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Debate Leonardo Boff x Dom Estvo Bettencourt (Ano 1996)14. setembro 2007 8 comments Categories: Teologia

Duas vises da mesma IgrejaNo centro de nova polmica, a Teologia da Libertao debatida por Leonardo Boff e Dom Estvo Bettencourt

CELINA CRTESFonte: JORNAL DO BRASIL Domingo, 18 de Fevereiro de 1996 Caderno B

A doutrina conhecida como Teologia da Libertao (TL) sofreu um duro golpe no ltimo dia 5, quando, em sua viagem por pases da Amrica Central, o Papa Joo Paulo II declarou que, com a queda do comunismo, caiu tambm a Teologia da Libertao. Preocupada com uma prtica que busque solues para a injustia social na Amrica Latina, a corrente progressista chegou a ser vista como uma ameaa de desmembramento dentro da Igreja. Por isso, seu maior defensor no Brasil, o telogo franciscano catarinense Leonardo Boff, 57 anos, acabou condenado a passar 11 meses em silncio, em 1985, sob a acusao de duvidar da origem divina da hierarquia catlica em seu livro Igreja, carisma e poder (1981). Segundo Boff, que abandonou a batina, o processo que

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culminou com a punio teve a intensa participao do monge beneditino carioca Estvo Bettencourt, 76 anos, identificado com o setor mais conservador da Igreja. Agora, com a recente manifestao do papa sobre a Teologia da Libertao, Boff e Dom Estvo aceitaram com grande entusiasmo a proposta de que fosse realizado um debate sobre o tema, via fax. Na troca de perguntas e respostas, publicadas abaixo e na pgina 5, Dom Estvo acusa a TL de ter provocado uma debandada de fiis. Boff contra-ataca criticando o que chama de Igreja hierrquica. No debate, cada qual defende, a seu modo, a opo da Igreja pelos pobres.Leonardo Boff pergunta a Dom Estvo

- O papa escreveu numa carta aos bispos, em 1986, que a Teologia da Libertao (TL) no s oportuna mas til e necessria e representa uma nova etapa da reflexo teolgica. Agora, 10 anos depois, segundo os jornais, diz que esta teologia desapareceu com a morte do socialismo. O papa no pode estar contra o papa. Como o senhor entende essas opinies contrrias?

A afirmao acima no pode ser desvinculada do seu contexto. Ora, o contexto em foco o seguinte: aps convidar os bispos do Brasil a procurar respostas coerentes com os ensinamentos do Evangelho, da Tradio viva e do perene Magistrio da Igreja, diz o papa: Estamos convictos () de que a Teologia da Libertao no s oportuna, mas til e necessria. Ela deve constituir uma nova etapa em estrita conexo com as anteriores daquela reflexo teolgica iniciada com a tradio apostlica e continuada com os grandes padres e doutores, com o Magistrio ordinrio e extraordinrio e, na poca mais recente, com o rico patrimnio da Doutrina Social da Igreja (DSI) expressa em documentos que vo da Rerum Novarum Laborem Exercens. Poucos meses aps tal carta, o papa a mencionava em Bogot e dizia: Quis recordar que a Teologia da Libertao deve desenvolver-se em sintonia e sem rupturas com a Tradio teolgica da Igreja e de acordo com a sua Doutrina Social. A prova de que a controvertida TL no atende a essas exigncias a Instruo Libertatis Nuntius (6/8/84), que aponta os aspectos nevrlgicos da TL. Na verdade, h vrias modalidades de TL, a comear pela de So Paulo, que paradigmtica e prega a libertao do gnero humano escravizado pelo pecado; esta a TL autenticamente crist, sendo a instaurao da justa ordem social um corolrio de tal doutrina. Por conseguinte, quando o papa afirma que a TL outrora controvertida est extinta, ele no se contradiz.

Dom Estvo pergunta a Leonardo Boff

- Como justificar o recurso da Teologia da Libertao anlise marxista, que materialista e atia? A rvore m no pode dar frutos bons (Mt 7,18). O atesmo no pode contribuir para elaborar uma sntese de f.

- Os telogos da libertao nunca assumiram o marxismo como uma cosmoviso unitria, explicativa do homem, do mundo, de corte declaradamente atia. Seguiram o Papa Paulo VI na encclica Octogesima Adveniens de 1971, que acolhe distines no marxismo, como uma prtica de luta de classes, como forma de governo de partido nico, como maneira de organizao da sociedade de molde socialista e, por fim, como um mtodo de anlise social e poltica. Muitos telogos da libertao, nem todos, assumiram vrias categorias da tradio marxista, seja de Marx (a importncia do econmico na compreenso da sociedade, a mercadoria como fetiche, a categoria da alienao etc), seja de Gramsci (a importncia do poltico, do bloco histrico, a funo positiva da religio na formao da conscincia libertria), seja no marxismo acadmico francs (Althusser). Estas categorias nos permitiram ver com clareza a irracionalidade e a desumanidade do sistema do capital. Marx deixou-nos evidente que o pobre no um pobre, mas um empobrecido e um oprimido, lio que os papas recentes e os bispos latino-americanos em Puebla (1979) tardiamente tambm aprenderam. Lio que no devemos esquecer nos dias de hoje, ofuscados pelo neoliberalismo que, para garantir seu nvel de acumulao mundialmente integrado, custa ao grande Sul uma Hiroxima-Nagasaki a cada dois dias. A anlise vale pela luz que ela produz, no pelo fato de ser atia ou testa. Prefiro mil vezes um mdico ateu e bom que



me cura do que um mdico mui cristo e incompetente que me mata. O Esprito Santo falou por Marx, pois, como disse So Toms de Aquino, repetindo uma longa tradio: Qualquer verdade, seja quem for que a diga, provm do Esprito Santo atravs de quem a fala. Pobre seria a sntese crist que no aprendesse nada de Marx nem incorporasse as verdades que por ele o Esprito nos disse. No assim pensou o Papa Xisto V, que mandou colocar um obelisco egpcio bem no centro da Praa de So Pedro com os seguintes dizeres: Xisto V, Pontfice Mximo, mandou transportar com muita fadiga at a S dos Apstolos este obelisco vaticano, que outrora fora dedicado ao mpio culto dos deuses pagos.

Impasse entre Boff e Estvo

Nas perguntas e respostas a seguir, Dom Estvo Bettencourt e Leonardo Boff discutem uma questo aparentemente velha mas atualssima: de que forma a Igreja pode contribuir diante do quadro de desigualdade social. Para Dom Estvo, a Teologia da Libertao (TL), ao filtrar sua teoria luz do marxismo, distanciou o povo da Igreja. S se ouviam discursos de ordem poltica, provocadores do dio, diz o telogo, para quem no necessrio se filiar TL para responder problemtica social. Basta conhecer o Evangelho e proceder de acordo, resume.

J Leonardo Boff critica o paternalismo e o assistencialismo da Igreja. Ela faz muito para os pobres mas muito pouco com os pobres e quase nada a partir dos pobres. Segundo Boff, o importante que o povo seja sujeito de sua prtica social e, para tanto, a libertao espiritual tem que envolver tambm uma libertao econmica, cultural e poltica. E parafraseando Jesus Cristo, sintetiza: O mais importante a justia, depois o pagamento dos dzimos da Lei.Leonardo Boff pergunta a D. Estvo

- Haja ou no Teologia da Libertao, inegvel que os pobres esto a e aumentam em nvel mundial. Pobreza, bem disseram os bispos latino-americanos em Puebla, em 1979, no uma etapa casual mas o resultado de determinadas estruturas econmicas, sociais e polticas. Isso foi dito por Marx um sculo antes. Portanto, pobreza empobrecimento, opresso. eticamente uma injustia e teologicamente um pecado social. E se pecado, tem a ver com Deus e contra Deus. O oposto opresso a libertao. Os cristos, por seu iderio, devem ter uma prtica de libertao. E quando criam a teoria desta prtica nasce a Teologia da Libertao. O que o senhor pensa disso?

- Quer aceitemos ou no, h um fato inegvel: a Teologia da Libertao aproximou muito os bispos, padres, religiosos e leigos do mundo dos pobres. Por causa da prtica libertadora, a Igreja latino-americana a nica atualmente que tem mrtires, desde arcebispos como Dom Romero at simples leigos que foram seqestrados, torturados e mortos. Sempre se entendeu o martrio como o grande argumento da veracidade da opo dos cristos. Parece que as autoridades do Vaticano tm dificuldade em reconhecer esse testemunho. Como interpreta tal hesitao?

Data venia, contesto a afirmao. Abstrao feita de casos particulares, verificamos que a TL provocou divises no povo cristo. Os respectivos telogos puseram-se a falar de Igreja que nasce do povo, ou Igreja popular em oposio hierarquia. A oposio se verificou nitidamente nos encontros das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Em Canind, por exemplo, em julho de 1983, os militantes diziam que opo pelos pobres significa povo unido e povo unido sifnifica opo de classes: povo unido indica tambm uma nova prtica que revela o conflito social, que tem como funo pedaggica desmascarar ou ento revelar a opo de classe. Em Trindade (GO), em 1986, dizia um militante: CEBs somos ns. Vamos acabar com a hierarquia eclesial. Ao que outro respondeu: No o caso de acabar com a hierarquia; os bispos e os padres devem se converter ao povo. As CEBs nem sempre quiseram romper os laos com a hierarquia, mas fizeram questo de que a hierarquia estivesse do lado delas. Leonardo Boff resumiu seu pensamento numa frase: O importante no saber se h povo sem bispos, mas se h



bispos sem povo. Quanto aos mrtires, notemos que o conceito bblico e clssico de martrio morte em testemunho da f (in odium fidei, por causa do dio f da parte dos algozes). Ora, podemos dizer que os mrtires da Amrica Latina no morreram por professarem a f crist, odiada por seus carrascos; morreram sim por causa de opo scio-poltica (compatvel com o atesmo) contrria a outra opo scio-poltica (da ordem constitucional vigente).- O senhor no acha que as idas e vindas do Vaticano com referncia Teologia da Libertao, que d centralidade s causas dos pobres, e s reticncias face opo preferencial pelos pobres contra a sua pobreza, no acabam por escandalizar os pobres e finalmente confirmam a idia ou o preconceito de que a Igreja hierrquica, contra-revolucionria e conservadora, mais perto dos palcios dos Csares do que da barca do pobre Pedro?

- Durante os anos em que se debateu a TL, os pobres debandaram maciamente da Igreja, apesar da propalada opo preferencial pelos pobres. Estes iam Igreja sequiosos de ouvir uma palavra sobre Deus e os valores espirituais (dos quais os pobres noa so menos famintos que os demais homens), mas s ouviam discursos de ordem poltica, provocadores do dio, da desconfiana, da luta Muitos se escandalizaram com a politizao geral do Cristianismo, com os abusos cometidos na Liturgia, com o teor passional dos cantos pastorais, com o contedo dos sermes (que jogavam uns contra os outros), com a perda de identidade de quem devia dar a nota religiosa s assemblias de culto A Igreja no favorvel ao uso da violncia para a reforma social, pois violncia gera violncia. O papa tem representado a Igreja com brio, visto ser o nico lder mundial que nos cinco continentes encontra audincia atenta (ver Filipinas em janeiro de 1995, onde trs milhes de jovens se reuniram); de maneira simples, sem estilo de pa- lcio dos Csares. Como verdadeiro sucessor de Pedro, mas em tom vigoroso, tem pregado a renovao da sociedade, preconizando, antes do mais, a converso dos coraes sem a qual a reforma das estruturas ser sempre v.

D. Estvo pergunta a Leonardo Boff

- Como entender um Cristianismo arreligioso, em que a orao, a missa e os sacramentos no so a parte mais importante Um Cristianismo que no confere um sentido objetivo e sobrenatural luta popular, mas a luta popular que d sentido f? (Cf. Clodovis Boff, Do poltico, pp. 102-107).- Dom Estvo cita e resume mal a opinio de meu irmo, tambm telogo, Clodovis. Permito-me cit-lo e depois entro nos mritos do debate: Quando lutamos pelos homens, sobretudo pelos oprimidos, lutamos por Ele, Deus, quer saibamos, quer no. Ento, no a presena dos cristos que confere a um movimento histrico seu carter sobrenatural. Depende da retido tica de seus agentes. A presena da salvao na libertao histrica objetiva Toda histria humana se desenrola dentro da ordem da salvao, ou seja, sob o signo real da salvao oferecida desde sempre e que os homens aceitam ou rejeitam atravs de suas prticas No a f que confere um sentido sobrenatural ou divino luta. o inverso que ocorre: esse sentido objetivo e intrnseco que confere f sua fora (Da libertao, Vozes 1980, 106-107). Vamos traduzir em palavras simples este dialeto teolgico. Deus empapa a histria. Est sempre presente e atuante em sua criao e nas prticas humanas. Por a vai realizando seu desgnio em articulao com os desgnios humanos. Assim, se Fidel Castro ou Mao Tse-Tung por suas revolues conseguem mais vida e meios de vida para suas populaes, como sade, educao, lazer, justia e beleza, significa que bens do Reino de Deus, dimenses do desgnio divino se realizaram, quer eles queiram ou no, quer creiam ou no. O contedo divino ou sobrenatural (no gosto desta palavra porque ambgua e uma criao da teologia recente, Toms de Aquino nem conhece esta categoria) est garantido pela retido de tais prticas polticas. Por isso um confrade do Mosteiro de So Bento, Dom Marcos Barbosa, podia poetar em boa teologia: Varredor, que varres a rua, tu varres o Reino de Deus. Mas essa libertao no integral porque no incorpora a explicitao de sua ltima origem em Deus. Por isso os telogos da libertao podem dizer com acerto: o mais



importante no a Teologia da Libertao, mas a libertao concreta dos oprimidos. Mas a integralidade comporta a libertao e a expresso de seu momento tambm divino ao lado do momento popular, econmico, poltico, cultural No disse outra coisa Jesus quando advertiu os fariseus: o mais importante a justia, a misericrdia e a fidelidade, depois o pagamento dos dzimos da Lei. aquilo que importa fazer sem omitir isso (Mt 23,23).- Como explicar que, precisamente quando se apregoou a opo preferencial pelos pobres, os pobres comearam a abandonar a Igreja? Um economista comparou o fato lei da oferta e da procura: se a procura de Deus no encontrava resposta na pregao da Teologia da Libertao, a demanda se voltou para instncias no catlicas.

- A opo preferencial pelos pobres quer superar o clssico paternalismo e assistencialismo eclesistico. Faz muito para os pobres mas muito pouco com os pobres e quase nada a partir dos pobres. Pela opo pelos pobres se pretende dar centralidade aos pobres. Eles no so apenas aqueles que no tm. Eles tm saber, experincia, sentido de luta e resistncia. Muito a Igreja clerical tem a aprender dos pobres. A libertao somente real se for feita pelos prprios pobres, a partir de sua perspectiva na medida em que se sentem sujeitos de sua prtica, ganham conscincia, se organizam e estabelecem prticas de transformao. A Igreja, os padres, os telogos e outros agentes orgnicos entram como aliados dos pobres, contra sua pobreza e a favor de sua justia. O importante que o pobre seja e se sinta sujeito de sua prtica social e eclesial. E aqui est a grande questo: na Igreja atual, hierrquica e clerical, os pobres no so sujeitos. Com os crculos bblicos, com a reflexo comunitria e com a Teologia da Libertao descobrem que na Igreja hierrquica que detm o monoplio das decises e das palavras que contam, eles no so reconhecidos em seus direitos e em suas responsabilidades. Os ministrios leigos no so ministrios leigos, so funes sacerdotais confiadas aos leigos porque h carncia de padres. Toda iniciativa tem que ser aprovada de cima. No sindicato contam e valem. Na comunidade crist no, porque so infantilizados e marginalizados. E ainda tm que engolir a falsificao clerical que a vontade de Deus e de Jesus, que na Igreja devem existir clrigos e leigos, mas o mando s cabe aos clrigos. Do-se conta que as mulheres no valem e que os direitos bsicos no so respeitados. Saem da Igreja hierrquica porque so bons cristos conscientes e denunciam o quo ruim a organizao piramidal deste tipo de Igreja. Na verdade no saem da Igreja. Ajudaram a criar outro modelo de Igreja, mais prximo de Jesus e da grande Tradio, a Igreja-comunidade de irmos e irms. Aqui eles encontram a satisfao de suas demandas religiosas. E ainda tm f de conviver em comunho com a Igreja hierrquica, na esperana de que ela um dia se converta ao Evangelho e ao povo. O economista citado pode ser um bom economista mas um analista fraco. As pessoas vo a instncias no catlicas porque a rigidez das igrejas histricas no lhes comunica um Deus vivo, mas demasiadas doutrinas e preceitos humanos.

- Como sustentar, aos olhos da razo, que o critrio da verdade a praxis ou a eficcia transformadora da sociedade? No equivale isto a esvaziar a prpria noo de verdade? A verdade tem caractersticas de perenidade e no contingente.

Os telogos da libertao no elaboraram uma teoria especfica da verdade. O que eles querem dizer algo profundamente tradicional e pertencente dogmtica da Igreja: no basta ter verdades e proclamar Senhor, Senhor e com isso construir uma bela teologia. O que salva o amor ou como diz um Conclio Ecumnico: veritas sicut opportet ad salutem consequendam, veritas caritate informata, verdade como necessria para conseguir a salvao, vale dizer, a verdade imbuda de amor. Caso contrrio o diabo (caso exista) estaria salvo. Ele conhece as verdades mais que os papas e todos os telogos. Mas no tem amor. Por isso est onde est, no mundo do sem-amor que o inferno. Esta viso supera todo o intelectualismo e obriga o Cristianismo a ser no uma ideologia ou cosmoviso, mas uma prtica transformadora do anti-Reino em Reino, de pecado em graa. Ento a verdade se veri-fica, quer dizer, fica verdadeira. Mas quero entrar num aspecto terico acenado por D. Estvo, ao dizer que a verdade no contingente, mas perene. Suspeito que esteja preso a um tipo de compreenso da verdade que no colhe dimenses importantes dela. Suspeito que para ele verdade seja a reta conformidade da representao com a



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coisa. Este aspecto importante, caso contrrio estamos no mundo da mentira. Mas verdade mais que este aspecto epistemolgico. H uma dimenso ontolgica, bem vista pelos gregos com sua noo de desvelamento (a-ltheia) e pela Bblia com seu conceito de revelao. Segundo isso, a verdade o processo de desvelamento e de revelao do ser, melhor, da presena do ser. Esta presena irradia e o ser humano vai captando historicamente o que consegue captar e o que esta presena entrega de si mesma. De mais a mais, a ontologia contempornea baseada na historicidade de todas as coisas (o tempo intrnseco aos seres e no extrnseco) e na constatao da moderna cosmologia, segundo a qual nos confrontamos sempre com sistemas abertos, inseridos na seta do tempo (Prigogine) de sorte que tudo est em gnese (cosmognese, antropognese, cristognese) e nada est acabado para sempre, mas continua cheio de virtualidades e nos sugere entender a verdade como um processo sempre de novo retomado de sintonia, conformidade e abertura ao que vai se revelando e emergindo. S no termo do processo temos a verdade em sua plenitude. Teologicamente podemos dizer: a verdade de alguma coisa sua conformidade com o desgnio de Deus sobre esta coisa. Ora, este desgnio no se revelou totalmente. S no termo do processo de criao verdade: E Deus viu que tudo era bom.

Fonte: JORNAL DO BRASIL Domingo, 18 de Fevereiro de 1996 Caderno B

Data Publicao: 14/09/2007

8 Comentrios

1.jefferson 20/09/2007 at 01:53

nao me lembro de ouvir discussoes sobre esse assunto na Igreja desde que passei a frequentar assiduamente, mas quero me deter a pergunta feita por D. Estevo a Leonardo Boff: (Como entender um Cristianismo arreligioso, em que a orao, a missa e os sacramentos no so a parte mais importante Um Cristianismo que no confere um sentido objetivo e sobrenatural luta popular, mas a luta popular que d sentido f?) realmente dificil entender como doutrinar um povo colocando em primeiro lugar a luta, seja ela em qual sentido for, e depois a oraao, a Santa Missa e os Sacramentos, se sao neles que buscamos fora para enfrentar os desafios que a vida nos oferece todos os dias. Por causa desta visao a Igreja Catolica Apostolica Romana tem perdido pessoas, que dizem que encontraram Jesus em outros lugares, porque muitas vezes damos mais importancia a coisas desnecessarias e deixamos o que realmente importa de lado, ou seja, nao observamos o que realmente pede a Santa Mae Igreja. Por esse motivo Sacramentos como Batismo e Matrimonio viraram um ato social, perderam o verdadeiro valor, a verdadeira importancia.

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2.Sidnei 20/09/2007 at 14:25



O problema que muitos colocam a carroa na frente dos bois, h quem haja que em primeiro lugar vem as lutas sociais, o combate a pobreza e a misria e a o povo se perde e se encaminham nas mais diversas direes, sobretudo na direo da liberao de tudo que vai contra as leis de DEUS, desde mtodos contraceptivos antinaturais, aborto, divorcio, liberalizao das drogas, do casamento homossexual, pena de morte, etc., etc., etc., em vez de colocar a DEUS, a orao o culto supremo institudo por JESUS CRISTO a santa missa em 1 lugar, pois como comentou o Jefferson da que tiramos nossas foras para lutar contra todo tipo de mau que ocorre neste mundo, fora e discernimento, para fazer as opes corretas para solucionar os problemas que nos envolvem, pois por meio da orao e dos sacramentos que DEUS por JESUS CRISTO nos orienta como devemos agir, por isto que a T.L um fracasso e muitos catlicos deixaram a Igreja para ir a outras denominaes religiosas pois T.L sempre colocou a carroa na frente dos bois, no uma atitude de alienao por optar por primeiro a orao e os sacramentos, mas uma atitude de inteligncia e de f, pois s assim que saberemos o que DEUS quer como aplicar isto em nossas vidas, garanto se todos agissem assim o mundo seria muito melhor mas infelizmente estamos vendo um mundo cada vez pior e pior ficar mais ainda, pois todos esto se apostatando de DEUS, s os que tem f que permaneceram em p, vigiemos e oremos, para que o SENHOR no nos surpreenda com sua chegada e quando chegar tomara que nos encontremos com f.

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3.Marcos Paulo 21/11/2007 at 16:06

No debate em foco, percebemos a clareza e lucidez de argumentos de D. Estvo, ao passo que Leonardo Boff (alis, como sempre) se mostra sem objetividade e clareza na exposio dos argumentos. na verdade, sua fama deriva de sua polmica e no de seus argumentos. Leonardo Boff se diz catlico mas no aceita os dogmas e o ensinamento da igreja catlica o que uma incoerncia irracional da parte dele.

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4.Ana 9/12/2007 at 03:19

Estamos vivendo numa poca onde pipoca linhas de pensamento aqui e ali; mesmo por parte de pessoas que se dizem catlicas. Mas h um meio infalvel para sabermos se estamos no caminho certo: verificando trs requisitos; o primeiro, se nessa linha de pensamento Jesus Deus, Filho de Deus feito homem, Salvador e Senhor de tudo e todos; segundo; se obecede ao Papa chefe da Igreja sucessor de Pedro escolhido por Jesus; terceiro: se caminha ao lado de Nossa Senhora me de Deus e nossa. Se todos estes itens forem satisfeitos o caminho est correto; se no, ainda que em apenas um deles, o caminho no est correto e os frutos confirmaro. E por frutos entendo que so aqueles inumerados na carta de So Paulo aos Glatas: amor, alegria, paz, pacincia, bondade, benevolncia, f, mansido e domnio de si; e no os citados por Boff: sade, educao, lazer, justia e beleza. A concluso que tiro depois de ter lido este debate que precisamos intensificar as nossas oraes e acima de tudo agradecer a Deus por dar sabedoria para seus escolhidos.

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5.Yuri 21/08/2008 at 01:11

S uma coisa falo(na minha pequenez): A teologia da libertao teve seu trunfo na valorizao do pobre e da pessoa humana e ainda, despertou o senso de necessidade de justia nas relaes humanas e a crtica de uma f mosaica. Mas que fique bem claro que essa teologia se tornou um movimento de cunho comunista, desligado do sentido da f crist. A teologia da libertao busca resolver as questes humanas no com as luzes dao verdade, mas com a foice marxista; sim, existe nesta teologia um materialismo semi-ateu caracterstico do socialismo. Em vez de colocar a sua base teolgica e acionria no Evangelho, coloca as suas bases no Partido Vermelho. Lembremo-nos que Jesus Cristo no era comunista fantico, se me permitem usar a expresso.Esse o erro da TL. Como j disse, outro erro proeminente a materializao das questes da f e da alma, dando impresso de que os problemas humanos so resolvidos apenas com armas na mo e revoltas bolcheviques.A TL tem sua razo de ser na alcunha fazer uma Igreja libertadora atravs dos oprimidos . Mas a mesma TL que afirma a libertao dos pobres no incentiva os mesmos a uma converso pessoal e a uma mudana dde rumo comeando pela alma, atravs do Parclito.Da se perde a ESSNCIA CRIST.Deve-se, isto sim , buscar criar nas pessoas um verdadeiro sentimento cristo de mudana e de partilha, a exemplo do Evangelho. Deve-se despertar a f dos cristos para que no faam a revoluco russa no Brasil, mas que criem condies para que a sociedade se torne Santa em Jesus, e no em Marx.A Igreja a assemblia do povo salvo e no o PCUS. Ah! Mao-Ts-Tung e Fidel no so santos! So pecadores!

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6.Yuri 21/08/2008 at 01:19

Marcos Paulo e Ana colocaram bem: Um erro fatal de Boff querer fazer uma igreja comunista e no agir dentro da Igreja. Aqueles que se afastam da Igreja Romana s encontram erro.Em vez de agir em conjuto com a Igreja, agiu em conjunto com o Partido comunista, ideologicamente. O mesmo erro de Lutero:agir fora da Igreja!Reply

7.Horminda 4/10/2008 at 04:17

Sou to pouco, mas tenho pena do Leonardo bof, e da teologia da libertao, na minha opinio eles teriam feito muito mais e melhor se tivesse se espelhado em So Francisco de Acis que mudou muita coisa na Igreja sem ferir ninguem, como DON Bosco e tantos outros



que viveram o Evangelho intensamente sem querer desmoralizar a Igreja, mas tiveram a amizade de Deus e do mundo, e fizeram e fazem tanto pelos pobres,como a cano nova ou o Padre Jonas que faz tanto bem sem prejudicar ninguem.Reply

8.Maria Aguiar 26/05/2010 at 00:46

Tenho misericrdia, muita compaixo deste pobre homem Leonardo, que se perdeu no caminho, negou sua f e seu sacerdcio.

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