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BANCOS PREMOLDADOS: MANUTENÇÃO E FERRAMENTA GUT Área temática: Gestão da Produção Protasio Castro [email protected] Ana Ferreira [email protected] Sara Meira Moutta [email protected] Resumo: A manutenção é uma importante atividade de gestão para o mobiliário de um espaço público. Em geral, a literatura técnica não mostra ferramenta de gestão articulada com inspeção pós-ocupação. O trabalho apresenta metodologia de gerenciamento de manutenção, que articula a ferramenta GUT (Gravidade-Urgência-Tendência) com avaliação pós-ocupação. Um estudo de caso aplicado a bancos premoldados é mostrado. A inspeção registrou as anomalias em materiais e componentes de cada banco. A ferramenta GUT avaliou o estado dos bancos. O cenário existente é vertido em uma figura. A metodologia prevê plano de ações para a recuperação e manutenção dos bancos. Palavras-chaves:. ISSN 1984-9354

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BANCOS PREMOLDADOS: MANUTENÇÃO E

FERRAMENTA GUT

Área temática: Gestão da Produção

Protasio Castro

[email protected]

Ana Ferreira

[email protected]

Sara Meira Moutta

[email protected]

     

Resumo: A manutenção é uma importante atividade de gestão para o mobiliário de um espaço público. Em geral, a

literatura técnica não mostra ferramenta de gestão articulada com inspeção pós-ocupação. O trabalho apresenta

metodologia de gerenciamento de manutenção, que articula a ferramenta GUT (Gravidade-Urgência-Tendência) com

avaliação pós-ocupação. Um estudo de caso aplicado a bancos premoldados é mostrado. A inspeção registrou as

anomalias em materiais e componentes de cada banco. A ferramenta GUT avaliou o estado dos bancos. O cenário

existente é vertido em uma figura. A metodologia prevê plano de ações para a recuperação e manutenção dos bancos.

Palavras-chaves:.

ISSN 1984-9354

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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1 INTRODUÇÃO

Todo espaço público possui um conjunto de equipamentos que denota as características do usuário, nos aspectos

culturais, históricos e comportamentais. O uso e a preservação das unidades de equipamentos do mobiliário de

um espaço público estão articulados à segurança, ruído, poluição, arborização, deterioração e vandalismo.

O crescimento e o adensamento dos centros urbanos tornaram necessários o planejamento e o investimento nas

redes de infra-estrutura e de equipamentos do mobiliário público. Soluções adotadas no projeto e na execução

têm sido criticadas e analisadas, nos aspectos de uso, manutenção e durabilidade do produto.

Por esta razão, a avaliação e a análise do mobiliário público têm sido objeto de estudo de profissionais da área

de arquitetura, urbanismo, desenho industrial e engenharia. Em geral, o foco de análise dos equipamentos do

mobiliário para espaços públicos está na composição estética e funcional. Nesse sentido, equipamentos do

mobiliário também são projetados sob a ótica de manutenção, reparo e substituição dos elementos de

composição.

A manutenção adequada dos elementos componentes e da unidade do equipamento mobiliário que compõe o

espaço público é significativa para o administrador deste ambiente construído. Contudo, as atividades de

gerenciamento raramente estão associadas à aplicação de ferramentas de inspeção e avaliação das anomalias nas

unidades mobiliárias.

Este artigo mostra uma metodologia de gerenciamento de manutenção que articula a ferramenta GUT

(Gravidade-Urgência-Tendência) com a avaliação pós-ocupação. A ferramenta GUT é aplicada no controle e

melhoria de processos. A avaliação pós-ocupação analisa as patologias a partir da inspeção visual e a

identificação, quantificação e qualificação das anomalias. O artigo apresenta a aplicação da metodologia de

gerenciamento a bancos pré-moldados de concreto. Nesse sentido, foi verificada e avaliada a frequência e o grau

de deterioração das patologias identificadas nos materiais e nos elementos pré-moldados de concreto que

compõe os bancos, do tipo praça, do campus da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Não foram

analisadas, de forma significativa, as falhas de execução da montagem e o processo de deterioração dos

elementos pré-moldados dos bancos.

O estudo de caso está constituído de inspeção visual, com identificação, qualificação e quantificação das

anomalias. Além da utilização da ferramenta GUT, disponível na área de qualidade, controle e melhoria de

processos. A ferramenta GUT foi utilizada para avaliar a gravidade, a urgência e a tendência referenciada ao

estado patológico dos elementos e do banco, como unidade do equipamento mobiliário. Os resultados obtidos na

avaliação pós-ocupação mostram o cenário existente. A ferramenta GUT indicou as prioridades para

planejamento das ações de tratamento e manutenção.

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2 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo mostrar a aplicação de uma metodologia de gerenciamento de manutenção que

articula a ferramenta GUT (Gravidade-Urgência-Tendência) com a avaliação pós-ocupação.

3 METODOLOGIA

A metodologia é mostrada por meio de um estudo de caso dos bancos pré-moldados de concreto, do mobiliário

público da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. O estudo de caso utilizou a análise pós-ocupação,

caracterizada por meio do levantamento cadastral de anomalias e respectiva verificação da frequência e do grau

de deterioração existente.

Uma vez que são escassos os estudos específicos para análise de pós-uso aplicadas a equipamento do mobiliário

público, este trabalho baseou-se na metodologia aplicada à inspeção predial e de estruturas. Segundo o Instituto

Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE SP, 2001), a Inspeção Predial consiste na vistoria da

edificação para determinar suas condições técnicas, funcionais e de conservação, visando direcionar o plano de

manutenção e recuperação. A metodologia aqui apresentada tem uma abordagem interpretativa e qualitativa das

informações colhidas a partir da inspeção visual pós-ocupação. Nesse caso, identificação das anomalias

detectadas nos bancos pré-moldados de concreto.

A partir do levantamento no local e a análise dos dados coletados foram identificados e mapeados os elementos

deteriorados. Desta forma, foi fomentada a tomada de decisão para troca de peças, elementos ou a reposição do

banco como unidade do equipamento mobiliário existente no local.

Faz-se necessário notar que o simples mapeamento de peças deterioradas não é suficiente para efetivar o

planejamento de uma manutenção periódica. Assim é que a ferramenta GUT foi aplicada como indutora do

planejamento das atividades de manutenção dos bancos. A aplicação da ferramenta GUT mostrou o cenário

existente a ser analisado.

Ressalte-se que a metodologia aplicada ao estudo de caso, aqui apresentado, está fundamentada na dissertação

de mestrado de Monika Schlegel: “Avaliação pós-ocupação de bancos de praça”. A Figura 1 mostra o diagrama

de Ishikawa aplicado a bancos de praça. Originalmente o diagrama de Kaoru Ishikawa é uma ferramenta gráfica

utilizada para análise de problemas organizacionais genéricos. O diagrama se divide em duas regiões, a de

causas e a de efeitos. A região de causas lista os fatores (módulos) ou as condições que antecedem o efeito. A

região de efeito demonstra a transformação obtida pela combinação do conjunto de causas originais.

O “Diagrama de causa e efeito” para os bancos foi elaborado a partir de sete fatores básicos:

1. ambiente construído do local – que está relacionado com o “bem estar” do usuário, articulado aos

sentidos e sentimentos como segurança, alcance visual e iluminação;

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2. projeto arquitetônico e paisagístico – que está relacionado à criação e a disposição dos elementos no

espaço público;

3. manutenção – que está relacionado à limpeza do ambiente, poda arbórea, jardinagem e reposição de

peças ou elementos;

4. execução da obra – que está relacionado aos aspectos da construção em função do acabamento, da

irregularidade de superfícies, do desnivelamento, da drenagem e da falha de montagem;

5. design - que está relacionado à estética, cultura e história, ergonomia, desempenho da função

especificada no projeto, identificação da comunidade com o objeto ou produto;

6. usuário – que está relacionado aos hábitos e costumes, valores culturais e históricos;

7. materiais – que está relacionado às anomalias decorrentes das propriedades físicas, mecânicas e

químicas dos elementos que constituem o objeto ou produto.

Figura 1 – Diagrama de Causa e Efeito para bancos. (Fonte: Schlegel)

Portanto, os fatores básicos aplicados aos bancos têm foco variando do vandalismo ao convívio social,

perpassando pela publicidade, como poluição e barreira à inspeção visual.

Determinação da existência e da gravidade das anomalias

Grande parte das anomalias predominantes no mobiliário público apresenta sintomas que possibilitam a

identificação de sua causa, estas devem ser quantificadas e qualificadas. Na aplicação da ferramenta GUT às

anomalias identificadas e seu grau de severidade da gravidade, da urgência e da tendência é atribuído um valor

ou uma pontuação especifica. O Quadro 1 mostra o conceito para atribuir valores que podem variar de 1 a 5.

Segundo o “Manual de Técnicas de Conclaves” do IPR (Instituto de Pesquisas Rodoviárias), os valores podem

variar de 1 a 3 face à intensidade do critério ser baixa, média ou elevada, respectivamente. Portanto, a escala de

valores deve estar em conformidade com o grau de especificidade pretendido. Quanto maior a divisão da escala,

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mais difícil se torna a avaliação, uma vez que a variação entre diferentes pesos se torna muito pequena e,

consequentemente, sutil.

Quadro 1 - Pontuação da ferramenta GUT (OLIVEIRA, 1995)

PONTOS G - GRAVIDADE

Consequência se nada for feito

U - URGÊNCIA

Prazo para tomada de ação

T - TENDÊNCIA

Proporção do problema no futuro

5 Os prejuízos ou dificuldades são

extremamente graves É necessária uma ação imediata

Se nada for feito o agravamento da situação

será imediato

4 Muito graves Com alguma urgência Vai piorar a curto prazo

3 Graves O mais cedo possível Vai piorar a médio prazo

2 Pouco graves Pode esperar um pouco Vai piorar a longo prazo

1 Sem gravidade Não tem pressa Não vai piorar

Nesse estudo de caso, a cada anomalia observada no banco avaliado, foi atribuída, pelo avaliador habilitado a

fazer a inspeção visual, uma pontuação GUT. Os pontos da escala GUT atribuídos para cada anomalia

observada no objeto foram multiplicados. Desta forma, as ações de gerenciamento podem ser pautadas segundo

os valores máximos obtidos.

Metodologia para inspeção e análise

A estrutura metodológica, para a composição dos princípios de inspeção dos bancos, se baseia em:

• Levantamento de dados do local (incluindo planta baixa) onde estão instalados os bancos;

• Levantamento de dados dos bancos (incluindo plantas, vistas e cortes), inspeção visual (para

confecção dos formulários que serão preenchidos na vistoria) e registro fotográfico;

• Confecção de formulários para preenchimento durante a vistoria e inspeção visual;

• Inspeção visual para fomentar a análise das anomalias feita através do preenchimento de

formulários previamente estabelecidos;

• Identificação das anomalias predominantes nos bancos;

• Determinação do grau de severidade das anomalias e necessidade de ação segundo valores

adequados à aplicação da ferramenta GUT;

• Diagnóstico dos problemas identificados;

• Catalogação dos dados e análise estatística.

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Material: construído em concreto aparente. Montagem:

1. dois elementos verticais(A) que dão suporte ao banco; 2. uma viga transversal (B) que se encaixa nos dois elementos(A) citados; 3. um acento (C) apoiado sobre estas estruturas(A e B); 4. um elemento de encosto (D), fixado em (A) por dois parafusos.

Registro dos dados da inspeção visual

Inicialmente foi identificado o local vistoriado. Em planta baixa do campus, todos os bancos foram sinalizados e

identificados. Em seguida foi realizado o preenchimento do formulário, no qual foram registradas informações

referentes às características construtivas dos bancos, assim como, suas dimensões, o material com o qual foi

construído, o método construtivo adotado, a localização e o piso onde foi implantado.

Em seguida foi preenchido o formulário sobre o “ambiente construído”. Neste formulário foram registradas as

condições de micro clima onde está situado o banco. Posteriormente foram analisados os fatores do micro clima

que podem ocasionar desuso ou deterioração do banco. Outra análise realizada está articulada com fatores

referentes à avaliação funcional do objeto. Nesse caso, incluem-se fatores ligados à execução e instalação do

banco que podem gerar desconforto ao usuário.

O último formulário registra a avaliação técnica do banco, em seus aspectos da montagem e do material com o

qual foi construído. Anomalias frequentes na montagem e nos materiais foram listadas nesse formulário. As

causas prováveis das anomalias observadas também foram registradas em observações desse formulário. O

Quadro 2 mostra os registros fotográficos de um banco, com as vistas frontal, traseira e lateral, além de aspectos

da estrutura, composição e montagem.

Quadro 2 – Aspectos de um dos bancos inspecionados.

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O Quadro 3 é um exemplo elaborado a partir dos formulários de pontuação de determinação da severidade

patológica identificada em dois bancos. A escala de significância varia de 1 a 3. O valor zero é atribuído em

caso de inexistência da anomalia. Esse artifício foi utilizado para obter-se uma maior acuidade na visão do

quadro geral de anomalias do estudo de caso.

Quadro 3 – Ferramenta GUT e anomalias significativas em dois bancos.

LISTA  DE  VERIFICAÇÃO  -­‐  elemento  observado:  bancos  em  concreto  aparente  

ANOMALIAS  PREDOMINANTES  

        I.  Folga  

nos  

encaixes  

II.  

Incompatibili-­‐

dade  entre  as  

peças  

III.  Estabilidade  

comprometida  

IV.  

Acomodação  

irregular  

V.  

Armadura  

exposta  

VI.  Trincas,  

fissuras  e  

rachaduras  

VII.  Ausência

de peça de

fixação entre

elementos  

VIII.  Desgaste  

superficial,  

umidade  e  

manchas  

 Média  

GUT          

B  1  

G   1   2   2   2   NSA   3   NSA   1  

10,7  U   1   1   3   3   NSA   3   NSA   2  

T   3   1   3   2   NSA   3   NSA   1  

total   3   2   18   12   NSA   27   NSA   2  

B  2  

G   1   1   1   NSA   NSA   1   NSA   1  

1,2  U   1   1   1   NSA   NSA   1   NSA   1  

T   2   1   1   NSA   NSA   1   NSA   1  

total   2   1   1   NSA   NSA   1   NSA   3  

COLETA DE DADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA

No campus da UESC, localizado na Rodovia Ilhéus-Itabuna existem bancos com duas tipologias distintas:

bancos tipo praça e bancos tipo tamborete. Os bancos do tipo tamborete foram descartados da análise, por serem

elementos de composição em um conjunto que inclui a mesa. Os bancos do tipo praça foram divididos em dois

grupos: bancos assento-encosto contínuo (BAEC) e banco assento-encosto separado (BAES). Dos 64 bancos

que estão alocados nas áreas do bosque e do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas (DCET)

observou-se que 14 são do tipo BAEC (21,9%) e 50 do tipo BAES (78,1%). Portanto, enfatize-se que o presente

estudo tem como foco bancos do tipo BAES, elemento composto por peças pré-moldadas, e que se encontram

na área do bosque. Desta forma, do total de 56 bancos existentes nesse espaço, somente foram analisados 47

bancos, os demais são bancos do tipo BAEC, ou bancos que se encontram na área do DCET.

Características e especificações construtivas dos bancos

Todos os bancos são constituídos por elemento pré-moldados. Com relação ao método construtivo utilizado,

estima-se que 100% dos bancos foram montados na posição em que estão localizados. Nesse caso, faz-se

necessário notar o elevado peso do banco após sua montagem. Percebeu-se que 27,7% dos bancos estão

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submetidos à insolação direta em parte do dia, 10,6% estão submetidos à insolação direta durante todo o dia,

61,7% estão sob sombra durante todo o dia, devido à arborização local ou localização em área coberta.

O ambiente construído

O ambiente construído onde o mobiliário está localizado foi objeto de análise dos itens referentes ao projeto

arquitetônico, ao estado de manutenção, à execução da obra e ao tipo de usuário local.

Os bancos estão distribuídos em duas áreas distintas do campus como mostrado na Figura 2. A área do “bosque”

apresenta-se limpa, com adequada jardinagem e poda arbórea. A área do Departamento de Ciências Exatas e

Tecnológicas (DCET) possui apenas 3 bancos do tipo BAEC, 5 bancos do tipo BAES, e algumas mesas com

bancos do tipo tamborete. Essa área apresenta-se nas mesmas condições daquela já referida, área do bosque. A

iluminação local, nas duas áreas, foi considerada adequada devido à manutenção e reposição de lâmpadas.

Percebeu-se que nenhuma das duas áreas apresenta proteção das intempéries para os bancos. O quesito

acessibilidade nas duas áreas foi considerado insatisfatório. Não há rampas de acesso e nem sinalização para

deficientes visuais. Além disso, quando ocorrem chuvas alguns bancos ficam isolados por conta da formação de

poças. Observa-se ainda que o projeto ou execução da obra não contemplou uma adequada preparação do

terreno e da drenagem na região de instalação dos bancos.

Nota: Figura elaborada a partir do Calendário 2014 da UESC

Figura 2 – Indicação das áreas de localização dos bancos.

Com relação à construção dos bancos, observou-se desnivelamento do equipamento, deficiência na execução

nos serviços de acabamento e de drenagem das águas pluviais, no terreno de assentamento da obra. As duas

regiões indicadas na figura 2 apresentam bancos desnivelados. A foto apresentada na Figura 3 demonstra que o

banco foi assentado sobre uma base desnivelada.

Bosque DCET

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Figura 3 – Banco assentado em desnível

A deficiência da drenagem de águas pluviais prejudica a acessibilidade aos bancos. A poda arbórea, jardinagem,

iluminação e limpeza foram consideradas boas, nas duas áreas do estudo de caso.

Bancos e anomalias

As patologias identificadas nos elementos componentes de uma unidade do equipamento proporcionam

desconforto para o usuário, mas não necessariamente representam anomalias nos materiais do banco. Dos 47

bancos, 46 (97,8%) estão fora de nível; nos bancos em que essa anomalia é mais grave, o usuário é obrigado a

sentar-se sobre uma superfície significativamente inclinada. A causa dessa anomalia está relacionada à falha de

execução ou de instalação durante a obra, a deficiência na drenagem de águas pluviais do entorno ou a

sedimentação do piso. Alguns bancos apresentam ausência de peças ou elementos componentes. Nesse caso, as

causas estão relacionadas às anomalias no material (oxidação e ferrugem) ou a má execução.

ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS ANOMALIAS IDENTIFICADAS

A partir da inspeção dos bancos foi obtida a incidência das anomalias em cada banco. Os resultados obtidos

permitiram a elaboração do gráfico de ocorrência das manifestações patológicas, como mostrado na Figura 4.

As anomalias predominantes nos bancos são:

• I. Folga nos encaixes;

• II. Incompatibilidade entre as peças;

• III. Estabilidade comprometida;

• IV. Acomodação irregular;

• V. Armadura exposta;

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• VI. Trincas, fissuras e rachaduras;

• VII. Ausência de peça de fixação entre elementos;

• VIII. Desgaste superficial, umidade e manchas.

Figura 4 - Incidência das anomalias nos bancos inspecionados

Note-se que 100% dos bancos apresentam folga nos encaixes e apenas 5% apresentam armadura exposta.

RESULTADOS: ASPECTOS PARA AÇÃO DE MANUTENÇÃO

Gráficos de Controle ajudam na definição de uma estratégia de ação para intervenção dos bancos. A partir da

média GUT dos bancos e o respectivo desvio padrão foi elaborada a Figura 5. O “limite superior” e o “limite

inferior” foram obtidos a partir da soma e subtração de um desvio padrão do valor médio. Bancos com valor

GUT acima do limite superior caracterizam unidades com necessidade de uma intervenção imediata. O valor

GUT de cada banco, com numeração identificadora, foi plotado permitindo visualizar sua posição em relação ao

limite superior (linha pontilhada) e o limite superior (linha tracejada). Desta forma, tem-se um aspecto gráfico

da visão do cenário existente para os bancos, com indicação daqueles que necessitam reposição imediata ou

cuidados com manutenção.

Nota-se que os bancos com valores GUT acima da linha pontilhada são aqueles que necessitam reposição ou

manutenção imediata. Os bancos identificados na região entre linhas limítrofes necessitam de atenção e

manutenção periódica. Enquanto aqueles com valores abaixo do limite inferior apresentaram bom estado de

conservação, porém com algumas anomalias.

Outra forma de gerenciamento da manutenção é aquela que prioriza o reparo de uma determinada anomalia. Por

razões técnicas ou de contratação, o planejamento gerencial da manutenção pode ser fundamentado na

sequência de reparos específicos de um tipo de anomalia. A Figura 6 indica as anomalias mais significativas,

segundo os valores GUT. A estabilidade do banco pode comprometer a segurança do usuário e, nesse caso, deve

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ser adotada como prioridade de ação. A armadura exposta por não levar ao colapso imediato da unidade do

equipamento público pode ser considerada de efeito estético ou psicológico para o usuário.

Figura 5 – Valores GUT para aplicação em controle da manutenção dos bancos.

Figura 6 – Valores GUT para as anomalias observadas nos bancos

CONCLUSÃO

No estudo de caso aqui relatado, os bancos apresentam “design” que atendem às condições de ergonomia e

conforto face às medidas antropométricas adequadas. Entretanto, o artigo mostrou que o gerenciamento das

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ações de manutenção não pode fundamentar-se apenas na inspeção visual de cada elemento constituinte da

unidade do equipamento público.

A metodologia, aqui apresentada, facilita o planejamento gerencial das ações de manutenção face ao

estabelecimento de prioridades no reparo e reposição de elementos da unidade do mobiliário existente no espaço

público. Nesse sentido, a metodologia permite:

• planejar as atividades de manutenção periódica;

• reduzir os custos com manutenção e reposição de peças, elementos e unidades do equipamento do

mobiliário público;

• identificar as anomalias predominantes para que sejam analisadas e corrigidas, contribuindo para a

melhoria da qualidade do equipamento e da unidade, como produto, do mobiliário público;

• analisar o comportamento do material de peças, elementos e unidades do equipamento mobiliário

no aspecto do pós-uso.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem Elitiere Silva Cruz e Tarso Felipe Lima Fernandes pela colaboração no levantamento de

dados de campo.

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