuá-rios resulta de dois componentes: a Margem Operacional e o Giro dos Ativos Emprega-dos (RAG = Margem x Giro, ver Figura 1). Sua apuração parte do princípio de que o produtor tem um mínimo de controle contábil das suas operações, além do conhe-cimento da estrutura do seu negócio.

Figura 1 - Rentabilidade dos Ativos Agro-pecuários

A Margem Operacional resulta da conta-bilidade elementar de receitas e despesas do agricultor. Trata-se da margem operacional líquida, ou seja, o montante de recursos que “sobra” no bolso do produtor, completado um ano-safra de receitas e despesas (ver Figura 2). As receitas decorrem, principal-mente, da venda de produtos e da venda de ativos não operacionais, em menor escala. As despesas mais importantes são as di-retamente associadas a uma determinada produção animal ou vegetal e as indiretas (manutenção, ITR, administração etc).

Pode ser calculada para a propriedade como um todo, mas é importante estimá-la para cada uma das atividades agropecuá-rias (soja, pecuária de corte e milho, por exemplo), a partir da aplicação de critérios de rateio das despesas indiretas, quando não for possível alocá-las diretamente ao produto.

Figura 2 - Margem Operacional

A velocidade de circulação do capital - o Giro dos Ativos Empregados - é o segundo componente essencial da RAG. Por mais simples ou complexos que sejam, todos os negócios dependem da existência e organi-zação de um conjunto de ativos essenciais. Os diversos ativos de uma propriedade podem ser expressos em termos monetários e classificados em:

Estoques: maiores numa fazenda de gado de corte (o valor de todas as rezes entra no cálculo do estoque) do que num campo de soja, onde os estoques normalmente se resumem aos insumos (defensivos, combus-tíveis e outros);

Imobilizado: capital físico disponível na propriedade, sendo representado pelo valor da terra, benfeitorias, máquinas, equi-pamentos, açudes e outros; e

Contas a Receber: existe quando o

produtor vende a prazo. É um ativo porque representa recurso do produtor que está na mão de terceiros (o comprador).

Figura 3 - Giro dos Ativos Empregados

Os ativos empregados têm que ser re-fletidos em termos de uma média do ano, já que são variáveis por conta das adições e subtrações de estoques, ao imobilizado e contas a receber. Como mostra a Figura 3, o giro é inversamente proporcional aos ativos empregados. Dada uma receita, quanto maior for o ativo empregado, menor será o seu giro. E quanto menor for o giro, menor será a rentabilidade, pois RAG = Margem x Giro. A análise do giro aponta que o produtor deve investir nos ativos operacionais imprescindíveis à atividade, e que é preciso elevar a receita por unidade de ativo empregado.

Aplicando esses conceitos contábeis o produtor pode concluir que os seus negócios geraram, por exemplo, uma margem opera-cional líquida sobre as vendas de 20% na soja, 40% na recria e engorda de bovinos e de 15% no milho. Admitindo giros de 0,5 para a soja, 0,1 para recria e engorda de bovinos, e 0,4 para o milho, a Rentabilida-de dos Ativos Agropecuários (RAG) desse produtor será de 10% (20% vezes 0,5) no negócio com soja, 4% na atividade pecuária e de 6% na produção de milho.

Com isso o produtor poderá comparar os resultados com os de outros negócios e com o custo de oportunidade do capital. Numa aplicação “sem risco”, a remunera-ção do capital no Brasil está em 6% ao ano (rendimento da caderneta de poupança). Por muito tempo o empresário do campo viveu em função de uma “visão patrimo-nial” da agricultura e nela jogou toda a sua capacidade de poupança e endividamento. Nos dias de hoje, com os competidores de todos os cantos do mundo batendo à sua porta, a solução é concentrar-se de corpo e alma no gerenciamento da margem e do giro dos ativos.

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33Evento

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34 Outras Culturas

Família paulista destaca-se na produção de sementes

Cristalina, que hoje está entre os mais importantes celeiros do Brasil, produzindo cereais em grande quantidade devido a investimentos de agricultores e principal-mente pela fertilidade de seu solo, conta com um novo e promissor investimento, a produção de sementes.

Essa produção de sementes tem hoje à frente os IRMÃOS HORIGUCHI, onde Mitsuru, Satoru e Masayuki estão inves-tindo todo potencial.

Com experiência de 40 anos no ramo de cultivo de batata comercial, batata semente certificada e sementes de milho híbrido para a Cargill no estado de São Paulo, os irmãos Horiguchi não estão nessa por acaso.

Chegaram a Cristalina há 5 anos, em busca de terras férteis e clima favorável para o cultivo de batata. Desde então estão produzindo em grande quantidade, aumentando assim o número de empregos e elevando a cidade a um lugar de desta-que neste setor. A partir do início de 1999,

Mitsuru Horiguchi (Tatuí/SP)[email protected]

perceberam que além do cultivo de batata, Cristalina também apresentava condições favoráveis à produção de feijão, que já existe em grande escala, mas apenas para consumo. Segundo o Eng. Agrônomo, Luciano Rodrigues de Queiroz, respon-sável pelos campos de multiplicação, o grupo Horiguchi investiu no ramo de feijão semente, devido a condições climáticas favoráveis, a altitude do município (1.250 metros acima do nível do mar). A semente quando multiplicada em lugar de maior al-titude e levada para produzir em local onde a altitude é menor, apresenta uma produção com maior germinação e vigor. Outro fator importante na multiplicação de sementes é o deslocamento do pivot que ocorre da seguinte forma: planta-se uma safra de batata e depois outra de feijão semente básica; após a colheita, o pivot é mudado de lugar não produzindo assim sementes duas vezes na mesma área e diminuindo o risco de doenças, principalmente o Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum) e Antracnose

(Colletotrichum lindemuthianum).De acordo com a explicação dada pelo

Agrônomo Luciano Queiroz, por ser a se-mente multiplicada no período de inverno, na época da colheita não recebe chuva, aumentando mais seu vigor. O nível de umidade na colheita gira em torno de 16 a 18%, o que evita danos mecânicos à semente.

Com todos esses cuidados e com a competência de seus produtores a Semen-te Horicristal vem alcançando, a cada colheita, maior credibilidade e satisfação dos produtores que até então utilizavam o próprio grão (o mesmo feijão que é consu-mido pela população) no plantio, elevando assim o custo da produção com defensivos agrícolas.

Não só os produtores de nossa região estão satisfeitos com as SEMENTES HO-RICRISTAL, mas também os das regiões vizinhas.

As Sementes Horicristal estão disponí-veis no mercado desde agosto de 2001.

Semente Certificada

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35Entomologia

O pulgão verde da batata, Myzus persicae (Sulz.)

Rui Scaramella Furiatti - [email protected] Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Setor de Ciências Agrárias e de Tecnologia

ntre as principais espécies de afíde-os que colonizam a batata destacam-se: Myzus persicae (Sulzer); Macrosiphum euphorbiae (Thomas); Aphis gossypii (Glover) e o Aulacorthum solani (Kltb.) (Homoptera: Aphididae). Porém as duas primeiras espécies são as mais importantes, sendo a primeira a maior responsável pela degenerescência da batata-semente.

O M.persicae é capaz de transmitir mais de 100 viroses em plantas pertencentes a diversas famílias, sendo considerado como o mais importante vetor de “Potato Leafroll Vírus” (PLRV) e de “Potato Vírus Y” (PVY) – os maiores responsáveis por perdas de rendimento da batata –, entre outros vírus.

Além da transmissão de viroses, altas populações de M. persicae podem oca-sionar perdas de até 54% do peso seco de plantas de batata, decorrentes da ação toxi-gênica da saliva, a qual ocasiona necroses,

principalmente ao longo das nervuras.A duração do ciclo de M. persicae em

condições de laboratório, com tempera-tura média entre 23 e 240C, é de cinco a oito dias, com longevidade média de 20 dias. A fêmea é capaz de produzir até 80 descendentes.

Nas regiões tropicais o M. persicae reproduz de forma assexuada durante o ano todo por partenogênese telétoca (dos óvulos não fertilizados resultam somente fêmeas). Porém, a presença de machos dessa espécie, capturados em armadilhas em várias regiões do Brasil, põe em relevo a possibilidade da presença de populações sexuadas nos hospedeiros primários durante os meses mais frios do ano, principalmente na região sul do país.

A população áptera de M. persicae apresenta cor geral verde clara a verde transparente, sem manchas no corpo, porém sofre grande variação, dependendo da épo-

ca do ano. Já a forma alada, mantém a cor geral do corpo verde clara, com tonalidades amareladas, rosadas, roxas e com manchas escuras características no dorso – a cabeça e o tórax são de cor preta.

A presença de ápteros de coloração rosa-da ou avermelhada, sobretudo nos cultivos de outono, tem ocasionado dúvidas quanto a sua identificação e também quanto a sua susceptibilidade a inseticidas. Em trabalhos realizados pelo autor em áreas de Itapeti-ninga, SP, e Canoinhas, SC, constatou-se populações elevadíssimas das formas verde e rosada de M. persicae – identificação confirmada por taxonomistas – e também se observou a suscetibilidade de ambas a carbamatos, fosforados e neonicotinóides. Os resultados de eficácia para ambas as for-mas foram semelhantes, sendo que a rosada foi controlada, pela maioria dos inseticidas testados, aos três dias após a sua aplicação, enquanto que a forma verde foi controlada

E

Família paulista destaca-se na produção de sementes

Cristalina, que hoje está entre os mais importantes celeiros do Brasil, produzindo cereais em grande quantidade devido a investimentos de agricultores e principal-mente pela fertilidade de seu solo, conta com um novo e promissor investimento, a produção de sementes.

Essa produção de sementes tem hoje à frente os IRMÃOS HORIGUCHI, onde Mitsuru, Satoru e Masayuki estão inves-tindo todo potencial.

Com experiência de 40 anos no ramo de cultivo de batata comercial, batata semente certificada e sementes de milho híbrido para a Cargill no estado de São Paulo, os irmãos Horiguchi não estão nessa por acaso.

Chegaram a Cristalina há 5 anos, em busca de terras férteis e clima favorável para o cultivo de batata. Desde então estão produzindo em grande quantidade, aumentando assim o número de empregos e elevando a cidade a um lugar de desta-que neste setor. A partir do início de 1999,

Mitsuru Horiguchi (Tatuí/SP)[email protected]

perceberam que além do cultivo de batata, Cristalina também apresentava condições favoráveis à produção de feijão, que já existe em grande escala, mas apenas para consumo. Segundo o Eng. Agrônomo, Luciano Rodrigues de Queiroz, respon-sável pelos campos de multiplicação, o grupo Horiguchi investiu no ramo de feijão semente, devido a condições climáticas favoráveis, a altitude do município (1.250 metros acima do nível do mar). A semente quando multiplicada em lugar de maior al-titude e levada para produzir em local onde a altitude é menor, apresenta uma produção com maior germinação e vigor. Outro fator importante na multiplicação de sementes é o deslocamento do pivot que ocorre da seguinte forma: planta-se uma safra de batata e depois outra de feijão semente básica; após a colheita, o pivot é mudado de lugar não produzindo assim sementes duas vezes na mesma área e diminuindo o risco de doenças, principalmente o Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum) e Antracnose

(Colletotrichum lindemuthianum).De acordo com a explicação dada pelo

Agrônomo Luciano Queiroz, por ser a se-mente multiplicada no período de inverno, na época da colheita não recebe chuva, aumentando mais seu vigor. O nível de umidade na colheita gira em torno de 16 a 18%, o que evita danos mecânicos à semente.

Com todos esses cuidados e com a competência de seus produtores a Semen-te Horicristal vem alcançando, a cada colheita, maior credibilidade e satisfação dos produtores que até então utilizavam o próprio grão (o mesmo feijão que é consu-mido pela população) no plantio, elevando assim o custo da produção com defensivos agrícolas.

Não só os produtores de nossa região estão satisfeitos com as SEMENTES HO-RICRISTAL, mas também os das regiões vizinhas.

As Sementes Horicristal estão disponí-veis no mercado desde agosto de 2001.

Semente Certificada

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36 Entomologiaapós cinco dias.

A dificuldade no controle da forma ro-sada, relatados por técnicos e produtores, pode estar ligada: ao manejo incorreto do inseto, isto é, início das aplicações com altas populações do mesmo; dosagem de inseticida inferior à recomendada; volume da calda insuficiente, o qual não se ajusta à massa foliar reinante na época da aplicação e não permite que o inseticida alcance as folhas inferiores das plantas de batata, local preferido de M. persicae; uso de bicos e/ou pontas de pulverização incorretas, entre outras causas.

O M. persicae é atraído pela cor amarela podendo ser monitorado por armadilhas amarelas de água e adesivas planas e cilín-dricas. As armadilhas de sucção, auxiliadas ou não pela cor, são muito utilizadas em outros países.

O número de afídeos coletados em ar-madilhas amarelas de água, principalmente M. persicae, tem relação com a infecção de PLRV nas plantas de batata, considerando a idade das últimas na qual se observou à revoada, porém não há relação com o PVY. Isso de deve, provavelmente, ao fato de que o PVY é transmitido por diversas espécies de afídeos vetores de viroses. No entanto

não há um nível confiável de controle de afídeos em batata baseado nas coletas através de armadilhas ou na população de afídeos nas plantas, para as condições brasileiras.

Nas áreas destinadas à produção de batata-semente o controle de afídeos deve ser rigoroso, já nas áreas de batata-consumo pode-se aceitar populações maiores. No en-tanto, é importante frisar, que não há nível de controle estabelecido para as condições brasileiras, em ambas as situações.

Quando o controle químico dos afídeos da batata for necessário deve-se optar por inseticidas com modos de ação diferentes, aplicados em rotação.

O PLRV, vírus do tipo persistente ou circulativo, é controlado eficientemente com inseticidas. Esse vírus não é transmi-tido durante a picada de prova, que o afídeo faz na planta logo após o pouso, dando ao inseticida a oportunidade de atuar. Porém, o controle de PVY através de inseticidas é limitado, pois esse vírus é do tipo não persistente ou não circulativo, sendo transmitido durante a picada de prova, não permitindo a atuação do inseticida antes que a transmissão seja efetuada.

A qualidade das pulverizações tem

grande influência na eficácia dos inseti-cidas, principalmente no controle do M. persicae, que coloniza preferencialmente as folhas do estrato inferior da planta. O manejo desse inseto deve ser iniciado nas plantas jovens não permitindo o desenvol-vimento de grandes colônias em folhas senis, onde a translocação dos inseticidas sistêmicos é deficiente.

O uso indiscriminado de inseticidas na cultura da batata, além de acarretar danos ao meio ambiente e elevar os custos de produção, contribui na seleção de popu-lações de M. persicae resistentes a inse-ticidas. Nas principais regiões produtoras de batata do Brasil têm sido observadas populações muito numerosas desse inseto, particularmente no final de ciclo, em áreas onde foram aplicados diversos inseticidas em várias ocasiões. Em algumas dessas regiões o autor constatou a presença de populações resistentes com intensidade e freqüência elevadas.

A alta freqüência de indivíduos de M. persicae resistentes a inseticidas e a inten-sidade elevada da resistência podem estar ligadas à seleção de resistentes durante a safra de batata e à presença de migrantes alados resistentes provenientes das plantas

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37Entomologiaapós cinco dias.

A dificuldade no controle da forma ro-sada, relatados por técnicos e produtores, pode estar ligada: ao manejo incorreto do inseto, isto é, início das aplicações com altas populações do mesmo; dosagem de inseticida inferior à recomendada; volume da calda insuficiente, o qual não se ajusta à massa foliar reinante na época da aplicação e não permite que o inseticida alcance as folhas inferiores das plantas de batata, local preferido de M. persicae; uso de bicos e/ou pontas de pulverização incorretas, entre outras causas.

O M. persicae é atraído pela cor amarela podendo ser monitorado por armadilhas amarelas de água e adesivas planas e cilín-dricas. As armadilhas de sucção, auxiliadas ou não pela cor, são muito utilizadas em outros países.

O número de afídeos coletados em ar-madilhas amarelas de água, principalmente M. persicae, tem relação com a infecção de PLRV nas plantas de batata, considerando a idade das últimas na qual se observou à revoada, porém não há relação com o PVY. Isso de deve, provavelmente, ao fato de que o PVY é transmitido por diversas espécies de afídeos vetores de viroses. No entanto

não há um nível confiável de controle de afídeos em batata baseado nas coletas através de armadilhas ou na população de afídeos nas plantas, para as condições brasileiras.

Nas áreas destinadas à produção de batata-semente o controle de afídeos deve ser rigoroso, já nas áreas de batata-consumo pode-se aceitar populações maiores. No en-tanto, é importante frisar, que não há nível de controle estabelecido para as condições brasileiras, em ambas as situações.

Quando o controle químico dos afídeos da batata for necessário deve-se optar por inseticidas com modos de ação diferentes, aplicados em rotação.

O PLRV, vírus do tipo persistente ou circulativo, é controlado eficientemente com inseticidas. Esse vírus não é transmi-tido durante a picada de prova, que o afídeo faz na planta logo após o pouso, dando ao inseticida a oportunidade de atuar. Porém, o controle de PVY através de inseticidas é limitado, pois esse vírus é do tipo não persistente ou não circulativo, sendo transmitido durante a picada de prova, não permitindo a atuação do inseticida antes que a transmissão seja efetuada.

A qualidade das pulverizações tem

grande influência na eficácia dos inseti-cidas, principalmente no controle do M. persicae, que coloniza preferencialmente as folhas do estrato inferior da planta. O manejo desse inseto deve ser iniciado nas plantas jovens não permitindo o desenvol-vimento de grandes colônias em folhas senis, onde a translocação dos inseticidas sistêmicos é deficiente.

O uso indiscriminado de inseticidas na cultura da batata, além de acarretar danos ao meio ambiente e elevar os custos de produção, contribui na seleção de popu-lações de M. persicae resistentes a inse-ticidas. Nas principais regiões produtoras de batata do Brasil têm sido observadas populações muito numerosas desse inseto, particularmente no final de ciclo, em áreas onde foram aplicados diversos inseticidas em várias ocasiões. Em algumas dessas regiões o autor constatou a presença de populações resistentes com intensidade e freqüência elevadas.

A alta freqüência de indivíduos de M. persicae resistentes a inseticidas e a inten-sidade elevada da resistência podem estar ligadas à seleção de resistentes durante a safra de batata e à presença de migrantes alados resistentes provenientes das plantas

voluntárias.A resistência de M. persicae está ligada

à superprodução da enzima esterase-4, a qual confere ao afídeo uma resistência cruzada, em grau variado, degradando ou seqüestrando a molécula do inseticida. Também já se constatou a presença de resis-tência comportamental e acetilcolinesterase insensível.

Bibliografia Consultada DEVONSHIRE, A.L. Resistance of

aphids to insecticides, p. 123-139. In: MINKS, A K.; HARREWIJIN, P. [Ed.]. Aphids, Their Biology, Natural Enemies and Control. Volume C. Amsterdam: Elsevier Science Publishers B.V., 1988, 312 p.

FURIATTI, R.S.; ALMEIDA, A.A. de. Relação entre a população de Myzus per-sicae capturados em armadilhas amarelas de água e a disseminação de viroses em batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v.10, p.30-32, 1992.

FURIATTI, R.S.; ALMEIDA, A.A. de. Flutuação da população dos afídeos Myzus persicae (Sulzer, 1778) e Macrosiphum euphorbiae (Thomas, 1878) (Homoptera: Aphididae) e a sua relação com a tempera-tura. Revista Brasileira de Entomologia,

São Paulo, v.37, p.821-826, 1993.FURIATTI, R.S.; LÁZZARI, S.M.N.

Efeito da aplicação de pirimicarbe sobre populações de campo de Myzus persicae (Sulz.) (Homoptera: Aphididae) com dife-rentes níveis de esterases. Anais da Socie-dade Entomológica do Brasil, Jaboticabal, v.29, p.739-747, 2000.

FURIATTI, R.S.; LÁZZARI, S.M.N. De-terminação da concentração dignóstica de pirimicarbe para a detecção de populações de Myzus persicae (Sulz.) (Homoptera: Aphididae) com diferentes níveis de este-rases. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Jaboticabal, v.29, p.731-737, 2000.

FRANÇA, F.H.; BARBOSA, S. Manejo de pragas. In REIFSCHNEIDER, F.J.B. [Ed.]. Produção de batata. Brasília: Linha Gráfica Editora, 1987. p.73-84.

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PETERS, D.; JONES, R.A.C. Enfermi-dades virosicas. In: HOOKER, W.J. [Ed.]. Compendio de enfermidades de la papa. Lima: CIP, 1980. p.95-98

PETITT, F.L.; SMILOWITZ, Z. Green

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38 Culinária

Batata SuíçaIngredientes 250 gramas de batata semicozida 50 gramas de queijo prato 1 pitada de sal 1 pitada de noz moscada ralada 1 pitada de pimenta branca Modo de preparar Ralar a batata e o queijo no ralo grosso. Juntar o sal, a pimenta e a noz moscada. Misturar com as mãos para ligar bem. Modelar dando for-ma arredondada e fritar em azeite dos dois lados, até dourar. Colocar no centro do prato. Colocar uma pitada de requeijão sobre a batata e colocar por cima pedaços de bacon bem fritos. Enfeitar com um galho de salsa ou cebolinha e servir quen-te. Rendimento: uma porção.

Nhocão de FrangoIngredientes Recheio Meio quilo de peito de frango sem osso Meia cebola 2 dentes de alho Azeite, sal, cheiro verde picado a gosto Massa 1 quilo de batata cozida 1 pitada de sal 1 colher de sopa de margarina 5 gramas de farinha de trigo Modo de preparar o recheio: Cozinhar o frango, desfiar e levar ao fogo, onde se refogou no azeite a cebola e o alho.

Mexer bem, acrescentar sal e cheiro verde, desligar o fogo e separar em quatro porções. Massa: Passar as batatas pelo es-premedor, juntar o sal, a margarina e a farinha de trigo. Amassar e dividir em quatro porções de 250 gramas. Abrir a massa com as mãos sobre um pano de algodão bem limpo e sem goma. Adicionar uma porção de recheio e juntar catupiry a gosto. Enrolar o pano e amarrar as laterais com barbante e cozinhar com bastante água durante sete minutos. Desem-brulhar, colocar no centro do prato e cobrir com uma concha bem cheia do molho de sua preferência. Cobrir com parmesão ralado, enfei-tar com um galho de salsa e servir bem quente.

O Empório da Batata está localizado na Rua Alferes José Caetano, nº 687, no cen-

tro de Piracicaba.Contatos podem ser feitos pelo telefone/

fax: (19) 3422-4488 ou pelo email: [email protected]

RECEITAS CEDIDAS PELO EM-PÓRIO DA BATATA

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