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QUARTO TRIMESTRE 2006 FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 38 I&D FEUP aceita desafio internacional e assina acordos com universidades estrangeiras de referência EM FOCO Projectos de investigação emblemáticos contam a história da FEUP À CONVERSA COM… Vasco Sá, professor jubilado da FEUP, recorda tempos conturbados no ensino da engenharia

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A revista Engenharia é uma publicação semestral de divulgação externa das atividades da FEUP nas áreas de ensino, investigação e desenvolvimento, e de ligação ao meio socioeconómico envolvente.

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QUARTO TRimesTRe 2006 Faculdade de engenharia da universidade do Porto Distribuição gratuita

38I&D

FEUP aceita desafio internacional e assina acordos com universidades estrangeiras de referência

Em foco

Projectos de investigação emblemáticos contam a história da FEUP

À convErsa com…

Vasco Sá, professor jubilado da FEUP, recorda tempos conturbados no ensino da engenharia

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ediTORiAl

AgendAFevereiro a Abril

em FOcONesta edição especial quisemos saber quais os projectos que mar-caram a história de 80 anos FEUP. Aceite o nosso convite e viaje no tempo com o BiFEUP.

À cOnVeRsA cOm… VAscO sÁO BiFEUP esteve à conversa com o professor Vasco Sá, actualmente jubilado e com 76 anos de idade, e conheceu histórias do tempo em que na FEUP se viveram momentos conturbados e de provação. Vasco Sá falou-nos ainda sobre o seu mais recente projecto na área de Desenvolvimento de Metodologias de Auto-Avaliação, que envolve a FEUP, a U. Porto e o CIPES.

OPiniÃO“Formação de um Engenheiro”, por Manuel Vaz Guedes, Professor Associado do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC/FEUP).

inVesTigAÇÃO e desenVOlVimenTOA FEUP está envolvida num conjunto de acordos entre univer-sidades e centros de investigação portugueses e universidades estrangeiras de referência. Conheça de perto aqueles que foram celebrados nos últimos meses.

FeUP POR denTROO último trimestre de 2006 na FEUP fez «correr tinta». A inovação e ousadia do projecto CALE, a irreverência jovial do “Desafio Único”, a merecida distinção atribuída ao projecto “SeaScout” pelo BES, a força impulsionadora da presença Microsoft no Campus, são apenas alguns dos muitos exemplos que encerram com «chave-de-ouro» o ano de 2006.

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Prof. Carlos Costa*

FichA TÉcnicA

PROPRiedAde Faculdade de Engenharia da universidade do Porto ediÇÃO DCi Divisão de Comunicação e imagem

cORPO ediTORiAl Carlos oliveira, Cristina soares, Paulo Jesus, raquel Pires e Victor silva

TexTOs Cristina soares e raquel Pires

FOTOgRAFiA Cristina soares, Filipe Paiva e rui A. Cardoso

design gRÁFicO e PROdUÇÃO Victor silva, Paulo Jesus | DCi FEuP

sede FEuP, rua Dr. roberto Frias, 4200-465 - Porto Tel: 225 081 895 | Fax: 225 081 503 | e-mail: [email protected]

imPRessÃO mArCA – Artes Gráficas

TiRAgem 10000 exemplares

dePósiTO legAlContacto para publicidade Faculdade de Engenharia da Universidade do PortoDCI - Divisão de Comunicação e Imagem

Telef. 225 081 895 | e-mail: [email protected]

EDiToriAl

As decisões estratégicas relativamente ao futuro na FEUP devem basear-se numa previsão das evoluções futuras da Universidade do Porto, do ensino supe-rior em Portugal e das áreas de ensino superior e de investigação da União Europeia.A Universidade do Porto pretende colocar-se como uma instituição de referência internacional, resumido no objectivo de obter um posicionamento entre as 100 melhores do mundo em 2011.Por outro lado a actual Lei de Bases do Ensino Superior distingue dois sub-sistemas: o universitá-rio e o politécnico, com missões diferentes, posição reforçada pelo recente relatório da OCDE.Ao nível europeu são visíveis as movimentações e documentos de suporte que apontam para uma segmentação da área de ensino superior, no sentido de uma convergência com o modelo americano. Duma forma simplificada é previsível a existência de instituições com vocação para suportar formação terciária mais vocacional, provavelmente de âmbito regional ou nacional e com baixa intensidade de investigação, e instituições com vocação para proporcionar formações menos vocacionais, com uma forte base científica e com elevada intensidade de investigação. A FEUP , sendo uma das unidades orgânicas da U. Porto, deverá estar sintonizada com a estratégia de desenvolvimento desta.Neste curto editorial exemplifica-se a nossa estraté-gia do que deverão ser as nossas ofertas de serviços de formação e de I&D&I.Os serviços de formação deverão estar orientados para o reforço contínuo das ofertas de 2ºs e de 3ºs ciclos, mantendo os 1ºs ciclos incluídos nos actuais mestrados integrados, mas não oferecendo 1ºs ciclos vocacionais ou outros, nem cursos de especialização tecnológica.Por outro lado os serviços de I&D&I deverão reforçar a produção primária de conhecimento, incluindo a sua transformação em valor, situando a prestação de serviços no nível estritamente necessário à manutenção de relações de confiança com o tecido empresarial.

O DESAFIO DO ENSINO SUPERIOR EM PORTUGAL

Os serviços de I&D&I deverão reforçar a produção primária de conhecimento, incluindo a sua transformação em valor

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AGEnDA

FORmAÇÃO cOnTÍnUA FeVeReiRO – AbRil

7 edições de Janeiro a AbrilFormação para Projectistas – Aplicação do rCCTEFormadores: Profs. Eduardo maldonado, José luís Alexandre, maria Helena Corvacho, Petra Vaquero, Vasco Peixoto de Freitas

22 a 24 de marçoTest-Driven DevelopmentFormadores: Profs. Ana Paiva Pimenta, João Pascoal de Faria e nikolai Tillmann

26 a 30 de março As Tecnologias de informação e Co-municação (TiC) na Construção metálicas segundo o EC3Formador: Prof. Alfredo soeiro

11 a 13 de AbrilExecução de Plano de segurança na ConstruçãoFormador: Prof. Alfredo soeiro

FeUP AcOlhe seminÁRiO “7PQ – dA ideiA AO PROjecTO”

A Divisão de Cooperação da FEuP em colaboração com a uPin (universidade do Porto inovação) está a organizar o seminário “7PQ - Da ideia ao projecto” que irá decorrer nos dias 15 e 16 de Fevereiro na FEuP. o principal objectivo é fornecer aos participantes a metodologia e o conhecimento necessários para elaborar uma candidatura “de sucesso” no âmbito do 7.º Programa-Quadro (7ºPQ). Trata-se do principal instrumento da uE para financiar a investigação e o desenvolvimento tecnológico na Europa e estará em vigor de 2007 a 2013.

o 7ºPQ está dividido em quatro programas específicos correspondentes a qua-tro componentes básicas da investigação europeia: Cooperação, ideias, Pessoas e Capacidades. Existe ainda um 5º programa dedicado à energia nuclear.

Este seminário terá como pré-evento o curso de formação “success under FP7: methodology and knowledge”, que irá decorrer dia 8 de Fevereiro na FEuP e dia 9 de Fevereiro na FluP (sessões alternativas). Este curso é destinado a todos os inte-ressados em submeter uma candidatura ao 7ºPQ, dando prioridade aos membros da universidade do Porto.

Para mais informações e inscrições: http://7PQ.up.pt

semAnA AbeRTA’2007 AbRe As PORTAs AO secUndÁRiO

De 5 a 9 de março vai decorrer na FEuP mais uma edição da semana Aberta. Esta iniciativa destina-se aos alunos do ensino secundário que dentro de pouco tempo irão decidir o seu futuro profissional. o objectivo é abrir as portas da FEuP e dar a conhecer os cursos disponíveis, bem como as respectivas saídas profissionais. Esta é uma boa oportunidade para os alunos contactarem de perto com os diversos Departamentos, laboratórios e institutos de interface que compõem o campus da FEuP, e que ao longo desta semana aberta organizam actividades a pensar nos visitantes.

na edição anterior participaram cerca de 2500 alunos vindos, sobretudo, de es-colas secundárias da região norte: Porto, Braga, Aveiro e Viseu. Este ano o formato vai ser um pouco diferente, estando previstas visitas personalizadas para estu-dantes do ensino secundário.

FeUP em “gRAnde” nA mOsTRA dA U.PORTO

A partir de dia 15 e até 18 de março a universidade do Porto muda-se novamen-te para o Pavilhão rosa mota onde vai decorrer a 5ª mostra da Ciência, Ensino e inovação da u.Porto. Durante estes quatro dias, as faculdades e centros de in-vestigação da universidade do Porto vão dar a conhecer as suas actividades aos visitantes.

A FEuP marcará presença no evento com informação referente aos departa-mentos e aos mestrados integrados existentes, dando a conhecer as potenciali-dades da Faculdade com várias demonstrações e aplicações práticas das várias engenharias. Para além da panóplia de informação disponível sobre a FEuP, a 5ª mostra da u.Porto é também um espaço de convívio entre alunos, professores e investigadores particularmente interessados em promover a Ciência e o contacto com um conjunto diversificado de actividades experimentais ligadas ao universo da Engenharia. A entrada é gratuita.

Vii ediÇÃO dO gUiTARmAgeddOn ARRAncA em mARÇO

A AEFEuP (Associação Estudantes da Faculdade de Engenharia da u.Porto) tem vindo a promover, nos últimos anos, o Concurso de Bandas Guitarmageddon.

As mudanças no modelo competitivo, ocorridas nas suas últimas edições, levam a que este concurso assuma cada vez mais relevância no panorama musical da cidade do Porto, que vai já na Vii edição. As eliminatórias estão agendadas para os dias 12, 13 e 14 de março no Auditório da FEuP e a grande final vai acontecer no dia 21 em local a designar.

Para mais informações: www.aefeup.pt

Ensino. Excelência. Inovação. Empreendorismo. Qualidades que fazem da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) uma escola de referência no panorama do ensino superior em Portugal. Com os olhos postos no futuro, a história da FEUP vai-se construindo à imagem dos projectos de investigação que aqui se desenvolvem. Viaje no tempo com o BiFEUP e descubra al-guns projectos carismáticos que marcaram a vida da Instituição.

FEUP: 80 anos de créditos firmados

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RePORTAgem de: RAQUel PiRes

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Foi o primeiro estabelecimento de ensino de Engenharia do país e surgiu associado à Academia Politécnica a 13 de Janeiro de 1837, com a missão de formar “engenheiros, oficiais da marinha, pilotos, comerciantes, directo-res de fábricas”, actividades profissionais necessárias ao desenvolvimen-to do Portugal da época. Com a implantação da República e a consequente reforma do ensino superior foi fundada a U.Porto, tendo a Academia Politécnica passado a designar-se por Faculdade de Ciências, à qual estava anexa a Escola de Engenharia. Só em 1915 a Escola de Engenharia surge como instituição autónoma e passa a denominar-se por Faculdade Técnica, altura em que se procedeu à organização dos cursos e à ratificação dos mesmos em termos legislativos. Em 1926 assiste-se à transformação da Faculdade Téc-nica para Faculdade de Engenharia, e começa a idealizar-se a construção de um edifício próprio para acolher a comunidade académica da FEUP. Acontece onze anos mais tarde, em 1937, com a mudança de instalações para a Rua dos Bragas, que passa a ser a nova morada da Faculdade de Engenharia. Era a autonomia possível num país com um regime político conturbado e difícil, agravado pelo período da II Guerra Mundial (1939-1945). No pós-guerra todos os esforços se uniram em prol da reconstru-ção europeia e em Portugal, assiste-se ao início da industrialização, ao investimento nas obras públicas e à criação de infra-estruturas capazes de modernizar o país.

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a PUrEZa DE LInHas na PonTE Do aBrEIroA ponte de Abreiro foi um dos projectos emblemáticos do Departamento de Engenharia Civil (DEC) dessa altura. Projectada por Francisco Jacinto Sarmento Correia de Araújo, professor da FEUP, a ponte foi inaugurada a 23 de Junho de 1957, com honras de estado, ficando conhecida “pela pure-za de linhas do seu arco abatido”. Para além dos avanços arquitectónicos, a construção da ponte de Abreiro permitiu reduzir em cerca de 30 km a ligação entre as margens, o que significa um investimento na região (por baixo do arco, na margem esquerda, passa a linha do Tua, actualmente ainda em uso). O professor Francisco Correia de Araújo foi um brilhante professor de Estruturas, no DEC, e foi o grande impulsionador do Centro de Cálculo da FEUP, por essa razão actualmente chamado CICA – Centro de Informática Correia de Araújo. Como projectista, referem-se o Entreposto Frigorífico do Peixe (património classificado) no Porto. O seu trabalho granjeou-lhe o Prémio Manuel Rocha do LNEC em 1982 e são muito apreciados os seus pareceres dados no Conselho Superior de Obras Públicas.

o fLorEscEr Do sEcTor InDUsTrIaL Em PorTUGaLAnos 70-80. No Departamento Engenharia de Minas (DEM) ficou célebre o trabalho do professor Novais Madureira, impulsionador de diversos trabalhos de investigação na área da Modulação das Operações Unitárias da Engenharia de Minas, dos Sistemas de Carga e Transporte e dos Diagramas de Processo. Para além de abordagens inovadoras com muitos aspectos originais à época, estes trabalhos de investigação correram mundo e foram publicados artigos a nível nacional e internacional. Tam-bém proporcionaram aos docentes/investigadores do DEM a possibili-dade de intervirem em diversos estudos e projectos da indústria mineira nacional, nomeadamente na Empresa Nacional de Urânio, na Empresa das Pirites Alentejanas, na Somincor (empresa que explora as minas de Neves Corvo), e em diversas cimenteiras e pedreiras.Às portas da entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, sentiu-se necessidade de fazer um levantamento rigoroso no sector da indústria da fundição. Em causa estava a candidatura a programas estruturais de apoio provenientes das Directivas Europeias que podiam dinamizar fortemente o sector da fundição em Portugal.A FEUP esteve directamente envolvida na realização do Plano de Rees-truturação do Sector da Fundição (PRESEF), em paralelo com outras en-tidades, através da acção determinante de três investigadores do DEMM (Departamento Engenharia Metalúrgica e Materiais) - Horácio Maia e Costa, Carlos Silva Ribeiro, João Oliveira Neves e Luís Filipe Malheiros.O PRESEF teve como principal finalidade incentivar os empresários à modernização global das suas empresas, entendida como a capacidade

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de adaptação permanente à concorrência internacional. Atendendo ao facto de estar em causa a reestruturação do sector da fundição do país, foi necessário que os investigadores da FEUP desenvolvessem um rigoroso trabalho de campo que passou pela colaboração em diagnósti-cos de empresas, pelo estabelecimento de cenários de desenvolvimento das mesmas, pelo aconselhamento na selecção de equipamento e pelo acompanhamento do arranque de algumas unidades fabris.

a InovaÇÂo Da casa TErmIcamEnTE oPTImIZaDaA década de oitenta continuou a ser um marco importante para a histó-ria da FEUP, em particular para o Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (DEMEGI). Em Março de 1984 é inaugurada a Casa Termicamente Optimizada (CTO), na Rua dos Salazares, no Porto. Trata-se de uma casa-laboratório da responsabilidade do professor Eduardo de Oliveira Fernandes, em colaboração com o INETI, que procurava ensaiar a aplicação das tecnologias solares passivas (utilização para fins energé-ticos da envolvente e das massas internas da construção) aos edifícios, e ao mesmo tempo, criar um centro de demonstração de informação e de formação sobre as questões inerentes à concepção, ao projecto e à cons-trução dos edifícios relacionados com o consumo da energia.Os resultados recolhidos do funcionamento da casa ecoaram pelo mundo, e em 1985 publicaram-se artigos científicos em revistas norte-americanas e também europeias.Em Portugal, o projecto CTO esteve na base do processo legislativo que levou à elaboração dos Regulamentos dos Edifícios que vigoram no nosso país desde 1991. Estes Regulamentos puderam, assim, responder aos anseios de melhor construção, com mais conforto térmico, e foram recentemente actualizados pelo Governo (decreto-lei nº 79 e 80/2006 de 4 de Abril).

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o rEconHEcImEnTo InTErnacIonaL na InvEsTIGaÇÂoDecorrente da actividade científica está, muitas vezes, o reconhecimento público das comunidades que se dedicam à investigação. Foi o que acon-teceu à equipa liderada pelo professor Sebastião Feyo do Departamento de Engenharia Química (DEQ), em 1994, altura em que desenvolveu um trabalho inovador para a monitorização da operação de cristalização de açúcar. Galardoado com o prémio “George and Eleanore Meade Award” durante o Congresso do SIT – Sugar Industry Technologists Inc que de-correu na cidade de Honolulu (Hawai), o projecto consistiu num processo de monitorização da operação de cristalização do açúcar em tempo real, ainda não conseguido com sensores tradicionais.O método foi desenvolvido no âmbito de um projecto de colaboração entre a RAR – Refinarias de Açúcar Reunidas SA e a FEUP que permitiu a caracterização completa da cristalização. Esse projecto representou um passo importante na detecção de problemas de produção, apresentando uma nova base para estudar diferentes formas de operação industrial.

No eclodir da era das novas tecnologias, a FEUP não se deixa “intimidar” e mostra estar à altura dos desafios. No Departamento de Engenharia Electrotécnica e Computação (DEEC) começam a desenvolver-se projectos orientados para as necessidades de um mercado de trabalho ainda emergente.Um dos mais marcantes ficou conhecido por SIFO (Rede de Serviços Integrados por Fibra Óptica), e teve como principal objectivo desenvolver uma rede baseada em tecnologia óptica capaz de suportar a integração de serviços de banda estreita e banda larga (voz, dados de baixa velocida-

INEGI: mOtOR DE INOvaçãO Em ENGENhaRIa mEcâNIcaA poucos meses de se mudar para o pólo da Asprela, o INEGI continua a desenvolver projectos científicos com forte aplicação na vida quotidiana de alguns de nós. Pelo menos dos que tiverem em casa um esquentador “Vulcano Compacto”, uma gama de esquentadores desenvolvida em parceria com a Vulcano Termodomésticos SA e que permitiu ao INEGI es-treitar laços de cooperação com o prestigiado Grupo Bosch (actualmente o maior produtor europeu de esquentadores).Entre os diferentes objectivos do “Vulcano Compacto”, destaca-se para a redução do volume dos dispositivos através do desenvolvimento de um conjunto de soluções técnicas que, mais tarde, se reflectiram numa racionalização do consumo de matérias primas, optimização de encaixes e ligações, estética melhorada e, obviamente, em dimensões mais atraentes para o mercado. Recentemente, e na sequência dos excelentes resultados alcançados, viria a ser desenvolvido um outro esquentador com uma potência mais elevada. Este projecto exigiu não só a criação de um produto novo de raiz, mas também investigação de base sobre queimadores, dimensionamento de transferências de calor, controlo de poluição, projecto mecânico, selecção de materiais e industrializa-ção, levando à criação de equipas de investigação multidisciplinares, demonstrando a capacidade e diversidade tecnológica que caracterizam o INEGI.

www.inegi.up.pt/

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de e distribuição de áudio e vídeo de alta qualidade). Desenvolvido entre 1985 e 1989, o SIFO pode ser considerado “a semente” que esteve na origem do INESC Porto (ver caixa). Da responsabilidade científica do professor Pimenta Alves, foi um projecto pioneiro em Por-tugal no que toca à criação de uma rede de banda larga com integração de serviços. O SIFO foi também importante na estratégia de longo prazo na área das telecomunicações e sistemas multimédia, ao permitir o reforço do conhecimento em tecnologias avançadas e o estabelecimento de fortes laços de cooperação com empresas, universidades e centros de investigação de vanguarda.

o DEsafIo Da InTErnacIonaLIZaÇÂoReconhecida internacionalmente pelo ensino de excelência e pela inves-tigação de qualidade, a FEUP tem acompanhado de muito perto as gran-des reformas do ensino em Portugal. A adesão ao Processo de Bolonha e a assinatura do acordo com o MIT são alguns exemplos recentes, reflexo de uma comunidade académica atenta e sobretudo capaz de responder aos novos desafios da sociedade. Mas recuemos até meados da década de 90. As questões ambientais esta-vam na ordem do dia e chegaram a marcar algumas agendas governa-mentais. O mundo parecia “acordar” para uma realidade difícil e dura.

o PaPEL Da EnGEnHarIa nos ProBLEmas amBIEnTaIsCiente deste cenário e da necessidade de compatibilizar as actividades industriais com o ambiente, foi criada no DEM, no ano de 2000, uma unidade de investigação que estabelece a ponte entre a indústria extrac-tiva e a Engenharia do Ambiente – o CIGAR (Centro de Investigação em Geoambiente e Recursos).Dos trabalhos de investigação desenvolvidos no DEM resultaram uma sé-rie de teses de mestrado e doutoramento, bem como protocolos e projec-tos de investigação e de intervenção ambiental, ao nível da reabilitação de aquíferos, do estudo de áreas contaminadas pela actividade industrial mineira, petroquímica e manufactureira. Actualmente, novas áreas de

investigação têm sido estimuladas como a análise de risco ambiental decorrente de coutos mineiros abandonados e o tratamento de águas subterrâneas contaminadas.Por sua vez, no DEQ foi desenvolvido o equipamento “Ciclones RS_VHE” que tem vindo a ser adoptado pela indústria como medida de protecção ambiental. Da autoria do professor Romualdo Salcedo, esta nova tecnolo-gia de geometria inovadora é eficaz na remoção de poeiras de correntes gasosa (vulgo fumo) emitidas para a atmosfera pelas fábricas. Trata-se de um despoeirador capaz de reduzir a poluição atmosférica, ao qual foi associado um novo sistema de recirculação mecânica que permite obter uma eficiência comparável a alguns filtros de mangas, porém com uma grande vantagem: para além de apresentar menos custos na manuten-ção, tem capacidade para funcionar a elevadas temperaturas na presença de partículas incandescentes. É um projecto que tem obtido um êxito assinalável, como atestam as oito instalações industriais entretanto adjudicadas em Portugal e uma em França

INESc PORtO: 20 aNOS Na vaNGuaRDa Da tEcNOlOGIa

Criado em Maio de 1985, o INESC Porto funciona como um interface entre o mundo académico e o mundo empresarial da indústria e dos serviços ao nível das tecnologias de informação, telecomunicações e electrónica. Dedicando-se à investigação científica e à transferência de tecnologia, consultadoria e formação avançada, o INESC Porto tem como principal objectivo promover, facilitar e incubar iniciativas empresariais que possibilitem a valorização das suas actividades de I&D e que promovam o espírito de iniciativa entre os jovens investigadores. Da história destes 20 anos destaque para um projecto direccionado para a indústria do calçado – o FATEC. Concluído em Dezembro de 2005, este projecto apontou soluções para a dinamização do sector ao apostar na integração de tecnologias, na robotização, na automação das operações fabris e na ligação automática dos sistemas de informação das empresas envolvidas no processo. Através do FATEC o INESC Porto deu um impor-tante contributo no desenvolvimento de linhas de produção integradas e automáticas para o sector do calçado, visando a implementação de verdadeiras unidades industriais topo de gama.

www.inescporto.pt/

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BonELIkE®: InvEsTIGaÇÃo DIrIGIDa À aPLIcaÇÃo cLínIcaDesenvolver actividades de I&D numa área de engenharia ligada à saúde constitui um enorme desafio para os investigadores. Durante a preparação da tese de doutoramento, o professor José Domingos Santos (DEMM) começou a equacionar a hipótese de vir a desenvolver um novo substituto ósseo sintético capaz de reproduzir a composição química da parte mineral do osso humano. A ideia começou a ganhar forma em 1990 nos laboratórios do IRC – Interdisciplinary Research Centre in Biomate-rials (Reino Unido), e mais tarde na FEUP e no INEB onde prosseguiram os trabalhos que deram origem ao Bonelike®, o qual se encontra protegido por uma patente europeia.Os testes em humanos comprovaram os resultados obtidos em animais realizados no Japão, demonstrando que o Bonelike® promove a regenera-ção do tecido ósseo de uma forma muito mais rápida do que a hidroxia-patite sintética existente no mercado. A aplicação clínica do Bonelike® está a ser realizada em pacientes que sofreram de perda óssea provocada por traumatismos, envelhecimento ou doenças ósseas, nas áreas da cirurgia oral, maxilofacial, implantologia e ortopedia. Recentemente foi atribuído o Prémio Carlos Lima 2006 pela Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, que premiou o melhor trabalho nesta área, sob o título “Bone Ingrowth in Macroporous Bonelike® for Orthopedic applications”.

Inovar na aBorDaGEm DE consTrUÇÃo DE PonTEsO sistema OPS (Organic Prestressing System) é também inovador e bastante arrojado no que toca à abordagem. Trata-se de uma nova tec-nologia na construção de pontes cuja principal fonte de inspiração foi o músculo humano, que ao nível do corpo desempenha funções estruturais

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importantes. Foi esta a ideia que o professor Pedro Pacheco (DEC) quis transpor para o universo da construção de pontes. O sistema OPS consiste em dotar cimbres auto-lançáveis – equipamentos construtivos de grande porte – de um conjunto de cabos, macacos hidráu-licos, sensores e outros componentes que actuam compensando as forças a que a estrutura metálica está sujeita. Com a aplicação de “músculos” a cimbres, as forças de compensação apenas actuam quando necessário.As principais vantagens do novo sistema são o aumento dos níveis de segurança (a estrutura passa a estar permanentemente monitorizada), e a redução em cerca de 90 por cento de deformações. Por outro lado, há ainda uma redução dos custos (de aquisição do cimbre e de ordem operacional), bem como uma maior funcionalidade, flexibilidade e versatilidade.A ponte do rio Sousa constitui uma prova inequívoca de que a aplicação de “músculos” a estruturas de engenharia civil tem inúmeras potencia-lidades.

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INEB: a avENtuRa Da ENGENhaRIa BIOméDIca

Gerar avanços significativos na produção de conhecimento em enge-nharia biomédica foi o grande desafio que presidiu à criação do INEB, em 1989. Ultrapassado o paradigma dos biomateriais com aplicações aero-espaciais, hoje a ênfase coloca-se ao nível da engenharia de tecidos e na medicina regenerativa, visando criar com os biomateriais condições para promover o crescimento controlado de tecidos com células do próprio paciente e assim reabilitar as funções e órgãos afectados.É uma área científica vastíssima, capaz de agregar inúmeros projectos de investigação inovadores. Foi o que aconteceu com o SisPorto – um produto de software de análise automática de cardiotocograma fetal (CTG) largamente utilizado em consultas de obstetrícia para avaliar o bem-estar do feto. Consiste num conjunto de três sinais: batimentos cardíacos, pressão uterina e movimentos fetais. Se antigamente a avaliação destes resultados era limitada e dava origem a situações de elevado grau de subjectividade por parte das equipas médicas, o SisPor-to apresenta um sistema de processamento dos sinais totalmente au-tomatizado, capaz de suportar elevados níveis de ruído, como acontece na situação de intraparto. Decorrem, neste momento, vários trabalhos de investigação com vista a dotar o sistema de maior versatilidade e articulá-lo com outros meios de diagnóstico. Contudo, este é um projecto pioneiro que não conhece concorrentes.

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a ImPorTÂncIa Das ParcErIasResponsável por diversos embargos económicos durante a década de 70, o petróleo continua a ter um papel determinante no panorama da economia mundial. A crescente escassez de reservas petrolíferas no globo terrestre leva a que o mercado comece a apostar em explorações de petró-leo em águas marítimas profundas, através de plataformas de exploração flutuantes. Estas necessitam de estar seguras ao fundo do mar por meios de fixação que tradicionalmente têm sido em metal (cabos de aço e cor-rentes), que tendem a ser demasiado rígidos e pesados face à ondulação marítima, comprometendo a capacidade de flutuação das plataformas. O Grupo Quintas e Quintas, na Póvoa de Varzim, desenvolveu uma nova solução para amarração constituída por cabos de elevada resistência em material de fibra sintética que passaram a ser aprovados, recentemente, pelos regulamentos da indústria petrolífera. Foram desenvolvidos cabos com aprovação para utilização até 20 000 kN de capacidade de carga, va-lores nunca antes alcançados a nível mundial. Devido às características dimensionais e às necessidades de manipulação do equipamento, estes cabos tornaram-se incompatíveis com os meios de produção até à altura existentes, o que justificou o desenvolvimento específico de um sistema de tracção e de enrolamento do cabo de dimensões invulgares.A equipa de investigadores liderada pelo prof. Francisco Freitas do DEMEGI desenvolveu um sistema inovador constituído por uma unidade de tracção do cabo em produção e uma unidade de enrolamento capaz de acomodar bobinas de diâmetro até 5m, de largura até 8m e de massa até 60 tons. O desenvolvimento foi realizado no INEGI (ver caixa), consis-tindo na concepção original de todo o sistema e no projecto mecânico e de automação. A construção mecânica completa do equipamento foi

assegurada pela firma TEGOPI, de Vila Nova de Gaia.Ao nível das novas tecnologias também a FEUP foi pioneira ao desenvol-ver o Sistema de Informação da FEUP – o SiFEUP, em 1996. O objectivo do projecto foi conceber uma espécie de reservatório online capaz de dispo-nibilizar o máximo de informação possível sobre a actividade académica e científica da FEUP, de forma organizada. Anos mais tarde, em 2000, uma outra equipa da Reitoria desenvolveu o GRHUP – uma aplicação centralizada para uso do pessoal da Universida-de. Em 2003, já com a constituição do IRICUP (Instituto de Recursos Hu-manos da UP), o SIGARRA enquanto sistema integrado na web incluindo as componentes de gestão de alunos e de recursos humanos, foi instalado na maioria das faculdades da UP. A partir desse momento foi também admitida a disponibilização para outras instituições do Ensino Superior. O SIFEUP teve como responsável científico o professor Gabriel David e foi distinguido com dois grandes prémios internacionais: o Prémio Descar-tes em 1998, e o Prémio EUNIS em 2001.

Hoje, passados 80 anos, falar do ensino de Engenharia em Portugal é sinónimo de Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.A inovação tecnológica e o ensino de excelência andam de mãos dadas com a FEUP, para que a história não deixe de ser contada.

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À ConVErsA Com VAscO sÁ

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VErsA Com

VAscO sÁProfessor jubilado da FEuP recorda tempos de outrora

”TENhO A cONvIcçãO DE TER DADO UM cONTRIbUTO POSITIvO PARA O PROGRESSO DO DEMEGI”Oitenta anos de Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto nem sempre foram sinónimo de excelência e vanguarda em todas as licenciaturas. Os momentos conturbados dos regimes políticos fizeram-na muitas vezes andar ao sabor da maré, e se hoje é uma instituição de referência na engenharia nacional foi com o esforço e o sacrifício de muitos que este patamar foi alcançado. O BiFEUP esteve à conversa com uma figura emblemática da Faculdade, o profes-sor Vasco Sá, actualmente jubilado e com 76 anos de idade, e conheceu de perto o crescimento do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (DEMEGI), bem como o recente projecto na área de Desenvolvimento de Metodologias de Auto-Avaliação, que envolve a Faculdade de Engenharia (FEUP), a Universidade do Porto (U. Porto) e o Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES).

EnTrEVisTA DE CrisTinA soArEsFoToGrAFiAs DE rui A. CArDoso

O professor viveu diferentes épocas do ensino português, e conheceu a FEuP nessas diferen-ças. Passados 80 anos desde a criação da Facul-dade de Engenharia da universidade do Porto, qual a fase no ensino português que mais o marcou? Pode dar um exemplo concreto?Realmente não creio que possa distinguir apenas uma única fase que tenha marcado a minha passagem pelo ensino na Universi-dade do Porto, quer como aluno, quer como docente.Devo à Faculdade de Ciências a minha forma-ção de base. Tenho sempre presente o rigor, o saber, a seriedade e a grande dignidade com que mestres ilustres exerciam o seu magistério. As matérias eram difíceis, muito abstractas, exigidas com grande rigor, com testes de frequência escritos e provas orais longas (de uma hora ou mais), em que tudo se decidia. As aulas práticas começavam às 8 horas e tínhamos 5 minutos de tolerância!A outra experiência foi frustrante. Lamento imenso não me referir em termos seme-lhantes à formação que recebi em Enge-nharia Mecânica nesta casa, de 1952 a 1955. Os ensinamentos recebidos eram frágeis e particularmente lacunares em matérias de Engenharia Mecânica propriamente dita. O plano de estudos já de si incluía disciplinas sem interesse para o exercício da profissão e os programas eram inadequados. O saber e o empenhamento dos professores engenheiros mecânicos eram francamente maus. Ficavam muito a dever à dignidade das suas fun-ções. Tive naturalmente alguns professores competentes e honestos, pertencentes de raiz a outras licenciaturas, que desempenharam um papel importante na minha formação como engenheiro...

a frustação de que fala “perseguiu-o” quando assumiu a carreira de docente?Como docente, por outro lado, lutei imenso (na década de 60) para manter o curso à tona. Fui obrigado a dar muitas disciplinas diferentes em simultâneo. Lembro-me que

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já ia com um mês de aulas e havia alunos a queixarem-se de não terem ainda aulas numa dada disciplina. Apurei então que o docente em causa, de resto cumpridor em anos anteriores, tinha decidido transferir-se para a Universidade de Lourenço Marques, sem o cuidado de prevenir quem quer que fosse. Mais uma disciplina que veio juntar-se às demais, em cima da hora.A crise no curso atingiu tais proporções que se chegou a cogitar extingui-lo. A continuida-de ficou a dever-se ao Prof. Manuel Correia de Barros, que assumiu a regência das discipli-nas de Turbomáquinas I e II, ambas anuais (após a experiência falhada de contratação de um professor alemão), e o fez com progra-mas judiciosamente desenvolvidos, com o rigor e a profundidade que sempre lhe foram reconhecidos. É nesta fase de docente que posso distinguir aquela que mais me marcou. Entre 1971 e 1984 deu-se corpo à actual licenciatura. Exer-cemos, de um modo totalmente responsável, a autonomia que o 25 de Abril nos deu na prática. Foi uma época de trabalho colectivo fecundo que tive o privilégio de animar con-juntamente com ex-alunos que entretanto convencera a seguir a carreira universitária e que constituem, hoje, o núcleo duro de professores da licenciatura em Engenharia Mecânica. Guardo uma recordação que me é muita grata, das reuniões que fazíamos, al-gumas em minha casa, em que discutíamos o que fazer no futuro. Fomos um dos primeiros grupos, senão o primeiro mesmo, a definir como política global do departamento, além do ensino e a investigação (esta na altura ainda incipiente), uma componente de apro-ximação sistemática ao exterior. Foi também a altura em que se acelerou o programa de formação de docentes em universidades estrangeiras, sobretudo inglesas. Foi logo no início desta fase em que se tomou a decisão de dividir o curso em duas partes, uma de formação geral, comum a todos os alunos,

com quatro anos de duração, seguida de um 5º e último ano de especialização.

como foram os seus anos como docente da FEuP? Foram anos conturbados pelo regime da altura?Não se pode dizer que os anos antes de revolução de Abril fossem conturbados pelo regime de então. A centralização era extrema, mas o poder não sabia o que se passava no terreno. A sensação que recolhi foi de abandono das instâncias superiores, de outro modo não se explica a degrada-ção a que as coisas chegaram no ramo da Engenharia Mecânica. A par de professores, sérios e cumpridores, os da Faculdade de Ciências e de outras licenciaturas da FEUP, havia em Mecânica docentes improvisados, que chegavam a dar apenas duas aulas, a da abertura e a do fecho, e que mesmo assim «varriam» os alunos de 10 a 18. O professor mais graduado que centrava o curso numa máquina já em vias de extinção, a máquina a vapor, perfazia o seu tempo docente com aulas de Oficina, que declarava como suas, e fazia-as dar pelo agente técnico responsável pelas Oficinas Mecânicas. Chegou a haver um funcionário superior que só aparecia para receber o ordenado, porventura porque este não era efectuado por transferência bancária. A degradação era real e em nada abonou o regime da altura. A passagem do 25 de Abril foi muito conturbada, os alunos tomaram conta dos acontecimentos e marquei então

presença assídua nas assembleias-gerais em defesa dos interesses do departamento.

Que memórias tem dos seus alunos?Nenhum professor pode afirmar que não tenha alunos que o detestaram, mas tenho a convicção que a grande maioria tem de mim uma boa recordação, pese embora ter sido exigente. Guardei sempre uma postura de transparência e seriedade. Até 1970 os cursos tinham à volta de 20 alunos, eu aparecia-lhes pela porta em disciplinas que iam do 4º ao 6º ano… tinha assim muito contacto com eles, conhecíamo-nos relativamente bem e posso dizer que os relacionamentos foram sempre bons. São muitos os que se me dirigem a cumprimentarem-me que até tenho dificul-dades em situar. Têm sempre a gentileza de convidar-me para as reuniões de saudade e são calorosos nas demonstrações de simpa-tia. Sinto-me bem tratado pelos docentes de Mecânica, meus antigos alunos, e é entre eles que conto alguns dos meus melhores amigos.

concorda com a opinião de alguns que dizem que a qualidade de ensino e dos alunos tem diminuído substancialmente?Entendo que continuamos a receber alunos de alta qualidade, em termos de inteligên-cia, capacidade de trabalho, motivação e empenho, a par de uma maioria de qualidade média e uma fracção, não despicienda, de alunos maus. Não creio que a distribuição de aptidões seja diferente actualmente do que sempre foi. Contudo, devo dizer que a quali-dade de preparação que trazem do secundá-rio baixou substancialmente. Para a obtenção do diploma de engenheiro, na minha geração, eram exigidos 17 anos de estudo: quatro no primário, sete no liceu e seis na Universida-de. O ministro Veiga Simão, no seu famoso Decreto-Lei 401/70, passou o prazo para 16, encurtou os preparatórios para dois anos e desse modo retirou um ano à frequência universitária.

continuamos a receber alunos de alta qualidade, em termos de inteligência, capacidade de trabalho, motivação e empenho (…) contudo, a qualidade de preparação que trazem do secundário devo dizer que baixou substancialmente

Não sou partidário que a garantia de emprego seja um factor exclusivo na opção por uma carreira

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O 25 de Abril trouxe consigo a criação do 12º ano do secundário, mas afinal tal modifica-ção verificou-se também noutros países, sem passarem por qualquer processo revolucio-nário. O 12º ano não trouxe acréscimo de conhecimentos ou qualquer mudança de atitude positiva quanto à aprendizagem. Na minha geração correspondia ao primeiro ano dos preparatórios e os conhecimentos que aí adquiríamos eram muito superiores aos que os alunos têm actualmente no fim desse ano. Houve essa perda sensível e os efeitos sen-tem-se agora na adopção do Processo de Bo-lonha. Em Mecânica, por exemplo, os alunos ao fim do 4º ano, já têm preparação de base com profundidade e extensão para entrarem no mercado de trabalho. Se o 12º funcionasse cumprir-se-ia o objectivo das licenciaturas de três anos de Bolonha. Efectivamente o 5º ano é de especialização, os alunos ficam bem preparados num determinado campo de matérias, têm capacidade operacional quase imediata se são admitidos em empresas do ramo. Mas um aluno que se coloque num campo profissional diferente da especializa-ção por que optou vale-se dos conhecimentos adquiridos nos quatro anos, a adaptação à actividade profissional será “quiçá” mais longa, mas é absolutamente possível.A partir dos anos 80, assiste-se a um pro-gresso empolgante! Há muitos docentes bem preparados, bons investigadores que estão no topo dos conhecimentos da sua área científica. Professam-se conhecimentos real-mente avançados no 5º ano e nas disciplinas dos mestrados que a Convenção de Bolonha extinguiu formalmente mas faz reaparecer sob a forma de ensino pós-graduado. Em todo o caso ensina-se mais e melhor nos tempos

concebi e pus a funcionar uma metodologia de monitorização do ensino, que se pode considerar simultaneamente como um instrumento de auto-avaliação e um instrumento metrológico

que correm, há ganhos de produtividade do ensino na FEUP.

Na altura optou por engenharia na FEuP porquê?Na altura era engenharia e ponto final, e a escolha só teve que ser feita entre as duas opções que existiam: na FEUP ou no IST. O factor geográfico prevaleceu, como continua a prevalecer nos nossos dias.

ao longo da sua carreira tem feito contribui-ções significativas em muitos domínios não só da engenharia mecânica mas também na área do ensino (nomeadamente área de monitoriza-ção de ensino e novas metodologias de auto-avaliação). Qual tem sido a motivação que o leva a explorar temáticas tão diferentes?Não creio que a minha contribuição científica tenha sido significativa. A investigação no DEMEGI arrancou na segunda metade da década de 70 e eu entrei para a docência em 1957. Fiz a travessia do deserto durante 20 anos e entreguei-me à missão de criar condições para a nova geração de docentes se dedicar à investigação. Tenho realmente muita satisfação nas trajectórias académicas da grande maioria deles. Enquanto director do Departamento de En-genharia Mecânica, no meu último mandato antes de me jubilar, senti que uma boa ges-tão devia conter um bom acompanhamento do desempenho de todos os alunos. Fui então o principal responsável pela alteração pro-cessada no plano de estudos de Engenharia Mecânica e considerei importante medir os

Sou do tempo em que o número de doutoramentos anual, não apenas na FEuP, mas até na uP, era inferior ao número [actual] de doutoramentos dos nossos departamentos mais dinâmicos

nova ferramenta de auto-avaliação promete informação fiável e válida

Foi aluno, foi docente… e actualmente, apesar de jubilado, continua a ser facilmente encontrado no Departamento de Engenharia Mecânica ou pelos corredores da Faculdade. Envolvido como coordenador de um projecto-pi-loto do CIPES – Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior – de que é director o Prof. Al-berto Amaral, antigo reitor, Vasco Sá concebeu e pôs a funcionar uma metodologia de monitorização do ensino, que considera “simulta-neamente um instrumento de auto-avaliação e um instrumento metrológico”.Desenvolvido no quadro de um protocolo entre a U. Porto, a FEUP e o CIPES, a monitorização tem como ponto de partida o registo e acompanha-mento individual de todos os alunos, em termos de aprovações acumuladas. Motivado por ter presidido em 2002 à Comissão de Avaliação das Licenciaturas de Engenharia Mecânica, pela Fundação das Universidades Por-tuguesas, altura em que colocou em evidência as fragilidades do guião adoptado e da própria avaliação, arriscou propor às três instituições (UP, FEUP e CIPES) um novo modelo assente em “fer-ramentas capazes de activar uma auto-avaliação permanente e contínua”, indo de encontro, como gosta de salvaguardar, “ao grande desígnio do sis-tema nacional de avaliação”. Para Vasco Sá este é um estudo difícil, “um pro-cesso dinâmico sujeito a variações sensíveis” mas que comprova que “os valores obtidos na avalia-ção de uma licenciatura dependem da idade aca-démica das analisadas, ou número respectivo de anos de frequência”, como explica. Ergue a voz contra a metodologia usada pelo Ministério de In-vestigação, Tecnologia e Ensino Superior - o survi-val rate (quociente entre o número de aprovações num dado ano escolar e o número de alunos que entraram um número de anos atrás igual à dura-ção do curso), que acusa de “mau e sem qualquer validade” e garante ter uma melhor solução para a avaliação: “Estou apostado em demonstrá-lo, aguardo a análise das licenciaturas que entram no projecto POCI para o fazer. O próprio Ministério acusa os estabelecimentos de ensino superior de um número inadmissível de perdas, sem se lem-brar que por lei 20 % dos alunos mudam de curso e que acaba por contar duas vezes um grande nú-mero de perdas”, salienta.Empenhado em repor a verdade dos números no âmbito da Universidade do Porto, e contando com o apoio da Reitoria, o professor jubilado da FEUP pretende assim criar “um sistema de informação que seja utilizado constantemente pelos docentes e os alivie de funções burocráticas”, objectivo que confirma estar no momento a ser cumprido pelo Centro de Informática (CICA) da FEUP.

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de La Palisse. Sou partidário de cursos de engenharia que privilegiam, tanto quan-to possível, a profundidade e extensão da formação de base, que dê aos que concluem a possibilidade de seguir uma grande va-riedade de trajectórias profissionais. Posso dizer que muitos dos meus alunos atingiram posições de relevo em campos em que não receberam qualquer formação escolar. Há na FEUP professores com posições de destaque enquanto cientistas, em campos que não existiam ainda à data em que se formaram. A batalha da escola pelo emprego dos seus formandos joga-se ao nível da actualização dos conteúdos, sua profundidade e exten-são. Quando muito deve ter um serviço para apoiar e procurar, função que muitas vezes desempenhei pois as empresas era a mim que dirigiam os pedidos de emprego, que eu satisfazia dando os nomes de dois ou mais candidatos, sem antes saber as funções que lhes seriam confiadas e seleccionar então os que pareciam mais indicados. Os estágios de fim de curso, em que o curso de Gestão e Engenharia Industrial foi pionei-ro, seguido pelo de Informática e Computa-ção e algumas opções de 5º ano de Engenha-ria Mecânica, apresentam-se como um bom mecanismo de emprego, pois as empresas

Vasco Sá, nasceu em S. Martinho de Bougado em 1930, e licenciou-se na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto entre 1949 e 1952, onde frequentou os preparatórios de engenharia.Em 1955 termina o curso de Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da mesma Universidade, e antes de terminar o doutoramento em 1976, passa pelas experiências de Assistente Extraordinário da FCUP e bolseiro do Instituto de Alta-costura.Professor-Catedrático da FEUP desde Setembro de 1981, foi director do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (DEMEGI) numa primeira fase, de 1974 a 1981, e na última fase de Fevereiro de 1995 a Junho de 2000. Principal animador e estratega desse Departamento desde a década de 60, esteve intimamente ligado ao seu desenvolvi-mento, que passou pela abertura de várias áreas científicas novas.Presidente da Comissão de Avaliação Externa das Licenciaturas em Engenharia Mecânica em 2001, e investigador do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES) desde 2002, Vasco Sá é actualmente coordenador do projecto “Desenvolvimento de No-vas Metodologias de Auto-Avaliação”, nos termos de um protocolo entre a Universidade do Porto, a FEUP e o CIPES.Agraciado com algumas menções honrosas, o seu currículo conta ainda a passagem por cargos de direcção em alguns dos mais reputados institutos e laboratórios nacionais.Casado e pai de três filhas, Vasco Sanches da Silva Sá é ainda hoje, aos 76 anos de idade, após jubilação, um homem insatisfeito com o sistema de ensino e recusa cruzar os braços.

seus efeitos, tarefa que actualmente percebo, com todo o realismo, que exige uma boa monitorização longa de anos. Efectivamente a primeira cohorte de alunos a ser monito-rizada é a que entrou no ano da alteração, precisando-se de cinco anos para se darem as primeiras conclusões, e de mais quatro para se esvaziar. Os estudos que tenho vindo a fazer evidenciam que é extremamente importante dispor de informação permanen-te que a monitorização nos faculta de uma forma sustentada sem qualquer horizonte temporal de término.

O facto de a FEuP se preocupar cada vez mais com a formação em várias áreas de engenha-ria, nomeadamente em áreas tão recentes como a Bioengenharia, é na opinião do professor mais um motivo para ser a primeira opção dos alunos que se candidatam ao ensino superior?Uma das funções importantes, que nem sempre são objecto de uma boa parte das nossas licenciaturas, é de criar mecanismos correntes de acompanhamento da evolução do ensino em grandes centros internacionais, no sentido de actualizarmos o conteúdo dos cursos na medida das nossas possibilidades, e, sobretudo, das necessidades nacionais.A opção pela área de Bioengenharia afigura-se-me uma decisão oportuna, de grande alcance, na qual a Engenharia Mecânica também deve apostar. Trata-se de uma área de grande futuro e de procura garantida, a avaliar pelos estudos que tenho vindo a fazer.

agrada-lhe o percurso da engenharia nacional?Absolutamente. Sou do tempo em que o número de doutoramentos anual, não apenas na FEUP, mas até na U. Porto, era inferior ao número [actual] de doutoramentos dos nos-sos departamentos mais dinâmicos. O ensino era feito exclusivamente por professores com actividade industrial simultânea, não havia a figura do professor em dedicação exclusiva. Hoje em dia há um corpo substantivo de docentes em dedicação exclusiva efectiva, a fazer investigação, a manterem-se na frontei-ra do conhecimento nas suas áreas de saber. Ninguém acredita que possa haver progresso de qualquer ciência, sem I&D. O facto da investigação vir a ganhar corpo e substância na sociedade portuguesa, pese embora a sua dimensão reduzida e a limitada fracção do PIB que lhe é consagrada, reflecte que há uma evolução positiva das mentalidades, factor extremamente importante para o progresso da nossa ciência e da nossa economia.

Em sua opinião os cursos de engenharia são ainda hoje uma opção que garante emprego?Não sou partidário que a garantia de empre-go seja um factor exclusivo na opção por uma carreira, penso que gostar do que se faz é meio caminho andado para atingir qualidade e construir o sentimento de uma realização pessoal. Isto não quer dizer que pense que as possibilidades de emprego não sejam tidas em consideração.A empregabilidade dos licenciados é um problema sócio-económico-político muito complexo, sujeito a variações importantes com prazos curtos, por vezes inferiores à duração do curso.Um curso universitário não tem que garantir o emprego dos seus formandos, uma verdade

dispõem de um período de seis meses para observar e analisar as competências e perfil psicológico dos estagiários e têm assim a pos-sibilidade de fazer escolhas mais seguras.Bolonha oferece uma possibilidade de reforçar estes mecanismos. O projecto de fim de ano pode e deve funcionar como um mecanismo de aproximar as empresas das potencialidades de I&D da FEUP.

Que mensagem deixa à FEuP após 80 anos de existência?Não é propriamente uma mensagem, mas antes um desejo. Gostaria que a FEUP fosse pioneira de uma prática correcta e contínua de auto-avaliação. Este é o instrumento mais fecundo de progresso do ensino, pois alimenta-se de um bom espírito científico de dúvida, reflecte insatisfação e desejo de fazer melhor, repudia desculpas fáceis de atribuir os defeitos do sistema e aos alunos. É bom ter presente que um bom ensino é uma construção colectiva, que tem tudo a beneficiar de intervenções concertadas de muitos actores. Infelizmente as mentalidades não evoluíram, mantêm-se as tendências de muitos docentes se fecharem nas suas áreas científicas, de se preocuparem pouco com as questões institucionais.

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No início do ano lectivo de 1926–1927, por decreto do Governo a Faculdade Técnica da Universidade do Porto passou a ser designada por Faculdade de Engenharia [1]. Dessa forma foi adaptada à legis-lação que vinha sendo publicada a designação do estabelecimento de ensino superior que formava engenheiros civis na cidade do Porto desde 1837.O decreto que, mudando a designação, também remodelou a organização geral da Faculdade, não alterou o objectivo inicialmente definido por Passos Manuel em 1837 na criação da Academia Politécnica do Porto: “plantar no país as ciências industriais”.A organização da Faculdade Técnica em 1925-1926 resultava do grande empenho e dedicação com que um sempre reduzido corpo docente procurou valo-rizar os poucos recursos que os sucessivos Governos disponibilizaram, durante os setenta e quatro anos de existência da Academia Politécnica (1837–1911), e depois da criação da Universidade do Porto durante os quatro anos como uma Escola de Engenha-ria Anexa à Faculdade de Ciências (1911–1915), e durante os onze anos como Faculdade Técnica (1915–1926). Os conhecimentos e a dedicação do corpo docente activo nesse ano lectivo, permitiram a publicação em 1926 de um plano geral de estudos capaz de promover a formação dos engenheiros que muito iriam contribuir para o desenvolvimento económico e social do país [2].O novo decreto organizador da Faculdade manteve os cursos de engenharia professados desde a cria-ção da Faculdade Técnica da Universidade do Porto em 1915, e que permitiam a obtenção do título de engenheiro civil, de minas, mecânico, electrotécni-co ou químico industrial.Os cursos de Engenharia ministrados na Faculdade de Engenharia continuaram a seguir o mode-lo então seguido em França — a formação dos engenheiros na Faculdade de Engenharia (Escola de Aplicação) durante três anos, em que os alunos frequentavam as disciplinas específicas do respecti-vo curso, depois de já terem frequentado um curso preparatório nas Faculdades de Ciências (Escola Preparatória) durante três anos.Em 1926, a Faculdade de Engenharia da Univer-sidade do Porto é organizada com as diferentes disciplinas distribuídas por grupos que formavam uma área de aplicação técnica específica.O primeiro grupo de disciplinas — construções civis — englobava doze disciplinas. Devido às dificuldades originadas no desinteresse dos Governos, este é um pequeno grupo de disciplinas envolvendo uma área de conhecimento vastíssi-ma. Passados poucos anos sobre a publicação do decreto, em 1929, este grupo teve de ser dividido em três — construções civis, estradas e caminhos de ferro, hidráulica —, melhorando a coordenação e as possibilidades de desenvolvimento das respectivas disciplinas.O segundo grupo de disciplinas — minas — é apenas formado por duas disciplinas extensas (bienais), sendo uma delas a metalurgia.O terceiro grupo de disciplinas — mecânica — for-ma um conjunto coerente e completo de disciplinas dedicadas à Mecânica Aplicada. Resultam natural-

FORMAçãO DE UM ENGENhEIRO

oPiniÃo mAnUel VAz gUedes

mente da evolução da primordial 8ª cadeira (Física e Mecânica Industriais) da Academia Politécnica, onde João Parada Leitão (1809–1880) realçava o carácter da Física Industrial com a importância dos problemas técnicos envolvendo “o consumo de tempo, força e numerário”.O quarto grupo de disciplinas — electrotécnica — traduz uma orientação para a produção e a uti-lização industrial da energia eléctrica, ignorando a formação específica dos alunos que iriam trabalhar nos serviços dependentes da Administração Geral dos Correios e Telégrafos, o que teria de ser corrigi-do em 1931.O quinto grupo de disciplinas — química industrial — encontra-se devidamente comentado num livro de história da autoria do Professor Guedes de Carvalho, publicado pela Faculdade [3].O sexto grupo de disciplinas — ciências económi-co–sociais — dava continuidade e actualização à primordial cadeira de 1857 de Economia Política e Princípios de Direito Comercial e Administra-tivo, que integrou na organização da Academia Politécnica do Porto o Curso de Economia Política estabelecido e custeado pela Associação Comercial do Porto em 1837.Para este conjunto de disciplinas era definido um quadro de docentes exíguo com apenas vinte e nove lugares.Nesta remodelação da organização geral da Facul-dade de Engenharia ficou definido que o ensino era teórico (lições magistrais e conferências), prático e profissional. Os métodos de ensino teórico não traduziam qualquer especificidade ou adaptação, principalmente ao carácter prático dos assuntos.O ensino prático e profissional era de frequência obrigatória e poderia revestir a forma de traba-lhos gráficos, exercícios escritos e conferências, trabalhos de laboratório, excursões pedagógicas ou visitas (de que se poderia exigir um relatório ao aluno), e estágios em serviços ou fábricas. Para os trabalhos práticos eram designados no Decreto organizador alguns laboratórios, museus e gabi-netes da Faculdade, mas estes ou não existiam ou estavam altamente carenciados de equipamento específico.

Prof. manuel Vaz Guedes*

O grau de licenciado na Faculdade de Engenharia só era conferido ao aluno que tivesse terminado o respectivo curso e que tivesse completado um estágio de seis meses

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Apesar da alteração do nome da Faculdade, e da sua organização, o ensino continuou a ser minis-trado no acanhado edifício da antiga Academia Politécnica.É este o molde legal em que, apesar das muitas dificuldades, é definida em 1926 a formação do engenheiro na Faculdade de Engenharia da Uni-versidade do Porto. Desde 1926 muitas alterações ocorreram até à actual situação, mas o objectivo primordial — “plantar no país as ciências indus-triais”— continua a concretizar-se em cada grau académico conferido.

* Professor Associado do Departamento de Engenharia Electro-técnica e de Computadores (DEEC/FEuP), secção de Energia

1 - Decreto 12:696, da Direcção Geral do Ensino superior, publi-cado em 19 de novembro de 1926; Art. 27º e 33º.

2 - Candido dos santos; “Da Politécnica à Faculdade de Engenharia ou as Vicissitudes de uma Grande Escola”, in “memórias da FEuP”, pp.138-147, FEuPedições 2001

3 - rodrigo Guedes de Carvalho; “História do Ensino da Engenharia Química na universidade do Porto (1762–1995)” FEuPedições 1998

FEuP aceita desafio internacional

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior anunciou no passado mês de Outubro, conjuntamente com o Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), um conjunto de planos de co-laboração a longo prazo que visa alargar significati-vamente a investigação e o ensino da engenharia e gestão nas principais universidades portuguesas.Esta iniciativa, a primeira do seu tipo alguma vez levada a cabo pelo governo português, irá envolver

mais de 40 professores, vários investigadores e um número alargado de alunos de um consórcio de fa-culdades de engenharia, ciências e tecnologia, eco-nomia e gestão, de sete estabelecimentos de ensino superior em Portugal, entre os quais a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, juntamente com um grande número de centros de investigação, laboratórios associados e laboratórios do Estado.Caracterizado por levar a cabo iniciativas de ensino e de investigação, o “Programa MIT-Portugal” pre-tende reforçar a base de conhecimentos nacionais a um nível internacional através do investimento estratégico em pessoas, conhecimentos e ideias apostando “no reforço das competências científi-cas e tecnológicas”, conforme adiantou o Primei-ro-Ministro português, José Sócrates, durante a sessão pública de apresentação do programa. José Sócrates adiantou ainda que “o papel essencial das actividades de investigação e desenvolvimento é, inegavelmente, o dever de um Governo responsável e com sentido do futuro”, disse.Com a participação de todas as partes envolvidas, o “Programa MIT-Portugal” dá assim a oportunidade ao Massachussetts Institute of Technology (MIT) de obter informações sobre o planeamento, concepção e implementação de quatro grandes áreas de inves-tigação: os sistemas de transportes, os sistemas de energia, a concepção de produto e a bioengenharia em Portugal, todos eles sectores críticos da econo-mia global.

Importa referir, que esta colaboração foi concebida com base num estudo de avaliação realizado pelo MIT entre Fevereiro e Julho de 2006, envolvendo vários professores do instituto norte-americano, tendo concluído que, entre outros aspectos “a excelência da investigação encontrada nos centros de investigação portugueses ao longo do exercício de avaliação (…) o empenho do governo português em reforçar a ciência e a tecnologia”, apresentam Portugal como “um país interessante para se fazer investigação e um parceiro relevante para futuros projectos de colaboração numa economia emergen-te globalizada e baseada no conhecimento”, como pode ler-se no respectivo estudo.

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portugueses na rota da globalização tecnológica

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Foram celebrados nos últimos meses, por ini-ciativa do Governo Português, um conjunto de acordos entre universidades e centros de investigação portugueses e universidades estrangeiras de referência, que visam posi-cionar as instituições envolvidas na linha da frente do ensino e investigação a nível mundial.A Faculdade de Engenharia da Universida-de do Porto (FEUP) é uma das instituições envolvidas que vê algumas das suas fortes componentes de investigação - os Sistemas de Energia, Engenharia de Concepção e De-senvolvimento de Produto, o Fabrico Avança-do, a Robótica, os Sistemas de Transportes e a Bioengenharia -, no patamar internacional rumo ao futuro. Até ao momento já foram assinados dois protocolos – com o Massa-chussetts Institute of Technology (MIT) e a Carnegie Mellon University (CMU).

mIt envolve mais de 40 professores, vários investigadores e um número alargado de alunos de sete estabelecimentos de ensino superior em Portugal, entre os quais a FEuP

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sistemas de TransportesUma das quatro áreas sobre as quais incide o MIT-

Portugal é a dos sistemas de transportes que abran-ge a concepção de grandes e complexos sistemas de transportes com um impacto social relevante e que possam constituir uma oportunidade para o desen-volvimento económico sustentável em todo o pais, área na qual a Faculdade de Engenharia tem dado contributos significativos, nomeadamente sob a ba-tuta de Álvaro Costa, docente da FEUP e especialista na área de transportes.

O programa, que estará em discussão num workshop agendado para o final de Janeiro, irá con-templar iniciativas de ensino e investigação com ênfase no planeamento regional de transportes in-termodais e a implementação de várias aplicações de Sistemas Inteligentes de Transportes (SIT) urbanos e interurbanos por todo o país. Também o desenvol-vimento de cursos de mestrado e doutoramento se prevê incluir neste programa.

sistemas de BioengenhariaTirando ainda partido das competências existentes

em Portugal nas áreas de engenharia de bioreacções, biologia molecular, bioseparação, tecnologia de cé-lulas animais, engenharia de enzimas, biomateriais, regeneração de tecidos, imagem e sinal biomédicos, a colaboração FEUP passará também pela área de Siste-mas de Bioengenharia.

A parceria académica com o MIT incluirá a criação de um novo programa interinstitucional de pós-gra-duações e de doutoramento em Sistemas de Bioenge-nharia visando formar em Portugal uma nova geração de líderes em inovação técnica na área, o desenvolvi-mento de curricula em diferentes vertentes incenti-vando ao contacto com empresas biomédicas, e ainda a promoção de acções de I&D e investigação em bio-tecnologia industrial, de saúde e ambiental.

Mário Barbosa, director do Mestrado Integrado em Bioengenharia na FEUP, revela que a grande vanta-gem deste acordo se vai verificar ao nível do ensino com a permuta de alunos e professores e na interna-cionalização dos nossos cursos.

energia é um dos temas eleitos do miT/Portugal

O Governo Português tomou a iniciativa de associar algumas Universidades prestigiadas, americanas, na ocorrência, ao processo necessário e urgente de entrosamento da Universidade e das Empresas entre nós. Mais do que os temas cobertos, neces-sariamente em número reduzido, é de sublinhar o contributo desta iniciativa para a intensificação da dinâmica produtiva do sistema científico das ver-tentes tecnológica e de gestão, em particular na relação com o desenvolvimento tecnológico e eco-nómico, em ligação estreita com as empresas.A energia foi um dos temas eleitos. Portugal é o se-gundo país da União Europeia mais dependente de recursos energéticos importados (mais de 85%) dos quais a quase totalidade é de combustíveis fósseis. Com uma elevada intensidade energética, Portugal apresenta uma produtividade baixa, a par de uma também baixa capitação energética. Por outro lado, é energeticamente ineficiente e produz um excesso de emissões de CO2 em relação aos com-promissos assumidos no quadro de Quioto. Mas, em contrapartida, Portugal tem abundantes recur-sos energéticos renováveis passíveis de progressiva exploração em função da evolução tecnológica e com cambiantes de aplicação no terreno com algu-ma marca de singularidade. A abordagem da problemática energética no qua-dro do protocolo MIT/Portugal só poderia, por isso, valorizar a eficiência e as energias renováveis, de-signada em inglês Sustainable Energy Systems. Mas, neste âmbito, mais do que privilegiar as tec-nologias energéticas, de conversão ou de utilização eficiente da energia ou de energias renováveis o programa, que mereceu o acordo das duas partes, centra-se prioritariamente nos sistemas energéti-cos, sejam eles, por exemplo, o da produção, trans-porte e distribuição de electricidade, do lado da oferta, sejam os sistemas de mobilidade urbanas, industrias ou sistemas urbanos ou mesmo grandes conjuntos edificados, etc. As tecnologias dos equipamentos, na sua multi-plicidade e diversidade, tendem a ter um percurso entre a investigação e o desenvolvimento tecnoló-

gico, em geral, bastante longo. Em contrapartida, intervir nos sistemas permitirá oferecer ao desen-volvimento do país, na vertente energética e nas suas relações com a produtividade da economia e a intensidade energética e com o ambiente, um conjunto ágil de instrumentos com um potencial de aplicação mais célere e sensível no tecido tec-nológico da energia (lado da oferta) mas, também na organização dos sistemas produtivos e outros, regionais e urbanos (lado da procura). Conquanto os sistemas sejam, naturalmente, baseados nas tecnologias mais avançadas, a sua optimização na óptica da sustentabilidade significa privilegiar a or-ganização, o planeamento, a simulação e a optimi-zação, o desempenho e o ‘benchmarking’ segundo modelos reprodutíveis aos mais diversos níveis, no país e no exterior. A associação ao MIT (Massachussets Institute of Technology), para além de criar uma plataforma de interacção científica e tecnológica através de um diálogo intenso sobre o tema da energia, permitirá, sobretudo, capitalizar numa experiência reconheci-da de investigação, formação avançada e promoção de novas empresas de base tecnológica. Será esta, porventura, a faceta de maior valor acrescentado desta oportuna parceria.A Universidade do Porto está envolvida nesta área temática, entre outras, através da FEUP e dos seus institutos afiliados, INESC e IDMEC. Neste quadro, para além de projectos que serão desenvolvidos em estreita cooperação com empresas portuguesas do sector, serão desenvolvidos programas de douto-ramento e de formação avançada de índole profis-sional em estreita cooperação com professores do MIT. O trabalho, formalmente já iniciado, terá em 2007 o seu primeiro ano efectivo e envolverá, por parte da FEUP, as lideranças do Prof. J. A. Peças Lo-pes e do signatário e verá os frutos das parcerias Universidade - Empresa expressos em novos pro-dutos de índole científica, metodológica ou instru-mental e em novas competências em interacção permanente.

Eduardo Oliveira Fernandes PROFESSOR CATEDRÁTICO DO DEMEGI/FEUP, Secção de Fluidos e calor

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o EnvoLvImEnTo Da fEUP no ProGrama DE coLaBoraÇÃo com a cmU – carnEGIE-mELLon UnIvErsITy

A 27 de Outubro de 2006 foram assinados vários contratos entre a Fundação de Ciências e Tecnologia (FCT), representando o Governo Português, a Carne-gie-Mellon University (CMU) e diversas instituições nacionais, entre as quais se contam a Universidade do Porto, a FEUP e o INESC Porto, visando disponibi-lizar um apoio de 56 milhões de euros, entre 2006 e 2011, para a área de tecnologias de informação e comunicação (TIC).Debruçando-se sobre a engenharia de software, redes de informação, segurança de informação e tratamento computacional da língua, entre outras, o programa “CMU-Portugal” pretende reforçar a capacidade científica do nosso país no sector das TIC, procurando envolver os principais actores que nele operam: as instituições de ensino superior e de investigação e as empresas.O acordo, que prevê a criação de uma entidade virtual, o ICTI – Information Communication Tech-nology Institute, surge como uma parceria entre a CMU e as instituições portuguesas envolvidas, e será responsável pela implementação do programa de colaboração, onde está incluída uma compo-nente de ensino que envolve o estabelecimento de cursos em parceria com a CMU, com grau dual, ao nível da formação avançada, do tipo mestrado profissional e doutoramento. Até ao momento as universidades do Minho, Aveiro e Porto acordaram uma estratégia comum relativamente à colabo-ração com a CMU no âmbito dos doutoramentos, possibilitando que um aluno que se candidate a qualquer programa doutoral relevante numa destas três universidades, possa igualmente candidatar-se ao programa doutoral equivalente na CMU.No âmbito da FEUP as áreas de colaboração priori-tárias já identificadas correspondem aos douto-ramentos da CMU em Electrical and Computer Engineering e em Computer Science. Contudo, só

Engineering design and advanced Manufacturing desafia investigadores portugueses

No âmbito do protocolo entre o Governo Portu-guês e o M. I. T., o Programa EDAM – Engineering Design and Advanced Manufacturing lança um conjunto de desafios às instituições a ele ligadas (Escola de Engenharia da Universidade do Mi-nho, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Instituto Superior Técnico, institutos de interface, parceiros industriais e centros tec-nológicos) que poderão servir para posicionar essas instituições na linha da frente do ensino e investigação a nível mundial. Esse programa in-clui actividades educacionais e de investigação e fomenta a participação da indústria nessas acti-vidades. De facto, na parte educacional, existe um Programa de Formação Avançada “TME – Tech-nology Management Enterprise” e um Programa Doutoral “LTI – Leaders for Technical Industries” que estão orientados para a perspectiva económi-ca do desenvolvimento de produto, passando pela optimização da selecção de materiais e processos de fabrico. Estes programas, que terão início em Setembro de 2007, serão precedidos por quatro

Seminários de divulgação das metodologias a utilizar: dois para executivos e dois para investi-gadores.Na parte de investigação, o programa inclui uma iniciativa piloto de lançamento do processo de trabalho em conjunto para as diferentes institui-ções de I&D, com base em sugestões de parceiros industriais. Seguir-se-á, o lançamento de activi-dades de I&D em diversas áreas: DFP – Design for Function and Performance, ECO - Eco – Design, D4P - Design for Pleasure, DFM - Design for Manu-facturing, SCM - Supply Chain Management, MOB – Mobility Concepts, AERO – Aeronautic Solutions, BIO – Bioinspired Design, PDDM – Product Design and Development Management. O programa inclui, para cada instituição académi-ca, o apoio a alunos de doutoramento, bolsas de pós-doutoramento, estadia de docentes no M.I T., por períodos até seis meses, para preparação de disciplinas a funcionarem no âmbito dos progra-mas de formação avançada e doutoral, bem como a possibilidade de estadia, em Portugal, de Profes-sores Estrangeiros convidados pelo período de um ano, renovável até cinco anos.O impacto desta acção dependerá, para além da garantia de um dado financiamento, da atitu-

dentro de algumas semanas será disponibilizada mais informação pelos programas de doutora-mento em Engenharia Informática, Engenharia Electrotécnica e de Computadores, assim como pelos novos programas de doutoramento conjunto com as universidades do Minho, Aveiro e Porto em Informática e em Telecomunicações.

João Falcão e Cunha, docente da FEUP e coordena-dor local da negociação com a CMU, adiantou ao BiFEUP que “a FEUP está no momento a iniciar o processo de selecção das disciplinas dos progra-mas doutorais que irão ser objecto de certificação por parte da CMU”. O professor revelou ainda que “na candidatura à certificação serão relevantes os conteúdos programáticos, os métodos de ensino e aprendizagem, os recursos disponibilizados e o curriculum vitae dos docentes”. A colaboração com a CMU passa ainda por projectos de investigação envolvendo necessariamente teses de doutoramento, com orientação conjunta de docentes da FEUP, sobretudo do DEEC, e da CMU.

assInaTUra DE acorDo com UnIvErsIDaDE Do TExas Para BrEvE

Na sequência de uma avaliação realizada por docentes e investigadores da University of Texas at Austin (UTA), entre Abril e Setembro de 2006, a

de que as instituições adoptarem no sentido de tirarem partido do mesmo. De facto, surge ago-ra a oportunidade de se lançarem os docentes e investigadores mais jovens em acções que visam o desenvolvimento de novo paradigma educacio-nal, em que a investigação de elevada qualidade estará intimamente ligada aos novos programas curriculares, no sentido de promover uma atitu-de de empreendedorismo para actividades de fabrico e desenvolvimento de produto baseadas no conhecimento. Para isso, será necessária uma perspectiva integrada de ensino que promova, simultaneamente, desafios intelectuais e capaci-dade de assumir riscos, conduzindo a lideranças sólidas e consolidadas em saber.O desafio passará, também, pela capacidade de trabalho em conjunto das diferentes instituições envolvidas no programa, sabendo tirar partido do seu conhecimento específico.

António Torres MarquesPROFESSOR CATEDRÁTICO DO DEMEGI/FEUP, Secção de Mecânica Aplicada

grupos e instituições universitários nacionais, será assinado brevemente uma outra parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e outras instituições portuguesas.O “Programa UTAustin – Portugal” envolve duas componentes distintas, nomeadamente (segundo Resolução do Conselho de Ministros 132/2006, de 13 de Outubro): a educação avançada e investigação em conteúdos digitais e multimédia, e o desen-volvimento de um consórcio internacional sobre «University Technology Enterprise Network», orientado para a valorização económica da ciência e tecnologia; e o desenvolvimento de novas empre-sas de base tecnológica. Desta forma, e no âmbito deste programa as universidades portuguesas serão envolvidas na componente de conteúdos digitais e multimédia e na comercialização de ciência e tecnologia que inclui a formação de profissionais em transferência tecnológica e programas de mobi-lidade e cooperação empresarial.No momento estão a decorrer negociações que pretendem estabelecer os termos precisos da parti-cipação da FEUP no acordo, estando a ser preparado um envolvimento de grupos de investigação de todas as instituições de ensino envolvidas, com vista à transversalidade do multimédia.

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O acordo com a cmu pode ser aproveitado para reforçar a afirmação internacional das capacidades e competências da FEuP

as universidades portuguesas serão envolvidas na componente de conteúdos digitais e multimédia e na comercialização de ciência e tecnologia

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) acolheu e organizou, juntamente com o Jornal Motor, no passado dia 4 de Dezembro, um colóquio sob o tema “Fórmula 1 em Português” que pretendeu aproximar o desporto automóvel dos futuros engenheiros e proporcionar uma conversa entre os participantes e os pilotos.A iniciativa decorreu no auditório da Faculdade e contou com a presença dos quatro pilotos portugue-ses que chegaram à Fórmula 1: Tiago Monteiro, Pedro Lamy, Pedro Matos Chaves e Mário de Araújo «Nicha» Cabral (primeiro piloto português na Fórmula 1).

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Colóquio “Fórmula 1 em Português” reúne figuras emblemáticas do automobilismo

desporto automóvel enche auditório da feup

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Domingos Piedade, com uma experiência diversifi-cada de muitos anos na disciplina, António Araújo, ex-aluno da FEUP que desempenha actualmente funções técnicas na equipa da Toyota Fórmula 1, e ainda os pilotos, Adruzilo Lopes, João Baptista, José Pedro Fontes, Lígia Albuquerque, Nuno Baptista e Paulo Marques, foram também figuras emblemáti-cas presentes.

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Paralelamente ao colóquio, decorreu no parque de estacionamento da FEUP uma exposição de carros constituída por modelos de competição. O Chevron com que Daniel Vidal se sagrou Campeão da Taça Nacional de Clássicos, no passado dia 12 de Novem-bro, foi uma das fortes presenças.

O Lola T210 de Serafim Ribeirinho Soares foi também uma das fortes presenças nas instalações da FEUP. Recordamos que o Lola T210 terminou a edição 2006 da Taça Nacional de Clássicos, na segunda posição.

Fotografias de Rui A. Cardoso

Projecto CALE assinala Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

A FEUP apresentou no transacto mês de Novembro, numa sessão pública, uma ferramenta inovadora que permite aos invisuais o acesso aos computa-dores pessoais. Sob a forma de um CD multimédia interactivo, com saídas através da linha Braille ou de voz sintetizada, este projecto, denominado “Cur-so de Acesso ao Computador Pessoal Usando o leitor de Ecrã” (CALE), constitui, para Diamantino Freitas, professor do Departamento de Engenharia Electro-técnica e de Computadores (DEEC) e coordenador do programa, “uma ferramenta inovadora que se adapta às diferentes necessidades de aprendizagem

dos utilizadores”, como explica.A apresentação contou com a presença de invisuais – nomeadamente representantes e dignitários de diversas associações – que testaram, in loco, esta nova ferramenta. Este projecto de tutorial foi concebido para o leitor de ecrã JAWS (Job Access With Speech – um software da Freedom Scientific) e é constituído por diversos módulos para diferentes níveis de conhecimento – iniciado, intermédio ou avançado -, facilitando dessa forma a adaptação às diferentes necessidades de aprendizagem. O CALE foi criado a partir de uma ideia proposta por um grupo de pessoas cegas ou com baixo índice de visão, também responsáveis pela elaboração dos conteúdos, enquanto o motor informático do programa foi desenvolvido na FEUP. A equipa res-ponsável pelo desenvolvimento do CALE produzirá e distribuirá gratuitamente 500 exemplares do CD. A iniciativa inseriu-se nas comemorações do Dia In-ternacional das Pessoas com Deficiência, assinalado a 3 de Dezembro.

www.fe.up.pt/~cale/

NOva tEcNOlOGIa “BluEtOOth” DOS tElEmóvEIS

Diamantino Freitas, do DEEC, desenvolveu ainda recentemente mais “uma tecnologia ao serviço das pessoas com necessidades especiais”. Um telemóvel com tecnologia “bluetooth” que vai ajudar as pesso-as cegas ou com graves problemas de visão a chegar às estações de metro e a orientar-se dentro delas. Com o apoio da empresa Metro do Porto, o professor e investigador da FEUP fez nascer dois projectos que entram em funcionamento dentro de um ano: Infometro e Navmetro. O primeiro que permite aos cegos que, através de uma simples chamada, se lo-calizem e obtenham todas as indicações do percurso até à estação de metro mais próxima, bem como os horários e o tempo de espera. O segundo é um sistema a funcionar já no interior da estação e que indicará, por exemplo, onde se situam as escadas e os elevadores.

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto apresentou no passado dia 29 de Novembro, na Biblioteca da instituição, uma ferramenta inovadora que vai facilitar o acesso dos invisuais ao computador pessoal. A solução encontrada resulta de um projecto de investigação do Departamento de Engenha-ria Electrotécnica e de Computadores, de seu nome CALE – “Curso de Acesso ao Computador Pessoal Usando o leitor de Ecrã”, coordenado pelo professor Diamantino Freitas.

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Equipa da FEuP desenvolve ferramenta para invisuais que permite acesso ao computador pessoal

Alunos da FEuP preparam carro de corrida de baixo custo

FEUP apresenta “Desafio Único”A Faculdade de Engenharia da Universida-de do Porto recebeu no passado dia 19 de Dezembro, pelas 17 horas, na Sala de Actos, a apresentação nacional do “Desafio Único”. A iniciativa trata-se de uma competição au-tomóvel de baixo custo promovida pela FEUP, regulamentado pela Federação Portuguesa Automobilismo e Karting (FPAK).

A FEUP lançou no passado mês de Dezembro o “De-safio Único” e provou que é possível promover e di-namizar a competição automóvel em Portugal sem gastar mais de 2200 euros. Da responsabilidade do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (DEMEGI) da FEUP, e regulamentado técnica e desportivamente em estreita colaboração com a Federação Portuguesa Automóvel e Karting (FPAK), o “Desafio Único” consiste numa competição automóvel direccionada para todos os jovens que manifestem apetência e gosto pelo desporto auto-móvel. Esta competição automóvel, será integrada na categoria Open de Velocidade organizada pela FPAK, também designada por “Campeonato Open de Velocidade”, e obriga apenas os interessados a montar um Fiat Uno de acordo com os regulamen-tos e acelerar nas cinco pistas ainda a designar.Com o objectivo principal de construir um carro de competição de baixo custo – que não ultrapassa os 2200 euros – e acessível a todos, o projecto visa ainda desmistificar a ideia de que o automobilismo está apenas ao alcance de alguns, daí reservar-se

a automóveis da marca Fiat, modelo Uno 45 S, um carro económico, com uma elevada ofertas no mercado, onde facilmente se encontram peças disponíveis para equipá-lo, apresentado ainda uma elevada fidelidade mecânica.

www.fe.up.pt/desafio/

O protótipo da FEUP já está operacional, tendo sido testado em pista por diversos pilotos externos à faculdade que elogiaram o comportamento do carro e o consideraram competitivo dentro da classe.Recordamos que o “Desafio único” é um dos projec-tos PESC – Projectar, Empreender e Saber Concre-tizar -, trabalhos que visam o desenvolvimento de capacidades de trabalho em grupo multidisciplinar, liderados por alunos de vários cursos da FEUP, que concretizam produtos com valor comercial, aposta da FEUP desde com o objectivo de incentivar uma aprendizagem mais eficiente e proporcionar diversas oportunidades de formação além da actividade curricular.

Jornadas de Química reúnem peritos para debater energia

Sexta edição das “Jornadas DEQ/FEUP” incentiva às energias do futuroO Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto acolheu e organizou no passado mês de Novembro a sexta edição das Jornadas de Química. Sob o mote “A Energia no Caminho da Engenharia”, o evento decorreu no audi-tório da instituição e contou com diferentes especialistas em energias nuclear, eólica e biocombustível.

Biocombustíveis e células de combustíveis, e a energia eólica foram alguns dos temas em destaque na sexta edição das Jornadas de Departamento de Engenharia Química da FEUP.Sob o mote “A Energia no Caminho da Engenharia”, numa tentativa conseguida de debater as energias do futuro, o evento alertou para a urgência de se encontrar uma alternativa viável para a redução da enorme dependência face à utilização do petróleo, a subida constante do preço daquela energia e a controvérsia gerada em torno da energia nuclear.Apresentando soluções energéticas alternativas e respectiva viabilidade, a temática foi debatida

por um quadro de oradores de topo, entre os quais alguns de renome internacional, que debateram três módulos distintos: Desafios Energéticos para Portugal; Novas Energias para Transportes; e Novas Energias para Produção de Electricidade.Importa referir que as Jornadas do DEQ são uma iniciativa anual, promovida pelos alunos do De-partamento de Engenharia Química da FEUP, que visam abordar o futuro da indústria química e o papel do engenheiro (químico).

convIDaDos DE ToPo PrEEncHEm PaInEL «DE LUxo»Expedito José de Sá Parente, o investigador brasi-leiro que conseguiu a primeira patente mundial de biodiesel; Carlos Varandas, presidente do Centro de Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico de Lis-boa; e Campos Rodrigues, director da SER – Soluções Racionais de Energia, uma empresa nacional que depois de três anos de investigação com o INEGI e INETI colocou o mercado mundial uma pilha de combustível a hidrogénio inovadora na gama de potências de 100W, foram algumas individuali-

dades do mundo da engenharia presentes neste encontro. O painel de convidados foi ainda preenchido por Álvaro Henrique Rodrigues, docente da FEUP e membro do Centro de Estudos de Energia Eólica e Escoamentos Atmosféricos, Pedro Sampaio Nunes, consultor de empresas, Luís Braga da Cruz, presi-dente do OMIP – Operador Mercado Ibérico Pólo Português –, e Soares Mota, da Galp Energia.

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Veículos autónomos submarinos da FEuP vencem “Prémio BEs inovação”

Sistema “SeaScout” distinguido de entre 145 projectos a concursoO sistema “SeaScout” desenvolvido pelo Laboratório de Sistemas e Tecnologia Suba-quática (LSTS) da FEUP, no âmbito do projecto PISCIS (Protótipo de um Sistema Integrado para Amostragem Intensiva do Oceano Costeiro), foi recentemente distinguido com o “Prémio BES Inovação”. De um total de 145 candidaturas recebidas pelo Banco Espírito Santo, o projecto FEUP foi anunciado como um dos seis premiados do segundo “Concur-so Nacional de Inovação BES” (CNIBES), pela sua autonomia e baixo custo.

O sistema modular “SeaScout” para a recolha de dados oceanográficos e ambientais no meio submarino, desenvolvido no âmbito do projecto “PISCIS” (Protótipo de um Sistema Integrado para Amostragem Intensiva do Oceano Costeiro) pelo Laboratório de Sistemas e Tecnologia Subaquática (LSTS), foi distinguido com o “Prémio BES Inova-ção” - iniciativa do Banco Espírito Santo em par-ceria com várias entidades e que visa estimular e incentivar o esforço de I&D individual, académico e empresarial.O “SeaScout” apresenta quatro características fundamentais: o baixo custo do sistema em todo o seu ciclo de vida (aquisição, operação, manuten-ção e evolução); a integração das mais recentes tecnologias; a facilidade de operação e interopera-bilidade; e, a integração com outros sistemas.Importa registar que o projecto de investigação de robótica submarina é constituído em consór-cio pela Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) e pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e financiado pela Agência de Inovação no âmbito do projecto POSI. Foram ainda parceiros no projecto o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI).

sEGUnDa EDIÇÃo Do cnIBEs EnTrEGa 60 mIL EUros ao LsTsEsta foi a segunda edição do “Concurso Nacional BES Inovação” e premiou (de entre 145 candidatu-ras) os melhores seis projectos de I&D nas áreas relacionadas com: Energias Renováveis, Saúde, Economia Oceânica, Processos Industriais e Turis-mo, áreas de aplicação apontadas como críticas para o desenvolvimento da economia portuguesa.O valor atribuído em prémio foi de 60 mil euros para cada uma das áreas em concurso subdividido em três componentes: prémio pecuniário no valor de 25 mil euros; apoio para registo de patente ou outra forma de protecção de propriedade intelectual, no valor de 10 mil euros; e o estudo de viabilidade do negócio, no valor de 25 mil euros, executado pelo Banco Espírito Santo de Investi-mento.

NORtE-amERIcaNOS INtERESSaDOS Em cOmPRaR mINI-SuBmaRINO

Universidades e centros de investigação dos esta-dos norte-americanos de Michigan e da Califórnia estão de olhos postos no pequeno submarino “SeaScout”. O interesse dos norte-americanos surge na sequência de uma demonstração efectuada em Outubro, nos Estados Unidos, O submarino, com apenas 1,20 metros de com-primento, funciona autonomamente debaixo de água “graças a um computador de bordo”, como contou o investigador João Tasso Borges, e tem a vantagem, face a outros sistemas modulares, de ser quatro vezes mais barato, ou seja, não chega a 50 mil euros.

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universidade do Porto assina protocolo de cooperação com Marinha Portuguesa

No contexto do desenvolvimento deste projecto e da investigação em Robótica Submarina que o LSTS desenvolve desde 1996, assume particular destaque a assinatura do protocolo de cooperação entre a Universidade do Porto (U. Porto) e a Ma-rinha Portuguesa, no passado dia 16 de Novem-bro. O acordo visa a cooperação na investigação e desenvolvimento de sistemas de veículos sub-marinos e veículos aéreos autónomos e pilotados remotamente, bem como sistemas de comando e controlo. Dada a existência de dificuldades na transmissão de dados para a superfície, a ideia é enviar um outro veículo que se encontre com o submarino inicial e conseguir que os dados pas-sem de um veículo para o outro, de modo a que a informação seja salvaguardada.

Em parceria com outras instituições, FEuP desenvolve projecto mAPA

2007 será o ano da Arte e TecnologiaA Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em parceria com outras institui-ções, encontra-se a desenvolver um projecto que visa procurar formas de agregar acti-vidades, recursos e expressões nas áreas da Arte e Tecnologia. O projecto, que se intitula “MAPA”, terá expressão em várias activida-des no decurso do ano de 2007.

Com vista a agregar actividades, recursos e ex-pressões nas áreas de Arte e Tecnologia que hoje tendem a existir de forma dispersa, a Faculdade de Engenharia e a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, juntamente com a Escola de Artes da Universidade Católica, mobilizaram um primeiro encontro nacional para a criação de uma plataforma que constituirá um “mapa” colectivo de possibilidades nas dimensões criativa, tecnológica, cultural e social. A iniciativa terá expressão em vá-rias actividades no decurso do ano de 2007 e apre-senta-se como um espaço de diálogo vivo e crítico,

uma comunidade para a qual se espera o contributo entusiástico dos criadores e das instituições cultu-rais, empresariais, universitárias e de investigação. O projecto MAPA foi apresentado no final do mês de Novembro, num encontro que contou com a presença de muitos dos protagonistas do panorama nacional da arte e da tecnologia. Cientistas, artistas e programadores, provenientes de instituições públicas e privadas de todo o país reuniram-se com vista à ampliação dos propósitos de um projecto comum e à definição de estratégias concertadas.Neste momento o “Mapa” encontra-se a ganhar forma: auscultando vontades, pensando os moldes de colaboração e consolidando as estra-tégias para a criação de uma estrutura que conjuge todos os esforços e potencie novas experiências no domínio das artes digitais. O próximo evento reali-za-se já em Maio, na Universidade de Aveiro.

www.fe.up.pt/mapa Foto

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microsoft recruta na Faculdade de Engenharia

Alunos da FEUP voam rumo à DinamarcaA multinacional Microsoft recrutou no passado dia 15 de Janeiro três alunos da FEUP para trabalharem no Centro de Desenvolvi-mento de Copenhaga, na Dinamarca. Filipe Lamego, Tiago André Silva e João Filipe Magalhães foram os alunos seleccionados, sendo que os estágios começam já no dia 1 de Março de 2007.

Dois representantes do Centro de Desenvolvimen-to de Copenhaga da Microsoft deslocaram-se em Janeiro à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto para efectuarem, pela segunda vez, o recrutamento e a selecção de alunos finalistas do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação (MIEIC) para estágios curriculares a realizar na Dinamarca. O perfil do curso bastante adequado às necessidades do mercado e o desempe-nho de excelência dos três alunos escolhidos em 2006 (actualmente parte integrante da empresa) justificam o regresso destes especialistas à institui-ção em 2007.Filipe Lamego, Tiago André Silva e João Filipe Maga-lhães foram assim os três alunos que, já a partir de 1 de Março de 2007, estarão na Dinamarca.

De referir que estes contactos com a Microsoft resultam da forte articulação existente entre a di-recção do curso e a Associação de Antigos Alunos da Licenciatura em Engenharia Informática e Compu-tação (AlumniLEIC). Raul Vidal, director do curso, e grande impulsionador dos contactos entre o MIEIC e as empresas, revela que esta visita da Microsoft prova “que a qualidade dos processos utilizados na FEUP estão a ser muito bem sucedidos”.

maIS tRêS aluNOS Da FEuP Em BREvE NO cERN

O CERN – um centro de excelência, situado na Suíça, que reúne físicos de todo o mundo numa colaboração internacional que requer uma avan-çada tecnologia de comunicação e intercâmbio de dados -, irá muito brevemente receber mais três alunos do MIEIC da FEUP. O número de engenheiros FEUP que já passaram por aquele que é considerado o maior centro mun-dial de investigação do seu tipo, que junta cerca de 6500 cientistas, de mais de 80 nacionalidades, é bastante positivo e cresce de ano para ano, corres-pondendo actualmente a cerca de 20.

“Micro Áudio Waves” revelou-se uma aposta arrojada do Comissariado Cultural no último trimestre de 2006, que fez subir ao palco do auditório Cláudia Efe (voz), C. Morg (programações e instrumentos) e Flak (programações e instrumentos), uma tripla considerada em 2006 «la coqueluche» em Paris.

Inserido num Ciclo de Música que contou com a presença de vários profissio-nais da música, este espectáculo foi, sem sombra para dúvidas, um brinde à cria-tividade musical digno de registo.

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Ícone da electrónica portuguesa no seu melhor

“PrémIoS InDUSTrIA” InCEnTIvAm à moTIvAção

o Departamento de Engenharia metalúrgica e de materiais (DEmm) da Faculdade de Engenharia da universidade do Porto atribuiu, no passado dia 18 de novembro, os Prémios indústria aos alunos ins-critos pela primeira vez na lEmm no ano lectivo de 2004/2005. Este prémio resulta do patrocínio de um consórcio de empresas industriais que exercem acti-vidade na área de Engenharia metalúrgica e de ma-teriais e que usufruem de formação assegurada por este Departamento.

numa cerimónia pública em que foram distribuídos dez prémios, no montante de mil euros cada, aos alu-nos com melhor média de candidatura, e se premiou igualmente os melhores alunos de cada ano.

A oportunidade foi ainda aproveitada para home-nagear o Engº Jorge Casais, sócio-gerente da FErEsPE, e ex-aluno do DEmm, por ocasião do 25º aniversário do primeiro vazamento efectuado naquela unidade industrial.

Das ilustres presenças contou-se ainda com a do Prof. Josep maria Guilemany, da universidade de Bar-celona, que proferiu a palestra “os materiais como motor da inovação industrial nos países tecnologica-mente avançados”.

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FeUP UTilizAdA cOmO exemPlO A segUiR em iPV6

A FEuP já dispõe de base protocolar iPv6 sobre a qual será baseada a próxima versão da internet.

Capaz de abranger todas as áreas de comunicação pois é a base de todas as comunicações existentes hoje na internet, esta nova aposta da Faculdade mantém-na assim actualizada em termos tecnológicos, e pronta para suportar a próxima geração de comunicações.

importa referir que a FEuP dispõe da versão 6 do protocolo iP desde 1998, criado em par-ceria com a unidade de redes e Comunicações do CiCA e a tese de mestrado do director do CiCA, Tito Vieira, ainda nas instalações da rua dos Bragas.

Posteriormente, em 2003, o iPv6 surge com base num projecto de dois anos da unidade de redes liderado pelos engenheiros Ana machado e Paulo Vieira, já no pólo da Asprela, com o objectivo de o levar a todos os utilizadores da Comunidade FEuPnet uma ligação ao mundo iPv6. Bem sucedido, tanto em termos de rede como em termos de segurança, este projecto de iPv6 trouxe servidores dedicados apenas a serviços iPv6 assim como um acesso à internet à parte do existente, ligado a um backbone europeu de alto débito. neste projecto implementou-se igualmente a primeira Firewall a cem por cento iPv6 da Check Point em Portugal e isto foi conseguido com uma parceria que colocou a Equipa de redes a trabalhar directamente com a equipa de desenvolvimento da Check Point em israel.

A FEuP foi convidada pela editora o´rEillY na sua nova edição do livro “iPv6 Essentials” a apresentar a rede iPv6 da FEuP como um Caso de Estudo e como exemplo de como imple-mentar uma rede de iPv6. Este livro, amplamente utilizado pelos alunos da FEuP, deve ser um motivo de orgulho pois é considerado um livro de referência neste tema.

eQUiPA de FUTebOl RObóTicO dA FeUP sAi mAis UmA Vez VencedORA

Entre 8 e 10 de Dezembro realizou-se em Paredes de Coura o evento “Coura Campus Par-ty”, o maior evento informático e robótico do Alto minho, no qual estava integrado um tor-neio de Futebol robótico Middle-Size onde participou a equipa da Faculdade de Engenharia da universidade do Porto. no decorrer do torneio as quatro melhores equipas nacionais de futebol robótico (FEuP, universidade do minho, universidade de Aveiro e isEP) puderam re-alizar várias demonstrações do material utilizado no jogo e também de outro material ro-bótico não associado ao torneio, cabendo à equipa da FEuP o primeiro lugar na classificação final. Vencedora de todos os jogos, derrotou ainda a equipa da universidade do minho na final, sagrando-se a equipa vencedora.

A “Coura Campus Party”, que englobou para além do torneio de futebol robótico uma Lan Party (um evento que pretende conectar um grande número de computadores para inter-cambio de informações, conhecimentos, etc), zona aventura, palestras, etc... pretendeu por uma lado incentivar a população courense ao uso das novas tecnologias e por outro mostrar o que de mais recente vai acontecendo nesta área.

FeUP cOm PResenÇA AssegURAdA nO dAkAR

A FEuP esteve representada no rali lisboa-Dakar, que arrancou em lis-boa, no início de Janeiro. Carlos Araújo, aluno finalista do mestrado in-tegrado em Engenharia mecânica da Faculdade de Engenharia, acompa-nhou e participou nas verificações de uma das provas mais conceituadas do automobilismo a nível mundial, oportunidade que surgiu em finais de outubro na sequência do primeiro curso de Comissário Técnico organiza-do pela FEuP e pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK).

o aluno acompanhou as verificações técnicas dos carros e dos camiões nos primeiros três dias do mês – 3, 4 e 5 de Janeiro -, contactando, de perto com o universo da mecânica automóvel.

FeUP cRiA Rede de cOmPeTênciA em POlÍmeROs

A FEuP integrou no passado mês de outubro a primeira reunião de Trabalhos da rede de Competências em Polímeros, criada através do la-boratório de Engenharia dos Processos, Ambiente e Energia (lEPAE). Esta rede de Competências consiste num projecto, aprovado e financiado pela Agência de inovação – no âmbito da iniciativa dos Centros de Excelência - criado em consórcio com a universidade de Aveiro e com as empresas Cin, Amorim & irmãos, Euroresinas, sysadvance, resiquímica, CuF – Químicos industriais e Quimigal.

Com os objectivos de constituir um centro de excelência em ciência e tecnologia de polímeros para aplicações industriais, que sirva de alavanca à indústria nacional do sector; criar redes e definir novos paradigmas de excelência tecnológica, permitindo ao mesmo tempo o desenvolvimento de clusters de inovação e o fomento de novas oportunidades de negócio, a rede visa ainda influenciar o desenvolvimento curricular dos estabeleci-mentos de ensino, no sentido de preparar recursos humanos com compe-tências para indústria Química.

FAcUldAde de engenhARiA dA UniVeRsidAde dO PORTO

AdeRe AO “WORld cOmmUniTy gRid”

E se os 650 milhões de computadores que se estima existir no mundo pudessem estar ligados de forma a resolver as questões mais urgentes da humanidade?

A possibilidade de tornar este sonho em realidade surge graças a uma tecnologia fácil e segura de usar, que poderá concretizar-se com a parceria da Faculdade de Engenharia da universidade do Porto - o “World Com-munity Grid”. Juntando à iBm Corporation, um grupo com mais de 150 empresas, associações, fundações e instituições académicas, este projecto incentiva, no caso específico da Faculdade, colaboradores, professores e alunos a contribuir com o tempo dos seus computadores pessoais para apoiar pesquisas com fins humanitários.

Ao aderir ao “World Community Grid” em www.worldcommunitygrid.org usa a tecnologia de grid, para estabelecer uma infra-estrutura perma-nente e flexível que proporciona aos investigadores uma vasta capacidade computacional imediatamente disponível e que pode ser usada, com efi-cácia e segurança, para resolver problemas que afligem a humanidade.

Carlos Costa, director da FEuP, admite a eficácia e eficiência de fazer a diferença em problemas que afligem a humanidade revelando que já foi pedido aos seus “colaboradores e alunos para aderirem ao “World Com-munity Grid” como uma parte do nosso esforço comum para enriquecer a vida das nossas comunidades”, garante.

PRÉmiO cUF PARA AlUnO dA FeUP

A menção honrosa do “Prémio CuF” (Companhia Fabril, sGPs, sA) foi atribuída recentemente ao aluno da FEuP, Vasco sérgio Correia Freitas silva, em seguimento do seu Doutoramento na área das Células de Com-bustível.

Com a tese de Doutoramento em Engenharia Química, intitulada “Direct methanol Fuel Cell: Analysis Based on Experimentation and mo-delling”, sob orientação e co-orientação dos docentes da FEuP Adélio mendes e luís miguel madeira, respectivamente, Vasco silva viu assim consagrado o seu trabalho de fim de curso na 4ª edição do prémio CuF.

recordamos que este prémio é atribuído a teses de Doutoramento nas áreas de Engenharia Química, Engenharia Biológica e Engenharia do Am-biente.

dOcenTes de ciVil Recebem PRÉmiO FeRRy bORges 2006

no passado dia 13 de Dezembro de 2006, no Auditório do lnEC, a Associação Portuguesa de Engenharia de Estruturas atribuiu o “Prémio Ferry Borges 2006” aos professores rui Faria, nelson Vila Pouca e raimundo Delgado, docentes do Departamento de Engenharia Civil da FEuP, pelo “melhor trabalho publicado em língua Estrangeira” com o seguinte título: “simu-lation of the Cyclic Behaviour of rC rectangular Hollow section Bridge Piers Via a Detailed numerical model”.

na mesma sessão, o professor rui Faria, juntamente com o engenheiro sérgio oliveira, foi ainda contemplado com o “Prémio Ferry Borges 2006” na modalidade “melhor trabalho pu-blicado em língua Portuguesa”, com o trabalho: “simulação da rotura de Barragens Abóbada Através de um modelo de Dano”.

o “Prémio Ferry Borges”, organizado bienalmente desde 1998 pela Associação Portugue-sa de Engenharia de Estruturas, tem em vista perpetuar a memória da acção do engenheiro investigador Júlio Ferry Borges, e promover o reconhecimento público da Engenharia de Es-truturas portuguesa.

Este prémio científico, o de maior significado para a Engenharia Civil, tem o Alto Patrocínio de sua Ex.ª o Presidente da república, e destina-se a galardoar trabalhos de investigação de autores portugueses na área da Engenharia de Estruturas.

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FEuP Por DEnTro nOTÍciAs

As paredes da Secção de Construções do Departamento de Civil da FEUP estão despidas de tabus e vestidas com foto-grafias que dão mais que simples cor a este espaço. Da autoria de Pedro Mêda e Rui Almeida Cardoso, colaboradores FEUP, cada um com a sua temática e com uma utilização muito própria das tecnologias, eis que transmitem um conjunto de sentimentos numa pretensão de fugir do quotidiano. ((e)scap(e)) apresenta a fotografia como um acto de fugir e escapar da banalidade do dia-a-dia assumindo-se como a “peça reguladora do movimento da vida”.

Pedro Mêda e Rui Almeida Cardoso encontraram assim um meio que os define, que os caracteriza, que revela o que gos-tam e os seus estados de alma.

Cada um dos trabalhos fala dos seus “escapes”, quer mediante um palco, um estúdio ou junto ao caminho-de-ferro.

Fotolegenda

Pelos trilhos da fotografia

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