BIONANOCOMPÓSITOS DE BAIXA DENSIDADE ......ARTUR DE SANTANA OLIVEIRA JUNHO, 2017 NATAL – RN...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA CURSO DE QUÍMICA DO PETRÓLEO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BIONANOCOMPÓSITOS DE BAIXA DENSIDADE BASEADOS EM AMIDO DE ARROZ, PECTINA E PALIGORSQUITA JACKSON AZEVEDO DE ALMEIDA ORIENTADORA: Profª. Drª. SIBELE B. C. PERGHER CO-ORIENTADOR: ARTUR DE SANTANA OLIVEIRA JUNHO, 2017 NATAL RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

INSTITUTO DE QUÍMICA

CURSO DE QUÍMICA DO PETRÓLEO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

BIONANOCOMPÓSITOS DE BAIXA DENSIDADE BASEADOS EM AMIDO

DE ARROZ, PECTINA E PALIGORSQUITA

JACKSON AZEVEDO DE ALMEIDA

ORIENTADORA:

Profª. Drª. SIBELE B. C. PERGHER

CO-ORIENTADOR:

ARTUR DE SANTANA OLIVEIRA

JUNHO, 2017

NATAL – RN

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JACKSON AZEVEDO DE ALMEIDA

BIONANOCOMPÓSITOS DE BAIXA DENSIDADE BASEADOS EM AMIDO

DE ARROZ, PECTINA E PALIGORSQUITA

NATAL, RN

2017

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Química do

Petróleo – Bacharelado, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

parte dos requisitos para obtenção do título

de Bacharel em Química do Petróleo.

Orientadora: Profª. Drª. Sibele Pergher

Co-Orientador: Artur de Santana Oliveira

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser minha fonte inesgotável de força, por me ajudar em

momentos que pensei não ser capaz e por me proporcionar chegar a essa

etapa tão sonhada.

Aos meus pais, que sempre me apoiaram de todas as formas possíveis

e que nunca deixaram de me incentivar ou acreditar em mim e na realização

dos meus sonhos.

Aos meus familiares e amigos, que de alguma forma tiveram

participação na construção e realização deste sonho.

A Prof.ªDr.ª Sibele B. C. Pergher, que me transmitiu ensinamentos que

vão além dos limites da universidade. Por ter me acolhido em seu laboratório e

me tornado parte de uma família. Por ter sido durante esses anos de convívio

como uma segunda mãe, sempre enxergando o melhor de mim, quando muitas

vezes ninguém enxergava. Por me proporcionar valores e lembranças que

levarei comigo pelo resto da vida.

Ao meu Co-orientador Artur de Santana Oliveira, por sempre se mostrar

disposto a sanar minhas dúvidas e me ajudar no que fosse preciso, me

acompanhando desde os experimentos, até as análises dos meus materiais.

A família LABPEMOL, colegas sempre dispostos a ajudar, pela amizade,

por todas as lembranças vividas e experiências compartilhadas.

A Isabelle de Morais Henriques, minha melhor amiga e maior confidente,

pela paciência, carinho e por todos os conselhos.

Aos amigos que adquiri durante esses anos na graduação em química

do petróleo, dos quais ressalto as mais queridas, Edgleumar Coelho, Marianne

Costa e Laís Cristina, que estiveram sempre por perto e que com certeza

fazem jus à mérito nessa conquista.

A PROPESQ, pela bolsa de iniciação científica.

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RESUMO

Os bionanocompósitos são materiais híbridos obtidos a partir da

interação entre dois ou mais componentes, sendo um deles denominado a fase

contínua, normalmente orgânica, e o outro a fase dispersa inorgânica, ambos

provenientes de origem natural, onde ao menos uma das fases possua

estrutura em escala nanométrica. Este tipo de material tem sido considerado

como uma promissora alternativa, frente aos materiais nanocompósitos

convencionais, que utilizam matéria prima não renovável, justamente por não

causar danos ao meio ambiente.

A síntese dos bionanocompósitos apresentados nesse trabalho foi

realizada em duas etapas. Primeiro foram sintetizados os denominados bio-

híbridos, com o objetivo de se avaliar a compatibilidade entre os componentes,

depois foram sintetizados os materiais bionanocompósitos de baixa densidade

propriamente, utilizando os polímeros de origem natural, o amido de arroz e a

pectina, reforçados com o argilomineral de natureza fibrosa, paligorsquita. Para

realizar a síntese dos bionanocompósitos foi utilizada a técnica de liofilização.

Os materiais preparados foram caracterizados por difração de raios-X,

microscopia eletrônica de varredura, espectrometria de energia dispersiva,

análise termogravimétrica, densidade aparente e testes de chama com bico de

Bunsen.

Neste trabalho foram sintetizados com sucesso materiais

bionanocompósitos com propriedade retardante de chama e grande

capacidade ignífuga, sendo os resultados com o amido de arroz mais

promissores, se comparados aos resultados com a pectina.

Palavras-Chave: bionanocompósitos, paligorsquita, biopolímeros.

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ABSTRACT: The bionanocomposites are hybrid materials obtained from the

interaction between two or more components, one being called the continuous

phase, usually organic, and the other the inorganic dispersed phase, both

coming from natural origin, where at least one of the phases has a structure in

nano scale. This type of material has been considered as a promising

alternative, against conventional nanocomposite materials, which use

nonrenewable raw material, precisely because it does not cause damage to the

environment.

The synthesis of the bionanocomposites presented in this work was done

in two stages. First the so-called bio-hybrids were synthesized in order to

evaluate the compatibility between the components, then the low density

bionanocomposite materials were synthesized, using natural polymers, rice

starch and pectin, reinforced with Argillomineral of fibrous nature, the

paligorsquita. To perform the synthesis of bionanocomposites, the lyophilization

technique was used.The prepared materials were characterized by X-ray

diffraction, scanning electron microscopy, energy dispersive spectrometry,

thermogravimetric analysis, bulk density and Bunsen burn flame tests.

This work has successfully synthesized bionanocomposite materials with

flame retardant properties and high flame retardant capacity, and the results

with the rice starch are more promising compared to the results with a pectin.

Keywords: Bionanocomposites, palygorskite, biopolymers.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 3.1: Unidades estruturais dos argilominerais .................................... 14

FIGURA 3.2: Unidades estruturais dos argilominerais: em a) grupo tetraédrico;

em b) folha tetraédrica; em c) grupo octaédrico e em d) folha octaédrica ....... 15

FIGURA 3.3:Modelo esquemático da camada estrutural básica de uma argila:

a) 1:1 e b) 2:1 .................................................................................................. 15

FIGURA 3.4: Detalhes da estrutura cristalina da paligorsquita ....................... 17

FIGURA 3.5: Estruturas químicas: em a) amilose e em b) amilopectina ........ 21

FIGURA 3.6: Estrutura polimérica da pectina conformada por unidades de

ácido α-D-galacturônico e grupos metoxilatos derivados unidos entre si por

ligações α-1-4 ................................................................................................... 24

FIGURA 3.7:Estrutura química do retardante de chama comercial

Trisboromoneopentil fosfato ............................................................................ 27

FIGURA 3.8:Estrutura química do retardante de chama comercial Bis

(penntabromofenílico) etano ............................................................................ 27

FIGURA 5.1: Difratogramas dos bio-híbridos sintetizados a partir do amido de

arroz ................................................................................................................ 34

FIGURA 5.2: Difratogramas dos bio-híbridos sintetizados a partir da pectina . 35

FIGURA 5.3: Difratogramas da paligorsquita e dos bionanocompósitos

sintetizados ..................................................................................................... 36

FIGURA 5.4: Espectros de infravermelho do amido de arroz e seu respectivo

bionanocompósito ............................................................................................ 37

FIGURA 5.5:Espectro de infravermelho da pectina e seu respectivo

bionanocompósito ............................................................................................ 38

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FIGURA 5.6: Micrográfico de microscopia eletrônica de varredura para as

amostras sintetizadas em a) amido de arroz e em b) bionanocompósito com

10% em massa de paligorsquita ...................................................................... 39

FIGURA 5.7: Micrográfico de microscopia eletrônica de varredura para as

amostras sintetizadas em a) pectina e em b) bionanocompósito com 10% em

massa de paligorsquita ................................................................................... 40

FIGURA 5.8: Mapeamento do elemento silício na superfície da matriz

polimérica ........................................................................................................ 41

FIGURA 5.9: Fotografia digital das amostras sintetizadas............................... 42

FIGURA 5.10: Perfil da análise termogravimétrica da amostra de pectina sem a

adição de paligorsquita ................................................................................... 42

FIGURA 5.11: Perfil da análise termogravimétrica do bionanocompósito a base

de pectina com a adição de 25% em massa de paligorquita .......................... 43

FIGURA 5.12: Perfil da análise termogravimétrica da amostra de amido sem

adição de paligorsquita ................................................................................... 44

FIGURA 5.13: Perfil da análise termogravimétricado bionanocompósito a base

de amido com a adição de 25% em massa de paligorsquita ........................... 45

FIGURA 5.14: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para o

amido de arroz, sem adição de paligorsquita .................................................. 46

FIGURA 5.15: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para a

o bionanocompósito utilizando o amido de arroz ............................................ 47

FIGURA 5.16: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para a

pectina sem a incorporação de paligorsquita .................................................. 48

FIGURA 5.17: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para a

o bionanocompósito utilizando a pectina ......................................................... 48

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FIGURA 5.18: Fotografia das amostras baseadas em amido de arroz após o

teste de combustão ......................................................................................... 49

FIGURA 5.19: Fotografia das amostras baseadas em pectina após o teste de

combustão ....................................................................................................... 50

LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1: Temperaturas de gelatinização para amidos provenientes de

diferentes espécies vegetais. ........................................................................... 21

TABELA 3.2: Teor de pectina com alto grau de metoxilação a partir de

diferentes fontes .............................................................................................. 22

TABELA 5.1: Densidade aparente das espumas bionanocompósitos

sintetizadas ..................................................................................................... 37

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SUMÁRIO

RESUMO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1 .................................................................................................... 12

1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 12

CAPÍTULO 2 .................................................................................................... 13

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................... 13

2.1.1 Objetivos Específicos ................................................................... 13

CAPÍTULO 3 .................................................................................................... 14

3.1 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................. 14

3.1.1 Argilas ........................................................................................... 14

3.1.2 Paligorsquita ................................................................................. 17

3.1.3 Biopolímeros ................................................................................. 19

3.1.4 Amido ............................................................................................ 20

3.1.5 Pectina .......................................................................................... 23

3.1.6 Espumas nanocompósitos ............................................................ 26

3.1.7 Retardantes de chama .................................................................. 27

CAPÍTULO 4 .................................................................................................... 30

4.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .............................................. 30

4.1.1 Materiais e Reagentes ................................................................. 30

4.1.2 Metodologia de Síntese ............................................................... 30

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4.1.3 Caracterização dos materiais ...................................................... 32

CAPÍTULO 5 .................................................................................................... 34

5.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................... 34

CONCLUSÃO .................................................................................................. 47

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49

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CAPÍTULO 1

1.1 INTRODUÇÃO

Com o crescente desenvolvimento tecnológico, surge uma grande

demanda pela obtenção de materiais multifuncionais que apresentem

propriedades para as mais variadas aplicações. Aliado a isso, existe um grande

apelo ecológico, que visa preservar o meio ambiente através do uso de

materiais que necessitem cada vez menos do uso de combustíveis fósseis.

Tendo em vista esse cenário, surgem então os materiais denominados

bionanocompósitos (RUIZ-HITZKY, 2008).

Os bionanocompósitos são materiais híbridos formados a partir de uma

fase contínua, normalmente orgânica, e uma fase dispersa inorgânica, ambas

provenientes de origem natural, em que ao menos uma das fases apresente

estrutura em escala nanométrica (RUIZ-HITZKY, 2005). O uso de

bionanocompósitos tem aumentado devido às propriedades distintas que estes

materiais podem oferecer quando comparados aos nanocompósitos

convencionais (DARDER, 2007), tais como capacidade de biodegradação e

biocompatibilidade, propriedades estas que se encaixam dentro das

necessidades ambientais. Biopolímeros provenientes principalmente da

biomassa, como os polissacarídeos, podem ser utilizados na preparação dos

materiais bionanocompósitos.

O presente trabalho visa o desenvolvimento de materiais

bionanocompósitos de baixa densidade a base de paligorsquita e biopolímeros

(amido de arroz e pectina), através do processo de liofilização.

Especificamente, objetiva estudar as propriedades de adsorção de

biopolímeros em paligorsquita através da síntese dos bio-híbridos, caracterizar

e avaliar a compatibilidade de ambos os componentes mediante a formação de

espumas bionanocompósitos de baixa densidade e, por fim, avaliar as

propriedades térmicas e ignífugas das espumas nanocompósitos

desenvolvidas.

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CAPÍTULO 2

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo geral a síntese de materiais

bionanocompósitos de baixa densidade, utilizando paligorsquita e biopolímeros

(amido de arroz e pectina).

2.1.1 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos são

listados a seguir e os mesmos podem ser considerados como etapas do

trabalho.

Estudar as propriedades de adsorção de biopolímeros em

paligorsquita.

Caracterizar e avaliar a compatibilidade de ambos os componentes

mediante a formação de espumas bionanocompósitos de baixa

densidade.

Caracterizar os bionanocompósitos por diferentes técnicas como

difração de raios X (DRX), análise termogravimétrica (TG-DTG) e

microscopia eletrônica de varredura (MEV).

Avaliar as propriedades térmicas e ignífugas das espumas

nanocompósitos desenvolvidas.

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CAPÍTULO 3

3.1 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão abordados os aspectos teóricos referente aos

materiais bio-híbridos, particularmente os aspectos gerais, a síntese e as

aplicações dos bionanocompósitos.

3.1.1 Argilas

As argilas são definidas, de modo geral, como materiais que ocorrem

naturalmente, se apresentam na forma terrosa e possuem em sua composição

grãos bastante finos, em que se destacam, por sua importância, os

argilominerais. Nas argilas, podem ser encontrados ainda outros componentes,

como partículas de quartzo, sais insolúveis, feldspato e calcita. (OLPHEN,

1977; Santos, 1989). Trabalhos envolvendo o uso de argilas são bastante

frequentes, por serem materiais que não prejudicam o meio ambiente quando

descartados, sem contar a abundância de reservas no mundo e seu baixo

custo (NETO et. al. 2009).

Também denominados silicatos em camadas ou ainda filossilicatos

(COELHO, et. al. 2007), os argilominerais são silicatos hidratados de alumínio

e/ou ferro e magnésio, que podem ainda apresentar como componentes

essenciais um certo teor de elementos alcalinos e alcalino terrosos (SANTOS,

1989).

Os argilominerais, que fazem parte da família dos filossilicatos, são

materiais cristalinos (SANTOS, 1975) e possuem organização em forma de

folhas e camadas, sendo constituídos pela alternância de unidades compostas

por tetraedros de óxido de silício e octaedros de oxigênio ou OH- de alumínio

ou magnésio (GRIM, 1962).

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A Figura 3.1 Unidades estruturais dos argilominerais. Adaptado de Santos (1975)

A Figura 3.1 ilustra as unidades estruturais dos argilominerais. As folhas

tetraédricas são constituídas por um átomo de silício central e quatro átomos

de oxigênio nos vértices. Os demais tetraédricos são ligados através dos três

átomos de oxigênio basais, para formar as folhas tetraédricas, que se repetem

indefinidamente, formando uma camada de composição Si4O6(OH)4 (GRIM,

1953). As folhas octaédricas são formadas por seis grupos (que podem ser

oxigênio ou hidroxilas) nos vértices e um átomo central, que pode ser alumínio,

ferro ou magnésio. Os demais octaédricos são ligados por meio dos átomos de

oxigênio ou hidroxilas, formando um arranjo hexagonal com unidades que se

repetem formando a folha octaédrica (GRIM, 1953).

As combinações dessas folhas tetraédricas com as octaédricas podem

acontecer de diferentes formas, gerando as denominadas camadas, que são

definidas de acordo com a razão entre as folhas tetraédricas e octaédricas. Se

uma folha octaédrica se combina por exemplo com duas folhas tetraédricas, se

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diz que este argilomineral possui estrutura 2:1, em que um grande exemplo

deste tipo de estrutura é apresentado pela montmorillonita e pela paligorsquita,

argilomineral utilizado neste trabalho. Já quando a combinação se dá através

de uma folha de octaedro com uma folha de tetraedro, se diz que este

argilomineral possui estrutura 1:1, tendo como exemplo a caulinita. As figuras

abaixo apresenta de forma esquemática as estruturas pertencentes as famílias

1:1 e 2:1.

Figura 3.2: Unidades estruturais dos argilominerais: a) grupo tetraédrico; b) folha tetraédrica; c)

grupo octaédrico; d) folha octaédrica. (KINGERY, 1976; MITCHELL, 1976).

Figura 3.3: Modelo esquemático da camada estrutural básica de uma argila: a) 1:1 e b) 2:1

(GRIM, 1953).

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3.1.2 Paligorsquita

Dentro da família 2:1 está presente a paligorsquita, também bastante

conhecida como atapulgita. Este argilomineral apresenta estrutura com duas

folhas de tetraedros de óxidos de silício unidas por uma folha central de

octaedro de magnésio e alumínio (GARCIA-ROMERO, 2004) com a presença

de cristais alongados (SOUZA SANTOS, 1984). Trata-se de um argilomineral

que apresenta estrutura fibrosa, pertencente ao grupo das hormitas (SOUZA e

SOUZA, 1984), e junto com a sepiolita é considerada uma argila especial, por

ser encontrada em grande quantidade apenas em áreas restritas (AGUIAR;

NOVAES; GUARINO, 2002; COELHO; SANTOS; SANTOS, 2007).

Possui estrutura que se difere da de outros argilominerais, a exemplo da

montmorillonita, por não se apresentar na forma de camadas (ou lamelas), mas

sim como fibras, que são resultado da inversão regular de 180° que ocorre a

cada sequência de quatro tetraedros de silício. Essa descontinuidade nas

folhas de tetraedro de silício proporcionam a formação de canais na estrutura

do argilomineral, que promovem ainda a presença de grupos silanóis (Si – OH)

na superfície externa da paligorsquita. A presença desses grupos na estrutura

do argilomineral é de grande importância, pois atua como ponto de interação

com outras espécies químicas, a exemplo de polímeros naturais, para síntese

de materiais híbridos.

A paligorsquita foi descoberta em 1861, nos montes Urais, na antiga

União Soviética. No ano de 1935, em Attapulgus (Geórgia, Estados Unidos), o

pesquisador Lapparent imaginando ter descoberto um argilomineral diferente,

deu a ele o nome de atapulgita. Após serem utilizadas técnicas mais

adequadas, como difração de Raios X, microscopia eletrônica de varredura e

análise termodiferencial, ficou confirmado que as duas argilas possuíam

estrutura idêntica, tratando-se na verdade da mesma espécie (HADEN;

SCHWINT, 1967; LUZ; ALMEIDA, 2005). O Comitê Internacional de

Nomenclatura optou por utilizar o nome paligorsquita para esse mineral,

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contudo o termo atapulgita é ainda bastante utilizado na indústria (MURRAY,

2000).

Bradley (1940) foi o primeiro a propor um padrão estrutural para a

paligorsquita e defendeu que este argilomineral possui a fórmula [ (Mg,

Al)2Si4O10(OH).4H2O] (CORMA, et al., 1987; GONZALEZ, et al., 1989a;

GONZALEZ, et al., 1989b).

A partir dessa fórmula proposta é possível observar que o argilomineral

apresenta em sua estrutura três formas de água: a) coordenada a cátions da

folha octaédrica, b) zeolítica presente nos canais, onde interage tanto com a

molécula de H2O coordenada quanto com a folha tetraédrica e c) água hidroxila

ligada à estrutura do argilomineral no centro da folha octaédrica, de acordo

com Gionis, et al. (2006).

A Figura 3.4 representa a estrutura apresentada pela paligorsquita,

melhor evidenciando as informações apresentadas.

Figura 3.4: Detalhes da estrutura cristalina da paligorsquita. Adaptado de XAVIER et. al. 2012

Apesar de não apresentar o fenômeno de intercalação como na maioria

dos argilominerais de estrutura 2:1, a paligorsquita apresenta algumas

propriedades que têm atraído a atenção da comunidade cientifica e que a torna

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interessante para as mais variadas aplicações, como microporosidade e sua

alta superfície específica (RUIZ-HITZKY et al., 2011), além dos já mencionados

grupos silanóis (Si – OH), que atuarão como ponto de interação do

argilomineral com outras espécies químicas.

A paligorsquita normalmente é encontrada em solos de zonas áridas e

semiáridas do mundo (NEAMAN & SINGER, 2004). De acordo com Luz &

Almeida. 2005, os principais depósitos de paligorsquita no Brasil estão situados

no município de Guadalupe – PI, localizado a cerca de 300 km da capital

Teresina, onde são realizados vários trabalhos de pesquisa visando o

desenvolvimento e o aproveitamento deste argilomineral para diferentes usos

industriais (BALTAR, et al., 2009; LUZ & ALMEIDA, 2005; LUZ, et al., 1988;

NETO, et al., 1993).

3.1.3 Biopolímeros

Polímeros naturais, também chamados de biopolímeros, são materiais

gerados na natureza durante o ciclo de alguns organismos envolvendo

processos catalisados por enzimas e o crescimento da cadeia carbônica

através de reações de polimerização, sendo alguns exemplos os

polissacarídeos, como o amido, celulose, quitina, pectina entre outros

(CHANDRA et al., 1998). Os polissacarídeos são macromoléculas naturais que

apresentam alto peso molecular e que ocorrem em praticamente todos os

organismos vivos. São formados pela condensação de monossacarídeos ou

seus derivados, unidos entre si por ligações glicosídicas.

Os biopolímeros são produzidos por meio de fontes naturais renováveis,

sendo de grande interesse para a comunidade cientifica, em que inúmeros

estudos têm sido realizados utilizando esses materiais, devido algumas

propriedades que os diferem de polímeros convencionais derivados do

petróleo, como a não toxicidade, capacidade de biodegradação e

biocompatibilidade, propriedades que se encaixam dentro das exigências

ambientais que surgem e se fazem necessárias para preservação do meio

ambiente. Podem ser produzidos por meio de sistemas naturais, como micro-

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organismos e plantas, ou sintetizados quimicamente utilizando como matéria-

prima materiais biológicos, como açúcares, óleos e gorduras.

De um modo geral, a biodegradação pode ser vista como um processo

natural, onde substâncias orgânicas expostas ao meio ambiente são

transformadas em compostos mais simples e redistribuídas nos ciclos naturais

do carbono, enxofre e nitrogênio, sendo causada por atividade biológica,

especialmente enzimática. Na biosfera, os micro-organismos possuem papel

central nos processos biodegradativos (CHANDRA el al., 1998). Quando se

fala em biodegradabilidade, é necessário considerar ainda as reações abióticas

tais como fotodegradação, oxidação e hidrólise, as quais podem alterar a

estrutura do polímero devido a fatores ambientais (MOHANTY et al., 2000).

A biocompatibilidade apresentada por polímeros naturais normalmente

envolve quatro fenômenos: o primeiro deles são processos de concentração de

biomacromoléculas junto à superfície dos materiais (a adsorção), logo depois

da serem colocados na superfície do corpo; o segundo fenômeno envolvido

trata da resposta do tecido naquele ponto em que se encontra o biomaterial,

que pode ser observada na forma de respostas inflamatórias e imunológicas; o

terceiro fenômeno apresentado no processo de biocompatibilidade diz respeito

ao efeito do ambiente corpóreo em que está o material, que pode ser

constatado por exemplo pelo estabelecimento de processos de degradação do

polímero; o quarto e último processo relacionado ao fenômeno da

biocompatibilidade é a resposta do corpo como um todo à presença do

biomaterial, que pode ser observada através do aparecimento tumores,

imperfeições generalizadas ou alergias ( JIN et al., 2004; RATNER et al., 2005;

DAREA et al., 2009).

Inicialmente os polímeros biodegradáveis foram desenvolvidos com o

objetivo de serem empregados na indústria de embalagens, como uma

alternativa para substituição de sacos plásticos feitos a partir de polímeros

derivados do petróleo, que demoram para sofrer degradação. Porém, devido as

já mencionadas características apresentadas pelos biopolímeros, esses

materiais passaram a ter papel fundamental na síntese de novos materiais,

como os materiais bionanocompósitos, para as mais variadas aplicações,

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algumas nobres, como na indústria farmacêutica, com a liberação controlada

de fármacos(MOHANTY, MISRA, DRZAL, 2002).

3.1.4 Amido

O amido é um polímero natural que possui grânulos compostos por dois

polissacarídeos, a amilose e a amilopectina, cujas proporções também variam

de acordo com sua origem vegetal. Apresenta em sua estrutura três grupos

hidroxilas por monômero. Possui ainda ligações de hidrogênio intra e

intermoleculares (MA; YU e WANG, 2007) e juntamente com a celulose é um

dos polímeros naturais mais abundantes (CEREDA, 2002).

Trata-se de um biopolímero que constitui a mais importante reserva de

energia das plantas superiores, sendo a principal substância presente nesse

tipo de planta, apresentando quantidades que variam em torno de 60 a 75% do

peso do vegetal. Tem coloração branca, é insípido, inodoro e forma uma

suspensão leitosa quando em contato com água fria (HOSENEY, 1999;

BOBBIO e BOBBIO, 1995), e como já mencionado, por se tratar de um

polímero de origem natural, é uma matéria-prima renovável, biodegradável e

não tóxica (VAN DER BURGT et al., 2000).

A amilose possui ligações glicosídicas α- (D) -1-4 que lhe confere

conformação helicoidal, enquanto que a amilopectina é ramificada, com

ligações glicosídicas α- (D) -1-4 (cadeia principal) e α- (D) -1-6 (ramificações)

(JAROWENKO,1997).

A maioria dos amidos contém de 20 a 30% de amilose e 70 a 80% de

amilopectina (HOSENEY, 1999; BOBBIO e BOBBIO, 1995). A Figura 3.5 ilustra

as estruturas químicas da amilose e da amilopectina.

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Figura 3.5: Estrutura química da amilose (a) e amilopectina (b). Fonte: CARVALHO, 2002.

A massa molar da amilose é da ordem de 105 a 106 g/mol, já a

amilopectina possui massa molar da ordem de 50 a 500 106 g/mol

(COULTATE, 2002; TESTER, KARKALAS e QI, 2004). O comprimento das

ramificações varia entre 20 e 30 unidades de glicose (CEREDA, 2002).

O amido é praticamente insolúvel em água fria, podendo absorver até

30% do seu peso, com pequeno aumento do volume dos grãos. Quando

aquecido e em presença de excesso de água, as ligações mais fracas de

pontes de hidrogênio entre as cadeias de amilose e amilopectina são rompidas

e os grânulos de amido começam a absorver água, aumentando o volume dos

grãos. Chega-se então ao sistema em que toda a água estará ligada às

cadeias de amilose e amilopectina, ou presa no espaço entre os grãos,

havendo a destruição da ordem molecular, gerando mudanças irreversíveis nas

propriedades do amido, transformando a solução água e amido em uma pasta

viscosa e transparente. Esse fenômeno é conhecido como gelatinização

(BOBBIO e BOBBIO, 1992) e a temperatura de ocorrência deste processo é

chamada de temperatura de gelatinização, que também dependente da origem

botânica do amido, variando entre aproximadamente 60 °C e 75 °C.

(COULTATE, 2002; PENG, ZHONGDONG e KENNEDY, 2007). Na Tabela

3.1é apresentado o intervalo de temperatura de gelatinização para amidos

obtidos de diferentes espécies vegetais.

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Tabela 3.1: Temperaturas de gelatinização para amidos provenientes de diferentes espécies

vegetais. Fonte: BOBBIO e BOBBIO, 1992.

Amido

Intervalo de temperatura de

gelatinização (° C)

Batata 56 – 66

Mandioca 58 – 70

Milho 62 – 72

Trigo 53 – 63

Arroz 61 – 77

3.1.5 Pectina

A pectina é um polissacarídeo bastante estudado, presente

abundantemente nas polpas de maçãs e cascas de frutas cítricas. Possui

comportamento hidrofílico devido a presença de grupos polares em sua

estrutura (como as hidroxilas e a formação de grupos carboxilatos), formando

com facilidade soluções viscosas (CRISTENSEN, 1986). A cadeia linear da

pectina é formada por unidades monoméricas de ácido α - (1-4)-D-

galacturônico, parcialmente esterificados com grupos metoxílicos (BOBBIO,

1989).

A principal característica desse polissacarídeo, que atrai a atenção de

industrias e da comunidade cientifica é a capacidade que possui de formar

géis, característica essa que depende de algumas condições do meio, como

pH, teor de sólidos solúveis, grau de metoxilação (GANCZ, ALEXANDER,

CORREDIG, 2006), massa molar (KIM et al., 2008).

A pectina foi descoberta em 1790, quando o farmacêutico e químico

francês Nicolas Louis Vauquelin encontrou uma substância solúvel nos sucos

de frutas. O nome pectina foi usado pela primeira vez em 1824, quando o

também químico e farmacêutico francês Henri Braconnot continuou o trabalho

de Vauquelin, descobrindo que essa substância, amplamente disponível nas

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plantas, continha propriedades gelificantes daí então o nome pectina, do grego

pectos, que significa gelatinizado ou solidificado.

A porcentagem dos grupos esterificados normalmente é expressa como

o grau de metoxilação (FISHMAN et al., 2006; MESBAHI, JAMALIAN,

FARAHNAKY, 2005; YAPO et al., 2007). As pectinas são, portanto,

classificadas de acordo com o grau de metoxilação apresentado. Quando a

esterificação dos grupos carboxilas é aproximadamente igual ou superior a

50%, são chamadas de pectinas de alto teor de metoxilação. A pectina de

baixo teor de metoxilação tem menos de 50% dos grupos carboxilos

esterificados (POMERANZ, MELOAN, 2000). Com o passar dos anos algumas

outras fontes de pectina começaram a ser estudadas, como é o caso das

polpas de beterraba e do girassol (WICSENBORN 1999; TURQUOIS, 1999). A

Tabela 3.2 mostra as principais fontes de pectina com alto grau de metoxilação

(ATM).

Tabela 3.2: Teor de pectina com alto grau de metoxilação a partir de diferentes fontes.

Adaptado de revista Food Ingredients Brasil.

Fruta

Substâncias pécticas

(%)

Base úmida

Base seca

Maçã 0,5 – 1,6 4 – 7

Bagaço da maçã 1,5 – 2,5 15 – 20

Polpa de beterraba 1,0 15 – 20

Polpa de cítricos 2,5 – 4,0 30 – 35

Cascas de laranjas 3,5 – 5,5 ---

Tamarindo 1,71 ---

Cenouras 0,2 – 0,5 10

Tomate --- 3

Girassol --- 25

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Na Figura 3.6 é apresentada a estrutura química da pectina,

evidenciando a unidade monomérica que inclui o ácido galacturônico

parcialmente esterificado com os já mencionados grupos metoxílicos.

Figura 3.6: Estrutura polimérica da pectina conformada por unidades de ácido α-D-

galacturônico e grupos metoxilatos derivados unidos entre si por ligações α-1-4. Adaptado

(VICTOR et al., 2011)

Devido a já mencionada capacidade de gelificação apresentada por esse

polissacarídeo, ele é de grande importância na indústria alimentícia, sendo

bastante utilizado na produção de geleias, doces e sucos. É também

empregada como espessantes, texturizantes, emulsificantes, estabilizantes, e

ainda como agente floculante no tratamento de efluentes (CAMPBELL, 1979;

BOWERS, 1992; YOKOI 2002).

3.1.6Espumas de nanocompósitos

Espumas são definidas como materiais gasosos que contém vazios

cercados por uma matriz de maior densidade, que geralmente é um liquido ou

sólido (L. JAMES LEE et. al., 2005). Esse tipo de material é bastante utilizado

para as mais variadas aplicações, como isolamento acústico, amortecimento,

absorventes e estruturas para suporte de peso (D. KLEMPNER; K.C. FRISCH,

1991).

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Dependendo da composição, das propriedades físicas e da morfologia

celular, as espumas podem ser classificadas como rígidas ou flexíveis.

Espumas rígidas são bastante utilizadas em aplicações como isolamento para

construção, eletrodomésticos, transportes, embalagens, móveis e recipientes

de alimentos e bebidas, enquanto que as espumas flexíveis são empregadas

como espumas para transporte, roupas de cama, aplicações esportivas e

sapatos.

Nanocompósitos são materiais formados pela interação de dois ou mais

componentes, onde ao menos um destes apresente dimensões em escala

manométrica, sendo um a denominado matriz ou fase contínua, e outro fase

dispersa. (D.R. PAUL, 2008). Estes materiais possuem amplas aplicações, pois

geram propriedades físicas melhoradas, se comparados aos polímeros puros.

Muitos trabalhos surgiram na síntese de espumas nanocompósitos utilizando

polímeros derivados do petróleo.

Nas últimas décadas, a substituição dos polímeros desses polímeros por

biopolímeros na síntese de nanocompósitos surgiu como uma excelente opção,

pois além de fornecerem propriedades semelhantes aquelas apresentadas

pelos nanocompósitos convencionais, possuem ainda propriedades de grande

interesse ambiental, como biocompatibilidade e biodegrabilidade,

características dos biopolímeros. Essa substituição de polímeros derivados do

petróleo por biopolímeros deu origem aos chamados bionanocompósitos

(DARDER et al., 2011)

Uma das técnicas mais utilizadas para síntese de espumas se dá

através do processo de liofilização (RUIZ-HITZKY et. al., 2009). Também

conhecido como criodesidratação ou criosecagem, é um processo diferenciado

de desidratação de produtos, pois ocorre em condições especiais de pressão e

temperatura (M.J. AKERS; A.L FITES; R.L ROBINSON, 1987). Nesse processo

a água é removida de um produto após ser congelada e colocada sob vácuo,

permitindo que o gelo mude diretamente de sólido para vapor, sem passar pela

fase líquida (S.L NAIL; G.A GATLIN, 1992).

Essa técnica possui três etapas: o congelamento, a secagem primária,

etapa onde o gelo formado é removido por sublimação através do vácuo e

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baixas temperaturas, deixando a estrutura bastante porosa. Essa etapa é

realizada a pressões entre 10-4 a 10-5 atmosferas, e temperaturas que vão de -

20 °C a -45 °C. E por fim a secagem secundária, onde a água que ainda está

no material mesmo após a secagem primária é dessorvida à medida em que a

temperatura da amostra é aumentada gradualmente, enquanto se mantém

baixas pressões. O produto final é um material seco, facilmente reconstituído

se novamente hidratado (S.J. JEFF, 2009).

O desempenho da liofilização depende significativamente do processo

de congelamento (KROKIDA, 2006). Processos baseados no congelamento

unidirecional da amostra ganharam bastante interesse da comunidade

cientifica, por ser um processo simples, que consiste na imersão unidirecional

da amostra em banho de nitrogênio líquido (GUTIÉRREZ et al). Através dessa

técnica são obtidos materiais com poros de tamanhos um pouco menores pelo

congelamento gradual, uma vez que em banho de nitrogênio líquido o

congelamento é instantâneo, logo os cristais de gelo não terão tanto tempo

para se expandir. Por outro lado, é possível se obter um maior direcionamento

dos poros das espumas. O congelamento pode ser feito também de modo

convencional, onde os cristais de gelo terão mais tempo para se expandir,

porém não se terá um controle do direcionamento dos poros.

O processo de liofilização possui inúmeras aplicações. As empresas

farmacêuticas utilizam a liofilização para aumentar a vida útil de produtos como

vacinas e outros injetáveis (N.J. SANJITH; L.A. GATIN, 1993). É utilizada

também para remover a água de produtos sensíveis, a maioria de origem

biológica, sem danificá-los, para que possam ser conservados e posteriormente

utilizados com as mesmas propriedades, após adição de água (D.M. CRAIG et.

al, 1999).

3.1.7Retardantes de chamas

Os materiais denominados retardantes de chama possuem como função

primordial atrasar a propagação do fogo, possibilitando em casos de incêndios,

que as pessoas tenham mais tempo para abandonar o local (DAWSON&

LANDRY, 2007).

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De acordo com Levchik. (2007), para que um retardante de chama seja

desejável, deve apresentar algumas características indispensáveis, como um

efeito durável com pequenas concentrações, sendo disperso na matriz

polimérica; não gerar gases tóxicos e ter baixa toxicidade; gerar pouca fumaça;

não corroer os equipamentos durante o processamento e ter baixo custo.

Os retardantes de chamas mais utilizados comercialmente possuem em

sua estrutura componentes halogenados como o bromo. As Figuras 3.7 e 3.8

ilustram estruturas de alguns destes retardantes.

Figura 3.7: Estrutura química do retardante de chama comercial Trisboromoneopentil fosfato

Figura 3.8: Estrutura química do retardante de chama comercial Bis (penntabromofenílico)

etano.

Nos últimos anos os retardantes de chamas comerciais começaram a

receber fortes críticas, devido aos danos que a combustão desses materiais

provoca ao meio ambiente e à vida, justamente pela presença de halogenados

como o bromo em sua composição, visto que durante a queima estes

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compostos liberam dioxinas e furanos. Estudos mostraram que resíduos de

retardantes de chama halogenados foram encontrados em alimentos nos

Estados Unidos (SCHECTER et.al, 2012), o que reforça a necessidade da

substituição destes materiais por outros que agridam menos ao meio ambiente,

já que estes materiais permanecem na natureza, podendo chegar a causar até

mesmo doenças.

O pesquisador Ali et al., (2011) registrou que até o momento da

conclusão de seu trabalho foram determinados 75 diferentes tipos de

retardantes halogenados bromados. A indústria de eletroeletrônicos é a que

mais utiliza os retardantes de chamas, seguida pela indústria de construção

civil e a automobilística (HENMAN, 1987).

Como forma de diminuir a agressão ao meio ambiente e a saúde

humana causada pelos retardantes de chama halogenados comerciais,

estudos têm sido desenvolvidos na busca de alternativas que possam substituí-

los, como por exemplo o uso de materiais a base de fósforo (WEIL et al., 1996;

ZAIKOV, 2002), boro (SHEN, 2001) e silício (GILMAR & KASHIWAGI, 2000).

Dentro desse contexto, os argilominerais surgem como excelentes

opções para serem usados como reforços em polímeros, a fim de promover

maior resistência térmica a esses materiais. Estudos foram realizados

utilizando o argilomineral sepiolita, da família dos argilominerais fibrosos

(sepiolita – paligorsquita) como reforço em matriz polimérica, onde foi

constatado que a partir do uso de 25% em massa do argilomineral, os materiais

sintetizados apresentaram comportamento auto extinguível (RUIZ-HITZKY et

al., 2009).

Em vista do exposto, o presente trabalho propõe a síntese de um novo

bionanocompósito com baixa densidade, utilizando o argilomineral paligorsquita

e os biopolímeros amido de arroz e pectina, avaliando suas propriedades

térmicas.

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CAPÍTULO 4

4.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Neste tópico serão descritos todos os procedimentos utilizados para a

realização deste trabalho.

4.1.1 Materiais e Reagentes

Para síntese dos bio-híbridos e bionanocompósitos foram utilizados os

seguintes reagentes:

o Pectina da Sigma Aldrich

o Amido de arroz da Sigma Aldrich

o Paligorsquita, fornecida pelo centro de tecnologia mineral

(CETEM)

o Água destilada

o Recipientes de plástico, com formato cilíndrico.

4.1.2 Metodologia de Síntese

4.1.2 Bio-híbridos

Estes materiais foram preparados por meio de agitação, com objetivo de

promover adsorção entre os componentes.

A adsorção da paligorsquita com os biopolímeros para formação dos bio-

híbridos seguiu um mesmo procedimento, tanto para pectina quanto para o

amido de arroz. Inicialmente foram adicionados 70 mL de água destilada a 7

erlenmeyers de 100 mL para cada biopolímero, e nesse volume foram

solubilizadas as massas do amido de arroz e pectina inicialmente

estabelecidas, equivalentes a 0,03; 0,06; 0,1; 0,15; 0,3; 0,5 e 1 grama, uma

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para cada erlenmeyer. De forma paralela a essa etapa, em 14 béqueres foram

adicionados 30 mL de água destilada e preparadas então suspensões do

argilomineral com massa fixa, de 0,3 gramas, sendo destes 14 béqueres, 7

para cada um dos biopolímeros.

Após a total solubilização dos biopolímeros, foram então misturadas as

soluções contendo os biopolímeros com as contendo suspenções de

paligorsquita, resultando então num volume total de 100 mL em cada um dos

erlenmeyers, misturadas por alguns minutos em um agitador magnético IKA C

– MAG HS 7 e logo em seguida foram lacrados com papel filme e colocados

em uma mesa agitadora orbital modelo SL – 180DT da SOLAB por um período

de 48 horas e com uma velocidade média de 200 rotações por minuto.

Concluídas as 48 horas, as amostras foram então submetidas à

centrifugação, utilizando uma centrífuga modelo Rotanta 460 R da Hettich. O

sólido coletado foi então seco a 60 °C em uma estufa modelo 315 SE, da

FANEM, para em seguida ser encaminhado para caracterização.

Bionanocompósitos

Para a síntese dos bionanocompósitos de baixa densidade, o

procedimento utilizado foi diferente do empregado para síntese dos bio-

híbridos. Nesta etapa foram feitas adsorções do argilomineral em cada uma

das matrizes poliméricas, logo a massa variada nesse caso foi a do

argilomineral, sendo constante as massas dos biopolímeros. Para

determinação da massa de paligorsquita utilizada, foram primeiramente

determinadas e fixadas as massas dos biopolímeros a serem utilizadas nas

sínteses, com valores equivalentes a um percentual de 2%, sendo então

utilizado 1 grama de ambos os biopolímeros para um volume de 50 mL de

água. Uma vez determinadas as massas de biopolímeros a serem utilizadas,

foi então estabelecida a quantidade de paligorsquita a ser utilizada nas

sínteses, que foram de 0,050; 0,100 e 0,250 gramas, valores equivalentes

respectivamente a 5%, 10% e 25% das massas dos biopolímeros utilizadas.

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Após determinadas as massas necessárias para síntese, os

biopolímeros foram solubilizados no volume pré-determinado de 50 mL de água

destilada, em 8 erlenmeyers, 4 para o amido de arroz e 4 para pectina, sendo

três amostras referentes aos 5, 10 e 25% de paligorsquita utilizada para cada

biopolímero e duas referentes aos biopolímeros sem incorporação de

paligorsquita, ou seja, o branco, para fins de comparação.

As massas de paligorsquita foram colocadas em 6 béqueres, sendo três

para cada biopolímero, com 15 mL de água destilada para suspensão. De

forma semelhante ao procedimento para preparação dos bio-híbridos, a

solução contendo os biopolímeros e as contendo as suspensões de

paligorsquita foram então agitadas por alguns minutos em um agitador

magnético IKA C-MAG HS 7 e logo após levadas para agitação por 48 horas

em uma mesa agitadora orbital modelo SL – 180DT da SOLAB com uma

velocidade média de 200 rotações por minuto.

Decorridas as 48 horas na mesa agitadora, as amostras foram

recolhidas e colocadas em recipientes de polietileno com formato cilíndrico e

levadas ao congelador, onde ficaram por um período de 72 horas a uma

temperatura de -5 °C, para total solidificação do material.Uma vez congeladas,

as amostras foram imediatamente colocadas no liofilizador modelo Enterprise 1

da Terroni, onde ficaram por um período de mais 72 horas sob uma pressão de

167 µHg. Em seguida os bionanocompósitos de baixa densidade obtidos foram

recolhidos caracterizados.

4.1.4 Caracterização dos materiais

Os materiais preparados foram caracterizados por diversas técnicas

complementares, a seguir se discute cada uma delas:

o Difração de raios X

A técnica de difração de raios X foi utilizada a fim de se constatar se a

estrutura das fibras da paligorsquita se manteriam inalteradas durante todo o

processo de síntese, uma vez que a interação dos polímeros com o

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argilomineral devem ocorrer apenas na superfície externa deste.

Os bionanocompósitos sintetizados foram caracterizados por difração de

raios X em um difratometro de bancada Bruker, modelo D2 Phaser utilizando

radiação CuKα (λ = 1,54 Å) com um filtro de Ni, corrente de 10 mA, voltagem

de 30 KV, utilizando um detector Lynxeye. As varreduras foram realizadas a

baixo ângulo, numa faixa de 2θ de 1 a 8°; para isto, foi utilizado uma fenda de

calibração, que possui abertura de aproximadamente 0,1 mm e passo de 0,01°.

o Espectroscopia de Infravermelho com Reflectância Total Atenuada (IR-

ATR)

A espectroscopia de infravermelho (IV) se baseia na observação de que

as ligações químicas apresentam frequências especificas as quais vibram a

níveis de energia bem definidos. Estas frequências de vibração, são

determinadas pela fórmula das moléculas, pelos seus níveis de energia e

pela massa dos átomos que a constituem. De modo que, a cada frequência

da vibração, um tipo específico de ligação química está associado, podendo

assim, avaliar as principais interações nos mais diferentes materiais.

A espectroscopia de Reflectância Total Atenuada (ATR) é uma técnica

utilizada para se obter espectros no infravermelho de amostras como:

líquidos, pastas, adesivos e pó que não podem ser analisados pelos

métodos normais, como pastilhas ou filmes. O princípio desta técnica de

espectroscopia baseia-se no fato de que quando um feixe de radiação

passa de um meio mais denso (cristal de ATR) para um meio menos denso

(amostra), ocorre reflexão característico de cada elemento e seus ligantes.

As amostras deste estudo foram realizadas em um aparelho Perkin Elmer,

modelo SPECTRUM 65 FT-IR com ATR acoplado no intervalo de 4000-550

cm-1 e uma de resolução 1cm-1 (16 scans).

o Análises Termogravimétricas (TG)

A técnica de termogravimetria foi utilizada para monitorar a

decomposição dos biopolímeros e avaliar se a presença do argilomineral

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paligorsquita apresenta uma influência positiva na resistência térmica dos

bionanocompósitos sintetizados.

As análises termogravimétricas foram realizadas sob fluxo de N2 em um

aparelho NETZSCH Tasus 209 F3, com razão de aquecimento de 10 ºC.min-1

até 1000 ºC utilizando um porta amostra de platina.

o Microscopica Eletrônica de (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura foi realizada com o objetivo de se

avaliar a morfologia apresentada pelos bionanocompósitos sintetizados e se

esta morfologia é compatível com as apresentadas por materiais de baixa

densidade.

Para as análises de MEV foi utilizado um microscópio eletrônico de

varredura, modelo Hitachi TM3000, operando em modo de pressão variável

com tensão de aceleração de 5 kV.

o Análise de espectrometria de energia dispersiva de raios X (EDS)

A análise de espectrometria de energia dispersiva de raios X foi

realizada com intuito de mapear os átomos de silício, provenientes do

argilomineral, para observar então se houve ou não uma boa distribuição do

argilomineral na superfície de ambas as matrizes poliméricas. Espectrômetro

modelo Bruker X Flash acoplado ao microscópio eletrônico de varredura.

o Densidade aparente

Uma vez que as amostras foram sintetizadas em recipientes cilíndricos,

foram feitos cálculos para densidade aparente dos materiais obtidos, a fim de

se avaliar se os valores de densidade aparente apresentados pelos materiais

sintetizados são compatíveis com os descritos na literatura.

o Teste de combustão D4986 – 03

O teste com bico de Bunsen foi feito para observar as propriedades

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ignífugas dos bionanocompósitos sintetizadas, obedecendo a norma da

American Society for Testing and Materials (ASTM) D4986 – 03. Teve como

objetivo observar o quanto as espumas bionanocompósitos resistem à chama e

se em algum caso atuam como retardantes de chama, inibindo a propagação

do fogo.

CAPÍTULO 5

5.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos durante a pesquisa realizada serão divididos entre os

bio-híbridos e os bionanocompósitos propriamente ditos e discutidos neste

capítulo.

5.1.1 Bio-híbridos

Os resultados de difração de raios X são apresentados nasFiguras5.1 e

5.2. A Figura 5.1 representa as sínteses dos bio-híbridos com diferentes

quantidades de amido de arroz, enquanto a Figura 5.2 é referente as sínteses

utilizando pectina.

Figura 5.1:Difratogramas dos bio-híbridos sintetizados a partir do amido de arroz

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Figura 5.2:Difratogramas dos bio-híbridos sintetizados a partir da pectina.

Na caracterização dos bio-híbridos, o difratograma de raios X confirmou

que nenhum dos polímeros apresentam reflexões por possuírem morfologia

amorfa, e que mesmo com variadas quantidades de massa dos biopolímeros

adicionadas, uma mesma reflexão (característica da paligorsquita)encontrada

em aproximadamente 8,50 ° de 2 theta se manteve presente e sem

deslocamento em todas as sínteses, havendo apenas redução na intensidade

do pico,isso é devido ao fato de que nenhum dos biopolímeros têm acesso aos

canais internos das fibras da paligorsquita, havendo portanto uma interação

somente na área externa do argilomineral.

5.1.2 Bionanocompósitos de baixa densidade

Para corroborar com os resultados obtidos através do difratograma de

raios X dos bio-híbridos, foi realizada a mesma análise para uma amostra de

bionanocompósitos sintetizadas, em cada uma das matrizes poliméricas. A

Figura 5.3 apresenta o difratograma de raios X de uma das amostras obtida

quando se utilizou 25% em massa de paligorsquita, tanto para o amido de arroz

quando para a pectina. A Figura 5.3 apresenta o difratograma característico da

paligorsquita, bem como dos bionanocompósitos sintetizados a partir de ambas

as matrizes poliméricas, amido de arroz e pectina.

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Figura 5.3: Difratômetros da paligorsquita e dos bionanocompósitos sintetizados.

Com o resultado obtido através do difratograma, observa-se novamente a

presença da reflexão característica da paligorsquita em aproximadamente

8,50° de 2 theta em ambas as sínteses. O difratogramada paligorsquita reforça

o fato de que a interação dos biopolímeros com o argilomineral só acontecem

em sua superfície externa, confirmando que a estrutura da paligorsquita se

mantém, como observado anteriormente com os materiais híbridos, sem

alteração mesmo após a síntese, havendo apenas redução na intensidade do

pico.

A espectroscopia de infravermelho foi utilizada como ferramenta para

mostrar as possíveis interações entre os biopolímeros e a paligorsquita.

Começando pelo espectro da paligorsquita é possível identificar as bandas

características do argilomineral, como já descrito na literatura, prevendo uma

argila bastante pura. Entretanto, é possível identificar algumas impurezas no

espectro, como na banda em 796 cm-1, referente ao quartzo. No espectro da

paligorsquita (Figura x e y) é possível identificar as bandas 3617 cm-1 e 3540

cm-1 referentes ao estiramento OH (Blanco et al, 1988). Em 1654 cm-1 é

identificada a banda referente a deformação da água (Mendelovic e Portillo,

1976). As bandas em 1090 e 1120 cm-1 podem ser referentes ao estiramento

da ligação M-O e suas intensidades estão relacionadas à característica

octaédrica do argilomineral. A banda mais intensa do espectro que aparece em

978 cm-1 corresponde à ligação Si-O. A ligação Al-Al-OH é identificada em 912

cm-1, um caráter predominante dioctaédrico das paligorsquitas. Neste espectro

ainda é possível identificar a ligação Si-O-M-O-Si (onde M pode ser Mg, Al,

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Fe...) em 643 cm-1. Além disso, Mendelovici e Portillo (1976) identificaram a

banda em 1193 cm-1 pertencente das argilas fibrosas, a qual se refere à

inversão dos átomos de Si-O. Esta banda não é identificada em argilas

lamelares como a montmorillonita (Suárez e García-Romero, 2006).

No espectro do Amido de Arroz é possível identificar a banda 3293 cm-1

referente ao estiramento OH e a banda 2910 cm-1 referente ao estiramento C-H

(Bourtoom e Chinnan, 2008). Em 1642 e 1336 cm-1 é encontrado as bandas

referentes ao estiramento OH da H2O, enquanto que em 1149 e 761 cm-1 são

encontrados os estiramentos da ligação C-O (Xu et al, 2005). Para o espectro

do bionanocompósito à base de amido de arroz é notado algumas variações

nos números de onda dos espectros de referência, indicando uma possível

relação entre o biopolímero e a argila. Entretanto, o percentual de paligorsquita

é de 5% à massa de biopolímero ficando no limite mínimo de detecção do

equipamento. A Figura 5.4 refere-se aos espectros utilizando o amido de arroz.

Figura 5.4: Espectros de infravermelho do amido de arroz e seu respectivo bionanocompósito.

Quando analisamos o espectro da Pectina, identificamos uma série de

bandas entre 727 e 927 cm-1 (Sharma et al, 2004) referentes ao alongamento

OH, com respeito ao estiramento OH é encontrado uma banda larga em 3378

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cm-1. A banda larga, mas de menor intensidade em 2943 cm-1 pode ser

correspondente aos estiramentos CH3 e CH2de alifáticos como também de CH3

no anel aromático (Ghaffari et al, 2007). O estiramento da ligação C=O

presente em toda a estrutura da Pectina é encontrada em 1735 e 1605 cm-1

referente à ester e grupos carboxílicos, respectivamente (Ghaffari et al, 2007).

Ao analisar o espectro do bionanocompósito à base de Pectina, identificou-se

as bandas referentes tanto ao biopolímero como ao argilomineral com

variações nos valores de onda, comprovando uma possível interação química

entre os materiais. Como exemplo disso, a banda em 980 cm-1 referente à

ligação Si-O deslocada para maiores valores de números de onda quando

comparada a de referência. É observado também um alargamento da banda

C=O de grupos carboxílicos, o que pode indicar uma interação de hidrogênio

entre os grupos carboxílicos do biopolímero e os grupos OH da paligorsquita

(Oliveira et al, 2017). Na Figura 5.5 são apresentados os espectros utilizando a

pectina.

Figura 5.5: Espectro de infravermelho da pectina e seu respectivo bionanocompósito

A partir das imagens obtidas por MEV foi possível observar que os

bionanocompósitos sintetizados apresentam uma morfologia bastante porosa,

característica de materiais esponjosos, bem como houve uma boa dispersão

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das nanopartículas de paligorsquita em ambas as matrizes poliméricas, o que

pode indicar que os grupos silanóis presentes na estrutura do argilomineral

podem estar interagindo com os grupos hidroxilos presentes na estrutura do

amido e grupos carboxílicos presentes na estrutura da pectina, favorecendo e

proporcionando então essa boa dispersão da paligorsquita em ambas as

matrizes poliméricas.

As Figuras 5.6e 5.7 apresentam as micrografias referentes aos

bionanocompósitos a base de amido de arroz e pectina sem adição e com a

incorporação de paligorsquita. A Figura 5.6a mostra o aspecto morfológico da

espuma sintetizada a partir do amido de arroz ainda sem a incorporação do

argilomineral, e a Figura 5.6b ilustra a morfologia do bionanocompósito

sintetizado com a adição de 10%, em massa, de paligorsquita.

Nas Figuras 5.7a e 5.7b o que se observam são as morfologias da espuma

sintetizada utilizando a pectina como matriz polimérica e sem a incorporação

do argilomineral e após a incorporação de 10% em massa de paligorsquita,

respectivamente.

Figura 5.6: MEV das amostras sintetizadas em a) amido de arroz e em b) amido de arroz

com 10% em massa de paligorsquita

Foi possível constatar através das micrografias referentes ao amido de

arroz, que o bionanocompósito sintetizado apresentou um aspecto típico de

materiais esponjosos, com bastante porosidade, bem como houve uma boa

dispersão da paligorsquita na matriz amido de arroz.

a b

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Figura 5.7: MEV das amostras sintetizadas em a) pectina e em b) pectina com 10% em

massa de paligorsquita.

De maneira semelhante aos bionanocompósitos sintetizados a partir do

amido de arroz, foi possível observar através das micrografias referentes à

pectina, que o bionanocompósito sintetizado apresentou um aspecto típico de

materiais esponjosos, com bastante porosidade, tendo ocorrido certo grau de

dispersão do argilomineral na matriz, contudo essa dispersão não foi tão efetiva

quanto para o amido de arroz. A capacidade ignífuga dos materiais

bionanocompósitos sintetizados está diretamente relacionada com o grau de

dispersão da paligorsquita em ambas as matrizes poliméricas.

A análise de Espectrometria de Energia Dispersiva de raios X (EDX ou

EDS) permitiu o mapeamento da distribuição do elemento químico silício,

proveniente da paligorsquita. A Figura 5.8 mostra o mapeamento de silício no

material, onde se observa uma boa distribuição, indicando que este silício

proveniente das nanopartículas de paligorsquita está presentes uniformemente

em toda a superfície da matriz polimérica, proporcionando assim uma influência

positiva do argilomineral nas propriedades finais dos bionanocompósitos.

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Figura 5.8: Mapeamento do elemento silício na superfície da matriz polimérica.

Os bionanocompósitos foram sintetizados em recipientes com formato

cilíndrico, logo, para os cálculos de densidade aparente, foi utilizada então a

equação matemática para cálculo do volume de um cilindro. Com base nos

resultados dos cálculos, a Tabela 5.1ilustra de forma esquemática a densidade

aparente de cada uma das amostras sintetizadas.

Tabela 5.1: Densidade aparente das espumas bionanocompósitos sintetizadas.

Concentração Densidade (g/cm3)

Paligorsquita Amido de arroz Pectina

0% 0,020 0,019

5% 0,024 0,021

10% 0,030 0,022

25% 0,039 0,025

Com base nos valores de densidade aparente obtidos através de cálculos

matemáticos, foi possível afirmar que os bionanocompósitos sintetizados

podem ser classificados como materiais de baixa densidade.

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Figura 5.9: Fotografia digital das amostras sintetizadas.

As análises termogravimétricas (TG – DTG) foram realizadas a fim de se

avaliar a influência das fibras da paligorsquita na resistência térmica dos

bionanocompósitos sintetizados. Das Figura 5.10 a 5.13 são apresentados os

perfis da análise de TG obtidos a partir dos bionanocompósitos com base em

pectina e amido de arroz.

Figura 5.10: Perfil da análise termogravimétricada amostra de pectina sem a adição de

paligorsquita.

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Figura 5.11: Perfil da análise termogravimétrica do bionanocompósito a base de pectina com

adição de 25% em massa de paligorquita.

Na Figura 5.10, referente a espuma sintetizada a partir da pectina sem a

incorporação de paligorsquita, observam-se duas perdas. A primeira ocorreu

em aproximadamente 60 °C e está associada a evaporação da água ainda

presente no material, representando uma perda de 11% de massa. O início da

segunda perda foi observado em 228,8 °C e representa a decomposição da

pectina, representando uma perda de 71% de massa da espuma. Tal perda

ocorre em duas etapas, como observado na curva DTG, e pode estar

relacionada com a decomposição dos dois grandes grupos presentes na

estrutura da pectina.

A Figura 5.11 refere-se ao perfil da análise de TG do bionanocompósito

sintetizado com a adição de 25% de paligorsquita, apresentando duas perdas.

A primeira, também associada a evaporação da água ainda presente no

material, tendo sofrido um deslocamento a maiores temperaturas, ocorrendo

em aproximadamente 65 graus célsius, representando uma perda em massa

de 9%. De forma semelhante, a segunda perda, associada ao início da

decomposição térmica do material, também sofreu deslocamento a maiores

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temperaturas após a incorporação do argilomineral, tendo iniciado em 233, 8

°C, representando uma menor perda, equivalente a 64% de massa.

Figura 5.12: Perfil da análise termogravimétricada amostra de amido sem adição de

paligorsquita.

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Figura 5.13: Perfil da análise termogravimétrica do bionanocompósito a base de amido com a

adição de 25% em massa de paligorsquita.

Na Figura 5.12 refere-se a espuma sintetizada a partir do amido de arroz

sem a incorporação de paligorsquita, observam-se duas perdas principais,

assim como no caso das sínteses utilizando a pectina. A primeira ocorreu em

aproximadamente 60 °C e está também relacionada a evaporação da água

ainda presente no material, representando uma perda de 10% de massa. A

segunda perda teve seu início observado em 310,6 °C e está associada a

decomposição do amido de arroz, ocorrendo neste caso perda total do

material.

De maneira análoga ao resultado obtido com a incorporação da

paligorsquita na matriz polimérica utilizando-se a pectina, a Figura 5.13

corresponde ao perfil de análise de TG do bionanocompósito sintetizado com a

adição de 25% de paligorsquita ao amido de arroz, apresentando duas perdas.

A primeira, também associada a evaporação da água ainda presente no

material, tendo sofrido um deslocamento considerável a maiores temperaturas,

ocorrendo em aproximadamente 81 °C, e diminuindo a perda de massa para

6%. De forma semelhante, a segunda perda, associada ao início da

decomposição térmica do material, também sofreu deslocamento a maiores

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temperaturas após a incorporação do argilomineral, tendo iniciado em 315, 26

°C, representando uma menor perda, equivalente a 84% de massa.

A partir dos termogramas obtidos foi possível observar então que a

decomposição térmica, tanto do amido de arroz quanto da pectina foram

evidenciadas a maiores temperaturas após a incorporação da paligorsquita, o

que indica uma maior resistência térmica desses materiais bionanocompósitos

em comparação aos biopolímeros sozinhos, podendo essa resistência térmica

ser atribuída justamente à presença das fibras da paligorsquita distribuídas na

matriz polimérica.

As propriedades ignífugas foram avaliadas através do teste de combustão,

obedecendo a norma da American Society for Testing and Materials (ASTM)

D4986 – 03, que trata do método de teste padrão para combustão horizontal de

materiais poliméricos, a fim de se constatar o quanto as espumas

bionanocompósitos resistem à chama e se em algum caso atuam como

retardantes de chama, inibindo a propagação do fogo. Algumas fotografias

digitais foram tiradas, para uma melhor visualização do teste e confirmação dos

resultados obtidos por cada uma das amostras.

A partir do teste de combustão horizontal é possível observar que todos os

bionanocompósitos sintetizados, tanto baseados em pectina quanto baseados

em amido de arroz apresentaram resultados bastante promissores quanto a

resistência à chama, algumas amostras chegando a apresentar comportamento

auto extinguível.

Figura 5.14: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para o amido de

arroz, sem adição de paligorsquita.

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A Figura 5.14 apresenta o teste de combustão horizontal para o amido de

arroz sem a incorporação do argilomineral, em diferentes tempos de teste,

sendo tempo zero, trinta segundos e sessenta segundos, da esquerda para a

direita, respectivamente.

Figura 5.15: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para a o

bionanocompósito utilizando o amido de arroz.

A Figura 5.15 apresenta o teste de combustão horizontal para o amido de

arroz após a incorporação de 10% em massa do argilomineral, em diferentes

tempos de teste, sendo tempo zero, trinta segundos e sessenta segundos, da

esquerda para a direita, respectivamente.

Nas amostras utilizando amido de arroz foi constatado que sem a

incorporação da paligorsquita, a amostra não resistiu a queima, sofrendo

decomposição já nos segundos iniciais do teste, como apresentado na Figura

5.14. Por outro lado, nos materiais bionanocompósitos foram observadas

ótimas resistências a combustão, sendo observado comportamento auto

extinguível já com a incorporação de apenas 5% em massa de paligorsquita,

como pode observado na Figura 5.15. Esse resultado tão promissor pode ser

explicado pela boa dispersão das nanopartículas de paligorsquita na matriz do

amido, como mostrado anteriormente na microscopia eletrônica de varredura.

Essa dispersão tão eficaz está relacionada com as efetivas interações entre os

grupos silanóis presentes na paligorsquita e os grupos hidroxilos presentes na

estrutura do amido de arroz.

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Figura 5.16: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para a pectina sem

a incorporação de paligorsquita.

A Figura 5.16 apresenta o teste de combustão horizontal para a pectina

sem a incorporação do argilomineral, em diferentes tempos de teste, sendo

tempo zero, trinta segundos e sessenta segundos, da esquerda para a direita,

respectivamente.

Figura 5.17: Fotografia do teste de combustão em diferentes tempos, para a o

bionanocompósito utilizando a pectina.

A Figura 5.17 apresenta o teste de combustão horizontal para a pectina

após a incorporação de 10% em massa do argilomineral, em diferentes tempos

de teste, sendo tempo zero, trinta segundos e sessenta segundos, da esquerda

para a direita, respectivamente.

De maneira análoga aos resultados obtidos com as amostras utilizando o

amido de arroz, nas amostras utilizando a pectina foi observado que sem a

incorporação do argilomineral, a amostra não resistiu a queima, iniciando o

processo de decomposição térmica nos segundos iniciais do teste, como

observado na Figura 5.16. Nos bionanocompósitos sintetizados a partir da

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pectina, o comportamento auto extinguível pôde ser observado quando foram

utilizados 10% em massa, de paligorsquita, como constatado através da Figura

5.17. No entanto, diferente das amostras sintetizadas a partir do amido de

arroz, as espumas bionanocompósitos sintetizadas com o uso da pectina

mostraram um comportamento não esperado. Entre os bionanocompósitos com

incorporação de 10% e 25% em massa de paligorsquita observou-se que, ao

invés de uma melhora, houve uma queda na resistência térmica da amostra

com 25% de paligorsquita. Esse comportamento pode ser explicado pelo

possível excesso de nanopartículas de paligorsquita na matriz da pectina, que

pode não apresentar grupos carboxilatos suficientes em sua estrutura para

promover uma interação tão eficiente com as fibras da paligorsquita, ocorrendo

então um excesso de fibras de paligorsquita na superfície da matriz polimérica,

que não atuará de forma eficiente para o incremento na resistência térmica do

material.

Após concluído o teste de queima dos bionanocompósitos sintetizados,

foram observados os aspectos finais de cada uma das amostras. As figuras

5.18 e 5.19 se referem ao aspecto final dos materiais sintetizados, em que se

confirma que os bionanocompósitos sintetizados a partir da incorporação de

10% em massa da paligorsquita apresentaram resultados bastante satisfatórios

durante o teste de combustão horizontal, quando comparados aos materiais

sintetizados sem a adição do argilomineral.

Figura 5.18: Fotografia das amostras baseadas em amido de arroz após o teste de

combustão.

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Figura 5.19: Fotografia das amostras baseadas em pectina após o teste de combustão.

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CONCLUSÃO

Com a síntese dos materiais bio-híbridos foi observada a compatibilidade

entre a paligorsquita e ambos os biopolímeros, o que possibilitou a síntese dos

bionanocompósitos com baixa densidade, através do processo de liofilização. A

caracterização das espumas bionanocompósitos possibilitou afirmar, através

da microscopia eletrônica de varredura, que em ambas as matrizes poliméricas

houve boa dispersão da paligorsquita.

A análise termogravimétrica (TG – DTG) comprovou o poder da

paligorsquita como reforço, onde a decomposição térmica dos biopolímeros foi

evidenciada a maiores temperaturas, o que indica uma maior resistência

térmica dos materiais bionanocompósitos em comparação aos biopolímeros

sozinhos. O teste de combustão ASTM D4986 – 03 mostrou que com a

incorporação de paligorsquita na matriz polimérica, os bionanocompósitos

resultantes mostraram uma melhora significativa na resistência ao fogo e em

alguns casos apresentaram até comportamento auto extinguível. Os resultados

ao teste com bico de Bunsen foram mais promissores para os

bionanocompósitos baseados em amido de arroz, sendo essa combinação,

amido de arroz – paligorsquita, melhor que a combinação pectina –

paligorsquita em todas as frações de paligorsquita utilizadas neste trabalho,

tendo ainda sim as amostras sintetizadas a partir da pectina apresentado

resultados bastante promissores. O presente trabalho possibilitou a elaboração

de um artigo científico e a criação de uma patente de invenção (PI).

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