Barroco
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Contexto histórico da época:
- Reforma Luterana – 1517 - Invasão de Roma ( por tropas francesas e
espanholas ) – 1527 - Milhões de europeus abandonam a religião católica.
- Concílio de Trento – 1545 - Volta da Inquisição - Volta do Index
Como isso se reflete na arte?
• Movimento marcado pela dúvida
• Arte repleta de contrastes
• Jogo de luz e sombra
• Conflito entre os prazeres corpóreos • e a as exigências da alma
OBSERVE A DIFERENÇA ENTRE AS OBRAS CLÁSSICAS E AS BARROCAS
OBSERVE AS DIFERENÇAS ENTRE OBRAS
RENASCENTISTAS E BARROCAS
1503-1507 – Mona Lisa, Leonardo da Vinci
1596 – Medusa, Caravaggio
ESCULTURAS
Marcos iniciais do Barroco literário:• Em Portugal:
• 1580 – Domínio Espanhol – D. Felipe II• Morte de Camões
• No Brasil:1601 – Prosopopéia de Bento Teixeira
• Arte da Contra Reforma
• Conflito entre corpo e alma
• Temática do desengano
A vida é sonho
A vida é breve
• Linguagem: Antíteses, inversões sintáticas, paradoxos, ausência de clareza
Literatura BarrocaDivida em duas tendências:Cultismo
(Gongorismo)• Busca da perfeição
formal por meio de um estilo rebuscado
• Culto a forma
Conceptismo
(Quevedismo)• Jogo de idéias
• Tentativa de dizer o máximo com o mínimo de palavras
• Emprego de elipses, paradoxos e alegorias
SURGIMENTO NO BRASIL
PROSOPOPEIA(1601 )- BENTO TEIXEIRA
Pequeno poema épico de 94 estrofes em oitava rima
• Forte influência d’ Os Lusíadas
• Autor celebra os feitos de Jorge Albuquerque Coelho(donatário da capitania de Pernambuco)
•Não apresenta elementos barrocos
•Valor meramente referencial
Gregório de Matos Guerra(1636-1696)
OBRA
Poesia Religiosa
Poesia Amorosa•Amor elevado•Amor obsceno
•satírico
Poesia Satírica
• Oscilação entre o mundo terreno e a perspectiva de salvação
• Imagem constante do homem ajoelhado implorando perdão por seus erros
• A necessidade de ser perdoado contrasta-se com a exigência desse perdão
• Jogo de palavras
“A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos
E, por não castigar-me, estais cravados.” Buscando a Cristo
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, de vossa alta clemência me despido; porque quanto mais tenho delinqüido, vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado, a abrandar-vos sobeja um só gemido: que a mesma culpa, que vos há ofendido, vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma orelha perdida e já cobrada, glória tal e prazer tão repentino vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, cobrai-a; e não queirais, pastor divino, perder na vossa ovelha a vossa glória
Amor elevado
Anjo no nome, Angélica na cara,Isso é ser flor, e Anjo juntamente,Ser Angélica flor, e Anjo florente,Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortaraDe verde pé, de rama florescente?E quem um Anjo vira tão luzente,Que por seu Deus, o não idolatrara?
Amor obsceno-satírico
Sou um sujo, e um patola,de mau ser, má propensão,porque se gasto o tostão,é só com negras de Angola:um sátiro salvajola,a quem a universidadenão melhorou qualidade,nem juízo melhorou,e se acaso lá estudou,foi loucura, e asnidade
• Forte critica estabelecida ao retratar o cenário político, social e cultural da Bahia.
• Ironia corrosiva e caricatural contra todos os setores da vida colonial baiana.
Que falta nesta cidade?... Verdade.Que mais por sua desonra?... Honra.Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,Por mais que a fama a exalta,Numa cidade onde faltaVerdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.Quem causa tal perdição?... Ambição.E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desaventuraDe um povo néscio e sandeu,Que não sabe que perdeuNegócio, ambição, usura.
Quais são seus doces objetos?... Pretos.Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.
Dou ao Demo os insensatos,Dou ao Demo o povo asnal,Que estima por cabedal,Pretos, mestiços, mulatos.
Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos.Quem faz as farinhas tardas?... Guardas.Quem as tem nos aposentos?... Sargentos.
Os círios lá vem aos centos,E a terra fica esfaimando,Porque os vão atravessandoMeirinhos, guardas, sargentos.
Que vai pela clerezia?... Simonia.E pelos membros da Igreja?... Inveja.Cuidei que mais se lhe punha?... Unha
Sazonada caramunha,Enfim, que na Santa SéO que mais se pratica éSimonia, inveja e unha.
E nos frades há manqueiras?... Freiras.Em que ocupam os serões?... Sermões.Não se ocupam em disputas?... Putas.
Com palavras dissolutasMe concluo na verdade,Que as lidas todas de um fradeSão freiras, sermões e putas.
O açúcar já acabou?... Baixou.E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.Logo já convalesceu?... Morreu.
À Bahia aconteceuO que a um doente acontece:Cai na cama, e o mal cresce,Baixou, subiu, morreu.
A Câmara não acode?... Não pode.Pois não tem todo o poder?... Não quer.É que o Governo a convence?... Não vence.
Quem haverá que tal pense,Que uma câmara tão nobre,Por ver-se mísera e pobre,Não pode, não quer, não vence.
À Bahia Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando, e tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente Pelas drogas inúteis, que abelhuda Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de repente Um dia amanheceras tão sisuda Que fora de algodão o teu capote!
Padre Antônio Vieira(1608-1697)
• Linguagem conceptista
• Uso oratória/retórica
• Utilização continua de passagens da Bíblia(uso de parábolas)
• Ataca vícios(corrupção, violência, arrogância, etc.)
• Defende as virtudes cristãs(religiosidade, caridade, etc)
• Defende índios
• Mantém-se ambíguo frente aos escravos negros.
• Não apresenta angustia barroca em seus sermões
1655- Sermão da Sexagésima
• Resume a arte de pregar
• Faz críticas diretas ao cultismo e sua linguagem rebuscada.
• Defende a argumentação clara e harmoniosa
(...)O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, de outra há de estar negro; se de uma parte estádia, de outra há de estar noite? Se de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer não subiu. Basta que não havemos dever num sermão duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário? (...)
• O padre alega neste sermão o mal que os
• holandeses poderiam fazer na Bahia e no Brasil
(...)Olhai, Senhor, que já dizem os hereges insolentes com os sucessos prósperos que vós lhes dais ou permitis: já dizem que, porque a sua, que eles chamam religião, é a verdadeira, por isso Deus os ajuda, e vencem; e porque a nossa é errada e falsa, por isso nos desfavorece, e somos vencidos. Assim o dizem, assim o pregam, e ainda mal, porque não faltará quem os creia. Pois é possível, Senhor, que hão de ser vossas permissões argumentos contra vossa fé? É possível que se hão de ocasionar de nossos castigos blasfêmias contra vosso nome? Que diga o herege que Deus está holandês?(...)
Abrasai, destruí, consumi-nos a todos; mas pode ser que algum dia queirais espanhóis e portugueses, e que não os acheis… Entrarão os hereges nesta igreja e nas outras; arrebatarão essa custódia, em que agora estais adorado dos anjos. Tomarão os cálices e vasos sagrados e aplicá-los-ão a suas nefandas embriaguezes. Derrubarão dos altares os vultos e estátuas dos santos; deformá-los-ão a cutiladas e metê-los-ão no fogo; e não perdoarão as mãos furiosas e sacrílegas nem às imagens tremendas de Cristo crucificado nem às da Virgem Maria.“(...)
1. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo sobre os dois grandesnomes do barroco brasileiro.
( ) A obra de Gregório de Matos oscila entre os valores transcendentais e os valores mundanos,
exemplificando as tensões do seu tempo.
( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção de imagens desdobradas em
numerosos exemplos que visam a enfatizar o conteúdo da pregação.
( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões, mostram exacerbados sentimentos
patrióticos expressos em linguagem barroca.
( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do Padre Vieira representam duas
faces da alma barroca no Brasil.
( ) O poeta e o pregador alertam os contemporâneos para o desvio operado pela retórica retumbante
e vazia.
A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
(A) V - F - F - F - F.
(B) V - V - V - V - F.
(C) V - V - F - V - F.
(D) F - F - V - V - V.
(E) F - F - F - V - V.
2. Leia o soneto abaixo, À Cidade da Bahia, de Gregório de Matos.
Triste Bahia! Ó quão dessemelhanteEstás e estou do nosso antigo estado!Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,Que em tua larga barra tem entrado,A mim foi-me trocando, e tem trocado,Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelentePelas drogas inúteis, que abelhudaSimples aceitas do sagaz Brichote. Oh se quisera Deus que de repenteUm dia amanheceras tão sisudaQue fora de algodão o teu capote!
Assinale a alternativa correta em relação a esse soneto.
(A) Pelo forma de soneto e pelo tom satírico, o poema À Cidade da Bahia antecipada o parnasianismo na poesia brasileira
(B) Gregório optou, no seu poema, pelo tom satírico para melhor expressar sua crítica ao poder do clero
(C) A Bahia é representada através de sua tristeza e antigüidade, enquanto o estrangeiro colonizador é valorizado por suas negociatas e seu vestuário.
(D) O poema não dá referências sobre os meios de produção da época, limitando-se a expressar a tristeza do poema pelo seu empobrecimento
(E) O poema constrói, através de imagens elaboradas, uma crítica à exploração econômica que sofreu a Bahia no período colonial.
3. Leia o seguinte soneto de Gregório de Matos Guerra.
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,Depois da luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,E tem qualquer dos bens por naturezaA firmeza somente na inconstância.”
Considere as afirmações abaixo sobre esse soneto.
4. Considere as afirmações abaixo sobre esse soneto.I-É um soneto barroco, característico do século XVII, que se compõe de um
jogo de contrastes.II-O primeiro quarteto reúne movimentos cíclicos da natureza, efeitos da
passagem do tempo e sentimentos humanos. III-O segundo quarteto expressa um inconfor mismo com a passagem do
tempo, expresso nas indagações do poeta.Quais estão corretas?
(A) Apenas I.(B) Apenas II.(C) Apenas III.(D) Apenas I e II.(E) I , II e III.
5. Assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas do texto abaixo, na ordem em que aparecem.
Padre Antônio Vieira é um dos principais autores do ........, movimento em que o homem é conduzido pela ........ e que tem, entre suas características, o ........, com seus jogos de palavras, de imagens e de construção, e o ........, o uso de silogismo, processo racional de demonstrar uma asserção
(A) Gongorismo – exaltação vital – Cultismo – preciosismo
(B) Conceptismo – fé – preciosismo – Gongorismo
(C) Barroco – fé – Cultismo – Conceptismo
(D) Conceptismo – depressão vital – Gongorismo – preciosismo
(E) Barroco – depressão vital – Conceptismo – Cultismo
6. Considere as seguintes afirmações sobre o padre Antônio Vieira.
I . Possui um estilo antigongórico, conceptista, caracterizado pela clareza e pelo rigor sintático, dialético e lógico.
II. Recusa, como cultista, o elemento imagístico, transformando-o em mero instrumento de convencimento dos fiéis.
III. Recontextualiza passagens do Evangelho, uma vez que as vincula às idéias que quer expressar, explorando a analogia.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.