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Boletim Epidemiológico ArbovirosesFUNDAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO AMAZONAS
As arboviroses compreendem um conjunto de doenças causadas por vírus que podem ser transmitidos aos seres humanos e outros animais, principalmente, pela picada de mosquitos artrópodes. Dentre as arboviroses de maior importância para a saúde pública, destacam-se a dengue, chikungunya e zika, cujo principal vetor nas Américas é o Aedes aegypti. Essas arboviroses são de grande relevância devido o elevado número de casos e a possibilidade de desenvolvimento de desfechos graves que vão desde hemorragia sistêmica no caso da dengue, artrite crônica em chikungunya e microcefalia em neonatos filhos de mulheres infectadas com zika¹.
No estado do Amazonas ocorre a circulação simultânea das três arboviroses, sendo que a dengue foi a primeira a se estabelecer na região. O vírus da dengue (DENV) foi introduzido no Amazonas em 1998 e, desde então, tem sido responsável por surtos e epidemias que variam de magnitude e extensão. A maior epidemia provocada por DENV ocorreu em 2011, com mais de 60 mil casos notificados. Os primeiros registros de chikungunya no estado ocorreram em junho de 2014. Nesse ano, foram notificados 31 casos suspeitos, sendo nove confirmados e todos importados. A entrada do vírus zika no Amazonas ocorreu em outubro de 2015, quando foram notificados 159 casos suspeitos da doença. Em 2016 houve aumento expressivo no número de notificações de casos suspeitos (6.090 casos), dos quais 95% foram em residentes de Manaus.
Este boletim tem o objetivo de descrever a situação epidemiológica da dengue, chikungunya e zika, no estado do Amazonas, no período de setembro de 2019 a janeiro de 2020. Para tal, foi realizado um estudo descritivo dos casos notificados dessas três arboviroses, considerando as Regionais de Saúde e Municípios do estado do Amazonas como unidade de análise. Utilizou-se como fonte de dados a base individual, proveniente do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
I. INTRODUÇÃO
A ocorrência de casos de dengue no estado do Amazonas apresenta sazonalidade caracterizada pelo aumento no número de casos da doença nos meses de setembro e atingindo o pico epidêmico no primeiro trimestre de cada ano. Em 2019, há aumento no número de casos de dengue a partir da semana 36 (setembro), que permanecem superiores ao número de casos notificados em igual período de 2018. Embora tenha um menor número de registros da doença nas semanas 51 a 53 de 2019, a notificação de casos dengue apresenta tendência de aumento no início de 2020 (Figura 1).
II. SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA NO AMAZONAS
ANO 2020 - Nº1 04 de Fevereiro de 2020
Figura 1. Curva epidêmica de dengue, por semana epidemiológica, em residentes do estado do Amazonas
Fonte: Sinan On-line, acesso em 27/01/2020.
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300
350
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450
500
Caso
sN
otifica
dos
Período epidêmico Epi 2018/2019 Epi 2019/2020
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES
02
Figura 2. Curva epidêmica de chikungunya, por semana epidemiológica, em residentes do estado do Amazonas
Fonte: Sinan On-line, acesso em 27/01/2020.
agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio junho
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5
10
15
20
25
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35
40
Ca
so
s
No
tifi
ca
do
s
Período epidêmico Epi 2018/2019 Epi 2019/2020
Fonte: Sinan On-line, acesso em 27/01/2020.
Figura 3. Curva epidêmica de zika, por semana epidemiológica, em residentes do estado do Amazonas
agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio junho
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Casos
Notificados
Período epidêmico Epi 2018/2019 Epi 2019/2020
Seguindo o mesmo padrão dos casos de dengue, os picos epidêmicos de chikungunya ocorrem no primeiro trimestre de cada ano. Em 2019, houve aumento no número de casos notificados de chikungunya no mês de dezembro, superando o registrado em igual período de 2018. Vale destacar que os dados de janeiro são preliminares e que, portanto, a notificação de casos chikungunya apresenta tendência de aumento no início de 2020 (Figura 2).
O número de casos notificados de zika nos últimos meses (setembro/2019 a janeiro/2020) são menores do que o registrado em igual período de 2018. No entanto, é importante destacar que, baseado nas séries históricas dos anos anteriores, o aumento no número de casos de zika inicia no mês de janeiro de cada ano, o que ainda não pode ser analisado no presente relatório (Figura 3).
Tabela 1. Variação proporcional e número de casos notificados de dengue, chikungunya e zika, comparativo entre os períodos epidêmicos set/2018 a jan/19 e set/2019 a jan/2020, no estado do Amazonas
Fonte: Sinan e Sinan Online. Acesso em 27/01/2020.
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Tabela 2. Distribuição dos casos notificados e variação proporcional de Dengue, por município de residência no
Amazonas*
Fonte: SINAN/FVS-AM (27/01/2020).
Nota: 01 de setembro de 2019 a 27 de janeiro de 2020. Dados sujeitos a revisão.
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES
set/2018 a jan/2019 set/2019 a jan/2020
Dengue 1.285 5.516 329,2%
Chikungunya 59 42 -28,8%
Zika 53 12 -77,3%
DoençaCasos no�ficados
Diferença Prop. (%)
O aumento no número de casos de dengue ocorreu em 23 municípios, dentre os quais destacam-se: Carauari (84.100%), Tabatinga (6.630%), Humaitá (2.954%), São Gabriel da Cachoeira (2.597%) e Guajará (786%), conforme detalhado na Tabela 2. Observa-se que em Eirunepé, município recentemente infestado pelo mosquito Aedes aegypti, principal vetor, há elevado número de casos de dengue nos últimos meses. Entre os municípios com redução de casos de dengue, destacam-se: Manaus (-14%), Borba (-34%) e Tefé (-55%).
Na comparação entre os períodos de setembro de 2019 a janeiro de 2020 com igual período do ano anterior, foi observado um aumento de 329% no número de casos de dengue, no estado do Amazonas. Por outro lado, realizando a mesma comparação, observa-se redução no número de casos de chikungunya (-28%) e zika (-77%) (Tabela 1).
Município
Casos de Dengue
Var.(%) set/18 a jan/19 e set/19 e jan/20Epi 2018/2019
Epi 2019/2020
AMAZONAS
1,285
5,516
329.26%
Carauari
1
842
84100.00%
Tabatinga
10
616
6060.00%
Humaitá
11
336
2954.55%
São Gabriel da Cachoeira
45
1,214
2597.78%
Envira
1
22
2100.00%
Guajará
135
1,197
786.67%
Rio Preto da Eva
1
4
300.00%
Coari
2
8
300.00%
Novo Airão
2
7
250.00%
Parintins
3
10
233.33%
Manacapuru
5
15
200.00%
Lábrea
7
14
100.00%
Careiro
1
2
100.00%
Autazes
1
2
100.00%
Ipixuna
2
3
50.00%
Iranduba
6
8
33.33%
Eirunepé
0
97
Aumentou
Urucurituba
0
1
Aumentou
Urucará
0
2
Aumentou
Tonantins
0
1
Aumentou
São Paulo de Olivença
0
13
Aumentou
Santo Antônio do Içá
0
4
Aumentou
Presidente Figueiredo
0
4
Aumentou
Maraã
1
1
0.00%
Manaus
659
561
-14.87%
Borba
26
17
-34.62%
Tefé
86
38
-55.81%
Maués
3
1
-66.67%
Itacoatiara
24
4
-83.33%
Novo Aripuanã
23
2
-91.30%
Boca do Acre
213
3
-98.59%
Tapauá
10
0
-100.00%
Nova Olinda do Norte
1
0
-100.00%
Careiro da Várzea
1
0
-100.00%
Apuí 1 0 -100.00%
Juruá 0 2 -
Itamarati 0 1 -
Codajás 0 1 -
Benjamin Constant 0 435 -
Barreirinha 0 1 -
Barcelos 0 1 -
Atalaia do Norte 0 24 -
Alvarães 0 2 -
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Figura 4. Distribuição espacial da taxa de incidência de dengue, chikungunya e zika, por município do Amazonas,
setembro a dezembro de 2019
No estado do Amazonas ocorre a circulação das 3 arboviroses. No período analisado, há circulação simultânea de dengue, chikungunya e zika nos municípios de Manaus e Tabatinga. Além disso, destaca-se a elevada incidência de dengue e chikungunya em Benjamin Constant, São Gabriel da Cachoeira e Caraurari e o aumento no número de municípios com incidência de chikungunya no em dezembro de 2019 (Figura 4).
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES
Fonte: Sinan online e SISPNCD. Base de dados de 27/01/2020.
Em relação à faixa etária mais acometida pelas arboviroses, destaca-se o maior número de casos em adultos jovens com idade entre 20 e 39 anos, de ambos os sexos (Figura 5).
Figura 5. Casos de dengue, chikungunya e zika por sexo e faixa etária, no estado do Amazonas, setembro de 2019 a
janeiro de 2020
Faixa etária
0200400
Masculino
0 200 400 600
Feminino
60 anos ou mais
50 a 59 anos
40 a 49 anos
30 a 39 anos
20 a 29 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
5 a 9 anos
1 a 4 anos
< 1 ano
DengueFaixa etária
012345
Masculino
0 1 2 3 4 5
Feminino
60 anos ou mais
50 a 59 anos
40 a 49 anos
30 a 39 anos
20 a 29 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
5 a 9 anos
1 a 4 anos
< 1 ano
ChikungunyaFaixa etária
0123
Masculino
0 1 2 3
Feminino
40 a 49 anos
30 a 39 anos
20 a 29 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
1 a 4 anos
< 1 ano
5 a 9 anos
Zika
GêneroFeminino Masculino
Do total de casos notificados de dengue, 50% tiveram confirmação laboratorial e 18% foram confirmados por critério clínico-epidemiológico. Entre os registros de chikungunya e zika a proporção de confirmação laboratorial foram 31% e 41%, respectivamente (Tabela 3).
Tabela 3. Casos notificados de dengue, chikungunya e zika segundo critério de confirmação e mês da notificação,
estado do Amazonas, setembro de 2019 a janeiro de 2020
Fonte: Sinan online e Sinan Web. Base de dados de 15/01/2020.
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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES
Agravo Critério de
confirmação
2019 2020 Total
setembro outubro novembro dezembro janeiro N %
Casos de dengue Laboratório 209 798 1,022 526 230 2,785 50.49%
Clínico Epidemiológico 88 195 253 362 103 1,001 18.15%
Em investigação 28 44 356 788 514 1,730 31.00%
Subtotal 325 1,037 1,631 1,676 847 5,516 100.00%
Casos de chikungunya
Laboratório
1
1
1
4
6 13 31.00%
Em investigação
9 3 2 10
5 29 69.00%
Subtotal
10
4
3
14
11 42 100.00%
Casos de zika Laboratório 2.00 1.00 1.00 1.00 5.00 41.67%
Em investigação 2.00 1.00 2.00 1.00 1.00 7.00 58.33%
Subtotal 4.00 2.00 2.00 2.00 2.00 12.00 100.00%
Os municípios de Tabatinga, Manaus, Carauari e São Gabriel da Cachoeira enviaram o maior número de amostras processadas pelo LACEN. Em 46% das amostras os resultados foram reagentes/detectáveis e a média de amostras com resultados inconclusivos foi de 2% (Figura 6).
III. VIGILÂNCIA E DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Figura 6. Distribuição espacial do número de exames laboratoriais para diagnóstico da dengue no estado do Amazonas,
setembro de 2019 a janeiro de 2020
SAO GABRIEL DA CACHOEIRA
PRESIDENTE FIGUEIREDO
SAO PAULO DE OLIVENCA
SANTO ANTONIO DO ICA
BENJAMIN CONSTANT
MANACAPURU ITACOATIARA
PARINTINS
CARAUARI
EIRUNEPE
HUMAITA
CODAJAS
MANAUS
LABREA
ENVIRA
TEFE
© 2020 Mapbox © OpenStreetMap
Resultado do ExameReagente/Detectável
Não Reagente/Não Detectável
Inconclusivo/Indeterminado
Total de exames1
200
400
600
838
06
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES
Figura 7. Distribuição espacial do número de exames laboratoriais para diagnóstico da dengue no estado do Amazonas,
setembro de 2019 a janeiro de 2020
Com relação às amostras processadas para diagnóstico de chikungunya, o maior número de amostras processadas pelo LACEN-AM também foram dos municípios de Tabatinga, Manaus, Carauari e São Gabriel da Cachoeira. Entre as amostras cadastradas pela triagem do LACEN-AM no período de setembro de 2019 a janeiro de 2020, 100% dos resultados foram não detectável ou não reagente (Figura 7).
SAO GABRIEL DA CACHOEIRA
PRESIDENTE FIGUEIREDO
BENJAMIN CONSTANT
ITACOATIARA
TABATINGA
PARINTINS
CARAUARI
EIRUNEPEHUMAITA
CODAJAS
MAUES
TEFE
© 2020 Mapbox © OpenStreetMap
ResultadoNão Detectável
Não Reagente
Número de registros1
20
40
60
80
90
Os municípios que enviaram maior número de amostras para diagnóstico de zika foram Manaus, Tabatinga e Carauari. Entre as amostras cadastradas pela triagem do LACEN-AM no período de setembro de 2019 a janeiro de 2020, 100% dos resultados foram não detectável ou não reagente (Figura 8).
Figura 8. Distribuição espacial do número de exames laboratoriais para diagnóstico da dengue no estado do Amazonas,
setembro de 2019 a janeiro de 2020
SAO GABRIEL DA CACHOEIRA
PRESIDENTE FIGUEIREDO
BENJAMIN CONSTANT
RIO PRETO DA EVA
ITACOATIARA
TABATINGA
PARINTINS
CARAUARI
EIRUNEPE
HUMAITA
CODAJASMANAUS
ENVIRA
MAUESBORBA
TEFE
© 2020 Mapbox © OpenStreetMap
ResultadoNão Detectável
Não Reagente
Nulo
Número de registros1
50
100
125
06
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES
IV. MAPA DE VULNERABILIDADE
Considerando as condições de vulnerabilidade para ocorrência de dengue (índice de infestação predial, incidência de dengue e densidade populacional), os municípios com alto risco de epidemias são: Carauari, Guajará, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Benjamin Constant, Humaitá, Tefé, Borba, Itacoatiara, Manaus, Parintins, Boca do Acre, Maués, Nova Olinda do Norte, Novo Airão, Novo Aripuanã e Tapauá (Figura 9).
Figura 9. Mapa de vulnerabilidade para ocorrência de dengue no estado do Amazonas, janeiro 2020
V. REFERÊNCIAS
1. Ministério da Saúde. Guia De Vigilância Em Saúde 3 edição [Internet]. Brasília - DF: Ministério da Saúde do
Brasil; 2019. p. 1–740. Available from:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_volume_unico_3ed.pdf