Boletim eletrônico do LAE/FMVZ/USP, ed. 25, 17 ago. 2010

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Socioeconomia & Ciência Animal Socioeconomia & Ciência Animal Boletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USP Boletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USP Edição 025, de 17 de agosto de 2010 Edição 025, de 17 de agosto de 2010 EDITORIAL Muito embora possa ser observada uma maior preocupação dos consumidores com a origem, a qualidade e mesmo com o bem-estar dos animais de produção, o fato é que, pelo menos no Brasil, a maior parcela da população desconhece a realidade dos sistemas produtivos. Por outro lado, o investimento em qualidade por parte dos segmentos da produção implica maiores custos, que nem sempre são compensados por uma disponibilidade dos consumidores a pagarem mais por tais melhorias. A questão da informação e o seu papel para o desenvolvimento da ciência animal estão em evidência nesta edição. Um artigo traz os principais resultados que foram obtidos em uma pesquisa no sistema agroindustrial da avicultura de postura. Em outro, é discutido o papel da informação para a ovinocultura brasileira, com destaque para os avanços, os desafios e o importante papel que as instituições têm no contexto. Apresentamos duas teses e duas dissertações que trazem importantes contribuições, defendidas recentemente na FZEA, FMVZ, ESALQ e UFMT. No monitoramento dos artigos científicos publicados, trazemos referências da Revista Brasileira de Zootecnia, Revista de Política Agrícola, Small Ruminant Research, Livestock Science, Fisheries Research, Aquaculture International e Meat Science. Boa leitura! Os editores ARTIGO I VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE OVOS ORGÂNICO, CAIPIRA E CONVENCIONAL 1 Isis Mariana D. Leal Pasian 2 Augusto Hauber Gameiro 3 1. Introdução O sistema de criação convencional intensivo utilizando gaiolas industriais é atualmente o mais difundido por apresentar altos índices de produtividade e custos relativamente baixos. Embora as condições da criação industrial tenham proporcionado ganhos econômicos, também têm resultado em problemas quanto ao bem-estar das aves, dada a utilização de certas práticas de criação, tais como: debicagem, muda forçada, alta densidade populacional, gaiolas pequenas e com piso que pode causar lesões aos membros de apoio e restrição de muitos dos comportamentos naturais do animal (PASIAN & GAMEIRO, 2007). Embora a produção convencional tenha esses problemas relacionados ao bem-estar, ela ainda é que garante que grande parte da população tenha acesso a fontes de proteína animal, tendo, portanto, grande importância social. Os significativos investimentos em pesquisa são os responsáveis pela sua elevada produtividade e competitividade. Tal competitividade traduz-se em preços menores ao consumidor. Como consequência há uma preferência dominante por ovos originados dos sistemas convencionais. Mas a maior preocupação com questões ambientais, de segurança do alimento e de bem-estar dos animais começa a configurar mercados para ovos de sistemas não convencionais, como os caipiras e orgânicos. 1 Artigo referente a projeto de Iniciação Científica financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), desenvolvido pela primeira autora enquanto aluna de graduação do Curso de Medicina Veterinária (FMVZ/USP). 2 Médica Veterinária. E-mail: [email protected] . 3 Professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP), Coordenador do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal. E-mail: [email protected] . Universidade de São Paulo Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção Animal Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal 1

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Socioeconomia & Ciência AnimalSocioeconomia & Ciência Animal

Boletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USPBoletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USPEdição 025, de 17 de agosto de 2010Edição 025, de 17 de agosto de 2010

EDITORIAL

Muito embora possa ser observada uma maior preocupação dos consumidores com a origem, a qualidade e mesmo com o bem-estar dos animais de produção, o fato é que, pelo menos no Brasil, a maior parcela da população desconhece a realidade dos sistemas produtivos.

Por outro lado, o investimento em qualidade por parte dos segmentos da produção implica maiores custos, que nem sempre são compensados por uma disponibilidade dos consumidores a pagarem mais por tais melhorias.

A questão da informação e o seu papel para o desenvolvimento da ciência animal estão em evidência nesta edição.

Um artigo traz os principais resultados que foram obtidos em uma pesquisa no sistema agroindustrial da avicultura de postura. Em outro, é discutido o papel da informação para a ovinocultura brasileira, com destaque para os avanços, os desafios e o importante papel que as instituições têm no contexto.

Apresentamos duas teses e duas dissertações que trazem importantes contribuições, defendidas recentemente na FZEA, FMVZ, ESALQ e UFMT.

No monitoramento dos artigos científicos publicados, trazemos referências da Revista Brasileira de Zootecnia, Revista de Política Agrícola, Small Ruminant Research, Livestock Science, Fisheries Research, Aquaculture International e Meat Science.

Boa leitura!

Os editores

ARTIGO I

VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE

OVOS ORGÂNICO, CAIPIRA E CONVENCIONAL1

Isis Mariana D. Leal Pasian2

Augusto Hauber Gameiro3

1. Introdução

O sistema de criação convencional intensivo utilizando gaiolas industriais é atualmente o mais difundido por apresentar altos índices de produtividade e custos relativamente baixos.

Embora as condições da criação industrial tenham proporcionado ganhos econômicos, também têm resultado em problemas quanto ao bem-estar das aves, dada a utilização de certas práticas de criação, tais como: debicagem, muda forçada, alta densidade populacional, gaiolas pequenas e com piso que pode causar lesões aos membros de apoio e restrição de muitos dos comportamentos naturais do animal (PASIAN & GAMEIRO, 2007).

Embora a produção convencional tenha esses problemas relacionados ao bem-estar, ela ainda é que garante que grande parte da população tenha acesso a fontes de proteína animal, tendo, portanto, grande importância social.

Os significativos investimentos em pesquisa são os responsáveis pela sua elevada produtividade e competitividade. Tal competitividade traduz-se em preços menores ao consumidor. Como consequência há uma preferência dominante por ovos originados dos sistemas convencionais. Mas a maior preocupação com questões ambientais, de segurança do alimento e de bem-estar dos animais começa a configurar mercados para ovos de sistemas não convencionais, como os caipiras e orgânicos.

1 Artigo referente a projeto de Iniciação Científica financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), desenvolvido pela primeira autora enquanto aluna de graduação do Curso de Medicina Veterinária (FMVZ/USP).2 Médica Veterinária. E-mail: [email protected]. 3 Professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP), Coordenador do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal. E-mail: [email protected].

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Pesquisou-se a viabilidade econômica da produção em três sistemas: o convencional, o caipira e o orgânico. Um estudo detalhado dos custos de produção e do comportamento dos preços dos ovos também foi realizado. O comportamento dos consumidores foi estudado a partir de uma pesquisa realizada diretamente junto à sociedade.

2. Material e métodos

A pesquisa seguiu as diretrizes propostas para o estudo dos aspectos econômicos do bem-estar animal apresentadas por GAMEIRO (2007).

Pesquisou-se a legislação brasileira, bem como as normas do sistema de produção certificado (orgânico). Junto aos consumidores foram realizadas 115 entrevistas, com pessoas selecionadas aleatoriamente. Na Feira de Produtos Orgânicos, organizada pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO), na cidade de São Paulo, foram entrevistadas 70 pessoas. Outras 45 foram entrevistadas na saída dos supermercados Futurama e Pão-de-Açúcar, no bairro dos Jardins, na mesma cidade.

Buscou-se fazer um questionário completo e abrangente, pois ao contrário das pesquisas com consumidores de frangos (de corte) alternativos – como a de AGUIAR (2006) – não foi encontrado nenhum trabalho em relação a consumidores de ovos diferenciados no Brasil. O questionário abordou os hábitos de consumo e questões relacionadas ao bem-estar animal. O questionário foi feito baseado nas referências de BOLIS (2002), AGUIAR (2006) e REZENDE (2003). As entrevistas foram realizadas em sábados nos meses de julho e agosto de 2007.

Para a pesquisa da viabilidade econômica, estudou-se o comportamento dos preços dos ovos no varejo. A pesquisa de preços foi realizada mensalmente nos entre junho a dezembro de 2006 e entre maio e agosto de 2007 em cinco supermercados em São Paulo.

Os cinco supermercados onde foram feitas as pesquisas de preço, como mencionado em Material e Métodos, foram: Pão de Açúcar (Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1136), Santa Luzia (Alameda Lorena, 1471), Extra (Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 2013), Futurama (Alameda Santos, 322) e Carrefour (Rua Pamplona, 1704).

As principais características observadas foram: classificação do ovo, sistema de produção, preço, embalagem, localização na gôndola etc.

Além do estudo dos preços, fez-se necessário a elaboração dos custos de produção dos ovos nos diferentes sistemas. Levaram-se em consideração as exigências técnicas regulamentares e as tecnologias disponíveis e recomendadas para os sistemas. Foi feito um amplo levantamento de preços de materiais, equipamentos, mão de obra, ração e infraestrutura. Foram consultados produtores de ovos, associações, fornecedores de equipamentos, pedreiros, lojas de material de construção, entidades públicas, empresas de nutrição animal, de engenharia, embalagens, fornecedores de produtos orgânicos e de animais.

As empresas e entidades junto às quais foram levantados, por meio de entrevistas, os preços e coeficientes técnicos são as seguintes: Granjtec, Avesui, Edege Equipamentos Avícolas, Alumínios Fadelli, Avioeste, Pravel Equipamentos, Oldofer, Comercial Rosalles, Ejitel, Telas União, Kilbra, Tmag, Ananda Indústria e Comércio, Embalatek, Agropecuária Shimosaka, Cotrimaio, Fazenda do Ipê, Tozan Trading, Agrorgânica, Associação dos Produtores Orgânicos da Região de Londrina, Mercoaves, Bom Princípio Avicultura, Comercial Agropecuária Leopoldinense, Granja Super Ave, Big Dutchman Brasil, Polinutri, Corn Brothers, Paraibuna Embalagens, Cartomec Embalagens, Tamoyo, Gerwal, Representante Merial Campinas e Emater Diretoria Técnica MG. Algumas dessas empresas foram visitadas pessoalmente pelos pesquisadores, enquanto as demais foram contatadas por telefone ou e-mail.

3. Resultados e discussão

Apesar da dominância dos sistemas intensivos convencionais de produção de ovos, há os sistemas extensivos, também denominados “caipiras”. Os ovos do tipo caipira vendidos em supermercados são produzidos em um sistema de criação regulamentado por lei federal, que é chamado de “caipira” ou “colonial” e que apresenta um controle de doenças, da alimentação e do desenvolvimento do animal. Além disso, atualmente existem linhagens que foram desenvolvidas visando auxiliar nesse tipo específico de criação. Não se trata, portanto, de uma criação completamente desorganizada e caseira, como muitos costumam confundir (PASIAN & GAMEIRO, 2007).

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Para o sistema caipira, tecnicamente são considerados sinônimos os termos descritos no Ofício do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 1999). A denominação do Ofício 060 é a de “Ovos Caipira” ou “Ovos Tipo ou Estilo Caipira” ou “Ovos Colonial” ou “Ovos Tipo ou Estilo Colonial”. Um dos maiores problemas observados atualmente em relação a esta produção é que não há de fato uma supervisão contínua que controle os produtos químicos e tampouco sobre esses animais estarem livres ou não. O cuidado é mais focado na parte genética e alimentícia, pois o consumidor exige ovos de casca firme e vermelha com gema escura (ARENALES, 2001).

O terceiro sistema de criação considerado nesta pesquisa foi o orgânico. Ao contrário do que normalmente se pensa, o alimento orgânico é mais que um produto sem agroquímicos. É o resultado de um sistema de produção que busca manejar de forma equilibrada o solo e demais recursos naturais, conservando-os no longo prazo e mantendo a harmonia entre si e com os seres humanos. Segundo a Lei 10.831/2003 os sistemas de produção orgânica devem seguir os uma série de princípios (BRASIL, 2003). Um dos grandes diferenciais do produto orgânico é a certificação. Enquanto a produção caipira não tem qualquer organismo que realmente fiscalize a produção e represente os interesses dos produtores, a produção orgânica pode ser fiscalizada por várias certificadoras privadas.

Um dos principais problemas do comércio de alimentos refere-se à assimetria de informações entre os consumidores e os produtores. Esta assimetria causa falhas de mercado, uma vez que o consumidor tende a não premiar a alta qualidade dos produtos, por não poder distingui-los dos de pior qualidade (AKERLOF, 1970).

A certificação passa a ser importante ferramenta para tratar a assimetria de informações, objetivando oferecer garantias quanto à qualidade e idoneidade, que justifica o preço mais elevado do produto (AZEVEDO, 2000).

Um dos principais aspectos que diferencia os sistemas de produção considerados nesta pesquisa são as instalações, sendo que a maior diferença está entre o sistema convencional e os demais, devido à necessidade das gaiolas, galpão sem tela e das dimensões do galpão.

Basicamente, em um galpão convencional existem fileiras de gaiolas com um ou mais

andares e os animais ficam suas vidas inteiras confinados. Quando pintainhas, os animais ficam em baterias de gaiolas para cria, que normalmente são de vários andares, apresentam uma fonte de aquecimento, comedouro e bebedouro. Após a fase de cria esses animais são postos nas gaiolas de recria, onde permanecem até as 17 ou 18 semanas, quando se inicia o período de postura e as aves são direcionadas para as gaiolas de postura. Já nos sistemas caipira e orgânico os animais são criados livres desde o começo, a piso, assemelhando-se ao manejo inicial dos frangos de corte. A exigência das aves caipiras serem criadas a piso vem do Ofício Circular Nº 60: “O sistema de criação deverá ser o mesmo adotado para as galinhas criadas em sistemas extensivos, livres do pastoreio, recomenda-se três metros quadrados por ave” (BRASIL, 1999).

Para as aves orgânicas, as exigências vêm também das instituições certificadores. No caso brasileiro foram consideradas para a pesquisa as exigências do Instituto Biodinâmico (IBD).

3.1. Comportamento do consumidor de ovos

Segundo MATTAR (1996), citado por AGUIAR (2006), a melhor técnica para medir a atitude e conhecer as necessidades, desejos e características do consumidor é o auto-relato, o qual pode ser obtido através de entrevistas pessoais.

No trabalho de FARINA & FAGÁ (2002) foi realizada uma análise da percepção dos consumidores de frango de corte alternativo na feira da AAO, contando com 100 entrevistados. O consumidor de frangos alternativos é menos sensível a preço, desejando apenas um produto livre de antibióticos e promotores de crescimento. A grande parte das entrevistas na presente pesquisa foi realizada também na Feira da AAO (Associação de Agricultura Orgânica).

Em relação ao consumo de ovos, 95% dos entrevistados afirmaram consumir ovos periodicamente. Cinquenta por cento (50%) dos entrevistados afirmou que consome de 2 a 4 ovos por semana, seguido dos que consomem 1 ou menos vezes por semana (34%) e depois dos que consomem de 5 a 7 vezes (12%).

Sobre o tipo de ovo consumido, era permitida mais de uma resposta, ou seja, o consumidor poderia dizer que consome ovos do tipo convencional e caipira, por exemplo. Essa foi uma

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das questões em que se observou grande diferença do perfil de consumidor dos supermercados para o da Feira da AAO. Pode-se observar uma preferência maior por ovos caipira e orgânico na feira da AAO: 27% das pessoas consumiam ovos caipiras na feira, enquanto esse percentual foi de apenas 9% na amostra dos supermercados. Quanto aos orgânicos, 21% dos entrevistados na feira o consumiam, contra apenas 2% nos supermercados.

Quando perguntados se achavam que as galinhas recebiam antibióticos ou hormônios, constatou-se que 65% afirmaram acreditar que recebiam os primeiros aditivos e 73% responderam que as galinhas recebiam os segundos.

Essa visão equivocada do consumidor de que as aves atualmente crescem e produzem mais devido a hormônios é amplamente difundida, o que foi evidenciado também pelo trabalho de BOLIS (2002), em que 81% dos consumidores relataram que o frango recebia hormônios. Alguns antibióticos e promotores de crescimento de fato podem ser utilizados com certa alguma frequência nas criações convencionais. No entanto, não é possível determinar se o consumidor realmente tem conhecimento dessa informação ou se ele associa a adição de quaisquer produtos que não são considerados “naturais” aos animais dos sistemas intensivos de produção.

Interessante foi observar que esses consumidores, que acham que há o uso tanto de antibióticos como de hormônios, julgam também que isso pode fazer mal à sua saúde (81%) e para o meio ambiente (53%). Outros 66% dentre eles afirmaram que tais aditivos não eram, em suas opiniões, necessários para as criações. Esse resultado evidencia certa preocupação do consumidor de ovos em termos de segurança para a sua saúde. Aqueles que respondiam que antibióticos e/ou hormônios eram necessários à criação afirmavam que isso decorreria da intensificação dos sistemas de criação.

Quanto à diferença entre os ovos brancos e vermelhos, a maioria dos consumidores acha que não há diferenças nutricionais ou gustativas, o que é verdade. De fato, diferença está apenas na raça da galinha e na deposição de pigmentos na casca. No entanto, existe certa cultura de se associar os ovos vermelhos aos de galinha caipira ou a características de serem mais saudáveis e de gosto “mais forte”. Assim, essa

visão de muitos consumidores justifica o fato dos produtores de ovos orgânicos e caipiras produzirem quase na totalidade ovos de coloração vermelha, pois há o risco do consumidor não aceitar um ovo branco como caipira ou orgânico.

Em relação ao modo como o ovo era produzido, dos entrevistados, 43% afirmaram se importar se os animais eram tratados de forma cruel durante a criação – embora a maioria desconhecesse o modo de produção. Também houve 31% dos consumidores que disseram não se preocupar com o modo de criação dos animais e outros 31% que disseram que mesmo que se eles quisessem saber, não teriam como ter acesso a esse tipo de informação.

Também foram perguntadas quais eram as três características que o consumidor mais prestava atenção quando comprava ovos. Validade e se ovos estavam sujos ou trincados, obtiveram o mesmo número de respostas (69%), novamente reforçando que o aspecto de maior importância era a segurança do alimento.

Quando foi perguntado se o consumidor sabia a diferença entre um ovo convencional, um caipira e um orgânico, 59% disseram que não, mas afirmaram que o caipira e o orgânico deveriam ser mais saudáveis, um aspecto que remete à segurança do alimento novamente. Com isso percebe-se certo desejo por esses produtos, porém, por não saber exatamente as diferenças dos mesmos e também por esses terem um diferencial de preço, essa demanda ainda não se consolidou. Entretanto, quando se pedia para eles explicarem a diferença entre os sistemas, percebia-se que não havia, predominantemente, uma correta diferenciação para os mesmos.

Observou-se que nenhuma das respostas evidenciava que o consumidor sabia realmente as características sobre o produto que estava comprando. Isso mostra que ainda há muito que se fazer em relação à conscientização desses consumidores.

Foram abordadas também questões que tangem o conhecimento de bem-estar animal. Nesse caso era pedido para os consumidores se manifestassem de acordo com o que achavam verdade para cada sistema de produção.

Os resultados obtidos mostram que, de fato, os consumidores pensam que a produção convencional acaba zelando menos pelo bem-

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estar animal. No entanto, parcela significativa dos consumidores (19%) afirmou que nenhum dos sistemas se preocupa realmente com o bem estar dos animais. A ideia de que os animais são mantidos dentro de gaiolas foi correlacionada de forma significativa ao sistema convencional, e houve também uma parte dos consumidores que achavam que o sistema orgânico também fizesse uso dessas gaiolas. Isso ocorreu porque muitos dos consumidores já viram a galinha caipira de fundo de quintal, e sempre a viram solta. Já a criação orgânica dificilmente algum consumidor viu e, portanto, não sabe como é esse sistema.

Com relação à debicagem, a maioria das pessoas nunca tinha ouvido falar (58% do total dos entrevistados), e inclusive, demonstravam certo espanto com essa pergunta quando o seu significado era explicado. Isso mostra o quanto o consumidor está distante da produção de ovos e que devido a isso perde o seu poder de decisão sobre o mercado. É um típico caso de assimetria de informações.

3.2. Comportamento dos preços dos ovos no varejo

A média dos preços dos ovos orgânicos chegou a ser até R$ 0,51/ovo mais alta que a dos ovos convencionais. Em geral, os preços dos ovos das categorias caipira e orgânico se mantiveram estáveis no período considerado. As alterações nos preços médios ocorreram, na maioria das vezes, por falta de determinados produtos. Em relação às médias de preço durante o período pesquisado, as dos ovos caipira e orgânico foram, respectivamente, 169,2% e 261,5% mais altas que a dos ovos convencionais.

3.3. Resultados das avaliações econômicas

O sistema convencional apresenta uma estrutura mais simples de construção que o galpão para aves caipiras e orgânicas, pois não necessita de alambrados ou muretas laterais. Segundo as empresas contatadas, a largura em geral é 4 metros e o comprimento variável. No caso do galpão para postura sugerido pelas empresas especializadas que foram pesquisadas, as dimensões seriam 4 x 130 x 3 m e para o de recria seriam de 4 x 131 x 3,1 m sendo que em cada um desses galpões seriam alojadas 7.560 aves.

O galpão do sistema caipira baseou-se na recomendação de GESSULLI (1999), apenas modificando as medidas para comportar o

número de aves desejado. A análise dos custos desse galpão, assim como para o galpão do sistema orgânico, foi realizada com base em dados de galpões para frangos de corte, visto que o modelo de construção é bastante parecido. O galpão orgânico se assemelha muito ao do caipira, sendo as mudanças apenas a densidade de aves por m2, o número de aves por ninho e a metragem de poleiro por ninho. A grande diferença está na exigência de 4 m2 de piquete por ave. A planta dos espaços necessários para a criação de poedeiras nos sistemas estudados foi elaborada e proposta, visando o cálculo dos custos totais de produção. A partir das informações unidas a partir da literatura, fornecedores e produtores conseguiu-se idealizar um projeto de galpão representativo para cada sistema estudado.

A seguir são discutidos os custos para a montagem de infraestrutura de granjas nos três sistemas estudados. Os tamanhos dos lotes e dos galpões tiveram que ser diferentes, devido à própria natureza de cada sistema. Assim, o que se procurou foi realizar uma estimativa para granjas de porte representativo de cada sistema. Por exemplo, uma granja com 15.000 aves já é considerada uma granja de porte médio para o sistema caipira, enquanto para a criação convencional é pequena e para a orgânica é grande.

Todos os custos foram feitos baseados nas informações obtidas através de contato com fornecedores e vendedores dos respectivos produtos, conforme listado em Materiais e Métodos.

Os custos por ave alojada são diferentes para cada sistema de produção, sendo que o caipira ficaria com o investimento inicial mais baixo, de R$ 11,52/ave, o convencional de R$ 12,37/ave e o orgânico com R$ 16,86/ave.

A soma dos gastos iniciais para os três sistemas seriam: R$ 467.629,13 para o convencional, R$ 172.825,64 para o caipira e R$ 101.133,55 para o orgânico.

Os fatores diferenciais para cada sistema são: (i) no convencional, o alto gasto com gaiolas, fábrica de ração e sistemas automáticos de distribuição de ração; (ii) no sistema caipira, os fatores que elevam o valor do investimento nas infraestruturas são os ninhos, as áreas de piquete e a fábrica de ração; (iii) no sistema orgânico, o principal fator de elevado investimento é a área

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de piquete, que pelas exigências orgânicas é muito grande (4 m2 por ave), seguido pelos gastos com a fábrica de ração e os ninhos.

Foi elaborada uma planilha para calcular os custos, receitas e lucros por lote produzido. Para todos os cálculos foi estimada uma taxa de mortalidade de 6,8% (MANUAL SA BROWN, sd). Para os preços foi utilizada a base de dados do Instituto de Economia Agrícola, referentes a junho de 2007. A produção estimada em termos de quantidade e tamanho de ovos seguiu igualmente o Manual da Linhagem Isa Brown.

Os ovos caipiras e os orgânicos de tamanho pequeno e médio são vendidos a preço de convencional, segundo os produtores, pois para esse tamanho de ovo a diferenciação e o respectivo prêmio esperado pelo produto não são reconhecidos. Assim para efeito de cálculo, se utilizou o mesmo dado de valor dos ovos convencionais. Já para os ovos jumbo caipira ou orgânico eles são vendidos como extra ou às vezes até como grande, conforme foi confirmado por uma pesagem desses ovos no mês de outubro de 2006. Tal pesagem foi realizada em um laboratório da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.

Os preços calculados para o pagamento aos produtores de ovos foram: R$ 0,1103/ovo convencional, R$ 0,1800/ovo caipira e R$ 0,2700/ovo orgânico.

A composição da ração foi baseada no trabalho de ALVES (2007). A ração convencional pode ser utilizada no sistema orgânico até 12 semanas, quando se inicia o período de conversão de seis semanas exigido pelo IBD. Assim, somente depois das 12 semanas de vida da ave é que se considerou o valor da ração orgânica. A altura da cama foi considerada de 5 cm, ou seja, para a criação caipira se gastaria 20 m3 e para a orgânica, 10 m3. O preço de compra por R$ 21,99 e venda por R$ 19,98 foram obtidos juntamente ao mercado.

Como o esterco puro, vendido por R$ 90,00 a tonelada, ocorre apenas na criação convencional, esse valor apenas foi considerado para esse sistema. A produção de esterco por galinha foi obtida no trabalho de MARTINS ET AL. (2002).

A depreciação do imobilizado foi calculada separadamente para os imóveis (4% ao ano) e para as máquinas e equipamentos (10% ao ano), justamente por eles terem períodos diferentes de

vida útil, segundo o Decreto 3.000/99 da Secretaria da Receita Federal.

Os lucros brutos obtidos por lote para os sistemas convencional, caipira e orgânico seriam de R$ 4.738,00, R$ 5.566,65 e R$ 2.245,00, respectivamente.

Os dados revelam que o sistema de produção caipira é o que, aparentemente, apresenta maiores lucros brutos por lote. Isso ocorre porque ele tem o seu custo de produção muito semelhante ao convencional, porém um preço de venda mais elevado.

O sistema orgânico apresenta um lucro bruto menor por lote devido ao pequeno número de aves por lote, mesmo que o seu preço de venda seja o mais alto do mercado.

Uma análise mais fiel em relação ao lucro bruto nos sistemas estudados ocorre quando se realiza o cálculo de lucro bruto por ave alojada: R$ 0,63, R$ 1,86, e R$ 1,87 para os sistemas convencional, caipira e orgânico, respectivamente.

Com estes resultados, pode-se entender porque o número de aves do sistema convencional tem que ser tão grande, já que o seu lucro vem da quantidade de animais que o produtor tem (ganho de escala). Já nos sistemas caipira e orgânico a quantidade de aves se torna um fator de menor importância, visto que cada ave traz um retorno maior individualmente. O apelo de diferenciação dos ovos caipira e orgânico é que mantém esse diferencial no preço final ao consumidor, essencial para garantir rentabilidade, especialmente ao produtor orgânico, já que seus custos de produção são realmente mais altos que o do convencional. Já para o produtor de ovos caipira se o preço final cair ele sofrerá, porém menos que um produtor orgânico, já que seus custos de produção são muito semelhantes aos da produção convencional.

Os dados gerais da análise de custos, receitas e lucros são apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1. Dados técnicos, de custos, receitas e lucros dos sistemas (por lote)

Fonte: Resultados da pesquisa.

4. Conclusões

Grande parte dos consumidores não sabe a diferença entre os sistemas convencional, caipira e orgânico, mas a grande maioria se mostrou interessada em conhecê-los e ter um papel mais ativo na escolha do produto.

Os produtos orgânicos são cada vez mais uma tendência de mercado, o que justifica futuros estudos nessa área.

Os consumidores não têm, em sua grande maioria, consciência sobre os maus tratos aos quais as aves poedeiras são submetidas.

No caso da produção convencional, existe limitação das Cinco Liberdades (MOLENTO, 2005), inclusive estando este sistema condenado pela União Europeia e proibido nos países da mesma a partir de 2012. Com isso, novos sistemas de produção para aves poedeiras deveriam ser incentivados.

Os preços dos produtos caipira e orgânico mantiveram-se estáveis durante o período de pesquisa, enquanto os dos ovos convencionais se mantiveram estáveis em apenas parte do período avaliado, mostrando, portanto, maior instabilidade.

O sistema orgânico é viável economicamente, desde que sejam auferidos preços altos desse

tipo de produto.

O sistema caipira é viável economicamente e pode ser mais resistente a quedas de preços pagos ao produtor, já que seu custo de produção pouco difere do convencional. A criação caipira mostrou-se o sistema mais lucrativo, quando há um equilíbrio do número de aves e preço pago por ovo.

O sistema convencional apresenta produtos de baixo valor, inclusive para o consumidor final, e devido a isso é o mais consumido atualmente. Com isso, a sua

produção tem que ser em larga escala, para poder ser viável economicamente.

Referências

AGUIAR, A.P.S. Opinião do consumidor e qualidade da carne de frangos criados em diferentes sistemas de produção. 2006. 70p. Dissertação (Mestrado). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.

ALVES, S.P. Uso da zootecnia de precisão na avaliação do bem-estar bioclimático de aves poedeiras em diferentes sistemas de criação. 2007. 127p. Dissertação (Doutorado). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.

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Dados dos sistemas de criação Unidade Convencional Caipira Orgânico

Numero de animais por lote Um 10.584,00 4.200,00 1.680,00

Quantidade de ração inicial por lote Kg 12.196,17 4.839,75 1.935,90

Quantidade de ração postura por lote Kg 167.971,43 66.654,96 55.200,76

Vac inas Um 0,60 0,60 0,60

Cama m3 0,00 440,00 220,00

Mão de obra Um 572,00 572,00 572,00

Luz, telefone etc. Um 70,00 70,00 70,00

Depreciação por lote R$ 13.546,18 3.540,84 1.881,44

Cert ificação R$ 2.142,77

Custo por lote R$ 204.940,38 80.318,15 63.703,46

Custo por ovo R$ 0,08 0,08 0,16

Produção total de ovos por lote Um 280.292,43 187.728,53 106.999,54

Ave de descarte com 6,8% de mortalidade Um 8.877,96 3.522,96 1.408,68

Esterco produzido por lote T 10.530,00

Cama com esterco m3 399,60 199,80

Total por lote R$ 299.700,39 191.651,09 108.608,02

Lucro por lote (20 meses) R$ 94.760,01 111.332,94 44.904,56

Lucro mensal por lote R$ 4.738,00 5.566,65 2.245,23

Lucro mensal por ave alojada R$ 0,63 1,86 1,87

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ARTIGO II

O PAPEL DA INFORMAÇÃO NA PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE: AVANÇOS, DESAFIOS

E O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES4

Carina Simionato de Barros5

Camila Raineri6

O setor da ovinocultura tem caminhado para sua consolidação, mas ainda sofre com falta de organização e de comunicação entre os segmentos de produção e comercialização.

Ainda não existem bancos de dados confiáveis em diversas áreas da atividade, e não é incomum encontrar significativa assimetria de informações.

Existe um volume razoavelmente grande de informações zootécnicas a respeito da criação de ovinos de corte, mas normalmente concentradas nos mesmos assuntos ou “importadas” de sistemas antigos de produção de lã.

Nota-se que há cada vez mais pesquisas desenvolvidas em diversas áreas do conhecimento tais como técnicas de manejo, nutrição, reprodução, qualidade da carne, entre outras. Dessa forma, muito já se sabe sobre como produzir de modo mais eficiente usando as tecnologias que já foram testadas e validadas em centros de pesquisa e universidades.

4 Texto apresentado pelas autoras à Disciplina “Sistemas de Produção Agroindustrial”, Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP).5 Médica Veterinária. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP). E-mail: [email protected] 6 Zootecnista. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP). E-mail: [email protected]

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Por outro lado, pouco se conhece a respeito das necessidades comportamentais, psicológicas ou mesmo fisiológicas dos ovinos, por exemplo.

Há uma diversidade muito grande de realidades e sistemas de produção entre os criadores, especialmente devido às incontáveis condições edafoclimáticas no país, à adaptação de instalações, à falta de conhecimentos prévios em ovinocultura e à associação da criação a outras atividades agropecuárias.

Assim, pode ser relativamente fácil encontrar informações sobre sistemas de manejo, por exemplo, mas estas informações disponíveis se enquadram à realidade de um número limitado de propriedades. No entanto, é evidente que a produção científica vem sendo desenvolvida em diversas regiões do país e já se encontram resultados de pesquisas publicados em condições específicas considerando as peculiaridades locais.

Nesse contexto, cabe destacar que a criação empresarial de ovinos de corte é uma atividade recente no Brasil, e em plena expansão. Portanto, é natural que a geração de conhecimentos acompanhe esta ascensão da produção, fornecendo subsídios e também recebendo um feedback dos ovinocultores, no sentido de orientar as pesquisas para temas mais deficitários em informações ou que estejam sendo um gargalo para a produção em determinado momento.

Aparentemente, os criadores de postura mais empresarial, que não são necessariamente os de maior porte, mas os investidores conscientes das dificuldades da atividade, já buscam assistência e informações, sendo as associações de criadores, universidades e centros de pesquisa bastante procurados para esclarecer dúvidas.

Por outro lado, uma grande parcela dos criadores não sabe onde buscar tais dados, ou percebe que a informação que buscava não está disponível.

Outro fator a ser considerado é que há dificuldades para as informações geradas alcançarem os produtores devido ao pequeno número de extensionistas e técnicos especialistas em ovinocultura. Assim, mesmo que o conhecimento seja gerado, demora muito tempo para chegar aos produtores, ou chega apenas a poucos.

Uma das iniciativas para tentar atenuar esta situação foi tomada pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo, a CATI, que há pouco tempo incluiu os ovinos na pauta de seu corpo técnico, e formou uma equipe para levar informações aos interessados.

Também o SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – oferece cursos gratuitos de capacitação de mão de obra e noções básicas em ovinocultura.

Nesse contexto de novas tecnologias para produção de ovinos há uma participação importante da Embrapa, especialmente a unidade Caprinos e Ovinos em Sobral CE. A instituição desenvolve muitas tecnologias e transfere à comunidade por meio de publicações (boletins técnicos, livros, artigos em periódicos) e da promoção de eventos como dia de campo e capacitação profissional. Esse é um canal muito importante para a produção ao qual todos têm acesso e muitas das publicações, como manuais de boas práticas, estão disponíveis no site para serem baixadas sem custo algum.

O acesso a informações e tecnologias para produção de ovinos de corte não configura uma barreira de entrada a novas firmas (novos produtores).

Embora normalmente não haja barreiras à entrada na atividade, pois o produto “cordeiro”, e a estrutura para criação de ovinos costumam ser pouco específicos, a falta de conhecimento técnico na área, podem ser um obstáculo para a permanência do produtor na atividade.

O custo decorrente da falta de informações pode ser alto, acarretando em taxas elevadas de mortalidade, incidência de doenças, baixo desempenho e outros problemas, com sérios prejuízos à viabilidade da criação.

A eficiência é essencial no processo produtivo, e isto implica em profissionalizar-se. Essa profissionalização passa pela necessidade de aprimorar o processo de gestão na produção e comercialização dos animais, e esta é uma das áreas do conhecimento com dados mais escassos para a ovinocultura.

Um dos grandes pontos de estrangulamento para a ovinocultura de corte é a dificuldade de comunicação entre produtores e frigoríficos. Esta dificuldade vai desde o processo de encontro

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entre aquele que quer vender e aquele que quer comprar, até a questão dos preços.

Atualmente há talvez mais de dez frigoríficos somente no estado de São Paulo, e todos operam abaixo da capacidade máxima. Por outro lado, a alegação mais freqüente para sustentar a alta incidência de abates clandestinos é de que os produtores não encontram um abatedouro próximo, ou não possuem animais suficientes para formar o lote de cordeiros de tamanho desejado pela indústria. Há assimetria de informações em relação aos produtos - o produtor não sabe o que o consumidor deseja.

A falta de informação a respeito dos preços praticados é mais evidente por parte do produtor. Não há um canal de comunicação eficiente para esse elo da cadeia e quando se busca individualmente conhecer esses preços há barreiras de informação, tanto produtores quanto frigoríficos muitas vezes não passam corretamente os valores praticados.

Assim, o produtor fica sem referência e acaba tendo que aceitar o preço que o frigorífico paga. Os frigoríficos têm mais acesso pelo fato de ter contato com diversos fornecedores e clientes, mas mesmo assim muitas vezes não têm informações concretas sobre os concorrentes.

Não há nenhuma fonte formal para balizar os preços praticados pela carne de cordeiro no Brasil como um todo, mesmo porque nem mesmo as características desejadas no animal a ser abatido estão claras ou são consenso entre os próprios frigoríficos.

Este fato não ajuda a melhorar a relação entre indústria e produtores, que parece ser tão difícil quanto em outras espécies, como bovinos. Esta dificuldade deve-se ao comportamento oportunista observado frequentemente em ambos os elos da cadeia agroindustrial, e não previsto pela Teoria Econômica Neoclássica.

As “artimanhas” para pagar menos ao produtor ou para forçar o frigorífico a aceitar animais de qualidade inferior minam a confiança nestas relações, fazendo com que a desconfiança impere. Os preços pagos ao produtor variam conforme idade, peso, conformação de carcaça e genótipo, e nem estes critérios nem os preços são semelhantes entre frigoríficos e diferentes regiões do mesmo estado.

Esta complexidade dificulta o conhecimento das informações por parte do produtor, e torna-se um problema nas tomadas de decisões.

A primeira iniciativa no sentido de reduzir a assimetria de informações a respeito do preço praticado para cordeiros para abate vivos ou para as carcaças é o Indicador de Preços do Cordeiro Paulista, um projeto da UNICETEX/FZEA/USP em parceria com a FMVZ/USP.

Ele consiste na pesquisa semanal dos preços junto a produtores e frigoríficos e na divulgação destes resultados em vários meios de comunicação, acompanhados por uma breve explicação para o comportamento do mercado no período.

Embora elaborado ainda em condições experimentais, o projeto vem sendo apoiado e muito bem aceito pelos atores da cadeia, pois atende ao seu propósito de aumentar a transparência neste mercado.

Na tentativa de obter mais dados sobre a conduta de frigoríficos que abatem e compram carne ovina e os preços praticados, reduzindo a assimetria, a coordenação horizontal é um caminho. Segundo Zylbersztajn (2005), essa coordenação possibilita ganhar em economia de escala, economia de rede, adicionar valor de forma seletiva ou ampliar o potencial de coordenação com a indústria processadora.

Estes arranjos conferem maior poder de barganha com fornecedores de insumos e compradores de animais, bem como tornam mais fácil o acesso a informações e mercados por aumentar a escala de produtos disponíveis para venda (sejam eles carne, cordeiros para abate ou reprodutores).

O SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa – tem tido presença marcante junto a produtores de várias regiões através do programa SAI, contribuindo no sentido de organização, capacitação e colocação de produtos no mercado. Algumas iniciativas nesse sentido podem ser observadas em alguns estados.

No Paraná, cooperativas de produtores estão se organizando em busca de competitividade. Pode-se ver também essas ações ocorrendo no Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, entre outras regiões.

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No entanto, o papel do ambiente organizacional é muito relevante para auxiliar na simetria de informações. Todas as instituições de pesquisa podem contribuir com desenvolvimento de ferramentas que facilitem o fluxo de informação na cadeia, ou Sistema Agroindustrial (SAG).

Uma instituição importante é a Câmara Setorial, pois essa deve ser formada por representantes de todos os elos da cadeia produtiva para discutir os problemas, propor soluções, encaminhar e cobrar ações dos órgãos competentes. Esse é um canal que o SAG tem para acesso ao Governo e participação nas decisões públicas. Para isso a Câmara Setorial necessita de efetiva participação dos elos da cadeia e ter porta voz experiente e competente.

Nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo têm sido realizadas diversas reuniões para elaboração de propostas para serem discutidas com órgãos governamentais.

A Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo buscou parceria com a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) para a reavaliação do preço oficial da carne de cordeiro.

O assunto entrou em discussão por demanda dos produtores da cidade de Itapetininga/SP, que conseguiram junto à prefeitura da cidade uma possibilidade de fornecer carne ovina para a merenda escolar. No entanto, o preço pago ao produtor estaria baseado na lista da CONAB e atualmente encontra-se abaixo do praticado pelo mercado (R$ 6,00/kg carcaça ovina).

Pode-se dizer que esta Câmara é uma das poucas manifestações do ambiente institucional verificadas no sistema agroindustrial ovino, e é bastante acessível aos produtores. Mesmo assim, os agentes do SAG ainda não exploram esta ferramenta tanto quanto seria possível. Há a preocupação de realizar as reuniões da Câmara Setorial durante grandes eventos importantes para a cadeia, mas o encaminhamento de propostas para discussão poderia ser bem mais intenso.

A Câmara Setorial é um instrumento que poderia e deveria ser mais utilizado pelos produtores no sentido de manifestar demandas, como o maior acesso à informação.

Já o ambiente institucional representado pelo aparato legal pode contribuir para reduzir a assimetria de informações por meio de políticas governamentais para estruturação da cadeia, bem como apoio e reestruturação da extensão rural, pois a presença de técnicos no campo é fonte de informação.

Além disso, o Governo pode instituir políticas de financiamento, programas de estruturação do SAG, bem como reduzir alguns impostos e taxas. Algumas Câmaras Setoriais têm levado propostas na tentativa de conseguir isenção de cobrança do PIS/COFINS e redução de alíquotas de ICMS de modo a aumentar o volume de animais abatidos oficialmente e melhorar a competitividade da carne ovina.

Ainda no contexto de informação, nota-se claramente a escassez de dados a respeito de custo de produção. Os produtores na maioria dos casos não têm controle de suas despesas e não detém as informações necessárias para realizar cálculos de custos.

Percebem-se algumas tentativas por parte de alguns produtores em fazer seu cálculo de custo, mas acabam fazendo de forma errônea sem considerar todos os fatores de produção. Especialmente os custos implícitos, tais como depreciação, juros e custo de oportunidade, são nitidamente ignorados nos cálculos.

Dessa forma, o produtor produz, mas não é capaz de avaliar o resultado econômico da atividade e acaba muitas vezes se descapitalizando pela falta de informação e controle.

Já por parte do frigorífico, esse atua de modo mais empresarial e possui gestores mais preparados para identificar e controlar o custo de produção, no entanto, essa informação é restrita à firma.

Para que o SAG da ovinocultura de corte consiga disponibilizar as informações a respeito de custo de produção, primeiramente há necessidade de identificar esse custo.

Os produtores necessitam despertar uma postura mais empresarial e buscar informações a respeito de como se organizam os dados para posteriormente empregá-los nos cálculos. Isso porque sob o ponto de vista da Teoria da Firma o objetivo é maximizar o lucro. Como saber o lucro sem conhecer o custo? Além disso, o preço norteia a resposta de perguntas importantes. O

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que produzir? Como produzir? Para quem produzir? E para isso conhecimentos sobre a classificação dos custos é útil.

A classificação de custos em fixo e variável está estritamente relacionada à quantidade produzida, conforme aumenta a quantidade de produto também aumenta o custo variável, no entanto o custo fixo permanece o mesmo. Somando-se os custos fixo e variável tem-se o custo total de produção. Se o produtor adotar a divisão em custos fixos e variáveis, conseguirá identificar seus custos de forma prática e objetiva, e posteriormente poderá fazer cálculos de resultado da atividade.

Além disso, o cálculo do custo médio que divide o custo pelo nível de produção, também é útil porque pode responder quanto custa produzir um quilograma de cordeiro. E por fim ainda tem-se o custo marginal, aquele que é uma adição no custo de produção por unidade a mais produzida a ser coberta por uma receita adicional e assim o lucro é maximizado; responde a pergunta de quanto custa produzir uma unidade adicional, por exemplo, um cordeiro a mais. Dessa forma, o custo marginal é importante por determinar o ponto ótimo de produção que é aquele no qual a receita marginal iguala ao custo marginal e está ocorrendo a maximização do lucro.

Entretanto, além desses custos podemos observar a presença de custos de transação definidos pelo ramo da Nova Economia Institucional (Coase, 1937) na Economia dos Custos de Transação (ECT) de Willianson (1985).

A ECT aponta que há custos para utilização do sistema econômico, bem como custos contratuais, que não são considerados na Teoria da Firma. O valor de custo fixo, variável, médio e marginal se consegue com dados de dentro da propriedade, enquanto os custos de transação envolvem custos que não são facilmente identificados.

Dessa forma, para o SAG coletar e disponibilizar as informações a respeito de preços e custo de produção haveriam custos de transação envolvidos. Para isso, muitos dados são necessários e para obtê-los há necessidade de consultas a todos os envolvidos no processo produtivo. E quem pagaria esse custo? Essa é a grande questão.

Enquanto muitos criticam a assimetria de informação no SAG poucos agem para melhorar

o cenário. Iniciativas são observadas em cooperativas e os produtores arcam com os custos envolvidos para ter informação. Alguns sites também fazem fóruns com produtores buscando preços e publicam esses resultados, entretanto, nem sempre aqueles que respondem o fazem de forma sincera.

A assimetria pode ser “útil” no mercado por permitir comportamento oportunista que favorece algumas firmas. Entretanto, a sua redução pode aumentar a eficiência dos elos da cadeia produtiva, já que há interdependência entre eles.

Nesse contexto, talvez uma boa opção fosse a criação de um “serviço de informação da carne ovina”, uma organização mantida com verbas de associações de produtores, indústrias frigorífica e de insumos.

O controle financeiro da operação e a busca por recursos poderiam ficar a cargo da própria Câmara Setorial, e o serviço sob a responsabilidade de um órgão independente, como uma universidade (a exemplo do Indicador de Preços do Cordeiro Paulista).

Para agilizar o processo de divulgação, poderia ser criado um site no qual as informações seriam atualizadas e já ficariam disponíveis a qualquer interessado.

O SAG da ovinocultura de corte ainda tem muitos desafios para enfrentar. Com informações disponíveis é possível identificar quais as melhores estruturas de governança e estratégias a serem adotadas para garantir competitividade no setor. Assim podem ser resolvidas questões como descontinuidade de oferta, melhoria na qualidade da carne e dificuldade de comercialização, temas muito comentados atualmente.

Referências

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WILLIAMSON, Oliver E. The economic institutions of capitalism. London: Free Press, 1985. 450p.

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ARTIGOS PUBLICADOS

AVALIAÇÃO DO USO DE VENTILAÇÃO MÍNIMA EM GALPÕES AVÍCOLAS E DE SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO DE AVES DE CORTE NO PERÍODO DE INVERNO

Objetivou-se com este trabalho avaliar um sistema de ventilação mínima ou de higiene e sua influência no conforto térmico, na qualidade do ar e no desempenho zootécnico de aves criadas durante o inverno. Foram utilizados dois galpões similares, cada um com 9.500 aves, da linhagem Cobb, durante um ciclo produtivo completo. Em um dos galpões, foi instalado um sistema de ventilação positiva que atendia à necessidade mínima de renovação de ar, composto por três ventiladores com vazão de 300 m3/min, instalados no forro, paralelamente ao piso. O outro galpão foi considerado controle e não possuía sistema de ventilação. Houve diferença na temperatura e umidade relativa do ar nas duas primeiras semanas de vida das aves, sobretudo no sistema de ventilação mínima que apresentou as piores condições de conforto. As aves mantidas no galpão sem sistema de ventilação tiveram os melhores resultados de peso ao abate (com ventilação - 1,549 kg; e sem ventilação - 1,577 kg), conversão alimentar (com ventilação - 1,63 kg/kg; sem ventilação - 1,59 kg/kg) e eficiência produtiva (com ventilação - 285 e sem ventilação - 297). Houve diferença também na concentração de gases contaminantes, que foi menor no sistema com ventilação mínima. O sistema com ventilação mínima, da maneira como foi concebido no experimento, diminui significativamente a temperatura no interior do galpão avícola, comprometendo o conforto térmico e o desempenho animal. Apesar de o sistema com ventilação mínima resultar em menores concentrações de gases, nenhum dos sistemas promove concentração média de dióxido de carbono e monóxido de carbono prejudicial às aves.

Vigoderis, R.B.; Cordeiro, M.B.; Tinôco, I.F.F.; Menegali, I.; Souza Júnior, J.P.; Holanda, M.C.R. Avaliação do uso de ventilação mínima em galpões avícolas e de sua influência no desempenho de aves de corte no período de

inverno. Revista Brasileira de Zootecnia , v.39, n.6, p.1381-1386, 2010.

PODER DE MERCADO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE DE FRANGO

O objetivo deste trabalho é medir o poder de mercado da indústria de exportação de carne de frango brasileira. Nesse sentido, utilizou-se o procedimento de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), já que não houve problema de simultaneidade, e uma rotina de bootstrap, que permite gerar uma estimativa do desvio padrão do parâmetro que identifica o poder de mercado na indústria (λ). Os resultados indicam que as hipóteses de competição perfeita e conluio (cournot) para essa indústria são rejeitadas, porém o valor de λ, que mede o poder de mercado, sugere um comportamento mais próximo da competição perfeita do que do conluio.

Pessoa, F.M.; Coronel, D.A.; Salvato, M.A.; Braga, M.J. Poder de mercado das exportações brasileiras de carne de frango. Revista de Política Agrícola , ano XIX, n.1, jan./fev./mar., 2010, p.40-48

OVINOCULTURA E ABATE CLANDESTINO: UM PROBLEMA FISCAL OU UMA SOLUÇÃO DE MERCADO?

A cadeia produtiva da ovinocultura no Brasil apresenta alto índice de informalidade, decorrente da precária fiscalização oficial e de certos aspectos do ambiente institucional que favorecem a existência do abate clandestino. A despeito da farta legislação federal e estadual sobre inspeção sanitária de produtos de origem animal, o setor está carente de uma coordenação mais eficiente por parte dos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização. Os estados produtores praticamente não divulgam dados sobre o abate e a movimentação de ovinos, que possam servir de subsídios para o estudo dessa cadeia produtiva. A comercialização entre os produtores e as poucas indústrias operantes costuma ser marcada por conflitos. O consumidor, por sua vez, não faz restrições ao consumo de carne clandestina. A informalidade do comércio traz, ao mesmo tempo, custos e benefícios à cadeia produtiva.

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Sorio, A.; Rasi, L. Ovinocultura e abate clandestino: um problema fiscal ou uma solução de mercado? Revista de Política Agrícola , ano XIX, n.1, jan./fev./mar., 2010, p.71-83

THE IMPLEMENTATION AND VALUE OF DIAGNOSTIC PROCEDURES IN SHEEP HEALTH MANAGEMENT

Good sheep flock health management is a prerequisite for economically sustainable, efficient productivity. Veterinary flock health planning involves disease investigations, monitoring and biosecurity, each of which is underpinned by the implementation of diagnostic techniques. While a large array of diagnostic techniques is available, it is important that the most appropriate tests are chosen and that the results are interpreted rationally, within the context of the problem being investigated or monitored. This paper uses examples of common production-limiting problems to illustrate the implementation and value of diagnostic techniques in sheep flock health management.

Sargison, N.D.; Scott, P.R. The implementation and value of diagnostic procedures in sheep health management. Small Ruminant Research, v.92, I.1-3, p.2-9, 2010.

BREEDING FOR WELFARE IN OUTDOOR PIG PRODUCTION: A SIMULATION STUDY

Despite the societal and market attention, to our knowledge, there is no breeding program for outdoor pig production in which improvement in animal welfare is emphasized. In this study, a dam-line selected for an outdoor production system was simulated. The purpose was to investigate the opportunities for improving welfare through traditional selection methods. The genetic gain from simulated breeding programs was compared for three alternative scenarios: 1) a conventional scheme that improves production and reproduction traits (litter size, piglet mortality (PM), mean piglet weight at weaning, weaning-to-mating interval (WMI), average daily gain (ADG) from birth to 20 kg, ADG from 20 to 100 kg, and lean content); 2) extension of the first scenario with welfare considerations including leg condition of sows after first lactation (LEGw) and additional non-market values on PM and WMI; and 3) a breeding program for welfare in which genetic

progress of traits important for welfare (mothering ability and sow longevity) was obtained by increasing the non-market values of LEGw, PM and WMI. The simulation showed that, compared with weights found in the literature, greater weights on LEGw, PM and WMI (approximately 3, 2 and 7 times higher, respectively) were required to avoid deterioration of these traits. The improvement of traits important to welfare was realized with a reduction in the genetic gain of production traits. Thus, the implementation of a breeding program for welfare in outdoor production requires other prerequisites than the market value of the genetic progress only.

Gourdine, J.L.; Greef, K.H.; Rydhmer, L.. Breeding for welfare in outdoor pig production: A simulation study. Livestock Science, v. 132, I. 1- 3, p. 26-34, 2010

INDICADORES DE DESEMPENHO RELACIONADO AO PARTO DE FÊMEAS SUÍNAS DE PRIMEIRO E SEGUNDO PARTOS

Foi realizado um estudo para identificar parâmetros de desempenho associados a indicadores de eficiência durante o parto de fêmeas suínas. Foram coletados os seguintes dados de 636 partos e 7.100 leitões nascidos: ordem de parto, número de leitões nascidos vivos, natimortos, mumificados, total de nascidos, aplicação de ocitocina, uso de palpação vaginal, momento do nascimento de cada leitão e do início e final do parto. O intervalo médio de nascimento dos leitões foi de 16,7 minutos e a duração média do parto, de 247 minutos. A duração média do parto aumentou conforme o total de leitões nascidos, o uso de ocitocina e a ocorrência de palpação vaginal. O total de nascimentos nos partos longos (> 211 min), de 13,1 leitões, foi maior que nos partos curtos (< 210 min), de 11,7 leitões, portanto, quanto maior o total de nascidos, maior a duração do parto. As leitegadas foram maiores nas fêmeas de segundo parto (12,8) em comparação àquelas de primeiro parto (11,9). A duração do parto é influenciada pelo total de leitões nascidos, que é maior em fêmeas de segundo parto e está associada à maior ocorrência de leitões natimortos e mumificados.

Bianchi, I.; Lucia Junior, T.; Deschamps, J.C.; Schneider, A.; Rabassa, V.R.; Corrêa, M.N. Indicadores de desempenho relacionado ao parto de fêmeas suínas de primeiro e segundo partos.

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Revista Brasileira de Zootecnia , v.39, n.6, p.1359-1362, 2010.

BRAZIL IN THE WORLD DAIRY MARKET

O objetivo central deste trabalho foi analisar as principais características da produção, do consumo e do comércio internacional de produtos lácteos na última década. Para tanto, concentrou-se o foco nos quatro principais produtos lácteos, enfatizando a participação dos maiores países fornecedores. Outro aspecto importante abordado foi a evolução da cadeia produtiva do setor lácteo durante as últimas décadas, com destaque para o ritmo de sua modernização. Avaliou-se também o impacto da recente crise financeira mundial sobre a demanda e as exportações dos principais exportadores mundiais, e as possibilidades de o Brasil vir a se firmar como grande fornecedor desses produtos, em que pese as barreiras comerciais praticadas por importantes países importadores.

Espírito Santo, B.R. Brazil in the world dairy market. Revista de Política Agrícola , ano XIX, n.1, jan./fev./mar., 2010, p.63-70

COMPARISON OF THREE COOLING MANAGEMENT SYSTEMS TO REDUCE HEAT STRESS IN LACTATING HOLSTEIN COWS DURING HOT AND DRY AMBIENT CONDITIONS

The aim of this study was to compare three cooling management systems to improve the physiological status and lactation performance of Holstein cows during summer heat. Multiparous Holstein cows, 32, were blocked according to milk yield divided into four treatments being: C) Control group, cows cooled before milking time (0500 and 1700 h daily); AM) cows cooled at 1100 h and before milking; PM) cows cooled at 2300 h and before milking; and AM + PM) cows cooled at 1100 and 2300 h, as well as before milking. Total cooling time per group was 1 h for the Control group, 2 h for AM and PM groups, and 3 h for the AM + PM group. Cows were moved to a holding pen daily to be cooled. Respiration rate (RR) and rectal temperatures (RT) were lowered (P < 0.05) by treatment in AM + PM compared to control, but body condition scores were similar among groups. Glucose levels of control cows (48.41 mg/dL) were higher (P < 0.01) than cooled cows

(44.9 mg/dL) and AM + PM cows (43.12 mg/dL). Other metabolites (i.e., cholesterol, triglycerides) did not differ among treatments, and thyroid hormones (i.e., thyroxin, triiodothyronine) were also similar among the groups. Milk production and milk energy output were higher (P < 0.05) in group AM + PM cows (21.12 kg of milk and 13.6 Mcal per day) than control cows (19.1 kg of milk and 12.6 Mcal per day), but milk fat and protein proportions were similar among the four groups. Even though cows under the cooling management system with the higher number of coolings per day had better performance, their physiological status does not correspond to a those non-heat stressed lactating cows. Results show that it is necessary to increase the time of cooling to effectively reduce heat stress during severe summer heat conditions.

Avendaño-Reyes, L.; Álvarez-Valenzuela, F.D.; Correa-Calderón, A.; Algándar-Sandoval, A.; Rodríguez-González, E.; Pérez-Velázquez, R.; Macías-Cruz, U.; Díaz-Molina, R.; Robinson, P.H.; Fadel, J.G. Comparison of three cooling management systems to reduce heat stress in lactating Holstein cows during hot and dry ambient conditions. Livestock Science, v.132, I.1-3, p.48-52, 2010.

ECOLOGICAL–ECONOMIC ASSESSMENT OF AQUACULTURE OPTIONS: COMPARISON BETWEEN ABALONE MONOCULTURE AND INTEGRATED

MULTI-TROPHIC AQUACULTURE OF ABALONE AND SEAWEEDS

Integrated multi-trophic aquaculture (IMTA) possesses ecological and socio-economic advantages, relative to single-species aquaculture. The promotion of a sustainable aquaculture industry requires that decision-makers, ecosystem managers and farmers have sufficient quantitative information associated with its implementation from both public and private perspectives. The present paper applies the Differential Drivers–Pressure–State–Impact–Response (ΔDPSIR) methodological approach to an ecological and economic comparison between mono-aquaculture and IMTA. Data from a South African 240-ton year− 1 abalone farm were used as a case study. Three operation schemes were considered: abalone monoculture in a flow-through system; and two IMTA schemes, which recycle water and replace 10% and 30% of kelp

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consumption with on-farm-grown seaweed. The analysis indicates a decrease in the aquaculture generated ecological pressures with the incorporation of seaweeds, mainly a reduction in nitrogen discharges into the adjacent coastal ecosystem (by 3.7 to 5.0 tons year− 1), a reduction in harvest of natural kelp beds (by 2.2 to 6.6 ha year− 1) and a reduction of GHG emissions (by 290 to 350 tons CO2e year− 1). Adopting an IMTA configuration raised farm profits by 1.4 to 5%. The corresponding overall gain from using IMTA in the case study is several folds larger than the net gain in profit, and is estimated between 1.1 and 3.0 million U.S. dollar per annum. This range of values reflects the gains of adopting IMTA on (i) economic value of the aquaculture, i.e. farm's profit, (ii) value of environmental externalities, and (iii) implementation costs. The analysis suggests that the value of the benefits to the public by adopting the IMTA configurations can be larger than the gains in farm's profitability.

Nobre, A.M.; Robertson-Andersson, D.; Neori, A.; Sankar, K. Ecological–economic assessment of aquaculture options: Comparison between abalone monoculture and integrated multi-trophic aquaculture of abalone and seaweeds . Aquaculture , v.306, I.1-4, p.116-126, 2010.

ESTIMATING ECONOMIC INFORMATION FOR FISHERIES USING UNEQUAL PROBABILITY SAMPLING

This study provides detailed descriptions of procedures for conducting unequal probability sampling (UPS) and deriving the population parameters for important economic variables that are critical in economic analysis of fisheries. This study uses a Pareto sampling method and describes how the Horvitz-Thompson (HT) estimator is adjusted for non-response and how this adjustment is applied to the certainty units and non-certainty units separately. As an example, this study applies the UPS method without replacement to fisheries in the Southwest region of Alaska, to estimate the total employment and total labor income for each of three disaggregated harvesting sectors. This study shows that the suggested method is a useful approach that can be used to estimate similar economic information through surveys of fish harvesting and processing sectors.

Seung, C.K. Estimating economic information for fisheries using unequal probability sampling. Fisheries Research, v.105, I.3, p.134-140, 2010.

ECONOMETRIC MODEL OF VIABILITY/PROFITABILITY OF ONGROWING SHARP SNOUT SEA BREAM (DIPLODUS PUNTAZZO) IN SEA CAGES

We have designed and evaluated an ongrowing plant in sea cages as representative of Spanish Mediterranean exploitations with an annual production of 1,000 tonnes, based on the technology already in use for Sparus aurata ongrowing but taking into consideration the zootechnical variables for this species. We used the cost analysis and once defined the accounting structure, and we have used mathematical modelling or econometric to establish indicators of viability/profitability (NPV/IRR) based on the variables chosen for their economic importance in the sensitivity analysis. The highest costs and therefore of greatest economic importance are feed (43.85%) and juveniles (25.04%). The costs analysis points to a profitable business activity, but with a relatively low profitability (benefit/total cost = 7.26%) although benefit/investment is slightly better (15.29%). The break even point suggests that the business will only be viable above a selling price of € 3.69/kg and a production minimum of 709,363 kg/year. The feeding price threshold indicates that the activity is viable up to a cost of € 1.85/kg, which is within the range of sensitivity, while the cost of juvenile threshold (€ 1.17/kg) is much above this range. This underlines the great sensitivity of the activity to feeding costs, although the cost of the juveniles is not so important in this respect. When significant production levels have been reached, it is feasible that the cost of feeding will decrease since the species uses protein of vegetal origin efficiently, especially soy flour. If the minimum selling price is fixed at € 4.21/kg, the cost of feed is 11% lower and the IRR will reach 13.12%, which is an attractive alternative for investors. The econometric model is therefore a very useful tool for evaluating the viability or profitability of new species.

García, G.J.; García, G.B. Econometric model of viability/profitability of ongrowing sharp snout sea bream ( Diplodus puntazzo ) in sea cages. Aquaculture International, v.18, I.5 p.955-971, 2010.

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MANAGEMENT STRATEGIES TO REDUCE OPERATING COSTS IN A COMMERCIAL SHRIMP HATCHERY IN NW MEXICO

Strategies to reduce operating costs at an expanding shrimp hatchery in NW Mexico are presented for a period covering 3 years (2004–2006). The hatchery increased its greenhouse-type larval rearing halls from three (50 tanks, total water volume 996 m3) in 2004, to five (70 tanks, water volume 1,396 m3) in 2005, and to seven (94 tanks, total water volume 1,876 m3) in 2006. Production increased from 400 million postlarvae in 2004 to 579 million in 2005 to 760 million in 2006, but operating costs increased only 6% during this period and the unit cost for postlarvae was 44% lower. Administration expenses were the highest variable cost, but restructuring the company reduced them from 35% in 2004, to 29 in 2005 and to 21% in 2006. Feed was the second largest variable cost, reduced from 44 to 36 to 31 through improved feeding practices, changes in feed composition, and bulk purchases of commercial feeds. Costs for propane and the workforce increased, in part from higher consumption and additional staff and higher salaries to retain the trained workforce. Competition will continue to lower the market price for shrimp postlarvae, forcing hatcheries into a permanent improvement process. Increasing costs for energy will require investments in energy-saving technologies. Improved sanitation and strict bio-security procedures will increase the survival rate, thereby reducing unit costs still further.

Naegel, L.C.A. Management strategies to reduce operating costs in a commercial shrimp hatchery in NW Mexico. Aquaculture International, v.18, I.5 p.759-770, 2010.

ECONOMIC ANALYSIS OF TIGER GROUPER EPINEPHELUS FUSCOGUTTATUS AND HUMPBACK GROUPER CROMILEPTES ALTIVELIS COMMERCIAL CAGE CULTURE IN INDONESIA

This study presents an economic analysis of tiger and humpback grouper at different production scales in Indonesia. The results highlight the non-viability of small-scale tiger grouper farming, with a 5-year projected negative cumulative cash flow of −IDR 18,102,650.00 and a negative net present value (NPV) of −IDR 22,059,576.28. An increased

production scale of tiger grouper highlights a marginal viability for medium-scale farms (with a 5-year projected cumulative cash flow of IDR 198,320,673.00, a positive NPV of IDR 105,578,440.42; a benefit cost ratio of 1.25; an internal rate of return (IRR) of 88% and a payback period of 0.99 years), and an economically viable large-scale cage culture (with a 5-year projected cumulative cash of IDR 707,746,923.00; a NPV of IDR 406,801,749.07; a benefit cost ratio of 1.33; an internal rate of return of 157%; and a payback period of 0.57 years). The economic analysis of humpback grouper at different production scales highlighted a positive cumulative cash and NPV, a benefit cost ratio over 2, an internal rate of return over 300% and a payback period <1 year. A sensitivity analysis revealed that increased survival rate up to 80% would increase cumulative cash and NPV of small-scale tiger grouper cage culture. Additionally, improved profitability performance was associated with decreasing major production costs, increasing production and price of the product.

Afero, F.; Miao, S.; Perez, A.A. Economic analysis of tiger grouper Epinephelus fuscoguttatus and humpback grouper Cromileptes altivelis commercial cage culture in Indonesia. Aquaculture International, v. 18, I. 5 p.725-739, 2010.

SUSTAINING INTENSIFICATION OF SMALLHOLDER LIVESTOCK SYSTEMS IN THE TROPICS

Smallholder livestock keepers represent almost 20% of the world population and steward most of the agricultural land in the tropics. Observed and expected increases in future demand for livestock products in developing countries provide unique opportunities for improving livelihoods and linked to that, improving stewardship of the environment. This cannot be a passive process and needs to be supported by enabling policies and pro-poor investments in institutional capacities and technologies. Sustaining intensification of smallholder livestock systems must take into account both social and environmental welfare and be targeted to sectors and areas of most probable positive social welfare returns and where natural resource conditions allow for intensification. Smallholders are competitive in ruminant systems, particularly dairy, because of the availability of family labour and the ability of ruminants to exploit lower quality available

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roughage. Smallholders compete well in local markets which are important in agriculturally-based or transforming developing countries. However, as production and marketing systems evolve, support to smallholders to provide efficient input services, links to output markets and risk mitigation measures will be important if they are to provide higher value products. Innovative public support and links to the private sector will be required for the poor to adapt and benefit as systems evolve. Likewise targeting is critical to choosing which systems with livestock can be intensified. Some intensive river basin systems have little scope for intensification. More extensive rain-fed systems, particularly in Africa, could intensify with enabling policies and appropriate investments. In more fragile environments, de-intensification is required to avoid irreversible damage to ecosystems. Attention to both social and environmental sustainability are critical to understanding trade-offs and incentives and to bridging important gaps in the perspectives on livestock production between rich and poor countries and peoples. Two specific examples in which important elements of sustainable intensification can be illustrated, smallholder dairy systems in East Africa and South Asia and small ruminant meat systems in Sub-Saharan Africa, are discussed.

McDermott, J.J.; Staal, S.T.; Freeman, H.A.; Herrero, M.; Van de Steeg, J.A. Sustaining intensification of smallholder livestock systems in the tropics. Livestock Science , v.130, n.1-3, p.65-109, 2010.

IMPROVING FUNCTIONAL VALUE OF MEAT PRODUCTS

In recent years, much attention has been paid to develop meat and meat products with physiological functions to promote health conditions and prevent the risk of diseases. This review focuses on strategies to improve the functional value of meat and meat products. Value improvement can be realized by adding functional compounds including conjugated linoneleic acid, vitamin E, n3 fatty acids and selenium in animal diets to improve animal production, carcass composition and fresh meat quality. In addition, functional ingredients such as vegetable proteins, dietary fibers, herbs and spices, and lactic acid bacteria can be directly incorporated into meat products during processing to improve their functional value for consumers. Functional

compounds, especially peptides, can also be generated from meat and meat products during processing such as fermentation, curing and aging, and enzymatic hydrolysis. This review further discusses the current status, consumer acceptance, and market for functional foods from the global viewpoints. Future prospects for functional meat and meat products are also discussed.

Zhang, W.; Xiao, S.; Samaraweera, H.; Lee, E.J.; Ahn, D.U. Improving functional value of meat products. Meat Science, v.86, I.1, p. 15-31 , 2010

AUDITING ANIMAL WELFARE AT SLAUGHTER PLANTS

The OIE Welfare Standards on slaughter transport, and killing of animals for disease control are basic minimum standards that every country should follow. The OIE, European Union, and many private standards used by commercial industry have an emphasis on animal based outcome standards instead of engineering based standards. Numerical scoring is used by both private industry and some governments to access animal welfare at slaughter plants. Five variables are measured. They are: 1) Percentage of animals effectively stunned on the first attempt, 2) Percentage rendered insensible, 3) Percentage that vocalize (bellow, moo, squeal) during handling and stunning, 4) Percentage that fall during handling, and 5) Percentage moved with an electric goad. Each one of these critical control points measures the outcome of many problems. A good animal welfare auditing system also has standards that prohibit really bad practices such as dragging, dropping, throwing, puntilla, and hoisting live animals before ritual slaughter. On farm and transport problems that can be measured at the slaughter plant are: percentage of lame animals, percentage of thin animals, percentage of dirty animals, percentage with sores, bruises or lesions, death losses, morbidity, and percentage of birds with broken wings and legs.

Grandin, T. Auditing animal welfare at slaughter plants. Meat Science, v.86, I.1, p.56-65, 2010

MEAT PRODUCTS AND CONSUMPTION CULTURE IN THE WEST

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Meat products and consumption culture in the West may be traced back for at least 2,500 years. The dominant cultural source was Greco-Roman, with evidence from archeology, surviving documents and the names of meat cuts. The initial uniformity of meat technology and language in the Roman Empire was lost as national boundaries and languages fragmented. More recently, however, there has been a strong trend back to uniformity in meat cutting and grading. This started in the USA to solve logistical problems associated with long-distance commerce and similar changes occurred with the formation of the EU. Issues such as meat inspection and animal transport have been strongly influenced by the effect of literature on public opinion, which then led to legislated improvements. Innovations in other areas such as meat distribution and preservation had military origins. Meat consumption culture was involved in the early development of language, social grouping and religions.

Swatland, H.J. Meat products and consumption culture in the West. Meat Science, v.86, I.1, p.80- 85, 2010.

MEAT PRODUCTS AND CONSUMPTION CULTURE IN THE EAST

Food consumption is a basic activity necessary for survival of the human race and evolved as an integral part of mankind's existence. This not only includes food consumption habits and styles but also food preparation methods, tool development for raw materials, harvesting and preservation as well as preparation of food dishes which are influenced by geographical localization, climatic conditions and abundance of the fauna and flora. Food preparation, trade and consumption have become leading factors shaping human behavior and developing a way of doing things that created tradition which has been passed from generation to generation making it unique for almost every human niche in the surface of the globe. Therefore, the success in understanding the culture of other countries or ethnic groups lies in understanding their rituals in food consumption customs. Meat consumption culture in the East has not been well developed by its characteristic environment, religion, history, and main food staples. However, recently, the amount of meat production and consumption of the Eastern countries has grown rapidly by the globalization of food industry and rapid economic growth of the countries. This manuscript introduces meat-based

products and consumption culture in Asian countries. However, because the environments and cultures within Asia are too diverse to cover all food cultures, this manuscript focused mainly on three northeast Asian countries including China, Japan, and Korea (Republic of) and some southeast Asian countries including Vietnam and Thailand, which have similar environments and cultural interactions historically but retain their own characteristic food culture.

Nam, K.C.; Jo, C.; Lee. M. Meat products and consumption culture in the East. Meat Science, v.86, I.1, p.95-102, 2010.

CONSUMER PERCEPTION AND THE ROLE OF SCIENCE IN THE MEAT INDUSTRY

The relationship between consumer perception of quality and the food industry's drive to satisfy consumer needs is complex and involves many different components. Science and innovation play a major role in equipping the industry to respond to consumer concerns and expectations. This paper examines the main elements of consumer perception of meat with focus on the red meat sector. Emphasis is placed on perception at point of sale particularly the intrinsic quality cues of colour, packaging and degree of visual fat. The state of the art developments in increasing consumers' perception at this point are discussed. Experienced quality cues such as tenderness and flavour are well known as being of immense importance to consumers at point of consumption. The latest technological developments to enhance the quality experienced by consumers are discussed. The use of pre-rigor restraining techniques offers the industry a method for changing its conventional procedures of processing beef for instance. Background cues of safety, nutrition, animal welfare and sustainability are also discussed. Finally opportunities and challenges facing the industry are outlined. It is concluded that the meat industry needs to invest in and embrace an innovation agenda in order to be sustainable. It must utilise emerging scientific knowledge and take a more proactive role in setting out a research agenda.

Troy, D.J.; Kerry, J.P. Consumer perception and the role of science in the meat industry. Meat Science, v.86, I.1, p.214-226, 2010.

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IMPLEMENTATION OF A PERFORMANCE INDICATORS SYSTEM IN A BEEF CATTLE COMPANY

It was aimed to propose a methodology for implementing a performance indicator system in a beef cattle company. Strategic goals and prioritization of process previously performed in the company was used as a support to the implementation. Possible indicators were listed and confronted with occasional restraints to its implementation and further analyzed by the Balanced Score Card (BSC) point of view. Subsequently, indicators were individually analyzed and their relationship with the company’s strategic goals was determined. Seventeen indicators were selected, two under financial perspective, nine under process perspective, four under customer perspective, and two under development and learning perspective. The relationship analysis showed that the indicators support appropriate monitoring of the critical processes to achieve the strategic goals, thereby consolidating the management system.

Rosado Júnior, A.G.; Lobato, J.F.P. Implementation of a performance indicators system in a beef cattle company. Revista Brasileira de Zootecnia , v.39, n.6, p.1372-1380, 2010.

TESES E DISSERTAÇÕES

DESENVOLVIMENTO PONDERAL, CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E EFICIÊNCIA DA NUTRIÇÃO ENERGÉTICA E PROTÉICA NO METABOLISMO RUMINAL DE BÚFALOS E PRODUÇÃO DE GASES IN VITRO7

Teresa Cristina Alves

Com o objetivo de estudar a espécie bubalina quanto ao desempenho de machos do nascimento ao abate em regime de pastejo e as características de carcaça em dois pesos de abate, assim como o metabolismo ruminal de dietas com diferentes níveis de proteína e energia e a produção de gases in vitro. O presente

7 Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (FZEA/USP), orientada pelo Prof. Dr. Raul Franzolin Neto.

trabalho apresenta avaliações realizadas em quatro partes. A parte 1 foi realizada com 17 búfalos em crescimento criados a pasto, do nascimento até atingirem dois pesos distintos de abate (517 e 568 kg). Para a avaliação do desempenho foram realizadas medições do peso vivo, perímetro torácico, altura de cernelha e comprimento corporal. As avaliações das características da carcaça e carne foram determinação do rendimento de carcaça quente e fria, perda no resfriamento, peso da gordura, peso do fígado, temperatura e pH da carcaça, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, marmorização, maciez e coloração. A segunda parte avaliou dietas com três níveis de proteína (9%, 12% e 15%) no metabolismo ruminal. Os Itens analisados foram: consumo de nutrientes, pH, N-amoniacal e ácidos graxos de cadeia curta no rúmen e degradabilidade in situ. Na parte 3, foram avaliadas dietas com dois níveis de proteína (9 e 15%) e dois de energia (65 e 69% NDT) no metabolismo ruminal. Além dos Itens avaliados na parte 2 foram ainda analisados a digestibilidade com uso de marcador, taxa de passagem e volume de líquido ruminal e síntese de proteína microbiana. Na última parte foi realizada avaliação de produção de gases in vitro com estudo da cinética da degradabilidade in vitro no tempo de 72 horas. Os animais abatidos com diferentes pesos apresentaram desenvolvimento ponderal diferenciado desde o início do crescimento. Não houve diferença entre os dois grupos de animais nas características de carne e carcaça, mas os búfalos abatidos mais pesados (568 kg) apresentaram maior deposição de gordura interna. Níveis de proteína de 9%, 12% e 15% não influenciaram na degradabilidade in situ dos nutrientes e no pH ruminal. A concentração de N-amoniacal e AGCC foram maiores com níveis de 15% de proteína na dieta. Os níveis de energia (alta ou baixa) combinados com teores de proteína (alto ou baixo) não promoveram efeitos sobre o pH ruminal, concentração de N-amoniacal, taxa de passagem de líquido e volume ruminal em búfalos. Entretanto, dieta com teor de 15% de proteína bruta, independente dos níveis de energia apresentaram melhores degradabilidades efetivas dos nutrientes. Os níveis de energia não influenciaram a concentração N-amoniacal ruminal ao contrário dos níveis de proteína em que a maior quantidade de proteína na dieta produziu maior concentração de N-amoniacal. Não houve diferença na taxa de passagem e volume ruminal entre as quatro dietas fornecidas aos animais. Dietas com diferentes níveis de energia e proteína não

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influenciaram na qualidade do inóculo para a produção de gases in vitro.

EFEITO DA LEPTINA E DA NUTRIÇÃO SOBRE O PERFIL DE EXPRESSÃO DE GENES HIPOTALÂMICOS EM NOVILHAS ZEBUÍNAS (BOS TAURUS INDICUS) NO INÍCIO DA PUBERDADE8

Juliane Diniz-Magalhães

Investigou-se o efeito da leptina exógena e do maior consumo de energia, sobre o padrão da expressão de genes no hipotálamo de novilhas zebuínas; de modo a elucidar o mecanismo de sinalização da leptina no hipotálamo e os genes responsáveis pela obtenção da puberdade. Trinta e seis novilhas não púberes, e com idade entre 18 e 20 meses, foram divididas em três grupos experimentais: baixa energia (BAIXA), alta energia (ALTA), baixa energia com administração de leptina recombinante ovina (BAIXA+LEP), totalizando 56 dias de tratamento. Vinte e quatro novilhas foram abatidas ao apresentar sinais de puberdade, sendo eles: concentração de progesterona no soro superior a 1 ng/mL por duas amostras seguidas e presença de corpo lúteo detectável por ultra-sonografia. O hipotálamo foi colhido e armazenado a -80ºC. As amostras foram submetidas à extração do RNA total, tratadas com DNAse I e submetidas à síntese de cDNA. A quantificação relativa de quatro genes candidatos reconhecidamente envolvidos com a sinalização hipotalâmica da leptina em bovinos: NPY, NPY-Y1, NPY-Y4 e SOCS-3, foi feita através de PCR quantitativo (tempo real). Não houve efeito da administração de leptina sobre a expressão do NPY (P=0,70), ou de seus receptores: NPY-Y1 (P=0,27) e NPY-Y4 (P=0,92) no início da puberdade. A expressão de SOCS-3 foi reduzida (P=0,05) no hipotálamo de novilhas tratadas com leptina, o que sugere menor ação inibitória sobre a leptina. Em novilhas alimentadas com dieta de alta energia, a expressão do NPY-Y1 foi reduzida (P=0,04), o que indica que o hipotálamo estaria menos sensível à ação do NPY, permitindo a entrada precoce em puberdade. Nos demais genes estudados, NPY (P=0,75), NPY-Y4 (P=0,92) e SOCS-3 (P=0,24), a dieta não alterou significativamente suas expressões

8 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP), orientada pelo Prof. Dr. Luís Felipe Prada e Silva.

hipotalâmicas. Estudo mais abrangente do efeito da nutrição e da administração de leptina foi realizado através de hibridização em microarranjos de DNA, objetivando a identificação de possíveis genes candidatos, expressos no hipotálamo, que influenciam na obtenção da puberdade em novilhas Nelore tratadas com leptina ou submetidas à dieta de alta energia. Foram encontrados 78 genes cuja expressão foi alterada pela densidade energética da dieta (P<0,05) no hipotálamo das novilhas Nelore, destes foram selecionados os que apresentaram razões de expressão da ordem de 1,4 ou mais, totalizando 20 genes. Entre esses se destaca o gene da β-arrestina 1 (ARRB1), que foi 1,40 vezes mais expresso (P=0,04) em novilhas submetidas à dieta de alta energia, pois atua na mediação da dessensibilização dos receptores acoplados à proteína-G-(GPCRs)1, como os receptores de NPY. Foram encontrados 134 genes diferencialmente expressos (P<0,05) devido a aplicação de leptina. (…) O STAT-3 foi 2,14 vezes (P=0,03) mais expresso em novilhas tratadas com leptina, e sua ativação possibilita a ligação hipotalâmica da leptina com seu receptor (Ob-Rb). As IGFPB-1 e -2 foram mais expressas no hipotálamo de novilhas tratadas com leptina que em novilhas não tratadas, sendo IGFPB-1 1,78 vezes (P=0,04) mais expressa e IGFPB-2 1,89 vezes (P=0,05). As IGFPBs podem desempenhar função de potencialização da ação do IGF-1, ou exercer ação inibitória. Conclui-se que tanto o consumo de energia quanto a aplicação com leptina influenciaram o padrão de expressão gênica no hipotálamo de novilhas Nelore. A modulação da quantidade do receptor do NPY, NPY-Y1, no hipotálamo pode ser uma via importante pela qual a nutrição afeta o início da puberdade em novilhas. E ainda que estudos mais aprofundados de expressão dos genes encontrados nas hibridizações por microarranjo poderão revelar interações mais concisas entre os genes, a nutrição e a leptina na obtenção da puberdade.

DINÂMICA DA ACUMULAÇÃO DO CAPITAL NO NORTE DE MATO GROSSO: ESTUDO RELATIVO À INDÚSTRIA DA MADEIRA E DA CARNE (1970 – 2007)9

Rogério de Oliveira e Sá

9 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronegócios e Desenvolvimento Regional (FE/UFMT), orientada pelo Prof. Dr. José Manuel Carvalho Marta e co-orientada pelo Prof. Dr. Antônio César Santos.

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A colonização oficial do Estado de Mato Grosso na década de 1970 integrou o plano nacional do regime militar com marco na “Operação Amazônia” em 1966. Orientado por uma estratégia de desenvolvimento regional, constitui-se por um conjunto de leis que garantia a posse da terra nos chamados “espaços vazio”. Todavia, tinha como objeto à exploração dos recursos florestais e minerais, com propósitos de promover o desenvolvimento da agropecuária e da indústria na região Amazônica, integrando essas atividades as economias das demais regiões do país. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo entender a lógica do processo de valorização do capital no Norte de Mato Grosso, com ênfase nas questões relacionadas aos aspectos do trabalho na indústria da madeira e da carne, no período de 1970 a 2007. O estudo explora a base teórica de Marx e a história da Região Norte do Estado, num sentido cronológico a partir dos seguintes eixos: primeiro, a partir do processo histórico de formação econômica do capital no Estado, baseada nos incentivos e aumento da produção; segundo, busca a origem da força de trabalho, proporcionada pela queda na atividade do garimpo e a migração de pessoas de outras regiões do país. Para tanto, fez uso de dados dos registros administrativos da Relação Anual de Informações Sociais e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, juntamente com dados obtidos em pesquisa de campo. (…) Dessa maneira, a acumulação do capital no Norte de Mato Grosso custou às vidas de nação indígenas e expropriação de pequenos produtores, como consequência, incorporando essas pessoas como força de trabalho nas indústrias da carne e da madeira, sob intensa degradação no trabalho. Este fato é constatado através do movimento de empresas e de trabalhadores nas chamadas “regiões de fronteira”, região onde surgem “novas oportunidades” e abre espaço para todo tipo de afrontamento aos direitos do trabalhador, submetendo-os aos piores tipos de emprego e de condições de trabalho.

MODELO LOCACIONAL DINÂMICO PARA A CADEIA AGROINDUSTRIAL DA CARNE BOVINA BRASILEIRA10

Juliana Domingues Zucchi

10 Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada (ESALQ/USP), orientada pelo Prof. Dr. José Vicente Caixeta Filho.

O referencial da Teoria da Localização embasa o modelo matemático de otimização dinâmico desenvolvido a fim de se determinar os melhores locais dos frigoríficos-abatedouros exportadores no Brasil visando à minimização dos custos associados ao transporte, bem como os custos associados à instalação de novas unidades industriais de abate, resultando, assim, em aumento de competitividade para a cadeia. Este trabalho visa responder a três questões: (i) localizações das unidades industriais de abate; (ii) tamanho e número ótimos de cada unidade industrial de abate e (iii) fluxos mensais da matéria-prima necessários para atender a demanda dos frigoríficos-abatedouros exportadores, bem como os fluxos ofertados mensalmente por eles a fim de se satisfazer a demanda dos países importadores da carne bovina brasileira.

LIVROS

Gestão e Organização no Agronegócio da Ovinocultura Josemar Xavier de Medeiros e Marlon Vinícius Brisola Santa Clara Editora

Gestão de Rede de SuprimentoHenrique Luiz CorrêaEditora Atlas

Administração de Materiais e Recursos PatrimoniaisPetrônio Garcia Martins e Paulo Renato Campos AltEditora Saraiva

SUGESTÃO DE LEITURA

Dawn of the Frankenfish

Food science: Fast-growing genetically modified trout and salmon could soon be the first transgenic animals on the table

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The Belgian blue is an ugly but tasty cow that has 40% more muscle than it should have. It is the product of random mutation followed by selective breeding as, indeed, are all domesticated creatures. But where an old art has led, a new one may follow. By understanding which genetic changes have been consolidated in the Belgian blue, it may be possible to design and build similar versions of other species using genetic engineering as a short-cut. That is precisely what Terry Bradley, a fish biologist at the University of Rhode Island, is trying to do. Instead of cattle, he is doing it in trout. His is one of two projects that may soon put the first biotech animals on the dinner table.

http://www.economist.com/node/16295564

The controversies in climate science

Two new reports say the science of climate change is fine, but that some scientists and the institutions they work in need to change their attitudes

THE winter of 2009 was a rough time for climate science. In November, in the run-up to the Copenhagen climate conference, over 1,000 private e-mails from and to researchers at the Climatic Research Unit (CRU), a part of the University of East Anglia (UEA) in Britain, appeared on the internet, presumably after being stolen. At the same time a controversy was bubbling up in India over a claim in the 2007 assessment report by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) that the Himalayas could lose all their glaciers in 25 years, which was wrong. These events seemed to provide evidence of embarrassing incompetence, at the very least.

http://www.economist.com/node/16537628?story_id=16537628

Chimpanzee behaviour

Like humans, chimpanzees can engage in guerrilla warfare with their neighbours. As with humans, the prize is more land

People are not alone in waging war. Their closest living cousins, chimpanzees, also slaughter their own kind in brutal attacks that primatologists increasingly view as strategic, co-ordinated assaults rather than random acts of violence. But

however tempting it is to see these battles through the lens of human warfare, the motives for chimp-on-chimp violence are poorly understood. In particular, researchers have long debated whether the apes fight for land, or for females.

http://www.economist.com/node/16422404?story_id=16422404

EVENTOS

Workshop da Comissão de Ética no Uso de Animais da FMVZ/USPSão Paulo SP – 18 de agosto de [email protected]

10º InterleiteUberlândia MG – 19 a 21 de agosto de 2010http://www.milkpoint.com.br/interleite2010/inscricao.html

XVII Congresso da Sociedade Paulista de ZoológicosSão Paulo SP – 20 a 24 de agosto de 2010www.zoologico.sp.gov.br

III Workshop de Nutrição de SuínosNova Odessa SP - 27 de agosto de 2010www.iz.sp.gov.br

Seminário Internacional sobre Vida SilvestreJundiaí SP – 11 de setembro de 2010www.wspabrasil.org

PorkExpo 2010V Fórum Internacional de SuinoculturaCuritiba PR – 14 a 16 de setembro de 2010www.porkexpo.com.br

10ª Conferência Internacional de CaprinosRecife PE, 19 a 23 de setembro de 2010www.iga2010.com.br

Simpósio de Pesquisa em Medicina Veterinária 2010Viçosa MG – 20 a 24 de setembro de 2010www.posvet.ufv.br/simposio2010

71st Minnesota Nutrition ConferenceOwatonna, MN, USA - September 21-22, 2010http://www.ansci.umn.edu/mnc.html

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II Festival Nacional de Cinema e Vídeo Rural de PiritubaPirituba SC - 22 a 25 de setembro de 2010WWW.festivaldecinemapirituba.com

Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão Ribeirão Preto SP - 27 a 29 de setembro de 2010http://www.sbea.org.br/conbap2010/principal.html

First International Conference on Animal Welfare EducationBrussels, Belgium - 1-2 October 2010

https://webgate.ec.europa.eu/fmi/scic/Welfare10/start.php

V Research Workshop on “Institutions and Organizations”Sao Paulo SP - October 3rd-5th 2010www.pensa.org.br

XV Congresso Mundial da Raça BrahmanUberaba MG - 17 a 24 de outubro de 2010WWW.brahamancongress.com

2ª Semana de Biotecnologia Industrial Lorena SP – 20 a 22 de outubro de 2010w ww.eel.usp.br/sbi

International Vets CongressRotterdam, The Netherlands – 22 & 23 October 2010www.internationalvetscongress.com

Conferência Internacional da Rede WATERLAT (Rede de pesquisas voltada para o tema da Governabilidade e da Cidadania na Gestão da Água e da Saúde Ambiental na América Latina)São Paulo SP - 25 a 27 de outubro de 2010http://www.waterlat.org/pt/index.html

34º Encontro Anual da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Políticas)Caxambu MG – 25 a 29 de outubro de 2010http://www.encontroanpocs.org.br/2010

VII Simpósio Interamericano de BiossólidosCampinas SP - 26 a 28 de outubro de 2010www.infobibos.com/sibio/

IV CLANA - Congresso Latino Americano de Nutrição AnimalSão Pedro SP – 24 a 26 de novembro de 2010http://www.cbna.com.br/

VI Congresso Nordestino de Produção AnimalXII Simpósio Nordestino de Alimentação de RuminantesMossoró RN - 29 de novembro a 02 de dezembro de 2010www.snpa.org.br

II Congresso Argentino de reprodução EquinaMendoza, Argentina – 4 a 6 de maio de 2011www.congresoreproequina.com.br

EQUIPE

Augusto Hauber [email protected] da FMVZ/USP

Teresa Cristina [email protected] da FZEA/USP

Rubens [email protected] da FZEA/USP

CONTATO

USP / FMVZ / VNP / LAELaboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência AnimalAv. Duque de Caxias Norte, 225 - Campus USPCEP 13.635-900, Pirassununga - SPTelefone: (19) 3565 4300Fax: (19) 3565 4295

http://lae.fmvz.usp.br

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SOBRE O BOLETIM ELETRÔNICO“SOCIOECONOMIA & CIÊNCIA ANIMAL”

Trata-se de um projeto de extensão vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP). O projeto conta com a participação da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP).

O boletim eletrônico tem o objetivo de divulgar os resultados de pesquisas desenvolvidas e publicadas nacionalmente e internacionalmente, e que tenham como campo de investigação, as Ciências Humanas aplicadas diretamente ou conjuntamente à Ciência Animal.

Portanto, este projeto de extensão procura contribuir para o desenvolvimento científico baseado na multidisciplinaridade.

O boletim é de livre acesso a todos que tenham interesse, bastando enviar uma mensagem solicitando a inclusão do e-mail destinatário para o seu recebimento.

Críticas, ideias e sugestões sempre serão bem vindas.

Para solicitar cadastramento na lista de destinatários ou cancelamento do recebimento, favor escrever para: [email protected]

Escreva para o mesmo e-mail se desejar receber as edições anteriores (de no. 1 a 24).

Clique aqui para ter acesso às edições anteriores.

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