Biografia Gilberto Gagliardi
Click here to load reader
-
Upload
rodriguinhuuuuuuuu -
Category
Documents
-
view
577 -
download
120
Transcript of Biografia Gilberto Gagliardi
FERNANDO DA SILVEIRA CARDOSO
GILBERTO GAGLIARDI:
Vida e análise sobre seu método de Trombone
para iniciantes
Monografia apresentada ao Curso de Música da
Faculdade Santa Marcelina, em cumprimento
parcial às exigências para a obtenção do título de
Bacharel em Música (Trombone).
Prof.: Paulo von Zuben
São Paulo
novembro/2007 2
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3
CAPITULO 1................................................................................................................. 5
1.1 GILBERTO GAGLIARDI............................................................................. 5
1.2 O COMPOSITOR........................................................................................ 10
1.3 GAGLIARDI POR GAGLIARDI – ASPECTOS PESSOAIS.................... 13
CAPÍTULO 2............................................................................................................... 15
2.1 ANÁLISE .................................................................................................... 15
2.2 INSTRUMENTO, ESCOLHA DO BOCAL, MANUTENÇÃO E
LIMPEZA. ............................................................................................................... 16
2.3 ESTUDOS DOS HARMÔNICOS.............................................................. 21
2.4 JOGO DE POSIÇÕES ................................................................................. 26
2.5 ESTUDOS MELÓDICOS ........................................................................... 31
2.6 INTERVALOS ............................................................................................ 35
2.7 PONTOS FALTANTES .............................................................................. 39
CONCLUSÃO ............................................................................................................. 43
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 45 3
INTRODUÇÃO
Quando entrei para o curso de trombone erudito na Faculdade Santa Marcelina,
já tinha em minha cabeça, desde o primeiro ano, o assunto a ser desenvolvido na
minha monografia que seria, até então, a última coisa a se fazer em uma faculdade.
Inicialmente, minha idéia era falar sobre a vida de um dos maiores professores do
ensino do trombone brasileiro da história. Trata-se de Gilberto Gagliardi.
Paralelamente ao curso, me enveredei no mundo das aulas, onde aprendo
muito com os meus alunos, sendo na arte de ensinar, passando a eles as informações
que me foram dadas por todos os mestres que me ajudaram até os dias de hoje, como
também na troca de informações e culturas, como é de costume na vida de um
professor. Para isso, adotei o método de trombone para iniciantes de Gilberto
Gagliardi, como primeiro método para meus alunos. Desde então, tenho estudado
mais profundamente esse método, o que me levou a ficar cada vez mais íntimo dele.
Por isso, decidi que acrescentar uma análise sobre o método em minha monografia,
baseado em aspectos técnicos e comparativos e olhando-o sobre uma visão acadêmica,
seria um trabalho muito interessante de executar, bem como um ponto de partida para
pesquisas futuras e mais abrangentes sobre uma possível escola brasileira de
trombones implantada dentro da nossa sociedade musical ao longo do século XX.
Cabe dizer, que este trabalho não tem a intenção de trazer a verdade absoluta
sobre os fatos, como tão pouco prever de maneiras pouco precisas, o pensamento do
autor ao compor determinado estudo, ou, com relação a sua maneira de julgar certas 4
coisas, se é a maneira correta ou não, mas sim, a intenção dessa monografia é a de
trazer ao mundo acadêmico, de uma forma um pouco mais organizada, mais fontes a
respeito do estudo formal do trombone e, ao mesmo tempo, prestar uma homenagem
ao professor e instrumentista que tanto fez para que a escola brasileira de trombone
fosse o que é hoje em dia, trazendo e levando pessoas de muitas e para muitas partes
do mundo. 5
CAPITULO 1
1.1 GILBERTO GAGLIARDI
Gilberto Gagliardi é descendente de italiano pela terceira geração e nascido em
São Paulo no dia cinco de dezembro de 1922. Filho de José Gagliardi e Carolina
Frumento Gagliardi, teve três irmãos, Roberto, Fausto, e Raul Gagliardi.
(Gilberto Gagliardi. Fonte: ITA Journal, janeiro/2003). 6
Gilberto Gagliardi, era mais conhecido inicialmente no meio artístico brasileiro
como o “Gagliardinho do trombone”, devido ao fato de seu pai haver sido um
trombonista famoso nas décadas de 30 e 40. José Gagliardi, de seus quatro filhos, teve
três músicos. Fausto foi contrabaixista, enquanto Roberto e Gilberto, assim como o
pai, foram trombonistas. Aprendendo a arte de tocar trombone com o pai, que
desenvolveu um método no qual se encontra manuscrito até os dias de hoje
1
, Gilberto,
com a idade de 13 anos, iniciou seus estudos de música na cidade do Rio de Janeiro,
para onde se mudara com a sua família em 1935.
Em 1938 ingressou no antigo Instituto Nacional de Música
2
, onde concluiu o
curso de teoria e solfejo recebendo aulas de trombone com o professor Abdom Lyra,
catedrático da cadeira de trombone da referida instituição.
Aos 17 anos, já substituindo o pai em ocasiões nas quais este não podia
comparecer, teve problemas com o então Juizado de menores. Por ser menor de idade,
foi impedido de continuar tocando na noite carioca.
A partir disso, depois de sua maioridade, começou a tocar profissionalmente com a
orquestra Simon Bountman, que atuava na Victor. Realizou suas primeiras gravações
– músicas de carnaval – em 1939, e tocou em diversas orquestras na Odeon,
1
Gilberto Gagliardi conforme essa informação no resumo de sua carreira em seu método Trombone
para Iniciantes ED RICORDI, pág 10, e desde então não se tem mais noticias sobre o dito método,
valendo assim a seguinte informação.
2
Atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 7
acompanhando Francisco Alves, o Trio de Ouro, Orlando Silva, Silvio Caldas, e
Emilinha Borba e outros. Apresentou-se no cassino da Urca, no Rio de Janeiro de
1940 até 1943, com a Orquestra de Carlos Machado, e participou de sua excursão pela
Argentina em 1943. Tocou ainda na Rádio Globo, no Rio de Janeiro, de 1944 a 1947
e, de 1948 a 1951 na Rádio Nacional. Em 1949 viajou pelo Uruguai com a orquestra
de Zacarias e recebeu o prêmio de melhor trombonista brasileiro, conferido pela
Associação dos Fã-Clubes brasileiros, e pelos programas Cinemúsica e Disc-Jockey.
De 1946 a 1953, fundou e atuou com o conjunto Os Copacabanas. De 1954 a 1956,
atuou com a orquestra Silvio Mazzuca; em 1961, com a orquestra Simonetti e, em
1963, com Dick Farney e sua orquestra, para a qual também fez arranjos para
gravações. Em 1966 tocou com a orquestra Elcio Alvarez. Como líder e arranjador de
sua própria orquestra, Gagliardi gravou os seguintes LPs: Escola de Dança (1957),
Dançando com Gilberto Gagliardi e sua orquestra (1959) e Baile das Américas
(1961). Foi arranjador das músicas de carnaval dos compositores da SICAM, entre
1968 e 1974 e trabalhou na trilhas sonoras de quase todos os filmes produzidos pela
Vera Cruz. Compôs vários choros tendo como parceiro Clóvis Mamede, Domingos
Namone e Romeu Rocha.
Na década de 60, trabalhou como instrumentista na TV Tupi com o maestro
Luiz de Arruda Paes, ocupando posteriormente o cargo de maestro.
Gagliardi trabalhou também na TV Excelsior com o artista músico Simonetti, onde era
primeiro trombone da orquestra e na TV Record exercendo a mesma posição. 8
Como arranjador, trabalhou nas músicas para seus LPs, nas músicas da
orquestra da TV Tupi, nas músicas de carnaval, arranjos para bandas, quartetos,
quintetos entre outras formações.
Na música erudita, Gagliardi teve seu início no Teatro Municipal de São Paulo,
onde no ano de 1957, prestou concurso e ocupou a cadeira de terceiro trombone. Em
1964 Gagliardi concorreu para a vaga de primeiro trombone, deixada pelo então
ocupante da cadeira, o trombonista Antônio Ceccato, que se aposentara por tempo de
serviço. Gagliardi ocupou a cadeira de primeiro trombone do Teatro Municipal de São
Paulo até 1992, ano em que igualmente deixa o cargo devido sua aposentadoria por
tempo de serviço. Somando a isso, Gagliardi também faz parte, embora por pouco
tempo, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, igualmente como primeiro
trombone.
(Figura 2: Ensaio do quinteto do Teatro Municipal de São Paulo (da esq. p/ dir. Gagliardi,
Keith Havens, Donald Smith, Papudinho e Buda) Fonte: revista Weril, julho/agosto 2001) 9
Na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, atuou ao lado de maestros como:
Armando Bellardi, Eduardo de Guarnieri, Souza Lima, Mozart Camargo Guarnieri,
Heitor Villa-Lobos, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Túlio Collacciopo,
entre outros. 10
1.2 O COMPOSITOR
Como compositor, Gagliardi se revela bastante eclético. Compôs choros,
modinhas, Polkas, Divertimentos, peças para trombone e piano, quarteto de
trombones, corais de trombones, quintetos de metais, trombone e banda, trompete e
banda, entre outras. É importante citar aqui, que Gagliardi, como compositor de
trombone, desempenha um papel de suma importância para a classe trombonista.
Devido à falta de informação corrente em nosso país na época em que Gagliardi
inicia sua carreia e pela necessidade de se haver material para as aulas em que ele
lecionava, Gagliardi começa então a escrever exercícios, estudos, peças para trombone
e piano, quartetos e outras formações, aonde o conteúdo era sempre o conteúdo
necessário para sanar dificuldades técnicas de seus alunos.
De acordo com Walter Baptista Azevedo, um de seus primeiros alunos e hoje
renomado professor na área de trombone popular no Brasil
3
, ele aprendeu a compor
ouvindo discos e escrevendo arranjos; foi autodidata. Roney Stella, primeiro trombone
do Teatro Municipal de São Paulo e também um de seus pupilos, acredita que seus
arranjos e composições são frutos de muita dedicação, pois Gagliardi estudou apenas
3
Walter B. Azevedo é atualmente professor do Conservatório Dramático Musical “Dr. Carlos de
Campos”, em Tatuí e professor de trombone popular na Universidade Livre de Musica Tom Jobim em
São Paulo. 11
teoria musical, não possuindo assim nenhuma formação especifica de técnicas de
composição.
Ao conversar com o professor Donizeti Fonseca, professor do curso de
trombone da Universidade de São Paulo (ECA-USP)
4
, constatei que com o trombone
baixo a situação era similar. Depois do ingresso do então aluno Donizeti Fonseca ao
corpo estável da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) na década de
80, Gagliardi se encontra forçado pelas circunstâncias aparentes a começar a escrever
propriamente para o trombone baixo. Iniciou com transposições do método de solfejo
de M. Bonna transpostos uma quarta composta a baixo, para que o aluno avançado
como trombonista tenor, porém iniciante ao mundo do trombone baixo, pudesse ter
mais fluência, tanto em relação à leitura musical nos extremos graves, quanto para
poder usar os recursos de rotor contidos no instrumento em questão.
Com isso, Gagliardi compõe um método destinado somente ao estudo do
trombone baixo, compondo também peças para trombone baixo solista e diversas
formações, no qual ele dedica a outro de seus alunos, como é o caso, por exemplo, da
obra “Solando baixo”, que é dedicada a Antonio Henrique Seixas, trombone baixo
solista da Orquestra Sinfônica Brasileira e também um de seus pupilos.
4
Além de professor da USP, Donizeti também é professor da Faculdade Cantareira, da Escola
Municipal de Musica de São Paulo e do Instituto Bacarelli em São Paulo. É trombonista baixo da
Orquestra Filarmônica de São Bernardo do Campo e Chefe de naipe da Banda Sinfônica do estado de
São Paulo 12
Gagliardi escreve seu método de Trombone para iniciantes, coletânea de estudos
diários para trombone, estudos melódicos e duetos e seu método para trombone baixo,
no entanto, somente o seu método Trombone para iniciantes é editado pela Editora
Ricordi, permanecendo os outros em manuscrito até os dias de hoje. 13
1.3 GAGLIARDI POR GAGLIARDI – ASPECTOS PESSOAIS
Se no campo profissional, Gagliardi se mostra uma pessoa séria e responsável,
no campo pessoal isso não é diferente. Ao pesquisar mais sobre sua vida, encontrei um
artigo da International Trombone Association, onde, em uma entrevista com sua neta,
Karina Gagliardi e os autores do artigo, Vern e Janett Kargaraice
5
, vê-se um pouco de
suas características pessoais.
Com suas palavras, Karina explica um pouco do avô em seu ambiente familiar:
Ele era uma pessoa muito família. Ele era quieto e serio, mas todos os
respeitavam muito. Todos se referiam a ele como “Senhor Gilberto”. Ele também era
uma pessoa muito justa. Não interessava se você fosse homem ou mulher, se você está
errado, você está errado. Se você está certo, você está certo... Sua única decepção é que
ninguém na sua família se tornou músico
6
.
Gagliardi também tem como uma de suas principais características pessoais, a
disciplina, seriedade e modéstia.
Ele costumava agir como uma pessoa normal, não como alguém famoso. Ele
não queria que as pessoas tivessem tratamentos diferenciados com ele, Um de seus
melhores amigos era taxista
7
.
No artigo, várias características sobre o professor Gagliardi foram salientadas,
porém, dentre todas, as mais importantes foram sua simplicidade, seu jeito quieto, sua
5
Vern e Jannet Kargaraice são trombonistas, professores da University of North of Texas, membros da
International Trombone Association (ITA) e escritores do Artigo Another Legend Lost: Gilberto
Gagliardi (1922-2001) contido no ITA Journal em janeiro de 2003
6
Fonte: ITA Journal, janeiro/ 2003.
7
Fonte: ITA Journal janeiro/ 2003. 14
conduta firma, seu senso de justiça e honestidade, sua autodisciplina, sua modéstia,
integridade e boa vontade ao desempenhar sua função tanto de músico performático
como de educador.
Gilberto Gagliardi falece no dia 15 de julho de 2001, devido a uma esquemia
cerebral decorrente de seu problema com diabetes. Em seu velório, um coral de
trombones foi feito em sua homenagem tocando peças de sua autoria. Gagliardi deixa,
além de uma família de filhos e netos; um método editado, o Trombone para
iniciantes; um número ainda incontável com exatidão de métodos, obras para
trombones em diversas formações, arranjos para diversas formações entre big bands,
grupos de metais, quintetos de metais, entre outros e, finalmente, alunos e pupilos que
até hoje seguem seu legado, levando as gerações futuras seu conhecimento e sua
sabedoria. 15
CAPÍTULO 2
2.1 ANÁLISE
Neste capítulo, falarei de forma analítica sobre o Método de trombone para
iniciantes de Gilberto Gagliardi, alvo desta monografia. Para isso, serão usados alguns
parâmetros de comparação com métodos renomados e muito usados tanto no Brasil,
como no exterior. Trata-se dos métodos de André Lafosse (1924) e Joseph Baptiste
Arban (1936).
Ao proceder, com a intenção de analisar o estudo do método de Gagliardi a
partir do estabelecimento de parâmetros de referência selecionando dois métodos
dentre os mais utilizados no ensino de trombone, buscarei estabelecer comparações
entre os métodos analisados sem tendênciosidades, com a forte intenção de usar de
critérios cada vez mais justos e, finalmente, procurando ser tão objetivo quanto exige
os imparciais critérios de uma monografia. 16
2.2 INSTRUMENTO, ESCOLHA DO BOCAL, MANUTENÇÃO E
LIMPEZA.
Iniciando com dois itens que são citados de maneira bem sucinta, muito
embora importante e necessária para o aluno iniciante, falaremos sobre os itens
postura com o instrumento, escolha do bocal e manutenção e limpeza.
Gilberto Gagliardi descreve e exemplifica através de figuras ilustrativas, que são fotos
tiradas dele mesmo, a maneira correta de se segurar o instrumento, bem como, a
posição que ele julgava ser correta para o bocal, dando inclusive uma segunda maneira
de se utilizar o bocal em caso de inadequação física por parte do aluno
8
.
8
Em seu método de trombone para iniciantes, Gagliardi diz: “A posição correta para o bocal é, segundo
renomados mestres, colocar ¾ no lábio superior e ¼ no inferior. Porém existem muitas pessoas que não
são dotadas de lábios adequados para essa posição do bocal, nesse caso a colocação meio a meio poderá
substituir aquela opção”. 17
(figura 3: maneira de segurar o instrumento por G. Gagliardi. Fonte: método de trombone para
iniciantes Ed. Ricordi) 18
(figura 4: postura correta do bocal nos lábios por G.Gagliardi. Fonte: método de trombones
para iniciantes Ed. Ricordi)
Ele cita também, no item, escolha do bocal, alguns instrumentos de tamanhos e
marcas diferentes, dando sugestões de tipos, tamanhos e marcas de bocal, para cada
caso. Em ambos os casos, Gagliardi ressalta o auxilio de um professor para ser tomada
tais decisões, enfatizando que qualquer decisão erronia pode acarretar em vícios ao
tocar, que por sua vez, sendo permanentes, comprometem a performance final do
aluno trombonista que almeja o êxito, sendo portanto, prejudicial ao mesmo. Em suas
palavras, Gagliardi diz: “É sempre recomendável o aluno procurar a opinião do 19
professor ou pessoas de reconhecida capacidade técnica, para não cometerem erros ou
vícios no inicio do aprendizado, que poderão prejudicá-lo para o resto de sua vida
profissional”. Quanto à manutenção e limpeza do instrumento, Gagliardi enfatiza o
bom funcionamento mecânico da vara como fator preponderante para um bom
desempenho do trombone e dá noções de higiene com o instrumento, sendo
sistemático em sua receita de limpeza. Gagliardi cita também a importância de se ter
uma boca limpa, sem qualquer tipo de resíduo alimentar. Logo em seguida, o
professor Gagliardi ensina em seu método não só como limpar a vara da maneira que
ele julga adequada, mas também ensina ao aluno brasileiro com pouca ou nenhuma
experiência no assunto manutenção do trombone, uma dica de economia famosa entre
os trombonistas que é usada até hoje, decorrente do alto preço de equipamentos de
limpeza e manutenção importados e da possível falta de infra-estrutura que é muito
comum ainda por alunos que vivem no perímetro brasileiro.
Existem cremes para lubrificação da vara, de fabricação norte-americana,
porém muito difícil de se encontrar em nosso país. Todavia um substitutivo mais
próximo encontrado no mercado brasileiro é o Creme PONDS-C. Modo de usar:
Coloca-se uma quantidade mínima nas buchas (ressalto que se encontra nas
extremidades da vara interna), espalha-se uniformemente deixando bem untado em
todo o seu redor e borrifa-se um pouco de água, em toda a extensão das varas. Embutese a vara externa apenas de um lado, fazendo-se um movimento de “vai e vem” e
depois procede-se da mesma maneira na outra vara. Se elas se mostrarem lerdas,
borrifa-se mais água até atingir o ponto ideal.
Os itens acima citados, referentes à manutenção, limpeza e escolha do bocal
estão citados somente por Gagliardi, sendo dispensados pelos outros autores em pauta 20
em seus métodos, impossibilitando assim uma margem comparativa.
9
Muito embora
Gagliardi faça citação nesses pontos, vale ressaltar que, sua citação, apesar de
existente, não proporciona ao aluno sem conhecimento algum a como realmente
resolver tais situações de maneira adequada sem a ajuda inicial de um professor ou
instrutor.
9
Os itens, postura com o instrumento e posição dos lábios são citados no método de Arban´s no tópico
“INSTRUCTIVE COMMENTS”, onde o autor explica também de forma dissertativa a postura correta
do instrumento no corpo, bem como a posição do bocal nos lábios, igualmente tendo fotos para a
observação do aluno. 21
2.3 ESTUDOS DOS HARMÔNICOS
Em seguida, chega-se ao primeiro item técnico a ser observado e analisado.
Trataremos sobre os estudos dos harmônicos.
Gagliardi procura desenvolver intensamente esse tema, considerando-o
realmente a base para uma afinação bem estruturada. Sua exposição é feita de modo a
mostrar ao aluno, os lugares e as maneiras de corrigir com o uso da vara, a
desafinação vinda da própria fisiologia dos harmônicos no trombone. Lafosse e Arban
igualam-se a Gagliardi nesse ponto. Entretanto, Arban, embora igualmente exponha o
assunto, nota-se em seu método uma maneira menos prática de visualização,
dificultando assim a compreensão por parte do aluno.
Gagliardi e Arban construíram uma tabela que propõe uma demonstração da
afinação de cada harmônico da série em relação ao som gerador. Acontece, porém,
que há algo de singular na construção de cada tabela, o que acaba por fazer uma
diferença significativa.
A tabela de Arban mostra todas as opções que o trombonista tem para a
emissão das notas, como por exemplo, o ré 3 que pode ser emitido na primeira, na
quarta e na sétima posições e o si bemol 3, que tem as primeira, terceira, quinta e
sétima posições como opções para a sua emissão. Arban aproveita para indicar em sua
tabela quais dessas notas devem ter a afinação corrigida com o movimento da vara um
pouco mais para cima ou para baixo na mesma posição, mostrando com isso a 22
relatividade as posições. No gráfico feito para mostrar as distâncias entre uma posição
e outra, ele diz que essas distâncias são aproximadas.
(figura 5: tabela de harmônicos de Arban´s. Fonte: Arban´s Famous Method for Trombone Ed.
Carl Fischer) 23
Gagliardi, em sua tabela, ressalta um cuidado ainda maior com a afinação dos
harmônicos. Ele vasculha as sete posições e mostra todas as notas que têm a afinação
carente de correção. Com uma linha vertical servindo de parâmetro, o professor
Gagliardi estabelece que as notas pelas quais a linha passa pelo centro dela, possuem a
afinação padrão, as notas à direita são altas e precisam ser corrigidas, abrindo-se um
pouco mais a vara, enquanto que as da esquerda são baixas precisando-se, portanto,
fechar mais a vara
10
, facilitando assim a visualização do ponto de vista do aluno.
10
Quando a vara é aberta o instrumento aumenta de tamanho e isto faz baixar a afinação. O movimento
de fechamento da vara provoca o efeito contrário 24
(figura 6: tabela dos harmônicos por G. Gagliardi. Fonte: Método de trombones para
iniciantes Ed. Ricordi) 25
André Lafosse, expõe os harmônicos de maneira diferente de Gagliardi e Arban.
Sua tabela parte dos pedais e ele considera a série harmônica iniciando uma oitava
acima, ou seja, a fundamental de cada série não é o pedal. Partindo daí, Lafosse trata
a afinação de cada harmônico levando em conta o intervalo formado em relação à
fundamental.
Ainda em relação aos pedais no estudo dos harmônicos feito por Lafosse é que
ele só os considera até a quarta posição, diferente de Gagliardi, que os escreve em sua
tabela de harmônicos. Segundo o autor francês, além de não haver música que
empregue os pedais do trombone a partir da quarta posição para baixo, tais notas
seriam de sonoridade muito difícil e sacrificada, o que evidencia uma limitação quanto
às possibilidades técnicas do instrumento na época em que o método foi escrito.
De acordo com Dalmário Oliveira
11
em sua dissertação de mestrado pela UFRJ, essa
diferença pode não ser tão significativa na própria série por ser a mesma nota, mas em
se tratando de estudo técnico do trombone ela é vital, porque aí a inclusão ou não dos
sons pedais tem relação direta com outros aspectos como estudos de embocadura,
estudo de sonoridade, intervalos etc. A escola de Arban é americana e como tal
valoriza muito a boa sonoridade, logo, não se concebe a idéia de negligenciar os
pedais no estudo do trombone.
11
Dalmário Oliveira é mestre em trombone pela UFRJ, é trombonista da Orquestra Sinfônica
Municipal do Rio de Janeiro e da Orquestra Petrobrás Pró Música no Rio de Jameiro. 26
2.4 JOGO DE POSIÇÕES
O assunto a se tratar agora é sobre o jogo de posições, que é a maneira em que
o aluno começa a empregar em exercícios a como tocar os harmônicos nas posições
ensinadas no item anterior, começando assim a fluência melódica no instrumento.
Quanto ao jogo de posições, este é o forte do método de Gilberto Gagliardi.
Podemos dizer que toda a sua técnica centra-se na atenção dada a este item, através de
exercícios técnicos e de estudos melódicos nos quais é empregado tudo o que foi
ensinado.
Gagliardi, inicia sua jornada pelo jogo de posições fazendo com que o aluno,
através do que ele batiza como ajuste de posições, memorize as notas às suas
possibilidades de execução. Para isso, Gagliardi pede em suas notas no decorrer de
seu método, que o aluno procure pronunciar mentalmente o nome da nota que ele
está tocando, afirmando que tal prática fará o aluno com maior rapidez todas as notas
e suas respectivas posições. 27
(figura 7: nota de G. Gagliardi a respeito dos ajustes de posições. Página 13 do método de
trombone para iniciantes)
Após os ajustes de posições, Gagliardi escreve algumas melodias onde o
intuito é fazer com que o aluno tenha uma espécie de diversão coordenada. Segundo
suas palavras:
Os próximos exercícios proporcionarão ao aluno, divertir-se com melodias
diferente dos estudos anteriores. Doravante o aluno deverá libertar-se da marcação das
posições, isto é, usá-las quando necessário. È importante respirar nas vírgulas
assinaladas.
Em seguida, Gagliardi faz uma explicação expositiva sobre a execução do
staccato-legato, mostrando ao aluno sua maneira de produzir articulações, com
exemplos visuais e suas respectivas figuras onomatopaicas a maneira de se produzir
esses tipos de articulação. 28
(figura 8: explicação dissertativa sobre os tipos de legato por G. Gagliardi. Fonte: Método de
trombones para iniciantes Ed. Ricordi) 29
Nas páginas 40 e 41, encontra-se os Blocos, onde ele apresenta um tipo de
exercício constituído numa mesma linha melódica em várias tonalidades e combinada
de forma que o aluno tenha que passar por todas as posições normais e alternativas.
Para isso, Gagliardi afirma em suas instruções a importância de se executar os blocos
exatamente como ele os escreveu, mantendo todas suas anotações de posição.
Quero lembrar mais uma vez, que, é extremamente importante o aluno não
modificar as posições expostas. Principalmente nos terceiros e quartos pentagramas do
módulo é que se apresentam as maiores dificuldades. O uso sistemático dessas
posições dará ao aluno, quando necessário, a segurança e tranqüilidade para empregá-
las sem temor, aos desajustes tão característicos, dos harmônicos pouco usados, por
falta de prática no uso das mesmas.
Uma outra grande particularidade deste exercício é a maneira na qual ele é
construído. Ao observar a figura, vê-se que cada modo desse exercício está escrito em
forma de sistema de quatro pentagramas, proporcionando assim uma leitura como em
partituras de orquestra. Isso faz com que o aluno possa executar o exercício sozinho,
ou em até quatro pessoas, executando assim os exercícios como forma coral, onde há
maior percepção de afinação perante outros alunos ou até somente perante o professor.
Gagliardi recomenda que o exercício seja feito em legato e staccato, o que certamente
ajuda bastante no aprimoramento da técnica. Os outros autores tratados aqui, todos
abordam esse assunto, porém, nenhum autor trata esse item com tanta importância e
intensidade.30
(figura 9: blocos 1, 2 e 3, pertencentes aos seis blocos situados nas paginas 40 e 41 do método
de trombone para iniciantes) 31
2.5 ESTUDOS MELÓDICOS
O próximo item a ser analisado que também é um item muito explorado por
Gagliardi, é o item q fala sobre os estudos melódicos. A principal função dos estudos
melódicos é a de empregar toda proposta técnica pregada no decorrer dos métodos nas
lições anteriores. Em outras palavras, os estudos melódicos empregam os
conhecimentos técnicos adquiridos em exercícios, porém mais interessantes
musicalmente e colocando-os assim, a dificuldade técnica em detrimento à música.
O professor Gagliardi compôs um estudo melódico para cada tonalidade maior e
um para sua relativa menor para ser trabalhado junto com seus estudos técnicos
baseados em escalas e arpejos maiores e menores. Nesses estudos melódicos são
colocados em prática nuances de dinâmica, articulações, fraseado, etc. 32
(figura 10: estudos técnicos por G. Gagliardi Fonte: Método de trombones para iniciantes Ed.
Ricordi.) 33
(figura 11: estudos melódicos por G. Gagliardi Fonte: Método de trombones para iniciantes
Ed. Ricordi.) 34
Os estudos melódicos são parte de uma constante na maioria dos métodos para
trombone e todos os autores que estão sendo objetos de nossa análise tratam deste
assunto com certa atenção. Há, porém, os autores que como Lafosse, procuram no
repertório do trombone as passagens onde podem demonstrar o por quê de tais
propostas. Por exemplo, Lafosse cita “O Pássaro de Fogo” de Igor Strawinsky, como
obra apropriada para a prática do glissando. Obras como “William Tell” e “La Gazza
Ladra” de Rossini, mostram-se exercícios apropriados para provocar melhor eficiência
das escalas cromáticas no trombone. 35
2.6 INTERVALOS
O item intervalos será o próximo item a ser discutido e posto em pauta nesta
monografia.
O método de Arban dedica um capítulo inteiro de seu livro ao estudo dos
intervalos. Diferente disso, Gagliardi não tem um capítulo em seu método dedicado
somente aos intervalos, mas trabalha o estudo de intervalos de uma maneira mais
implícita, trabalhando esse tipo de estudo dentro de outros temas como o resumo das
sete posições, como é batizado por ele, e os estudos de legato no trombone, por
exemplo.
Gagliardi busca criar um tipo de exercício em que o aluno percorre com ele
todas as sete posições do instrumento, passando por todos os tipos de situações
possíveis. Nesses casos, Gagliardi procura utilizar-se de todas as possibilidades de
execução no que se refere à articulação e extensão no instrumento, buscando
enriquecer o estudo e transformá-lo em muito mais do que um simples estudo de
intervalos. 36
(figura 12: resumo das sete posições por G. Gagliardi Fonte: Método de trombones para
iniciantes Ed. Ricordi.)37
Arban, por sua vez, começa o exercício de intervalos com escalas em que o
quinto grau da tonalidade permanece como uma nota pedal e elas desenvolvem-se
ascendente e descendentemente a partir do primeiro. Com isso, ele passa por todas as
tonalidades. Deste modo, também Arban, a cada escala, faz o aluno executar todos os
saltos dentro de uma oitava, em seguida de uma décima primeira com a figura rítmica
de colcheias, depois, ele estende estes saltos até o intervalo de décima terceira com a
figura rítmica de semicolcheia. 38
(figura 13: intervalos por Arban Fonte: Arban´s Famous Method for Trombone Ed. Carl
Fischer) 39
2.7 PONTOS FALTANTES
Embora, Gagliardi tenha em seu método fatores essenciais para o bom
desenvolvimento de um trombonista iniciante, seu método, apesar de constantemente
adotado por professores em todo o território brasileiro, revela-se carente em alguns
aspectos que, em alguns momentos, pode vir a ser necessários. Eis aqui alguns pontos
serem colocados em pauta: elementos de teoria, diferentes tipos de articulação
(staccato duplo e triplo), ornamentos, estudos de clave, efeitos especiais
12
.
No início de seu método, Gagliardi, antes de expor em forma de figura a
extensão geral dos harmônicos, escreve uma nota em seu método na qual é intitulada
Leitura Correta. Nesse espaço, Gagliardi diz:
É por demais sabido que o trombone em si belo não é um instrumento
transpositor, logo as notas não devem ser transportadas: a leitura e o som das notas
devem ser os mesmos e não como habitualmente se usa em outros instrumentos em si
bemol que se lê em Dó, mas o som da nota é si bemol.
Enfatizando, quero dizer que no trombone em si bemol lê-se e toca-se exatamente igual
ao piano ou violino e nem por isso é um instrumento em Dó conforme é erroneamente
considerado por alguns músicos.
Observa-se que todos os métodos de trombone de vara, não recomendam a leitura
transportada, ou seja, a clave de Dó na 2º. Linha (meio soprano).
Após essa nota colocada em seu método, não há mais nenhuma indicação de leitura ou
qualquer tipo de elemento de teoria por parte do método de G. Gagliardi. Diferente a
esse ponto, Arban, por exemplo, tem um tópico em seu método no qual ele chama de
Rudiments of Music, aonde Arban descreve, desde o conceito de música, até mesmo as
12
Quando se usa o termo efeitos especiais no trombone, refere-se a glissando, trinado, frulato, etc. 40
diferentes claves, acidentes, tamanhos de notas, formulas de compasso e sinais mais
usados, nesse tópico, ele coloca vários outros itens, tais como, dinâmicas, nuances,
ligaduras, marcação de metrônomo, grupetos etc..., apresentando esses itens de forma
dissertativa.
Da mesma, encontramos no método de Arban capítulos dedicados ao estudo de
ornamentos como, o grupeto, o mordente o trinado, etc..., tópicos esses que não são
nem se quer lembrados por Gagliardi em nenhum momento de seu método para
iniciantes. 41
(figura 14: índice do método de Arban. Atenção a part II aonde Arban mostra em
tópicos o estudos dos ornamentos Fonte: Arban´s Famous Method for Trombone Ed. Carl
Fischer)
Vale ressaltar que, como visto anteriormente, Gilberto Gagliardi compôs mais
de um método, que embora, não tenha sido editado, ainda é bastante usado em forma 42
de manuscrito e que em alguns itens mencionados a cima, o professor decidiu colocá-
los em outros métodos, não significando que o professor não tratava desses pontos
com os alunos, ou ainda que ele não possuía conhecimento para tal. 43
CONCLUSÃO
Ao concluir este trabalho, percebi a importância de se fazer esse tipo de
pesquisa, bem como o trabalho que é despendido para sua realização.
Para a realização desta monografia, foi necessário, desde a elaboração do tema
até o resultado final, a busca de informações pertinentes ao professor Gilberto
Gagliardi dentro e fora do estado de São Paulo. Para isso, uma série de telefonemas, emails, buscas em sites, pesquisas em bibliotecas, correspondências, visitas informais,
e todo o tipo de questionamento possível foram feitas, e em muitas destas atividades
não foi achado nada relevante, ou que já não se tivesse notícia bem como sua fonte.
Isso me induziu a um grande desânimo no decorrer do ano letivo, levando-me
inclusive, a hipótese da desistência de execução deste tema.
Porém, no decorrer do ano igualmente, tive várias razões que me motivaram
muito na realização deste trabalho. Uma deles, foi o fato de cada vez mais ir
descobrindo que este tipo de trabalho poderá ajudar aos meus colegas trombonistas,
sendo eles, professores, alunos, profissionais ou amadores, a descobrir um pouco mais
sobre quem, na minha opinião, é o maior professor brasileiro de trombone do século
XX e desenvolveu um trabalho valioso ao ponto de ser relevante a todos os
trombonistas dentro e fora do território brasileiro.
Gilberto Gagliardi, mesmo com todas as suas limitações decorrentes a falta de
informação que chegava ao Brasil, consegue, a duras penas, desenvolver não somente
métodos, mas sim, uma metodologia de ensino aonde existe a possibilidade de se fazer
muito com a menor estrutura possível, dentro de muitas restrições, como por exemplo, 44
a dificuldade de se conseguir o creme lubrificante no Brasil, solucionado pelo
professor em seu método.
Gagliardi deixa, não só uma gama de métodos, composições famosas e inéditas
no meio brasileiro, e muitos discípulos dispostos a seguir seus ensinamentos, mas
deixa também muita sabedoria. Sabedoria adquirida pela idade, porém, muito mais
pela dificuldade, somado a força de vontade e o idealismo para fazer crescer o
ambiente musical a seu redor.
Todo este trabalho empregado, e muito bem feito, deve ser muito bem
aproveitado e levado às gerações futuras, porque afinal, nós, trombonistas da nova
geração, temos de aproveitar todo o “suor” gasto pelos mestres do “ontem” e crescer,
para quem sabe, sermos grandes mestres do “amanhã”.45
BIBLIOGRAFIA
ARBAN, Joseph Jean Baptiste Laurent. Famous Method for Slide and Valve
Trombone and Baritone. New York, Carl Fischer, 1936.
GAGLIARDI, Gilberto. Método de trombone para iniciantes. São Paulo, Ricordi, s.d.
LAFOSSE, André. Méthod complete de trombone a coulisse. Paris, Alphonse Leduc,
1924.
MARCONDES, Marcos A. “GAGLIARDI Gilberto”. In: Enciclopédia da Música
Brasileira popular, erudita e folclórica. São Paulo: Art Editora, 2003. vol.I, p. 311.
KARGARAICE, Janett, KARGARAICE, Vern. Another legend is lost. Gilberto
Gagliardi (1922-2001). Disponível em:
<http://www.trombone.net/members/journal/2003/jan/gagliardi01.cfm>. Acesso em:
25/03/2007.
ANDRADE, Áurea. “Choro para Gagliardi” Revista Weril, vol. 1, n. 22 (2001), p. 10-
11.