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Boletim Informativo Trimestral Dezembro 2014 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS APOSENTADOS DA CAIXA Número 22

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Boletim trimestral da Delegação Norte da Anac (Associação Nacional dos Aposentados da CGD) referente ao período de Outubro a Dezembro de 2014.

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Boletim Informativo Trimestral

Dezembro 2014

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS APOSENTADOS DA CAIXA

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Comunicar 22 / Dezembro 2014

Delegação Norte da Anac

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Atividades na Delegação

Yoga, aulas a decorrer às quartas, no salão de ativi-dades da De-legação. To-dos os Sócios e Familiares podem inscre-ver-se e fre-quentar as aulas orientadas por Ângela Vaz; Informações Jurídicas aos Sócios, semanal-mente às quintas feiras. Todos os Sócios que pretenderem obter informações sobre as-suntos jurídicos podem inscrever-se por te-lefone, mail ou pessoalmente na Delegação Norte da Anac; Projeções, que apresenta vídeos e sli-deshows dos passeios e viagens realizados pela Delegação. Atividade que irá ter início em Janeiro, às quintas feiras, a partir das 15 horas e terá a orientação do nossos Colega Vítor Rocha; Torneio do Aposentado, que teve inicio em Novembro e decorrerá até Maio de 2015, tendo o seu epílogo em Junho com a realiza-ção do “Passeio de Entrega de Troféus”. To-dos os Sócios e Familiares podem inscrever-se nesta atividade que contempla 11 moda-lidades: Xadrez, Damas, Sueca, Copas, Crapô, King, Dominó Simples, Dominó Belga, Bilhar Livre, Bilhar Snoker e Ténis de Mesa; Grupo de Cantares, com ensaios às segun-das, não exige quaisquer conhecimentos de música. Exige-se apenas a vontade de parti-cipar, cantar e conviver; Informática, demos início em Novembro às aulas de informáti-ca nas ins-talações da Delega-ção. As aulas de-correm às terças e quintas, em duas turmas, com a participação de cerca de 20 alunos.

Apresentação do Livro “Canto Livre”

Em 30 de Outubro, patrocinamos a apresentação pú-blica do último li-vro do nosso Sócio António da Costa Neves, intitulado “Canto Livre”. Com apresentação do Dr. António Gomes Marques, a sessão teve também a atuação do Grupo musical da Secção de Música dos SS Porto, do Grupo de Canto Coral dos SS Porto e do Grupo de Cantares da Anac Porto. A sessão finalizou com dedicatórias do Autor e um lanche que a Anac Porto ofereceu a todos os participantes.

Passeios à descoberta do Porto…

Decorreram de 1 de Outubro até 12 de No-vembro, e constituíram o Ciclo de Outono dos passeios à descoberta do Porto. O programa constou de 4 passeios, que de-correram às quartas feiras, tendo sido como habitualmente orientados pela nossa Subde-legada Fernanda Vilarinho. Neste ciclo de Outono dos “passeios à des-coberta do porto…”, constaram as seguintes visitas: Visita guiada ao Museu do Dragão, no dia 01 de Outubro; Visita guiada ao Museu dos Descobrimen-tos, no dia 15 de Outubro; Visita guiada à Casa da Prelada, no dia 29 de Outubro; Visita guiada à Biblioteca Municipal do Por-to, no dia 12 de Novembro. Estes passeios tiveram a participação de cer-ca de 160 Sócios e Familiares.

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Viagem à Galiza (Ourense)

Encontro com a Ribeira Sacra

O topónimo "Ribeira Sacra" poderá ter tido origem na Idade Média e durante muito tem-po pensou-se que o termo derivasse do latim Rivoira Sacrata, em referência à grande quantidade de mosteiros e igrejas que se en-contram nas encostas escarpadas dos monu-mentais vales profundos da área.

A viagem decorreu entre os dias 10 e 12 de Outubro iniciando-se na cidade de Ourense.

O Grupo da Delegação Norte da Anac visitou Monforte de Lemos, e o seu centro históri-co, passando pelo Escolapios e o Centro do Vinho da Ribeira Sacra com a respetiva de-gustação; visitamos o Centro Oleiro Rectoral de Gundvós e as Bodegas Regina Viarum com prova de vinhos e apreciação da paisa-gem sobre o Rio Sil e dos vinhedos em socal-cos; Continuamos por A Teixira até ao Mira-douro da Galeana, onde admiramos a paisa-gem, seguindo por Parada de Sil até ao Mira-douro de Cabezoá. Visitamos o Mosteiro de S. Pedro de Rocas, esplendoroso monumen-to escavado na rocha natural e com ocupa-ção desde o ano de 573, assim como o Cen-tro de Interpretação da Ribeira Sacra. Conti-nuamos por Maceda até Banos de Molgas

para visitar a fonte termal e prosseguimos até Xunqueira de Ambia, onde visitamos a igreja medieval. Visitamos ainda Allariz com o seu peculiar centro histórico e o Museu do Coiro. Saímos para Celanova onde visitamos o Mosteiro de S. Salvador. Em Ourense visita-mos o centro histórico e a sua Catedral . Visi-tamos também Santiago de Compostela, o centro histórico e a Catedral. Continuamos para Combarro para apreciação desta peque-na vila piscatória, símbolo da arquitetura ma-rinheira galega. Por fim fizemos um passeio de barco pelas rias baixas com degustação de vinho e mexilhões, acabando o nosso passeio em Poio com a visita ao Monasterio de San Juan de Poio. O Grupo regressou ao Porto culturalmente mais rico e com a satisfação de ter passado três dias muito agradáveis, em são convívio e conhecendo locais maravilho-sos.

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Passeio de S. Martinho

Segundo reza a lenda, num dia frio e tempes-tuoso de Outono, um soldado romano, de nome Martinho, percorria o seu caminho montado no seu cavalo, quando deparou com um mendigo cheio de fome e frio. O soldado, conhecido pela sua generosidade, tirou a sua capa e com a espada cortou-a ao maio, co-brindo o mendigo com uma das partes. Mais adiante, encontrou outro pobre homem cheio de frio e ofereceu-lhe a outra metade. Sem capa, Martinho continuou a sua viagem ao frio e ao vento quando, de repente, como por milagre, o céu se abriu, afastando a tem-pestade. Os raios de sol começaram a aque-cer a terra e o bom tempo prolongou-se por cerca de três dias. Desde essa altu-ra, todos os anos, por vol-ta do dia 11 de Novembro, surgem esses dias de ca-lor, que se passou a cha-mar “Verão de S. Marti-nho”. A Delegação Norte da Anac realizou o seu tradi-cional “Passeio de S. Mar-tinho”, no passado dia 8 de Novembro, na região de Viseu. Visitamos o seu valioso Centro Histórico que é

constituído por um tecido urbano antigo, de relevante valor histórico, arquitetónico e cul-tural. Como muitas cidades de base medieval, Viseu tem um ambiente peculiar, repleto de assimetrias, desníveis e múltiplas sobreposi-ções, apresentando uma malha muito densa apertada e orgânica. Visitamos também o Museu Grão Vasco que está localizado no centro histórico de Viseu, no antigo palácio dos bispos, do século XVI, ao lado da catedral. Quem o fundou foi Fran-cisco de Almeida Moreira que foi o seu pri-meiro diretor. As pinturas de Vasco Fernan-des e de outros artistas da escola de Viseu, são apreciadas pelo seu naturalismo e pelas

paisagens de fundo. O tra-tamento da luz revela uma influência flamenga. Após as visitas, que decor-reram durante a manhã, rumamos à Quinta da Ma-garenha onde decorreu o almoço e a animação de S. Martinho. Este passeio que teve mui-ta participação dos Sócios e Familiares foi mais uma fes-ta da união dos aposenta-dos da Caixa na sua Associ-ação. Parabéns a todos!...

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Passeio de Natal

Realizamos no dia 20 de dezembro de 2014 o tradicional passeio/almoço de Natal da Delega-ção Norte da Anac.

O passeio levou-nos até à lindíssima Vila de Pon-te de Lima e o almoço até à Quinta Casa São Se-bastião, em São Pedro de Arcos.

A Câmara Municipal de Ponte de Lima fez ques-tão de receber o grupo Anac, no seu auditório, para nos apresentar as boas vindas e agraciar com alguns presentes alusivos à Vila de Ponte de Lima. A Delegação Norte da Anac retribuiu com a entrega de uma placa alusiva à visita àquele con-celho.

Em Ponte de Lima o culto da terra e da tradição são os pilares basilares de desenvolvi-mento, inscrito nas mais profundas raízes limia-nas e que traça o perfil marcadamente rural. Esta matriz genuína evidencia a nobre herança de ou-trora, gravada nas fachadas imponentes que so-bressaem da paisagem natural e revelada, de for-ma sublime, nas relações de proximidade e na arte do bem receber.

Ponte de Lima é a Vila mais florida e mais antiga de Portugal, sendo Vila porque quis ser e recusou ser cidade. É algo mais do que um simples destino…

Em pleno coração do Vale do Lima, a beleza castiça e peculiar da vila mais antiga de Por-tugal esconde raízes profundas e lendas an-cestrais. Foi a Rainha D. Teresa quem, na longínqua data de 4 de março de 1125, ou-

torgou carta de foral à vila, referindo-se à mesma como Terra de Ponte.

A ponte, que deu nome a esta nobre terra, adqui-riu sempre uma importância de grande significa-do em todo o Alto Minho, atendendo a ser a úni-ca passagem segura do Rio Lima, em toda a sua extensão, até aos finais da Idade Média. A primi-tiva foi construída pelos romanos, da qual ainda resta um troço significativo na margem direita do Lima, sendo a medieval um marco notável da ar-quitetura, havendo muito poucos exemplos que se lhe comparem na altivez, beleza e equilíbrio do seu todo.

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Resposta à Rubrica “Quem é o Autor?”

A resposta à rubrica “Quem é o Autor?” publicada no último boletim da Delegação Norte da Anac, é a se-guinte: Almeida Garrett in “Portugal na Balança da Europa”. O Colega António Barata e a Colega Maria Manuela Boavida responderam corretamente. A eles enviamos os nossos parabéns e agradecimentos pela participação. A resposta à rubrica deste número, deverá ser dirigida à Delegação Norte da Anac e será divulgada no próximo número deste jornal. Mail: [email protected].

Quem é o Autor ?

Natal dos Simples

Vamos cantar as janeiras

Por esses quintais adentro vamos

Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas

Por esses quintais adentro vamos

Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte

Por aqueles olivais perdido

Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra

Só se lembra dos caminhos velhos

Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa

Rabanadas pão e vinho novo

Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura

Só se lembra dos caminhos velhos

Quem anda à noite à ventura

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Caldo de Letras

Um dos sobreviventes da Batalha de La Lys

Estamos no Outono. Dos antigos soldados não restam muitos mais. Eu sou o último dos sete saídos da nossa escola. Todos falam de armistício e de paz. Toda a gente aguarda. Se for ainda uma ilusão, será a catástrofe. As esperanças são por demais for-tes; não é possível pô-las de lado sem elas fa-zerem explosão. Se não for a paz, será a revo-lução. Tenho quinze dias de descanso por ter engoli-do um pouco de gás. Estou todo o dia sentado ao sol, num pequeno jardim. O armistício vai chegar dentro em pouco; agora também eu o creio. Voltaremos, depois, para as nossas ca-sas; e os meus pensamen-tos param aqui. Não po-dem ultrapassar este pon-to. O que me atrai e me arrasta são os sentimen-tos, é a sede de viver, é a atracção do país natal, é o sangue, é a embriaguez da segurança. Mas isto não são intuitos. Se tivéssemos voltado para casa em 1916 com a dor e a força da nossa experiência, teríamos desencadeado uma tempestade. Se agora vol-tarmos para os nossos lares, estamos fatiga-dos, deprimidos, vazios, sem garra e sem espe-ranças. Não poderemos já ficar por cima. Já não nos compreenderão, pois à nossa frente está uma geração que, é verdade, passou anos em comum connosco, mas que tinha já um lar e uma profissão e voltará para as suas anterio-res posições, onde esquecerá a guerra; por trás de nós cresce uma geração semelhante à nossa de outrora, que nos será estranha e nos afasta-rá. Somos inúteis a nós próprios. Tornar-nos-emos mais velhos; alguns de nós adaptar-se-ão; ou-tros resignar-se-ão e muitos ficarão absoluta-mente desamparados; os anos passarão e, fi-nalmente, sucumbiremos. Mas pode ser que tudo quanto penso não pas-se de melancolia e abatimento, coisas que de-saparecerão quando estiver de novo debaixo dos salgueiros a escutar o murmurar das fo-lhas. Não é possível que esta doçura, que fazia o nosso sangue agitar-se, a incerteza, a inquie-tação, a aproximação do futuro e as suas mil

facetas, a melodia dos sonhos e dos livros, e o pressentimento das mulheres, já não existam. Não é possível que tudo isto tenha soçobrado sob a violência dos bombardeamentos, no de-sespero e nos bordéis para soldados. As árvores aqui são uma explosão multicolor e dourada; as bagas da soveira avermelham no meio da folhagem. Estradas muitos brancas dirigem-se para o horizonte e as tabernas, co-mo colmeias, sussurram rumores de paz. Levanto-me; estou muito calmo. Podem vir os meses e os anos. Já em nada me empolgarão. Não me podem já prender. Estou tão só e tão viúvo de esperança que os posso acolher sem

receio. A vida que me conduziu através destes anos está ainda presente nas mi-nhas mãos e nos meus olhos. Era o senhor dela? Ignoro-o. Mas enquanto estiver aqui procurará o

seu caminho, com ou sem o consentimento desta força que reside em mim e que diz “Eu”.

Caiu em Outubro de 1918, num dia em que a frente estava tão tranquila que o comunicado se limitou a assinalar nada haver de novo a oeste.

Caiu com a cabeça para diante, estendido por terra, como se dormisse. Quando o voltaram viram que não devia ter sofrido por muito tem-po. A cara estava calma e exprimia uma espé-cie de contentamento por tudo ter assim aca-bado.

...caiu em Outubro de 1918, num dia em que a frente esta-va tão tranquila que o comuni-cado se limitou a assinalar na-da haver de novo a oeste...

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Com o Natal à porta, deixo de lado os temas um pouco “mais pesados” que costumo abordar.

Desta vez, vamos dar lugar à magia e ao sonho, sentimentos mais ajustados à quadra natalícia que estamos a viver, embalados nas asas da poesia brasileira contemporânea. Por ser, de longe, uma das melhores e maiores escolas poéticas do mundo, iremos concentrar-nos exclusivamente na escola poética paulista, que congrega uma plêiade incontável de poetas de ex-traordinário talento e enorme qualidade, organizados em centenas de movimentos, associações, tertúlias ou individualmente, responsáveis por uma produção poética fabulosa, que os coloca num lugar de especial destaque no meio literário de toda a América, bem como na história da literatura portuguesa e brasileira. Sem nos preocuparmos com o que é e o que que não deve ser a poesia, com a sua história ou com os seus géneros, se é sátira ou panegírica, clássica, livre, romântica, social, de intervenção, de de-sabafo, crónica ou conto, se segue os cânones clássicos da rima e da métrica, (isso poderá ficar para outra oportunidade talvez um pouco mais prosaica), vamos dar asas ao sonho e voar enleva-dos neste mundo fascinante da poesia da escola paulista brasileira. Sem mais delongas, através deste soneto de Mary Rondan, procuremos a verdadeira essência e a origem da própria poesia:

Deus não estava só, quando criou o nosso mundo. Brincava ao seu redor a tal Sabedoria. Pintou toda a natureza com amor profundo; E para cantá-la…criou a poesia. Cheia de rimas, cantou a terra e a floresta. Grata, ela louva a deus e a sabedoria. Os pássaros e os ventos cantaram em serestas, Dramatizou a natureza com alegria. ……….. É a vontade do Criador, é a missão divina. Desde o início dos tempos, até nossos dias, Andam natureza e poesia sempre unidas.

Poesia que, noutro maravilhoso soneto Oliveira Jasa descreve assim: É o alimento da alma a poesia, Que do coração flui com emoção; Contém beleza e encanto qual magia, Fazendo-nos viver na inspiração. …………………… Poesia de amor tem nobres metas, É o alimento da alma dos poetas, Que alimenta corpo e alma por completo.

Na verdade, ninguém melhor que os poetas pa-ra descobrir, na imensidão da natureza, ou nas coisas mais singelas do dia-a-dia, toda a magia e encanto que nelas depositou o criador e trans-miti-la depois na singeleza dum verso, no impro-viso duma simples quadra ou na magnificência dum grande poema épico.

POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

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Reparem na naturalidade e beleza com que Brasí-lio Conte descreve “O poder grisalho”:

Quando eu passo, ou passeio Pelas ruas do meu bairro Uns, que bem conheço, afirmam: - Lá vai o moço! E outros, que desconheço, apontam - Lá vai o velho! E a estes eu respondo: Velho é seu preconceito Eu sou da melhor idade, Da idade abençoada Em que, tendo a família criada, Estou livre parta viver. Velho é quem fica parado, Quem está sempre cansado, Quem passa os dias sentado Sem ter nada que fazer. Velhice não é idade… é falta de actividade, Eu, mesmo aposentado… nunca estou desocupado. Curto bem os dias meus, Amo o sol, a lua e o vento E olhando pro firmamento Ainda acredito em Deus.

E de seguida, do mesmo autor, um abordagem bem crítica e mordaz da vida moderna:

Versos, prosa, leitura, poesia…que sabe hoje em dia, As pessoas mal-amadas, destas coisas refinadas ? Ética e moral, no mundo actual, não fazem parte… Nem da cultura e nem da arte. Valores espirituais: isso existe? Quanto custa? Quanto rende?... Onde vende?... E um bom investimento ?... Tem liquidez a qualquer momento?... Nã ? … Ah, então… Queremos valores comerciais: ouro, prata, pedras raras, Roupas de grife, joias caras… Isto sim nos mostra o rumo, da alegria do consumo. É a nova religião, de riqueza, de poder de luxo, de ostentação… Sem se dar conta que a vida È muito mais que comida, luxo e ostentação.

Atentem agora na curiosa análise social, (afinal lá como cá), da autoria de Pereira da Costa:

Tratam aposentados como nada, Exigem, sem nenhuma parcimónia, Tributos e oferecem mais amônia; Por teto, dão-lhes rua e madrugada. Trabalhar vida inteira até à morte, Reunir minguados reais para matar a fome, Sem que exista esperança que conforte. De penúria se acaba, morre e some.

POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

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POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Em contraponto com esta análise, atentem na naturalidade com que José R. Lucas encara coisas tão sérias, como é a própria morte:

No dia da minha morte

Quero que o céu escureça,

Que a chuva caia bem forte,

Enquanto à sepultura desça.

Então, já sepultado

Na total escuridão,

Ouço o som abafado

Do choro do meu coração.

Embora um sonhador, como Celso C. Motta, o poeta é sempre observador atento do mundo:

Na actualidade, o governo pouco faz,

Tudo transfere para o particular.

A segurança não satisfaz,

A educação tem também de se pagar.

No amparo à saúde nada é diferente,

O contribuinte do imposto, se quiser

Bom tratamento e seguir em frente,

Tem que pagar um plano de saúde, se puder !

À sua maneira, Ana Pontes, questiona assim o meio em que vivemos:

Buzinas, automóveis, fumaça escapando. Trânsito ! O céu de azul pálido, cinza. A luz do sol confinada atrás de edifícios cor de asfalto. No horizonte, uma grotesca paisagem, As máquinas emitem seus gases, Importados, nacionais. Iguais ! O locutor da rádio avisa: Trânsito parado ! ……

Agora os próprios poetas, vistos pelo poeta cearense Alves da Paixão:

O poeta sonha, ri e faz rir, chora e faz chorar,

Liberta a adrenalina e emociona,

Aviva a alma tristonha.

O poeta sonha com todas as formas de amor:

Amor sincero, singelo, e sensato amor nato,

Amor doce, fiel e romântico amor platónico,

Amor de mãe, passivo e possessivo,

Amor amigo, calado, cativo, doado,

Amor contido bom e bobo,

Amor zangado, grudento, vigiado,

Amor censurado, teimoso, gostoso matreiro.

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Na graça e simplicidade de Alves de Sousa, a evocação do CIRCO, um dos motivos mais queridos desta época de natal, sempre um deleite dos adultos e a grande alegria da pe-quenada.

O circo chegou…

Em toda a cidade é o que se fala

E na praça a tenda gigante,

Teatro de pau fincado itinerante,

Pois raro prazer a este se iguala.

Hoje tem espectáculo? Pergunta o palhaço.

Tem sim Senhor – responde a garotada.

Que o circo chegou ele anuncia

Pelas ruas da cidade com euforia

E começou mais uma temporada.

Mastros em prumo sobe a lona,

A gigante tenda surge de repente

E à noite o espectáculo aguardado,

De emoções e sustos recheado,

Vem trazer alegria a toda a gente.

Nada como a poesia para descrever os sentimentos, as emoções, os estados de alma ou os segredos mais profundos dos corações, conceitos como o amor, a amizade ou a família. Com Gertrudes Focássio, a caracterização dos verdadeiros amigos:

Quem nos protege e apoia, solidário

Na hora da tristeza, da injustiça ou do perigo,

Quem nos compreende, perdoa, reza connosco o breviário,

Com certeza, podemos chamar amigo.

Quem nos ouve, atento os desabafos,

Crê em nossa versão sem duvidar,

Perscruta a verdade em nossos traços,

Conjuga connosco o verbo amar.

Sabe empatizar, ouvir, argumentar,

Cada ser humano tem sempre a sua razão.

Os defeitos do outro é preciso relevar,

Conseguir sempre optar pelo perdão.

Para não abusar mais da paciência, sobretudo dos menos votados a estas lucubrações poético-filosóficas, vou terminar esta pequena viagem, apresentando-vos apenas mais três dos maiores vultos atuais da cultura e da poesia brasileira.

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POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Começo pelo já atrás referido Wilson de Oliveira Jasa, considerado “O Príncipe dos poetas paulis-tas”, na linha de Camões ou de Bocage, um dos maiores sonetistas da língua portuguesa, um poeta fabuloso, que se movimenta com enorme facilidade em todos os géneros da poesia, do qual trans-crevo o maravilhoso soneto - MIL SONHOS

Meu coração mil sonhos já viveu, E muitos outros mil há-de viver; O amor um dia em mim aconteceu; E vou curtindo a vida com prazer.

Meu coração mil sonhos concebeu, Foi dando assim mais força ao meu ser; Meu coração em luz amanheceu, Permanecendo assim num florescer.

Meu coração mil sonhos realizou, Fazendo em mim o amor que vivo e sou, Pois aprendi que amar tem mais sabor.

Meu coração mil sonhos assim fez, Gerando paz e amor com sensatez, Pois é tão bom viver, viver o amor.

Adriano Augusto da Costa, transmontano, como eu natural de Carção e o seu filho Adriano Augus-to da Costa Filho, este já nascido em S. Paulo, (aos quais me ligam laços de família), são duas figu-ras impares, dois enormes vultos das letras e, acima de tudo, dois poetas fabulosos que, orgulhosos da sua lusitanidade, durante quase um século, têm marcado, indelevelmente a cultura luso-brasileira. O Adriano Augusto da Costa, com apenas nove anos, emigrou em 1911 para S. Paulo, onde viveu até à provecta idade de 102 anos, servindo-se da apreciável fortuna, por lá granjeada, para apoiar tanto os muitos portugueses que, durante décadas, demandaram as terras de Santa Cruz, como o desenvolvimento económico, social e cultural da grande metrópole paulista. Além de outras obras, publicou em 1976, já ao dobrar os setenta e quatro anos, o livro “OS PRIMEI-ROS BANDEIRANTES”, escrito em décimas, considerado, depois dos Lusíadas, o melhor poema épi-co escrito em português, no qual, ao longo dos seus trinta capítulos, descreve com rara mestria e grande rigor histórico, a saga heroica dos bandeirantes, (esta obra, gentilmente oferecida pelo seu filho Adriano, está disponível na biblioteca da ANAC), da qual não resisto a publicar estas duas déci-mas:

Eu sou paulista valente, Tenho grande tradição, Ferve no meu coração Todo passado e presente, Vieram de outro continente Tudo que meu peito anseia, Sou filho da Pauliceia, Nasci de um povo lendário, Serei forte e temerário, Vou cantar minha epopeia !

Foram cantadas com glória, Que valentes marinheiros, Com os seus pendões guerreiros, Começaram a nossa história, Que me ficou na memória, De uma maneira excelente. Sou dessa grei descendente, Provarei minha nobreza, Com amor e com firmeza, Da heróica “Lusa Gente”!...

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O filho Adriano, além da vastíssima obra poética, tem dezenas de obras publicadas sobre os mais variados temas, integra as direcções das mais prestigiadas academias culturais de S. Paulo, a mui-tas das quais preside há longos anos, e na página de opinião do jornal “Mundo Lusíada”, subordi-nadas ao tema OPINIÂO DE LUSODESCENDENTE, vem publicando regularmente, há já largos anos, importantíssimas crónicas sobre a história, a cultura, a arte e a grande actualidade luso-brasileira, dando um contributo inestimável ao intercâmbio cultural dos dois países irmãos. Ele, que se identifica a si próprio como um “produto do sangue português aquecido pelo sol doi-rado do Brasil”, confessa-se um eterno enamorado do “Grande e Eterno Portugal”, como ele gos-ta de chamar à nossa pátria, que visita com assinalável re-gularidade e com indisfarçável orgulho e enorme vaidade, evoca assim as suas origens de português e transmontano:

De Trás-os-Montes sou descendente,

Um povo alegre e muito valente.

De Rio Frio, perto de Bragança,

Que de Carção logo se alcança.

Minha mãe nasceu em Rio Frio,

Terra bonita com um lindo rio.

Meu pai em Carção nasceu

E seu sonho nunca feneceu!

Sou brasileiro perlo sol,

E faço parte desse rol.

Sou português pelo sangue,

Uma coisa nunca exangue!

Como não podia deixar de ser nesta quadra, termino com a poesia “NATAL”, da poetisa Maria J. Queirós Ribeiro,

José, Maria: é Natal!

Nasceu Jesus, Filho amado!

Veio até nós Divinal,

Por um anjo anunciado.

Força por Deus enviada,

Para ao Planeta chegar,

A terra está conturbada,

Ser humano: sem se amar…

Mais um Natal se aproxima

Relembra Jesus a chegar.

Nas mentes cuja doutrina…

Veio tolerar,…Amar…,

Para toda a grande família da ANAC, votos sinceros DUM SANTO E FELIZ NATAL, PRELÚDIO DUM ANO NOVO REPLETO DE FELICIDADE, AMOR E PAZ.

F. Costa Andrade (Membro do MPN, ONE e CPLGSP)

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Fizeram, este mês, 374 anos, que um gru-po de portugueses de lei, heróis, levaram a cabo um golpe de estado, contra o domí-nio castelhano, como sumariamente va-

mos recordar.

A

Breve resumo dos antecedentes

I

(crise dinástica)

Como todos se recordam, após o desastre de Alcácer-Kibir, em 4/08/1578. Onde morreu não só o rei D. Se-bastião, como também muitos dos nobres, outros aprisionados(1), Portugal ficou mais pobre e despovoa-do, sobretudo de gente jovem., visto as enormes bai-xas na classe dirigente, daquela época, a Nobreza.

Sucede-lhe o Cardeal Rei D. Henrique (Lisboa, 31/1/1512 - Almeirim, 31/1/1580) que morreu deixan-do em aberto uma crise dinástica, visto que sendo filho de D. Manuel, como prelado, não tinha sucessão legítima, tendo de optar entre os candidatos, sendo os mais forte a Duquesa Catarina de Bragança e Filipe II de Espanha, já que o “candidato popular”, que preten-dia reviver a saga de D. João, mestre de Aviz, D. Antó-nio Prior do Crato, por ser filho ilegítimo do infante D. Luís(2) (1506-1555) que, por sua vez, era filho de D. Manuel I, não era bem visto pelo Cardeal.

Mas, antes de morrer, o Cardeal Rei nada tinha decidi-do, pelo que se encerraram as Cortes de Almeirim sem uma decisão dinástica, ficando a Junta de Governado-res então nomeada, com tal encargo, pese embora D. António ter tido sucessos iniciais de aclamação popu-lar, breve é derrotado na batalha de Alcântara pelas forças do Duque de Alba, em 25/08/1580.

Mantém alguma resistência na ilha Terceira (1582-1583), é ajudado com bastante infelicidade, por Isabel I de Inglaterra que envia, em Maio de 1589, sob as ordens de Sir Francis Drake, uma esquadra de vários navios e uma força militar essencialmente de mer-cenários, que desembarcam alguns, na praia da Consolação (Peniche), com o co-mando do 2º Duque de Essex, Robert Deve-raux, que capturam a praça-forte de Peni-che e depois marcham sobre Lisboa. Mas, desprovidos de artilharia, e porque a sua presença era de apoio à causa de D. Antó-nio, este sem forças próprias e isolado, viu os “amigos desembarcados em Peniche” saquearem Atouguia da Baleia, Lourinhã, Torres Vedras, e no breve cerco a Lisboa, sem aquela artilharia, as próprias forças de D. Theodosio II, Duque de Bragança, se jun-taram às espanholas, e Lisboa não foi mo-lestada, pelo que os “amigos de Peniche” retiraram.

II

(Filipe I, o Prudente, 21/05/1527-13/09/1598)

Convocadas novas Cortes(3), agora para Tomar, que se iniciam em 16/04/1581, é reconhecido com rei Filipe II de Espanha, (como I de Portugal, filho de imperatriz Isabel, que era filha mais velha do rei D. Manuel), inte-ligentemente, nas Cortes de Tomar de jura defender respeitar as liberdades, privilégios, usos e costumes de Portugal, e respeitar as decisões da Cortes de Lamego e os direitos dos povos reunidos nas Cortes em Portu-gal(4), mormente sobre os impostos, mantendo as leis portuguesas; os cargos para a administração e para a Corte, reunida em Portugal, seriam preenchidos sem-pre por portugueses e que poderiam, igualmente, ocu-par funções públicas em Espanha.

O comércio da Índia e Guiné ficava reservado a portu-gueses bem como a concessão de títulos de cidades e vilas; a língua oficial era o português; os fidalgos man-teriam 200 novas pensões, a partir dos doze anos e rainha teria sempre como damas de honor nobres portuguesas.

As guarnições militares manteriam as armas reais por-tuguesas e guarnições nacionais; e a moeda corrente seria a nacional.

Pouco depois, em 18 de Abril de 1581, é afixado na porta do Convento de Cristo o Edital que concedia perdão aos seguidores de D. António, excepto os que se encontravam fora de Portugal ausentes ou escondi-dos. O príncipe herdeiro seria educado em Portugal. A seguir Filipe II de Espanha é reconhecido como rei de Portugal, como Filipe I, sendo jurado, como tal, pelas vilas e cidades de Portugal, excepto as das Ilha Tercei-ra e ilhas centrais do arquipélago, que seguiram D. António, até 1583.

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Com a união pessoal entre os dois reinos facilitou-se o comércio pois deixou de haver barreiras alfandegá-rias. Houve melhoria económica, do comércio, a no-breza gostou das prebendas, e apenas a participação de vasos de guerra portugueses, na chamada invencí-vel armada, foi impopular, pois os melhores galeões com a melhor artilharia eram portugueses(5); iam tam-bém navios de menor porte, as galés.

A Armada fez-se ao mar em 28/05/1588, com 130 barcos.

Todavia, Filipe I respeitou o juramento de Tomar.

São de sublinhar, as suas duas obras importantes na área da justiça: em 27/07/1582 a criação da Relação e da Casa do Porto(6) e o de ter ordenado o estudo e subsequente “recopilação” dos cinco Livros das Orde-nações de D. Manuel, em 5/06/1595(7), das chamadas Ordenações Filipinas, aprovadas por Filipe II, em 11/01/1603, sendo de notar que estas Ordenações, vigoraram em Portugal e no Brasil, aqui substituídas pelo Código Civil, aprovado por Carta de Lei de 1/07/1867 e Penais, dos séculos XIX e no Brasil, o Código Civil brasileiro, que revogou aquelas Ordena-ções, só entrou em vigor em 1/01/1916, em virtude da Lei nº 3.071, do Congresso. De realçar, que a referida criação do Tribunal da Rela-ção do Porto correspondeu à concretização duma velha aspiração das gentes portuenses.

III

(Filipe II -14/04/1578-31/03/1621 e Filipe III)

Em 1619 Filipe II visita Lisboa, aí ficando dois meses, e seu filho, futuro Filipe III é jurado herdeiro legítimo da coroa portuguesa, mas teve obra jurídica importante, em 11/01/1603, com a aprovação, depois de estudo prévio, que ordenando a “recopilação” dos cinco Li-vros das Ordenações de D. Manuel, em 5/06/1595, mandado pelo antecessor, Filipe I. Assim, o texto final das chamadas Ordenações Filipinas é aprovado em 1603, foi o texto do direito fundamental, em Portugal e Brasil, como atrás referido.

Note-se que Filipe I, em 27/07/1582, aprovara já o Regimento Novo dos Desembargadores do Paço, que não resisto a transcrever a parte relativa aos recursos de revista, do nº 32 deste Regimento: «Visto as gran-des dilações, que há nas petições de revista, e os grandes gastos e despesas, que as partes sobre isto fazem, e que as causas se fazem immortaes, sem as pessoas, que hão sentenças a seu favor, poder por ellas star do que lhe e julgado, os Desembargadores do Paço não receberão petições de revista, passados dous mezes, que a Ordenação do livro terceiro, titulo noventa e cinco concede para se pedirem as revistas, do dia, em que se publicarem as sentenças (…)».

Com Filipe III (1605-1665) e a nomeação de D. Gaspar Filipe Guzmán, Conde Duque de Olivares, adepto du-ma política centralizadora e de submissão das provín-

cias espanholas, o reacender da guerra nos Países Baixos (então Províncias Unidas), o domínio da Com-panhia das Índias Ocidentais, e a ocupação da Bahia (1624) e depois Pernambuco (1630), dá-se uma guer-ra de libertação de portugueses e índios contra o do-mínio holandês, expulsos no final.

Para financiar as guerra, quer nos Países Baixos, quer depois a revolta d’ “Els Segadors” (Agosto de 1640) da Catalunha(8), lançou mais impostos, destacando-se, a retenção forçada de um trimestre de juros aos porta-dores de títulos da divida publica, em 1631 a ½ anata, ou seja, qualquer funcionário público nomeado, paga-va ½ do salário do tesouro real. Em 1634 o real de água foi extensivo a todo o país, e não só Lisboa. A sisa subiu para 25%. Em 1638 e 1639 houve recruta-mento militar de cavalaria e infantaria, atentas as guerras que Espanha mantinha, com custos elevados.

O motim das Maçarocas, no Porto, já em 1628, contra o imposto sobre o linho fiado nas maçarocas, foi o primeiro sinal visível do estado de revolta.

Em 1633 chegou a Lisboa um decreto que ordenava que os três estados da cidade de Lisboa se reunissem na Igreja de Santo António, e procedessem, em cada ano, a cobrança de 500.000 cruzados, em géneros, da maneira que decidissem. Aí, D. Francisco de Castel-Branco, Conde de Sabugal e Meirinho Mor do Reino, dizendo que tal matéria era da competência das Cor-tes, furioso, saiu da Igreja, acompanhado por toda a Nobreza.

Irritado, o Conde-Duque Olivares, depõe os 2 gover-nadores de Portugal, e manda em substituição para o governo de Portugal, a Duquesa de Mântua, Dª Mar-garida de Áustria, como Vice-Rainha, com o marquês de La Puebla para lhe assistir em conselho, aqui che-gando em 1634. Encarregado de executar as decisões da Vice-rainha era Miguel de Vasconcelos, incluindo a cobrança daqueles 500.000 cruzados.

Depois, em 21/08/1637, em Évora, há a revolta do Manuelinho. Uma vez mais, a propósito da cobrança dos tributos, o Corregedor daquela Comarca, André Morais Sarmento, porque o povo se alvoraçasse, manda chamar o Juiz do Povo Cizinando Rodrigues com o escrivão João Barradas para lançar os ditos tributos, ao que o povo reunido respondia que ele (povo) primeiro haveria de consentir. Ao que o Corre-gedor os ameaçou de forca. O Juiz do Povo clama duma janela gritando por socorro para o povo amon-toado à porta do Corregedor, em tumulto, «pois mor-riam por livrar o povo dos vexames dos ministros do rei de Espanha.» O povo em revolta aclama-os e deita fogo à casa do Corregedor, arromba-lhe as portas, e ele, para se salvar, foge para o Convento de São Fran-cisco. A revolta alastra às terras vizinhas e Madrid envia tropas para as fronteiras, com ordem de casti-gar os revoltosos. Surgem panfletos assinados por

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Manuelinho, pessoa desassisada, conhecida como tal em toda a cidade.

Sondado pelos que viriam a ser os conjurados, o ir-mão do Duque de Bragança D. João, de seu nome D. Duarte, mais novo um ano, que servia o Imperador Fernando III, na Germânia, na Guerra dos Trinta Anos, (visando honrarias que a condição de segundo filho jamais conseguiria), vistas as reticências do irmão D. João, no sentido de assumir o comando da revolta(9), logo que soube desta proposta, disse quando regres-sasse a Portugal falaria, conforme a Deus aprouvesse.

Espanha soube destes contactos, e conseguiu por via diplomática, que o imperador da Alemanha de então prendesse o Infante D. Duarte, em Passau, depois transitou para Graz, na Áustria, e finalmente encerra-do no castelo de Milão onde morreu em 3/09/1649, já com Portugal restaurado.

B

A revolta e a coroação

IV

(O rápido avanço dos restauradores)

Após os tumultos de Évora, fica latente um espirito de revolta, que era um rastilho num barril de pólvora. Ademais, tal revolta, segundo o Conde Duque Oliva-res, era justificante do alegado perjúrio de Filipe III, face ao decidido nas Cortes de Tomar, de 1580. E or-denou a prisão dos principais responsáveis conheci-dos e o julgamento.

Acresce que, no espírito do Conde-Duque de Olivares estava uma vontade da perda da autonomia que Por-tugal, como reino independente tinha, pois seria con-vertido em mera província de Espanha, o que era con-siderado o aludido perjúrio. E que as medidas toma-das, designadamente lançar tributos sem reunião e votação das Cortes portuguesas, era uma clara viola-ção daquele juramento.

Além disso, naquela clara ideia uniformizadora de Olivares, era imperioso o afastamento de D. João, Duque de Bragança, de Portugal, pois que sendo um “candidato natural”, seria de toda a conveniência afastá-lo, invocando a necessidade de ter tropas para combater a revolta da Catalunha.

Assim, chega a Portugal em 24/08/1640, uma or-dem(10) para D. João preparar e mobilizar os seus Ter-ços, para juntamente com as demais tropas do rei, marchar até às fronteiras de Aragão para punir e re-primir a revolta da Catalunha.

É nesta altura que um conjunto de pessoas revoltadas com a intervenção portuguesa, dos impostos sem respeito pelas Cortes, da nomeação de castelhanos para os altos postos, contra os compromissos de To-mar, se reúnem, considerando o momento propicio, pois a Espanha estava envolvida em várias frentes (Países Baixos, França, Catalunha) e nesse mês de

Natal, haveria menos gente alerta, e serão sempre os conjurados, a saber (com indicação dos cargos e lu-gares que vieram a ocupar, após a Restauração), em reuniões secretas, parcelares, [pois não iam todos, os presentes passavam depois as notícias do delibera-do], em vários sítios, sempre de noite, em locais mui-to pouco alumiados:[..]

D. Afonso de Menezes, que, depois, foi Mestre de Sala d’el Rei D. João IV; D. Álvaro de Abranches da Câmara, General do Mi-nho, do Conselho de Guerra; D. Antão de Almada, 7.º conde de Avranches, 10.º senhor dos Lagares d´El-Rei, 5.º senhor de Pombali-nho e Governador da Cidade; D. António de Alcáçovas Carneiro, Senhor do Morga-do de Alcáçovas, Alcaide-Mor de Campo Maior e Ou-guela; D. António Álvares da Cunha, Senhor de Tábua; D. António da Costa, Comendador na Ordem de Cris-to, Senhor do Morgado da Mustela; D. António Luís de Menezes, 3º Conde de Cantanhe-de, 1º Marquês de Marialva; D. António Mascarenhas, Comendador de Castelo Novo na Ordem de Cristo; António de Melo e Castro, Capitão de Sofala, Gover-nador da Índia; António de Saldanha, Alcaide-mor de Vila Real; António Teles de Meneses, 1º e último Conde de Vila Pouca de Aguiar; D. António Telo, Capitão-mor das Naus da Índia; Ayres de Saldanha, Comendador e Alcaide-mor de Soure; D. Carlos de Noronha, Comendador de Marvão, presi-dente da mesa da Consciência e Ordens; D. Estevão da Cunha, Prior de S. Jorge em Lisboa, Có-nego da Sé do Algarve, Bispo eleito de Miranda; Fernão Teles da Silva, 1º Conde de Vilar Maior, Gover-nador das armas da província da Beira; D. Francisco Coutinho, filho de Dona Filipa de Vilhena que o armou Cavaleiro e a seu irmão; D. Fernando Telles de Faro, Senhor de Damião de Azere, de Santa Maria de Nide de Carvalho; Francisco de Melo, Monteiro-mor; Francisco de Melo e Torres, 1º Conde da Ponte, Mar-quês de Sande, General de Artilharia; D. Francisco de Noronha, irmão do 3º Conde dos Ar-cos; Francisco de São Payo; D. Francisco de Sousa, 1º Marquês de Minas, 3º Con-de do Prado; D. Gastão Coutinho, Governador do Minho; Gaspar de Brito Freire, Senhor do Morgado de Santo Estevão de Nossa Senhora de Jesus na Baía, Brasil; Gomes Freire de Andrade, Capitão de Cavalos; Gonçalo Tavares de Távora, Capitão de Cavalos; D. Jerónimo de Ataíde, 6º Conde de Atouguia; D. João da Costa, 1º Conde de Soure;

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D. João Rodrigues de Sá e Menezes, 3º Conde de Pe-naguião; João de Saldanha da Gama, Capitão de Cavalaria; João de Saldanha e Sousa; D. João Pereira, Prior de S. Nicolau, Deputado do San-to Ofício; Dr. João Pinto Ribeiro, Bacharel em Direito Canónico, Juiz de Fora de Pinhel e de Ponte de Lima, secretario e procurador de D. João, Duque de Bragança; João Sanches de Baena, do Conselho de Sua Majesta-de, Desembargador do Paço, Doutor em Cânones; Jorge de Melo, General das galés, do Conselho de Guerra; D. Luís de Almada, filho de D. Antão de Almada; Luís Álvares da Cunha, Senhor do Morgado dos Oli-vais; Luís da Cunha de Ataíde; Luís de Mello, Porteiro-mor; D. Manuel Child Rolim; Martim Afonso de Melo, 2º Conde de São Lourenço, Alcaide-mor de Elvas; Miguel Maldonado, Escrivão da Chancelaria-Mor do Reino; D. Miguel de Almeida, 4.º conde de Abrantes, o mais idoso e entusiasta pela libertação de Portugal, cari-nhosamente tratado pelos restantes de “avô”; D. Nuno da Cunha de Ataíde, 1º Conde de Pontével; D. Paulo da Gama, Senhor do Morgado da Boavista; Pedro de Mendonça Furtado, Alcaide-mor de Mou-rão; D. Rodrigo da Cunha, Arcebispo de Lisboa; Rodrigo de Figueiredo de Alarcão, Senhor de Ota; Sancho Dias de Saldanha, Capitão de Cavalos; D. Tomás de Noronha, 3º Conde dos Arcos; D. Tomé de Sousa, Senhor de Gouveia, Védor da Casa Real, Trinchante-mor e Mestre-sala; D. Tristão da Cunha de Ataíde, Senhor de Povolide, Comendador de São Cosme, de Gondomar; Tristão de Mendonça. Padre Nicolau da Maia de Azevedo. Foi essencial, an-tes da revolta, nos contactos na Casa dos 24 e demais apoio dos profissionais dos ofícios e seus trabalhado-res, do Juiz do Povo, e da população de Lisboa, para saírem à rua em apoio do golpe que se iria dar. O livro indicado na bibliografia é aceite pelos historiadores, como sendo da sua autoria.

Vindo o Duque de Bragança a Lisboa, passando por Almada onde embarcaria para a travessia do Tejo, é ali visitado por três dos conjurados – D. Miguel Almei-da, D. Antão de Almada e Pedro Mendonça Furtado – que lhe deram nota do projecto de revolta, oferecen-do-lhe a coroa de Portugal, como legitimo herdeiro e neto de Dª Catarina. Este, sem dar uma resposta con-creta de imediato, passa a Lisboa, para visitar a vice-rainha duquesa de Mântua, no Palácio da Ribeira(11), no Terreiro do Paço e na grande sala da recepção ha-vias duas cadeiras destacadas, mas apenas a da Du-

quesa de Mântua estava debaixo do dossel, e a outra, destinada ao Duque, da parte de fora. Invocando o decoro duma cerimónia destas, um fidalgo presente, D. Tomé de Sousa, Conde de Redondo, levanta-se, pega na cadeira destinada ao Duque coloca-a também debaixo do sólio, onde este se senta, ao lado da Du-quesa.

Logo a seguir, numa reunião dos conjurados, foi con-vocado o Dr. João Pinto Ribeiro, secretário do Duque de Bragança, além de D. Francisco de Mello, Montei-ro-Mor e seu irmão D. Jorge de Mello, D. Miguel de Almeida, D. Antão de Almada, Pedro Mendonça Furta-do e António Saldanha. Onde assentaram em escrever ao Marquês de Ferreira D. Francisco de Mello e a D. Affonso de Mello, Conde de Vimioso, que estavam em Évora, para pedirem ao Duque que aceitasse a Coroa, pois se o não fizesse, eles estariam dispostos a procla-mar uma república (de nobres) do tipo de Veneza ou Países Baixos, ou, no limite, propô-la ao irmão D. Du-arte. Entretanto, tudo evolui muito depressa, pois chega a referida ordem de mobilização dos nobres, e, desde logo, do Duque de Bragança, como se disse, em Agosto de 1640, para se apresentar em Madrid.

Pedro de Mendonça, alcaide-mor de Mourão, leva a proposta ao Duque, em Villa Viçosa. E na tapada, lon-ge das vistas e dos ouvidos, na presença do secretario António Pães Viegas, chegando a perguntar-lhe, caso o projecto dos conjurados fosse avante, até com a república, de que lado ele Duque lutaria? Ao que ele respondeu, que seria do lado de Portugal. Perante isto retorquiu-lhe a visita que, atento o resultado(12) mais valeria aceitar a coroa. Depois, aconselhado pelo secretário António Pais Viegas, ouvida a esposa Dona Luísa de Gusmão, o Duque dá a sua concordância ao golpe, em que iria receber a coroa de Portugal, depois de ouvir Dona Luísa dizer: «mais vale morrer reinando que acabar servindo.»

As reuniões, em locais alternados, discretas, de noite, como se disse, sempre mal alumiadas, deixando os conjurados as carruagens longe, sucederam-se, tendo havido uma em que participou o Padre Nicolau da Maia, assegurando o apoio popular, logo após o gol-pe, no Terreiro do Paço, pois fizera contactos para tal. Depois dum pequeno compasso de espera, esclareci-do por cartas, em linguagem cifrada, entre o Dr. João Pinto Ribeiro e o Duque, há uma reunião organizada pelo Dr. João Pinto Ribeiro, no palácio do Duque, on-de este procurador da Casa de Bragança vivia, e, de-pois, há uma última reunião estratégica no Palácio de D. Antão de Almada (agora Palácio da Independên-cia(13)), na segunda-feira, dia 25 de Novembro de 1640, em que decidiram que o golpe seria no sábado seguinte, visto ser próximo do Natal e estar muita gente de férias e em Espanha, dia 1 de Dezembro de 1640. Deveriam ir em carruagens fechadas (para ocul-tarem que iam armados de pistolas, espadas e clavi-

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nas(14)) e ao 1º toque das 09H00, saírem, atacarem o Paço, desde logo uma companhia de infantaria espa-nhola e os mercenários alemães, na Sala dos Tudes-cos, archeiros, com alabardas.

Recorde-se o momento que se vivia, de grande fervor patriótico, pois Dona Filipa de Vilhena, condessa de Atouguia, ajudara a armar seus filhos D. Jeronymo de Ataíde e D. Francisco Coutinho, para a revolta. O mes-mo se passara com Dona Marianna de Lencastre, que ajudara a armar os filhos Fernão Telles e António Tel-les da Silva.

V

(o 1º de Dezembro de 1640)

Os conjurados(15), além de alguns soldados (que D. João da Costa tinha em casa, com o pretexto da expe-dição iminente à Catalunha), logo que soou a primeira das nove badaladas no relógio do Paço, D. Miguel de Almeida, dispara um tiro de pistola, no corredor, jun-to à Sala dos Tudescos, sinal do início ataque, que os fidalgos, o próprio D. Miguel, D. António Luiz de Me-nezes e o irmão D. Rodrigo de Menezes, D. Luiz de Mello, D.Affonso de Meneses, D. António Telo de Me-neses, João de Saldanha e outros que o seguiam, en-traram, num repente, naquela sala, surpreendendo os mercenários. Do outro lado, atacaram Gaspar de Brito Freire, Marco António de Azevedo, Paulo Sá e o licen-ciado Gabriel Costa. Um mercenário feriu D. António Telo de Menezes, num braço, sendo logo morto com um tiro de pistola. Outro que reagiu teve igual sorte. O ataque ao corpo da guarda espanhola foi levado a cabo pelos seguintes fidalgos: D. António de Melo e Castro, D. Jorge de Mello, D. Estêvão da Cunha e ou-tros fidalgos, além de outras pessoas que se lhes jun-taram, populares, tendo derrubado o retêm das ar-mas, tendo, apesar de terem caído, um soldado, ape-sar da Guarda Espanhola se ter rendido, apanhou uma e disparou um tiro perdido, que foi atingir Alfe-res Marco Leitão de Lima, em socorro de quem, o Padre Bernardo da Costa, da Azambuja, com traçado e rodela, bem como o capitão Jordão de Barros de Sousa, eliminaram o autor do disparo, com a Guarda já em rendição, na qual se distinguiram o D. Jorge de Melo, D. Estevão da Cunha, D. António Melo, o Padre Nicolau da Maia e Francisco Lemos, um das principais cabeças do povo e populares, (aliciados por este pa-dre), obrigaram o comandante da Guarda a render-se. Obtida a rendição e desarmada a Guarda, dirigiram-se para a Sala dos Tudescos, para ajudar os outros conju-rados. Entretanto, de janela em janela, D. Miguel de Almeida e D. António Luiz de Meneses, gritavam para o povo que se ia juntando no Terreiro do Paço: “ Li-berdade Portugueses; Viva El-Rei D. João IV”, ao que o povo respondia, “Viva El Rei D. João IV.” Entretanto, marchavam pelos extensos corredores, para os apo-sentos de Miguel de Vasconcelos, D. António Telo de

Menezes, D. Gastão Coutinho, D. João da Costa, Con-de de Atouguia e seu irmão, D. Alvaro de Abranches, o camareiro mor D. João de Sá Menezes, D. António Alvares da Cunha, D. João Saldanha de Sousa e Sandro Dias de Saldanha, D. Tristão da Cunha de Ataíde, com os seus dois filhos e seu genro Manoel de Childe Ro-lim. No fim do corredor encontram o corregedor da Casa do Cível de Lisboa, que saía da secretaria de es-tado e disseram-lhe: “Viva El-Rei D. João IV” ao que ele retorquiu: “Viva El-Rei D. Filipe”. De imediato foi morto com um tiro de pistola. Fechado num armário de papeis estava Miguel de Vasconcelos, que, tendo feito algum barulho, levou a que D. António Telo de Meneses disparasse um tiro de pistola contra o armá-rio, fazendo com que Miguel Vasconcelos saísse, ar-mado com uma espingarda, que disparou sem dano, pois já fora atingido com dois tiros e depois foi mor-to(16) com varias estocadas e o cadáver lançado pela janela, “para desprezo da plebe”, já junta no exterior, como se viu. Depois, subiram ao quarto da Duquesa, vice-rainha, os seguintes conjurados: D. Miguel de Almeida, D. Pedro de Mendonça, D. Antão de Almada, D. António Luiz de Meneses, D. Carlos e Noronha e muitos outros fidalgos, surpreendendo a duquesa que prometeu interceder pelos revoltosos, visando o perdão de D. Filipe, se cessassem o ataque e regressassem as suas casas, no que foi louvada pelo Arcebispo de Braga, que estava com ela, D. Sebastião de Matos, presiden-te do Desembargo do Paço. D. Miguel de Almeida atalhou dizendo-lhe que custava livra-lo da morte, com tal lisonja à duquesa e D. Carlos Noronha disse à duquesa que entrasse no quarto do Oratório e se não quisesse entrar sairia pela janela. Entrou e ficou sob a guarda de D. Antão de Almada e seu filho D.Luiz e uns fidalgos mais. E como a ameaça imediata, pela forte guarnição e artilharia, eram os fortes e torres próxi-mas, em especial o castelo de São Jorge, D. António Luiz de Meneses passou ao quarto do marquês de La Puebla, que, como mordomo-mor da duquesa, residia no Paço, e fez-lhe lavrar uma ordem para D. Luiz del Campo, governador do castelo de São Jorge, para o entregar imediatamente à descrição dos conjurados, o que ele fez de imediato e a duquesa, como vice-rainha, assinou. De seguida, cerca das 11H00, foram aprontadas companhias das Ordenanças, para, pelos bairros de Lisboa, evitarem desordens. D. João Rodri-gues de Sá com outros foram abordar dois galeões surtos no Tejo, com infantaria, que se renderam. Quando a ordem de rendição chegou ao castelo de São Jorge, D. Luiz del Campo dela duvidou, por não vir na forma correcta. Mas, D. Matias de Albuquerque (que não sabia da conjura, pois estava preso no caste-lo) ajudou e veio uma ordem correcta e no dia 2 de Dezembro, Domingo, quando foi entregue o castelo. Rendido o reduto mais poderoso militarmente, nesse dia, entregarão – se a Torre de Belém, Cabeça Seca,

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Torre Velha, Santo António de Barra e o castelo de Almada. Na segunda-feira, dia 3 de Dezembro, pela posta, partirão Pedro de Mendonça e Jorge de Mello, para Vila Viçosa, para dar parte a D. João, da Restau-ração. Parte de imediato o Rei D. João IV, e na 4ªfeira, dia 5 de Dezembro, chega a Aldêa Gallega(17) embar-cando, na manhã seguinte, no Bergantim Real, tendo chegado pelas 09H00 à praia da Casa da Índia, em Lisboa. Em Coimbra, o Bispo Conde Joannes Mendes de Vasconcelos e o reitor da Universidade Manuel de Saldanha(18), souberam da aclamação de D. João IV, por carta de 3 de Dezembro dos governadores do reino restaurado, tendo este convocado um Claustro Pleno em 13 de Dezembro, onde a Universidade reco-nheceu e aclamou o novo rei. Depois um cortejo de lentes dirigiu-se à Igreja de Santa Cruz em acção de graças pela aclamação. A cidade do Porto recebeu o aviso daqueles governadores em 6 de Dezembro; va-cilaram os vereadores da Câmara sobre se tinha sido D. João IV aclamado rei, tendo um, Martim Ferraz de Almeida dado o primeiro grito de aclamação, ao que se seguiram, Sebastião de Abreu Ferrão, Juiz de Fora, Desembargador Ignacio Ferreira Rigoso, o Balio Frei Braz Brandão, o Maltez(19) Frei Diogo de Melo, Pedro Vaz Cirne, com outros, foram sempre aclamando D. João IV, até ao forte de São João da Foz, que se ren-deu. Em Viana, foz do Lima, a fortaleza de São Tiago, os espanhóis, confiantes na ajuda da Galiza, defende-ram-se por uns dias, mas nada tendo chegado, rende-ram-se. Na capital restava o forte (tinha um torre, na época) de São Julião da Barra, contra a qual D. João IV mandou que marchasse D. Francisco de Sousa, sobri-nho do Conde do Prado, sendo aquela governada pelo tenente D. Fernando de La Cueva, que resistiu, pois mandara pedir auxílio da armada espanhola. Encon-trava-se preso naquela fortaleza D. Francisco Masca-renhas, Conde da Torre, que propõe a D. Fernando uma rendição honrosa, tanto mais que todas as ou-tras, já se tinham rendido. Depois de 10 dias de resis-tência, contra a Comenda do Pinheiro, Ordem de Cris-to, por 3 vidas, entrega o bastião, rendendo-se, o D. Francisco de Sousa. Dois dias antes tinha-se rendido a Praça de Cascais a D. António Luiz de Meneses e a D. Gastão Coutinho. E pelo País fora assim foi suceden-do…

VI

(A coroação e o juramento)

O dia 15 de Dezembro, num palanque montado no Terreiro do Paço, vestido com as insígnias reais, com o ceptro na mão (que fora capturado em Aljubarrota), num trono sob um dossel, e depois de, pelo desem-bargador Francisco Andrade Leitão ser proferida uma oração, muito eloquente, sobre o direito à coroa de D. João IV, que fora usurpada a sua avó a duquesa Catarina, em 1580, é por este proferido o juramento, com a mão sobre os Evangelhos, “de manter os seus

vassalos nos seus privilégios e guardar-lhes toda a justiça”, ou seja, manter os foros, liberdades e garan-tias dos Portugueses, violados pelo seu antecessor estrangeiro. Após o juramento real, seguiram-se o dos três estados, e logo a seguir, o alferes – mor D. Fer-não Telles de Menezes, desenrola a bandeira nacional e diz: “Real, real, por El-Rei D. João IV, Rei de Portu-gal”. Segue-se um “Te Deum” na Catedral (Sé) de Lis-boa, em acção de graças. Depois da cerimónia e antes da Missa, já o Conde de Cantanhede, presidente do Senado da Câmara de Lisboa, tinha feito a entrega ao rei das chaves da cidade. Isto posto, no dia de Natal, manhã cedo, D. João IV embarcou para a Aldêa Galle-ga, indo esperar Dona Luísa de Gusmão, o príncipe D. Theodosio e as infantas D. Joana e Dª Catarina, acom-panhadas da fidalguia e assim toda a família real esta-va em Lisboa, tendo chegado à praia da Casa da India, no bergantim real, no dia 6 de Dezembro. Ao chega-rem ao Terreiro do Paço foram aclamados e vitoria-dos pelo povo ali reunido.

Em 8 e 9 de janeiro de 1641, na Sala dos Tudescos, há reunião de Cortes, sendo a primeira sessão para jurar D. João IV legítimo rei de Portugal, sendo o filho D. Theodosio, seu legitimo sucessor. No dia seguinte, as Cortes decidiram abolir os tributos lançados por Filipe III, mas mais ficou decidido que, separadamente, os três estados decidissem quais os impostos a lançar, para sustentar a guerra com Castela.

Segue-se a campanha militar da Restauração, com muitas batalhas e cercos e episódios dignos de nove-la, como foi a fuga do Conde de Castelo Melhor, que tinha sido preso, ao preparar um golpe de mão, em Cartagena. E, no reverso da medalha, a fuga de fidal-gos para Espanha. A obra do Padre António Vieira, jesuíta, pela sua oratória, sermões e diplomacia, é de reler.

Mas isso são outras histórias…

Fernando Mizarela

08/12/2014

Bibliografia: História Monumental de Portugal, dirigi-da pelo Dr. Damião Peres, Edição Barcelos, V volume;

Historia da feliz Acclamação do Senhor Rei D. João Quarto, com huma serie chronologica dos Senhores Reis de Portugal, Roque Ferreira Lobo, Administrador do Correio do Reino, Lisboa, MDCCCCIII, com licença do Desembargo do Paço, obra não assinada, comum-mente atribuída ao padre Nicolau da Maia.

Lisboa Sozinha, Quase Viúva – A cidade e a Mudança da Corte, no Portugal dos Filipes, na revista Penélope, nº 13, Maio de 1994, revista dirigida pelo Professor A.M. Hespanha, artigo do Professor Fernando Bouza Alvarez, da Universidade Complutense, Madrid.

Textos dispersos extraídos da Wikipédia;

A Universidade de Coimbra e os seus Reitores – Para uma história da Instituição, do Dr. Manuel Augusto

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Lembrando o 1º de Dezembro

Comunicar 22 / Dezembro 2014

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Rodrigues, Arquivo da Universidade, 1990,

(Com a ortografia da época, em muitos casos e pré reforma no restante)

(1) O número de mortos teria sido 9.000 e 16.000 prisioneiros, tendo escapado poucos nobres, alguns disfarçando-se o mais que podiam, como aconteceu com D. António, Prior do Crato, (nascera em Lisboa em 1531 e morreu exilado em França em 1595) que ocultou a sua qualidade de nobre [o que equivaleria ao pedido dum avultado resgate, sendo que não fosse de muitos cabedais ou não cumprisse o acordado, a acabaria por morrer prisioneiro, como aconteceu com o Infante Santo, D. Fernando, filho do Mestre de Aviz (29/09/1402-5/06/1443, que jaz na Batalha, após acordo da devolução dos restos mortais com o rei de Fez), visto que ficara como “garantia” da restituição de Ceuta, nunca devolvida]. (2) E duma cristã nova judia Violante Gomes, de al-cunha “a pelicana”. (3) Os outros candidatos à sucessão eram Dª Catari-na, Duquesa de Bragança, filha do Infante D. Duarte, irmão daquela imperatriz, D. Maria, irmã mais velha desta duquesa, o aludido D. António, Prior do Crato, como se disse, filho ilegítimo, e a rainha de França, Catarina de Medicis, que dizia descender de Afonso III de Portugal de Matilde, duquesa de Bolonha, sem nunca documentar devidamente tal pretensão. (4) Era o capitulo XXV, onde, reconhecendo que o rei não podia residir permanentemente em Portugal, fazia-se uma promessa formal de que “de estar no reino o maior tempo possível.” (5) O navio almirante e capitão da esquadra portu-guesa, como se diria hoje, eram o galeão São Marti-nho, com 48 canhões (recordo ao leitor, 24+24), on-de ia o duque Medina Sidónia; O São João, com 50 canhões; São Filipe, com 40 canhões; São Luís, com 38 canhões; São Mateus, com 34 canhões; São Mar-cos, 33 canhões; Santiago, com 24; a nau de desenho italiano dita “galeão de Florença”, tinha 52 canhões e estava integrada na esquadra – galeões –. O São Cristóvão, São Bernardo, Zabra Augusta e Zabra Júlia, com, respectivamente, 20, 21,13 e 14 canhões. Foram dispensados 3 galeões, indo um para o orien-te. As galés eram 4 e tinham cinco canhões. (6) Conhecia dos recursos de apelação e de agravo de Trás-os-Montes, Entre Douro e Minho e Beira. Havia, naturalmente, o valor, para efeitos de alçada cível, 100$000 reis, quando incidisse sobre bens mó-veis e 80$000 reis nos bens de raiz. A deslocação da Casa do Cível, para o Porto, por lei de 27/07/1582 (com ou sem termo da de Lisboa) foi bem recebida – vide Professor Mário Júlio Almeida Costa, História do Direito Português, páginas 302/304, 3ª edição, Almedina, 1996. (7) Trabalharam nesta reforma das Ordenações, «(…) que El-rei Dom Manoel, meu Senhor e Avô, de gloriosa memória, mandou fazer (…)» – sic, transcri-ção da determinação de Filipe I, de Portugal, dada em Madrid, em 5 de Junho de 1595; Duarte Nunes de Leão, que terá começado tal trabalho antes (talvez 1589, segundo o memorial enviado por Cristóvão de Moura, cerca de 1594) – neste sentido, vide nota (1)

p. 221, de Historia do Direito Português, do Profes-sor Nuno Espinosa Gomes da Silva, Edição Gulbenki-an, 1985, I volume. (8) Que solicitou apoio da vizinha França. (9) Homem de grande fortuna, D. João, Duque de Bragança, nos seus vastos domínios de Vila Viçosa, teria tudo a perder se a revolta falhasse, pois além de ser Condestável de Portugal, era considerado como herdeiro legítimo de sua avó, que fora candidata ao trono, em 1580, Dona Catarina. Perderia tudo, a vida e os bens. (10) O rei assinou um decreto que mandava que todos os fidalgos portugueses marchassem, com os seus Terços, juntamente com o Condestável Duque de Bra-gança, para irem reprimir a revolta dos ceifeiros, na Catalunha, sob pena de perderem os bens para a co-roa, convencidos que o Duque de Bragança, o homem mais rico de Portugal e da Península, condestável nato, se não recusaria a marchar com Filipe III de Portugal IV de Espanha. Note-se que a França se encontrava em estado de guerra com a Espanha. E o Duque de Bragança, nomeado Governador de Armas de Portugal, já tinha sido instado a visitar, armar e preparar as praças de armas marítimas, aumentar as guarnições conforme melhor entendesse (dos fortes, torres, etc.), pois havia sido vista uma esquadra fran-cesa na costa de Portugal, e o conde duque Olivares receava uma invasão. (11) Desaparecido em 1755 com o terramoto e sobre-tudo com o maremoto associado. (12) Os revoltosos sabiam perfeitamente que, se per-dessem o projectado golpe, perderiam a vida e todos os seus bens, pois cometeriam um crime de “lesa-majestade”. (13) Cujos azulejos retratam este dia de revolta. Já tinham decidido a morte do secretário da vice-rainha, Miguel de Vasconcelos, o que fizeram, copiando os gestos e a forma dos juízes de votarem a pena de morte, na Relação, “com as capas por cima da cabe-ça”, como proposto por Jorge de Mello, isto em casa do Dr. João Pinto Ribeiro. (14) Espingardas de fecho de pederneira, que era uma evolução técnica em relação aos arcabuzes e mosquetes de morrão, e, sobretudo, não havia o mor-rão aceso, que era mais visível e detectável. (15) Que, na véspera, se haviam confessado e comun-gado. (16) Foi depois mandado enterrar por D. Gastão Coutinho, a instâncias de Gaspar Faria Severim, es-crivão da Misericórdia de Lisboa, no cemitério desta. (17) Actual Montijo. (18) Denominado “O Justo” pela rectidão com que desempenhava o seu cargo. (19) Ordem de Malta.

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PASSEIOS E VIAGENS REALIZADOS EM 2014

16 Janeiro - Uma tarde Visita a uma fábrica de calçado na região de S. João da Madeira. Incluirá um lanche na Cafetaria do Museu da Chapelaria. 26 Fevereiro – Um Dia Visita ao Museu Municipal de Penafiel. Visita ao Museu de Arte sacra da Igreja da Misericórdia de Penafiel. 22 Março - Um dia Visita a Guimarães Capital da Cultura em 2012. Visita aos Pa-ços dos Duques de Bragança. Visita ao Cas-telo de Guimarães. Visita à Igreja de S. Mi-guel. Almoço na Quinta de Castelães. 1 a 3 Abril – 3 dias Viagem a Lisboa e seus Arredores. Palá-cios, Museus e Monumentos 10 Maio - Um dia Visita à Cidade de Montalegre Visita à Barragem do Alto Rabagão e Aldeia de Vilar de Perdizes. Junho – 4 dias Viagem aos Açores. S. Miguel e a beleza natural. 28 Junho - Um dia Entrega dos Troféus Torneio do Aposentado Visita a Monção, Melgaço, Castro Laboreiro e Santuário da Senhora da Peneda. Almoço e distribuição de prémios em Castro Labo-reiro. 4 a 13 julho – 10 dias Viagem à Roménia e Bulgária 26 de Julho - Um dia Visita à Povoa de Lanhoso Visita ao castelo e castros. Visita guiada ao Bom Jesus. Descida no elevador centená-rio, movido a água com explicação do fun-

cionamento. Visita ao Museu do Ouro em Póvoa de Lanhoso. 4 a 10 Agosto – 7 dias Viagem às cidades Imperiais da Europa Central Férias em Valência Setembro No complexo turístico de Marina d’Or, em Oropesa Del Mar, Valência, em pleno cora-ção da Comunidade Valenciana, será mais completa e mais descansada para todos os participantes. Setembro - Um dia Varandas do Douro - Visita aos Miradouros sobre o Rio Douro e a S. João da Pesqueira. 10 a 12 Outubro – 3 dias Encontros com a Ribeira Sacra. Viagem à região de Ourense na Galiza 08 Novembro—Um dia Passeio/Festa de S. Martinho na região de Viseu. 20 Dezembro—Um dia -Almoço/passeio de Natal em Ponte de Li-ma com visita guiada à Vila.

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PASSEIOS E VIAGENS A REALIZAR EM 2015

28 Janeiro - Uma Tarde: Visita a fábricas na região de S. João da Madeira, no âmbito do Turismo Industrial. Incluirá um lanche na Fábrica dos Sentidos. 25 Fevereiro - Uma Tarde Visita a Vila Nova de Famalicão. Visita ao Museu de Indústria Têxtil, à Fundação Cu-pertino de Miranda, ao Museu Bernardino Machado, ao Arquivo Alberto Sampaio. 27 Março – Uma Tarde Visita a Ovar – Visita guiada à Casa de Egas Moniz, prémio Nobel da Medicina.

18 Abril – Um Dia Visita à Cidade de Coimbra. 09 Maio - Um dia Visita a Torre de Moncorvo Receção da ANAC/Norte na C. Municipal

Maio – 9 dias Viagem a Marrocos.

Junho – 8 dias Viagem a Espanha

27 Junho - Um dia ENTREGA DOS TROFEUS - TORNEIO DOS APOSENTADOS Almoço e distribuição de prémios.

Julho – 8 dias Viagem a Itália - Grande Circuito Italiano 22 Julho - Um dia Visita a Alcobaça- Visita ao Mosteiro de Alcobaça, Parque dos Monges e Museu dos Doces Conventuais.

Agosto – 7 dias Viagem à Polónia – Varsóvia e Cracóvia.

5 Setembro - Um dia Viagem ferroviária - Linha do Douro - Fer-radosa. Almoço no cais da Ferradosa. Ativi-dade apresentada neste mês em que se iniciam as vindimas.

Setembro – 09 dias Programa de férias em Espanha. 10 Outubro - Um dia Arouca - visita à cidade. Visita ao Mosteiro de Arouca e Museu de Arte Sacra. Almoço em local a designar dentro de algum tem-po. Passagem pela serra da Freita - Pedras parideiras - Explicação deste fenómeno. Visita à Frecha da Mizarela - queda de água c/ uma altura que rondará os 70 metros de altura.

Outubro Cruzeiro no Mediterrâneo.

Novembro - Um dia S. Martinho. Programa em estudo.

Dezembro - Um dia Almoço e confraternização Natalícia. Pro-grama em estudo.

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COLABORAÇÕES

A colaboração dos Colegas nas atividades da Delegação Norte da Anac é cada vez mais importante para a dinamização da nossa Associação. Precisamos de novas ideias e no-vas realizações. Apareça na Delegação e ponha os seus conhecimentos e aptidões ao serviço da nossa Comunidade. É no serviço que podemos prestar, que a realização pes-soal pode atingir o seu expoente máximo. A SUA PARTICIPAÇÃO É IMPORTANTE!

Atividades na Delegação Responsáveis

Grupo Cantares: Francisco Ferreira G Aposentado : José Amaral; José Coimbra Projeções: José Coimbra, Vítor Rocha Fotografia: Vítor Rocha Informática: João Taborda, José Coimbra Passeios Porto: Fernanda Vilarinho Passeios Culturais: António Coelho Lemos Torneios: José Amaral Boletim: Costa Neves, Costa Andrade, Fernando Mizarela, Cláudio Lima, José Coimbra

Delegação Norte da Anac Rua 31de Janeiro,75/83 - 4000-543 Porto -TelMov: 912 163 542 - Tel.222 061 111 Mail: [email protected] - Blog: http://anaccaixaporto.blogspot.com

Publicação Delegação Norte da Anac com a colaboração de Costa Neves, Fernando Mizarela, Manuel Alves, Costa Andrade e José Coimbra

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Os prospetos das Viagens e Passeios e fi-chas de inscrição são publicados na Inter-net. Visite os nossos Blogs! As inscrições para os programas podem ser efetuadas por correio, mail, ou direta-mente na Sede da Anac-Norte.

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Delegação Norte da Anac

Este 22º Boletim Informativo da Delegação Nor-te da Anac, que relata as atividades de Outubro a Dezembro, tem no seu final a época natalícia. Como tal, não queremos deixar de apresentar os nossos votos de Felicidades a todos os Sócios e seus Familiares e também desejar que o novo ano traga melhores condições de vida e mais esperança num futuro que queremos cada vez mais sorridente. Infelizmente as perspetivas que o horizonte próximo nos apresenta são cinzen-tas e muito incertas. Mas a esperança, que sem-pre nos acompanha, dá-nos alento para sonhar… As perspetivas sobre o Natal e as suas aborda-gens são inúmeras, desde o satírico até ao mais profundo sentido cristão. Mas todas as aborda-gens têm em comum a preocupação pela pobre-za, pela miséria e pelo sentimento humanístico de ajuda e solidariedade. Bocage interpretava com mestria o sentimento natalício, com o despreendimento de si mesmo.

Se considero o triste abatimento Em que me faz jazer minha desgraça, A desesperação me despedaça, No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento, Para aplacar-me a dor que me traspassa, Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça, Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando, Ao lado a Mãe, prostrados os pastores, A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores, Por nós, e fecho os olhos, adorando Os castigos do Céu como favores.

Já neste poema de Vitorino Nemésio, com ironia velada sobre o espírito natalício, percebe-se uma abordagem crítica e desanimadora sobre os reais motivos que gerem a época natalícia.

Percorro o dia, que esmorece Nas ruas cheias de rumor; Minha alma vã desaparece Na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo, Dos que anunciam no jornal; Mas houve um etéreo desarranjo E o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado A quem dão coroas no meio disto, Um moço doente, desanimado… Só esse pobre me pareceu Cristo.

Contudo, é a visão romântica que prevalece em toda a comunicação neste época idílica e sonha-dora…

Natal não é uma época nem uma estação, mas um estado da mente. Apreciar a paz e benevolência, ser abundante em clemência, é ter o real espírito de Na-tal…

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NOTA FINAL