Boletim_CEBRID_69

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    B O L E T I M

    CEBRID CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAES

    SOBRE DROGAS PSICOTRPICAS

    Rua Borges Lagoa, 1.341 1 andar CEP: 04038-034 So Paulo - SP Tel.: (11) 5576-4997 E-mail: [email protected]

    Website: www.cebrid.epm.br

    Superviso: E.A.Carlini

    Colaboradores: Bruno Massaki Sato Nmero 69 Bianca Alves Pereira Sabrina Alves Pereira Novembro de 2012 Taissa Fernanda Ldi

    EDITORIAL

    Voltamos! Pedimos desculpas pelo grande atraso. Mas fatos aconteceram ocasionando esta nossa falta involuntria, a saber: - uma sucesso de doenas e mortes em famlia de (E.A.Carlini); - optamos por nos integrar ao Depto. de Medicina Preventiva (DMP) deixando portanto, o Depto. de Psicobiologia, ambos da UNIFESP; - a no renovao do convnio com a Secretaria Municipal de Educao de Diadema, responsvel pela manuteno do Ncleo Comunitrio do CEBRID naquela cidade, obrigando-nos a deixar nossa sede extra-muros; - a longa greve dos professores universitrios federais praticamente inviabilizando o ano de 2012.

    Mas a volta por cima foi dada, pois graas ao coleguismo, compreenso e solidariedade fomos incorporados ao DMP/UNIFESP e nos foi cedido espao fsico adequado na Secretaria de Sade de Diadema onde passamos a nos associar em um projeto de pesquisa junto coordenao de Sade Mental. E assim, com a publicao do nmero 69, do presente boletim ficamos em dia e esperamos contar com o apoio e amizade de todos os leitores deste nosso Boletim CEBRID.

    Os pesquisadores do CEBRID.

    EVENTOS

    1. II Simpsio Crack

    O CEBRID realizar nos dias 03 e 04 de dezembro prximo o II Simpsio sobre o Crack, com seis mesas redondas e duas conferncias magnas. Coordenao: S.A.N. e E.A.C. Local: Rua Botucatu, 862 Vl..Clementino So Paulo-SP As mesas redondas: Mesa 1: Polticas Pblicas sobre o Crack Mesa 2: Crack, oxi, merla e p; farinhas do mesmo saco? Mesa 3: Epidemia! Existe para o crack? Mesa 4: O Mundo do craqueiro Mesa 5: Crack, que Preveno possvel? Mesa 6: Tratamentos alternativos As conferncias magnas: Histrico da cocana e crack no Brasil Palestrante: E.A.Carlini (CEBRID)

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    Religio e Drogas Palestrante: Frei Betto Inscries atravs do site: www.cebrid.epm.br Profissionais ...........R$ 50,00 Estudantes ..............R$ 25,00

    EPIDEMIOLOGIA

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    2. Cuidado! Para quem trabalha no cultivo do tabaco: A Doena da Folha Verde do Tabaco

    Oliveira, PPV; Sihler, CB; Moura, L; et al. (2010). First reported outbreak of Green tobacco sickness in Brasil. Caderno de Sade Pblica. 26, 2263-2269.

    A absoro drmica da nicotina por agricultores que trabalham com o cultivo do tabaco provoca uma intoxicao aguda denominada doena da folha verde do tabaco. Apesar de o Brasil ser o segundo produtor mundial de tabaco, a doena da folha verde do tabaco ainda no havia sido relatada no pas. Um estudo de caso-controle pareado (1 : 1) foi conduzido entre pessoas envolvidas no cultivo do tabaco para determinar a possvel ocorrncia dessa doena em Regio Nordeste do Brasil (Arapiraca Paraba) e identificar fatores de risco. Um paciente-caso, entre 107 casos semelhantes, foi diagnosticado com intoxicao aguda, tendo um nvel de cotinina (metablio de nicotina) acima de 10 ng/ml pela Cromatografia Lquida de Alta Eficincia. Principais sinais e sintomas observados foram: tontura, fraqueza, vmito, nusea e cefalia. Foram associados doena ser do sexo masculino, no-fumantes e ter trabalhado na fase da colheita do tabaco. A mediana de cotinina urinria entre os pacientes-caso foi maior que os controles. Os dados epidemiolgicos e laboratoriais confirmaram pela primeira vez a doena da folha verde do tabaco no Brasil

    PREVENO

    3. Preveno ou interesse econmico? A implantao das Salas de Injeo, no Canada, como mtodo de preveno do HIV

    Pinkerton, SD. (2010). Is Vancouver Canadas supervised injection facility cost-saving? Addiction Research Report, 105, 1429-1436.

    A instalao das salas de injees supervisionadas em Vancouver Canad e programas de trocas de seringas poderiam reduzir custos, isto , se os gastos mdicos no tratamento de portadores de HIV seriam suficientemente grandes para alcanar os custos das Salas de Injees? Uma anlise verificou o impacto desses programas supervisionados por um ano. Modelos matemticos foram utilizados para calcular o nmero de infeces acidentais de HIV que seriam esperadas se a Sala de Injeo, ou Programas de Superviso, no existissem. Assim, foi feita uma comparao do custo do tratamento mdico de portadores de HIV e da instalao das Salas de Injeo. As salas de injeo so salas especializadas em aplicar drogas injetveis, com o intuito de diminuir o nmero de infeces de HIV pelo uso de seringas reutilizadas.

    Se no houvesse a implantao dos programas de salas supervisionadas, haveria um aumento nos casos de infeco acidental de HIV, o que aumentaria, em milhes de dlares, o custo de tratamento mdico. Esse custo ultrapassa o do programa de Salas de Injeo. A instalao das Salas de Injeo e programas de trocas de seringas diminui substancialmente a incidncia de infeco de HIV. A associao da economia em evitar custos no tratamento mdico para portadores de HIV mais do que suficiente para deslocar os custos para os programas de superviso.

    MUNDO CO! MUNDO LOUCO!

    4. Nova onda! A droga que pode ser ouvida ?

    Sites brasileiros traficam arquivos sonoros com poder de simular efeitos de drogas. Acesso em 28/09/2010. Disponvel em: http//www.folha.com-equilibrioesaude

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    As e-drugs so arquivos de udio que, quando escutados por um perodo de 15 a 30 minutos, prometem induzir seus ouvintes a estados de euforia, sedao ou alucinao, dependendo da dose experimentada. A alterao da mente seria provocada por ondas binaurais: cada um dos ouvidos recebe o som dos rudos em uma freqncia diferente, simulando no crebro o efeito de uma droga de verdade, propaga o site da I-Doser Experience, principal marca que disponibiliza esse tipo de arquivo na rede. Tal site oferece dez pacotes diferentes cujo download custa US$ 16,95 (cerca de R$ 32). Alguns incluem as chamadas simulaes recreativas de maconha, cocana, pio e peiote. Outros prometem prazer sexual, em faixas batizadas de First Love (primeiro amor) e Orgasm. No Brasil, a moda est ganhando adeptos. No ms passado, entrou no ar um blog que revende as doses por preo abaixo do praticado no site I-Doser. Mas com os internautas brasileiros que disseram ter provado as doses, poucos descreveram efeitos como aqueles vistos nos vdeos ou detalhados no frum. H vrios relatos de pessoas que passaram pelo fenmeno denominado Bad Trip (Viagem ruim) sentindo efeitos contrrios ao esperado como sensao de medo, angstia, sentimento de morte e de perseguio. Vrios profissionais voltados para a rea da sade afirmam que as e-drugs no passam de um placebo, de uma enganao publicitria, uma vez que no h como os rudos emitidos via ondas binaurais pelos fones terem o mesmo efeito de uma droga, ou seja, interferi com as aes dos neurotransmissores no nosso crebro. Por hora tais sites so vistos como uma grande explorao de incautos que esto em busca de algum recurso que possa anestesi-los das presses.

    5. Tianji True Slim: Uma armadilha para quem quer emagrecer!

    Fonte: https://www.fda.gov/Drugs/ResourceForYou/Consumers/BuyingUsingMedicineSafely/MedicationHealthFraud/ucm322493.htm?source=govdelivery

    A Administrao de Alimentos e Drogas (FDA), dos Estados Unidos, emitiu um aviso pblico denominado: Tianji True Slim contm drogas escondidas. De acordo com esse aviso, consumidores no deveriam usar esse medicamento, um produto promovido e vendido para: perda de peso, limpeza dos tubos digestivos, melhoras do metabolismo corporal, restaurador de energia,

    melhora na circulao e por eliminar a reteno de gua. Promovido por um site na internet e vendido em algumas lojas. A anlise do produto pelo FDA demonstrou que possui sibutramina. Essa substncia era controlada, porm, em 2010 teve a venda proibida por razes de sade, em muitos pases.

    IMPRENSA

    6. Maconha: Mas do que esto falando? possvel tanta contradio? O que est por traz de tudo isso?

    Importante revista brasileira apresentou no dia 31/10/12, artigo de capa com os ttulos: Maconha faz mal, sim e Maconha: as novas descobertas de medicina cortam o barato de quem acha que ela no faz mal, com base nas informaes de dois mdicos brasileiros. Por outro lado, em conceituado jornal dirio de So Paulo, no dia 02/11/2012, foi noticiado: Americanos votaro sobre Maconha (...), nos Estados de Washington, Oregon e Colorado para saber se legalizariam ou no a maconha para uso recreacional, tendo uma petio assinada por mais de 300 mdicos a favor da venda para maiores de 21 anos e cobrana de taxas e impostos. Eleies americanas feitas no dia 06/11/2012, o uso recreacional da maconha foi aprovado nos Estados do Colorado e Washington; e ainda mais houve tambm aprovao do uso mdico no Estado de Massachusetts, chegando a 18 o nmero de Estados americanos a aprovar a Cannabis medicinal. Obviamente, algo muito contraditrio: em apenas sete dias (entre 31/10/2012 a 06/11/2012) os leitores brasileiros foram expostos a informaes diametralmente opostas, fornecidas revista em questo por dois mdicos do Brasil e nos EUA por mais de 300 mdicos americanos. realmente lamentvel que os leitores brasileiros sejam expostos, como ocorrido, pela notcia publicada na revista no dia 31/10/2012, de maneira to parcial e incompleta, sem o mnimo cuidado de expor pontos de vista contrrios, como exige as regras do bom jornalismo. Na realidade o uso mdico da maconha e o reconhecimento que ela no tem os efeitos txicos

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    to graves que lhe atribuem, so aceitos pelos Ministrios da Sade e sociedades mdico-cientificas de pases como o Canad, Espanha, Itlia, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Israel e Holanda no havendo, portanto, razo para a omisso destas informaes. O CEBRID poder encaminhar por solicitao cpia dos trabalhos cientficos sobre este assunto.

    7. lcool capa de matar achado em 37% das bebidas da capital e Diadema?

    Foi publicada no dia 30/10/2012 em importante jornal de So Paulo, a reportagem sob o ttulo lcool capaz de matar em 37% das bebidas da capital e Diadema. Dado o teor da mesma, o CEBRID (Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas Psicotrpicas) sente-se na obrigao de prestar os esclarecimentos abaixo.

    A Organizao Mundial de Sade (OMS), em 2010, iniciou ampla discusso sobre o que chamou de Harmful Drinking(beber prejudicial), conclamando a comunidade mundial a reduzir o srio problema resultante da ingesto inadequada de bebidas alcolicas; assim, vrias aes prioritrias foram sugeridas, entre elas, Beber e Dirigir e BebidasAlcolicas `No comerciais` ou No Registradas (definies da OMS) produzidas por instalaes sem o controle de qualidade exigido por lei. O ICAP (Internacional Center for Alcohol Policies), ONG cientfica americana, ligada indstria de bebidas, participa deste esforo mundial coordenando um projeto internacional de pesquisa para estudar as bebidas alcolicas no comerciais (pases envolvidos nesse estudo; Bielorrssia, Botsuana, Brasil, China, Estnica, ndia, Qunia, Mxico, Rssia e Sri Lanka). CEBRID foi selecionado para coordenar esta pesquisa no Brasil. primeira parte, sobre So Paulo, foi concluda, h um ano, e publicada em ingls, e no dia 30/10 do corrente ano; o relatrio completo, contendo uma segunda parte com dados de Minas Gerais, foi apresentado em simpsio realizado em So Paulo. Est sendo preparado agora um volume especial pelo ICAP, com os dados de todos os dez pases. Entretanto, de alguma maneira, a imprensa furoua data de apresentao e noticiou de maneira muito infeliz, a parte preliminar do relatrio. A bem da verdade, achamos importantes trazer luz os fatos verdadeiros:

    1) No foi furo publicar dados de So Paulo, pois j eram conhecidos e publicados h mais de um ano. No foram mencionados os dados de Minas Gerais. 2) A pesquisa direcionou sua ateno s bebidas alcolicas no registradas como sugerido pela OMS. No pesquisamos as bebidas legais, devidamente registradas. 3) Os chamados contaminantes das bebidas alcolicas so vrios e a boa tcnica de fabricao os eliminam na grande maioria das vezes. 4) Estes contaminantes, por outro lado, podem existir dentro dos limites mximos estabelecidos por lei. Assim, o metanol aceito quando presente em quantidades inferiores a 200 ppm (parte por milho). Desta forma, afirmar na notcia publicada que 37% das bebidas no registradas, analisadas podem matar, uma desinformao. A presena do metanol acima do limite permitido foi encontrado em apenas uma mostra de vinho caseiro, produzido em SP, entre todas as amostras em So Paulo e Minas Gerais.

    PUBLICAES CIENTFICAS

    A vivncia da fissura por crack: rebaixamento de valores e estratgias utilizadas para o controle. (2009). Chaves, TV.

    Estratgicas desenvolvidas por usurios de crack para lidar com os riscos decorrentes do consumo da droga (2010). Ribeiro, LA.

    CEBRID CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAES

    SOBRE DROGAS PSICOTRPICAS

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