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© Copyright by Zulemay Ramos © Copyright 2012 by Clube de autores Ltda. Responsabilidade Editorial :Clube do Livro Esta é parte da obra original que está sob a Licença Attribution-NoDerivs 3.0 Unported da Creative Commons.(licença de direitos autorais Internacional) não podendo ser reproduzida sem autorização ou créditos à autora.Para ver uma cópia desta licença,visite: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/ ou envie uma carta para Creative Commons, 444 Castro Street, Suite 900, Mountain View, California, 94041, USA. TEXTO NARRATIVO Quando se solicita uma narrativa em um contexto de exame vestibular, espera-se uma redação em que apareçam, de forma articulada, os elementos constitutivos desse tipo de texto. Isso porque construir um texto narrativo, não é meramente relatar um acontecimento ou, em outras palavras, não é apenas encarar fatos, produzindo uma história. Você já sabe que sua tarefa não será somente a de construir uma narrativa, mas de fazê-lo para atender à solicitação de um exame vestibular, em que habilidades específicas – tais como capacidade para selecionar e interpretar dados e fatos, de estabelecer relações e elaborar hipóteses – estarão sendo avaliadas. Sendo assim, ao ocupar-se da caracterização dos elementos constitutivos desse tipo de texto, você terá de levar em conta algumas exigências /informações da banca que determinam em parte esses elementos e que já são fornecidas na apresentação da proposta. É exatamente pelo fato de que a proposta delimita espaços autorizados para a criação ficcional que os textos narrativos podem ser avaliados segundo critérios objetivos. A esta altura você ainda sabe de que categorias narrativas nós estamos falando? Claro que sabe, mas sempre é bom recordar: narrador, personagem, enredo, cenário e tempo. Agora o importante é você refletir um pouco sobre o que significa caracterizar e desenvolver essas categorias narrativas. Vamos tentar ajudá-lo nesta tarefa. Comecemos pelo narrador. A afirmação mais óbvia que se pode fazer a respeito desta categoria é a de que toda história precisa ser contada por 1 ALUNO : PROFESSOR (a) Zulemay PRODUÇÃO DE TEXTO DATA:___/___/_____ Turma: Apostila 1ª U. L

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© Copyright by Zulemay Ramos © Copyright 2012 by Clube de autores Ltda. Responsabilidade Editorial :Clube do Livro Esta é parte da obra original que está sob a Licença Attribution-NoDerivs 3.0 Unported da Creative Commons.(licença de direitos autorais Internacional) não podendo ser reproduzida sem autorização ou créditos à autora.Para ver uma cópia desta licença,visite: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/ ou envie uma carta para Creative Commons, 444 Castro Street, Suite 900, Mountain View, California, 94041, USA.

TEXTO NARRATIVO

Quando se solicita uma narrativa em um contexto de exame vestibular, espera-se uma redação em que apareçam, de forma articulada, os elementos constitutivos desse tipo de texto.

Isso porque construir um texto narrativo, não é meramente relatar um acontecimento ou, em outras palavras, não é apenas encarar fatos, produzindo uma história.

Você já sabe que sua tarefa não será somente a de construir uma narrativa, mas de fazê-lo para atender à solicitação de um exame vestibular, em que habilidades específicas – tais como capacidade para selecionar e interpretar dados e fatos, de estabelecer relações e elaborar hipóteses – estarão sendo avaliadas. Sendo assim, ao ocupar-se da caracterização dos elementos constitutivos desse tipo de texto, você terá de levar em conta algumas exigências /informações da banca que determinam em parte esses elementos e que já são fornecidas na apresentação da proposta. É exatamente pelo fato de que a proposta delimita espaços autorizados para a criação ficcional que os textos narrativos podem ser avaliados segundo critérios objetivos. A esta altura você ainda sabe de que categorias narrativas nós estamos falando? Claro que sabe, mas sempre é bom recordar: narrador, personagem, enredo, cenário e tempo. Agora o importante é você refletir um pouco sobre o que significa caracterizar e desenvolver essas categorias narrativas. Vamos tentar ajudá-lo nesta tarefa.

        Comecemos pelo narrador. A afirmação mais óbvia que se pode fazer a respeito desta categoria é a de que toda história precisa ser contada por “alguém”; esse “alguém” que conta a história em um texto narrativo é chamado de narrador.

Ao se dizer que é o narrador quem conta a história em um texto narrativo, se está dizendo que é por meio dele que tomamos conhecimento do enredo, das características das personagens, da descrição dos cenários etc. Da mesma forma é igualmente importante atentar para as decorrências da escolha de um narrador. Quer ele seja fixado previamente pela proposta da banca, quer ele seja escolhido por você, há que se tomar muito cuidado com as consequências dessa determinação. Por exemplo, o grau de consciência que esse narrador pode ter das características (no caso, de personagens ou de cenário), ações, motivações etc., envolvidas na trama. Como você já sabe, esse grau de consciência depende muito de qual dos dois tipos de foco narrativo for adotado:

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ALUNO :

PROFESSOR (a) Zulemay Ramos PRODUÇÃO DE TEXTO DATA:___/___/_____

Turma: Apostila 1ª U. L

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narrador em 1ª ou 3ª pessoa. Se for em 3ª, ele pode saber tudo, se for em 1ª, depende da sua atuação dentro do enredo.

        Sobre as personagens, é muito importante pensar no que significa caracterizá-las, de fato. Você certamente já imaginou fisicamente algumas delas (altura, cor dos cabelos, dos olhos, etc.), mas uma boa caracterização de personagens não pode levar em consideração apenas aspectos físicos. Elas precisam ser verdadeiras representações de pessoas, e por isso sua caracterização é bem mais complexa, devendo levar em conta também aspectos psicológicos de tipos humanos. E isso, por sua vez, deverá estar sempre presente na sua cabeça quando você for trabalhar as ações das personagens dentro da trama que está criando. Ou seja, como acontece com as pessoas, o comportamento delas é em grande parte determinado por tais características psicológicas.         A presença obrigatória de elementos de cenário dentro de um texto narrativo não tem função de testar a capacidade do candidato de produzir trechos descritivos, descritivizados, ou sabe-se lá quais outras preciosidades de nomenclatura criadas a esse respeito. Na verdade, os cenários em uma narrativa devem ter uma função determinada no texto, ou seja, devem manter com a trama uma relação significativa. Explicando: o cenário não é apenas um palco onde as ações se desenrolam, mas deve integrar-se aos demais elementos da narrativa, por exemplo ao sustentar a presença de personagens, ao motivar ações específicas, ao fornecer indícios (pistas) sobre determinados acontecimentos etc.

        Assim como as personagens representam pessoas e os cenários, espaços físicos (naturais, ambientais, geográficos etc.), o tempo numa narrativa representa, justamente... o tempo. Óbvio? Deveria ser, mas grande parte dos problemas de verossimilhança dentro de textos narrativos são derivados da maneira como frequentemente se lida com essa categoria, tempo.

É muito comum, nas redações de vestibular ou não, o autor perder de vista o fato de que ele deveria estar, ficcionalmente, representando o transcurso de existência, de ações possíveis, no tempo. E ações e existências “consomem” tempo, na vida real. Portanto, por que não o fariam também no espaço ficcional? A orientação aqui, para se dar uma, é bastante simples: atenção para a maneira como os fatos, acontecimentos e ações das personagens se articulam no plano temporal, ou, em termos mais simples, atenção para o fato de que acontecimentos e ações têm, necessariamente, uma duração.

        Pulamos o enredo? Na verdade, não. Apenas deixamos para comentá-lo no final – e de passagem – por um lado porque é dele que você certamente tem a idéia mais bem formada (o enredo é a própria história); por outro, porque ele simplesmente não existe sem a caracterização e o desenvolvimento dos outros quatro elementos: o enredo é resultado da atuação das personagens em determinados cenários, durante certos períodos de tempo, tudo isso contado, para o leitor, por um narrador.

Um texto narrativo é organizado, geralmente em três partes:

Introdução – Apresenta a situação inicial, localiza a ação no tempo, no espaço e faz a descrição das personagens.

Desenvolvimento- Conta a ação propriamente dita.

Conclusão- Apresenta o desfecho da história.

Existem dois tipos de Narrativa:2

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A Narrativa Fechada- Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.

A Narrativa Aberta- Não apresenta conclusão.

A ação pode localizar-se:

No espaço (indica onde se passa a ação)Espaço onde as ações acontecem, onde as personagens se movimentam.É no espaço ou no cenário que as personagens são caracterizadas.É importante lembrar que não existe narração sem descrição.

No tempo (indica quando se passa a ação)

O tempo em que o fato vai está (Quando?) pode ser:

o Histórico (cronológico) Chamado também de linear, diacrônico, é mensurável e segue a organização do dia-a-dia. Tem o ritmo do calendário ou do relógio e pode, muitas vezes, ser apontado por situações adverbiais: à noite, naquela manhã, no outono de 1989. Outros índices temporais podem ser levados em consideração: durante a adolescência, por um instante.

o Psicológico (interior ou pessoal) Decorre "dentro" das criaturas. É sempre imaterial, não mensurável, particular. A única maneira de medi-lo é por meio de associações com a duração dos sentimentos. O autor é a pessoa que imagina ou lembra de um fato já ocorrido e escreve a história. Portanto, temos que ter em mente que em qualquer narrativa o enredo( o desenrolar da história) gira em torno de um fato e uma personagem que se desenvolve em um cenário.

Afinal, qual a diferença entre autor e narrador?

Autor (É um homem do mundo real)

Narrador (É um ser que pertence à história que está sendo narrada. Está claro que é um preposto do autor, mas isso não significa que defenda nem compartilhe suas idéias)O narrador passa a existir a partir do instante que se começa a ler o texto narrativo e ele, em primeira ou terceira pessoa, nos conta a história que o texto guarda. *em primeira pessoa (personagem narradora) É, geralmente, a personagem principal.

* Narrador em terceira pessoaEste tipo de narrador não é personagem do que narra. Ele apenas relata os fatos, registra as ações de uma história que não é a sua. Pode ser visto sob dois aspectos:

a) Narrador observador (É apenas um observador e conta os fatos como espectador de uma história).

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b) Narrador onisciente (Também narra em terceira pessoa, tal como o primeiro, mas é capaz de penetrar na intimidade de suas personagens; não só relata os fatos, mas traz para o texto tudo o que suas personagens pensam e sentem, revelando-lhes o mundo interior, desejos, frustrações, alegrias, ódios. Este tipo de narrador desvenda o mundo interior das personagens, aponta e mostra ao leitor todas as emoções que elas guardam em si).

As personagens são seres imaginados. Criados pelo autor, que participam da história.

Personagens principais (tudo se passa ao seu redor)

Personagens secundarias(participam da história mais têm um papel menos importante)

Figurantes (o seu papel é pouco relevante, mas ajudam a criar ambiente)

O autor caracteriza as personagens, especialmente as principais em:

Retrato físico- apresenta a informação sobre as características exteriores(cor do cabelo,altura,rosto,forma de vestir...)

Retrato psicológico- indica a maneira de ser( sentimentos,emoções,qualidades, defeitos...)

É fundamental, para tornar o texto mais interessante o uso de adjetivos para descrever as personagens. Como por exemplo:

Características física Características psicológicas

Cabelo Encaracolado, liso, comprido...

Alegre, brincalhão, feliz, agressivo,

carinhoso, carrancudo, amável.....

Rosto Redondo, oval, pálido...

Testa Alta, enrugada...

Orelhas Grandes, pequenas...

Sobrancelhas Finas, desalinhadas, arqueadas...

Olhos Grandes, amendoados, saltados....

Nariz Arrebitado, grande, achatado...

Lábios Carnudos, finos, pálidos...4

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Queixo Redondo, proeminente....

Estatura/porte

Alto, baixo gordo, atraente, magro, elegante....

29. Personagens.

P.: Como construir personagens ?

R.: Em algum momento você deve ter observado que toda história (não se faz mais diferença entre “estória” e “história” como no passado) tem ao menos uma personagem. Pode ser uma pessoa, um animal, uma planta ou um objeto qualquer, mas ela sempre estará lá. é a personagem que traz vida para o texto. Faz rir, chorar, amar, respirar... Se você quiser contar uma boa história, terá que construir bons personagens. Se conseguir que teu leitor fique verdadeiramente preocupado com o que acontece a suas personagens, é por que acertastes! Quando gostamos de uma história, na maioria das vezes não é por que a trama é interessante ou porque os diálogos são bem escritos, mas sim porque nos apaixonamos pelas personagens. Notaram a responsabilidade?

Alguém já disse que para escrever uma boa história, precisamos nos concentrar em três pontos: personagens, personagens e personagens. Se conseguirmos criar pessoas interessantes, teremos ótimas chances de conseguirmos criar uma história interessante. Tudo gira em torno de personagens, portanto, antes de pensar em escrever, defina quem será a personagem que dará vida à tua obra e dê à ela um passado, um presente e um futuro.

Caro leitor, tua história pode ser maravilhosa, ter viradas incríveis na trama, um final memorável, etc, etc, etc. Porém, se tu não tiveres ao menos uma personagem forte, em que o leitor acredite e se preocupe com ela, todo teu trabalho para desenvolver a trama pode ir por água abaixo. O leitor precisa gostar das personagens, se preocupar com elas e, principalmente, acreditar nelas. Portanto, o mais importante, é que teus personagens tenham credibilidade. Mas, como construir esta credibilidade? Vamos lá:

a. Tuas personagens precisam de um passado. Nossa personalidade é construída sobre uma série de acontecimentos em nossas vidas. Quem somos hoje é resultado do lugar onde moramos, da convivência com as pessoas que passaram por nossas vidas, do colégio em que estudamos e por aí vai. Tuas personagens têm que ter vivido tudo isso. Elas precisam de uma história, mesmo que você não conte esta história para o leitor. é com base nesta história, que pode ser construída desde a infância, que irá obter as reações, os sentimentos, o jeito de falar, os medos, as angústias, as alegrias, os prazeres e tudo mais que tua personagem irá transmitir para o leitor.. Crie um perfil social, psicológico e físico para cada personagem que desempenhe algum papel importante em sua história.

b. As reações e decisões de uma personagem devem estar de acordo com seu perfil. Por exemplo: Uma pessoa forte e determinada não pode ser colocada em

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uma situação onde esteja amedrontada e totalmente indefesa. Qualquer situação de risco, deve ser enfrentada por esta personagem com força e determinação. Isso não quer dizer que ela não possa ter algum medo.

c. Quando estiver escrevendo, procure sentir, pensar e agir como sua personagem. Isso irá tornar a personagem mais verdadeira para o leitor.

d. Sua personagem pode ter alguma característica que o identifique claramente. P.Exemplo: a cor do cabelo, um penteado diferente, uma marca de nascença, um defeito genético ou causado por alguma doença ou acidente, uma tatuagem, etc.

e. Não confunda teu leitor com nomes de personagens muito parecidos uns com os outros. Imagine se em um mesmo parágrafo os personagens Nivia e Lívia se encontram para um debate? Uma dica é usar nomes que comecem com letras diferentes, assim fica mais fácil para o leitor identificá-los.

f. Procure usar nomes da mesma época em que sua história se passa. Use nomes que combinem com suas personagens. Uma linda moça com um nome horrível não faz muito sentido e vai deixar o leitor incomodado. é claro que se o nome foi dado por causa de uma vingança ou se exerce algum outro papel importante na trama, esta regra não se aplica.

30. Discurso.

P.: O que é importante saber sobre discurso narrativo?

R.: Em uma narração, você pode apresentar as falas das personagens de duas diferentes maneiras. São as chamadas formas do discurso.Veja,aqui, quais são:

Discurso direto: O narrador reproduz as falas das personagens. Os agentes da narrativa “falam” entre si.

Observe o exemplo

Na frente daquele pequeno menino, Lurdes disse a João: - Tu me amas? - Te amei um dia. - respondeu João, resoluto e frio em relação a um passado que se negava a ser esquecido.

Discurso indireto: Utilizando verbos na 3a. pessoa, o narrador relata a fala das personagens. O narrador é o intermediário entre o personagem e o leitor.

Veja a diferença entre o exemplo anterior e o texto abaixo, ao se contar o mesmo fato:

Na frente daquele pequeno menino de olhos negros e “vivos”, Lurdes perguntou, com os olhos cheios de esperanças, se João ainda a amava. João, resoluto e frio, respondeu que um dia ele a havia amado e ........

Discurso indireto livre o mais valorizado em um processo vestibular, onde o narrador relata os fatos e as personagens falam entre si, diretamente.

31. Dialogo.

P.: Como Escrever Diálogos?

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R.: Procure prestar atenção como as pessoas conversam na vida real. Elas falam em sentenças curtas, cortam umas as outras e executam ações enquanto falam. Para que seu diálogo seja autêntico, você precisa usar estes artifícios.

- Oi, tudo bem?

- Tudo bem. E você?

- Lindo dia não?

- Lindo mesmo.

Não abuse dos dialetos e gírias. Usar apenas algumas palavras no meio das falas é suficiente para indicar ao leitor que aquele personagem fala de uma determinada maneira. Se o personagem usar uma linguagem incomum, que possa deixar o leitor confuso quanto ao significado de uma palavra, você pode usar outro personagem para esclarecer.

Controle a velocidade e a entonação dos diálogos com a pontuação. Se, por exemplo, uma pessoa fizer uma pausa um tanto longa para "pensar" antes de continuar uma frase, use três pontos para mostrar esta pausa no texto. Quando alguém for interrompido no meio da frase, use um traço horizontal para demonstrar isso. No vestibular você também pode utilizar aspas para marcar a fala.

Cada personagem deve ter sua personalidade e isso deve ser refletido na forma de falar. Evite que dois personagens conversando pareçam ser a mesma pessoa. Use o perfil dos personagens, seu nível de educação, o regionalismo, a idade, o humor e outros fatores que influenciam na forma como falamos. Veja

- Bom, senhores, a situação é a seguinte, - disse Álvaro, enquanto pegava uma folha de papel em branco que estava sobre a mesa e anotava um endereço. – Aqui fica o prédio da companhia de desenvolvimento e nosso homem está no nono andar. Precisamos tirá-lo de lá, o mais rápido possível.- Mas o quê que esse cará tá fazendo lá, meu camarada? - perguntou Pedro.Você deve ter percebido que Álvaro é mais centrado, mais "elegante" ao falar do que Pedro.

Não coloque muito texto com pensamentos ou ações no meio de um diálogo. Lembre-se que a conversa deve fluir naturalmente, para que o leitor possa acompanhá-la. Imagine se no meio de uma briga de marido e mulher, você começar a descrever o objeto que está em cima da mesa. Isso irá quebrar o ritmo do diálogo e o leitor perderá o interesse.Procure usar marcadores no diálogo sempre que possa existir alguma dúvida de quem está falando o quê. Usar "ele disse" ou "ela disse", sem muito exagero, não polui o texto e o leitor nem nota a presença desses marcadores "invisíveis".

32. Atrair o leitor até o final do texto.

P.: Como Manter o Leitor Interessado?

R.: Um dos grandes desafios de quem escreve é manter o leitor interessado o suficiente para que este chegue até o final da história. De vez em quando, pegamos um livro para ler e não conseguimos mais desgrudar dele até chegarmos na última página. A

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primeira coisa que você deve ter em mente é que qualquer leitor é movido pela curiosidade, pela emoção. Você, como autor do texto, é responsável por manter o leitor curioso sobre o que virá a seguir, portanto deve tomar alguns cuidados para que sua trama não se torne monótona e previsível. Vou relacionar abaixo alguns pontos para ajudá-lo nesta tarefa:

1 - Não conte tudo de uma vez. Deixe sempre alguns detalhes da trama para serem revelados aos poucos, assim o leitor irá esperar por mais informações sobre um determinado personagem ou uma situação que tenha ocorrido anteriormente;

2 - Apesar de seus personagens terem que se comportar de forma lógica, nada impede que eles tenham atitudes imprevisíveis de vez em quando. Isso faz com que o leitor fique em dúvida de como o personagem irá sair de determinada situação.

3 - No final de cada parágrafo deixe um "gancho". Esta técnica é muito usada pelos principais autores. Para criar um "gancho" você deve deixar alguma situação sem solução no final do parágrafo ou capítulo, se for o caso. Como exemplo, o herói pode estar em uma situação de perigo e você encerra o capítulo naquele exato momento em que parece não haver mais saída. A continuação da "cena" pode ser já no próximo capítulo ou você pode até mudar de assunto, voltando no capítulo seguinte. Só tome cuidado para não deixar passar muito "tempo" entre o gancho e o restante da ação, isso pode deixar o leitor frustrado. Outro ótimo exemplo desta técnica é o final do capítulo de uma novela na TV, repare que você sempre tem que esperar pelo dia seguinte para saber o que vai acontecer.

Embora os "ganchos" sejam extremamente eficientes em manter os leitores interessados, eles são apenas uma parte da obra. Não irá adiantar ter excelentes "ganchos" no final de seus capítulos se, por exemplo, seus personagens não forem interessantes, por isso imagine-os antes de criá-los.

33. Trama.

P.: Como Escrever o Miolo de Uma História Interessante?

R.: Como conseguir manter o leitor interessado até o final da história? O que fazer se sua trama está "patinando" e não chega a lugar algum? Vou tentar ajudá-lo com estas questões.

Sempre que escrevo um texto narrativo tenho noção do inicio da minha história e do fim. Acredito que uma das maiores dificuldades na hora de escrever este tipo de texto é o que colocar entre os dois. Para ser interessante, o texto precisa ter conteúdo interessante. Vou listar abaixo algumas dicas que te ajudarão bastante nesta tarefa:

1. Tenha controle sobre a trama. Saiba exatamente para onde você está indo e que o caminho tomado leve ao final desejado. Isso não significa que você deva ser previsível. Tenha na manga algumas viradas na trama, assim o leitor estará sempre na dúvida sobre o que irá acontecer. Pode ser um personagem que é bonzinho e, de uma hora para outra, mostre seu lado obscuro e cruel ou um fato novo que mude completamente os rumos de uma investigação. O importante é que o leitor tenha algumas surpresas pela frente;

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2. Crie tramas paralelas, mas sempre relacionadas de alguma forma com a trama principal. Não exagere para não perder o controle e tenha o cuidado de fechar todas elas até o final do texto. Deixar uma sub-trama em aberto é um erro, já que o leitor ficará frustrado por não saber o desfecho da situação;

3. Você, provavelmente, não irá conseguir manter o mesmo ritmo o tempo todo. é natural e até desejável, que a história tenha seus altos e baixos. Depois de uma cena tensa, você pode relaxar um pouco e deixar o leitor respirar por alguns instantes. Só não esqueça de manter sempre a "ação", caso contrário o texto poderá ficar “chato”;

4. Se você estiver enfrentando um bloqueio e não consegue avançar, escreva sem se preocupar muito com a qualidade. Tente pensar no que levaria a trama adiante e escreva. Depois, durante as revisões, você terá oportunidade de lapidar o texto e torná-lo mais interessante. O importante aqui é quebrar o bloqueio e ir em frente.

34. Sentidos.

P.: Como Trabalhar os Sentidos?

R.: Ao ler uma história bem escrita, você não apenas vê o que está sendo contado, mas ouve sons, sente cheiros e experimenta sensações de frio ou calor. É isso que nos faz entrar de corpo e alma naquele mundo criado pelo autor. É isso que nos faz sentir parte da história, compartilhar experiências com os personagens e "estar" nos lugares por onde eles passam. Mas como fazer nosso texto ter esta mágica? O mais importante é você, como autor, entrar na pele dos seus personagens e tentar responder algumas perguntas, como por exemplo:

- Quais os tipos de odores podem estar presentes neste lugar e/ou situação em que a personagem se encontra?Quais os sons que podem estar sendo emitidos no ambiente.

-Qual a temperatura? Se a personagem está na água, esta está fria ou quente? Se alguém toca na personagem, a mão do outro está quente ou fria?

-O objeto que está sendo manipulado pelo personagem é macio? Duro? Flexível?

Continue fazendo perguntas como estas e as respostas irão criar uma atmosfera bastante realista. Aí vão alguns pontos que podem ajudar a estimular os sentidos dos seus leitores:

Cheiros - Se a personagem principal encontrou com o amado, ela deve ter sentido seu perfume. Se ela entrou em um restaurante, certamente sentiu o cheiro da comida sendo preparada na cozinha. Se alguém está preparando um café o ar ficará tomado por aquele aroma delicioso.

Sons - Uma arma caiu da mão do mocinho e isso faz com que o barulho seja ouvido pelo vilão. Perdido na floresta, o menino escuta o ruído de uma corredeira. O trânsito na grande metrópole faz com que o personagem leve as mãos aos ouvidos para tentar livrar-se daquele barulho ensurdecedor.

Temperatura - A chuva deixa a roupa de seu personagem totalmente molhada e quando o vento sopra um pouco mais forte, ele procura abrigo para fugir do frio. Ao segurar em um cano de metal, o menino se assusta e tira a mão rapidamente, mas as

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bolhas começam a aparecer e demonstrar a gravidade da queimadura. Ao mergulhar, sentiu a água gelada envolvendo seu corpo.Nem sempre é preciso descrever diretamente o cheiro, som ou a temperatura. Você precisa tomar o cuidado de deixar que o leitor "viva" a experiência.

P.Exemplo: Pedro e Álvaro passaram pela companhia de desenvolvimento, andando do lado oposto da rua, tentando não chamar atenção. Estavam abaixados atrás de um ônibus quando um Fiesta vermelho apareceu na curva, a menos de vinte metros de onde estavam. Uma viatura da polícia ligou a sirene e subiu a rua em disparada, perseguindo um carro e atravessando na frente do Fiesta, que freou bruscamente, deixando um forte cheiro de borracha queimada.

Repare que não descrevi o barulho da freada, mas tenho certeza que você ouviu claramente, não foi? Muito provavelmente.

35. Leitor/ Personagem.

P.: Como Criar uma Conexão Emocional Entre Leitor e Personagem?

R.: É sabido que o principal motivo que leva o leitor a derramar lágrimas com o que lê é o seu vínculo com a personagem. Como criar este vínculo? Como fazer com que o leitor "apaixone-se" e fique completamente envolvido com a personagem a ponto de "sentir" as consequências do que acontece na história?

Seu principal objetivo como ou enquanto escritor é colocar o leitor na pele da personagem. Para que isso funcione, você terá que levar o leitor para dentro da mente da personagem. Mostre quais são os medos, as crenças, os objetivos e o passado da personagem. Só tome cuidado para não exagerar, apenas algumas dicas são suficientes. Deixe que eles conheçam um ao outro, fiquem íntimos e sejam cúmplices nas decisões.

Nós somos seres emocionais e reagimos aos acontecimentos desta forma. Se você quer causar impacto ao descrever uma cena de terrorismo, por exemplo, ao invés de mostrar a explosão e um monte de corpos mutilados logo de cara, mostre primeiro as vítimas felizes antes do atentado.

Isto irá criar uma conexão emocional com o leitor e fará com que ele fique realmente sentido com a morte daquelas pessoas. A melhor maneira de criar personagens com quem seus leitores se importem é você, como autor, entrar na personagem e viver as situações. Coloque-se no lugar da personagem quando ela estiver em uma situação de perigo. O que ela sente? O que ela vê? O que ela pensa?

Fazendo isso você irá criar personagens mais humanos e reais, dando à eles a credibilidade necessária para que seus leitores estabeleçam um relacionamento, é isso que torna a leitura de um texto agradável, afinal, você não está sempre querendo saber o que acontece na vida de seus amigos? Pois então, faça o leitor ser o melhor amigo dos seus personagens!

36. Emoção.

P.: Então Como Fazer meu Leitor Chorar?

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R.: Acredito que assim como eu, você já ficou, alguma vez, com lágrimas nos olhos enquanto lia um texto. Creio que a maioria de nós já experimentou essa sensação de sofrimento diante de acontecimentos que envolvem as personagens de uma história. E você já parou para perguntar como isso é possível? Como podemos nos “derreter” em lágrimas apenas pela simples leitura de um texto?

Esta é uma técnica usada com frequência por grandes autores e uma das mais importantes para tornar sua história inesquecível. Diferente do que se pensa é muito simples entender como isto acontece basta olhar um pouco para a vida real. Se você está vendo TV e o jornal das oito mostra um acidente com vítimas, você fica curioso e começa a prestar atenção. Até aí, trata-se apenas de mais um acidente. Conforme a reportagem avança, você percebe que o acidente aconteceu com uma família que fazia parte da igreja que você frequenta.

Uma das crianças veio a falecer e quando mostram o rosto do menino na tela, você começa a chorar. Aquela criança brincava com seus filhos e você conhecia esta família, seus sonhos e o sorriso inocente de quem ainda teria uma vida inteira pela frente. Agora o inteligente menino de cabelos claros e bochechas rosadas estava no meio daquelas ferragens retorcidas e você sabe que jamais irá vê-lo novamente. Pronto. Seu mundo desabou.

Qual foi o principal motivo que levou você a ficar emocionado com a reportagem? Certamente, o fato de você conhecer a vítima e gostar dela! Nós sentimos por aqueles que não conhecemos, mas nos importamos com aqueles que conhecemos e nos preocupamos com eles.

Da mesma forma, para que um leitor fique emocionado com uma passagem de um texto, é importante que ele conheça e se importe com a personagem que está passando por dificuldades. Antes de colocar seu personagem em uma fria e tentar arrancar lágrimas dos seus leitores, você precisa criar uma conexão emocional entre leitor e personagem primeiro. Faça com que seu leitor conheça a personagem, seu passado, seus sonhos, suas habilidades e o que mais você achar que possa ajudar a criar um relacionamento entre eles.

Agora, fazendo uso de uma gíria bastante conhecida, é “só descer o machado!” Não tenha pena do leitor! Faça com que seu personagem sofra e leve o leitor junto com ele! É isso que nós enquanto leitores queremos. Se lágrimas aparecerem no canto dos olhos do leitor, você conseguiu, parabéns. Não pense nisso como uma coisa cruel, mas sim como um excelente ingrediente para tornar sua trama interessante e cativante. Além do mais, sempre será possível reverter a situação e fazer seu leitor sorrir!

37. Emoção.

P.: E Como Fazer Meu Leitor Rir?

R.: Fazer rir é mais difícil que fazer chorar, infelizmente! Muitas vezes, é mais importante a forma como a piada é contada do que seu conteúdo. Já aconteceu de você ouvir uma mesma piada diversas vezes e só conseguir rir depois que aquele seu amigo maluco colocou alguns ingredientes novos na história? Pois é, para escrever comédia é preciso lançar mão de alguns ingredientes:

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1. Surpresa - Para arrancar sorrisos dos leitores, você deve surpreendê-los. Situações inusitadas são muito usadas em comédias do tipo “pastelão”. É o balde que cai na cabeça do noivo que está pronto para sair para a igreja ou o bebê que faz xixi na cara da avó enquanto a fralda é trocada. A surpresa também pode ser usada de forma mai sutil, como aquele cara que acorda em uma praia e não lembra como chegou lá.

2. Sarcasmo - Diálogos carregados de ironia podem ser bem eficientes. Um bom laboratório são os debates políticos, normalmente as falas dos candidatos estão recheadas de sarcasmo em relação aos adversários.

3. Muitos humoristas usam a aparência dos personagens para dar graça ao texto.

4. Exagero - Algumas situações ficam engraçadas quando exageramos em algum ponto. Um personagem muito gordo, por exemplo, pode fazer com que um carro vire quando ele se senta no banco do carona.

5. Fala - A forma como alguns personagens se expressam pode ajudar a tornar o texto engraçado. Você pode usar um sotaque específico, fazer com que o personagem seja gago ou fanho e usar outros artifícios nesta mesma linha.

38. Técnica de suspense.

P.: Como Escrever Cenas de Suspense?

R.: Existe uma diferença muito grande entre suspense e terror. É claro que você pode usar suspense e terror na mesma narrativa. Aliás, histórias de terror sempre são acompanhadas de muito suspense.

Para simplificar:

- Terror ocorre quando a cena é forte, onde coisas ruins acontecem e reagimos com sentimentos de medo e repulsa.

- Suspense acontece quando ficamos ansiosos para saber o que virá a seguir.

Como, então fazer suspense, seja para romances, comédias, terror ou qualquer outro gênero.

Vamos começar com as premissas básicas para uma boa cena de suspense:

1 - Os personagens envolvidos devem ser verdadeiros e inspirar confiança para o leitor;

2 - Você deve escolher o melhor ponto de vista para a cena;

3 - O leitor deve ter estabelecido algum envolvimento emocional com o(s) personagem (ns) principal(is);

Agora vamos aos ingredientes:

- Objetivo. O personagem deve ter um objetivo claro a ser conquistado e que justifique o esforço para alcançá-lo;

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- Contagem regressiva. O personagem deve cumprir seu objetivo em um determinado período de tempo, caso contrário, irá fracassar e as consequências serão dramáticas.

- Obstáculos. O personagem deve encontrar obstáculos imprevisíveis e difíceis de superar;

- E o principal as ações devem ser lentas e detalhadas.

39. Técnicas temporais.

P.: Como desenvolver as técnicas de temporalidade?

R.: a) Fim x inicio: Comece mostrando ao leitor o desfecho da trama que será desenvolvida a partir do segundo parágrafo.

b) Fim x começo x fim: Utilize o recurso retórico, mostre parte do desfecho no primeiro parágrafo, inicie a trama a partir do segundo parágrafo e no ultimo parágrafo retome a cena inicial e finalize a história.

c) Interferência momentânea do narrador: Existe também a possibilidade de durante o desenvolvimento textual, o narrador momentaneamente interferir do desenrolar do texto para comentá-lo ou acrescentar fatos.

40. Estrutura.

P.: Como Escrever Inícios de narração?

R.: Você já reparou como um livro é analisado por um possível comprador em uma livraria? Ele olha a capa, lê a sinopse no verso e procura por informações nas orelhas. Além disso, na maioria das vezes, o leitor lê as primeiras páginas e toma sua decisão de ficar ou não com o livro com base no início da história! O papel do primeiro capítulo ou prólogo é fazer com que o leitor tenha vontade de continuar lendo. Mas como fazer isso? Simples: o início deve conter elementos que despertem curiosidade. Os primeiros parágrafos adiantam o que o leitor deve esperar do restante do texto. Seja direto e comece com um conflito ou outro ponto de tensão. Não perca tempo descrevendo demais personagens ou locações.

Lembre-se: um bom início dá o tom do restante do texto e faz com que o leitor tenha interesse em ler o resto!

41. Estrutura.

P.: Como Escrever Finais?

R.: Falamos sobre como escrever inícios e meios, então agora vamos aos finais. Sua maior preocupação com o início e o meio de seu texto deve ser manter o leitor interessado o suficiente para que ele leia tudo até a última linha. Mas o que adianta fazer isso se o final não estiver à altura das expectativas criadas? Se o final não convencer, ninguém vai querer perder tempo lendo o que você escreve, pois sempre irá pensar na experiência anterior de não ter tido um bom desfecho da história. Vou relacionar abaixo algumas dicas para que o encerramento seja com chave de ouro:

1. Durante a trama, você deve ter criado uma série de situações envolvendo seus personagens. Não deixe para resolver tudo no último capítulo. Algumas coisas

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devem ser fechadas no decorrer da história, principalmente as sub-tramas que não estejam diretamente relacionadas com o "grand finale" planejado por você. O final propriamente dito deve ser para o fechamento da trama principal e para que os personagens que conduzem a história resolvam seus conflitos

2. É muito importante que tudo fique resolvido. Não deixe situações pendentes, mesmo as criadas para personagens secundários. Lembre-se que o leitor sempre vai querer saber o que aconteceu com a filha do porteiro que apareceu caindo da escada no meio da história, mesmo que a personagem não tenha qualquer peso na sua trama. Para ajudá-lo nesta tarefa você pode manter uma lista com o nome de todos os personagens que apareceram durante a história. Quando estiver escrevendo os últimos capítulos, confira se você resolveu todas as pendências. Não deixe absolutamente nada para trás, caso contrário você terá um leitor frustrado.

3. Quanto maior o peso do personagem na história, maior a atenção que você deverá dedicar ao final. O leitor deve ficar satisfeito com o que leu, mas não necessariamente feliz! Não tem problema se você decidir matar o mocinho e surpreender todo mundo, afinal é você quem decide o que irá acontecer com cada um dos personagens. O importante é que a história termine de forma coerente e com todas as suas pontas amarradas.

4. O final não se escreve apenas no último capítulo! O grande momento em que tudo se resolve vem sendo preparado no decorrer da história. Enquanto escreve, você deve ir plantando as sementes que levarão ao clímax da trama. Você precisa saber, desde o início, para onde está indo, mesmo que ainda não tenha um mapa detalhado do caminho.

42. Estrutura.

P.: Como tornar o texto narrativo mais belo e sugestivo?

R.: É freqüente os autores utilizarem determinados processos, chamados de recursos expressivos, para tornar o texto narrativo mais belo e sugestivo.

Comparação

Estabelece uma relação de semelhança entre duas ou mais coisas

por meio de uma palavra ou expressão comparativa: (tal como, a

semelhança de...) ou de verbos equivalentes( parecer, lembrar...)

MetáforaÉ uma comparação abreviada,pois

desaparece a expressão comparativa.

Onomatopéia

São palavras que procuram imitar sons e ruídos. P.EX. cacaracá...( som

produzido pela galinha)

Tlimtlim...(som produzido pela campainha)

Muitos verbos foram criados a partir de uma onomatopéia: palavras

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onomatopaicas:

Cacarejar(verbo) cacarejo( nome)

Tilintar( verbo) tilintada (nome)

Enumeração

Consiste na apresentação de vários elementos. O último ou o primeiro pode ser uma palavra que resume a

todos.

“Professor, medico, comerciante todos se sensibilizaram com a situação.”

AdjetivaçãoConsiste na utilização de adjetivos para tornar o texto mais bonito e expressivo. Apenas devemos cuidar para que este

uso não seja excessivo.

Personificação

Atribui características próprias de pessoas a seres, objetos, fenômenos...

P.Ex. “O vento soluça e geme...”

OBS: Sempre que acabamos de escrever um texto narrativo, lá vem a mesma pergunta nos atormentando: será que ficou bom? Ao recebermos de volta nossa redação corrigida, vemos que falhamos em alguns aspectos, que poderíamos evitar alguns erros. Você sabe muito bem que as palavras funcionam como matéria-prima para a construção de qualquer texto. No entanto, elas também são como uma faca de dois gumes, fique atento. Um defeito que um bom texto jamais deverá apresentar é a repetição de palavras sem fins estilísticos. Claro que não estamos falando de repetições intencionais como as anáforas, por exemplo, mas daquele tipo que desgasta a narrativa e empobrece, inclusive, seus significados. Veja o exemplo: "O menino esteve sentado ali durante toda a tarde. Coitado do menino, não sabia que o encontro com a diretora duraria tanto e que sua mãe ficaria, então, preocupada. O menino pediu para telefonar e falou com a mãe, explicando-lhe a demora." Dica: procure substituir os nomes por pronomes quando perceber que você repetiu muito a mesma palavra. Um outro defeito terrível é o clichê. O que é isso? entende-se como clichê as repetições de expressões, idéias ou palavras que, pelo uso constante e popularizado, nada mais significam.

Exclua de sua redação narrativa as expressões:

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"lindo dia de sol", "abraço cheio de emoção", "beijo doce", "ao pôr-do-sol", "faces rosadas", "inocente criança", "Num belo domingo de Primavera...", "família unida", "uma grande salva de palmas", "paixão intensa". Estes são apenas alguns exemplos, claro. E depende da sensibilidade de cada um para captar os desgastes que as palavras e expressões possuem. Outro aspecto também muito desgastante é manter a coerência interna, levando-se em conta que uma narrativa é uma sucessão de acontecimentos que ocorrem em tempo e espaço determinados, que envolvem ações feitas e recebidas pelas personagens. E que o texto é considerado coerente quando está inter-relacionado.

Precisamos ter atenção na construção do texto narrativo, a fim de que ele esteja mostrando uma sequência de fatos. Deixar pelo caminho situações mal desenvolvidas, circunstâncias mal nomeadas ou esclarecidas dão sempre a idéia de desatenção, pressa ou falta de cuidado com a tessitura do texto. Ele deve sempre parecer um todo verossímil, capaz de convencer quem o leia. Imitação da vida ou ultra-realidade, o texto não pode, a não ser por escolha do autor, como estilo, parecer frágil em alguns aspectos, sem resistência de continuidade. Mesmo que o tempo seja "cortado" e nele se insiram os flashback, não permita que ele se fragmente e esses fragmentos esgarcem a compreensão do que você imprimiu à sua história. Dica: lembre-se de que a narrativa é como uma vida, um trecho dela: há circunstâncias que, se retiradas, fazem-na tornar-se = incompleta ou superficial. Quando construímos a personagem ou personagens, sabemos que elas devem parecer verdadeiras, criaturas assemelhadas que são aos humanos. Mesmo numa fábula ou num apólogo, em que animais ou coisas são personificados, há uma tendência de caracterizá-las como criaturas do mundo real. Uma personagem, sobretudo a protagonista, deve ter traços fortes, típicos, particulares. Se você criá-las sem características específicas, não há como ressaltar- lhe os atos e tomá-los significativos na seqüência da narração. Dica: uma boa personagem tem um cacoete qualquer; uma cor de olhos, tiques, manias, gestos (passar a mão no cabelo, estalar os dedos ou balançar a cabeça de um lado para o outro). 43. Estrutura.

P.: Preciso caracterizar os espaços onde ocorrem as ações?

R.: Observe o exemplo:

"Enquanto lá fora chovia intensamente, as crianças pulavam aos berros sobre o sofá da sala." Quando o corretor lê isso, sem mais nenhuma indicação posterior, o que pode imaginar é um sofá no meio do nada e três crianças pulando sobre ele... uma janela dependurada e lá fora a chuva intensa... Este aspecto é tão importante que, freqüentemente, revela estados de espírito, características psicológicas e intelectuais das personagens.

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Dica: não seja excessivamente minucioso, aborde aspectos. Por exemplo: numa narrativa de terror ou suspense, em que uma determinada cena vai se desenvolver no sótão; ou no porão, é imprescindível que você, em dado momento, indique - e descreva - os caminhos que conduzem a tais lugares. Claro que é imprescindível que utilizemos adjetivos para caracterizar o texto, mas tome cuidado para não exagerar nesta caracterização. Por exemplo, imagine você lendo o início de um texto narrativo, assim:

"Numa linda, perfeita, maravilhosa, fantástica e ensolarada manhã de primavera brasileira, aquela extraordinária jovem de cabelos longos, negros e volumosos abriu a ampla janela para o belíssimo e perfeito jardim..." Diga a verdade: você agüentaria ler o resto? É evidente que não. O uso ampliado de adjetivos também desgasta o texto, banaliza-o e nada acrescenta a ele senão um certo pernosticismo que todos queremos evitar. Devemos lembrar, também que Um bom texto narrativo deve seguir esta seqüência: começo, meio e fim? Nem sempre. Muita gente, quando escreve, imagina que, para ser compreendido, é preciso ser didático. Errado, pecado mortal. Não acredite nisso. Uma outra pergunta que se faz muito ao intentar um texto narrativo é se ele pode terminar em "aberto", ou seja, apenas com a sugestão de fecho, aceitando a interferência, a interação com o leitor que pode, de acordo com suas vivências e experiências, "fechá-lo" à sua maneira. Isso é uma boa dica, acredite, para fazer melhor o seu texto. Experimente, por exemplo, começá-lo pelo clímax, assim você rompe o lugar comum e chama mais a atenção do seu corretor, que tal?

Antes de começar o seu texto, lembre-se de ler com atenção todas as recomendações do enunciado e não se esquecer de qualquer recomendação. Sobretudo quando se trata de criar um determinado tipo de personagem. Se o enunciado pedir a você que crie um detetive, uma mulher que lê mãos, um homem misterioso de chapéu, tais pedidos, certamente, fazem parte fundamental do que se pretende da narrativa. Pior do que isso é começar a narrar e, após citar uma personagem, esquecê-la, deixá-la de lado, não trazê-la ao fio da história para que se desenvolva plenamente ou esquecer uma ação exigida pelo enunciado.

"Esquecer" uma exigência do enunciado é ato imperdoável. Qual é o tamanho correto que se deva dar a um texto narrativo no vestibular? Rigorosamente, não há tamanho exato para nenhum tipo de texto, muito menos os narrativos. Mas convém não ultrapassar o número de linhas sugestionados pela proposta e se não houver orientação sobre isto, não passe de 40 linhas para que não incorramos num erro muito significativo: escrever "circularmente", ou seja, repetir, infinitamente repetir, ao redor do mesmo tema, a mesma história ou argumentos como uma espécie de bêbado que fala sempre a mesma coisa. Escrever circularmente é como andar em círculos, sem que possamos sair do lugar, investindo em algo que é importante para qualquer narrativa: as ações novas que se encadeiam, a peripécia dos acontecimentos, a seqüência que nos permita um bom fecho.

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Dica: antes de começar a escrever, faça um breve roteiro (não é um resumo) sobre como quer que a história se desenvolva. Ajuda muito e nos auxilia a não nos perdermos em descaminhos. E antes de passar a limpo a redação, vá ao rol de exigências e confira se cumpriu todos os itens. Há duas coisas que dão nota zero na hora de elaborar o texto: fugir do modal, trocá-lo (pede-se, por exemplo, uma narração e você faz uma dissertação..). A outra é esquecer os itens do enunciado, descumpri-los ou relegar exigências fundamentais a circunstâncias secundárias. 44. Como fazer ficção

P.: O que fazer para elaborar uma boa ficção?

R.: Distanciando o texto da realidade presente ou passada

RAMOS, Zulemay. (p.p. 30 à 53). Guia Prático de Produção de Texto. São Paulo: Clube do livro, 2011.

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