Brasil de Fato RJ - 022

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Probidas armas “não-letais” A medida, que teve como base uma ação do Ministério Público, proíbe o uso pela Guarda Municipal de pisto- las de choque tasersprays de pimen- ta e cassetetes. cidades | pág. 7 Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | ano 11 | edição 22 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Fogão e Mengo ficam no 1 a 1 As equipes empataram na primei- ra partida das quartas da Copa do Brasil, na noite desta quarta-feira (25), no Maracanã. O Rubro-negro saiu na frente, mas o Alvinegro reagiu e arrancou empate. esporte | pág. 16 Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Edição Vitor Silva/SSPress Na ONU, Mujica critica o capitalismo O presidente do Uruguai, José Mujica, criticou o capitalismo em discurso na ONU. “O deus mercado organiza a economia e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir.” mundo | pág. 10 U.S. Embassy Montevideo cidades | pág. 5 Sem laudo e sem projeto, prefeitura tentou remover ile- galmente as comunidades de Estradinha e Indiana. Na pri- meira, centenas de casas foram destruídas e os entulhos das construções continuam lá até hoje. Em Indiana, na Ti- juca, todos foram ameaçados de remoção. A defensora pública Maria Lúcia de Pontes ingressou com uma ação ci- vil pública para impedir demolições e para obrigar a pre- feitura a recolher os entulhos. Moradores resistem na luta por moradia Pablo Vergara Pablo Vergara A greve continua Os professores da rede municipal, que haviam suspendido a paralisa- ção em 10 de setembro depois de quase um mês parados, decidiram retomar a greve em assembleia, na última sexta-feira (20). cidades | pág. 6 Francisco de Souza Matos, há 12 anos morador da Estradinha, comunidade ameaçada de remoção

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Probidas armas “não-letais”A medida, que teve como base uma ação do Ministério Público, proíbe o uso pela Guarda Municipal de pisto-las de choque taser, sprays de pimen-ta e cassetetes.

cidades | pág. 7

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | ano 11 | edição 22 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Fogão e Mengo fi cam no 1 a 1

As equipes empataram na primei-ra partida das quartas da Copa do Brasil, na noite desta quarta-feira (25), no Maracanã. O Rubro-negro saiu na frente, mas o Alvinegro reagiu e arrancou empate.

esporte | pág. 16

Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição

Edição

Vitor Silva/SSPress

Na ONU, Mujica critica o capitalismo

O presidente do Uruguai, José Mujica, criticou o capitalismo em discurso na ONU. “O deus mercado organiza a economia e fi nancia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir.”

mundo | pág. 10 U.S. Embassy Montevideo

cidades | pág. 5

Sem laudo e sem projeto, prefeitura tentou remover ile-galmente as comunidades de Estradinha e Indiana. Na pri-meira, centenas de casas foram destruídas e os entulhos das construções continuam lá até hoje. Em Indiana, na Ti-

juca, todos foram ameaçados de remoção. A defensora pública Maria Lúcia de Pontes ingressou com uma ação ci-vil pública para impedir demolições e para obrigar a pre-feitura a recolher os entulhos.

Moradores resistem na luta por moradia

Pablo Vergara

Pablo Vergara

A grevecontinuaOs professores da rede municipal, que haviam suspendido a paralisa-ção em 10 de setembro depois de quase um mês parados, decidiram retomar a greve em assembleia, na última sexta-feira (20).

cidades | pág. 6

Francisco de Souza Matos, há 12 anos morador da Estradinha, comunidade ameaçada de remoção

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | opinião

e psíquicos, que acabam por comprometer seus desempe-nhos nas esferas profi ssional, educativa e pessoal.

Por isso, as recentes greves dos trabalhadores da educação das redes públicas municipal e

de licenciatura e pelo crescen-te abandono da carreira do ma-gistério.

Essas condições de trabalho afetam os profi ssionais da edu-cação e os alunos com variadas formas de esgotamentos físicos

de petróleo de qualidade com-provada, equivale a 80% de to-das as reservas descobertas pe-la Petrobras e está estimado em 1,5 trilhão de dólares. Além dis-so, quem levar o campo de Li-bra também leva o campo de Franco, que está interligado à Libra e tem, aproximadamente, 9 bilhões de barris de petróleo.

Não é por acaso que o go-verno dos Estados Unidos, para servir aos seus interesses impe-rialistas, espiona para fi ns co-

merciais a presidenta Dilma e a Petrobras. Este episódio da es-pionagem, assim como as irre-gularidades do edital do leilão, é grave o sufi ciente para que o leilão de Libra seja suspenso.

Na verdade, independente da espionagem e das irregula-ridades do edital, leiloar libra é um crime de lesa-pátria.

Lamentável mesmo é a sub-serviência do Congresso Na-cional que não mexe uma pa-lha para defender os interes-

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Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti •Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo, Gilka Resende, MarianeMatos e Cláudia Santiago (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas –Venezuela) • Fotógrafos: Pablo Vergara (Rio de Janeiro – RJ), Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper(Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Beatriz Calló • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. EduardoPrado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Webmaster: marc@infofl uxo.com •Gráfi ca: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser,José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, RicardoGebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

Em defesa da soberania e contra o leilão de LibraAS GRANDES empresas capi-talistas, para se protegerem das crises econômicas, procuram se apropriar de recursos natu-rais estratégicos como terras, reservatórios aquíferos e recur-sos minerais. Assim, a Améri-ca Latina e sua enorme riqueza natural viraram alvo da sanha das grandes transnacionais.

A bola da vez é o petróleo existente na camada pré-sal da costa oceânica brasileira. Tra-ta-se do leilão do campo de Li-bra, marcado para o dia 21 de outubro de 2013.

Situado na bacia de San-tos, o campo petrolífero de Li-bra é estimado em, aproxima-damente, 14 bilhões de barris

editorial | Brasil

A defesa da educação pública e seus desafi os

ses do povo brasileiro. A gran-de maioria dos deputados e se-nadores, juntamente com a im-prensa conservadora, faz o jogo dos grandes capitalistas e legi-tima a privatização das rique-zas nacionais.

Como exceções dessa lógica entreguista, temos os senado-res Roberto Requião, Randolfe Rodrigues e Pedro Simon, que apresentaram um projeto de decreto legislativo para impe-dir o leilão de Libra.

Mais lamentável ainda é constatarmos o papel subalter-no da Agência Nacional do Pe-tróleo (ANP), que tem servido muito bem os interesses do se-tor privado.

O leilão do petróleo de Libra,assim como as concessões derodovias, portos e aeroportospara a iniciativa privada, com-prova que está se fortalecendodentro da composição do go-verno Dilma um setor neolibe-ral, entreguista.

Além disso, assistimos auma aposta perigosa da pre-sidenta Dilma e de sua equipeeconômica em confi ar a reto-mada do crescimento econô-mico via iniciativa privada.

Os movimentos sociais, cen-trais sindicais e diversas asso-ciações e entidades estão semobilizando para impedir o lei-lão de Libra. É preciso denun-ciar este crime de lesa-pátria.

Os movimentos sociais, centrais sindicais e diversas associações e entidades estão se mobilizando para impedir o leilão de Libra

DESVALORIZAÇÃO da profi s-são, baixos salários, violência em sala de aula e na escola, ex-cesso de jornada de trabalho e de alunos em sala, planos de carreira péssimos e sendo de-sestruturados. Além disso, au-mento do número de ativida-des não vinculadas ao trabalho de ensinar.

Na maioria das escolas, as condições de trabalho são ruins, inclusive para os alu-nos. Não existem laborató-rios, quadras desportivas, es-paços destinados ao desen-volvimento das tarefas peda-gógicas dos professores e pa-ra o convívio social de profes-sores, pais e alunos.

Atualmente, o professor bra-sileiro tem um salário médio equivalente a 60% daquilo que é pago a outros profi ssionais de nível universitário. O tama-nho da desvalorização imposta à condição dos professores po-de ser medido pela recusa dos jovens em ingressar nos cursos

editorial | Rio de Janeiro

A população carioca e fl uminense tem de apoiar os trabalhadores da educação. Mas precisa ter claro que essas greves não são apenas por melhores salários, mas são sementes que estão sendo plantadas para o futuro de nossos fi lhos e netos

estadual do Rio de Janeiro. A defesa da educação pú-

blica de qualidade, gratui-ta e laica, com referência so-cial e em consonância com os interesses do povo trabalha-dor, que defenda uma socie-

dade igualitária – fora da ló-gica do mercado e do capital– será uma luta que, com todacerteza, irá crescer nos próxi-mos anos.

Uma luta que criará condi-ções para que os trabalhadoresda educação, pais e estudantesse organizem nas comunida-des escolares e em seus entor-nos por uma série de reivindi-cações comuns.

Com isso, as comunidadesescolares se transformarão emespaços pedagógicos para oexercício dos mecanismos deintervenção democrática parti-cipativa, que servirão de exem-plo e infl uenciarão outros es-paços da sociedade.

Por tudo isso, a popula-ção carioca e fl uminense temde apoiar os trabalhadores daeducação. Mas precisa ter claroque essas greves não são ape-nas por melhores salários, massão sementes que estão sendoplantadas para o futuro de nos-sos fi lhos e netos.

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 opinião | 03

têm a prioridade em barrar o PL 416/2011. O aborto não é apenas uma questão de saúde pública, mas, principalmente, a garantia da autonomia e da au-todeterminação das mulheres sobre seus corpos e suas vidas.

O enfrentamento está colo-cado, não no legislativo, não no governo. Esse enfrentamento vai se dar nas ruas, pela mobi-lização das mulheres por uma luta que exige radicalidade: a radicalidade de quem quer mu-dar suas vidas e o mundo.

Míriam Starosky é da Marcha Mundial

das Mulheres – Núcleo Feminista Rosa dos Ventos.

Hebert de Oliveira GomesLatuff

Lei anti-greve e PL das terceirizações, simples coincidência? EM JUNHO DE 1964, nos primeiros meses da ditadu-ra militar, foi editada a lei 4.330, regulando o direito àgreve. Devido a grande quantidade de regras que im-punha, essa lei fi cou conhecida como a lei anti-greve.Seu principal propósito era inviabilizar a realização degreves, para assim, enfraquecer os trabalhadores e ga-rantir a superexploração.

Após 40 anos, surge um novo Projeto de Lei (PL)com o mesmo número e que também tem como obje-tivo atacar os trabalhadores brasileiros. Trata-se do PL4.330, que regulamenta a contratação de mão-de-obraterceirizada. Proposto em 2004, pelo deputado e em-presário Sandro Mabel (ex-dono daquela famosa em-presa de biscoitos), o projeto é alvo de disputa entrecentrais sindicais e empresários.

Esse projeto foi apresentado com a justifi cativa deque as empresas no Brasil estão perdendo competi-tividade e, por isso, precisam se “modernizar” e que,para isso, seria necessário terceirizar boa parte da for-ça de trabalho. Porém, o que eles realmente queremao terceirizar é baratear os custos e dividir a classe.

Tal projeto tem recebido forte apoio dentro do Con-gresso Nacional, que tem a maioria de seus parlamen-tares com campanhas fi nanciadas por grandes empre-sários. Recentemente, tem tramitado no CongressoNacional e pode ser aprovado nos próximos meses. Aaprovação desse projeto irá legitimar e expandir a prá-tica da terceirização.

Mas qual o problema da terceirização? As pes-soas que são ou já foram terceirizadas ou, simples-mente, quem conhece algum trabalhador terceiri-zado sabe o que isso signifi ca. Os trabalhadores ter-ceirizados enfrentam hoje as piores condições detrabalho no mercado.

Em pesquisa recente do Departamento Intersindi-cal de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diee-se), foi constatado que, em relação ao trabalhador for-mal, o trabalhador terceirizado fi ca 2,6 anos a menosno emprego, tem uma jornada de três horas a mais se-manalmente, ganha 27% a menos e, o pior, de cada dezacidentes de trabalho, oito ocorrem entre terceiriza-dos. Ou seja, ser terceirizado signifi ca trabalhar mais,ganhar menos, ter menos segurança e saúde no traba-lho, resumindo, ter menos direitos.

Sabemos que um trabalhador terceirizado é maisprecarizado e, por isso, torna-se mais frágil perante opatrão. Eis então a principal semelhança entre a lei an-ti-greve e o PL4330. E, para além da semelhança nu-mérica, ambas são estratégias para enfraquecer os tra-balhadores e aumentar o lucro dos patrões.

Por isso, a nossa luta deve ser contra qualquer tipode terceirização, pois o que queremos é que todos ostrabalhadores tenham os mesmos direitos e melhorescondições de trabalho.

Hebert de Oliveira Gomes, enfermeiro,Mestrando em Saúde Pública ENSP/FIOCRUZ

Código da Mineração e os interesses

A Alerj e o Estatuto do Nascituro

A nossa luta deve ser contra qualquer tipo de terceirização, pois o que queremos é que todos os trabalhadores tenham os mesmos direitos e melhores condições de trabalho

NAS ÚLTIMAS semanas, a bancada conservadora da Alerj colocou na pauta o PL nº 416/2011, que propõe um “Pro-grama Estadual de Prevenção ao Aborto e Abandono de Inca-paz”, criando “Casas de Apoio à Vida”. A atuação do poder pú-blico seria “nas hipóteses de es-tupro, gravidez indesejada ou acidental, em que a mulher não disponha de meios e apoio para uma gestação segura”.

O PL 416/2011 é um ataque contra as mulheres. Primeiro, porque ele pretende difi cultar o aborto em casos legais, como o de estupro, impingindo às mu-lheres a responsabilidade so-

reprimarização da economia brasileira e a intervenção das empresas imperialistas no se-tor mineral.

A nova regularização não trata do conceito claro e amplo de atingido. Não há uma linha sobre a utilização dos recursos hídricos. E não existe o zonea-mento para a exploração mi-neral e nada sobre os impactos ambientais.

Necessitamos de um amplo debate para discutirmos os ru-mos da exploração mineral e suas consequências para a so-ciedade brasileira.

Jarbas Vieira é do Movimento dos Atingidos por Mineração

O GOVERNO ENVIOU um no-vo marco regulatório sobre a mineração, para ser aprovado – com urgência urgentíssima - no Congresso. Não discutiu com ninguém na sociedade. Todos comentam que este novo códi-go interessa apenas à Vale e ao seu ministro Lobão.

Felizmente, por pressões das entidades e de parlamen-tares progressistas, o governo recuou da urgência no dia 23 de setembro.

A sociedade – representada pelos movimentos sociais, ON-Gs e sindicatos de trabalhado-res do setor da mineração – não foi convocada para a constru-

ção do novo marco. Foram con-vocadas, pelo Ministério de Mi-nas e Energia, somente as gran-des empresas (Vale, Ferrous, Anglo American, Sam Votoran-tim e outras).

Iremos sofrer com os impac-tos dessa opção, que favorece apenas aos interesses das mi-neradoras. Isso já tem ocorri-do no processo de construção dos minerodutos (Minas-Bahia e Minas-Rio), das ferrovias (res-ponsável Valec), dos Portos e das cavas de exploração, onde não se garante o mínimo direi-to aos camponeses, ribeirinhos, indígenas e quilombolas.

Temos ainda de  combater  a

bre as consequências de uma violência que elas sofreram. Se-gundo, porque a garantia de uma gestação segura deve exis-tir para todas as mulheres que queiram exercer sua mater-nidade e, para isso, já existem previstos equipamentos ade-quados.

O PL, que faz parte da ofen-siva conservadora e fundamen-talista que relega à mulher o papel de simples “incubadora”, parece ser a versão fl uminen-se do “Estatuto do Nascituro” e tais “casas” são chamadas pelo movimento feminista, com to-da razão, como “casas-estupro”.

As mulheres fl uminenses

Jarbas Vieira

Míriam Starosky

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | entrevista

“Comissão da Verdade deve ser permanente”DITADURA João Vicente Goulart, fi lho do ex-presidente Jango, sugere que a comissão investigue casos atuais de tortura praticados por agentes da Polícia Militar (PM)

didas necessárias pa-ra iniciar uma ação cau-telar. Ou seja, tem de ser uma ação do Estado Bra-sileiro, pelos canais di-plomáticos competen-tes. Além disso, também falta a liberação dos do-cumentos ainda classifi -cados sob golpe de Esta-do e os documentos que mostram o monitora-mento dos exilados.

E o que falta ao Brasil para iniciar essa investigação?

Ter a coragem de abrir uma ação contra o gover-no americano para ouvir os agentes. Principalmen-te agora que fomos víti-mas de uma espionagem clandestina do império. É hora de pedir os docu-mentos sobre o golpe pra-ticado pelos EUA para que nós consigamos esclare-cer defi nitivamente isso.

são da Lei da Anistia cabe agora ao Congresso.

Alguns grupos defen-dem a extensão do pra-zo. Essa ampliação seria uma boa atitude?

Esse período é muito curto pelo volume de fa-tos a serem apurados. Eu acho que tem de ser uma comissão permanente. Não só crimes da ditadu-ra e do passado, mas pa-ra crimes cometidos após 1988, como as torturas das polícias militares pra-ticadas nos estados.

E no todo, como avalia a condução dos trabalhos da comissão?

Eu acho que tem pres-tado um grande servi-ço. Só lamentamos as di-vergências que tem havi-do entre os integrantes. Também considero que este tipo de rotação que existe na coordenação não é algo positivo. Ape-sar de tudo isso, é uma grande iniciativa e temos de preservá-la.

Como está o processo de investigação da morte do ex-presidente Jango?

Estamos ainda nos primórdios. As oitivas dos agentes dos EUA ain-da não foram feitas. O Ministério Público (MP) ainda não tomou as me-

as vítimas pedem que o prédio seja transfor-mado em um centro de memória. Como isso pode contribuir?

Nada mais justo do que praticar essa revisão da história e mostrar ao Bra-sil quem foram os ditado-res, verdadeiros carrascos da democracia e dos di-reitos humanos, e quem foram aqueles que luta-ram e tombaram no cami-nho da democracia e da liberdade.

Como vê a posição do governo Dilma em relação à Comissão da Verdade?

Dilma teve coragem que outros governos não tiveram. Que essa comis-são tenha função ape-nas de demonstrar e não de punir; é um problema constitucional e não ope-racional. Depois do se-pultamento no STF, a revi-

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Instalada em 2012, a Comissão Nacional da Verdade investiga todas as violações de direitos humanos ocorridas en-tre 1946 e 1988. Para João Vicente Goulart, fi lho do ex-presidente Jango, a duração de dois anos é insufi ciente.

“Esse período de dois anos é muito curto pelo volume de fatos a serem apurados. Acho que a Co-missão da Verdade tem de ser uma comissão perma-nente”, defende em entre-vista exclusiva ao Brasil de Fato.

Ao fi nal dos traba-lhos, a comissão vai pro-duzir um relatório, mas não poderá punir ou re-comendar que acusados sejam punidos.

João Vicente tam-bém sugere que os cri-mes de tortura pratica-dos por policiais milita-res sejam investigados por esta comissão per-manente. “Não só crimes da ditadura e do passa-do, mas os crimes come-

tidos após 1988, como as torturas das polícias mi-litares que são praticadas diariamente em todos os estados”, explicou.

Nessa entrevista, João Vicente também criti-cou a lentidão do pro-cesso de investigação da morte de seu pai, de-posto pelo golpe militar de 1964, apontou as fra-quezas da Comissão da Verdade e comentou o signifi cado da visita ao maior centro de tortura da ditadura, o Doi Co-di da Rua Barão de Mes-quita, na Tijuca.

Brasil de Fato – Nesta se-mana, uma comitiva vi-sitou o maior centro de tortura da época da di-tadura. Que signifi cado tem essa visita?

João Vicente Goulart – Essa visita nada mais é que um avanço das lutas. Não só pelas lutas demo-cráticas, mas também as lutas que este país ainda precisa fazer. Por exem-plo, a revisão da Lei da Anistia, que outros paí-ses da América Latina já fi zeram, e prevê a puni-ção de militares.

Militares tentaram im-pedir a visita de parla-mentares e representan-tes da Comissão da Ver-dade. Esse comporta-mento combina com a democracia?

Para nós, foi uma gran-de surpresa. Sem dúvi-da alguma, isso mostra o quanto nós temos de ca-minhar e avançar no sen-tido de extirpar do seio da nossa sociedade todas as reminiscências que existe da época da ditadura.

Os movimentos so-ciais, os familiares e

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Wilson Dias/ABr

João Vicente Goulart, fi lho do ex-presidente Jango

“Nada mais justo do que praticar essa revisão da história e mostrar ao Brasil quem foram os ditadores, verdadeiros carrascos da democracia e dos direitos humanos”

“É hora de pedir os documentos sobre o golpe praticado pelos EUA para que nós consigamos esclarecer defi nitivamente isso”

“Esse período é muito curto pelo volume de fatos a serem apurados. Eu acho que tem de ser uma comissão permanente”

Fernando Frazão/ABr

Após mudança no de-poimento, duas teste-munhas do caso Ama-rildo deixaram o esta-do, na última sexta-fei-ra (21). Ex-moradores da Rocinha, mãe e fi -lho, pediram ingresso no Programa de Prote-ção à Criança e ao Ado-lescente Ameaçado de Morte, após declararem terem sido coagidos pe-lo major da Polícia Mi-litar Edson Santos a apontar trafi cantes co-mo responsáveis do de-saparecimento do aju-dante de pedreiro.

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidên-cia da República (SDH) decidiu, nesta quar-ta-feira (25), participar das investigações do caso Amarildo. A deci-são foi tomada após os senadores e parlamen-tares encaminharem um pedido formal à ministra Maria do Ro-sário, solicitando uma apuração paralela.

Direitos Humanos no caso Amarildo

Testemunhas deixam Rio

OAB-RJ cobra RapidezO Presidente da OAB - RJ, Felipe Santa Cruz, cobrou, na quarta-fei-ra (25), mais rapidez na solução do caso Ama-rildo. Preocupados com o encaminhamento do inquérito, a OAB pediu mais agilidade e res-postas concretas na re-solução do desapare-cimento do ajudan-te de pedreiro. Em con-trapartida a Polícia Ci-vil respondeu, por meio de nota, que “as investi-gações estão em anda-mento e o delegado, Ri-valdo Barbosa, aguarda os resultados dos lau-dos da perícia”.

FATOS EM FOCO

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 cidades |

para dar a posse às famí-lias que já moravam ali.Ao contrário, a política foiremover para áreas muitolonge”, criticou.

Depois de viver o te-mor de serem destruí-das, as comunidades In-diana e Estradinha sãoexemplos de resistênciasvitoriosas na cidade doRio. No fi nal do mês pas-sado, o prefeito recuoue prometeu verbalmen-te que as duas não serãomais removidas.

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

A vice-presidenta da Associação de Morado-res da Estradinha, Irmã Fátima, não consegue es-quecer a primeira reunião que participou com o pre-feito Eduardo Paes (PM-DB). “Ele disse que seria um ‘prazer’ remover os moradores da Estradinha.

Naquele exato mo-mento, uma dona de ca-sa morreu e nasceu uma guerreira”, conta a lideran-ça comunitária. Essa reu-nião aconteceu no início de 2010 e, desde então, a comunidade resiste para permanecer na área, loca-lizada em Botafogo.

Sem qualquer projeto para intervenção na co-munidade ou laudo téc-nico conclusivo, a Secre-

taria de Habitação iniciou o processo de remoções com o argumento que to-da a área seria de risco. Centenas de casas foram destruídas e os entulhos das construções continu-am lá até hoje.

IndianaOutra comunidade, a

Indiana, na Tijuca, passou por um processo pareci-do. Também sem projeto e sem laudo, todos foram ameaçados de remoção. Com isso, famílias aceita-ram a proposta de mudar de endereço.

No caso da Indiana, as casas foram trocadas por apartamentos do Minha Casa, Minha Vi-da, em Triagem, na zona oeste. Na Estradinha, os moradores receberam indenizações.

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Pablo Vergara

REMOÇÕES Sem laudo e sem projeto, prefeitura tentou remover ilegalmente as duas comunidades

Liminar de 2010 ainda não foi totalmente cumprida

“Nos dois casos, não teve nenhuma tentativa de regularizar a situação para dar a posse às famílias que já moravam ali”

Estradinha e Indiana, moradores resistem na luta por moradia

Estradinha quer reconstrução e obras de contenção

Irmã Fátima, vice-presidenta da Associação de Moradores da Estradinha

Com as desocupações, a prefeitura começou a demolir e deixou mui-to entulho pelo caminho. Por este motivo, somado à ausência de projeto e de laudo, a defensora públi-ca Maria Lúcia de Pontes ingressou com uma ação

civil pública para impedir demolições e para obrigar a prefeitura a recolher os entulhos.

A Justiça aceitou este pedido em 2010. Na In-diana, a retirada foi ime-diata. Na Estradinha, a prefeitura só começou

do Rio de Janeiro (RJ)

Desde 2010, a comu-nidade enfrenta gra-ves problemas de saúde em função dos entulhos acumulados. Um laudo produzido pelo pesqui-sador Alexandre Pessoa, da Fiocruz, atestou a si-tuação de insalubridade e serviu de base para a ação civil pública.

Mesmo assim, só nes-te mês, os entulhos co-meçaram a ser recolhi-dos. “Aqui tem muita co-bra e lacraia. Quando chove, prolifera o mos-quito da dengue”, des-creve Irmã Fátima.

A defensora Maria Lúcia lamenta que a li-minar de 2010 ainda não tenha sido totalmente cumprida.

“Pedimos para apli-car a multa na conta do prefeito, o Ministério Público (MP) opinou fa-voravelmente e a juíza mandou intimar Eduar-do Paes recentemente. De certa maneira, essa decisão infl uenciou na negociação que a prefei-tura abriu nas comuni-dades”, destacou.

Agora, os moradores da Estradinha lutam pe-lo projeto de reconstru-ção da comunidade e por

obras de contenção em áreas de risco.

“Sabemos que prefei-tos mudam com o tem-po. Hoje faz sol, amanhã chove. O que funciona

do Rio de Janeiro (RJ)

Dona Clarisse Afon-so de Carvalho, de 79 anos, é umas das prin-cipais referências na In-diana. Primeira mora-da, ela já foi presidenta da Associação de Mora-dores. “Aqui era um ma-tagal. Cheguei com seis fi lhos da Paraíba e com o meu marido. Passei o maior aperto no início”, lembra.

Ao lembrar os tempos em que sua família sofria com ameaças de despe-jo, Dona Clarisse enche os olhos de lágrimas.

“Eles chegaram bo-tando terror, dizendo que iam passar trator

por cima. Eu só me pe-gava com Deus. Eu sou analfabeta, mas não sou boba, sei que tenho di-reitos e aí a gente correu para a Justiça”, contou a moradora.

Depois que o ex-se-cretário de Habitação, Jorge Bittar, começou a pressionar os morado-res para se mudarem para Triagem, uma co-missão formada por dez pessoas começou a se articular e entrou em contato com a Defenso-ria Pública.

Segundo a defensora Maria Lúcia, nada justifi -ca a intervenção imedia-ta da forma que aconte-ceu.(VV)

Moradores impediram remoção da Indiana

neste mês.Para Maria Lúcia, essas

situações mostram que o município não tem polí-tica de habitação para os mais pobres.

“Nos dois casos, não teve nenhuma tentativa de regularizar a situação

Comissão começou a se articular e entrou em contato com a Defensoria

SERVIÇO

SE A SUA COMUNIDADE FOR AMEAÇADA DE REMOÇÃO:

1. Procure organizar um coletivo, com autonomia, formado por pessoas que estão na mesma situação.

2. Procure grupos de apoio.

3. Uma das organizações que presta assessoria jurídica é o Núcleo de Terras da Defensoria Pública. Telefone: 129

Fonte: Grupo de Estudo em Advocacia Popular (Geap)

mesmo é a união de to-das as comunidades queestão em processo de re-moção. A guerra está sócomeçando”, lembrou Ir-mã Fátima. (VV)

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | cidades

Professores resistem há quase 2 meses

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FATOS EM FOCOVisita histórica ao Doi-CodiDITADURA Integrantes da Comissão Nacional e Estadual da Verdade, parlamentares do Senado e a representação do Ministério Público Federal fi zeram uma visita no local na segunda-feira (23)

Mário Augusto Jakobskind

do Rio de Janeiro (RJ)

O atual quartel Zenó-bio da Costa, onde se lo-calizava a antiga depen-dência do Doi-Codi (Des-tacamento de Operações de Informações-Centro de Defesa Interna) foi pal-co, na segunda-feira (23), de um acontecimento histórico com repercus-são nacional.

Integrantes da Co-missão Nacional e Esta-dual da Verdade, parla-mentares do Senado e a representação do Minis-tério Público Federal fi -zeram uma visita ao lo-cal, conseguindo neu-tralizar a ação provo-cativa do deputado Jair

Bolsonaro, do PP-RJ.O parlamentar extre-

mista tentou de todas as formas tumultuar a vi-sita, chegando a agredir fi sicamente o senador Randolpho Rodrigues (PSOL-AP), além de des-tratar verbalmente a de-putada Jandira Feghali, do PCdoB-RJ.

Caminho certoNo interior do quartel,

graças ao jornalista Álva-ro Caldas, que esteve pre-so duas vezes no Doi-Co-di nos anos de 1970, os in-tegrantes das comissões puderam percorrer o lo-cal onde, pelo menos, 800 presos políticos sofreram torturas e alguns, como o jornalista Mario Alves e o ex-deputado Rubens Pai-

Tânia Rêgo/ABr

Alerj

Pablo Vergara

O deputado Jair Bolsonaro tenta tumultuar visita à antiga dependência do Doi-Codi

Professores nas ruas por melhores condições de trabalho

EDUCAÇÃO Profi ssionais da rede estadual e municipal do RJ estão em greve desde o dia 8 de agosto. Professores querem a retirada do caráter de urgência do plano de carreira

Leonardo Ferreirade São Paulo (SP)

Há quase dois meses em greve, os professores da rede estadual e mu-nicipal do Rio de Janeiro pressionam o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes.

Os professores da rede municipal, que haviam suspendido a paralisação em 10 de setembro, de-pois de quase um mês pa-rados, decidiram retomar a greve em assembleia, na última sexta-feira (20).

Os profi ssionais de educação da rede esta-dual querem aumento sa-larial de 20% e melhores condições de trabalho.

Segundo a coordena-dora do Sindicato dos Profi ssionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Ivanete Conceição, o pla-no de carreira elaborado pela prefeitura não aten-de a 93% da categoria.

“O governo encami-nhou direto à Câmara dos Vereadores um projeto que é totalmente contrá-rio ao que reivindicáva-mos. Deixa de fora 93% da categoria”, afi rma.

Os professores querem a retirada do caráter de ur-gência do plano de carrei-ra, que será enviado à Câ-mara até terça-feira (24).

Entre as reivindicações da categoria, estão rea-juste salarial de 19% para

va, foram assassinados.Enquanto os milita-

res apontavam no quartel uma área a ser percorrida, Álvaro Caldas mostrou o caminho certo onde os opositores ao regime di-tatorial foram torturados.

O jornalista foi elogia-do pelos integrantes das comissões pela coragem e lucidez, que ajudaram o trabalho da comissão. É bem possível que, se ele não estivesse presen-

compensar perdas sala-riais, garantia de um terço da carga horária para ati-vidades extracurriculares e concurso público para professores e funcioná-rios administrativos.

te, os integrantes das co-missões não teriam per-corrido o caminho onde se pretende criar um Mu-seu da Memória.

Caldas, atualmente com 72 anos, observou que, em relação há 40 anos, houve mudanças, mas a estrutura das de-pendências continuou a mesma, daí ter lembra-do o caminho certo.

O jornalista admitiu que passou a madruga-

da acordado pela emo-ção em ter de voltar, qua-tro décadas depois, ao lo-cal onde passou os piores momentos de sua vida.

Caldas lembrou que na primeira vez em que foi preso, sofreu pesadas torturas. Posteriormen-te, quando trabalhava no jornal O Estado de S. Pau-lo, foi sequestrado covar-demente em sua casa e le-vado novamente ao Doi-Codi.

PrecarizaçãoDe acordo com Ivane-

te Conceição, a catego-ria pede também aten-ção quanto à precari-zação das condições de trabalho.

“É uma precarização que não passa somente pela estrutura física da escola, mas muito pe-la questão pedagógica”, afi rma Ivanete. Segun-do ela, é a maneira como está organizada as pro-postas pedagógicas na rede municipal.

“A base da catego-ria, tanto no município quanto no estado, ho-je acabam se vendo ten-do de fazer esse nível de reação, resistência atra-vés das greves para pres-sionar os governos a re-ver essa pauta pedagó-gica que acaba afetando o dia a dia desse profes-sor”, argumenta.

(RadioagênciaNP)

Projeto de lei aprovado na Alerj, na terça-feira (24), obrigará terminaisde ônibus, barcas e me-trô a terem ao menos dois desfi briladores pa-ra casos emergenciais. Visando maior prote-ção aos usuários, o pro-jeto prevê, ainda, o trei-namento de ao menos metade dos profi ssio-nais destas estações. O projeto – baseado na alta incidência de pro-blemas cardíacos na população, atrelado ao grande fl uxo de pesso-as nestes terminais pú-blicos – depende ainda do veto ou sanção do governador nos próxi-mos 15 dias.

Desfi briladores em terminais

Mais 60 dias

Remoções

A Assembleia Legisla-tiva do Rio (Alerj) pror-rogou, na terça-fei-ra (24), o prazo de fun-cionamento da CPI das construtoras. A comis-são, que teria até o fi nal do mês para fi nalizar as investigações, ganhou mais 60 dias para apu-rar as causas da demorana entrega dos imóveis no Rio de Janeiro.

Audiência pública com tema “Remoções por Grandes Projetos na Ci-dade do Rio de Janeiro” será realizada sexta-fei-ra (27), às 10h. Conta-rá com Inalva Mendes, pelo Comitê Popular da Copa; Jorge Santos, re-movido pelas obras da Transoeste; Roberto Marinho, morador da Providência; Alexandre Mendes, professor de direito urbanístico e ex-defensor público e Car-los Vainer, professor ti-tular do IPPUR.

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 cidades |

Camelôs festejam proibição dearmas ditas não-letais na Guarda

tar por “não ter sido no-tifi cada sobre a liminar”. Já o Sindicato dos Servi-dores do órgão, o Sisgua-Rio, recorreu. Em peti-ção, alega que os equi-pamentos em questão não podem ser defi ni-dos como armamentos, caracterizando a proibi-

07

Gilka Resendedo Rio de Janeiro (RJ)

O ambulante Jorge Luiz Gomes, de 45 anos, comemorou a recente de-cisão da Justiça em proi-bir o uso de armas ditas não-letais pela Guarda Municipal. Jorginho, co-mo é conhecido no came-lódromo da Uruguaiana, onde trabalha, é um dos tantos que sofrem com os já tradicionais abusos praticados pela Guarda.

Uma vez, relata, “me empurraram, minha ca-deira quebrou e eu me machuquei. Levaram tu-do, doces e bebidas”. Ele afi rma, ainda, já ter sofri-do com os efeitos do spray de pimenta, durante os conhecidos “rapas”.

Jorginho, que é ca-deirante, além de difi -

Pablo Vergara

SEGURANÇA Equipamentos foram usados na ausência de regulação por cerca de quatro anos

Corporação se nega a comentar decisão judicial

culdades motoras, en-frenta limitações na fa-la. Quando não é enten-dido, pede ajuda à irmã Júlia Cristina, de 18 anos, e do amigo Pablo Rodri-gues, de 33. Os dois tam-bém trabalham na Saara, no Centro.

“Ele é aposentado, mas precisa ter mais um dinheiro. Não pode fi -car preso em casa, ele não gosta”, explica Jú-lia. De acordo com ela, em agosto, o irmão per-deu cerca de R$ 2 mil, somando os valores das mercadorias e do carri-nho em que as carregava.

Cassetete proibidoA decisão pela proibi-

ção de armas ditas não-letais na Guarda Munici-pal ocorreu na última se-mana. A medida, que teve

como base uma ação do Ministério Público (MP-RJ), proíbe as pistolas de choque  taser,  sprays  de pimenta e cassetetes.

“Há um histórico de atos de violência por par-te da Guarda Municipal na repressão ao comércio dos ambulantes. A proi-

O ambulante Jorge Luiz Gomes

Guarda Municipal não deve fi scalizar ambulantes

do Rio de Janeiro (RJ)

“Fiquei emociona-da quando soube da de-cisão. Nossa luta agora é para que a Guarda dei-xe de fi scalizar os came-lôs. Isso não cabe a ela”, garante Maria de Lur-des, a Maria dos Came-lôs, de 38 anos, que coor-dena o Movimento Uni-do dos Camelôs (Muca). A ação do MP também atesta exatamente isto: a fi scalização “se dá de for-ma ilegal”.

Questionada sobre as denúncias de violência que motivaram a decisão judicial, a Guarda Muni-cipal não quis comen-

ção como uma ameaça à integridade física dos guardas.

Contudo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta para a pos-sível letalidade desses equipamentos, em espe-cial da taser.

O choque leva à perda do controle neuromuscu-lar e pode causar parada cardíaca. A entidade lem-bra, ainda, que “a grande maioria dos estudos so-bre a pistola não é confi á-vel por serem feitos pelos próprios fabricantes”. O aparelho atira dardos elé-tricos e possui mira a  la-ser  que garante pontaria em até 15 metros.

bição do uso de armas foi uma sábia decisão do Po-der Judiciário”, declarou o promotor Rogério Pache-co Alves, autor do texto.

“Os guardas batem mesmo. Os camelôs da rua sofrem mais. Essa é uma defesa do direito ao trabalho”, disse Pablo, que

é dono de um  stand  de produtos evangélicos. Ele mostra marcas da repres-são: uma cicatriz de 13 pontos na cabeça e outra na perna esquerda, que é “mais dolorida”. Para evi-tar fricção, suas calças ga-nham rasgos na altura do joelho.

do Rio de Janeiro (RJ)

O delegado Orlan-do Zaccone, conhecido pela defesa dos direitos humanos, discorda da ideia de que a compra de armas ditas não-le-tais reduz o uso de ar-mas de fogo pelo poder público. “Essa é uma mentira. Ela masca-ra a entrada de arma-mentos de alta disper-são contra grupos não-armados”, disse. Como exemplo, cita massas de pessoas como em torcidas de futebol ou grandes protestos.

Para ele, “a prova

disso é a chegada des-ses equipamentos na Guarda Municipal, que nunca usou armas de fogo”. Com isso, Zacco-ne explica: “o poder de força do Estado acaba ampliado e não reduzi-

do”, garantindo que is-so refl ete “um fenôme-no mundial: a militari-zação da segurança pú-blica”.

Desde 2011, a Guar-da Municipal do Rio possui um Grupamento de Operações Especiais (GOE), que se diferen-cia pelo uso de boinas pretas. Além das armas ditas não- letais, es-sa tropa de elite faz uso de capacetes e escudos. Entre os gritos de guer-ra nos treinamentos, está este: “Tiro e bom-ba no Centro da cidade, o Goe se prepara para a realidade”. 

Militarização chega à Guarda cariocaArmas ditas não-letais não reduzem violência

“Eu trabalhava naCentral do Brasil. Per-di quase tudo em um in-cêndio no camelódro-mo. Corria do fogo coma minha televisão quan-do um guarda me acer-tou com o cassetete, eucaí e ainda levei choque.Desmaiei e só fui acor-dar no hospital”, relem-bra o episódio, ocorridohá quatro anos.

Nessa época, a Guar-da Municipal começara autilizar as armas ditas não-letais. Com exceção doscassetetes, os  sprays  depimenta e as  tasers fo-ram adquiridos a partirde 2009, primeiro ano dogoverno de Eduardo Paes(PMDB).

Uma regulação es-pecífi ca, no entanto,só chegaria com a LeiComplementar Munici-pal 129. A norma foi pu-blicada no Diário Ofi cialquase quatro anos de-pois, em junho de 2013,em meio à explosão demanifestações pela ci-dade e pelo país.

“Essa é uma mentira. Ela mascara a entrada de armamentos de alta dispersão contra grupos não-armados”

A taser atira dardos elétricos e possui mira a laser que garante pontaria em até 15 metros

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | cidades

dicato dos Engenheiros (Senge), Olimpio Alves dos Santos, afi rmou que a entidade vai encaminhar um ofício para a Aneel e para a Light para apurar mais informações sobre o cancelamento.

“Cancelar uma audi-ência pública por moti-vos subjetivos é um des-calabro. Essas manifesta-ções ocorreram no Rio e já arrefeceram. Uma coi-sa não tem nada a ver com a outra”, avaliou.

Maus serviçosO sindicalista acres-

centou que a Light é a campeã em prestação de maus serviços, com pés-simos indicadores de qualidade.

“O Senge já recebeu moradores do Rio que es-tão enfrentando proble-mas como os medidores eletrônicos da Light. Pes-soas com casas modes-tas que receberam contas em torno de mil reais. Po-de ser que os moradores quisessem contestar es-ses medidores”, comen-tou.

Vigário Geral é um dos bairros em que os novos medidores eletrônicos da Light já foram instalados. Para o vice-presidente da Associação de Moradores de Vigário Geral (Ama-vig), João Ricardo de Ma-tos Serafi m, a ausência de debate público pode pre-judicar a população.

“Os equipamentos não funcionam como deve-riam funcionar. Por is-so que a audiência públi-ca é importante e vamos brigar para que ela acon-teça. Vivemos uma situa-ção de aumento do pre-ço da cesta básica, salário apertado, endividamen-tos da população e seria muito importante o pre-ço da energia cair”, afi r-mou Serafi m.

A autarquia sugere di-minuir em 3,28% a con-ta dos consumidores resi-denciais e em 6,70% a dos clientes industriais.

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Uma audiência públi-ca da Agência Nacional de Energia Elétrica (Ane-el), que iria debater a re-dução da tarifa de ener-gia, foi cancelada no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada pela diretoria da agência reguladora, após telefonema do secretá-rio de segurança do Esta-do, José Mariano Beltra-me, para o diretor-geral da Aneel, Rubens Rufi no.

O evento estava previs-to para o dia 16 de setem-bro. Segundo a assesso-ria de imprensa da autar-quia, essa é a primeira vez que uma reunião presen-cial é cancelada por moti-vos de segurança.

“O secretário Beltra-me ligou para o Dr. Ru-bens e pediu para can-celar, por questão de se-gurança, em função das manifestações populares que foram mais fortes no Rio”, informou a assesso-ria, por telefone.

Com o cancelamen-to da sessão presencial, a Aneel prossegue com a consulta apenas virtu-al. “Agora só vai ter audi-ência pública presencial quando a diretoria deci-dir em reunião. Não exis-te nenhuma resolução formal, esta é uma nor-ma da Aneel. Vai depen-der do que eles sentirem na época”, acrescentou a assessoria.

O presidente do Sin-

Beltrame cancela audiência da Light no Rio

Petroleiros acampam em frente à Petrobras contra leilão do pré-sal

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Tomaz Silva/ABr

Samuel Tosta

Audiência teria sido cancelada após pedido do secretário de segurança do estado, José Mariano Beltrame

Militantes seguem acampados até data marcada para o leilão do campo de Libra

ENERGIA Para evitar manifestações, secretário de segurança recomendou cancelamento de audiência

PROTESTO Movimento critica a entrega do campo de Libra

“Cancelar uma audiência pública por motivos subjetivos é um descalabro. Essas manifestações ocorreram no Rio e já arrefeceram”

Gilka Resendedo Rio de Janeiro (RJ)

Um acampamento de-ve permanecer montado em frente à sede da Pe-trobras, no Centro, até o dia 21 de outubro, data marcada para o leilão do campo de Libra, situado na Bacia de Santos (SP). Além de petroleiros, mi-litantes da Ocupa Câmara e da Frente Internaciona-lista dos Sem Teto (Fist) já aderiram ao movimento.

“O acampamento de-ve crescer. Na próxima semana, chegarão os mi-litantes do Movimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem Terra (MST) e de outros sindicatos e mo-vimentos sociais. Essa é uma questão de sobera-nia”, disse Francisco So-riano, do Sindicato do Pe-

troleiros do Rio (Sindipe-tro – RJ).

Pelo menos 15 pessoas estavam no local na noi-te chuvosa de terça-fei-ra (24), data de início do acampamento. Esse tam-bém era o número de po-liciais no local.

A atividade é promovi-da por organizações que integram a campanha “O Petróleo Tem que Ser Nosso”, que critica o leilão.

“O país já é auto-sufi -ciente em petróleo. Não temos nenhuma razão pa-ra explorar o pré-sal ago-ra. Temos de explorar o petróleo apenas de acor-do com as necessidades do Brasil, como para in-vestir em educação, saúde e reforma agrária”, exem-plifi cou o sindicalista.

No próximo 3 de outu-bro, a Petrobras faz ani-versário e um ato-show

“contra a entrega das ri-quezas do subsolo dopaís” está marcado paraocorrer na Praça XV.

De acordo com aAgência Nacional do Pe-tróleo (ANP), o campode Libra possui cerca de14 bilhões de barris deóleo. Sozinho, essa partedo pré-sal equivale a cer-ca de 80% de todas as re-servas já descobertas pe-la Petrobras.

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 brasil |

Patrícia Benvenutida Redação

A menos de um ano para o início da Copa do Mundo, o legado deixa-do pelos megaeventos es-portivos, até o momento, está longe de empolgar os brasileiros.

A insatisfação fi cou vi-sível durante os protestos que agitaram o país na metade do ano. Por toda a parte, multiplicavam-

se as críticas contra o gas-to excessivo de recursos públicos em arenas, a in-terferência da Fifa em leis nacionais e as remoções de comunidades intei-ras para dar lugar a novos empreendimentos.

A Copa e as Olimpía-das, porém, podem dei-

Lutas e movimentos sociaisna mira da lei antiterrorista

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O senador Roberto Requião

Manifestante exibe a Constituição para Tropa de Choque diante do Estádio Mané Garrincha

Agência Senado

Felipe Canova

da Redação

“Estamos vulnerabili-zando o país e enfraque-cendo a soberania nacio-nal por superávit primá-rio.” Esta é uma das afi r-mações feitas pelo se-nador Roberto Requião (PMDB-PR), no dia 20 de setembro, durante seu discurso no plenário do Senado Federal.

Integrante da base aliada do governo, o se-nador ainda afi rmou con-siderar-se um cético em relação às ações do go-verno federal, principal-mente, em relação ao que

REPRESSÃO Sob argumento de defender o país de ameaças terroristas, Projeto de Lei pode criminalizar organizações populares e suas lideranças

POLÍTICA Segundo documento apresentado por Roberto Requião, a Agência Nacional de Petróleo age a favor de transnacionais estrangeiras e contra a soberania nacional

Dossiê desnuda “lambança” da política nacional de petróleo

caracterizou de “lamban-ça” da política nacional do petróleo, a cargo da Agência Nacional do Pe-tróleo (ANP).

DossiêPortando em suas

mãos um dossiê, cuja au-toria não foi revelada, du-rante seu discurso, Re-quião destrinchou uma série de graves denúncias contra a ANP; entre elas, a de que a realização do leilão do campo de Libra, situado na Bacia de San-tos, é um crime.

“Nós todos sabemos, até mesmo senadores do

PSDB, que Libra com pe-tróleo já descoberto pela Petrobras, em 2010, está sendo leiloado ao cartel das transnacionais petro-leiras para gerar superávit primário”, afi rmou.

Com base nas infor-mações do dossiê, Re-quião afi rmou, ainda, que os leilões de petróleo são desnecessários e que o governo federal está “tro-cando 15 bilhões pelo va-lor fi nal de reservas fan-tásticas que poderiam fi -nanciar educação, saúde e infraestrutura no Brasil em um futuro próximo”.

O documento apre-

sentado por ele afi rma claramente que há uma submissão da estatal bra-sileira às transnacionais do setor petroleiro. Pa-ra ele, a atuação da dire-

ção da ANP é mais peri-gosa para o país que to-das as denúncias de es-pionagem dos serviçosde informação dos Esta-dos Unidos na Petrobras.

xar outras heranças ne-gativas. Com o argumen-to de proteger o país du-rante os jogos, tramita, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 728/2011, que propõe a tipifi cação do crime de terrorismo.

Apresentado pelo se-nador Romero Jucá (PM-

DB-RR), relator da comis-são especial mista, criada no Senado para regula-mentar dispositivos cons-titucionais, o texto esta-belece penas entre 15 e 30 anos de prisão, em re-gime fechado, para quem “provocar ou infundir ter-ror ou pânico generaliza-

do mediante ofensa à vi-da, à integridade física ouà saúde ou à privação daliberdade de pessoa, pormotivo ideológico, reli-gioso, político ou de pre-conceito racial ou étnico”.

A versão de Jucá se ba-seia em diversas outraspropostas; dentre elas, umanteprojeto elaborado pe-lo deputado Miro Teixei-ra (PDT-RJ) e o novo Có-digo Penal, além de trata-dos, protocolos e conven-ções internacionais.

Atualmente, a Cons-tituição Federal apenasrepudia expressamen-te a prática do terroris-mo, além de considerar oato inafi ançável e insus-cetível de graça [espéciede indulto individual] ouanistia. Entretanto, nãotipifi ca as ações e nem es-tabelece penas. O objeti-vo dos integrantes da co-missão é aprovar a maté-ria até o começo do cam-peonato de futebol, emjunho de 2014.

A Justiça do Pará con-denou, no dia 19, o fazendeiro Vitalmi-ro Bastos de Mou-ra, o Bida, a 30 anos de prisão, pela morte da missionária Doro-thy Stang. O julgamen-to, o quarto realizado, durou mais de 14 ho-ras. Dorothy foi mor-ta a tiros no município de Anapu, no sudoeste paraense, em 12 de fe-vereiro de 2005.

A Lei Maria da Pe-nha não teve impacto sobre a quantidade de mulheres mortas em decorrência de violên-cia doméstica, segun-do constatou um estu-do sobre feminicídio, divulgado ontem (25) pelo Ipea. De acordo com os dados do insti-tuto, entre 2001 e 2006, período anterior à lei, foram mortas, em mé-dia, 5,28 mulheres a cada 100 mil. No pe-ríodo posterior, entre 2007 e 2011, foram víti-mas de feminicídio, em média, 5,22 mulheres a cada 100 mil.

No dia 24, faleceu a Ir-mã Genoveva, missio-nária que viveu por 60 anos junto ao povo Ta-pirapé, no Mato Gros-so. Tratada apenas por Veva, ela foi uma das pioneiras, na vida mis-sionária, da teologia da inculturação do Con-selho Indigenista Mis-sionário (Cimi) e sem-pre demonstrou total respeito à cultura e re-ligiosidade dos povos indígenas. Veva, que em agosto deste ano completou 90 anos, deixou a França em 1952 e, desde então, vivia com os Tapirapé.

Maria da Penha não reduz mortes

Morre Irmã Genoveva

Dorothy Stang

FATOS EM FOCO

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | mundo

“neutralidade da rede”.

ConselhoAo analisar as difi cul-

dades de chegar a umasolução nos confl itos daSíria e de Israel e Pales-tina, Dilma argumen-tou: “A recorrente pola-rização gera imobilis-mo perigoso. Somentea ampliação do númerode membros e a inclusãode países em desenvol-vimento poderá sanar odéfi cit de representativi-dade do Conselho de Se-gurança da ONU.”

Por fi m, a presidentaainda reiterou que a dire-ção do FMI (Fundo Mo-netário Internacional) de-verá ser reestruturada oquanto antes, “para refl e-tir o peso dos emergentes”.

(Vitor Sion/Opera Mundi)

com o objetivo de poder explorar todo o potencial desse meio de comunica-ção, sem que sejam vio-ladas as liberdades dos cidadãos e garantindo a

Na ONU, Dilma ataca espionagem

paz para a humanidade”.Aos jornais uruguaios,

Mujica prometeu um “discurso exótico” e fu-giu do protocolo ao dizer que “tem angústia pelo futuro” e que nossa “pri-meira tarefa é salvar a vi-da humana”.

“Sou do Sul (...) e car-

de São Paulo

Ao abrir a 68ª Assem-bleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (24), a presidenta Dilma Rousseff fez um discur-so que teve como focos principais o repúdio à espionagem dos Estados Unidos e a valorização das conquistas do Bra-sil nos últimos dez anos.

Como era de se espe-rar, a primeira parte da fa-la de Dilma foi voltada pa-ra criticar os grampos dos Estados Unidos, que “fe-rem o direito internacio-nal e afrontam os princí-pios que regem as rela-ções entre nações amigas”.

Assim como já havia feito na Cúpula do Mer-cosul, realizada em ju-lho na cidade de Mon-tevidéu, a chefe de Esta-

do brasileira não aceitou a justifi cativa do governo de Barack Obama de que a espionagem tem im-portância para o comba-te ao terrorismo.

“O Brasil sabe prote-ger-se e não dá abrigo a grupos terroristas”, argu-mentou a petista. Ela ain-da lembrou que a “situa-ção foi ainda mais grave”

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Roberto Stuckert Filho/PR

Paulo Filgueiras/ONU

Presidenta Dilma Rousseff durante assembleia da ONU

O presidente uruguaio José Mujica

NOS EUA Além de pedir reforma no FMI, presidenta também criticou “imobilismo” do Conselho de Segurança

Mujica critica sociedade capitalista em discurso

de São Paulo

O presidente do Uru-guai, José Mujica, criticou duramente o consumis-mo durante seu discurso na 68ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (24).

“O deus mercado or-ganiza a economia, a vi-da e fi nancia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consu-mir e consumir. E quan-do não podemos, carrega-mos frustração, pobreza e autoexclusão”, afi rmou.

No discurso, que du-rou 40 minutos, ele tam-bém elogiou a utopia “de seu tempo”, mencionou sua luta pelo antigo so-nho de uma “sociedade libertária e sem classes” e destacou a importância da ONU, que se traduz para ele um “sonho de

Presidente uruguaio lamentou embargo à Cuba e a pobreza na América Latina

rego, inequivocamente, milhões de pessoas po-bres na América Latina, carrego as culturas origi-nárias esmagadas, o resto do colonialismo nas Mal-vinas, os bloqueios inúteis à Cuba, carrego a conse-quência da vigilância ele-trônica, que gera descon-fi ança, que nos envene-na inutilmente. Carrego a dívida social e a necessi-dade de defender a Ama-zônia, nossos rios, de lu-tar por pátria para todos e que a Colômbia possa en-contrar o caminho da paz, com o dever de lutar pela tolerância.”

A humanidade sacrifi -cou os deuses imateriais e ocupou o templo com o “deus mercado, que orga-niza a economia, a vida e fi nancia a aparência de fe-licidade. Parece que nas-cemos só para consumir

no caso do Brasil, pois re-presentações diplomá-ticas e comunicações da Presidência sofreram in-terceptações inegáveis e injustifi cáveis.

Depois de tecer for-tes críticas a Washing-ton, Dilma reiterou que o Brasil apresentará à ONU propostas de governança que regulem a internet,

Como era de se esperar, a primeira parte da fala de Dilma foi voltada para criticar os grampos dos Estados Unidos

“O deus mercado organiza a economia, a vida e fi nancia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir”, disse Mujica

e consumir. E quando não podemos, carregamos a frustração, a pobreza, a autoexclusão”. No mes-mo tom, ressaltou o fra-casso do modelo adotado no capitalismo: “o certo, hoje, é que, para a socie-dade consumir como um americano médio, seriam necessários três planetas. Nossa civilização montou um desafi o mentiroso”.

Para o presidente, o atual modelo de civiliza-ção “é contra os ciclos na-turais, contra a liberdade, que supõe ter tempo pa-ra viver, (…) é uma civili-zação contra o tempo li-vre, que não se paga, que não se compra e que é o que nos permite viver as relações humanas”, por-que “só o amor, a amiza-de, a solidariedade e a fa-mília transcendem”.

“Arrasamos as selvas

e implantamos selvas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com estei-ras, a insônia com remé-dios. E pensamos que

somos felizes ao deixar ohumano”.

(do Opera Mundicom Vanessa Silva,

do Portal Vermelho)

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 cultura |

bro, também haverá mú-sica às sextas-feiras e to-do o primeiro domingo do mês, uma feijoada na parte da tarde, começan-do no próximo dia 6 de outubro.

Há algum tempo o es-paço chegou a abrigar sessões de cinema brasi-leiro com curtas-metra-gens e fi lmes alternati-vos geralmente não exi-bidos no circuito ofi cial,

os apreciadores do estilo.O apelo cultural do es-paço resiste, mesmo emuma área que não recebetantos incentivos.

O nomeA história do nome

do botequim surgiu poracaso, conforme contaMárcio Pacheco. “Quan-do alguém pedia infor-mações sobre o sambade sexta-feira na Lapa, opovo dizia: ‘desce lá, nobeco do rato’. Fui pesqui-sar e descobri que a ma-landragem que andavapela Lapa no passado vi-nha se esconder aqui, naJoaquim Silva, quandoarrumava alguma confu-são”, esclarece.

Com o Beco do Rato, olocal que antes era margi-nalizado, justamente porconta da falta de estrutu-ra, passou a ser valoriza-do. Mesmo com os pro-blemas que ainda exis-tem, Pacheco acreditaque o bar foi um dos fa-tores que ajudou na reto-mada daquela região.

Samba resiste em meio à área esquecida pelo poder públicoMÚSICA Beco do Rato promove rodas de samba desde 2005 em espaço cultural que reverencia a religiosidade afro-brasileira

ples pinturas. São qua-dros que retratam a ver-dade da minha cultura e da minha religião”, enfati-za Pacheco.

Grupos como o Ex-quadrilha da Fumaça, Marcos Azevedo + 5, Re-ceita de Choro e Arru-da se revezam na progra-mação musical do lugar, que tem rodas de samba todas as terças e quintas-feiras. A partir de outu-

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Reprodução

Reprodução

Beco do Rato: espaço cultural de promoção do samba e do choro

Opção de samba popular para os apreciadores do estilo

Gabriel Araujodo Rio de Janeiro (RJ)

Em uma das regiões pouco atendidas em ter-mos de políticas públicas do Rio de Janeiro, o Be-co do Rato funciona, des-de 2005, como um espa-ço cultural de promoção do samba e do choro, da história da cidade e das referências religiosas afro-brasileiras.

Nas vizinhanças do bar, localizado entre as ruas Joaquim Silva e Mo-raes e Vale, na Lapa, os prédios antigos estão, em sua grande parte, aban-donados ou em péssimo estado de conservação. É neste cenário que o es-paço cultural, charmo-so nos detalhes, surge co-mo mais uma opção para quem gosta de ouvir sam-bas de todas as épocas.

“Antes do Beco do Ra-to, nesse pedaço, mora-ram Chiquinha Gonzaga e Madame Satã. Também circulavam por aqui Ma-nuel Bandeira, Noel Ro-sa, Sinhô e Portinari”, afi r-ma o mineiro Márcio Pa-

checo, radicado no Rio há mais de 30 anos, proprie-tário do espaço.

O Beco do Rato está envolto na atmosfera do samba até em sua deco-ração. Os postes de luz no interior do bar e al-gumas cadeiras que lem-bram bancos de praça fa-zem do local uma exten-são da rua. “O samba era tocado nas ruas, no pas-sado”, lembra Pacheco.

Nas paredes e teto, há pinturas de sambis-tas, paisagens do Rio an-tigo e representações de orixás e santos da cultu-ra afro-brasileira. Os qua-dros são obra do artis-ta Ney, discípulo do pin-tor Di Cavalcanti (1897-1976), e retratam em co-res vivas a religiosidade e o clima boêmio que en-volve o samba.

Uma das pinturas mais signifi cativas é um bon-de que conta com os passageiros Beth Carva-lho, Moacyr Luz, Alcio-ne e Dona Ivone Lara, en-tre outros. “Não são sim-

Uma das pinturas mais signifi cativas é um bonde que conta com os passageiros Beth Carvalho, Moacyr Luz, Alcione e Dona Ivone Lara, entre outros

“Antes do Beco do Rato, nesse pedaço moraram Chiquinha Gonzaga e Madame Satã. Também circulavam por aqui Manuel Bandeira, Noel Rosa, Sinhô e Portinari”

“Não há incentivos por parte do poder público para projetos como este. Infelizmente, é difícil manter sem um investimento”

SERVIÇO

BECO DO RATOEndereço: Rua Joaquim Silva, 11, Lapa

Dias: Todas as terças, quintas e sextas-feiras e primeiro domingo do mês.

Valor: entre R$5 e R$10 (couvert artístico)

mas o projeto não teve fô-lego para continuar. “Não há incentivos por par-te do poder público pa-ra projetos como este. In-felizmente, é difícil man-ter sem um investimento”, explica Pacheco.

No entanto, o preço popular da entrada co-brada dos visitantes, en-tre R$5 e R$10, torna o Beco do Rato uma opção de samba popular para

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | cultura

ABRAÇAÇO COM CAETANONiterói recebe, neste domingo (29), o show da turnê “Abraçaço” de Caetano Veloso. A apre-sentação contará com músicas de seu último álbum que leva o mes-mo nome, além de ou-tros clássicos de sua carreira. Com entra-da gratuita, median-te a doação de um 1kg de alimento, o show es-tá marcado para acon-tecer no Caminho Nie-meyer, às 18h.

BRASILEIRÍSSIMO A 3ª e última edição do Show Brasileiríssimo acontece nesta quin-

ra, recordando um sem número de memórias e histórias.

Promovido pelo Insti-tuto Brasileiro de Museus (Ibram), a iniciativa visa impulsionar a valoriza-ção do patrimônio cultu-ral afro-brasileiro.

Na cidade do Rio e em Niterói, acontecem ofi ci-nas, exposições, exibição de fi lmes, performances, palestras, visitas guiadas, cursos, seminários e ou-tras atividades.

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Semana afro-brasileira

ta-feira (26). O projeto, que homenageia grandes compositores do cenário musical brasileiro, terá participação de Ah!Ban-da. O seu tradicional re-pertório conta com céle-bres compositores, que vão de Pixinguinha a Luiz Gonzaga. Entrada gratui-ta. Teatro Odylo Costa Fi-lho – UERJ.

ESSE MONTE DE MULHER PALHAÇAEm meio a um ambiente profi ssional tradicional-mente masculino, mulhe-res de toda a América La-tina reivindicam um pon-to de vista feminino na palhaçada. A 5ª edição do Festival de Palhaças con-

ta com apresentações em Copacabana, Jacarepa-guá e Praia do Flamengo. O evento vai até domingo (29). Mais informações: essemontedemulherpa-lhaca.com.br.

da África, dos africanos escravizados e dos afro-descendentes para a for-mação do Brasil e da brasilidade.

A iniciativa apresen-ta um olhar crítico dian-te de enraizados precon-ceitos e discriminações raciais contra os negros, por meio da refl exão so-bre saberes, experiên-cias e demais manifesta-ções que colaboraram e colaboram na formação da identidade brasilei-

Reprodução Divulgação

Reprodução

Caetano e a Banda Cê

Festival de Palhaças

AGENDA

Mariane Matosdo Rio de Janeiro (RJ)

A cultura afro-brasilei-ra é a protagonista des-ta semana em cerca de 900 museus pelo Brasil. Com uma programação que vai até domingo (29), a 7ª edição da Primavera dos Museus pretende re-alizar cerca de 2,6 mil ati-vidades em todas as regi-ões do país.

O evento visa dar des-taque às contribuições

ARTE 7ª edição da Primavera dos Museus vai até domingo (29)

Divulgação

A ONÇA E O BODENeste domingo (29), a Cia Artistando agita a criançada com a peça A onça e o bode. O espetá-culo traz duas irreveren-tes personagens que, em busca de um lar, caem numa enorme confusão. Entrada gratuita, às 17h. Santa Cruz Shopping, Rua Felipe Cardoso, 540 – Santa Cruz.

FESTIVAL DO RIOA partir desta quinta-fei-ra (26), o Rio de Janeiro será a capital mundial do cinema. Trazendo mais uma vez a magia da sé-tima arte para a cida-de, o Festival do Rio exi-be mais de 30 fi lmes de longa-metragem, além de uma refi nada seleção de curtas. Sessões gratui-tas e pagas. Em cartaz até

10 de outubro. Mais in-formações: festivaldorio.com.br.

EU VISITO TUA AUSÊNCIAA Companhia Teatral Baú da Baronesa apre-senta o espetáculo Jum-bo – eu visito a tua au-sência. Inspirada no sis-tema penitenciário bra-sileiro, a peça aborda a vida que os presidiários

deixam do lado de fo-ra. Conta a história de sete mulheres que visi-tam parentes presos. A representação deixa o espectador em conta-to direto com o drama de cada uma delas. En-trada gratuita. Em car-taz até 13 de outubro, sábados e domingos, às 19h. Arena Carioca Dicró, Avenida Brás de Pina, s/nº - Penha.

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 variedades | 13

HORÓSCOPO

Necessidade de compreensão junto às suas relações e mesmo mudança de postura diante delas. Na vida afetiva, momento para mais desempenho e atenção aos assuntos de seu par. Cuidado com impulsividade.

Áries(21/3 a 20/4)

A semana propicia novos contatos profi ssionais. Questões associadas ao lar também estão propí-cias a soluções. Período bom para esclarecer temas do passado que tragam inquietação. De-cisões importantes marcarão sua vida amorosa.

Câncer(21/6 a 22/7)

Período propício para contatos à distância. Dedicação a novos conhecimentos será mais frequente. Questões familiares exigem mais atenção e empenho para a solução. Na vida afetiva, evite desgaste com assuntos banais.

Libra(23/9 a 22/10)

Procure ser paciente se notar divergências de pensamento por padrões ou costumes. Alguns projetos tendem a tomar sua atenção. No amor, cuide para não se comportar de maneira metódica ou mesmo fria nas relações.

Capricórnio(22/12 a 20/1)

Semana favorece na solução de assuntos impor-tantes. Costumes diferentes tendem a marcar sua rotina. Momento para cuidados diferencia-dos com o corpo e a saúde. Em relacionamentos, observe a simplicidade. Evite a indiferença.

Touro(21/4 a 20/5)

Momento bom para se dedicar a novos conhe-cimentos e exercitar mais a mente. As coisas que disser são propensas a mais impacto. Atenção com a maneira de expor opiniões. No amor, seja paciente e evite polêmicas.

Leão(23/7 a 22/8)

Momento do ano indicado para refl exões diante de condutas e projetos. Busque priorizar assuntos e objetivos que estão pendentes. Procure ter uma postura mais solidária. Na vida amorosa, cuidado com assuntos delicados.

Escorpião(23/10 a 21/11)

O período é especial para vivenciar mais contatos à distância. Momento exige atenção com os problemas mais sérios. Evite postura individualista no trabalho. Na vida afetiva, cuidado para com gestos exagerados ou dramas.

Aquário(21/1 a 19/2)

A semana requer atenção e cautela com as fi nanças. O período é especial para se dedicar a questões materiais e de trabalho. No amor, um pouco mais de romantismo será vital com o par.

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Sua rotina é propensa a novas responsabili-dades. Será importante a persistência para se adaptar com algumas situações. Evite gastos desnecessários e supérfl uos. No amor, momen-tos intensos e reveladores exigem cautela.

Virgem(23/8 a 22/9)

Momento bom para contatos e relações sociais. Vivências com novos grupos e amigos serão mais frequentes. Atenção com as fi nanças. Evite gastos desnecessários. No amor, compreensão com valores e conceitos sobre quem se relaciona.

Sagitário (22/11 a 21/12)

Momento para se posicionar de maneira estratégi-ca em decisões. Período propício para questões rotineiras. Priorize o que é essencial. No amor, relações mais intensas. Atenção para não intimidar paqueras com certas demonstrações de desejo.

Peixes(20/2 a 20/3)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2013

BANCO 42

Regiãoem que

afundou oTitanic

Tolice;asneira

Próximo,em inglês

Guarda-(?):departa-mento domercado

CauãReymond,

atorbrasileiro

Antigo Testamen-to (abrev.)

Poemabreve esimples

Númerode dias no

mêscomercial

Determi-nada aquanti-dade de

EugeneOrmandy,maestro

Sigla doEstado deRondônia

O gadoque não

se destinaao abate

O tipo de cabelo maispropenso à caspa

(pl.)

Emissora como Globo

ou SBTA últimasinfonia

deBeethoven

(Mús.)

Inferior em tamanhoInstituição que divul-ga mensalmente a

taxa de juros

Elege

Guisadode origemafricana

Manso;cordato

"Novo", em"neologia"

Varredoresde ruas

Genética(abrev.)

Ed (?), deVerissimo Lázaro Ra-mos, ator

Obcecadopor

dinheiro

Prostra-dos, pordoença

Acabamento de umaimagem para

impressão gráficaMoeda do Japão

CerimôniaRessenti-

mentoamargo

Que seimprimiuo formatode rede

Em + as(Gram.)

S

AN

3/ato — efó. 4/mort — near. 5/menor. 9/cantilena.

Solução

MAABESTEIRA

CANALDETVNONANEAR

CRNEFOOATOVICANTILENA

RETICULARNTROMLR

ATONEGIRDOSADA

RANCORRDLEITEIRO

OLEOSOS

ASTROLOGIA - Semana de 26 de setembro a 2 de outubro Semana traz elementos bons para se dedicar a crenças, espiritualidade, terapias ou assuntos que recomponham suas energias

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | esporte

SURFE De hoje a 6 de outubro, surfi stas se enfrentam em Hossegor

DIREITOS TRABALHISTAS Grupo de 75 atletas dos principais clubes do país lançam manifesto contra calendário

França recebe 8ª etapa do mundial

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ASP

Mauro Horita/Folhapress

Gaspar Nóbrega/COB

A onda de Hossegor é conhecida por ser uma das mais difíceis de “domar”

O corintiano Paulo André é um dos que assinaram o documento

O remador brasilei-ro Uncas Tales Batista precisou disputar du-as vezes a fi nal do sin-gle skiff 1000m, para conquistar, defi nitiva-mente, a medalha de ouro no I Jogos Sul-a-mericanos da Juventu-de, realizado em Lima, no Peru. Após vencer a regata decisiva na ter-ça-feira (24), o brasi-leiro precisou dispu-tar novamente a pro-va devido a um recur-so solicitado pelo Pa-raguai que alegou que o barco do país bateu na boia montada na raia. Depois de uma hora de discussão, Un-cas voltou para a água e venceu novamente. “Eu já tinha vencido a prova. Mas aí manda-ram eu ir para a água”, relatou o mineiro, que compete pelo Botafo-go, no Rio de Janeiro.(COB)

O brasiliense Marilson Gomes dos Santos dis-puta, no próximo do-mingo (29), a 40ª edi-ção da Maratona de Berlim, considera-da uma das mais rápi-das do mundo. O atle-ta viajou para a Ale-manha com o objeti-vo de superar sua me-lhor marca e, aos 36 anos, mostrar que ain-da é capaz de competir em alto nível. “Berlim é uma maratona muito rápida e sempre regis-tra quebra de recordes. Não disputei nenhuma prova tão longa no pri-meiro semestre deste ano, visando especifi -camente esta prova da Alemanha”, comentou.

Remo

Maratona de Berlim

FATOS EM FOCO

de São Paulo (SP)

Começa hoje (26), na costa sudoeste da França, e vai até o dia 6 de outu-bro, a janela de espera da oitava etapa do circuito mundial de surfe, o Quik-silver Pro France.

O campeonato que acontece tradicionalmen-te nas ondas de Hossegor poderá ser transferido, em caso de falta de ondas, para os picos alternativos de Seignosse, Capbreton e St. Jean de Luz.

O primeiro brazuca a entrar na água será Ga-briel Medina. O local de Maresias, que ainda não

desencantou este ano, enfrenta, na sétima bate-ria, os australianos Julian Wilson e Yadin Nicol.

A disputa promete, já que Wilson chega mordi-do à França por ter perdi-do a fi nal da etapa ante-rior, nos Estados Unidos, contra Taj Burrow.

Já os paulistas Adria-no de Souza e Filipe To-ledo e o catarinense Ale-jo Muniz vão protago-nizar algo raro: um con-fronto único entre os três, na oitava bateria. 

Miguel Pupo também tem parada dura na es-treia. Pela frente, ele te-rá dois dos surfi stas que

mais têm se destacado es-te ano: o local da Poliné-sia Francesa, Michel Bou-rez, e o havaiano John John Florence.

Raoni Monteiro, o últi-mo dos 6 membros do es-quadrão brazuca, o cha-mado “brazilian storm”, que corre o circuito mun-dial este ano, desistiu da etapa para acompanhar o nascimento de sua fi lha Valentina.

Após a França, fi carão faltando apenas as eta-pas de Peniche, em Por-tugal, e a de Pipeline, no Havaí, para que o cam-peão mundial de 2013 seja coroado.

RANKING DO WCT/2013 após 7 etapas

1. Mick Fanning (AUS) 41.900

2. Kelly Slater (USA) 40.700

3. Jordy Smith (ZAF) 35.700

4. Taj Burrow (AUS) 35.400

5. Joel Parkinson (AUS) 32.450

6. Josh Kerr (AUS) 29.600

7. Julian Wilson (AUS) 28.850

8. Adriano de Souza (BRA) 27.500

17. Filipe Toledo (BRA) 16.650

18. Gabriel Medina (BRA) 15.750

26. Miguel Pupo (BRA) 8.500

29. Alejo Muniz (BRA) 7.250

31. Raoni Monteiro (BRA) 6.500

da Redação De forma espontâ-

nea, os principais atle-tas profi ssionais do fute-bol brasileiro decidiram, em conjunto, enfrentar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Rede Globo, detentora dos di-reitos de transmissão, e os próprios clubes, onde trabalham.

Um manifesto foi pu-blicado na terça-feira (24)

e assinado por 75 joga-dores, como Paulo André (Corinthians), Elias (Fla-mengo), Alex (Coritiba), Rogério Ceni (São Paulo), Marcelo Lomba (Bahia) e D’Alessandro (Interna-cional).

Diz a nota conjunta: “Queremos ser uma par-te mais efetiva deste mo-vimento que se faz extre-mamente necessário e, para tanto, solicitamos uma reunião com a enti-

dade que administra o fu-tebol brasileiro (CBF) pa-ra tratar de questões pro-positivas e de comum in-teresse”.

Os atletas buscam me-lhores condições de tra-balho, reivindicam um li-mite de jogos, não abrem mão da pré-temporada e brigam pela garantia das férias, direito de todo tra-balhador.

Recentemente, joga-dores como Alex, do Co-

ritiba; D’Alessandro, do Inter, entre outros, já ha-viam manifestado pu-blicamente insatisfação com o número excessivo de jogos imposto pela en-tidade.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o di-retor jurídico da entida-de, Carlos Eugênio Lopes,

Jogadores de futebol decidem enfrentar CBF e Rede Globo

citou a Copa do Mundo e pediu “boa vontade” dos jogadores para as dispu-tas das competições na-cionais e estaduais do ano que vem. “O próximo ano será excepcional por causa da Copa do Mun-do. Tem de existir uma boa vontade de todas as partes”, afi rmou.

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 esporte | 15

damental na defi nição de horários e datas dos jo-gos e esta luta não está descolada das movimen-tações recentes feitas por 75 jogadores de grandes clubes brasileiros.

Recentemente, o vete-rano meia Alex afi rmou que a CBF é só uma “sala de reuniões” e quem de-cide as coisas no futebol brasileiro é a emissora.

O pacto entre a Glo-bo e as federações esta-duais, que mantêm essa infi nidade de datas nos campeonatos estaduais, no ano da Copa, acabou eliminando férias e pré-temporada. Ou seja, ata-ca direitos trabalhistas e a própria qualidade do es-petáculo que transmite.

Mesmo que este mo-vimento represente me-nos de 5% do universo de jogadores de futebol no Brasil, não deixa de ser um passo importante.

Mas é preciso seguir ca-minhando.

Bruno Porpetta é autor do blog

porpetta.blogspot.com

opinião | Bruno Porpetta

NO MARACANÃ, antes do jogo entre Flamen-go e Botafogo, pela Copa do Brasil, militantes por uma comunicação de-mocrática coletaram as-sinaturas para um Proje-to de Lei de Iniciativa Po-pular, que propõe regu-lar a mídia e romper com o restrito domínio das 11 famílias que detêm o mo-nopólio do direito de se comunicar no Brasil.

Mas o que ela tem a ver com o futebol? Tudo!

Você sabe por que é obrigado a sair à meia-noite de um estádio de futebol?

Porque a Globo, que de-tém os direitos de trans-missão, determina os ho-rários das partidas. Ou seja, ela acomoda o fute-bol à sua programação, não o contrário.

Até hoje, o torcedor não sabe exatamente se os jogos de quarta são às 21:40h, 21:50h ou 22hs. Isto porque a bola só ro-la depois do último beijo da novela.

A Globo tem papel fun-

Não aos coronéis da telinha

brasileirão | 24ª rodada

XBotafogo Ponte PretaSáb | 28/09 | 21h00 | Maracanã

XGoiás FluminenseSáb | 28/09 | 18h30 | Serra Dourada

XNáutico CoritibaSáb | 28/09 | 18h30 | Arena Pernambuco

XPortuguesa CorinthiansDom | 29/09 | 16h00 | Morenão

XBahia VascoDom | 29/09 | 16h00 | Fonte Nova

XSão Paulo GrêmioDom | 29/09 | 16h00 | Morumbi

XFlamengo CriciúmaDom | 29/09 | 16h00 | Maracanã

XAtlético-PR VitóriaDom | 29/09 | 18h30 | Durival Britto

XAtlético-MG SantosDom | 29/09 | 18h30 | Independência

XInternacional CruzeiroDom | 29/09 | 18h30 | Estádio do Vale

das brasileiras comanda-das pelo técnico Márcio Antonio de Oliveira.

GoleadaComandada por Leo-

nardo Cuellar, a equipe mexicana não ofereceu muita resistência às bra-sileiras que, ainda no pri-meiro tempo, fi zeram três gols: um de Fabiana e dois de Debinha.

No segundo tempo, mesmo com várias subs-tituições, o Brasil mar-cou mais uma vez com Tamires.

A Nova Zelândia, que tirou o Brasil da fi nal, ven-ceu a China por 4 a 0 e se sagrou campeã do tor-neio. Vale lembrar que, no ano passado, o Brasil foi o campeão, derrotando o Canadá na fi nal.

Divulgação

da Redação Deixando de lado o

abatimento pela derrota para a Nova Zelândia, que as tirou da fi nal do tor-neio, as meninas da Se-leção Brasileira de Fute-bol Feminino venceram a equipe mexicana por 4 a 0 e conquistaram a 3ª colo-cação da Valais Cup.

Disputada às 14h30 de ontem (25), no Estádio St-Germain, em Savièse, na Suíça, a partida conseguiu recuperar a autoestima

Brasil goleia México e é terceiro na SuíçaFUTEBOL FEMININO Com gols de Fabiana, Debinha e Tamires, seleção feminina conquista a terceira posição da Valais Cup

A equipe brasileira em foto ofi cial do torneio

BRASILEIRÃO FEMININO Equipe carioca foi melhor durante boa parte do tempo, mas não soube aproveitar oportunidades criadas

Vasco empata com São José em São Januário

da Redação

Em partida válida pela segunda rodada do Cam-peonato Brasileiro de Fu-tebol Feminino, a equipe do Vasco da Gama empa-tou com o São José (SP) na tarde de ontem (25), em São Januário pelo pla-car de 1 a 1.

Mesmo dominando a maior parte do jogo, as meninas cruz-maltinas não conseguiram trans-formar em gols sua su-perioridade, perdendo, assim, pontos precio-

sos. Para o time joseen-se, desfalcado de várias jogadoras a serviço da Seleção Brasileira, o em-pate fora de casa foi um bom resultado.

Chance desperdiçadaO clube carioca te-

ve várias chances de ma-tar a partida ainda no pri-meiro tempo. Aos 30 mi-nutos, Danielle Baptista desperdiçou cobrança de pênalti e o gol só saiu aos 44 minutos, com fi naliza-ção de Larissa.

De volta dos vestiá-

São JoséVasco

São Januário | Rio de Janeiro (RJ) | 25/09 | 14h30Gols de Larissa (Vasco) e Allana (São José)

FICHA TÉCNICA

rios, o time carioca não teve tempo de aprovei-tar a vantagem do pla-car, uma vez que, logo aos cinco minutos, as paulistas empataram,

convertido por Allana.O gol deu novo âni-

mo ao São José, mas ne-nhuma das duas equi-pes conseguiu desem-patar o placar.

0

1

4

1

MéxicoBrasil

X

X

Cecilia, Kenti, Estefania, Alina, Noyola (Desiree), Nayeli, Lupita

(Verdugo), Maribel, Renae (Fabiola), Ocampo e Perez

Thaís Picarte (Kaká), Poliana, Bruna Benites, Fran, Tamires (Danielli),

Fabiana, Thaísa, Giôvania (Chú), Gabi (Luana), Gislaine (Alline) e Debinha

Estádio St-Germain | Savièse, Suíça | 25/09 | 14h30Gols de Fabiana, Debinha (2) e Tamires

FICHA TÉCNICA

No segundo tempo, o Brasil marcou mais uma vez com Tamires

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Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | esporte

da Redação

Na primeira partida das quartas de fi nal da Copa do Brasil, na noi-te desta quarta-feira (25), no Maracanã, Botafogo e Flamengo empataram por 1 a 1. O Rubro-negro saiu na frente com André Santos, mas o Alvinegro reagiu e arrancou empa-te com Edílson na etapa complementar.

Empurrado por sua torcida, em maior núme-ro no Maracanã, o Men-gão iniciou a partida pressionando o Botafogo. Hernane teve boa oportu-nidade logo no primeiro minuto, em chute fi rme na entrada da área.

Apesar de o Fogão tro-car passes de forma peri-gosa no ataque, foi o Ru-bro-negro quem saiu na frente. Aos 12min, Pau-linho aproveitou cru-zamento da esquerda e chutou com força na dire-ção de André Santos, que completou para o fundo do gol: 1 a 0.

Com uma marcação muito forte, o Flamen-go impediu o Botafogo de desfrutar de sua prin-cipal característica: o to-que de bola.

Em desvantagem, o Al-vinegro buscava o em-pate, mas o Rubro-negro oferecia perigo nos contra-ataques com muita velo-cidade.

Apesar de fi car com a bola por mais tempo,

16

COPA DO BRASIL Equipes fi zeram jogo equilibrado na noite de ontem (25) e decidem vaga dia 23 de outubro

Pedro Ken corre com a bola: cinco derrotas seguidas

Paulinho lamenta gol perdido no empate entre Botafogo e Flamengo

Marcelo Sadio/vasco.com.br

Rudy Trindade/ Folhapress

Fogão e Mengo empatam no Maracanã

Vasco é derrotado pelo Goiás COPA DO BRASIL Equipe carioca mostrou evolução, mas sofreu a quinta derrota consecutiva

o Botafogo não conse-guia traduzir a posse em lances de perigo. O Fla-mengo, por sua vez, es-tava muito próximo de ampliar.

Melhor na etapa ini-cial, o Rubro-negro pecou nas fi nalizações e perdeu oportunidade de sair pa-ra o intervalo com uma vantagem ainda maior. O segundo só não saiu aos 39min, em chute de Car-los Eduardo, porque Jef-ferson fez grande defesa.

As equipes voltaram do intervalo sem modifi -cações. O jogo continuou da mesma forma, mas o clima esquentou quan-do o Botafogo chegou ao empate, aos 12min com Edílson.

O lateral direito rece-beu passe de Hyuri e chu-tou com força. A bola ain-da desviou em Samir an-tes de vencer Felipe e esti-car as redes.

A partir desse momen-to, a partida fi cou aberta. O Botafogo fi cou visivel-mente mais confi ante e passou a pressionar o ad-versário.

O Flamengo respondia de forma desorganizada, mas oferecia perigo à de-fesa do Alvinegro. Se no primeiro tempo a torcida de General Severiano pe-diu raça aos jogadores, no segundo, o grito mudou de lado.

A classifi cação será de-cidida no dia 23 de outu-bro, no Maracanã.

da Redação

Nesta quarta-feira (25), o time foi derrotado pelo Goiás por 2 a 1 na partida de ida das quartas de fi -nal da Copa do Brasil. Os gols marcados por Walter e Roni - Edmilson abriu o placar - no estádio Ser-ra Dourada deram a van-tagem ao Goiás no objeti-vo de chegar às semifi nais do torneio eliminatório.

A partida começou a todo o vapor. Logo aos 2min, o Vasco surpre-endeu os donos da casa. Marlone enfi ou na área para Edmilson. O atacan-te driblou o goleiro Renan e abriu o placar.

O Goiás respondeu aos 6min. Walter dominou no peito e tentou passar por Cris. O zagueiro cruzmal-tino colocou a mão na bola dentro da área. Pê-nalti que o mesmo Wal-ter cobrou aos 8min para

igualar o marcador.

Segundo tempoNo segundo tempo, o

dono da casa adiantou a marcação na tentativa de chegar com frequência ao gol defendido por Mi-chel Alves.

O Vasco não marcou e abriu espaço para os avanços do Goiás. A in-sistência foi premiada aos 28min. Roni recebeu de Walter e chutou cruza-do. O goleiro Michel Alves não conseguiu defender e viu a bola morrer no fun-do da rede. Virada no pla-car e 2 a 1.

O resultado ampliou a crise e a pressão em ci-ma do técnico Dorival Jú-nior. O confronto de volta acontece no dia 24 de ou-tubro, em São Januário. O Goiás pode empatar para avançar. Os cariocas pre-cisam vencer para alcan-çar a fase seguinte.

11FlamengoBotafogo

X

Felipe, Léo Moura, Wallace, Samir, André Santos (Víctor Cáceres), João Paulo, Amaral, Paulinho (Gabriel),

Luiz Antonio, Carlos Eduardo (Rafi nha) e Hernane

Jeff erson, Edílson, Dória, Julio Cesar, Marcelo Mattos, Gabriel, Dankler (Lucas Zen),

Seedorf, Hyuri (Octávio), Rafael Marques e Lodeiro (Alex)

Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 25/09 | 21h50Gols de Edílson (Botafogo) e de André Santos (Flamengo)

FICHA TÉCNICA

12VascoGoiás

X

William Matheus, Renan, Vítor, Ernando (Valmir Lucas), Rodrigo,

Amaral, David, Renan Oliveira, Hugo (Dudu Cearense), Roni

(Ramon) e Walter

Michel Alves, Fagner, Cris, Jomar, Yotún, Fillipe Soutto, Pedro Ken, Jhon Cley (Wille), Dakson (Reginaldo), Marlone

(Wendel) e Edmílson

Serra Dourada | Goiânia (GO) | 25/09 | 21h50Gols de Roni e Walter (Goiás) e de Edmílson

FICHA TÉCNICA