Barroco

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• Domínio político e cultural da Igreja.

• O refluxo no caráter racional do homem.

• O atrito entre o teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista.

• A arte da Contrarreforma.

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Ardor em firme coração nascido;Pranto por belos olhos derramado;Incêndio em mares de água disfarçado;Rio de neve em fogo convertido: Tu, que em um peito abrasas escondido;Tu, que em um rosto corres desatado;Quando fogo, em cristais aprisionado;Quando cristal em chamas derretido.

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Se és fogo, como passas brandamente,Se és neve, como queimas com porfia?Mas ai, que andou Amor em ti prudente!Pois para temperar a tirania,Como quis que aqui fosse a neve ardente,Permitiu parecesse a chama fria.

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Nasce o Sol e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?

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Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância.

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Anjo no nome, Angélica na cara!Isso é ser flor e Anjo juntamente:Ser Angélica flor, e Anjo florente,Em quem, senão em vós se uniformara:

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Largo em sentir, em respirar suscinto,Peno, e calo, tão fino, e tão atento,Que fazendo disfarce do tormento, Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.

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Um prazer e um pesar quase irmanados,Um pesar e um prazer, mas divididosEntraram neste peito tão unidos,Que o amor os acredita vinculados.

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• A ornamentação.

• O elemento formal.

• A expressividade.

• O uso excessivo de figuras de linguagem.

• A percepção sensorial da realidade.

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O todo sem a parte não é todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte o faz todo sendo parte, Não se diga que é parte sendo todo. Em todo o Sacramento está Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer parte, E feito em partes todo e m toda parte, Em qualquer parte sempre fica todo.

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O braço de Jesus não seja parte,Pois que feito Jesus em partes todo,Assiste cada parte em sua parte. Não se sabendo parte deste todo,Um braço que lhe acharam, sendo parte,Nos diz as partes todas deste todo.

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• O universo lógico .

• A via racional do barroco.

• A busca pela essência das coisas.

• A argumentação.

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“Quis Cristo que o preço da sepultura dos peregrinos fosse o esmalte das armas dos portugueses, para que entendêssemos que o brasão de nascer portugueses era a obrigação de morrer peregrinos: com as armas

nos obrigou Cristo a peregrinar, e com a sepultura nos empenhou a morrer. Mas se nos deu o brasão que nos havia de levar da pátria, também nos deu a terra que

nos havia de cobrir fora dela. Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus

tão pouca terra para o nascimento e tantas para a sepultura. Para nascer, pouca terra; para morrer, toda a

terra; para nascer, Portugal; para morrer, o mundo.”

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O debate entre o pecado e o perdão.

A religiosidade acentuada.

A busca pela redenção.

O discurso é dirigido a Deus a não à igreja.

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A vós correndo vou, braços sagrados,Nessa cruz sacrossanta descobertos,Que, para receber-me, estais abertos,E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsadosDe tanto sangue e lágrimas abertos,Pois, para perdoar-me, estais despertos,E, por não condenar-me, estais fechados.

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A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa p‘ra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme.

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Meu amado Redentor,Jesus Cristo soberano,Divino homem, Deus humano,da terra e céus criador:por serdes quem sois, Senhor,e porque muito vos quero,me pesa com rigor ferode vos haver ofendido,de que agora, arrependido,meu Deus, o perdão espero.

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Bem não vos amo, confesso,

várias juras cometi,

missa inteira nunca ouvi,

a meus pais não obedeço,

matar alguns apeteço,

luxurioso pequei,

bens do próximo furtei,

falsos levantei às claras,

desejei mulheres raras,

coisas de outrem cobicei.”

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A efemeridade da vida. O Carpe Diem.

Goza, goza da flor da mocidade,Que o tempo trata a toda ligeireza,E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh, não aguarde que a madura idadeTe converta essa flor, essa belezaEm terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

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Obs: O sentimentalismo amoroso sofre uma fragmentação – reflexo da sociedade colonial.

Amor respeitoso X Amor erótico

Platonismo X RealizaçãoContenção X Libido

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Dai-me já, o que quiseres, dai-me o cheiro dessa flor, que é o mais leve favor, que no Brasil dão mulheres: e se me não concederes, que possa essa flor cheirar, assim só de me matar, façamos este partido, pois me tirais um sentido, dai-me já o de apalpar.

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"O Amor é finalmente um embaraço de pernas, uma união de barrigas, um breve tremor de artérias. Uma confusão de bocas, uma batalha de veias, um reboliço de ancas. Quem diz outra coisa é besta!"

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A Poesia Satírica > um ataque à sociedade da Bahia.

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando, e tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante.

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Padre Vieira e os SermõesA estrutura da argumentação formal – 4 partes

• 1º - Proposição

• 2º - Análise da Proposição

• 3º - Formulação dos Argumentos > a evidência (fatos, exemplos, ilustrações, dados estatísticos, testemunho)

• 4º - Conclusão

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As 5 faculdades essenciais

1. Invenção

2. Disposição

3. Elocução

4. Memória

1. Ação

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Sermão da Sexagésima

Se a palavra de Deus é tão eficaz e tão poderosa, como vemos tão pouco fruto da palavra de Deus?

Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há-de haver três concursos: há-de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo;

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há-de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há-de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.