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1
Voz do Movimento “Um informativo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Baixo
Sul da Bahia” ANO I – N° 1 – ABRIL/2012
Boletim
“Abril Vermelho”
-No mês de abril o MST pinta de vermelho o
calendário com várias ocupações e
mobilizações. A Regional Baixo Sul trouxe
para esse mês a construção de novos
acampamentos e diversas ocupações de
norte a sul da região. -
- Veja os melhores
momentos da Ocupação
em Salvador na Galeria
de Fotos –
Página. 06
-Veja um pouco da arte
produzida nos
Acampamentos e
Assentamentos. –
Página. 07
-O que aconteceu no
Abril Vermelho? “Voz
do Movimento” vai te
contar! –
Páginas 03,04 e 05
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Boletim Voz do Movimento – Abril/2012
EXPEDIENTE:
Capa: Coletivo de Juventude, Comunicação e Cultura - Regional Baixo
Sul/BA Textos e Galeria de Fotos: Setor de Comunicação e Cultura –
Regional Baixo Sul/BA Edição: Revisão: Edição de Imagens: Wesley Lima
Diagramação: Wesley Lima Contatos: [email protected] /
www.vozdomovimento.blogspot.com
EDITORIAL
Nascido da necessidade de
se comunicar com a
militância e com as diversas
famílias acampadas e
assentadas no Baixo Sul
baiano, o Boletim Voz do
Movimento vem da voz
aqueles que estão calados
pelo sistema capitalista.
Infelizmente, vivemos em
um país onde poucos
controlam os meios de
comunicação.
interesses. Que interesses
são esses? Interesses
capitalistas. O interesse do
simples LUCRO, do ganhar
dinheiro.
O Boletim Voz do Movi-
mento quer se comunicar
com você trabalhador da
cidade e principalmente com
os trabalhadores rurais.
Nesta primeira edição, em
pleno Abril Vermelho, trago
para você querido leitor, as
diversas ocupações e
mobilizações feitas na Bahia
e claro, no Baixo Sul.
Ocupações que relembram
com muita dor o massacre
ocorrido em Eldorado dos
Carajás, Pará, que durante
uma ocupação de terra cerca
vinte e um trabalhadores
rurais foram mortos
covardemente pela polícia e
muitos outros estão
desaparecidos.
Queremos trazer para estas
paginas o clamor por justiça,
igualdade social e Reforma
Quem somos? O que queremos?
Agrária. Pois, foi
representando esta luta que
aqueles trabalhadores foram
mortos. O luto é
indiscutível, por isso que
vários trabalhadores rurais
ligados ao MST querem
pintar o mês de abril de
vermelho.
A Voz do Movimento presta
seu luto e muita força para
aqueles companheiros e
companheiras que estão de
cabeça erguida, gritando,
lutando por aquilo que lhes é
de direito.
Reforma Agrária!Por
Justiça Social e Soberania
Alimentar.
Coletivo de Juventude e
Comunicação – Regional
Baixo Sul/BA
Queremos trazer paras
estas páginas o clamor
por justiça, igualdade
social e Reforma
Agrária.
(...) o Boletim Voz
do Movimento vem
da voz aqueles que
estão calados pelo
sistema capitalista.
Ou seja, quando ligamos a
TV ou lemos um Jornal,
estamos absorvendo
informações repletas de
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Boletim Voz do Movimento – Abril/2012
ACONTECEU NO ABRIL VERMELHO
Na madrugada do dia 08,
domingo, cerca de 150
famílias ligadas ao MST
(Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) ocuparam a Fazenda
Norla, mais conhecida na
região como Fazenda
Mamão, localizada entre os
municípios de Igrapiúna e
Camamu. A desapropriação
daquelas terras para fins de
Reforma Agrária é o que
motivou a ocupação.
Para Wilson Pianissola, um
dos coordenadores do MST
na região, as terras da
fazenda não estão
cumprindo sua função
social, ou seja, estão
improdutivas e nada mais
justo do que a
desapropriação desse espaço
para garantir alimentos
saudáveis às famílias que
estão nesta ocupação.
Famílias ocupam fazenda na Costa
do Dendê A proprietária da fazenda,
Neli Guine, juntamente com
seu assessor entrou em
contato com os integrantes do
movimento e estão
negociando pacificamente.
Mediante o ato, surge na
entrada da fazenda um
acampamento titulado com o
nome Luana Carvalho. Neste
espaço as famílias acampadas
aguardam a vistoria das terras
pelo Incra (Instituto de
Colonização e Reforma
Agrária) e conseqüentemente
a desapropriação da fazenda.
Teolândia: Famílias sofrem ameaças em Ocupação
Na manhã do dia 12 cerca de
60 famílias vinculadas ao
MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) ocuparam a Fazenda
Ocobal, localizada na Região
do Algodão no município de
Teolandia - BA. No intuito de
gerar soberania alimentar a
cada pessoa envolvida neste
ato, os integrantes do MST
montaram acampamento na
cede da fazenda.
A Fazenda Ocobal pertence
a Dedé de Marães, porém a
mesma encontra-se nas mãos
de seus oito filhos, os supostos
herdeiros.
De acordo com Edimael, um
dos coordenadores do MST na
região, quando a fazenda foi
ocupada os herdeiros se
dirigiram até a cede e
ameaçaram os integrantes do
movimento para desocuparem
a localidade, porém não
sairemos até conseguimos uma
negociação com os órgãos
responsáveis.
Aparentemente a fazenda
encontra-se improdutiva.
Existem muitas capoeiras e o
pouco plantio de cacau está
perdido pelo matagal.
Se os herdeiros entrarem em um
acordo com o movimento, os
integrantes do MST aguardam o
Incra (Instituto de Colonização e
Reforma Agrária) para realizar
os tramites legais e a
desapropriação da fazenda.
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Boletim Voz do Movimento – Abril/2012
ACONTECEU NO ABRIL VERMELHO
Fazenda é
ocupada em
Aurelino Leal Tendo como finalidade a
desapropriação de terras
improdutivas para fins de
agricultura familiar, cerca de
50 pessoas ligadas ao MST
(Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) ocuparam na tarde do
dia 13 a Fazenda Boa
Lembrança, localizada no
município de Aurelino Leal,
interior da Bahia.
A fazenda pertence a
Zezinho Mendes, tendo
como únicos trabalhadores
nove meeiros.
O gerente da Fazenda foi o
único que negociou com os
acampados. O mesmo
afirmou que já esperava a
ocupação por conta do
descaso e o abandono da
fazenda.
Os integrantes do MST
receberam o apoio de alguns
meeiros que pretendem se
unir ao movimento e se
acampar para receber um
pedaço de terra quando for
desapropriada.
Enquanto não é dada uma
resposta positiva para os
Sem Terras, os mesmos
encontram-se acampados
próximos a cede da fazenda.
Portanto, resta-se esperar
que o Incra (Instituto de
Colonização e Reforma
Agrária) possa realizar a
vistoria da fazenda para fins
de Reforma Agrária.
Fazenda Cabaíba é ocupada
Na tarde do dia 16, cerca de 75
famílias ligadas ao MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) ocuparam a
Fazenda Cabaíba. No intuito de
desapropriar a terra para fins de
Reforma Agrária, as famílias se
acamparam na sede da fazenda.
De acordo com Maria Lia, uma
das coordenadoras do
movimento na região, as famílias
estão lutando por aquilo que lhes
é direito, o acesso a terra. E não
importa quais são as
circunstâncias, as famílias
querem trabalhar e a terra será
um espaço para construir a
soberania alimentar de cada
família.
O proprietário da fazenda, Paulo
Magalhães, mandou um assessor
até a localidade para negociar. O
assessor chegou até a cede da
fazenda com a polícia, porém,
não houve nenhum tipo de
confronto e as negociações estão
sendo encaminhas de forma
pacifica pelo proprietário.
Fazenda em Valença é Ocupada
No intuito de gerar trabalho e
soberania alimentar, na
madrugada do dia 27 cerca de 70
famílias ligadas ao MST
ocuparam a fazenda Lagoa
Dourada no município de
Valença, interior da Bahia.
A ocupação aconteceu de
maneira pacifica. O Proprietário
Renaldo Magalhães, até o
momento não deu nenhum
depoimento sobre o fato. Porém,
os trabalhadores que estão na
fazenda marcaram uma reunião
entre as famílias e o proprietário.
Para os integrantes do MST, a
fazenda esta em completo
abandono e é mais do que justo a
desapropriação dessas terras para
fins de Reforma Agrária.
As famílias montaram
acampamento em frente à
fazenda e só sairão daquele
espaço enquanto o proprietário
negociar com o Incra (Instituto
de Colonização e Reforma
Agrária) a desapropriação da
fazenda.
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Boletim Voz do Movimento – Abril/2012
Galeria de fotos ACONTECEU NO ABRIL VERMELHO
Trabalhadores desocupam o Incra/BA após grandes negociações
Após onze dias acampados
na cede do Incra, cerca de
dois mil trabalhadores
ligados ao MST, MTD,
CETA e Pastoral Rural,
desocuparam o Órgão
Público. Esta ocupação
ocorreu em todos os estados
brasileiros no intuito de
cobrar agilidade do Governo
Federal no processo de
Reforma Agrária no Brasil.
Por meio das ocupações a
nível nacional, os
Movimentos Sociais
conquistaram a liberação de
apenas 100 milhões de reais.
Para o estado baiano será
designado 20 milhões de
reais, que de acordo aos
movimentos sociais
envolvidos na ocupação, não
é o suficiente para suprir as
necessidades das áreas de
Reforma Agrária existentes
na Bahia.
Nólia Oliveira, uma das
Coordenadoras do CETA,
acredita “que é importante
que os movimentos lutem
juntos (...). As nossas ações
foram ótimas e mostramos
que não viemos brincar.”
A superintendência do Incra
na Bahia teve uma reunião
com o Presidente do Incra.
Nesta reunião foi discutidos
pontos que visão as áreas de
Assentamentos e
Acampamentos. Neste caso,
houve um acordo em liberar
professores da UFBA
(Universidade Federal da
Bahia) e outros.
Nas Oficinas foram
discutidos temas que de
alguma maneira, fazem
referência ao Trabalhador
Rural, como: o Trabalho
escravo no campo; Saúde,
educação, esporte e lazer;
Teatro; Gênero; entre outros.
Ocorreu também uma
gincana, coordenada pelos
educadores da Ciranda
Infantil. Neste espaço as
crianças participaram de
brincadeiras educativas, que
contribuiu para o processo
de formação durante o
período de ocupação.
Lazer
Nos dias de ocupação os
movimentos sociais
desenvolveram espaços de
lazer para os Trabalhadores,
com o objetivo de agitar os
acampados a permanecerem
na luta.
Houve o Cinema da Terra
que trouxe filmes que fazem
referência ao camponês e
noites culturais, nas quais os
próprios trabalhadores
animaram a noite, cantando
músicas populares, como:
samba de roda, MPB e forró
pé de serra.
recursos para a desapropriação
de terras, obras e créditos nos
assentamentos do semi-arido.
De acordo com Marcos Neres,
Superintendente do Incra/BA,
“Este é um compromisso
assumido por nós.
Trabalharemos para que todas as
ações voltadas as áreas de
Reforma Agrária sejam
realizadas e que 2012 seja
melhor que 2011”.
Para Marcio Matos, um dos
Coordenadores do MST/BA, “A
prioridade do Incra deve ser
desapropriar terra para as
famílias acampadas. Nossas
negociações foram longas mas
conseguimos avanços. A luta é o
único instrumento para
conseguirmos a vitória. A luta
não para”.
Um espaço para o estudo
Durante a ocupação os
Trabalhadores Rurais
participaram de oficinas. Estas
oficinas tinham como objetivo
criar um espaço de troca de
aprendizagem. Além de estarem
reivindicando diante dos órgãos
públicos, os movimentos sociais
acreditam que o estudo é
essencial para luta da classe
trabalhadora.
Para a realização das oficinas
houve a contribuição voluntária
de algumas entidades que apoiam
a luta dos movimentos, como: o
Movimento Estudantil,
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Boletim Voz do Movimento – Abril/2012
Reforma Agrária é Assim
Precausa de nós sofrê iguá o boi na manjarra, samo
abrigado a fazê Reforma Agrária na marra, pra neto,
pra fio e pai a Reforma Agrária sai, que achem bom
ou que achem ruim, seja na guerra ou na opaz, seu
doto a gente faz Reforma Agrária é assim.
Patativa do Assará
Galeria de Fotos
Ocupação ao Incra/BA-Salvador
Galeria de fotos
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Boletim Voz do Movimento – Abril/2012
AGENDA
Arte popular
Maio
04,05 e 06 – Aniversário de 15 anos do
Assentamento Paulo Jackson/Local:
Assentamento Paulo Jackson;
18,19 e 20 – Encontro Intersetorial
Regional/Local: Brigada Vale do
Jequiriça;
DATAS HISTÓRICAS
01 - Dia Internacional do Trabalhador;
02 - Morre o educador Paulo Freire, 1997;
05 - Nascimento de Karl Marx, 1818; Dia
da Comunicação;
15 – Surgimento do Jornal Sem Terra,
1981;
Quer ver sua produção artística
nesta página? SIM?
Mande para
ESPERAMOS POR VOCÊ!
“Na luta de classes todas as
armas são boas:
PEDRAS,
NOITES e
POEMAS.”
Paulo Leminsk
Por causa de famílias
exploradas
Expulsas da terra
A CPT começa organizar
o povo
O povo sem-terra
A partir de 1979
Começam surgir
ocupações
Em Rio Grande do Sul
Mas sem nenhumas
preocupações
De se criar um movimento
De início
A luta pela terra não era
fácil
Dias de amargura
Momento de insegurança
Tempo de Ditadura
Militares sem pena e sem
dó
Comandado pelo Tenente
Curió
O povo não desiste
Parece coisa do destino
Esse povo de qual eu falo
É o povo da Encruzilhada
Natalino
A luta vai em frente
Surgem ocupações a todo
lado, a todo o momento
A solução era a não ser
Em criar um movimento
Até que em janeiro de
1984
Cascavel Paraná
Lutando por justiça e pela
terra
Surge o MST
Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra
Durante esses 25 anos
Tivemos várias conquistas
MST 25
anos
Foram escolas e
assentamentos
Vários cursos...
Resgatemos uma parte
de nossa cultura
Uma parte de nossa
história
Temos nossa própria
escola
Respeitada e
reconhecida
Formando novo cidadão
Preparado para vida
Fazer parte dela
É uma emoção
É sentir o coração batê
Essa escola de qual eu
falo
É a Itinerante, conquista
do MST
Falta unir campo e
cidade
Se queremos
transformar
Unir forças para não ter
perigo
Os nossos inimigos
vamos derrubar.
“Pedro Francisco
Bagatin”
Latuff
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Boletim Voz do Movimento: Participe você também da construção desse trabalho coletivo!
Mande seu comentário para o email: [email protected] e acesse o nosso blog: www.vozdomovimento.blogspot.com
“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.”
(Ernesto Che Guevara)
Campanha Permanente Contra os
Agrotóxicos e pela Vida
Participe dessa campanha para acabar
com os agrotóxicos!
Você conhece a “Via Campesina”?
NÃO?
ACESSE: www.viacampesina.org
VIVA AOS 25 ANOS DO MST NA BAHIA!
Venha participar você também desta festa.
Saiba mais pelo email: [email protected]
Site: www.mst.org.br