Boletim Epidemiológico Arboviroses Dengue, Chikungunya...

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Boletim Epidemiológico Volume 06, Nº 01, 22 de janeiro de 2018 Arboviroses Dengue, Chikungunya, Zika e Febre Amarela 1. Introdução O boletim epidemiológico de arboviroses objetiva informar à população sobre a ocorrência dos agravos Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Febre Amarela no município de Sorocaba. Os dados apontados são obtidos a partir da notificação de casos suspeitos por todos os serviços de saúde. O ano de 2018 se inicia em meio a estratégias de vacinação contra Febre Amarela em virtude da circulação do vírus amarílico em áreas de mata nativa, causando casos de Febre Amarela Silvestre em primatas e humanos. Em Sorocaba, até o momento, não há confirmação de casos de Febre Amarela em humanos ou em primatas não humanos. 2. Encerramento do ano de 2017 A tabela 1 aponta o total de casos notificados, descartados e confirmados das arboviroses no ano de 2017. O ano foi marcado pela baixa ocorrência de Dengue, a ausência de comprovação de circulação do Zika vírus, os primeiros casos autóctones de Chikungunya e um único caso confirmado de Febre Amarela, que evoluiu bem, importado de Minas Gerais no primeiro semestre de 2017. Observamos no gráfico 1 que nas últimas semanas de 2017 não houve ascensão da curva de positivos de dengue, fato que nos colocaria em alerta para um maior número de casos nos primeiros meses de 2018. No entanto, observa-se persistência de casos positivos em todo o segundo semestre de 2017, indicando a dengue como endêmica em nosso meio. A tabela 2 aponta a distribuição dos casos confirmados de Dengue e Chikungunya por Unidade Básica de Saúde. Notamos que os casos positivos se distribuíram por todas as áreas do município. Secretaria da Saúde

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Boletim Epidemiológico Volume 06, Nº 01, 22 de janeiro de 2018

Arboviroses

Dengue, Chikungunya, Zika e Febre Amarela

1. Introdução

O boletim epidemiológico de arboviroses objetiva informar à população sobre a

ocorrência dos agravos Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Febre Amarela no município de

Sorocaba. Os dados apontados são obtidos a partir da notificação de casos suspeitos por

todos os serviços de saúde.

O ano de 2018 se inicia em meio a estratégias de vacinação contra Febre Amarela em

virtude da circulação do vírus amarílico em áreas de mata nativa, causando casos de Febre

Amarela Silvestre em primatas e humanos. Em Sorocaba, até o momento, não há confirmação

de casos de Febre Amarela em humanos ou em primatas não humanos.

2. Encerramento do ano de 2017

A tabela 1 aponta o total de casos notificados, descartados e confirmados das

arboviroses no ano de 2017.

O ano foi marcado pela baixa ocorrência de Dengue, a ausência de comprovação de

circulação do Zika vírus, os primeiros casos autóctones de Chikungunya e um único caso

confirmado de Febre Amarela, que evoluiu bem, importado de Minas Gerais no primeiro

semestre de 2017.

Observamos no gráfico 1 que nas últimas semanas de 2017 não houve ascensão da

curva de positivos de dengue, fato que nos colocaria em alerta para um maior número de casos

nos primeiros meses de 2018. No entanto, observa-se persistência de casos positivos em todo

o segundo semestre de 2017, indicando a dengue como endêmica em nosso meio.

A tabela 2 aponta a distribuição dos casos confirmados de Dengue e Chikungunya por

Unidade Básica de Saúde. Notamos que os casos positivos se distribuíram por todas as áreas

do município.

Secretaria da Saúde

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Tabela 1 – Número de notificações, casos confirmados, casos autóctones e importados de Dengue, Chikungunya,

ZIKA e febre amarela no ano de 2017*.

Fonte: SINANWEB/DVE/AVS/SES/PMS * dados até 31/12/2017 (SE 52), sujeito a alterações.

Gráfico 1 - Distribuição dos casos confirmados de dengue nos anos de 2016 e 2017 por SE, a partir da data de

início dos sintomas – Sorocaba/SP*

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2016

2017

Fonte: SINANWEB/DVE/AVS/SES/PMS * sujeito a alterações, até SE 52/2017

Secretaria da Saúde

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Tabela 2 – Número de casos confirmados, casos autóctones e importados de Dengue, Chikungunya por Unidade

Básica de Saúde, no ano de 2017 até a SE 52 (31/12/2017).

Fonte: SINANWEB/DVE/AVS/SES/PMS * dados até 31/12/2017 (SE 52), sujeito a alterações

Secretaria da Saúde

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2. Dados Epidemiológicos de 2018

Em 2018 observamos até 19/01/2018 (SE 03) 212 notificações de dengue, com

confirmação de 1 caso, taxa de positividade de 0,47%.

Em relação aos suspeitos de Chikungunya foram total de 25 casos, com

confirmação de 4 casos, sendo 3 autóctones e 1 caso importado. Os 3 casos confirmados

autóctones estão distribuídos nas 3 regionais (Simus, Aparecidinha e Maria do Carmo) e o caso

importado ocorreu na área de abrangência da UBS Wanel Ville.

Não há notificações de casos suspeitos de Zika até o momento.

Foram encaminhados para investigação laboratorial dois casos suspeitos de

Febre Amarela, sendo um caso já descartado e o outro em investigação.

Tabela 3 – Número de notificações, casos confirmados, casos autóctones e importados de Dengue, Chikungunya,

ZIKA e febre amarela no ano de 2018*.

Fonte: SINANWEB/DVE/AVS/SES/PMS * dados até 19/01/2017 (SE 03), sujeito a alterações.

3. Febre Amarela

Desde dezembro de 2016, está ocorrendo um surto de Febre Amarela Silvestre na

região sudeste do país. A Febre Amarela Silvestre é transmitida pelos mosquitos Haemagogus

e Sabethes, só encontrados em lugares de mata. Desde 1942, não há registro de transmissão

de Febre Amarela urbana no Brasil, esta transmitida em cidades através do vetor Aedes

aegypti.

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A vigilância da Febre Amarela engloba a notificação de casos em primatas não

humanos. A ocorrência de óbitos em macacos indica a circulação do vírus em áreas silvestres.

Medidas de vacinação na população que habita os arredores das áreas de ocorrência dos

casos são adotadas para que não ocorra a urbanização da doença.

De acordo com Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado de São

Paulo emitido 16 de janeiro de 2018, desde janeiro de 2017 o estado confirmou a ocorrência de

69 casos de Febre Amarela Silvestre em humanos, destes 40 casos são autóctones e 29 casos

são importados. Houve a ocorrência de 27 óbitos, sendo 21 autóctones e 6 importados. Em

relação aos casos autóctones a letalidade foi de 52,5%. A maioria dos casos ocorreram em

pessoas do sexo masculino (87,5%) com mediana de idade de 48,6 (2-89 anos).

3.1 Vacinação de Febre Amarela

O estado de São Paulo desde o início das epizootias no ano de 2017 elaborou

um modelo epidemiológico que descreve o sentido, a velocidade de deslocamento e os

prováveis caminhos – os corredores ecológicos funcionais- do vírus causador da febre

amarela. Os corredores ecológicos são áreas de mata virgem onde a presença de primatas e

dos vetores Sabethes ou Haemagogus permitem a circulação do vírus.

Considerando que as epizootias de 2017 ocorreram em área sem recomendação de

vacina (mapa 1), sendo regiões com alta densidade populacional este modelo permite

direcionar as medidas de vacinação para a população que reside em áreas próximas a estes

corredores, com otimização do uso dos estoques de vacinas.

Na área de abrangência Grupo de Vigilância Epidemiológica de Sorocaba (GVE), que

engloba 33 municípios da região, foram observados óbitos em macacos por Febre Amarela em

São Roque (20 casos), Ibiúna (3 casos), Mairinque (6 casos), Piedade (3 casos) e Votorantim

(1 caso) de acordo com Boletim Epidemiológico emitido pela Secretaria do Estado em 16 de

janeiro de 2018.

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Em 18 de dezembro de 2017, a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo a partir da

Divisão de Imunização convocou os municípios da GVE de Sorocaba para orientar medidas de

vacinação seguindo a orientação dos corredores ecológicos. De acordo com esta estratégia,

apenas algumas áreas do território têm indicação de vacinação (áreas próximas aos corredores

ecológicos).

Após o apontamento da área a ser vacinada pela Secretaria do Estado em 28/12/2017,

a Secretaria de Saúde Municipal de Sorocaba programou ações de vacinação a partir de

03/01/2018, inicialmente na área de abrangência de Brigadeiro Tobias, seguindo para a área de

abrangência da Unidade Básica de Saúde de Aparecidinha.

Em 12/01/2018 ocorreu a informação pela SUCEN da confirmação de óbito por Febre

Amarela em macaco no Parque do Matão em Votorantim, município vizinho a Sorocaba. A

partir deste fato, as ações de vacinação foram deslocadas para a área de cobertura preventiva

em regiões da UBS Sabiá e UBS Cerrado. Foi elaborado estratégia de bloqueio vacinal em

área de abrangência ao redor do parque do Matão, local da ocorrência do óbito. Equipes

volantes foram deslocadas para esta área que é limítrofe entre os municípios de Sorocaba e

Votorantim. A vacinação foi dirigida, com estratégia de vacinação casa a casa para direcionar a

vacina às pessoas que vivem em raio traçado a partir da ocorrência do óbito do macaco.

No período de 03/01/2018 a 20/01/2018 foram vacinadas cerca de 42.000 pessoas. Não

houveram eventos adversos graves notificados.

O plano estratégico de vacinação preventiva contra Febre Amarela foi apresentado para

toda a equipe assistencial de saúde pública, Conselho Municipal de Saúde, ao Prefeito e todos

os secretários municipais, representantes da SEMA, da Secretaria de Educação, da Secretaria

de Segurança e Defesa Civil, Polícia Ambiental e da Comissão de Saúde Pública da Câmara

Municipal de Vereadores.

O Ministério da Saúde indica dose única da vacina de febre amarela para as áreas com

recomendação de vacinação em todo o país. A medida é válida a partir de abril de 2017. A

adoção de dose única atende as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A dose

de reforço não é mais recomendado por ser observado, a partir de estudos, que a imunidade

protetora é atingida em 99% após receberem uma dose da vacina.

Secretaria da Saúde

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Informações sobre os municípios com recomendação de vacinação, as Unidades

Básicas de Saúde que dispõem da vacina para viajantes, unidades que emitem o Cerficado

Internacional de Vacinação contra Febre Amarela exclusivamente para os moradores de

Sorocaba e os locais onde estão ocorrendo as ações de vacinação preventiva estão

disponíveis no site da Prefeitura de Sorocaba.

Mapa 1 – Distribuição dos casos em humanos e epizootias confirmadas para Febre Amarela, região sudeste,

monitoramento 2017/2018 de 01/07/2017 até SE 2-2018.

Secretaria da Saúde

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4. Conclusão

As ações de combate ao Aedes aegyti devem ser temporada de chuvas e calor

intensificadas. As equipes de combate ao vetor da Zoonoses seguem em trabalho constante de

ações de combate, porém estas se tornam ineficazes sem a participação constante da

população na eliminação de criadouros do vetor.

É esperado aumento na ocorrência de casos de Dengue nos próximos meses,

considerado como período sazonal para as arbovirores. Foi realizado desde o segundo

semestre de 2017 revisão do Plano de Enfrentamento às Arboviroses da Secretaria Municipal

de Saúde e cobrado de todas as unidades de assistência à saúde, pública e privada que

elaborassem o Plano de Enfrentamento Local às Arboviroses para garantir o adequado manejo

dos casos suspeitos.

A Febre Amarela é no momento o maior foco de atenção. Todos os casos que

ocorreram no estado de São Paulo foram de Febre Amarela Silvestre isto é, casos adquiridos

em ambiente de mata nativa. Ações de vacinação de pessoas que vivem ou trabalham em

áreas próximas às matas estão ocorrendo em todo o estado. Não há motivo de uma busca

indiscriminada da vacina, sendo as doses direcionadas pela Secretaria de Saúde do Estado

para determinadas áreas com indicação temporária de vacinação.

A Secretaria Municipal da Saúde, através do site da Prefeitura de Sorocaba, irá apontar

periodicamente as áreas onde estão sendo realizadas as medidas de controle vacinal, através

de ações dirigidas casa a casa ou através de vacinação em postos fixos. Pedimos à população

que atendam ao chamado da Secretaria Municipal de Saúde, não havendo motivo para pânico.

Área de Vigilância em Saúde

Secretaria da Saúde

Prefeitura Municipal de Sorocaba

Secretaria da Saúde