Biologia - Replicação do DNA
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Replicação do DNA
Já mostrei aqui que o DNA codifica todas as
proteínas necessárias à sobrevivência e
desenvolvimento de qualquer organismo. Mas
como é que ele é mantido de pais para filhos?
Para responder a esta pergunta é necessário saber que praticamente todas as células se dividem,
até as do nosso corpo. Nos não somos um sistema constante em que nada muda. Para além de
estarmos constantemente a trocar substâncias com o ambiente (receber nutrientes e oxigénio e
libertar os produtos da digestão pelas fezes e urina e através dos pulmões) como as nossas células
estão constantemente a ser renovadas. As células do nosso corpo estão constantemente a morrer
e a dividir-se, mantendo o número de células necessárias ao organismo. A maior parte das células
morre por um processo chamado de morte celular programada, mais conhecida por apoptose.
Este processo serve principalmente para manter o número de células no organismo (há um
equilíbrio entre a taxa de divisão e a taxa de morte celular) e para o organismo eliminar células
desnecessárias (por exemplo no desenvolvimento fetal, em que se dá a apoptose de muitas células
para dar a forma a estruturas como as mãos). Por exemplo, se houver um aumento da divisão
celular (com a administração de determinadas drogas, por exemplo), a taxa de morte celular
aumenta para manter o tamanho, forma e estrutura dos órgãos. [1]
Resumindo, as nossas células estão em
constante processo de divisão e morte.
O que leva a que o DNA tenha de ser passado da célula mãe para as células-filhas, de uma forma
a que se mantenha mais ou menos constante no organismo. Para isto, tem que ser feita uma cópia
do genoma completo de cada célula, sempre que ela se divide. A este processo chama-
se replicação do DNA.
O processo de replicação do DNA dá-se de forma semelhante ao da transcrição, ou seja, através
da complementaridade dos pares de bases. De forma análoga à síntese proteica, cada uma das
cadeias de DNA serve de “molde” para a criação das cadeias novas, resultando em duas duplas
cadeias completas, cada uma com uma das cadeias que as originaram e, por isso, diz-se que a
replicação é semi-conservativa (Figura 1, se não entenderes, podes marcar uma sessão de
explicação onde te posso explicar de outra forma e com mais detalhe, só precisas de preencher o
formulário). [2]
A replicação dá-se sempre de 3’ para 5’, desde
a origem de replicação aos telómeros
(“pontas” dos cromossomas, constituídos por
sequências repetidas de nucleótidos).
As origens de replicação são sequências específicas de nucleótidos reconhecidos por proteínas
específicas para a iniciação da replicação, que se ligam a estes. Em eucariotas mais simples como
as leveduras, são sequências de nucleótidos específicas, enquanto que nos humanos têm sido
Figura 1– Representação da semi-conservação do
DNA. Na última geração ainda é possível ver as cadeias
parentais. Imagem de [2].
difíceis de identificar. Estes locais são, também, mais ricos em adenina e timina que, como fazem
apenas duas pontes de hidrogénio entre si e facilitam a separação das cadeias de DNA. [3]
Às proteínas de iniciação liga-se uma enzima chamada helicase, que separa as duas cadeias em
ambas as direções, formando “garfos” de replicação (Figura 2), e permitindo que outra
enzima, chamada primase se ligue ao DNA, que vai produzir uma pequena cadeia complementar
de RNA, chamada primer. Esta cadeia de RNA é necessária para que a DNA polimerase (a
enzima que junta novos nucleótidos à cadeia que esta a ser formada) possa iniciar a sua função,
dando inicio à fase de elongação.
A DNA polimerase apenas pode acrescentar nucleótidos a uma cadeia já existente, mas não
consegue pôr nucleótidos onde ainda não existe nenhuma cadeia de ácidos nucleicos (ou seja, não
consegue fazer a síntese do DNA de novo – expressão que significa de raiz). A dada altura, estes
primers de RNA são eliminados e substituídos por DNA pela ação de uma enzima RNase - que
degrada o RNA dos híbridos de DNA e RNA - e pela ação de outra DNA polimerase (de ambas
estas enzimas há vários tipos, que têm funções diferentes). [5]
Figura 2 – Garfos de replicação. A Cadeia parental corresponde à
cadeia original de DNA e a Cadeia-filha corresponde à cadeia emergente,
nova, de DNA. Está, também, representada a direção da replicação, pelas
setas azuis. No centro (não representada) está a origem de replicação.
Imagem de [4].
Então, mas a replicação ocorre sempre de 5’
para 3’, certo? Ora, uma das cadeias é sempre
aberta de 3’ para 5’. Como é que a replicação
pode ocorrer de 5’ para 3’ nesta cadeia?
Uma das cadeias de DNA é formada de forma contínua, enquanto que a outra é de forma
descontínua (Figura 3). Ou seja, uma inicia-se num único primer (formado junto à origem de
replicação) e é sempre adicionado um nucleótido a seguir ao outro, formando uma cadeia sempre
contínua, sem interrupções (é a cadeia líder ou contínua).
Na outra cadeia (a cadeia atrasada), os primers vão sendo adicionados à medida que as cadeias
são separadas. Estes primers são estendidos pela DNA polimerase, formando os fragmentos de
Okazaki (Figura 4), que são ligados uns aos outros por uma DNA ligase depois dos primers
serem substituídos por desoxirribonucleótidos (nucleótidos do DNA, em oposição
aos ribonucleótidos do RNA). [2, 5]
Figura 3 – Vista geral da replicação do DNA. Em baixo pode-se ver a formação da cadeia
atrasada em todas as suas fases desde a formação do primer à ligação do mesmo à cadeia nascente
(entre 2 e 1). Imagem de [6].
Este processo decorre até chegar aos telómeros. A DNA polimerase não é capaz de replicar os
extremos 5’ da molécula de DNA, pelo que é necessário outro mecanismo. Para este efeito existe
a telomerase, uma enzima capaz de alongar a ponta 5’ do DNA sem que seja necessária uma
cadeia molde. No entanto, esta enzima apenas é capaz de adicionar sequencias repetidas de
nucleótidos servindo para manter os telómeros e, assim, manter as pontas dos cromossomas
intactas. [2]
Todo este processo é acompanhado por uma série de mecanismos de revisão e correção do DNA,
para evitar que se incorporem mutações nas cadeias novas e, assim, evitar a alteração da
informação nelas contida. Assim, o DNA pode ser passado de célula para célula com o mínimo de
modificações.
Queres saber como este processo
funciona com mais pormenor?
Figura 4 – Formação e ligação dos
fragmentos de Okazaki, e formação da
cadeia atrasada. Imagem de [2].
Clica aqui e contacta-me, dou
explicações e posso-te esclarecer
as dúvidas que surjam.
Referências
1. Alberts, B., A. Johnson, and J. Lewis, Programmed Cell Death (Apoptosis), in Molecular
Biology of the Cell. 2002, Garland Science: New York.
2. Alberts, B., A. Johnson, and J. Lewis, DNA Replication Mechanisms, in Molecular
Biology of the Cell. 2002, Garland Science: New York.
3. Alberts, B., A. Johnson, and J. Lewis, The Initiation and Completion of DNA Replication
in Chromosomes, in Molecular Biology of the Cell. 2002, Garland Science: New York.
4. DNA REPLICATION AND REPAIR. [cited 2016; Available
from: http://www.sparknotes.com/biology/molecular/dnareplicationandrepair/section
1.rhtml.
5. Cooper, G., DNA Replication, in The Cell: A Molecular Approach. 2000, Sinauer
Associates: Sunderland (MA).
6. MIT alumni. DNA Replication. 2015;