Bloco de Textos 3º Ano

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  • 7/23/2019 Bloco de Textos 3 Ano

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    TEXTO 1

    Falar em racismo reverso como acreditar em unicrnios

    *PorDjamila Ribeiro

    Em quase todas as discusses sobre racismo, aparece algum para dizer que j sofreu racismo por serbranco ou que conhece um amigo que sim. Pessoa, esse texto para oc!.

    "#o existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o t#o famigerado racismoreerso. Primeiro, necessrio se ater aos conceitos. Racismo um sistema de opresso e, para haverracismo, deve haver relaes de poder. e!ros no possuem poder institucional para serem racistas. "populao ne!ra so#re um histrico de opresso e viol$ncia %ue a e&clui.

    Para haer racismo reerso, deeria ter existido navios branqueiros, escraiza$#o por mais de %&&anos da popula$#o branca, nega$#o de direitos a essa popula$#o. 'rancos s#o mortos por serem brancos( )#oseguidos por seguran$as em lojas( ual a cor da maioria dos atores, atrizes e apresentadores de +( -osdiretores de noelas( ual a cor da maioria dos uniersitrios( uem s#o os donos dos meios de produ$#o( uma hegemonia branca criada pelo racismo que confere priilgios sociais a um grupo em detrimento de

    outro.Em agosto deste ano /este artigo de 20140, -anilo 1entili /apresentador de +0 quis comparar o

    fato de ser chamado de palmito com o fato de um negro ser chamado de car#o. E disse ser 2tima deracismo, mostrando o quanto ignora o conceito. )er chamado de palmito pode at ser chato e de mau gosto,mas racismo n#o . 3 esttica branca n#o estigmatizada. 3o contrrio, a que colocada como bela, comopadr#o. -anilo 1entili cresceu num pa2s onde pessoas como ele est#o em maioria na m2dia, ele desde semprep4de se reconhecer. Pode at ser chato, mas ele n#o discriminado por isso. ue poder tem uma pessoanegra de influenciar a ida dele por cham5lo de palmito( "enhum. 3gora, um joem negro pode ser mortopor ser negro, eu posso n#o ser contratada por uma empresa porque eu sou negra, ter mais dificuldades parater acesso 6 uniersidade por conta do racismo estrutural. 7sso sim tem poder de influenciar minha ida.8acismo ai alm de ofensas, um sistema que nos nega direitos.

    1entili com esse discurso de falsa simetria s9 mostra o quanto precisa estudar mais. "#o se pode

    comparar situa$es radicalmente diferentes. uantas ezes esse ser foi impedido de entrar em algum lugarpor que branco( Em contrapartida, a popula$#o negra tem suas escolhas limitadas. :rian$as negras crescemsem autoestima porque n#o se eem na +, nos liros didticos. ;esmo racioc2nio se aplica 6s loiras que s#o2timas de piadas de mau gosto ao serem associadas 6 burrice.

    < 9bio que se trata de preconceito dizer que loiras s#o burras e isso dee ser combatido. ;as n#oexiste uma ideologia de 9dio em rela$#o 6s mulheres loiras, elas n#o deixaram de ser a maioria dasapresentadoras de +, das estrelas de cinema, das capas de reistas por causa disso. "#o s#o barradas emestabelecimentos por serem brancas e loiras. )ofrem com a opress#o machista, sim, mas n#o s#odiscriminadas por serem brancas porque o grupo racial a que fazem parte o grupo que est no poder. que se fazer a diferencia$#o aqui entre sofrimento e opress#o. )ofrer, todos sofrem, faz parte da condi$#ohumana, mas opress#o quando um grupo detm priilgios em detrimento de outro. )er chamado depalmito ruim e pode machucar, mas n#o impede que a pessoa desfrute de um lugar priilegiado nasociedade, n#o causa sofrimento social.

    =ma amiga, na inf>ncia, uma ez, n#o deixou que eu e meus irm#os entrssemos na sua festa, apesarde nos ter conidado, porque seu tio n#o gostaa de negros. E nos seria na cal$ada da casa dela at que,indignados, fomos embora. 3lguma pessoa branca j passou por isso exclusiamente por ser branca(

    ;uitas ezes o que pode ocorrer um modo de defesa, algumas pessoas negras, cansadas de sofrerracismo, agem de modo a rejeitar de modo direto a branquitude, mas isso uma rea$#o 6 opress#o e tambmn#o configura racismo. Eu posso fazer uma careta e chamar algum de branquela. 3 pessoa fica triste, masque poder social essa minha atitude tem( 3gora, ser xingada por ser negra mais um elemento do racismoinstitu2do que, alm de me ofender, me nega espa$o e limita minhas escolhas. estir nossa pele e ter empatiapor nossas dores, a maioria n#o quer. ;elhor fingir5se de 2tima numa situa$#o onde se o algoz. Essediscursinho barato de ?brancofobia? quando a popula$#o branca a que est nos espa$os de poder faz

    -andara /guerreira negra do per2odo colonial brasileiro e esposa de @umbi dos Palmares0 se remexer notAmulo."#o se pode confundir racismo com preconceito e com m educa$#o. < errado xingar algum, 9bio,

    ser chamado de palmito feio e bobo, mas racismo n#o . 'ara haver racismo, deve haver relao de

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    poder, e a populao ne!ra no a %ue est( no poder. "creditar em racismo reverso mais um modode mascarar esse racismo perverso em %ue vivemos. ) a mesma coisa %ue acreditar em unicrnios, s%ue acreditar em cavalos com chi#res no causa mal al!um e no perpetua a desi!ualdade.

    *-jamila 8ibeiro escree para a reista semanal Carta Capita, alm de ser feminista e pesquisadora na rea de BilosofiaPol2tica.

    BC"+E+ 87'E78C, -jalmila.Balar em racismo reerso como acreditar em unic9rnios. arta apital. DD no. &DF.-ispon2el em GhttpHIIJJJ.cartacapital.com.brIblogsIescritorio5feministaIracismo5reerso5e5a5existencia5de5unicornios5&K.htmlL. 3cesso em &% ago. &DK.55555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555

    TEXTO -

    uper/0omem, o salvador da "mrica

    *PorHlne Harter

    "a primaera de DM%N, os americanos descobrem esse noo her9i dos quadrinhos. 3t ent#o, a fic$#ocient2fica atrai pouco o grande pAblico, e o mercado editorial n#o escapa das dificuldades que fustigam umpa2s em plena crise econ4mica, que se arrastaa entre poucos altos e muitos baixos, desde DMM. Cinestimento ai se reelar, no entanto, muito rentel para a National Allied ubli!ations, que aceitapublicar as aenturas do personagem criado por Oerr )iegel e Ooe )huster, ap9s adquirir seus direitosautorais.

    8etomando os princ2pios que fizeram o sucesso do jornalismo popular desde o fim do sculo Q7Q, aeditora aposta num pre$o de enda baixo associado a olumes importantes para ganhar na quantidade. Elapercebe que os americanos passaram a preferir os passatempos que custam pouco aos lazeres onerosos, comoos parques de diers#o. 3posta igualmente no desejo de fuga. "ada como um personagem eoluindo numambiente de fic$#o cient2fica para fazer o leitor esquecer por um momento de um cotidiano dif2cil.

    C )uper5omem se ale de certas refer!ncias coletias americanas para seduzir os leitoresH o culto

    ao indi2duo, o gosto pela a$#o, a aloriza$#o do campo e de seus alores em detrimento da cidade, local detodos os perigos, a is#o manique2sta do mundo e ainda a alus#o aos igilantes, os justiceiros queencarnaam a lei nos primeiros tempos da conquista do Ceste. C super5her9i faz sucesso porque refletetambm as preocupa$es do momento, quando parecia existir a necessidade de figuras heroicas para enceros desafios de um per2odo de grandes dificuldades. Para compreender a obra de Oerr )iegel e Ooe )huster, preciso mergulhar no contexto do final dos anos DM%&.

    3 3mrica ie uma situa$#o econ4mica sem precedentes. C estouro da bolha especulatia emoutubro de DMM prooca uma crise financeira e bancria que depois se alastra para o conjunto da mquinaecon4mica. C choque t#o iolento que o P7' do pa2s cai pela metadeH a na$#o mergulha na depress#o. 3quebra dos bancos lea a uma redu$#o drstica dos emprstimos e pe fim a um crescimento que repousaaem grande parte sobre o crdito. 3 queda do poder de compra prooca preju2zos no comrcioR em raz#o dasuperprodu$#o e excesso de estoques, os pre$os S e, consequentemente, os lucros S despencam um ter$o

    entre DMM e DM%. Para limitar suas perdas, as empresas reduzem sua produ$#o e demitem massiamente.=m quarto da popula$#o atia se encontra desempregada em DM%%.

    C desemprego em massa, uma noidade, conduz 6 precariza$#o das condi$es de ida de milhes deamericanos, numa poca em que n#o existe sistema de prote$#o social. C consumo se encontraconsideraelmente reduzido e alimenta, por sua ez, a crise industrial. 3 depress#o parece n#o ter fim.

    < compreens2el que nessas condi$es os americanos se pronunciem em faor da mudan$a naelei$#o presidencial de DM%. )ua confian$a outorgada a um candidato democrata que lhes deole aesperan$a ao propor oNe" Deal/"oo 3cordo0. rios eleitores o eem como um homem proidencial.BranTlin -elano 8ooseelt assume suas fun$es em mar$o de DM%%, no pior momento da crise. C noopresidente n#o conta com o mercado para restabelecer a situa$#o. 7nspirando5se nas teorias do economistaOohn ;anard Uenes, acredita que a solu$#o dee ir de uma interen$#o do Estado na economia. < precisouma retomada do consumo, primeiro passo, segundo ele, para a recupera$#o da indAstria.

    "os cem dias seguintes 6 sua chegada 6 :asa 'ranca, faz5se necessria a ado$#o de medidas paraestabilizar o sistema bancrio e financeiro, dar suporte aos setores agr2cola e industrial, bem como 6sempresas. Para ajudar os trabalhadores, que chama de Vos americanos esquecidosW, ele aumenta o salrio5

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    hora m2nimo e cria empregos federais por meio de grandes programas de obras pAblicas. =m segundo Ne"Deal, mais social, adotado em DM%K. Ele refor$a o papel dos sindicatos e implementa um in2cio de Estadoproedor, com a cria$#o de um regime de prote$#o social que inclu2a seguro5desemprego e aposentadoria.+odas essas medidas t!m um custo. Em quatro anos, os gastos federais est#o a ponto de dobrar.8ooseelt n#o desconsidera esse fator. :omo seus contempor>neos, ele muito marcado pelas regras daortodoxia or$amentria. 3t a )egunda 1uerra ;undial, priilegia o aumento da base monetria a fim dereduzir as taxas de juros e faorecer os inestimentos. Essas medidas contribuem para melhorar a situa$#o

    econ4mica. C P7' melhora em DM%%. "o ano seguinte, F milhes de empregos s#o criados enquanto o poderde compra dos operrios aumenta em um quarto.

    Cs eleitores atribuem tais progressos ao presidente, reeleito em DM%X com uma parcela do otopopular mais significatia do que a de DM% /XDY, contra KZ,FY0. "#o s#o mais apenas os conseradores dosul que otam democratas, mas tambm os assalariados, os operrios, as minorias, as mulheres, os habitantesdos centros urbanos da costa leste. 8ooseelt conseguiu p4r de p uma coliga$#o de setores que ser#o fiisaos democratas at os anos DMX&. Ele , para muitos, a maior esperan$a da 3mrica. Entretanto, a retomadaecon4mica frgil e se faz a solaancos. 3 estreia de #uperman nas bancas ocorre num per2odo de incertezasecon4micas.

    *l[ne arter, professora da =niersidade de 8ennes 77, especialista em hist9ria dos Estados =nidos.

    BC"+EH 38+E8, l[ne. )uper5omem, o salador da 3mrica. 0istria iva. -ispon2el em GhttpHIIJJJ.uol.com.brIhistoriaiaIreportagensIespecial\super5herois\super5homem\o\salador\da\america.htmlL. 3cesso em &N ago. &DK.

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    TEXTO 2

    " 3analidade do mal

    "o ano de DMXD, DK anos ap9s o fim da )egunda 1uerra ;undial, inicia5se em 7srael o julgamento de3dolf Eichmann por crimes de genoc2dio contra os judeus, durante a guerra. C julgamento intensamente

    midiatizado, enolido por muita pol!mica e controrsia. uase todos os jornais do mundo eniamcorrespondentes para cobrirem as sesses, tornadas pAblicas pelo goerno israelense. =ma dascorrespondentes presentes ao julgamento, como eniada da reista $%e Ne" &or'er, a fil9sofa alem#,naturalizada norte5americana, annah 3rendt.

    3lm de crimes contra o poo judeu, 3dolf Eichmann foi acusado de crimes contra a umanidade ede pertencer a uma organiza$#o com fins criminosos. C ru se declarou ?inocente no sentido das acusa$es?."o entanto, foi condenado por todas as quinze acusa$es que pesaam contra ele e enforcado em DMX, nasproximidades de +el 3i /capital de 7srael0.

    O livro

    Em DMX%, com base em seus relatos escritos para $%e Ne" &or'er, sobre o julgamento, 3rendt

    publica um liro S (i!%mann em )erusalm. "ele, ela descree n#o somente o desenrolar das sesses, masfaz uma anlise do ?indi2duo Eichmann?. )egundo ela, 3dolf Eichmann n#o possu2a um hist9rico ou tra$osantissemitas e n#o apresentaa caracter2sticas de um carter distorcido ou doentio. Ele agiu segundo o queacreditaa ser o seu deer, cumprindo ordens superiores e moido pelo desejo de ascender em sua carreiraprofissional, na mais perfeita l9gica burocrtica. :umpria ordens sem question5las, com o maior zelo eefici!ncia, sem refletir sobre o*emou o+al que pudessem causar.

    Em (i!%mann em )erusalm, 3rendt retoma a quest#o do mal radical 'antiano, politizando5o.3nalisa o mal quando este atinge grupos sociais ou o pr9prio Estado. )egundo a fil9sofa, o mal n#o umacategoria ontol9gica, n#o natureza, nem metaf2sica. < pol2tico e hist9ricoH produzido por seres humanos ese manifesta apenas onde encontra espa$o institucional para isso S em raz#o de uma escolha pol2tica. 3triializa$#o da iol!ncia corresponde, para 3rendt, ao azio de pensamento, onde a banalidade do mal seinstala.

    BC"+EH httpsHIIpt.JiTipedia.orgIJiTiI'analidade\do\;al

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    onsideraes #inais

    C conceito de V'analidade do ;alW, aprofundado por annah 3rendt no liro VEichmann emOerusalmW, trouxe5lhe as cr2ticas da comunidade judaica e tambm a pol!mica que ainda se mantm.

    "esta obra a fil9sofa defende que, em resultado da massifica$#o da sociedade, se criou uma multid#oincapaz de fazer julgamentos morais, raz#o porque aceitam e cumprem ordens sem questionar.

    Eichmann, um dos responseis pela solu$#o final, n#o olhado como um monstro, mas apenas

    como um funcionrio zeloso que foi incapaz de resistir 6s ordens que recebeu.C mal torna5se assim banal.Este liro foi ainda criticado porque 3rendt tambm deu exemplos de judeus e institui$es judaicas

    que se submeteram aos nazis ou cumpriram as suas diretias sem questionar.annah 3rendt foi autora de rios outros liros e trabalhos onde questiona o papel da mulher na

    sociedade, a iol!ncia e o poder. -estacam5se liros como V3s Crigens do +otalitarismoW, V3 :ondi$#oumanaW, V)obre a iol!nciaW ou Vomens em +empos )ombriosW.

    BC"+EH httpHIIensina.rtp.ptIartigoIa5banalidade5do5mal5de5hannah5arendtI

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    TEXTO 4

    a5istas eram !ente como eu e voc$itler ganhou espa$o na 3lemanha porque a classe mdia n#o tinha perspectias. seus apoiadores

    n#o eram maus, mas pragmticos

    *Por ,-t. Al/

    Pense em um conhecido seu, um primo ou um amigo. 7magine que ele perdeu o emprego h riosmeses e n#o consegue lear dinheiro para casa. Baz alguns bicos, aqui e ali, mas n#o consegue encarar osfilhos nos olhos. Para piorar as coisas, o izinho foi promoido, trocou de carro e est construindo umapiscina no quintal de casa. Essa situa$#o dura rios meses, at que um noo goernante assume o poder epromete que quem participar do noo regime ai ganhar uniformes exclusios, poder e, principalmente, umemprego com salrio alto. Boi uma situa$#o como essa que formou a base do nazismo na 3lemanhaH gentecomum, que ieu um per2odo prolongado de dificuldades financeiras e baix2ssima autoestima. Poderia serseu primo. Poderia ser seu izinho. Poderia ser oc!.

    ;eu a4 Briedrich )chneider foi um destes homens. Em DMX, ele e outros K milhes de pais defam2lia estaam desempregados e se juntaram ao Partido "azista. +odos acreditaam, com sinceridade, queaquele sujeito entusiasmado de bigode estreito iria mudar o pa2s e tir5los da humilha$#o imposta depois dofim da Primeira 1uerra. 3 queda da 'olsa de alores de "oa ]orT, em DMM, s9 piorou o quadro decar!ncia, infla$#o e desemprego.

    Em resposta, itler oferecia um mundo organizado, militarizado, que alorizaa a disciplina e oacesso 6 qualidade de ida para quem aderisse ao seu grupo. aia um efeito colateral grae, no entantoHaquele izinho rico ao lado teria que perder muito. Primeiro perderia o patrim4nio, depois a liberdade e, porfim, a ida. ;as n#o era dif2cil olhar para o outro lado e ignorar aquele absurdo. C gueto de ars9ia ficaalonge, l na Pol4nia, enquanto que leas e leas de roupas e joias finas dos judeus presos chegaam a'erlim, para o deleite das pessoas que, pouco tempo antes, passaam aperto.

    "a contram#o, haia uma elite crescendo com poder maior ainda. Ela desfilaa com suas ins2gnias,suas casas maiores, seus elogios em cerim4nias pAblicas para as multides. -iante disso, o sumi$o de umaparcela da popula$#o que causaa ineja n#o incomodaa. "enhum cidad#o comum sabia, na poca, que Xmilhes de pessoas estaam sendo trucidadas, mas a maioria dos alem#es continuaria fazendo exatamente omesmoH cuidando de sua pr9pria ida. )urgiu, nesta poca, uma classe de nazistas emergentes, quebatalhaam para buscar mais espa$o naquela sociedade que parecia estar em franca ascens#o. Perto desta

    oportunidade, quem se importaria com os judeus(Portanto, a maioria dos meus colegas historiadores da )egunda 1uerra est equiocadaH o principalingrediente para transformar um pa2s inteiro em uma mquina de matar inocentes n#o era a maldade, nemmesmo o racismo. Era o pragmatismo. E essa uma m not2cia, porque seria mais simples se pudssemos

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    apenas culpar os alem#es. )e o nazismo e o antissemitismo cresceram gra$as a um ambiente de pobreza e,principalmente, de falta de perspectias, este fen4meno pode se repetir a qualquer momento, em qualquerlugar.

    * 1^tz 3l historiador alem#o especializado em nazismo e autor do liro %/ $%e ,ermans %/ t%e )e"s/or queos alemes or que os judeus0

    BC"+EH 3_], 1^tz. "azistas eram gente como eu e oc!. Revista 6alileu. 3go. &D%. -ispon2el em GhttpHIIreistagalileu.globo.comI8eistaI:ommonI&,,E;7ZKKFD5DZZZF,&&5

    "3@7)+3)`E83;`1E"+E`:C;C`E=`E`C:E.htmlL. 3cesso em Z set. &DK.

    55555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555

    TEXTO 7

    "usch8it5+ a 9ind:stria da morte;

    VPela primeira ez, ent#o, nos damos conta de que a nossa linguagem n#o tem palaras para expressar essaofensa, essa aniquila$#o do ser humanoW /*Primo _ei0.

    **PorAnt3nio n5!io Andrioli

    Para todos aqueles que eem na racionalidade e no progresso tecnol9gico a esperan$a de um mundomelhor, a lembran$a de 3uschJitz, certamente, paradoxal. 3 VindAstria da morteW, idealizada e organizadacom o aux2lio da tecnologia e da burocracia mais aan$ada da poca, incomparel 6 qualquer barbrieanterior registrada na hist9ria da humanidade. 3o isitar somente o que restou de 3uschJitz, X& anos ap9s,uma pergunta n#o quer calarH como o ser humano foi capaz de tudo isso( 3 pr9pria pergunta j reela nossacren$a num poss2el progresso da sociedade humana rumo a uma maior humaniza$#o ou ciiliza$#o. +err2el ter de admitir que aquilo que costumamos chamar de ciiliza$#o produziu a moderna barbrie, uma

    situa$#o que nem o mais pessimista dos fil9sofos alem#es anteriores ao nazismo poderia sequer imaginar oupreer.

    3 exist!ncia de campos de exterm2nio de pessoas, como o de 3uschJitz, pode ser compreendidacomo a concretiza$#o extrema de um 2mpeto presente em muitas assim chamadas ciiliza$es, ou seja, aelimina$#o intencionalmente planejada de seres humanos que estejam obstruindo interesses de grupos sociaishegemonicamente estabelecidos. itler afirmaa claramente, em noembro de DM%Z, em seu discursodirigido ao ;inistro do Exterior e aos seus principais l2deres militares, que em seu regime n#o se trataa deconquistar pessoas e sim territ9rios. C programa do partido nazista anunciaa a necessidade de conquistarterra para alimentar o poo e assentar o excedente populacional alem#o. 3 ideologia nazista, alicer$ada naideia de que o poo alem#o superior aos demais, se encarregaa de pregar o 9dio contra a democracia, omarxismo, os judeus e todos os que n#o se enquadrassem nos padres e prop9sitos da domina$#o totalitriaHos poos eslaos, os homossexuais, os deficientes f2sicos, os ciganos e os opositores pol2ticos.

    :om o objetio de anexar territ9rios e abrir a passagem para o leste europeu a ser conquistado, aPol4nia precisaa ser arrasada. itler ordenaa suas tropas para o exterm2nio sem piedade de homens,mulheres e crian$as de origem polonesa, alegando que, somente assim, a 3lemanha conquistaria o espa$onecessrio para sobreier, acabando com a popula$#o residente e ocupando a rea com assentamentosalem#es. :omo a Pol4nia contaa com cerca de % milhes de judeus /D&Y da popula$#o do pa2s0, aconstru$#o de um campo de exterm2nio neste pa2s n#o foi obra do acaso. 3 escolha de 3uschJitz foiestratgica, tanto do ponto de ista do isolamento das 2timas, como na perspectia da efici!ncia para otransporte, ao exterminar o inimigo no territ9rio em que ele existia em maior nAmero e que deeria serVliberadoW para a ocupa$#o nazista, com istas ao aan$o em dire$#o ao inimigo maiorH o bolcheismojudeu. Estima5se que para 3uschJitz foram deportados, no m2nimo, D,D milhes de judeus /a maioria daungria e da Pol4nia0, DK& mil presos pol2ticos poloneses, % mil ciganos, DK mil presos de guerra soiticos

    e mais K mil presos de outras nacionalidades, especialmente tchecos, franceses, iugoslaos, russos,ucranianos e alem#es.C plano dos nazistas preia o exterm2nio total dos judeus, chegando a anunciar o genoc2dio de DD

    milhes na Europa e estima5se que tenha atingido, no total, X milhes de 2timas. 3 fbrica da morte em

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    3uschJitz foi projetada e constru2da, prioritariamente, para exterminar judeus, enquanto outros campos deexterm2nio se ocupaam com os demais Vinimigos declarados pelo nazismoW. C VcrimeW dos judeus eraterem Vnascido judeusW e o goerno nazista se encarregaa de classific5los e eni5los a 3uschJitz, com afalsa promessa de que iriam ao leste para trabalhar. Paralelamente, a VindAstria da morteW em 3uschJitzcontribu2a com setores da indAstria capitalista alem#, atras do trabalho for$ado, em fun$#o dofornecimento de gs para as c>maras de exterm2nio e, inclusie, atras da apropria$#o dos bens das 2timas.

    3s 2timas podiam lear at K& Ug de bagagem, a qual era confiscada j na chegada em 3uschJitz.

    8oupas, cal$ados, instrumentos de trabalho, objetos de uso pessoal eram simplesmente roubados,classificados e eniados de olta 6 3lemanha. Cs objetos de maior alor, como dinheiro e ouro /tambm oouro dos dentes das 2timas0 eram eniados diretamente ao 'anco :entral 3lem#o e n#o s#o raros os casosem que os soldados se apropriaam, imediatamente, de parte desses bens. _ogo ap9s a chegada, as 2timaseram obrigadas a se despir e entrar na Vsala de desinfec$#oW onde recebiam uma roupa padronizada, umnAmero em forma de tatuagem no bra$o e o cabelo era cortado, armazenado e eniado para a 3lemanha,como Vmatria5primaW para a indAstria t!xtil. Para ilustrar isso, quando as tropas soiticas ocuparam3uschJitz, foram encontradas Z toneladas de cabelo e uma infinidade de objetos das 2timas que ainda n#ohaiam sido eniadas 6 3lemanha.

    C exterm2nio foi racionalmente organizado, de tal forma, que pudesse eliminar o mximo de pessoasem menos tempo, com os menores custos e a maior efici!ncia do ponto de ista operatio. 3 r2gida diis#odo trabalho e a extrema organiza$#o da ?indAstria da morte?, incorporou o conhecimento de geniaisarquitetos, administradores, antrop9logos, mdicos, qu2micos, bi9logos, enfim, parte do conhecimento e datecnologia mais aan$ada a seri$o da destrui$#o de seres humanos. Para itler e os principais l2deresnazistas, haia, entretanto, mais um ingrediente importante na VindAstria da morteWH o uso do terror comoarma pol2tica. )egundo itler, qualquer um que tiesse a inten$#o de atacar o goerno alem#o iria reer suaposi$#o ao saber do que o esperaa nos campos de exterm2nio.

    Esse efeito do terror sobre a sociedade os nazistas aproeitaam para dar o passo seguinte, de talforma, que aquilo que, at ent#o, parecia inimaginel 6 raz#o humana de que acontecesse, j estaa sendoassimilado como conduta na l9gica do exterm2nio. 3ssim, se sucederam os experimentos com as 2timas,usadas como cobaias para o desenolimento da medicina e da indAstria farmac!utica alem#. 3s atrocidadesmais famosas s#o as conduzidas pelo mdico Oosef ;engele com g!meos e liliputianos. 3 documenta$#oatualmente existente reela, no entanto, DZN diferentes tipos de experimentos mdicos realizados, incluindo

    crueldades como inje$es no olho sem anestesia com a inten$#o de mudar a cor, esteriliza$es, contamina$#ocom 2rus e bactrias causadores de doen$as, amputa$es e retirada de 9rg#os.C nazistas demonstraram claramente 6 humanidade que perfeitamente poss2el estimular a ci!ncia

    e utiliz5la a seri$o da destrui$#o do pr9prio ser humano e pasmemH sem que os responseis pela produ$#odo conhecimento e sua utiliza$#o tenham algum peso na consci!ncia ou um sentimento de culpa quanto aisso. Cs soldados nazistas que estieram em 3uschJitz e que ainda est#o ios, ao serem perguntados sobresua responsabilidade no genoc2dio, respondem que, simplesmente, procuram n#o pensar no que aconteceucom as 2timas, que eles estaam cumprindo ordens e assim conseguem ier de forma bem tranquila comseu passado. C mesmo comportamento erificel no >mbito de muitas reas da ci!ncia contempor>neadominadas pela raz#o instrumental, onde os pesquisadores sequer questionam as consequ!ncias da utiliza$#odo seu conhecimento, como se o uso e a produ$#o do conhecimento estiessem isolados. )#o os efeitosdaquilo que erbert ;arcuse denominou de carter ideol9gico da tcnica e da ci!ncia, fruto do racionalismo

    moderno, com potencial de produ$#o da barbrie em patamares ainda desconhecidos.Por isso, a diferen$a entre 3usschJitz e as barbries anteriores da hist9ria humana n#o s9 gradual

    pela sua intensidade, mas foi produzida de maneira substancialmente diferenciada, ao incorporar, de formaoriginal, a racionalidade a seri$o da destrui$#o humana, de tal forma, que o efeito comparatio se anula.3uschJitz inaugura, assim, uma noa ers#o da barbrie, a qual opera como indAstria, como uma mquina,diante da qual os protagonistas aparecem de forma inertida, seja como pseudo52timas, seja comocolaboradores de um processo exterminador, no qual o contato direto com as 2timas , parcialmente, isoladopela pr9pria l9gica da organiza$#o.

    Esse um detalhe pass2el de erifica$#o em 3uschJitzH as pr9prias 2timas eram obrigadas aexecutar as tarefas mais degradantes ao ser humano, seja a retirada dos corpos das c>maras de gs como suatransfer!ncia aos fornos de crema$#o. 3s 2timas n#o somente imaginaam o que, em seguida, iria acontecercom elas, como j ienciaam, concretamente, sua extermina$#o coletia, na qual eram obrigadas acontribuir na forma de trabalho for$ado. 3 destrui$#o da humanidade das 2timas, portanto, j se daa antesda sua destrui$#o f2sica. :omo descree Primo _ei, um dos sobreientes do olocausto, um campo de

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    concentra$#o uma grande engrenagem projetada para transformar seres humanos em animais. 8esistir 6l9gica desta mquina desumanizadora muito dif2cil e doloroso.

    C que aconteceu em 3uschJitz mudou as no$es de barbrie que a humanidade conheceu ao longoda hist9ria e mostrou, objetiamente, do que o ser humano capaz. C paradoxo da ciiliza$#o moderna que+heodor 3dorno, em suas obras Diale'ti' der Au6l7rung /Dialti!a do (s!lare!imento0, de DMFF, e+inima

    +oralia, de DMFK, corretamente caracterizou de progresso regressio, aconteceu e continua atual em nossagera$#o, marcada pelo predom2nio da racionalidade instrumental. C carter contradit9rio do progresso e da

    ciiliza$#o nos tempos modernos, brilhantemente abordado e discutido pela tradi$#o da Escola de BranTfurt,merece uma aten$#o especial quando nos confrontamos com as brutalidades e genoc2dios presentes em nossotempo.

    3uschJitz um exemplo para demonstrar que, se n#o temos como proar, objetiamente, a ig!nciade um per2odo na hist9ria em que a explora$#o e a destrui$#o humanas n#o tenham existido, suaintensifica$#o e aprofundamento s#o perfeitamente poss2eis. Parafraseando 3dorno, como a barbriecontinua em curso, o desafio racional da nossa exist!ncia construir a ant2tese na sociedade, de tal forma queseja poss2el 6 hist9ria produzir uma s2ntese mais humana do que a que temos consci!ncia, para quegenoc2dios como os de 3uschJitz n#o se repitam jamais.

    *Primo _ei /DMDM5DMNZ0 foi um qu2mico e escritor italiano. Escreeu mem9rias, contos, poemas, e noelas. < maisconhecido por seu trabalho sobre o olocausto, em particular, por ter sido um prisioneiro em 3uschJitz5'irTenau.

    ** 3nt4nio 7ncio 3ndrioli doutorando em :i!ncias )ociais na =niersidade de CsnabrcT S 3lemanha.

    BC"+EH 3"-87C_7, 3nt4nio 7ncio. 3uschJitzH a VindAstria da morteW. Revista Espao "cad$mico

    'er!untas e respostas+ crise imi!ratria na Europa3 resposta descoordenada e, por ezes, xenof9bica de goernos europeus coloca a =ni#o Europeia no centro

    da crise

    C mundo ie a maior crise de migrat9ria de refugiados, por motios de guerra ou persegui$#opol2tica e tnica, desde a )egunda 1uerra ;undial. )egundo a C"=, em &DF, KM,K milhes de pessoasforam for$adas a abandonar seus pa2ses deido 6 iol!ncia. "este ano, a expectatia de um nAmero aindamaior.

    Pa2ses com hist9rico recente de guerras lideram a lista dos que mais exportam refugiados. Emprimeiro lugar em o 3feganist#o, seguido pela )2ria, )omlia e )ud#o, com o 7raque em sexto lugar. "asAltimas semanas, os refugiados t!m se deslocado para a Europa, continente que apoiou interen$es militaresno 3feganist#o, 7raque e )2ria.

    _eia, abaixo, algumas perguntas e respostas sobre o tema.

    'or %ue muitos s?rios esto dei&ando a ?ria@3 imensa maioria dos s2rios que se dirige 6 Europa tentam escapar da guerra ciil em seu pa2s,

    iniciada em &DD, com a repress#o imposta pelo ditador 'ashar al53ssad 6s manifesta$es da chamadarimavera 8rabe. 3tualmente, diersas cidades s2rias est#o destru2das e o pa2s se encontra diidido entregrupos pr953ssad, rebeldes anti5goerno, for$as curdas, o Estado 7sl>mico e outras fac$es jihadistas, entreelas a Brente al5"usra, ligada 6 3l5aeda.

    " #am?lia do menino "Alan Burdi, encontrado morto em uma praia turca, vinha de onde@-esde &DD, mais de F milhes de pessoas deixaram a )2ria, cerca de um quarto da popula$#o. 3lan

    Uurdi, o menino cuja fotografia comoeu o mundo, haia fugido com sua fam2lia de Uobane, cidade s2ria

    palco de iolentos confrontos entre militantes do Estado 7sl>mico e for$as curdas no in2cio do ano.

    Os pa?ses europeus so os %ue mais rece3em s?rios@

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    "#o. )egundo a 3nistia 7nternacional, MKY dos refugiados s2rios est#o em apenas cinco pa2sesH+urquia, _2bano, Oord>nia, 7raque e Egito. 3 +urquia j recebeu cerca de milhes de s2rios e o _2bano, maisde um milh#o. 3 explica$#o para isso a proximidade. -iante de uma situa$#o de guerra, os refugiados n#ot!m muitas op$es de fuga e optam pela rota mais fcil, que geralmente lea a pa2ses izinhos.

    'or %ue os pa?ses ricos do 6ol#o 'rsico t$m rece3ido poucos re#u!iados@Cs s2rios n#o possuem lire trfego para estes pa2ses. Cficialmente, eles podem solicitar um isto de

    turista ou permiss#o de trabalho, mas o processo caro e h restri$es eladas que dificultam a obten$#o deistos. Este posicionamento j foi criticado por organiza$es em defesa dos -ireitos umanos e n#o hperspectia de mudan$a.

    3o mesmo tempo em que dificultam a entrada de refugiados s2rios, pa2ses como 3rbia )audita,:atar e Emirados rabes =nidos, tambm s#o acusados por organismos internacionais de financiar gruposarmados na )2ria e manter a situa$#o de guerra ciil.

    idados de %uais outros pa?ses t$m mi!rado para a Europa@3lm da )2ria, cidad#os de outros pa2ses com iol!ncia constante ou em situa$#o de grande pobreza

    t!m sido obrigados a procurar refAgio na Europa. )egundo a Eurostat, 9rg#o de estat2sticas da =ni#oEuropeia /=E0, cidad#os s2rios lideram a lista de pedidos de asilo, com D mil pedidos. Em seguida est#oH3feganist#o /FD mil pedidos0, Uosoo /%Z mil0, Eritrea /%X mil0, )ria /%& mil0 e Paquist#o / mil0.

    'or %ue pessoas %ue procuram asilo na Europa esto sendo impedidas de em3arcar em trens na0un!ria@

    -iante da chegada de um grande nAmero de refugiados, o goerno hAngaro optou por impedi5los deacessar a esta$#o central de trem de 'udapeste, uma das ias para a 3lemanha. C bloqueio era restrito apenasa refugiados. C goerno hAngaro se justificou dizendo que tentaa cumprir as regras da =ni#o Europeia, ques9 permite o lire fluxo entre os pa2ses5membros para quem possuir passaporte europeu e isto de entrada.3lm disso, a a$#o isaa seguir a :onen$#o de -ublin, que estabelece que os candidatos a asilados fa$amo pedido no primeiro pa2s da =E que entrarem.

    :ontudo, o bloqueio do goerno n#o surtiu efeito e centenas de refugiados decidiram cruzar asfronteiras do pa2s a p. -iante disso, o goerno hAngaro cedeu. "o dia K, retirou os policiais da esta$#o de

    trem de 'udapeste e decidiu proidenciar 4nibus para lear os imigrantes at a fronteira com a ustria.-iersos cidad#os alem#es e austr2acos tambm iajaram de carro at a ungria para oferecer carona a quempretendia se deslocar em dire$#o a estes pa2ses.

    omo os !overnos europeus esto rea!indo C %uesto@"#o existe uma resposta unificada dos goernos. 3lemanha e )ucia, por exemplo, t!m se mostrado

    receptias aos refugiados. Por outro lado, ungria e 8eino =nido defendem um nAmero limite de refugiadose pol2ticas de deporta$#o. Cutros t!m alertado refugiados que n#o est#o preparados para receb!5los. Este ocaso do goerno da -inamarca, que publicou anAncios em tr!s jornais libaneses pedindo para que eles n#o sedirijam para o pa2s.

    O 3loco 3usca um entendimento so3re esta %uesto@

    )im. C presidente da :omiss#o Europeia, Oean5:laude OuncTer, pediu na quarta5feira M aos pa2ses da=E que recebam DX& mil refugiados e adotem a$es ?corajosas? para responder 6 mais grae crise migrat9riaem dcadas na Europa. -iante do Parlamento Europeu, OuncTer disse que ai aan$ar com uma proposta quepre! a distribui$#o com ?urg!ncia? e com carter ?obrigat9rio? de mais D& mil refugiados, alm dos F& milj propostos, que hoje est#o espalhados pela ungria, 7tlia e 1rcia. :onforme adiantou o jornal ingl!sBinancial +imes, a proposta ir preer multas para os pa2ses que rejeitem a sua quota. )egundo a C"=, aEuropa deeria receber && mil refugiados.

    Duais os pa?ses mais procurados pelos re#u!iados na nio Europeia@3 maioria dos candidatos de asilados que chegaram 6 Europa nos Altimos meses tem buscado pa2ses

    que pouco sofreram com a crise econ4mica, como 3lemanha, ustria e )ucia. Em &DF, os Estados5membros da =ni#o Europeia aceitaram DNF mil pedidos de asilo, segundo a Eurostat. C pa2s l2der naaproa$#o deste pedido a 3lemanha, com FZ mil pedidos aproados, seguida por )ucia /%% mil0, Bran$a/& mil0, 7tlia /& mil0, )u2$a /DK mil0 e 1r#5'retanha /DF mil0.

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    omo resolver este pro3lema@Por defini$#o, um refugiado algum que tee de deixar seu pa2s natal por causa de sua etnia,

    religi#o, nacionalidade, conic$#o pol2tica ou pertencimento a certo grupo social, segundo a conen$#o de1enebra sobre refugiados. "o caso dos refugiados s2rios, por exemplo, a guerra ciil o principal motor damigra$#o. "a Eritreia, por outro lado, a repress#o e a persegui$#o pol2tica por parte do goerno s#o ascausas. Por isso, uma solu$#o para a crise humanitria dos refugiados passa obrigatoriamente pela paz eestabilidade democrtica nos pa2ses de origem.

    :onflitos armados decorrentes da inas#o do 7raque e 3feganist#o, em pa2ses africanos ou p9sPrimaera rabe respondem, em grande medida, pelo maior nAmero de refugiados no mundo desde a)egunda 1uerra ;undial. )egundo o 3lto :omissariado das "a$es =nidas para os 8efugiados /3cnur0, onAmero de deslocados e refugiados alcan$ou, em &DF, um recorde de KM,K milhes de pessoas. umadcada o nAmero era de %Z,K milhes.

    omo o rasil tem se colocado diante da crise mi!ratria@"a segunda5feira /dia &ZI&MI&DK0, -ilma 8ousseff disse que o 'rasil est de ?bra$os abertos para

    acolher refugiados?, apesar dos ?momentos de dificuldade como o que estamos passando?. -esde o in2cio daguerra ciil at agosto deste ano, o 'rasil j concedeu asilo a .&ZZ s2rios, segundo dados do :omit!"acional para os 8efugiados /:onare0, 9rg#o ligado ao ;inistrio da Ousti$a. :om isso, os s2rios jrepresentam KY do total de refugiados no 'rasil.

    Este nAmero superior ao pedido de asilo de s2rios aceitos por Estados =nidos /D.F%0 e pa2ses nosul da Europa, que recebem s2rios indos pelo ;editerr>neo. )egundo a Eurostat, entre os pa2ses europeusbanhados pelo ;editerr>neo, a Espanha a que mais aproou solicita$es de asilo, acolhendo D.%%K s2rios.Em seguida, !m a 1rcia /D.ZK0, 7tlia /D.&&K0 e Portugal /DK0. 3pesar de acolher um grande nAmero derefugiados, o 'rasil criticado por oferecer poucas oportunidades para que eles consigam subsistir. ?Elest!m grandes desafios para conseguir uma coloca$#o profissional, moradia, mesmo que prois9ria, e teracesso aos seri$os pAblicos?, afirma ;anuel Burriela, presidente da :omiss#o da C3'5)P para os -ireitosdos 8efugiados.

    BC"+EH arta apital. DD set. &DK. -ispon2el em G httpHIIJJJ.cartacapital.com.brIinternacionalIperguntas5e5respostas5crise5imigratoria5na5europa5M%%Z.htmlL. 3cesso em D set. &DK.