BIOSOFIA
-
Upload
renilton-brito -
Category
Documents
-
view
179 -
download
42
Transcript of BIOSOFIA
![Page 1: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/1.jpg)
Legião de Mamon
BIOSOFIA
Para uma nova compreensão da Vida, do Universo e do
Homem.
O SOM E O NÚMERO
O Som Criador
Todas as Escrituras Sagradas, de Oriente a Ocidente, se referem a um
Som inicial, fazedor de Mundos. No Ocidente, a versão bíblica nos diz
que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por meio dele” (João, 1:1-3).
![Page 2: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/2.jpg)
Igualmente nas Cosmogonias mais orientais, o som (sabda, em
sânscrito) é o construtor da Manifestação (Sabda Brahman). No sistema
Vedantino, esse Som criador ou Palavra é Vâch. E mais a Ocidente, os
Gregos antigos tinham o designativo Logos para este mesmo conceito.
Contudo, Verbo, vocábulo de etimologia latina, é um termo sumamente
feliz para significar, precisamente, esse acto da Criação.
Gramaticalmente, Verbo é uma palavra com a qual afirmamos a
existência de uma acção, de um estado ou de uma qualidade que
atribuímos ao sujeito. É, pois, algo como uma extensão (activa) do (de
um) sujeito. Infere-se, daí, que o sujeito permanece abstracto e
imanifestado sem essa acção, que então o representa e torna manifesto.
Assim, de facto, o Verbo é a primeira expressão da Manifestação e o que
permite que ela se desenvolva.
O Verbo, neste sentido místico, metafísico, veio a antropomorfizar-se e a
integrar a tríade de figuras deíficas da Tradição Cristã – as três
“Pessoas” da Trindade (ou Unidade trina, de três aspectos) “Pai, Filho e
Espírito Santo” – fazendo-se corresponder ao “Filho” ou “Cristo”.
O mesmo sucedera nas outras culturas e, assim, segundo a alegoria do
Padma Purâna: “No princípio, Mahâ-Vishnu (o Grande Vishnu)(1),
desejoso de criar o mundo, converteu-se em três: criador, conservador e
destruidor. A fim de produzir este mundo, o Espírito supremo fez
emanar Brahmâ do lado direito do seu corpo; em seguida, a fim de
conservar o universo, produziu do seu lado esquerdo o deus Vishnu; e,
por fim, para destruir o mundo, do meio do seu corpo produziu o eterno
Shiva”(2), (3).
O equivalente deste Verbo, em sânscrito, é Vâch, que já mencionámos.
Vâch é a expressão concreta da Ideação Divina e, por conseguinte, a
“Palavra”. Figurativamente é também Sarasvatî, a consorte ou aspecto
feminino de Brahmâ, a deusa da Sabedoria e da eloquência. Nesta
conformidade, por sua vez, Sarasvatî é idêntica à Sophia dos Gnósticos
(é ela, nas diversas acepções, o Logos feminino, a Sabedoria Divina
personificada, a Virgem Celestial…). Diz o Mahâbhârata: “Vâch é a
celestial Sarasvatî produzida dos céus”, “uma palavra derivada do
![Page 3: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/3.jpg)
Brahmâ sem fala”.
No sistema vedantino, o Som que origina, permeia e sustenta todo o
Universo desdobra-se em 4 níveis, do mais subtil ao mais grosseiro e
material: 1º - Parâ ou Parasabda [parâ = transcendente, supremo, e
sabda = som], o Som Causal e insonoro; de Parabrahman, além do
Númeno e de todos os Númenos; 2º - Pasyantî, o próprio Logos; 3º -
Madhyamâ, a luz de Isvara (a luz do Logos)(4); a Duração, a
Permanência, a Eternidade; 4º - Vaikharî, a linguagem pronunciada ou
articulada; o som material e o Cosmos que conhecemos; o último estado
de densificação do Som causal.
O termo grego Lógos reveste o significado de “palavra”, “razão”, e os
antigos filósofos usaram-no no sentido de “Razão divina organizadora do
Mundo”. O seu equivalente latino é, pois, ratio (razão), oratio, verbum –
palavra, linguagem, expressão do pensamento. Por seu turno, os
semitas usaram o termo que lhes corresponde na sua respectiva língua
– “memra” –, neste caso como referente a Jeová, ou revelador da sua
presença. Nos Targums (as versões aramaicas do Velho Testamento), a
Memra (’imrah ou ’emrah) figura constantemente como a manifestação
do Poder divino, ou como Mensageiro divino em lugar do próprio Deus.
Nos Targums da Caldeia, esta Palavra de Jeová representa-o, falando e
actuando: “E eles ouviram a Palavra [Memra] de Deus caminhando no
Jardim [do Éden] na brisa da tarde e Adão e sua mulher esconderam-se
da presença da Palavra [Memra] de Deus, por entre as árvores do
Jardim…”. A Memra partilha a natureza de Deus e, ao mesmo tempo, é
o seu mensageiro.(5)
S. João aplicou o termo Logos a Cristo, o revelador do Pai, a imagem
visível do Deus invisível (posto que a Palavra é a exteriorização do
Pensamento – Divino e Universal, como também o individual).
O Som insonoro, o Som potencial
No Princípio, foi o Som que dividiu a Unidade, que produziu o dois ou
dualidade (6). E foi a dualidade que deu início à Consciência reflexa ou
de relação.
![Page 4: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/4.jpg)
A consciência (assim entendida) só existe no mundo fenoménico,
porquanto a consciência é uma efusão produzida por fricção. O Um é
designado “Nada” ou “Parâ” porque, não tendo onde se refletir (onde se
confrontar), não é essa consciência – de modo inapreensível para nós,
transcende-a, e simplesmente É, sem apêndices nem atributos (7).
Todo o Universo manifestado e todos os fenómenos são cadeias e
“arranjos peculiares” de vibrações. E é o Universo que é Consciência –
consciência precisamente originada pela efusão, pelo atrito, pela
estimulação da infinidade de vibrações. Tais vibrações são os Filhos
monádicos desse Um, seus desdobramentos incessantes… o Um
desdobra-se nos múltiplos.
A Sinfonia do Universo
O termo ‘logos’ igualmente “tomou o seu lugar na linguagem musical
grega, referindo a medida da cítara ou da lira (i.e., os trastos ou
travessões) onde a corda deveria ser pisada de modo a produzir uma
nota definida’(8)”. Este parece-nos um facto muito sugestivo. Os sons
puros (as 7 notas musicais, ou o que elas representam), que integram a
escala diatónica, são, na sua matriz, contenções de arquétipos que no
curso da Manifestação se desprendem e combinam infinitamente. E
esse Grande Septenário harmónico (matemático) é o que sustenta e
viabiliza a Manifestação dos mundos, a Lei do Ritmo operando por
detrás.
É dito que a escala musical hindu terá evoluído de 3 notas apenas (9)
para a escala de 7. Essas 3 notas detinham a chave da vocalização do
AUM, sendo que este Mantra, o mais sagrado de todos os mantras,
sintetiza e representa o poder da Trindade. As três letras do AUM
correspondem ao “Fogo Triplo”, respectivamente Agni ou Abhimânim
(Fogo ígneo) – ‘A’; Varuna ou Vishnu (Fogo aquoso, Águas do Espaço ou
Akasha) – ‘U’; Marut (Fogo aéreo, Espírito de Vida) – ‘M’.
Sendo o AUM o emblema da Trindade na Unidade, as 3 letras de que se
compõe representam ainda os três aspectos do Ser Supremo – Brahman
-, ou seja, o de Criador (Brahmâ – ‘A’), o de Conservador (Vishnu – ‘U’),
![Page 5: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/5.jpg)
e o de Destruidor/Renovador (Shiva – ‘M’). E assim, também,
naturalmente, Âtma, Buddhi e Manas.
Depois, as três evoluíram para sete, Sa – Ra – Ga – Ma – Pa – Dha – Na
(ou Ni-sa)(10), a escala sendo dividida em 22 intervalos ou srutis. O
sruti, ou intervalo micro-tonal, é a mais pequena diferença tonal entre
dois sons que pode ser distinguida pelo ouvido humano.
Cada uma das 7 notas musicais representa cada um dos 7 Rishis (os 7
Filhos Nascidos da Mente de Brahmâ) que transmitiram o conhecimento
sagrado à Humanidade. Diz a lenda que são os animadores (os espíritos)
das 7 estrelas da Ursa Maior, os quais, descendo à terra em forma de
cisnes, ancoraram no lago Mânasa-Sarovara (nos Himalaias) e aí
comunicaram o conteúdo dos Vedas aos mais merecedores entre os
humanos. As notas musicais, no seu substracto, são pois, cada uma
delas, uma potência – um som – subtil e sintético que, desdobrando-se
infinitamente, e concretizando-se em linguagem, constitui os Vedas e
todo o escol de conhecimento superior e sagrado.
A Revelação – As Escrituras Sagradas
Tomemos, de novo, o termo Sruti (literalmente em sânscrito, “o que é
ouvido”). Sruti (11) é um cânon de textos sagrados hindus. Não data de
um período estrito mas atravessa a história inteira do Hinduísmo,
começando com alguns dos textos sagrados mais antigos conhecidos,
estendendo-se aos mais recentes Upanishads. É dito que o Sruti não
tem autor humano; que é um registo divino dos “sons cósmicos da
Verdade”, ouvidos pelos santos Rishis em profunda meditação.
Considera-se que o Sruti é composto pelos 4 Vedas: o Rig-Veda (o
Cântico da Sabedoria), o mais antigo dos Vedas e o mais importante
conjuntamente com o Sâma-Veda (dele se diz que surgiu da boca do
próprio Brahmâ); o Yajur-Veda (Sabedoria do Sacrifício), o segundo em
antiguidade; o Sâma-Veda (a Escritura ou Shâstra da Paz), o Veda do
canto (no mais alto sentido da potência da música); e o mais recente, o
Atharva-Veda (Sabedoria dos Mantrams ou Fórmulas Mágicas).
Segundo reza o Ocultismo, os Vedas foram ensinados oralmente pelo
![Page 6: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/6.jpg)
espaço de milhares de anos e, só depois, copiados nas margens do lago
Mânasa-Sarovara.
O Som e o Número
O Som e o Número caminham enlaçados. Com efeito, os Antigos
postulavam que o Universo fora feito segundo os preceitos de razão e
medida. Acreditavam que uma Trindade Divina fora a matriz e o motor
que criara o Mundo. Essa Trindade, pressuposto comum e fundamental
de todas ou quase as religiões, era mais precisamente uma Unidade-
trina, a Unidade sob três aspectos distintos – criação/expansão;
sustentação/equilíbrio; destruição/interiorização/recolhimento.
Naturalmente, essa mesma matriz estava simbolizada na figura
geométrica do triângulo.
Para os antigos hindus, a matriz trinitária original cunhou e impregna
tudo o que existe, sendo o seu padrão director. Para os gregos, e
designadamente para Platão, três eram os triângulos que estariam na
base constitutiva dos arquétipos dos 4 Elementos, sendo estes quatro os
tijolos arquitectónicos de que fez uso o Grande Arqueu (o Demiurgo) na
Obra da Criação.
É sabido, mas mal compreendido, que na Antiguidade todos estes
conhecimentos matemáticos e muitos outros se regiam pela regra do
segredo. Refira-se que a Aritmética, a Geometria, a Música e a
Astronomia eram precisamente as ciências obrigatórias dos pitagóricos
(designadas Quadrivium) e consideradas os “quatro últimos Caminhos
das Sabedoria”. Na verdade, a regra do segredo tinha como fundamento
a percepção de que a Matemática sagrada veiculava um imenso Poder,
revelando as Leis Ocultas da Natureza e da Psique individual e
colectiva, sendo por isso imperativo preservá-la da posse dos profanos…
(12). É assim que as Cidades-Estado da Caldeia tiveram à frente dos
seus governos Reis-Sacerdotes (ou Reis-Magos) detentores desses
arcanos, bem como a linhagem “divina” dos primitivos faraós os utilizou
para fundar o seu reino.
![Page 7: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/7.jpg)
Muitos desses conhecimentos dos antigos, com efeito, parecem ter sido
verdadeiramente extraordinários. É o caso do Schem Hamaphoras.
Schem era uma fórmula de poder que insuflava vida ou o “pleroma”.
Jesus foi acusado pelos judeus de ter roubado este nome do Templo,
valendo-se de artes mágicas, e de empregá-lo para a produção dos seus
milagres.
Assim, o Tratado da Sinceridade do Rabino Moisés Takko (séc. XIII) diz:
“… E todos estes magos do Egipto, que haviam criado esses seres
[‘artificiais’], estudavam junto dos dáimones [génios] (13) ou por meio
de uma espécie de arte mágica, a Ordem das Esferas… e criavam o que
queriam. Pois bem, os Rabinos, que deles aprenderam e conheciam os
Mistérios, podiam criar um homem ou um bezerro: pegavam em terra…
pronunciavam sobre ela o ‘Schem’, e o ser era criado.
(…) Já no século X, corre a lenda da criação de homúnculos com recurso
à Séphèr Iétzirah mediante “grandezas geométricas” expressas em
letras retiradas dos Schem Hamaphoras (os nomes divinos do triângulo
sefirótico(14))”(15). Homúnculos são pequenos seres, réplicas ou
projecções da anatomia e psiquismo humanos, criados pelo homem por
meio de métodos espagíricos. Estes seres receberam também o nome de
Golem, herdado das lendas cabalísticas. Golem é uma derivação da
palavra “gelem”, que significa “matéria prima”. Na Bíblia, é empreque
no sentido de “embrião”, “pré-homem”, “substância incompleta”. O
salmo 139:16 usa a palavra “gal’mi”, significando “a minha substância
ainda informe”.
“(…) Da fase babilónica data, aliás, a obra “Schim Koma” (Medida da
estatura de Deus, tratando sobre medidas, formas precisas do corpo e
do rosto divinos…), mas o livro mais notável desta época é o Séphèr
Iétzirah (Livro da Criação), escrito em hebraico (na Síria,
provavelmente) cerca do século VI ou VII. (…) A influência gnóstica e
neopitagórica é patente: Deus criou o mundo por intermédio das dez
Potências ou Verbos chamadas Séphiroths e as vinte e duas letras do
alfabeto hebraico”(16).
![Page 8: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/8.jpg)
A imitação da obra de Deus – a Criação
O poder do uso da Palavra é um facto incontornável. A Palavra (o som)
sabiamente direccionada (alicerçada e dirigida pelo Conhecimento
Oculto) é um extraordinário veículo de poder, inclusive o poder de
animação, tanto a seres naturais quanto a seres artificiais.
Segundo a crença judaica, do mesmo modo que Deus criou o universo e
o homem a partir do substrato (da alma) das vinte e duas letras
hebraicas, os homens podem replicar o acto criador se conhecerem as
combinações adequadas. Nas palavras do filósofo e cabalista Augustín
Izquierdo, citadas na obra O Ritmo do Tempo, de Patrick Mimran: “… ao
princípio, a criação do Golem parece que apenas tinha um carácter
ritualista: acontecia como a coroação do estudo da Séphèr Iétzirah
empreendido por um grupo de pessoas. O ser artificial assim criado não
tinha nenhum objectivo prático. A sua realização destinava-se a pôr em
evidência o poder das palavras sagradas; o ser criado, a partir do barro,
era imediatamente destruído.
Só mais tarde surge o Golem como um ser independente, a que se
atribuem funções utilitárias, e que pode representar um perigo para os
que o rodeiam. Da lenda à ficção literaria, designadamente ao
Romantismo alemão, foi um passo…”.
Lê-se na Doutrina Secreta, de Helena Blavatsky: “Os homúnculos de
Paracelso são um facto na Alquimia e, muito provavelmente, sê-lo-ão na
Química”. E, em Ísis sem Véu, escreveu a mesma autora: “Existem
relatos circunstanciados da produção de alguns homúnculos, entre
outros os do famoso conde Kueffstein, camareiro da imperatriz Maria
Tereza, da Áustria. Este conde e o abade Geloni fecharam-se num
laboratório de convento na Calábria e, durante cinco semanas, dia e
noite, estiveram trabalhando com fornos acesos. Ao fim desse tempo,
conseguiram criar nada menos que dez homúnculos. O modus operandi
é descrito por Paracelso no seu tratado De Natura Rerum.”
O Espaço Vivente
Efetivamente, a Natureza é o grande Laboratório da Vida manifestada.
Nele fervilha a Consciência. O homem é um aprendiz de feiticeiro,
![Page 9: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/9.jpg)
mesmo nos seus mais ínfimos empreendimentos. Tateamos no aparente
invisível para sorvermos, gota a gota, algo da grande Sabedoria, porque
sabemos que ela ali se encontra. A evolução é uma imitação progressiva
de Deus.
Nesse aparente vazio, o Akasha, a Alma Universal, encontramos o
alimento espiritual que dá o ser a tudo o que é – do mais ínfimo grão de
pó ao deva mais grandioso, da pequena flor campestre ao sábio mais
elevado, das estrelas às galáxias… Nele estão ou rudimentos (os
princípios) de todas as coisas que são, que foram e que hão-de vir. Nele
estão os números de tudo o que é. Como dizia Platão, no Timeu, “a Alma
do Mundo é a matriz a partir da qual a composição de todas as
proporções matemáticas é repercutida no Mundo Sensível por acção da
inefável providência de Deus”.
Esta mesma realidade os Pitagóricos reverenciaram e simbolizaram na
figura fundamental da Tetraktys. “O diagrama de pontos da Tetraktis foi
para os membros da Confraria Pitgórica um símbolo esotérico tão
importante como o pentagrama, que era a sua ‘contra-senha’ secreta.
Evocando a Tetraktis, os membros prestavam juramento solene de não
divulgar nunca os seus segredos matemáticos. Jâmblico reproduziu a
fórmula do juramento: ‘Não, juro por Aquele que transmitiu a Tetraktys
à nossa alma, em Quem se encontra a fonte e a raiz da eterna
Natureza’. E estes são os termos da oração pitagórica dirigida à
Tetraktys: ‘Abençoa-nos, Número Divino, tu que engendraste os deuses
e os homens! Oh, santa, santa Tetraktys, tu que encerras a raiz e a fonte
do fluxo eterno da criação! Pois o número divino se inicia pela unidade
pura e profunda, e alcança em seguida o Quatro sagrado; depois
engendra a mãe de tudo, que une tudo, o primogénito, o que não se
desvia jamais, que não se cansa jamais, o Dez sagrado que detém a
chave de todas as coisas.” (17)
“Os resultados do estudo dos intervalos musicais foram as matemáticas
pitagóricas, especialmente a teoria das proporções, posteriormente
desenvolvida por Platão. Com efeito, os gregos não comparavam as
frequências vibratórias das cordas, que eles não haviam medido, e sim
![Page 10: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/10.jpg)
os seus comprimentos, o que equivalia ao mesmo (frequências e
comprimentos são inversamente proporcionais); a teoria resultante dos
intervalos musicais e das suas proporções podia depois transferir-se
directamente ao estudo de proporções entre quaisquer magnitudes
lineares. Voltamos a encontrar aqui a Tetraktys e uma das razões da sua
importância no facto de que a progressão 1, 2, 3, 4 traduz as principais
relações dos intervalos da gama diatónica: o de 4 a 2 ou de 2 a 1 a
oitava, o de 3 a 2 a quinta, e a presença do número 5 = 3 + 2 ou
Pêntada, sublinhando a importância da quinta da qual deriva a gama
diatónica pitagórica. Cabe, pois, dizer, com Delatte que: ‘A Tetraktys é o
conjunto dos quatro números cujas relações representam os acordes
musicais essenciais’”(18).
Por outro lado, a Tetraktys encontra uma curiosa equivalência com o
esquema da Árvore da Vida (o Ootz Chim hebraico) ou Árvore das dez
Sephiroth (de sephira = número) uma vez que esta evoca o
desdobramento da Década, do Um do Absoluto ao 10 da Manifestação.
Segundo o já referido Séphèr Iétzirah (Livro da Criação): “Dez são os
números saídos do Nada, e não o número nove; dez e não o número
onze. Compreende esta grande sabedoria, entende este conhecimento,
investiga-o, reflecte sobre ele, torna-o evidente, e reconduz o Criador ao
seu Trono”.
Assim se desdobra em Quatro Planos ou Mundos a Trindade ou Tríade
superior.
A Tetraktys, compreende, ainda, três triângulos menores, simbolizando
os níveis do Ser, 1+2, 1+3, 1+4, nestas cifras se contendo a chave do
triângulo da Criação, o famoso Triângulo Perfeito (ou Triângulo Áureo),
dito “de Pitágoras”, de proporção 3, 4, 5. Contudo, os Egipcios, já
anteriormente o haviam eleito como o triângulo da perfeição. Conta-nos
Plutarco, na sua De Iside et Osiride: … os Egípcios representavam a
natureza do Todo Universal como o mais belo triângulo. (…) Esse
triângulo apresenta a parte vertical, como tendo três comprimentos,
uma parte de base de quatro comprimentos e uma hipotenusa de cinco
comprimentos (…). Poderá comparar-se a linha vertical ao elemento
![Page 11: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/11.jpg)
masculino, a linha de base ao feminino, e a hipotenusa ao que deles
nasceu, e assim, ter-se Osíris como a origem, Ísis como a concepção, e
Hórus como o nascimento [ou o Filho]”. Com efeito, também para os
Pitagóricos, os números 3, 4 e 5 – cuja soma é 12 (o número das
Hierarquias Criadoras) – teriam presidido à formação do Cosmos e da
Criação (19).
Newton, um pontífice da Sabedoria dos Antigos
A despeito do seu grande e incontestável valor, Isaac Newton pouco
mais fez do que (meritoriamente, sublinhamos) ressuscitar e interpretar
a Ciência dos Antigos. Todo o seu trabalho foi fundado no estudo
minucioso do legado daquyeles sábios. No Manuscrito de Portsmouth,
conservado pela Royal Society de Londres, diz ele: “‘Que a matéria
consiste de átomos era uma muito antiga crença. Este era o
ensinamento de uma multidão de filósofos que precederam Aristóteles,
nomeadamente Epicuro, Demócrito, Ecfanto, Empédocles, Xenócrates,
Asclépidos, Diodoro, Metrodoro de Quios, Pitágoras e, previamente a
estes, Moschus o Fenício, de quem Estrabão declara ser mais velho do
que a guerra de Tróia. Pelo que eu penso do mesmo modo, fundado
nessa mística filosofia que chegou aos gregos do Egipto e da Fenícia,
porquanto átomos são por vezes designados mónadas, pelos místicos.
Porque os mistérios dos números. bem como do restante dos hieroglifos
se inserem na mística filosofia” Newton prossegue dizendo que são
estas ‘sementes imutáveis’ que asseguram que ‘as espécies e os
objectos estejam conservados na perpetuidade’.
(…) Por que proporção a gravidade decresce por distanciamento dos
Planetas, os antigos não deixaram suficientes indicações. Contudo, a ela
parecem ter aludido através da música das esferas celestes,
designadamente o Sol mais os seis Planetas, Mercúrio, Vénus, Terra,
Marte, Júpiter, Saturno, relacionando-a com Apolo e a sua Lira de sete
cordas (20) e medindo o intervalo das esferas em função do intervalo
dos tons musicais. Assim, eles alegavam que ‘sete tons’ foram trazidos à
existência, a cujo conjunto chamaram o diapasão da harmonia, e que
Saturno foi movido pelo som [phthong] Dório (21), ou seja, o grave (-
![Page 12: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/12.jpg)
pesaroso), e os restantes planetas por mais agudos [como Plínio relata,
de acordo com Pitágoras], e que o Sol vibra, faz soar, as cordas (22).
Por esta razão, Macróbio diz: ‘a Lira de sete cordas de Apolo provê o
entendimento dos movimentos de todas as esferas celestes acima das
quais a Natureza colocou o Sol como regente’. E Proclo, [no seu
Memorandum] sobre o Timeu de Platão: ‘… O número sete, eles
dedicaram a Apolo como aquele que abarca todas as sinfonias e, assim,
eles costumavam chamá-lo Deus o Hebdoma’getes, o que significava
Príncipe do número Sete. Semelhantemente, na Preparação do
Evangelho, de Eusébio, o Sol é chamado pelo oráculo de Apolo, o rei da
harmonia dos sete sons. Mas, por meio deste símbolo, eles indicavam
que o Sol, pela sua própria força de tensão, age sobre os Planetas
naquela proporção harmónica das distâncias, segundo a qual a força de
tensão actua sobre cordas de diferentes comprimentos, ou seja,
inversamente na razão dobrada das distâncias. Pois a força pela qual
uma mesma tensão actua numa mesma corda de diferentes
comprimentos é a recíproca do quadrado do comprimento da corda. (…)
já que Pitágoras, como Macróbio admite, esticou intestinos de carneiros
e tendões de bois, neles pendurando variados pesos e, a partir daqui,
estabeleceu as proporções da Celeste Harmonia”. De forma muito clara,
num testemunho de Conduitt, seu amigo e biógrafo, Newton confirma a
sua plena rendição à sabedoria de Pitágoras e revela, inequivocamente,
a fonte das suas inspirações: “‘… e eu pensei que a música das esferas
de Pitágoras tinha a intenção de tipificar a gravidade e que, assim como
ele faz os sons e as notas dependerem da medida das cordas, assim a
gravidade depende da densidade da matéria…’”(23).
Janelas para o infinito…
Também a Ciência moderna tende a regressar ao Pitagorismo. Com
efeito, em múltiplas áreas vem ela debruçando-se, com nova atenção e
respeito, para elementos e factos, legados pelos Antigos, que antes
desprezava como sendo parte de uma mística inconsistente, própria da
“infância” da humanidade.
![Page 13: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/13.jpg)
No âmbito da Geometria, uma exploração recém encetada são os
fractais, complexos modelos gráficos “com implicações inestimáveis em
domínios tão diversos como a compressão de imagens, a arte visual, a
música, até aplicações financeiras…(24)”. Tais modelos, frequentemente
de uma estética belíssima, constituem poderosas janelas que nos
revelam um mundo de possibilidades arrebatadoras, orientando-nos
para universos insondados cujas fronteiras, à semelhança das velhas
mandalas, apenas místicos e ioguis haviam logrado transpor e
contemplar. Para o vulgo, é hoje mais acessível perspectivar a coerência
de um Universo em que o Infinitamente Pequeno (25) é réplica perfeita
do Infinitamente Grande… e verificar o alcance do velho axioma “Como
Em cima, assim Abaixo”.
Na actualidade, deleitamo-nos com estes maravilhosos fractais, que nos
acenam com sugestivas promessas… No entanto, os seus protótipos
pitagóricos e platónicos ainda permanecem como os mais reveladores,
designadamente o assim chamado “Triângulo Sublime”, tão caro a
Pitágoras, de que aqui nos socorremos. Neste triângulo, o factor 1,618 –
dito “Número de Ouro” ou “Divina Proporção” (26) – é o elemento
director (Ver Diagrama 4).
O Triângulo Isósceles dito “Sublime” e a sua espiral logarítmica
de pulsação radial 1,618.
Entre os primitivos hindus, figurativamente, o 3 [através de Brahmâ, o
Construtor] projecta-se nas 4 direcções do Espaço [plasmando o
Septenário cósmico] e dá origem às 12 Hierarquias Criadoras (27).
Na figura podemos apreciar como, tendo como ponto de partida um
minúsculo triângulo, desabrocham e se foram construindo mais
triângulos, idênticos ao primeiro – mantendo sempre a “razão áurea”
entre os seus lados (já que a base do primeiro se converte na base do
seguinte, e assim sucessivamente…). Podemos entrever a espiral – que
cresce e se delineia, por entre os vértices dos triângulos sucessivos
(28). Esta é a famosa espiral de Fibonacci, que se verifica ser uma
chave ordenadora e multiconstrutora na arquitectura da Natureza.
![Page 14: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/14.jpg)
Sobre ela, já nos detivemos em anteriores ocasiões em artigos de
edições anteriores desta Revista (29).
Este triângulo é o instrumento-modular que integra o “Pentagrama
Estrelado” ou Estrela de 5 Pontas pitagórica. Por outro lado, a sua base
é o lado de um decágono (D) inscrito num círculo que, por seu turno,
tem por raio (E) o seu lado maior, o que compreende e revela, de novo,
a “Divina Proporção”, E/D=1,618. Para os pitagóricos, o “Número de
Ouro” rege a chamada “Harmonia das Esferas”, em cujos fundamentos
a ciência renascentista, em especial Johannes Kepler, ancorou,
reabilitando a antiga ciência da mecânica celeste.
O Triângulo Sublime é o símbolo da Evolução humana – do homem para
Deus, do homem rumo à sua condição divina.
A espiral
A espiral assenta numa estrutura trinitária (no início da Manifestação, o
primeiro impulso terá gerado o triângulo). Na alegoria do Rig-Veda,
Vishnu é descrito cruzando aos saltos as sete regiões do Universo em
três passadas [configurando o primeiro impulso trinitário] e permeando
todas as coisas com a essência dos seus raios de luz.
Vishnu (o símbolo do curso da Manifestação) é a personificação da
qualidade Sattva (30) (Sattva tem numerosas acepções: estabilidade,
duração, equilíbrio, ritmo…). Nesta conformidade, outra imagem
iconográfica representa-o descansando sobre a serpente Ananta (“sem
fim”), símbolo da eternidade (31). Deve-se notar que a serpente é
também a espiral – do tempo e do espaço infinitos.
No que a este último concerne, a Física admite e reconhece, hoje, a
propriedade ondulatória do espaço. Assim, o próprio som se propaga em
sentido espiralado: a sua viagem é “ondulatória”. De novo, Vishnu [a
Voz do Pai, Brahmâ] é representado exibindo numa das mãos uma
concha; a concha – a espiral – que contém a potência (e esquema
virtual) do Manvantara.
![Page 15: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/15.jpg)
Diz-se em A Doutrina Secreta que “o Akasha é o Espaço Universal em
que está imanente a Ideação eterna (…) e do qual procede o Logos, ou
seja, o ‘Verbo’ ou ‘linguagem’ no seu sentido místico” (32). O Akasha é o
upadhi (i.e., o veículo, a forma externa, manifestada) da Mente Divina e
é, sob outro aspecto, Kundalinî – assim, de novo, a imagem serpentina…
Curiosa, no mínimo sugestiva, é a própria constituição do sistema
auditivo. No ouvido interno, a cóclea é uma espiral (muito semlhante a
uma concha de caracol ou do náutilo) constituída por um tubo ósseo
enrolado sobre si próprio. Este tubo é, por sua vez, estrutural e
funcionalmente trino (tri-seccionado e trifásico). A própria anatomia
externa do aparelho auditivo humano conforma uma estrutura
espiralada, o pavilhão (as orelhas).
No Universo físico, as formas – quaisquer formas – não são aleatórias. A
sua configuração obedece a padrões internos de ressonância
(relembremos que o Akasha é o continente dos arquétipos de todas as
coisas e de todas as possibilidades). A Geometria não é mais do que a
forma visível do alinhamento de números… No incomensurável universo
dos números, cada função, cada propósito, na Natureza, configura uma
série restrita, específica, de números. Um ser organizado (uma pedra,
um animal, um homem…) é, pois, um aglomerado vastíssimo de
complexos desses números. Na imensa variedade de espécies animais
existentes, por muito que aparentemente divirjam entre si, não é
decerto fortuito que (por exemplo) praticamente todos tenham os olhos,
o nariz, a boca, os ouvidos, na mesma disposição relativa; a cabeça num
extremo do corpo; os órgãos respiratórios, de nutrição, de reprodução,
dispostos equivalentemente, etc.. Na vida orgânica, tudo o que tenha
um ou mais elos comuns, propósitos similares, percursos evolutivos
partilhados, parece ser regido por definidas leis estruturantes
(morfológicas, psicológicas, funcionais, etc) igualmente comuns.
Entretanto, a dissemelhança existe – é absolutamente necessária – neste
universo em que os contrastes geram consciência; mas estas
assimetrias vivem dentro de grandes Simetrias, cujo acorde, lenta mas
inexoravelmente, as conduz, as afina, as eleva a patamares superiores
![Page 16: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/16.jpg)
de consciência comungante, a novas identidades comuns. O ritmo está
para o tempo assim como a simetria está para o espaço, e nesta grande
Sinfonia Cósmica tudo converge para o UM.
Passo por passo, as Grandes Simetrias percorrem um caminho de
progressiva descristalização, porquanto, acreditamos, a verdadeira
Harmonia não tem forma…
Isabel Nunes Governo
Vice-Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural
—————————
1) Em alguns dos Purânas, como este, Vishnu é o Supremo Deus.
2) Nos Vedas, inicialmente, essa trindade era composta por Vâyu, Sûrya
ou Savitri, e Agni, que mais tarde se fizeram correrponder,
respectivamente, a Brahmâ, Vishnu e Shiva. E no Pancavimsa Brahmana
é dito, numa sugestiva exposição do acto divino da Criação, muito
semelhante, aliás, à versão Judaico-Cristã: “… Quando as Águas ficaram
maduras [na sua sazão] para a concepção, Vâyu pôs-se em movimento
sobre a sua superfície. E eis que nelas surgiu uma coisa belíssima:
Mitra-Varuna contemplou-se a si próprio, e nelas viu-se a si mesmo,
reflectido [paryapasyat]”.
3) Podemos ler no Glossário Teosófico, de Helena Blavatsky: … Vishnu é
o Prajâpati (criador) e supremo deus. Como tal, reúne em si três
condições: 1ª, a de Brahmâ, o Criador activo; 2ª, a do próprio Vishnu, o
Conservador, e 3ª, a de Shiva ou Rudra, o poder destruidor.
4) Segundo Megasthenes, “os Brachmanes da Índia (precursores dos
Brahmanes) afirmavam que Deus é luz, mas não aquela luz que vemos
com os olhos, não aquela que o sol esplende, mas que era a [energia da]
Palavra; porém, que por este termo não queriam significar a linguagem
articulada mas sim a linguagem da Razão, pela qual os mistérios ocultos
do Conhecimento são entendíveis ao homem sábio”.
Diz a Tradição esotérica que os Brachmanes foram os primeiros
filósofos, teólogos e legisladores desta nossa civilização ária. Deles, e
dos seus Conhecimentos Ocultos, os gregos derivaram o Orfismo e
respectivos Mistérios – não sendo Orpheu outro senão Arjuna. Todos os
![Page 17: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/17.jpg)
preceitos de inofensividade e vida puríssima predicados por Orfeu eram
os mesmos abraçados pelos Brachmanes. Igualmente de acordo com
Megasthenes, estes santos homens “abstinham-se em absoluto dos
sacrifícios animais e de comer qualquer carne animal, subsistindo
apenas de frutos, que não retiravam das árvores mas esperavam que
caíssem no solo; e que unicamente da água do rio Tagabena
[hipoteticamente o Tungabahadra]. Andavam com muito pouca roupa e
diziam que o corpo físico havia sido dado por Deus para revestir a
alma…”.
5) Os targumistas foram ainda mais longe e estenderam o significado
deste termo referindo-o ao Messias que havia de chegar.
6) “Vâch é a personificação mística da linguagem e o Logos feminino,
sendo uno com Brahmâ, que a criou de uma metade do seu corpo, que
dividiu em duas partes” (Glossário Teosófico).
7) Cusiosamente, dizia Clemente de Alexandria: “o Filho [ Verbo] é a
Consciência de Deus. O Pai só vê o mundo conforme este é reflectido no
Filho”.
8 ) Josephus Lusitanus, in “Sophia e as Musas”, Biosofia nº 4.
9) Originalmente o Sâma-Veda era cantado em padrões musicais bem
definidos, sendo que, nos seus hinos, eram utilizadas apenas 3 notas.
10) Esta antiquíssima notação passou dos brâmanes da Índia para os
persas, e destes para os árabes e para algumas tribos nómadas, como a
dos ciganos. Na Grécia Antiga, Pitágoras, considerado o Pai da Escala
Diatónica de 7 tons no Ocidente, terá colhido esse ensinamento nos
Mistérios dos Brachmanes da Índia, Mistérios esses que tendiam,
sobretudo, à instrução da classe sacerdotal. Sustenta a Maçonaria que
foram os Brachmanes quem legou aos egípcios o conteúdo dos seus
Ritos e Mistérios. Na Índia, Pitágoras ficou a ser chamado
Yavanâchâria, “o Mestre Jónio”. Por volta do ano 1000 da nossa era,
Guido Darezzo, um monge italiano, recuperou e rebaptizou aquela
notação septenária (a partir das iniciais de uma litania cantada em latim
pelas crianças do coro da Igreja) na forma que nós conhecemos: Ut
(depois Dó) – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – San (depois Si).
11) A designação Sruti distinguiu os Hinos Védicos e, posteriormente,
também os Brahmanas, de todos as outras obras que, sendo embora
![Page 18: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/18.jpg)
consideradas sagradas e fazendo autoridade para o pensamento hindu,
se admite terem sido concebidas por autores humanos. As Leis de
Manu, por exemplo, não são Revelação; não são Sruti, mas apenas
Smriti, Recolecção ou Tradição. Os Brahamanas foram escritos em
sânscrito védico e o período da sua composição é geralmente chamado
de idade ou período Brahmânico. Eles são essencialmente comentários
dos Vedas, explicitando o ritual védico. Cada Brahmana é associado com
um dos quatro Vedas e, na tradição desse Veda, com uma shakha ou
escola particular.
12) “O último dos faraós indígenas, Nectanebo (360-350 A.C.) foi,
segundo a tradição grega, o mais versado em ciências ocultas e o mago
mais poderoso entre todos os soberanos do Egipto. Os malefícios
mediante figuras de cera, a criação de seres vivos artificiais,
desempenharam um importante papel nos ensaios mágicos do seu
círculo íntimo. O emprego das figurinhas Ushabti, duplos do morto, etc,
está (mas, aqui, como magia benéfica) aparentado com estas práticas; a
técnica da criação de homunculi pela insuflação de pneuma e inserção
de uma palavra mágica escrita no boneco de argila passou tal e qual à
Cabala hebraica por meio do Séphèr Iétzirah ou Livro da Criação, e
constituiu a origem das lendas de criação de homúnculos na Idade
Média, especialmente de todo o ciclo do Golem de Praga” (El Número
de Oro, I-II, de Matila C. Ghika, Editorial Poseidon).
13) No passado, por vezes esta designação “Dáimones” tinha mesmo o
sentido de os Chitkala ou Pitris do esoterismo hindu, noutras o de Devas
ou da Essência elemental superior. O “génio” (ou dáimon) de Sócrates
era tido como o seu “Eu-superior”. No Banquete, Platão assim se
expressa: “Prenchendo o intervalo que separa o homem de Deus, os
Dáimones unem-no ao grande Todo. É deles que procede toda a ciência
divinatória, toda a arte sacerdotal dos sacrifícios, das iniciações, dos
encantamentos, de toda a alta Magia e de toda a Goécia”.
14) O Triângulo sefirótico é uma década triangular, em escala
ascendente, composta de 10 nomes divinos. É a decomposição mágica
do Tetragrama inexpressável, o Schem Hamaphoras (ou Schem ha
mephorasch, literalmente, “o nome divino inexpressável”), IHVH,
condensação da força oculta divina, que os profanos pronunciam Ia Hvé
![Page 19: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/19.jpg)
H ou Ié Ho Va H.
15) El Número de Oro, de Matila C. Ghyka, Editorial Poseidon, Buenos
Aires, 1968.
16) Idem.
17) Philosophie et mystique du nombre, de Matila C. Ghyka, Editions
Payot & Rivages, 1952.
18) Idem.
19) Relativamente a esta trilogia, “3, 4 e 5”, também Vitruvius, o mais
célebre arquitecto da Roma antiga, defendia que a arquitectura dos
templos deveria tomar por base a analogia com um corpo humano
perfeitamente proporcionado, o qual é harmónico em todas as suas
partes. Nesses termos, ele considerava que o comprimento de um
templo deveria ser o dobro da sua largura, e as proporções do vestíbulo
aberto e da câmara fechada interna deveriam guardar a relação 3 – 4 –
5, sendo 3 a profundidade do vestíbulo, 4 a largura, e 5 a profundidade
da câmara.
20) A Lira da alegoria de Apolo não é outra que a de Orfeu, a célebre
Phorminx, a qual, depois da sua morte, foi levada para o grande Templo
da Apolo, onde permaneceu por largo tempo universalmente admirada.
Diz a fábula que um certo dia foi roubada por Neanthus, com a
cumplicidade de um sacerdote. Quando este quis tocá-la para obter os
mesmos maravilhosos prodígios que Orfeu, dela só conseguiu extrair
sons horrorosamente dissonantes. Foi, então, atacado e despedaçado
por cães selvagens que ficaram enraivecidos pelo efeito de tais sons de
pesadelo. Com este episódio os fabulistas quiseram significar que
quando o Conhecimento sagrado cai nas mãos dos profanos e é
prevertido, o mal destrói-se a si próprio e àqueles que o perpetraram.
Sobre a phorminx, disse Helena Blavatsky ser o “Mistério séptulo da
iniciação”.
21) Muito sugestivamente é este termo aqui empregue: phthong (som,
palavra verbalizada), de phthalein, pronunciar, criar som pela palavra.
O mesmo acontece com o termo Dório, na acepção de “o dom de Deus”
(da raiz grega doron, que significa “dom”).
22) Ver a alusão, acima, à origem do termo “logos”, para os trastos das
cordas dos instrumentos musicais.
![Page 20: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/20.jpg)
23) In “The Pipes of Pan”, de J. E. McGuire e P. M. Ratta
24) “… Enquanto a geometria euclidiana trabalha com objectos que
existem num número inteiro de dimensões (a linha, numa dimensão; a
elipse, em duas dimensões; a esfera, em três dimensões, etc.), a
geometria fractal está relacionada com objectos (fractais) que existem
em dimensões fraccionárias. Um fractal é uma figura geométrica
irregular, gerada por um algoritmo matemático simples e que, para
além de ter dimensão fraccionária, tem outra importante propriedade:
as imagens muito ampliadas dos fractais são essencialmente
indistinguíveis da versão não ampliada. Ou seja, o fractal é invariante
relativamente à escala, propriedade conhecida por auto-semelhança.
Como se conclui, essa propriedade da invariância de escala permite
conhecer a estrutura do todo pela ampliação da parte e mesmo tomar
essa parte como unidade de construção do objecto global, embora, à
primeira vista, parecesse que não, pelo facto de a unidade de
construção ser muito mais simples do que a figura final. A geometria
fractal põe, assim, em interacção, numa harmonia que era difícil de
adivinhar, o carácter imprevisível e aleatório de um resultado, e a
ordem e simplicidade do algoritmo que o gera! Além disso, mostra que o
simples pode, afinal, gerar o complexo!” (Liliana Ferreira, “Enigmas da
Ciência”, Biosofia nº 20).
25) No âmbito do infinitamente pequeno, novos ramos da ciência, novas
tecnologias revolucionárias, despontam agora. É o caso das
Nanociências, nas quais se estima que para cima de 20 000 cientistas
estejam hoje directamente envolvidos em projectos de pesquisa, e um
número igualmente significativo em diversificados empreendimentos,
cujo denominador comum é produzir e controlar, à escala atómica,
novos materiais artificiais sintéticos. Foram já desenvolvidos
dispositivos tão minúsculos como uniões magnéticas, caixas e sistemas
de convexidade quânticos, transístores nos quais se pode controlar o
movimento de electrões um a um… No campo da Biologia, as promessas
são infindáveis, como, aliás, se poderá inferir pelas conquistas já
realizadas em torno do ADN. Novas espécies começam agora a ser
produzidas (o que inicia, paralelamente, o levantamento de novas
questões bioétcas), como, no Japão, um sapo totalmente transparente,
![Page 21: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/21.jpg)
com a finalidade de facilitar o estudo e a observação do crescimento de
tumores.nsi (Notes and Records of the Royal Society of London, Vol. 21,
Nº 2).
26) Leonardo Da Vinci baptizou-a por “Secção Áurea”, e dela fez uso
sistemático na sua arte. Kepler, no seu escrito Mysterium
Cosmographicum, chamou-a “a Jóia da Geometria”… Trata-se de uma
constante real algébrica irracional com o valor arredondado a três casas
decimais de 1,618. Este número está intimamente envolvido com os
processos do crescimento. Phi (e não Pi [π], quociente da divisão do
comprimento de uma circunferência pela medida do seu respectivo
diâmetro), como é designado o “número de ouro”, está presente na
arquitectura estrutural de múltiplos organismos marinhos (conchas, por
exemplo, do nautilus, da architectonia nobilis, do hippopus hippopus),
dos seres humanos (o tamanho e a proporção entre si de determinados
ossos do esqueleto), do mundo vegetal (na disposição das folhas e talos
de numerosas plantas, bem como na configuração de corolas de
flores…), etc, etc. No âmbito da Astronomia, para além de se patentear
no posicionamento relativo dos corpos do sistema solar, estamos
convictos de que igualmente determina o tipo de espiral descrita pelo
sol no seu movimento sideral.
27) Neste passo, a figura do Dodecaedro – o mais sagrado de todos os
poliedros e que integra todos os outros 4 – é o paradigma da Quinta-
Essência (o Akasha), mãe dos arquétipos dos 4 Elementos. Considerado
por Platão como o símbolo da Harmonia Universal, representa a
amplificação, a três dimensões, da simetria pentagonal e da potência da
“Secção Dourada”. Para ele, o 12 é o número radical do Espaço; o
Dodecaedro é o número estrutural do Universo. Entre os Pitagóricos, a
alusão e mesmo a pronúncia do nome do Dodecaedro fora do seu círculo
interno, eram rigorosamente interditos. Muito se poderia acrescentar
sobre esta figura extraordinária. Não caberia, porém, no âmbito restrito
deste artigo.
28) Registe-se que os comprimentos dos lados de cada dois triângulos
sucessivos se dispõem sempre na razão áurea.
29) Nomeadamente, os nºs 7, 9 e 10.
30) No equilíbrio da Manifestação, constituído pelos três Gunas (Rajas,
![Page 22: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/22.jpg)
Sattva e Tamas), Brahmâ simboliza a qualidade Rajas (actividade, o
arranque, o que espoleta a Manifestação), e Shiva a qualidade Tamas
(contra’acção, recolhimento).
31) Ananta, exotericamente também um epíteto de Vishnu, representa,
do ponto de vista esotérico, o upadhi de Vishnu (seu veículo).
32) Com efeito, a propriedade característica do Akasha é o Som.
para uma nova compreensão da Vida, do Universo e do
Homem.
COMO SOMOS FEITOS…
COMO SOMOS FEITOS…
“A alma humana é como um lago que se comunica com o mar por meio
de um canal submerso; embora aparentemente o lago esteja cercado
por terra, o seu nível de água
baixa ou se eleva com as marés, por obra dessa conexão oculta. Ocorre
o mesmo com
a consciência humana: existe uma conexão subterrânea entre as almas
individuais e a
alma do mundo, e essa comunicação se processa profundamente,
confinada nos
escaninhos mais primitivos da consciência…” (Dion Fortune)
As palavras de Dion Fortune acima citadas constituem uma narrativa
pictórica sumamente feliz para retratar a nossa ligação com o Divino,
em termos não só essenciais e de identidade mas, também, funcionais.
Somos feitos à imagem e semelhança do Divino – Carne da Sua Carne
[Substância] e Sangue do Seu Sangue [Vida]. Temos potencialmente em
nós todo o Organismo Cósmico (1) – tal como é figurado na simbologia
fundamental das diversas filosofias e cosmogonias de todas as latitudes
e de todas as eras.
![Page 23: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/23.jpg)
——————————
1) Por muito assombro que esta noção possa provocar, temos impresso
em nós o Propósito ou Plano Divino, de que somos co-obreiros (ou
construtores-maçons…). Temos impressas em nós a Rota e a Missão
cosmológicas, o Funcionamento e as Leis que governam os Mundos,
todos os Mundos que existem uns nos seios de outros…
Natureza Holística do Universo
Tudo se repercute, tudo se comunica no Universo. Num grupo, o avanço
evolutivo (uma habilidade) conquistado por uma unidade de vida é uma
conquista patrimonial efectiva do Todo e transfere-se geneticamente
para esse mesmo Todo. Esta, por incrível que possa parecer, é uma
evidência cada vez mais assumida por grande números de
investigadores.
Num trabalho do biólogo Rupert Sheldrake sobre o que chamou de
“ressonâncias mórficas”, citado por Sylvia Cranston (2), podemos ler o
seguinte: “… Foi solicitado a diferentes grupos de pessoas na América
do Norte e na Inglaterra que aprendessem três canções de embalar
japonesas, de curta extensão, uma delas bem conhecida há várias
gerações por crianças japonesas. As outras duas canções foram
compostas de modo que se parecessem com a primeira, mas eram
desconhecidas no Japão. A canção tradicional resultou mais fácil de
aprender. Outros testes usando palavras estrangeiras, metade reais e
metade alteradas, foram dadas a pessoas que não conheciam a língua.
Novamente, as palavras reais foram mais fáceis de aprender. Foram
feitas experiências semelhantes com o código Morse e no teclado de
uma máquina de escrever, dois padrões aceites e estabelecidos de modo
generalizado há mais de uma centena de anos. Em ambos os casos, as
correlações e sequências já estabelecidas foram mais fáceis de aprender
do que as outras que haviam sido criadas…”.
De igual modo, verifica-se, sem margem para dúvidas, e de modo
generalizado, que as novas gerações – inclusive as crianças pequenas,
que ainda não sabem ler “instruções” – têm claramente uma maior
aptidão (em relação à anterior) para tudo o que diga respeito à
![Page 24: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/24.jpg)
informática, a jogos de computadores, ao funcionamento de telemóveis
e quaisquer maquinarias electrónicas. Tal se deve, presumivelmente, à
recente conquista gradual, mas efectiva e massiva, destas tecnologias,
dos seus funcionamentos e dos seus conceitos. Uma aprendizagem
inovadora de muitos é incorporada subjectivamente pela constituição
genética da vaga dos que lhes seguem temporalmente.
———————–
2) … no seu livro “Helena Blavatsky - A Vida e a Influência
Extraordinária da Fundadora do Movimento Teosófico Moderno”,
Editora Teosófica, Brasília, 1997. Rupert Sheldrake foi o descobridor
dos campos morfogenéticos.
Estas exposições, se bem que representativas e de enorme relevância,
referem apenas aspectos que se processam horizontalmente, num
mesmo Plano de existência. No Cosmo, não obstante, essas
transferências de energia e de significados percutem-se entre o Macro
(o Universo) e o Microcosmo (o Homem), bem como entre diferentes
Planos.
“O Todo contém a parte e a Parte contém o todo”, diz uma consagrada
fórmula ocultista. O homem – o Microcosmo – é o reflexo e a réplica do
Macrocosmo, com os seus Planos (e subplanos) septenários. Também o
homem possui sete princípios ou corpos, cada um deles focalizado e da
mesma substância-vida de cada um dos Planos do septenário cósmico.
Os três superiores constituem a “contraparte divina” no homem, a
Trindade imperecível, dita espiritual, Âtman (Espírito), Buddhi
(Sabedoria Intuitiva) e Manas (Mente; neste caso, a natureza superior
de Manas, a Mente Abstracta). Os outros quatro, que conformam o
chamado “Quaternário inferior”, são de natureza (mais) material e
corruptíveis (3). Este Quaternário constitui a nossa, assim chamada,
“Personalidade”, e é composto dos princípios Sthûla-sharîra (o corpo
físico); Linga-sharîra (duplo-etérico ou duplo-astral, o corpo das causas
formativas, que modela, energiza e sustém o corpo físico. Configura
uma espécie de estrutura reticular electromagnética que vivifica e
provê coesão às partículas físicas constituintes) e o Prâna, que ele
![Page 25: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/25.jpg)
veicula; Kâma-rûpa (corpo dos desejos, instintos e paixões animais);
Manas inferior (veículo da mente intelectiva, concreta).
—————–
3) Em todas as culturas (e no inconsciente colectivo da humanidade), o
quaternário (o 4) é o símbolo, por excelência, da matéria.
No homem encarnado, esse quaternário está replicado, sintetizado e
representado no 7º (a contar de cima; 1º a contar de baixo) dos chakras,
o Mûladhâra (chakra Fundamental, ou da Raiz). Os chakras são centros
de força que afloram no duplo-etérico/astral e proporcionam a ponte
entre o veículo físico do homem e os seus veículos (e respectivos
Planos) superiores. O nome sânscrito “chakra”, que significa “roda” ou
“disco”, é por vezes substituído por “lótus”, pois, na verdade, eles se
assemelham a corolas de flores, com diferente número de pétalas
conforme o chakra, e com um pedúnculo que radica no tronco ou eixo
espiritual: o Sushumnâ. O Sushumnâ é o eixo vivificante de todo o ser
encarnado e compreende e percorre o conduto espinal (que lhe
corresponde no Plano Físico). É ladeado, à direita, pelo nadî (conduto)
de energia positiva Pingalâ, e, à esquerda, pelo conduto de energia
negativa Idâ. Cada chakra tem correspondência com cada um dos
Princípios do Septenário.
Para os estritos efeitos que nos ocupam neste estudo, falaremos, em
particular, e somente, do chakra Fundamental. Este, como já dissemos,
representa e sintetiza as qualidades e atributos (bem como as
conquistas evolutivas do Homem-colectivo, a Humanidade) da
personalidade reencarnante – o Quaternário inferior. É por isso que
possui 4 pétalas, que mais não são do que (cada uma delas) uma
concentração energética provinda de cada um dos Planos do
Quaternário inferior, com a sua peculiar “nota-chave”. Essas “notas-
chave” são os modos como a energia “vibra” e “ressoa” na passagem da
energia Kundalinî,, quando esta percorre ascendentemente o Sushumnâ
(disto, falaremos adiante) e, nessa conformidade, encontram
representação em determinadas letras (sons) que, na língua sânscrita,
se dizem Vam, Sham, Sham e Sam.
![Page 26: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/26.jpg)
No Universo Manifestado a Consciência Divina assume dois pólos ou
aspectos: Shiva, o aspecto positivo, e Shakti, o aspecto negativo (4).
Shakti, o pólo negativo e dinâmico, é a Grande Mãe do Universo, por ela
tudo vindo à existência. Nos seres humanos, essa Energia universal
particularizada recebe o nome de Kundalinî; no entanto, este vocábulo
tem frequentemente o sentido cósmico (da Shakti). Kundalinî, a fonte da
geração e da regeneração, pode também, numa certa perspectiva, ser
identificada com a Mente Universal. Com efeito, é a Mente que está na
raiz da Forma.
Assim, no centro do chakra Fundamental radica, adormecida, a
serpente cósmica Kundalinî. Através de práticas adequadas (de que são
depositários Grandes Sábios, que as preservam da leviandade de
simples curiosos incautos) e/ou da natural e consequente expansão da
consciência que se produz no homem virtuoso e “espiritualizado” –, essa
expansão pressiona para cima e corresponde ao despertar da serpente
adormecida, que irrompe e se ergue pelo eixo espiritual Sushumnâ até
alcançar o “lótus das mil pétalas”. Desde a mais remota ancestralidade,
nas representações pictóricas do chakra Mûladhâra, figura, então, o
Svayambhû, o lingam de Shiva, com a serpente em seu redor, enroscada
três vezes e meia, numa alusão à segunda metade, ou metade evolutiva
da Manifestação Septenária (composta de Involução, ou descida do
Espírito na Matéria, e Evolução, ou subida da Matéria ao Espírito) (5).
Mûladhâra reúne todas as potências recolhidas dos Planos superiores,
que se constituem em impulso para a grande Ascensão espiritual. É,
deste modo, o centro que possibilita a regeneração ou 2º nascimento.
————————-
4) Shiva e a sua Shakti, a Luz e a sua própria sombra (anverso ou
contra-imagem, abhâsa), que Aquela reabsorve, no final dos tempos,
promovendo-se a Grande Unidade.
5) Svayambhû é o Espírito Universal. É um termo que significa o auto-
gerado.
É também um epíteto de Brahmâ, bem como um símbolo de todo o Deus
ou Potência Criadora. Assim, Sarasvati é a shakti de Brahmâ (de onde
![Page 27: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/27.jpg)
proveio o nome patronímico de Abraão, com sua esposa Sara). Sarasvati
é a energia, emanada de Brahmâ, que criou os mundos.
Kundalinî fez-se corresponder, em muitos mitos e deambulações
imagéticas das religiões exotéricas, como tentadora (portadora do fruto
proibido da Sabedoria), no mito hebraico-cristão do livro do Genesis;
como a redentora, na concepção gnóstica (a serpente com as “7 vogais”
sobre a sua cabeça…); como as numerosas ctónicas-fertilizadadoras,
celtas, escandinavas, eslavas, mediterrâneas, ameríndias, orientais…
(em simbiose e indistinção, por vezes, com as celestes-fecundantes: na
China, por exemplo, profundamente enraizada na mitologia popular, a
energia da vida é figurada na baba do dragão-serpente (6) que fecunda
as mulheres). No mito hebraico, ela eleva-se, sinuosa, percorrendo (em
espiral) o tronco da árvore [o tronco da árvore humana, i.e., o
Sushumnâ] até chegar à cabeça do homem para lhe segredar promessas
de “Sabedoria” e “Vida Eterna” [ascendendo ao Sahasrâra, o chakra
coronal, o radioso lótus das mil pétalas, como promessa viva de
“Consciência e Vida Eterna”].
O chakra Fundamental (símbolo do corpo terrestre e da “personalidade,
quádrupla”) reflecte o estado de harmonização de todos os
componentes da “personalidade” encarnante – e apenas quando este
“chão” se torna digno, a semente do Espírito pode brotar e elevar-se nos
céus (ao Sahasrâra). A terra do filósofo, regada pelo alento solar (de
Pingalâ) e pelo alento lunar (de Idâ) tornou-se um terreno fértil, onde os
elementos (Terra, Água, Ar e Fogo) se volveram harmónicos, e em que a
árvore Bo (7) deu os seus frutos iluminados.
——————
6) A palavra dragão foi herdada do grego “drako”, que significa
serpente.
7) A Árvore Bo foi a árvore sob a qual, segundo a tradição, Buda atingiu
a iluminação.
Os Tijolos da Matéria Física
No lótus Mûladhâra está indelevel e latentemente registada, impressa,
![Page 28: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/28.jpg)
a memória do percurso da Humanidade (não nos esqueçamos que o
homem não é apenas o seu corpo físico, o corpo que se vê…).
Entretanto, esta realidade subjectiva transfere-se e coagula-se na
componente física do ser humano. Todo o património de aquisições
biológicas – morfológicas, funcionais, psicológicas e mentais – da
Humanidade está registado no seu “Código Genético”. A estrutura
fundamental desse registo, no Plano Físico, é o ADN – a molécula básica
da vida biológica – com os seus quatro pilares de construção: Guanina,
Citosina, Timina e Adenina.(8). Cada um destes pilares constituintes
traz consigo uma semente subjectiva e uma missão impulsionadora que
produz definidos e específicos efeitos no Plano Físico. Cada um é
portador de prolíficos códigos – como se fossem finíssimos e
multicoloridos fios que, de forma exímia e combinada, conformarão o
grande Painel animado que representa cada existência física, pleno de
imagens e significados. De forma integrada, eles dotarão cada ser que
nasce de específicas habilidades e qualidades potenciais. Cada um deles
e o seu conjunto propenderão o seu psiquismo, o seu temperamento, a
sua natureza intelectual, as suas características físicas (9).
———————-
Estas, são bases nitrogenadas que se aliam, cada uma delas, a uma
molécula de desoxirribose (açúcar) e a um ácido fosfórico para formar
um nucleotídeo, principal base das cadeias polinucleotídeas que, por
sua vez, formam o ADN (ácido desoxirribonucléico). É a ordenação
dessas bases nitrogenadas que define a informação genética de que o
ADN é portador. Os maiores dos genes possuem 100.000 pares de letras
mas, em média, eles agrupam cerca de 40.000 pares.
9) Com efeito, cada célula do homem (e dos demais seres vivos)
transporta dentro de si uma incomensurável “biblioteca” – o ADN. Esta
biblioteca possui cerca de 30.000 “livros” – os genes –, cada um deles
replicando as informações necessárias para a preservação das
características da espécie e para a definição das características
individuais, bem como para o pleno funcionamento biológico. O ser
humano comporta no seu organismo biológico cerca de100 trilhões de
células.
![Page 29: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/29.jpg)
Na verdade, as letras Vam, Sham, Sham e Sam são apenas símbolos, as
formas grosseiras de uma realidade mais subtil a que se denomina
Mâtrikâ. Sob essa conformação grosseira, elas são o som positivo,
Shabda, detentor de potencialidade criadora (10). Elas encontram ainda
correspondência com os 4 elementos filosóficos: Fogo, Ar, Água e Terra.
——————-
10) É dito, ainda, que as letras Vam, Sham, Sham e Sam são a essência
e as sementes espirituais dos 4 Vedas - Vam, do Rig-Veda; Sham, do
Yajus-Veda; Sham, do Sâma-Veda, e Sam, do Atharva-Veda -, bem como
das 4 Yugas: Satya, Tretâ, Dvapâra e Kali. “Veda”, no seu sentido
original, é a ideação divina no tocante à criação dos mundos, cujos
conteúdos foram parcialmente revelados aos Grandes Rishis do passado
e incarnados nos 4 Vedas.
Por outro lado, e agora no sistema Cabalístico hebraico, todas as
atribuições místicas quádruplas fazem-se corresponder às 4 letras do
Tetragrammaton, Yod, Hé, Vau, Hé, o Nome Sagrado que usualmente se
traduz por Jeová, e, ainda, aos “Quatro Mundos Cabalísticos” (Atziluth,
Briah, Yetzirah, Assiah), com toda a inerente riqueza de correlação de
significados e qualidades potenciais.
Como já dissemos, outra síntese representativa que se configura no
chakra Mûladhâra (ao qual corresponde a Sephirah Malkuth) é a do
“Quaternário inferior” (a que correspondem as 4 Sephiroth inferiores:
Yesod, Netzach, Hod e Malkuth), e dele constitui o ponto focal.
E, no Islão, a Palavra Criadora (a equação cósmica divina) é Kalimat
Allah. As quatro consoantes deste mantra – K, L, M, T – simbolizam a
manifestação quaternária da Unidade primeira, sendo esta expressa na
tríade de vogais A, I, A (em que se oculta o nome inefável de ALLAH).
No Plano Físico, estas unidades primárias constituintes (funcionando
como pontos focais de energias específicas) devem, necessariamente,
estar imbuídas dos impulsos fundamentais, geradores e multiplicadores
de definidas qualidades. Certas qualidades agrupam-se formando “pares
complementares” ou “pares funcionais”, cujas unidades são
essencialmente representativas de: Energia-Força (Função) / Forma
![Page 30: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/30.jpg)
(Morfologia); Anabolismo/Catabolismo. Deste modo, se combinam e
fazem corresponder:
Vam – Sham = Guanina – Citosina;
Sham – Sam = Timina –Adenina.
Subindo a Escada Espiralada – o Movimento Ondulatório do
Espaço
O modo de movimento que subjaz a toda a Manifestação é espiralado.
Não existem rectas no Universo – apenas curvas, que integram espirais.
Esse Movimento Subjectivo Cósmico, Impulso radical ou Alento Divino
(o Espírito Santo, da teologia judaico-cristã), que é a matriz de toda a
evolução tanto nos seus aspectos subjectivos como objectivos, marca e
define a orgânica cosmológica (astronómica), as rotas espirais de todos
os astros e galáxias. No Microcosmo, no homem (designadamente), a
expressão básica de vida confirma e alinha-se nesta predisposição
espiral – a matriz da vida biológica é a celebrizada “escada helicoidal”,
o ADN. Com efeito, a molécula do ADN apresenta-se como uma escada
torcida sobre si mesma. Os degraus desta escada são os pares de bases
nitrogenadas guanina + citosina, timina + adenina.
O ADN, na sua estrutura, afigura-se a um andaime objectivo, que se
desenvolve e se escora progressivamente na estrutura íntima da
Substância subjectiva (da Vida/Consciência Universal). No correr deste
prodigioso andaime biológico, nós encontramos, pontilhados, os
mesmos marcos simbólicos, veículos da mesma vitalidade e prenhes dos
mesmos e profundos significados. Afigura-se-nos que o Propósito da
Vida não pode deixar de nele estar implícito e progressivamente
assinalável, à medida que nos elevamos nos degraus da
Vida/Consciência. O universo é holístico, por natureza. Os seus fios
invisíveis vão, de facto, tornando-se paulatinamente aparentes, à
medida que vamos cumprindo e concretizando na Forma esse Macro
Propósito Divino – como num decalque. “Oculto numa bolota, existe um
carvalho com suas bolotas, e, oculto em cada uma destas, existe um
carvalho com as suas bolotas”, afirmava o cabalista MacGregor
![Page 31: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/31.jpg)
Mathers. Numa Maré ascendente, o Oceano da Vida, Divina e Universal
(por obra dos seus actores, as miríades de seres que povoam a
Manifestação Objectiva dos Mundos) é iluminado progressivamente
(evolutivamente) pela Consciência, nela se subsumindo.
Em termos espirituais, a subida da Kundalinî, desde o chakra
Mûladhâra até ao chakra Sahasrâra (no topo da cabeça), replica no
Microcosmo (o homem) o que a Evolução Colectiva (dos Mundos e da
Humanidade) consubstancia na Caminhada peregrina desde este Plano
mais inferior (o Universo Físico), percorrendo todo o Septenário em
sentido ascendente até à Reassunção final na Luz do Uno, no termo do
Manvantara. Na aura, ladeando o Sushumnâ (o eixo ou conduto
espiritual por onde se eleva a Kundalinî), de um e outro lado, correm
paralelamente dois outros circuitos. Por eles passam respectivamente
as correntes positiva (à direita), e negativa (à esquerda), as correntes
magnéticas designadas “do Sol” e “da Lua”(11). Na verdade, de forma
mais precisa, é todo um hemicilindro (um semitubo) direito que é
carregado positivamente, e todo um hemicilindro esquerdo que é
carregado negativamente. Este factor, importantíssimo, é transferido
para a sua correspondência material: existe uma espécie de tubo virtual
por dentro do qual corre a “dupla espiral” do ADN. Também este campo
tubular é carregado positivamente num dos lados, e negativamente no
outro. Nesta conformidade, os diferentes centros de energia (que as
bases ‘G’, ‘C’, ‘T’, ‘A’ representam) situados no correr de cada
extremidade da “dupla hélice” são ciclicamente actuados positiva e
negativamente. Disto deriva que uma dada “potência” essencialmente
negativa, quando se encontra na contraparte negativa do tubo, está, por
assim dizer, “potenciada” nos seus efeitos e consequências; e que,
quando se encontra na contraparte positiva, está “deprimida” – e vice-
versa. Por outro lado, na definição das codificações e instruções
genéticas, o seu posicionamento (das unidades de cada par), ora numa
dada orientação, ora na outra (invertidas), ao longo dos dois
“corrimãos” da escada, também as faz assumir uma actuação, ora
positiva, ora negativa, das suas qualidades, no cômputo integrado da
leitura global.
![Page 32: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/32.jpg)
————————————
11) Sushumnâ, e as correntes solar, Pingalâ (à direita) e lunar, Idâ (à
esquerda) das filosofias da Índia correspondem, respectivamente, ao
Pilar do Equilíbrio, ao Pilar da Misericórdia (ou da Compaixão) e ao
Pilar da Severidade (ou da Justiça) da Árvore da Vida (ou Árvore
Sephirótica), da Cabala hebraica. A filosofia chinesa igualmente
representa esta tríade fundamental: Yin e Yang são, respectivamente, os
princípios negativo e positivo do Universo e das unidades que o
constituem, e Tao (ou Caminho) é o centro de equilíbrio entre eles.
É precisamente o carácter eléctrico dual e alterno do Universo e da
Manifestação que produz o movimento espiral e efusivo, bem como os
movimentos de contracção e expansão.(12) Sem dualidade não haveria
Evolução. Sem dualidade não haveria Manifestação.
———————-
12) À imagem de um eterno Pêndulo Cósmico, a energia de fundo (o
Akasha) vibra e traça diferentes direcções, tornando-se ora positiva ora
negativa e determinando a grande Lei da atracção e repulsão. Esse
facto cria as linhas de força da própria substância (Prakriti). É o grande
dinamizador cósmico que anima e faz crescer tanto uma pedra como um
ser humano, e que está na origem misteriosa dos movimentos de sístole
e diástole do coração na vida física animal. Na verdade, o Akasha é
Kundalinî, visto por outro aspecto.
Como assumirmos a nossa Divindade?
No decurso das Idades, diversas foram as metodologias formuladas pela
Humanidade a fim de facilitar e guiar o destemido buscador no
desbravamento desse Caminho. Nos Antigos Mistérios das diversas
civilizações – Hindu, Egípcia, Hebraica, Grega… –, os candidatos à
Iniciação no “Conhecimento Sagrado” eram guiados para conquistar
“passo por passo”, “degrau por degrau”, os Altares (o septenário Altar)
do Espírito.
Para a Civilização ocidental, porém, um dos métodos mais habilitados e
poderosos, e que se mantém vivo até aos nossos dias, é o método
cabalístico hebreu. Quando entendido e devidamente vivenciado, ele
![Page 33: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/33.jpg)
constitui um Guia rigoroso, de transcendente iluminação nos Caminhos
insondados entre os Véus da Grande Mãe.
A “Árvore da Vida” é um símbolo eloquente, animado e impregnado de
Vida (perdoe-se-nos a propositada redundância). Nele estão
representados o Macro e o Microcosmo, e por seu intermédio é-nos
fornecida a possibilidade de realizarmos as devidas pontes entre ambos
– o que, na prática, corresponde à transferência de fluxos definidos de
energia cognitiva –, por um processo efectivo de mapeamento dos
abstractos (e aparentemente vazios) Caminhos, para lá das fronteiras do
Mundo Físico.
A Meditação pelos Caminhos da Árvore
Para o místico investigador, este empreendimento não é uma aventura
inconsequente, sem regras nem condições: implica disciplina,
despojamento material (purificação, purgação) e uma empenhada
canalização de esforço e energia numa direcção aparentemente árida, e
não isenta de perigos. É um caminho solitário – não é necessário dizê-lo.
E é nessa solitude que o caminhante peregrino congrega energia,
progressivamente mais e mais energia qualificada e inteligente (que ele
próprio assimila e torna individualizada – cunhada pelo seu próprio
diapasão). Essa é a sua bagagem espiritual, que o legitima e lhe abre
sucessivamente as portas de cada etapa do Caminho Ascendente. É ela
a sua palavra-chave, a sua “palavra-de-ouro”, que leva os Guardiões a
franquearem-lhe cada Secreto Portal.
Isabel Nunes Governo
Vice-Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural
O caminho para Felicidade
![Page 34: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/34.jpg)
Para uma nova compreensão da Vida, do Universo e do
Homem
O CAMINHO DA FELICIDADE
“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”
Sócrates (470 a.C. – 399 a. C.)
Auto-Conhecimento, Auto-Identificação, Auto-Realização e Auto-
Ajuda
Desde o primeiro momento em que o assunto do presente artigo ficou
definido, e, em particular, à medida que reflectíamos sobre ele e sobre o
modo como deveria ser abordado, mais e mais foi ficando óbvia a
necessidade de esclarecer, logo à partida, os conceitos de auto-
conhecimento e auto-identificação por um lado e de auto-realização e
auto-ajuda por outro, destrinçando-os claramente uns dos outros.
Porque neles, na sua investigação aprofundada, na correcta
compreensão daquilo que, de facto, significam e das suas diferenças, se
encontra uma achega importante para um melhor entendimento daquilo
em que consiste o Caminho da Felicidade, onde pode ser encontrado e,
como e quando, começar a ser percorrido.
Comecemos pelo primeiro par: auto-conhecimento e auto-identificação.
O Que Pensamos Ser … Que Afinal Não Somos
No nível humano, na esmagadora maioria dos casos, aquilo que cada
indivíduo pensa de si próprio, a que vamos chamar auto-identificação –
pois que é mesmo disso, e somente disso, afinal, do que se trata –, tem
pouco, ou nada, a ver com o tal auto-conhecimento (do ser) de que
falava Sócrates, aquele que dá acesso à ciência dos “deuses e do
universo”.
O que uma pessoa acha que é, a maneira como se percebe, aquilo com
que se auto identifica – apesar dos denominadores comuns que se
![Page 35: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/35.jpg)
constatam –, difere muito de caso para caso, de acordo com o nível de
consciência, cultura, sociedade e convicções da mente de cada um (1).
A diversidade é total. Uns consideram-se mais de acordo com o género
(homem ou mulher); outros sobretudo pela sua cor, nacionalidade,
crença, continente ou região de origem (branco, preto, português,
porto-riquenho, cristão, islâmico, agnóstico, europeu, asiático, nortenho
ou latino); alguns “honram” pai e mãe, uma profissão, uma dada moral,
um qualquer padrão social mais ou menos volátil no espaço e no tempo
ou mesmo uma certa ética mais fraternal e universalista (filho de e de,
médico, engenheiro, bom ou mau, poderoso ou fraco, organizado ou
não, perfeito ou inadequado). Isto ou aquilo, conforme se sintam mais
identificados, seguros ou engrandecidos.
A juntar a isto, todas estas disparidades são, ainda, amplamente
multiplicadas pelo facto de que mesmo a ideia que cada um tem de si
próprio pode mudar ao longo da vida (e muda constantemente, tantas
vezes quando menos se espera), à mercê das transformações que vão
ocorrendo. Como disse um grande instrutor dos nossos tempos: “um
desgosto, a perda do trabalho, um insulto, e a sua própria imagem,
aquilo a que você chama uma pessoa, muda profundamente” (2).
E essas coisas, tão diferentes, tão impermanentes e, quase sempre, tão
antagónicas não podem, evidentemente, dar acesso ao tal
conhecimento/sabedoria que desvela os segredos das divindades e dos
cosmos, a que se referia o filósofo. Não podem, pelas mesmas razões,
conter nenhuma veracidade plausível.
De facto, as concepções que cada um tem acerca de si próprio,
consequência de ideias puramente pessoais e ilusórias, não
correspondem minimamente à realidade:
• São, apenas, fruto de padrões sócio-culturais adquiridos, mentalmente
estruturantes, “impostos” à pessoa de maneira, regra geral, subtil e
inconsciente, que ficam visceralmente entranhadas e, por isso,
assumidas pela esmagadora maioria como verdades óbvias, ou mesmo
absolutas – que, na verdade, não são.
![Page 36: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/36.jpg)
• São, além disso, transitórias, mutáveis, meramente subjectivas,
reflectindo aquilo que é a mente da personalidade em cada momento,
nomeadamente os seus conceitos e as suas memórias (3).
Sobre tal, testemunham, lapidarmente, as palavras do Senhor Buda ao
afirmar que: “Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas pela
mente e criadas pela mente. Tudo o que somos hoje é o resultado do
que temos pensado. O que pensamos hoje é o que seremos amanhã; a
nossa vida é uma criação da nossa mente” (4).
Quem somos Nós
Diz a Filosofia Perene que não somos nenhuma das coisas do eu inferior
com que nos identificamos e que, na medida dessa identificação, nos
controlam na íntegra, sobretudo através da mente, impedindo-nos de
perceber a nossa verdadeira natureza.
O ser ilimitado que é cada um de nós, a nossa verdadeira identidade,
aquele que nunca nasce e nunca morre, não pode ser percebido no nível
mental. E porque as palavras são da mente e não vão além dela, esse
ser (superior) só pode ser descrito em termos negativos, ou seja,
através daquilo que não é (e que, geralmente, julga que é) (5).
É através do entendimento daquilo que não somos, e com que,
geralmente, nos identificamos (e a que nos apegamos): o corpo, a mente
e seus objectos – percepções, conceitos, memórias, pensamentos,
desejos, emoções, medos, associações mentais – e da desidentificação
com eles, que despertaremos e chegaremos ao conhecimento dessa
verdadeira natureza que levará à efectiva compreensão dos “deuses e
do universo” (6).
Neste sentido atente-se ao que nos diz, embora de forma algo velada,
Helena Blavatsky, quase logo a abrir o seu livro A Voz do Silêncio:
“Aquele que quiser ouvir a voz do Nada, o Som sem som, e compreendê-
la, terá de aprender a natureza do Dharana. Tendo-se tornado
indiferente aos objectos da percepção, deve o aluno procurar o Raja dos
sentidos, o produtor de pensamentos, aquele que acorda a ilusão. A
![Page 37: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/37.jpg)
Mente é a grande assassina do Real. Que o discípulo mate o assassino”
(7).
E, sublinhe-se, é mesmo somente através da investigação da pessoa que
não somos, “dos seus motivos e do resultado das suas acções” (2) e da
desidentificação com ela, que é possível chegar à libertação dos desejos
e dos medos, ao auto-conhecimento, à auto-realização, à paz, à alegria e
à felicidade que buscamos incessantemente fora de nós, nos piores
sítios, quando, na verdade, só no ser real ela pode ser encontrada: aqui,
dentro de nós, onde, afinal, sempre esteve à nossa disposição. Em mais
nenhum sítio e de nenhum outro modo pode ser descoberta!
Sobre isto, assinala Helena Blavatsky, na sequência do texto acima
referido: “Porque quando para si mesmo a sua forma parece irreal,
como o parecem, ao acordar, todas as formas que ele vê em sonhos;
quando deixar de ouvir os muitos, poderá divisar o Um – o som interior
que mata o exterior. Então, e só então, abandonará ele a região de Asat,
o falso, para chegar ao reino de Sat, o verdadeiro” (7).
Auto realização e Auto Ajuda
Quanto às chamadas técnicas de auto-ajuda, ou mesmo as técnicas de
ajuda psicológica assistidas por terapeutas ou afins, não proporcionam,
nem nunca poderão proporcionar, ao contrário do que algumas vezes se
julga, nada de minimamente semelhante.
Sem embargo de poderem mitigar problemas de “inadequação” ou
situações de stress mais agudas, essas técnicas não têm coisa nenhuma
a ver com auto-realização. São (ainda) outro ponto de vista
completamente diferente.
Limitam-se a operar no âmbito da personalidade e dos seus assuntos –
onde a consciência que se vai tendo da realidade é previamente filtrada,
medida e pesada pelas nossas memórias e padrões que, assim, se
constituem no factor determinante do valor e da coloração que damos
aos factos (bom ou mau, certo ou errado, feio ou bonito, etc., etc., etc.).
![Page 38: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/38.jpg)
Aqui, neste fervilhar de ideias e conceitos, não se pode ouvir “a voz do
Nada”.
Aquilo que estas práticas de ajuda procuram (e podem) fazer (e estamos
a pensar no seu melhor), é alguma “harmonização” das tensões mais
insuportáveis que se estabeleçam entre os vários conceitos,
condicionamentos, desejos intensos, tendências e modelos que se
antagonizam ou incompatibilizam no seio de uma mesma personalidade
que a eles, de uma maneira ou doutra, foi afiliada, e que tornam difícil,
ou mesmo muito angustiante, a vida corrente do sujeito em que o
conflito se instala.
Nessa “harmonização”, no máximo, o que se pode encontrar (e não
negamos que possa ser muito), é a diminuição das ansiedades
constituídas e alguma estabilização da pessoa através do seu encontro
com uma nova “verdade” (mental e sócio-cultural) que a “reprograme”
de forma mais “coerente” e a preserve, dentro de limites que lhe sejam
psicologicamente aceitáveis, das contradições, das dúvidas e das
incertezas.
Só que estas “novas verdades”, mesmo que de um patamar superior,
são ainda do nível da personalidade (embora muitas vezes,
lamentavelmente, rotuladas de “esotéricas” ou mesmo “espirituais”) e
não pode haver estabilização permanente neste plano, onde a
“felicidade” se procura através do “prazer” do encontro com as “coisas”
de que se “gosta” e do evitar da “dor” do defrontar as “outras coisas” de
que se “não gosta” – incapazes que somos de, serenamente, “deixar que
chegue o que vem, e deixar ir o que se vai” (2).
A este tipo de “felicidade/prazer” sempre estiveram, estão e estarão
ligados os medos e os desejos que trazem consigo, inevitavelmente, o
sofrimento. Prazer e dor são uma parelha que jamais pode ser separada,
e a felicidade (que é espiritual) não pode ser encontrada nos assuntos
da personalidade.
O Caminho da Felicidade. Onde, Como e Quando
![Page 39: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/39.jpg)
Onde
Procurar a felicidade no nível da pessoa, faz lembrar a anedota do
homem embriagado que procurava a moeda perdida debaixo do
candeeiro de iluminação pública: não fora ali que a tinha perdido, mas
só ali dispunha da luz que, julgava ele, lhe permitiria encontrá-la.
Esta estratégia não leva, evidentemente, a lado nenhum. Não é possível
encontrar a moeda no sítio onde ela não está. Não é possível encontrar
a felicidade na personalidade, nem através dos seus padrões mentais,
nem na satisfação dos seus desejos, nem em coisa nenhuma do seu
campo de acção. Só pode ser achada onde foi perdida, no nosso ser real,
que é paz e que é amor.
E para se encontrar esse ser, que é também consciência pura, eterna,
imutável e vazia de pressupostos, tem de se ir além da pessoa e “além
da mente que divide e cria os opostos [Kama-Manas], permitindo que
apareça uma `outra mente´ [Buddhi-Manas – a mente superior ao
serviço da Intuição] que una e harmonize” (2).
Como
E a maneira como se vai além da personalidade e do seu mundo, dizem
todos os Mestres e toda a Tradição, é através da desidentificação com
ela. Este é o único caminho para a evolução espiritual.
Ouçamos o grande instrutor que foi Sri Nisargadatta Maharaj, o que ele
diz e aconselha:
- “ O mundo real está além do alcance da mente; nós vemo-lo através da
rede dos nossos desejos, divididos entre dor e prazer, bom e mau,
interno e externo. Para ver o Universo como ele é, você precisa de ir
além da rede…Olhe a rede e as suas muitas
contradições. Você faz e desfaz a cada passo.
Você quer paz, amor, felicidade, e não pára
de criar dor, ódio e guerra. Você quer
![Page 40: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/40.jpg)
longevidade e abusa da alimentação, quer
amizade e explora os outros. Veja a sua rede
feita de tais contradições e elimine-as; o fato
de vê-las, fá-las-á desaparecer.”
- “Veja como funciona, observe os motivos e os resultados das suas
ações. Estude a prisão que construiu em seu redor, por inadvertência.
Ao conhecer o que você não é, chegará ao conhecimento de si próprio”
(2).
O que é essencial é aquela meia dúzia de práticas que se recomendam e
vemos sempre repetidas pelos mais sábios: Investigar-se,
incessantemente, a si próprio; observar os fatos, o como e o porquê das
emoções e dos pensamentos que com eles vêm e vão – e a artificialidade
das suas verdadeiras origens; ser, o mais possível, consciente e
desapegado; ser sério e persistente na busca; e ir, crescentemente,
inserindo os princípios na prática do dia a dia. O resto é com cada um e
tem que ir sendo descoberto pelo próprio. Escreveu Helena Blavatsky
que “O caminho é um para todos os meio de chegar à meta deve variar
de peregrino para peregrino” (8).
Não se esqueça de se investigar
Todo dia terá coisas para melhorar
Se você se acha sábio demais
Bom demais
Cheio de beleza, de certeza que esta sempre certo,
que muita sua fé, então está vazio, por que não
![Page 41: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/41.jpg)
pode ser, se estivesse realmente cheio, não teria
problema em evoluir.
Quando
No que respeita ao quando começar, estou convicto de que um processo
de desidentificação com a personalidade pode ser iniciado mais cedo do
que, geralmente, se imagina.
Pois se é verdade que a capacidade de desencadear um tal
procedimento depende, pelo menos em larguíssima medida, de uma
consciência mental bastante evoluída – onde se perceba, minimamente,
que, no nível da subjectividade em que vivemos, não há senão verdades
possíveis, que “a realidade” é uma construção mental, que “os
significados” dependem dos contextos, e que a cognição não deve
privilegiar excessivamente uma perspectiva única –, é também verdade
que, a partir do momento em que este tipo de consciência esteja
disponível, se tornará inútil e redundante procurar reforçar o grau de
compreensão mental das coisas, havendo que enveredar, em vez disso,
o mais rapidamente possível, pela desidentificação com a pessoa que
não se é – a tal única saída do plano da mente, em direcção ao estrato
superior do ser – e nesta tarefa concentrar todos os esforços.
Nesse sentido vai o alvitre que Helena Blavatsky nos faz: “E tendo
aprendido a tua Ajnana, abandona a Sala da Aprendizagem” (7) .
Consideremos seguir a sugestão!
Vítor Martins
———————————————————–
(1) – No texto, a palavra “mente” e suas derivadas são utilizadas no
sentido da expressão sânscrita “Kama-Manas”, que designa o conjunto
da mente e das emoções influenciando-se mutuamente. Este conjunto,
em que a Humanidade, em geral, está focalizada é, usualmente, dirigido
pela vertente emocional.
![Page 42: BIOSOFIA](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013115/5571f9d9497959916990940d/html5/thumbnails/42.jpg)
(2) – Sri Nisargadatta Maharaj (1897-1981) – Transcrito do livro “Eu
Sou Aquilo – Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj” – Editora
Advaita, Brasil.
(3) – O mundo das pessoas é mental. É, como dissemos, falso, limitado,
relativo, mutável e tem, apenas, a realidade que a mente de cada um lhe
“emprestar”. Mas, apesar disso, em cada plano de consciência esse
mundo de ilusão acaba por se constituir, para todos os efeitos práticos,
numa verdadeira “realidade” para as pessoas que a ele pertencem e
dele partilham: a única “realidade” a que têm acesso enquanto se
mantiverem nesse nível de compreensão.
(4) – “Dhammapada (caminho da lei) ” – I-1
Este tratado de doutrina budista, atribuído ao próprio Senhor Buda,
está editado em língua portuguesa (do Brasil) pela Editora Pensamento,
em tradução e adaptação do Dr. Georges da Silva.
(5) – Fique, no entanto, claro que não podendo a nossa verdadeira
individualidade ser experienciada, percebida ou conceptualizada, sem
ela, por outro lado, não pode haver nem experiências, nem percepções,
nem conceitos.
(6) – Sendo que, o entendimento daquilo que se não é, vai acabar por
ser efectuado, ainda, no nível mental. É a mente que nos prende, é a
mente que nos liberta!
(7) – “A Voz do Silêncio” – Editora Assírio e Alvim, Lisboa (Primeiro
Fragmento).
(8) – Obra citada (Terceiro Fragmento).