Biografia De CamõEs
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Não admira que haja tão poucas biografias de LUIS VAZ DE CAMÕES passados estes anos
todos, e com os avanços tecnológicos todos, ainda hoje é difícil saber pormenores da vida de
Camões.
Passava o ano de 1524, quando o pequeno Luís Vaz de Camões se apresentou ao mundo,
dando uma enorme alegria à dona ANA de SÁ e MACEDO e ao senhor SIMÃO VAZ de CAMÕES,
seus pais.
Pensa-se que terá nascido em Lisboa, mas não é certo que assim tenha sido, como também
não é certa a sua data de nascimento.
Em 1527, declarando-se a grande epidemia de peste, D. João III e toda a sua corte fugiram
para Coimbra. Simão Vaz de Camões acompanhou o rei com sua mulher e filho, quando o rei
voltou para Lisboa, a pequena família de Camões permaneceu em Coimbra com seu o tio, irmão
de seu pai, D. Bento de Camões, cónego de Santa Cruz.
Mais tarde seu pai partiu para as índias, morrendo passados poucos anos, ficando o pequeno
Camões com sua mãe e seu tio que se sentiu na obrigação de educar o pequeno Camões.
Julga-se que corria o ano de 1534, já Camões tinha passado por 10 primaveras, quando deu
entrada no colégio do convento de Santa Cruz, onde estudou artes.
Em 1537, Luís Vaz de Camões, já era o poeta mais conhecido entre os escolares de Coimbra, e
pensa-se que deu entrada na universidade de Coimbra, para estudar teologias, mas não há
registo oficial que tal afirmação.
1541 conta-nos a história de que Camões, agora com 17 primaveras passadas, conseguiu
licença para deixar as aulas de teologia e seguir o curso de filosofia.
A biografia de Luís Vaz de Camões
por Leandro Bernardo
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Consta que nesta altura compôs uma elegia à paixão de Cristo e ofereceu ao seu tio, que lhe
reconheceu o seu grande estro de poeta.
Em 1548, sedento de aventura, pretendendo saber o que o mundo tinha para lhe mostrar,
alista-se na guarda real para defender pontos estratégicos situados no ultramar.
Em 1549, em busca de aventura e para cumprir ordens do rei, partiu para Ceuta, onde, numa
escaramuça de rua, acaba por perder um olho.
Em 1551, regressa à terra que o viu nascer, Lisboa, e volta para as noites de boémia, onde
privou com todo o tipo de gente.
Em 1552, no feriado do Corpo de Deus, o rei e toda a sua comitiva saíram a rua, e enquanto
todos os estavam a ver, Camões depara-se com dois mascarados que lutam com Gaspar
Borges, funcionário da cavalariça real. Ao reconhecer os dois mascarados como amigos seus,
impetuoso como é, mete a mão ao bolso e parte para a rixa, faca em punho e a noite acaba em
sangue. Camões é preso na cadeia do tronco e mais tarde é transferido para a cadeia do
limoeiro.
Dona Ana vive em desespero. Já tinha perdido o marido nas índias e agora poderia perder o
filho. Qual animal enjaulado, suplicou perdão, de forma tão veemente, pelo filho Luís, visitou
ministros reais e até Gaspar Borges, que acabou por ser concedido perdão a Camões.
Em troca, o rei pediu uma multa no valor de 4 mil reis e partir para a Índia para servir a milícia
do oriente.
Deste modo, em 1553, o poeta, na qualidade de soldado raso, parte rumo a Goa, «terra mãe
de vilões ruins, e madrasta de homens honrados», na nau São Bento, onde o capitão era
Fernão de Alvares Cabral da Cunha. 6 meses depois, chega à Índia portuguesa, sempre de
pena e papel na mão, para escrever tudo o que o mundo tinha guardado para ele. Aí, participou
em várias expedições de carácter militar.
A vida de Camões no Oriente esteve longe de decorrer com calma e prosperidade. Goa
decepcionou-o, não foi feliz. Queixa-se de saudades de casa, de Lisboa, e sobretudo de sua
mãe. Camões sentiu que a vida lhe foi madrasta e lhe virou as costas. Só lhe restava uma coisa
que ninguém podia tirar - o sonho de publicar as suas obras.
Em 1554 deixa Goa para trás e parte em perseguição a navios mercantes mouros com o
comandante Fernando de Meneses.
Passados dois anos, o rei que tinha outros planos para ele, decidiu promover Camões a
Provedor-Mor de Macau. No âmbito das suas funções, Camões ficou de proteger os bens dos
falecidos, até os mesmos serem devolvidos aos respectivos ente queridos. Contudo, Camões foi
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acusado de roubar dinheiro destinado aos familiares dos caídos em combate e foi chamado
novamente para Goa.
No regresso a Goa, em data que é impossível precisar, o barco que transportava Camões
naufragou numa tempestade, na foz do rio Mekong (actual Vietname). Camões, num acto de
coragem, tenta salvar tudo o que lhe resta - os lusíadas. Salta borda fora, com uma das
mãos segura o seu tesouro, e tenta chegar à margem nadando só com um dos braços. Consta
que a sua prometida Dinamam não teve a mesma sorte, acabando por falecer.
Em 1562, com 38 anos, sucedem-se constantes entradas e saídas das prisões, ora devido a
dívidas, ora às suas noites de boémia e namoradas.
Camões foi perdendo respeito por aqueles que o rodeavam, mas certo é que tudo isto ia
enriquecendo Camões espiritualmente, ao contrário do que acontecia financeiramente.
Camões, o poeta lutador, era frequentemente visto com uma pena na mão e uma espada na
outra.
Criava tantos amigos como inimigos, mas a sua obra, essa sim, ganhava forma a cada dia que
passava e Camões vivia agora para realizar o sonho.
Em 1567, Pêro Barreto, irmão de Francisco Barreto, trouxe-o de Goa para Moçambique, onde
lhe prometeu um cargo de capitão. O que Camões não sabia é que estava a ser enganado.
Quando Camões quis embarcar para regressar a Goa, o capitão reteve-o preso, até lhe pagar
200 cruzados pelo transporte. Camões ficou assim retido na nau, pagou a viagem com trabalho
e, quando a dívida foi paga, foi largado à sua sorte nas ruas de Moçambique.
Estima-se que permaneceu por 3 anos na completa miséria até que foi visitado por amigos que
decidiram pagar a viagem do poeta de novo a casa.
Em 1570 regressa novamente a casa, em Lisboa. Lisboa tinha mudado muito e Camões sentia-
se estranho, uma vez que as recordações daquilo porque tinha passado ainda estavam bem
vivas na sua memória. Aos poucos Camões voltou às noites de folia, mas seria preciso mais dois
anos para que Camões, finalmente, realizasse o seu sonho.
Em 1572, Camões é um homem feliz. O rei dá autorização para publicar “OS LUSIADAS”. A
procura foi tanta que a primeira e segunda edição desapareceu num abrir e fechar de olhos.
O sonho comanda a vida e Camões, depois de tudo o que passou, foi mesmo o sonho que o
manteve vivo. O poeta deve ter mesmo sentido orgulhoso, pois naquela época os livros não
eram os bens que as pessoas mais procuravam. As dificuldades eram tantas que o dinheiro
quando chegava para o pão era uma alegria. A fama perseguia-o e as pessoas queriam saber
as aventuras do poeta lutador, que arriscou a vida para salvar o sonho. No mesmo ano ainda
foi feita uma terceira edição do livro mas esta foi uma versão pirata tal era a procura.
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Mas o sonho, agora realizado, trouxe-lhe um vazio. O rei concede ao poeta uma tença anual de
15 000 réis, a pagamento desde 12 de Março, pelos serviços que este lhe havia prestado na
Índia, e não apenas para o compensar pela publicação de “OS LUSIADAS”. Esta tença foi
paga irregularmente, Camões começou a ficar esquecido e a miséria apoderou-se dele.
Agora o poeta, que outrora andou na boca do povo, sobrevivia à custa de esmolas que o seu
criado Jau (javanês) recolhia anonimamente nas ruas de Lisboa. Toda a luz que Camões tinha
outrora e que parecia que nunca se havia de apagar, dava agora mostras de estar a falhar. Na
pobreza total, os últimos dias de Camões foram de grande sofrimento, bem mais difíceis de
suportar que os de outros tempos, agora que não havia o sonho.
Em 1580, Camões morre fisicamente, mas a sua obra é tal e qual como a sua vida, cheia de
aventuras e de tal forma bem escrita que tem passado de gerações em gerações, países e
nações, até aos dias de hoje.
Os sonhos e relatos de Camões ainda hoje são apreciados em todo o mundo. Não
deve haver pessoa culta que não tenha ouvido falar de Camões, tão pouco estimado
enquanto vivo, e tão adorado depois de morto. Arrisco-me a dizer que é o maior
embaixador de Portugal. É uma referencia mundial ao nível do estilo artístico, da
inspiração e da dedicação.
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