bancobrasil_escriturario

472
Escriturário - BB 1 BANCO DO BRASIL S/A ESCRITURÁRIO ÍNDICE CONHECIMENTOS BÁSICOS PORTUGUÊS Morfologia e sintaxe. ........................................................................................................................................24 Concordância nominal e verbal. ......................................................................................................................42 Regência nominal e verbal. .............................................................................................................................43 Compreensão e interpretação de textos. .......................................................................................................... 1 Intertextualidade. ............................................................................................................................................... 4 Significado das palavras. .................................................................................................................................21 Denotação e conotação. ..................................................................................................................................23 Pontuação. ........................................................................................................................................................20 Redação (reconhecimento de frases corretas e incorretas). ..........................................................................44 RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO: Números inteiros e racionais: operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação); expres- sões numéricas; múltiplos e divisores de números naturais; problemas. Frações e operações com frações. 1 Números e grandezas proporcionais: razões e proporções; divisão em partes proporcionais;regra de três; porcentagem e problemas. ..............................................................................................................................21 Estatística descritiva: média aritmética simples e ponderada. Gráficos: barras, setores, linhas, infográficos. 28 Juros simples e compostos. .............................................................................................................................26 Equações e sistemas do 1º grau. ....................................................................................................................43 Lógica matemática de uma planilha eletrônica.Interpretação de informações de natureza matemática em textos de jornais, revistas e manuais. .............................................................................................................45 ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO: Sistema financeiro nacional. .............................................................................................................................. 1 Dinâmica do mercado. ....................................................................................................................................... 2 Mercado bancário. ............................................................................................................................................16 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS CULTURA ORGANIZACIONAL: Conceito de Cultura Organizacional: ................................................................................................................. 1 Preceitos da Cultura Organizacional. Vantagens e desvantagens da Cultura Organizacional. Características da Cultura Organizacional. Cultura Empresarial. Ética aplicada: ética, moral, valores e virtudes; noções de ética empresarial e profissional. ........................... 5 A gestão da ética nas empresas públicas e privadas. ....................................................................................13 Código de Ética do Banco do Brasil (disponível no sítio do BB na internet). ..................................................14 Código de conduta da alta administração pública. ..........................................................................................15 Gestão da Sustentabilidade. ............................................................................................................................20

Transcript of bancobrasil_escriturario

  • Escriturrio - BB 1

    BANCO DO BRASIL S/A

    ESCRITURRIO

    NDICE

    CONHECIMENTOS BSICOS

    PORTUGUS

    Morfologia e sintaxe. ........................................................................................................................................ 24 Concordncia nominal e verbal. ...................................................................................................................... 42 Regncia nominal e verbal. ............................................................................................................................. 43 Compreenso e interpretao de textos. .......................................................................................................... 1 Intertextualidade. ............................................................................................................................................... 4 Significado das palavras. ................................................................................................................................. 21 Denotao e conotao. .................................................................................................................................. 23 Pontuao. ........................................................................................................................................................ 20 Redao (reconhecimento de frases corretas e incorretas). .......................................................................... 44

    RACIOCNIO LGICO-MATEMTICO:

    Nmeros inteiros e racionais: operaes (adio, subtrao, multiplicao, diviso, potenciao); expres-ses numricas; mltiplos e divisores de nmeros naturais; problemas. Fraes e operaes com fraes. 1 Nmeros e grandezas proporcionais: razes e propores; diviso em partes proporcionais;regra de trs; porcentagem e problemas. .............................................................................................................................. 21 Estatstica descritiva: mdia aritmtica simples e ponderada. Grficos: barras, setores, linhas, infogrficos. 28 Juros simples e compostos. ............................................................................................................................. 26 Equaes e sistemas do 1 grau. .................................................................................................................... 43 Lgica matemtica de uma planilha eletrnica.Interpretao de informaes de natureza matemtica em textos de jornais, revistas e manuais. ............................................................................................................. 45

    ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO:

    Sistema financeiro nacional. .............................................................................................................................. 1 Dinmica do mercado. ....................................................................................................................................... 2 Mercado bancrio. ............................................................................................................................................ 16

    CONHECIMENTOS ESPECFICOS

    CULTURA ORGANIZACIONAL:

    Conceito de Cultura Organizacional: ................................................................................................................. 1 Preceitos da Cultura Organizacional. Vantagens e desvantagens da Cultura Organizacional. Caractersticas da Cultura Organizacional. Cultura Empresarial. tica aplicada: tica, moral, valores e virtudes; noes de tica empresarial e profissional. ........................... 5 A gesto da tica nas empresas pblicas e privadas. .................................................................................... 13 Cdigo de tica do Banco do Brasil (disponvel no stio do BB na internet). .................................................. 14 Cdigo de conduta da alta administrao pblica. .......................................................................................... 15 Gesto da Sustentabilidade. ............................................................................................................................ 20

  • Escriturrio - BB 2

    TCNICAS DE VENDAS:

    Noes de administrao de vendas: planejamento, estratgias, objetivos; anlise do mercado, metas. ...... 1 Tcnicas de Vendas de Produtos e Servios financeiros no setor bancrio: planejamento, tcnicas; motiva-o para vendas. ............................................................................................................................................... 6 Produto, Preo, Praa; Promoo. Vantagem competitiva. ............................................................................ 12 Noes de Imaterialidade ou intangibilidade, Inseparabilidade e Variabilidade dos produtos bancrios. ..... 13 Manejo de Carteira de Pessoa Fsica e de Pessoa Jurdica. .......................................................................... 14 Noes de Marketing de Relacionamento. Interao entre vendedor e cliente. ............................................. 16 Qualidade no atendimento a clientes. ............................................................................................................. 18 Satisfao e reteno de clientes. ................................................................................................................... 22 Valor percebido pelo cliente. ........................................................................................................................... 25 Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor: Lei n 8.078/1990 (verso atualizada). .................................. 26

    ATENDIMENTO (focado em vendas): ............................................................................................................... 1

    Marketing em empresas de servios. Satisfao, valor e reteno de clientes. Como lidar com a concorrncia. Propaganda e promoo. Venda. Telemarketing. ................................................................................................................................................... 9 Etiqueta empresarial: comportamento, aparncia, cuidados no atendimento pessoal e telefnico. .............. 11 Resoluo CMN n 3.849, de 25/03/10 - Dispe sobre a instituio de componente organizacional de ouvido-ria pelas instituies financeiras e demais instituies autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. .......................................................................................................................................................................... 19

    DOMNIO PRODUTIVO DA INFORMTICA:

    Editores de Texto (Microsoft Word 2010 e BrOffice.org Writer 3.1 ou superior): edio e formatao de textos (rea de transferncia; configurao de fonte; configurao de pargrafo e estilo; insero e manipulao de tabelas; insero e quebra de pginas e colunas; cabealho e rodap; configurao da pgina e do pargra-fo; modos de exibio de documento e zoom; ortografia e gramtica; criao, gravao, abertura e impres-so de documentos). ........................................................................................................................................ 19 Planilhas eletrnicas (Microsoft Excel 2010 e BrOffice.org Calc 3.1 ou superior): edio e formatao de planilhas e grficos (frmulas/funes; formatao de fonte, alinhamento, nmero e estilo; formatao de clulas; insero, manipulao e formatao de grficos; filtros; configurao de pgina e impresso; cria-o, gravao, abertura e impresso da planilha e grficos). ......................................................................... 49 Editor de Apresentaes (Microsoft PowerPoint 2010 e BrOffice.org Impress 3.1 ou superior): edio e for-matao de slides (formatao de slides, fonte e pargrafo; insero de imagens, tabelas, ilustraes e ca-bealho e rodap; configurao de pginas, slides, temas e plano de fundo; transio de slides; animaes; apresentao de slides; ortografia e gramtica; modos de exibio e classificao de slides; criao, grava-o, leitura e impresso de slides). ................................................................................................................. 75

    Conceitos de informtica: hardware e software. Sistemas Operacionais (Windows 7 em portugus e Linux):

    criao de pastas (diretrios), arquivos e atalhos; rea de trabalho; rea de transferncia; manipulao de arquivos e pastas. Conceitos de organizao e de gerenciamento de informaes, arquivos, pastas e pro-gramas. .............................................................................................................................................................. 1

    Conceitos de tecnologias relacionadas Internet e Intranet: Protocolos Web, World Wide Web, Navegador

    Internet (Internet Explorer e Mozilla Firefox), busca e pesquisa na Web. Tecnologias e ferramentas de cola-borao: correio eletrnico, grupos de discusso, fruns e wikis. Conceitos de proteo e segurana: reali-zao de cpias de segurana (backup), vrus e ataques a computadores. Conceitos de educao a distn-cia: Conceitos de acesso a distncia a computadores. Conceitos de tecnologias e ferramentas multimdia, de reproduo de udio e vdeo. Conhecimentos gerais sobre redes sociais (twitter, facebook, linkedin). ..... 103

  • Escriturrio - BB 3

    CONHECIMENTOS BANCRIOS:

    Estrutura do Sistema Financeiro Nacional: rgos normativos, supervisores e operadores. .......................... 1 COPOM - Comit de Poltica Monetria. ......................................................................................................... 12 Produtos Bancrios: Noes de cartes de crdito e dbito, crdito direto ao consumidor, crdito rural, ca-derneta de poupana, capitalizao, previdncia, investimentos e seguros. .................................................. 19 Mercado de capitais e de Cmbio: operaes e produtos. .............................................................................. 65 Sistema Especial de Liquidao e Custdia (SELIC) e CETIP S.A. - Mercados Organizados. ..................... 19 Garantias do Sistema Financeiro Nacional: aval; fiana; penhor mercantil; alienao fiduciria; hipoteca; fianas bancrias; ............................................................................................................................................. 70 Fundo Garantidor de Crditos (FGC). ............................................................................................................. 73 Crime de lavagem de dinheiro: conceito e etapas. Preveno e combate ao crime de lavagem de dinheiro: Lei n 9.613/98 e suas alteraes .................................................................................................................... 73 Circular Bacen 3.461/2009 e suas alteraes e Carta-Circular Bacen 3.542/12. ............................................ 77 COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras. ............................................................................ 85 Autorregulao Bancria. ................................................................................................................................. 87

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    A Opo Certa Para a Sua Realizao

    A PRESENTE APOSTILA NO EST VINCULADA A EMPRESA ORGANIZADORA DO CONCURSO

    PBLICO A QUE SE DESTINA, ASSIM COMO SUA AQUISIO NO GARANTE A INSCRIO DO

    CANDIDATO OU MESMO O SEU INGRESSO NA CARREIRA PBLICA.

    O CONTEDO DESTA APOSTILA ALMEJA ENGLOBAR AS EXIGENCIAS DO EDITAL, PORM, ISSO

    NO IMPEDE QUE SE UTILIZE O MANUSEIO DE LIVROS, SITES, JORNAIS, REVISTAS, ENTRE OUTROS

    MEIOS QUE AMPLIEM OS CONHECIMENTOS DO CANDIDATO, PARA SUA MELHOR PREPARAO.

    ATUALIZAES LEGISLATIVAS, QUE NO TENHAM SIDO COLOCADAS DISPOSIO AT A

    DATA DA ELABORAO DA APOSTILA, PODERO SER ENCONTRADAS GRATUITAMENTE NO SITE DA

    APOSTILAS OPO, OU NOS SITES GOVERNAMENTAIS.

    INFORMAMOS QUE NO SO DE NOSSA RESPONSABILIDADE AS ALTERAES E RETIFICAES

    NOS EDITAIS DOS CONCURSOS, ASSIM COMO A DISTRIBUIO GRATUITA DO MATERIAL RETIFICADO,

    NA VERSO IMPRESSA, TENDO EM VISTA QUE NOSSAS APOSTILAS SO ELABORADAS DE ACORDO

    COM O EDITAL INICIAL. QUANDO ISSO OCORRER, INSERIMOS EM NOSSO SITE,

    www.apostilasopcao.com.br, NO LINK ERRATAS, A MATRIA ALTERADA, E DISPONIBILIZAMOS

    GRATUITAMENTE O CONTEDO ALTERADO NA VERSO VIRTUAL PARA NOSSOS CLIENTES.

    CASO HAJA ALGUMA DVIDA QUANTO AO CONTEDO DESTA APOSTILA, O ADQUIRENTE

    DESTA DEVE ACESSAR O SITE www.apostilasopcao.com.br, E ENVIAR SUA DVIDA, A QUAL SER

    RESPONDIDA O MAIS BREVE POSSVEL, ASSIM COMO PARA CONSULTAR ALTERAES LEGISLATIVAS

    E POSSVEIS ERRATAS.

    TAMBM FICAM DISPOSIO DO ADQUIRENTE DESTA APOSTILA O TELEFONE (11) 2856-6066,

    DENTRO DO HORRIO COMERCIAL, PARA EVENTUAIS CONSULTAS.

    EVENTUAIS RECLAMAES DEVERO SER ENCAMINHADAS POR ESCRITO, RESPEITANDO OS

    PRAZOS ESTITUDOS NO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

    PROIBIDA A REPRODUO TOTAL OU PARCIAL DESTA APOSTILA, DE ACORDO COM O

    ARTIGO 184 DO CDIGO PENAL.

    APOSTILAS OPO

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 1

    Morfologia e sintaxe. Concordncia nominal e verbal. Regncia nominal e verbal. Compreenso e interpretao de textos. Intertextualidade. Significado das palavras. Denotao e conotao. Pontuao. Redao (reconhecimento de frases corre-tas e incorretas).

    COMPREENSO E INTERPRETAO DE TEXTOS

    Os concursos apresentam questes interpretativas que tm por finali-

    dade a identificao de um leitor autnomo. Portanto, o candidato deve compreender os nveis estruturais da lngua por meio da lgica, alm de necessitar de um bom lxico internalizado.

    As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto

    em que esto inseridas. Torna-se, assim, necessrio sempre fazer um confronto entre todas as partes que compem o texto.

    Alm disso, fundamental apreender as informaes apresentadas por

    trs do texto e as inferncias a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideolgica do autor diante de uma temtica qualquer.

    Denotao e Conotao Sabe-se que no h associao necessria entre significante (expres-

    so grfica, palavra) e significado, por esta ligao representar uma con-veno. baseado neste conceito de signo lingustico (significante + signi-ficado) que se constroem as noes de denotao e conotao.

    O sentido denotativo das palavras aquele encontrado nos dicionrios,

    o chamado sentido verdadeiro, real. J o uso conotativo das palavras a atribuio de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compreenso, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determinada construo frasal, uma nova relao entre significante e significado.

    Os textos literrios exploram bastante as construes de base conota-

    tiva, numa tentativa de extrapolar o espao do texto e provocar reaes diferenciadas em seus leitores.

    Ainda com base no signo lingustico, encontra-se o conceito de polis-

    semia (que tem muitas significaes). Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem mltiplos significados, como, por exemplo, a palavra ponto: ponto de nibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste caso, no se est atribuindo um sentido fantasioso palavra ponto, e sim ampliando sua significao atravs de expresses que lhe completem e esclaream o sentido.

    Como Ler e Entender Bem um Texto Basicamente, deve-se alcanar a dois nveis de leitura: a informativa e

    de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extra-em-se informaes sobre o contedo abordado e prepara-se o prximo nvel de leitura. Durante a interpretao propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a ideia central de cada pargrafo. Este tipo de procedimento agua a memria visual, favorecendo o entendimento.

    No se pode desconsiderar que, embora a interpretao seja subjetiva,

    h limites. A preocupao deve ser a captao da essncia do texto, a fim de responder s interpretaes que a banca considerou como pertinentes.

    No caso de textos literrios, preciso conhecer a ligao daquele texto

    com outras formas de cultura, outros textos e manifestaes de arte da poca em que o autor viveu. Se no houver esta viso global dos momen-tos literrios e dos escritores, a interpretao pode ficar comprometida. Aqui no se podem dispensar as dicas que aparecem na referncia bibliogrfica da fonte e na identificao do autor.

    A ltima fase da interpretao concentra-se nas perguntas e opes de

    resposta. Aqui so fundamentais marcaes de palavras como no, exce-to, errada, respectivamente etc. que fazem diferena na escolha adequa-da. Muitas vezes, em interpretao, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto , o que responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder pergunta, mas no ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais completa.

    Ainda cabe ressaltar que algumas questes apresentam um fragmento

    do texto transcrito para ser a base de anlise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente parea ser perda de tempo. A descontex-tualizao de palavras ou frases, certas vezes, so tambm um recurso para instaurar a dvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta ser mais consciente e segura.

    Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretao de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

    01. Ler todo o texto, procurando ter uma viso geral do assunto; 02. Se encontrar palavras desconhecidas, no interrompa a leitura, v

    at o fim, ininterruptamente; 03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo monos

    umas trs vezes ou mais; 04. Ler com perspiccia, sutileza, malcia nas entrelinhas; 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; 06. No permitir que prevaleam suas ideias sobre as do autor; 07. Partir o texto em pedaos (pargrafos, partes) para melhor compre-

    enso; 08. Centralizar cada questo ao pedao (pargrafo, parte) do texto cor-

    respondente; 09. Verificar, com ateno e cuidado, o enunciado de cada questo; 10. Cuidado com os vocbulos: destoa (=diferente de ...), no, correta,

    incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, s vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;

    11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;

    12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lgica objetiva;

    13. Cuidado com as questes voltadas para dados superficiais; 14. No se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,

    mas a opo que melhor se enquadre no sentido do texto; 15. s vezes a etimologia ou a semelhana das palavras denuncia a

    resposta; 16. Procure estabelecer quais foram as opinies expostas pelo autor,

    definindo o tema e a mensagem; 17. O autor defende ideias e voc deve perceb-las; 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito so importants-

    simos na interpretao do texto. Ex.: Ele morreu de fome. de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realizao

    do fato (= morte de "ele"). Ex.: Ele morreu faminto. faminto: predicativo do sujeito, o estado em que "ele" se encontrava

    quando morreu.; 19. As oraes coordenadas no tm orao principal, apenas as idei-

    as esto coordenadas entre si; 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vo dar a ele maior clareza

    de expresso, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo Cunegundes

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 2

    ELEMENTOS CONSTITUTIVOS TEXTO NARRATIVO As personagens: So as pessoas, ou seres, viventes ou no, for-

    as naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolar dos fatos.

    Toda narrativa tem um protagonista que a figura central, o heri ou

    herona, personagem principal da histria. O personagem, pessoa ou objeto, que se ope aos designos do prota-

    gonista, chama-se antagonista, e com ele que a personagem principal contracena em primeiro plano.

    As personagens secundrias, que so chamadas tambm de compar-

    sas, so os figurantes de influencia menor, indireta, no decisiva na narra-o.

    O narrador que est a contar a histria tambm uma personagem,

    pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-tncia, ou ainda uma pessoa estranha histria.

    Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-

    nagem: as planas: que so definidas por um trao caracterstico, elas no alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e tendem caricatura; as redondas: so mais complexas tendo uma dimen-so psicolgica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reaes perante os acontecimentos.

    Sequncia dos fatos (enredo): Enredo a sequncia dos fatos, a trama dos acontecimentos e das aes dos personagens. No enredo po-demos distinguir, com maior ou menor nitidez, trs ou quatro estgios progressivos: a exposio (nem sempre ocorre), a complicao, o climax, o desenlace ou desfecho.

    Na exposio o narrador situa a histria quanto poca, o ambiente,

    as personagens e certas circunstncias. Nem sempre esse estgio ocorre, na maioria das vezes, principalmente nos textos literrios mais recentes, a histria comea a ser narrada no meio dos acontecimentos (in mdia), ou seja, no estgio da complicao quando ocorre e conflito, choque de inte-resses entre as personagens.

    O clmax o pice da histria, quando ocorre o estgio de maior ten-

    so do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho, ou seja, a concluso da histria com a resoluo dos conflitos.

    Os fatos: So os acontecimentos de que as personagens partici-pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o g-nero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidiano constitui uma crnica, o relato de um drama social um romance social, e assim por diante. Em toda narrativa h um fato central, que estabelece o carter do texto, e h os fatos secundrios, rela-cionados ao principal.

    Espao: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu-gares, ou mesmo em um s lugar. O texto narrativo precisa conter informaes sobre o espao, onde os fatos acontecem. Muitas ve-zes, principalmente nos textos literrios, essas informaes so extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos narrativo.

    Tempo: Os fatos que compem a narrativa desenvolvem-se num determinado tempo, que consiste na identificao do momento, dia, ms, ano ou poca em que ocorre o fato. A temporalidade sa-lienta as relaes passado/presente/futuro do texto, essas relaes podem ser linear, isto , seguindo a ordem cronolgica dos fatos, ou sofre inverses, quando o narrador nos diz que antes de um fa-to que aconteceu depois.

    O tempo pode ser cronolgico ou psicolgico. O cronolgico o tempo

    material em que se desenrola ao, isto , aquele que medido pela natureza ou pelo relgio. O psicolgico no mensurvel pelos padres fixos, porque aquele que ocorre no interior da personagem, depende da sua percepo da realidade, da durao de um dado acontecimento no seu esprito.

    Narrador: observador e personagem: O narrador, como j dis-semos, a personagem que est a contar a histria. A posio em que se coloca o narrador para contar a histria constitui o foco, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri-zado por :

    - viso por detrs : o narrador conhece tudo o que diz respeito s personagens e histria, tendo uma viso panormica dos acon-tecimentos e a narrao feita em 3a pessoa.

    - viso com: o narrador personagem e ocupa o centro da narra-tiva que feito em 1a pessoa.

    - viso de fora: o narrador descreve e narra apenas o que v, aquilo que observvel exteriormente no comportamento da per-sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-dor um observador e a narrativa feita em 3a pessoa.

    Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de a-presentar um foco narrativo, isto , o ponto de vista atravs do qual a histria est sendo contada. Como j vimos, a narrao feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.

    Formas de apresentao da fala das personagens Como j sabemos, nas histrias, as personagens agem e falam. H

    trs maneiras de comunicar as falas das personagens.

    Discurso Direto: a representao da fala das personagens atra-vs do dilogo.

    Exemplo: Z Lins continuou: carnaval festa do povo. O povo dono da

    verdade. Vem a polcia e comea a falar em ordem pblica. No carna-val a cidade do povo e de ningum mais.

    No discurso direto frequente o uso dos verbo de locuo ou descendi:

    dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de travesses. Porm, quando as falas das personagens so curtas ou rpidas os verbos de locuo podem ser omitidos.

    Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas prprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens. E-xemplo:

    Z Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me-nos sombrios por vir.

    Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se mistura fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narrao. Exemplo:

    Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando alto. Quando me viram, sem chapu, de pijama, por aqueles lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem que estivesse doido. Como poderia andar um homem quela hora , sem fazer nada de cabea no tempo, um branco de ps no cho como eles? S sendo doido mesmo.

    (Jos Lins do Rego)

    TEXTO DESCRITIVO Descrever fazer uma representao verbal dos aspectos mais carac-

    tersticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc. As perspectivas que o observador tem do objeto so muito importantes,

    tanto na descrio literria quanto na descrio tcnica. esta atitude que vai determinar a ordem na enumerao dos traos caractersticos para que o leitor possa combinar suas impresses isoladas formando uma imagem unificada.

    Uma boa descrio vai apresentando o objeto progressivamente, vari-

    ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a pouco.

    Podemos encontrar distines entre uma descrio literria e outra tc-

    nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:

    Descrio Literria: A finalidade maior da descrio literria transmitir a impresso que a coisa vista desperta em nossa mente

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 3

    atravs do sentidos. Da decorrem dois tipos de descrio: a subje-tiva, que reflete o estado de esprito do observador, suas prefern-cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e no o que v realmente; j a objetiva traduz a realidade do mundo objeti-vo, fenomnico, ela exata e dimensional.

    Descrio de Personagem: utilizada para caracterizao das personagens, pela acumulao de traos fsicos e psicolgicos, pela enumerao de seus hbitos, gestos, aptides e temperamen-to, com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, so-cial e econmico .

    Descrio de Paisagem: Neste tipo de descrio, geralmente o observador abrange de uma s vez a globalidade do panorama, para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as partes mais tpicas desse todo.

    Descrio do Ambiente: Ela d os detalhes dos interiores, dos ambientes em que ocorrem as aes, tentando dar ao leitor uma visualizao das suas particularidades, de seus traos distintivos e tpicos.

    Descrio da Cena: Trata-se de uma descrio movimentada, que se desenvolve progressivamente no tempo. a descrio de um incndio, de uma briga, de um naufrgio.

    Descrio Tcnica: Ela apresenta muitas das caractersticas ge-rais da literatura, com a distino de que nela se utiliza um vocabu-lrio mais preciso, salientando-se com exatido os pormenores. predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis-mos, a fenmenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.

    TEXTO DISSERTATIVO Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertao cons-

    ta de uma srie de juzos a respeito de um determinado assunto ou ques-to, e pressupe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrever com clareza, coerncia e objetividade.

    A dissertao pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir

    o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questo.

    A linguagem usada a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-

    do o contexto. Quanto forma, ela pode ser tripartida em :

    Introduo: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda-mentais do assunto que est tratando. a enunciao direta e ob-jetiva da definio do ponto de vista do autor.

    Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo-cadas na introduo sero definidas com os dados mais relevan-tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias articuladas entre si, de forma que a sucesso deles resulte num conjunto coerente e unitrio que se encaixa na introduo e de-sencadeia a concluso.

    Concluso: o fenmeno do texto, marcado pela sntese da ideia central. Na concluso o autor refora sua opinio, retomando a in-troduo e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer em um dissertao, cabe fazermos a distino entre fatos, hiptese e opinio.

    - Fato: o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; a obra ou ao que realmente se praticou.

    - Hiptese: a suposio feita acerca de uma coisa possvel ou no, e de que se tiram diversas concluses; uma afirmao so-bre o desconhecido, feita com base no que j conhecido.

    - Opinio: Opinar julgar ou inserir expresses de aprovao ou desaprovao pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje-tos descritos, um parecer particular, um sentimento que se tem a respeito de algo.

    O TEXTO ARGUMENTATIVO Baseado em Adilson Citelli A linguagem capaz de criar e representar realidades, sendo caracte-

    rizada pela identificao de um elemento de constituio de sentidos. Os discursos verbais podem ser formados de vrias maneiras, para dissertar ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em prticas um conjunto de referncias codificadas h muito tempo e dadas como estruturadoras do tipo de texto solicitado.

    Para se persuadir por meio de muitos recursos da lngua necessrio

    que um texto possua um carter argumentativo/descritivo. A construo de um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a sua anlise e esta dar-se- a partir do momento em que a compreenso do contedo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formao discursi-va responsvel pelo emassamento do contedo que se deseja transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formao do ponto de vista do sujeito, suas anlises das coisas e suas opinies. Nelas, as opinies o que fazemos soltar concepes que tendem a ser orientadas no meio em que o indivduo viva. Vemos que o sujeito lana suas opinies com o simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanaes renderem o convencimento do ponto de vista de algo/algum.

    Na escrita, o que fazemos buscar intenes de sermos entendidos e

    desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e todas as frases ou palavras articuladas produzem significaes dotadas de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas. Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerncia de relevada importncia para a produo textual, pois nela se dar uma se-quncia das ideias e da progresso de argumentos a serem explanadas. Sendo a argumentao o procedimento que tornar a tese aceitvel, a apresentao de argumentos atingir os seus interlocutores em seus objeti-vos; isto se dar atravs do convencimento da persuaso. Os mecanismos da coeso e da coerncia sero ento responsveis pela unidade da for-mao textual.

    Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos

    verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por fora semntica, por recorrncias lexicais, por estratgias de substituio de enunciados.

    Um mecanismo mais fcil de fazer a comunicao entre as pessoas a

    linguagem, quando ela em forma da escrita e aps a leitura, (o que ocorre agora), podemos dizer que h de ter algum que transmita algo, e outro que o receba. Nesta brincadeira que entra a formao de argumentos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicao; nisto, estes argumentos explanados sero o germe de futuras tentativas da comunica-o ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e Persua-so).

    Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; no tem em sua

    unidade a mono caracterstica da dominao do idioma/lngua, e sim o propsito de executar a interao do meio e cultura de cada indivduo. As relaes intertextuais so de grande valia para fazer de um texto uma aluso outros textos, isto proporciona que a imerso que os argumentos do tornem esta produo altamente evocativa.

    A parfrase tambm outro recurso bastante utilizado para trazer a um

    texto um aspecto dinmico e com intento. Juntamente com a pardia, a parfrase utiliza-se de textos j escritos, por algum, e que tornam-se algo espetacularmente incrvel. A diferena que muitas vezes a parfrase no possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetio de argu-mentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes dife-rentes. A criao de um texto requer bem mais do que simplesmente a juno de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. necessrio ter na escolha das palavras e do vocabulrio o cuidado de se requisit-las, bem como para se adot-las. Um texto no totalmente auto-explicativo, da vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu histrico uma relao interdiscursiva e intertextual.

    As metforas, metomnias, onomatopeias ou figuras de linguagem, en-

    tram em ao inseridos num texto como um conjunto de estratgias capa-zes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia tambm muito utilizada para causar este efeito, umas de suas caractersticas salientes, que a ironia d nfase gozao, alm de desvalorizar ideias, valores da oposio, tudo isto em forma de piada.

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 4

    Uma das ltimas, porm no menos importantes, formas de persuadir atravs de argumentos, a Aluso ("Ler no apenas reconhecer o dito, mais tambm o no-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou conceitos pr estabelecidos, sem porm com objetivos de forma clara e concisa. O que acontece a formao de um ambiente potico e sugervel, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensao...

    Texto Base: CITELLI, Adilson; O Texto Argumentativo So Paulo SP,

    Editora ..Scipione, 1994 - 6 edio.

    GNEROS TEXTUAIS

    Gneros textuais so tipos especficos de textos de qualquer natureza,

    literrios ou no. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as funes sociais (narrativas, dissertativas, argumentativas, procedimentais e exortativas), utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser considerados exemplos de gneros textuais: anncios, convites, atas, avisos, programas de auditrios, bulas, cartas, comdias, contos de fadas, convnios, crnicas, editoriais, ementas, ensaios, entrevis-tas, circulares, contratos, decretos, discursos polticos

    A diferena entre Gnero Textual e Tipologia Textual , no meu en-

    tender, importante para direcionar o trabalho do professor de lngua na leitura, compreenso e produo de textos1. O que pretendemos neste pequeno ensaio apresentar algumas consideraes sobre Gnero Tex-tual e Tipologia Textual, usando, para isso, as consideraes feitas por Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos questionveis para o termo Tipologia Textual. No final, apresento minhas consideraes a respeito de minha escolha pelo gnero ou pela tipologia.

    Convm afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreen-

    so e a produo escrita em Lngua Materna deve ter como meta primordial o desenvolvimento no aluno de habilidades que faam com que ele tenha capacidade de usar um nmero sempre maior de recursos da lngua para produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situao especfica de interao humana.

    Luiz Antnio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na esco-

    la a partir da abordagem do Gnero Textual Marcuschi no demonstra favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para ele, o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma vez que no possvel, por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque, embo-ra possamos classificar vrios textos como sendo narrativos, eles se con-cretizam em formas diferentes gneros que possuem diferenas espec-ficas.

    Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlndia/MG)

    defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor, sendo os textos de diferentes tipos, eles se instauram devido existncia de diferen-tes modos de interao ou interlocuo. O trabalho com o texto e com os diferentes tipos de texto fundamental para o desenvolvimento da compe-tncia comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de texto apropriado para um tipo de interao especfica. Deixar o aluno restrito a apenas alguns tipos de texto fazer com que ele s tenha recursos para atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espcie de levantamento de quais tipos seriam mais necessrios para os alunos, para, a partir da, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessrios.

    Marcuschi afirma que os livros didticos trazem, de maneira equivoca-

    da, o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, no se trata de tipo de texto, mas de gnero de texto. O autor diz que no correto afirmar que a carta pessoal, por exemplo, um tipo de texto como fazem os livros. Ele atesta que a carta pessoal um Gnero Textual.

    O autor diz que em todos os gneros os tipos se realizam, ocorrendo,

    muitas das vezes, o mesmo gnero sendo realizado em dois ou mais tipos. Ele apresenta uma carta pessoal3 como exemplo, e comenta que ela pode apresentar as tipologias descrio, injuno, exposio, narrao e argu-mentao. Ele chama essa miscelnea de tipos presentes em um gnero de heterogeneidade tipolgica.

    Travaglia (2002) fala em conjugao tipolgica. Para ele, dificilmente so encontrados tipos puros. Realmente raro um tipo puro. Num texto como a bula de remdio, por exemplo, que para Fvero & Koch (1987) um texto injuntivo, tem-se a presena de vrias tipologias, como a descri-o, a injuno e a predio4. Travaglia afirma que um texto se define como de um tipo por uma questo de dominncia, em funo do tipo de interlocu-o que se pretende estabelecer e que se estabelece, e no em funo do espao ocupado por um tipo na constituio desse texto.

    Quando acontece o fenmeno de um texto ter aspecto de um gnero

    mas ter sido construdo em outro, Marcuschi d o nome de intertextuali-dade intergneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu no texto a configurao de uma estrutura intergneros de natureza altamen-te hbrida, sendo que um gnero assume a funo de outro.

    Travaglia no fala de intertextualidade intergneros, mas fala de um

    intercmbio de tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser usado no lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossveis, na opinio do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de descries e comentrios dissertativos feitos por meio da narrao.

    Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a seguinte configurao terica:

    intertextualidade intergneros = um gnero com a funo de outro

    heterogeneidade tipolgica = um gnero com a presena de vrios tipos

    Travaglia mostra o seguinte:

    conjugao tipolgica = um texto apresenta vrios tipos

    intercmbio de tipos = um tipo usado no lugar de outro Aspecto interessante a se observar que Marcuschi afirma que os g-

    neros no so entidades naturais, mas artefatos culturais construdos historicamente pelo ser humano. Um gnero, para ele, pode no ter uma determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gnero. Para exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da carta pessoal. Mesmo que o autor da carta no tenha assinado o nome no final, ela continuar sendo carta, graas as suas propriedades necessrias e suficientes5.Ele diz, ainda, que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma lista de produtos em oferta. O que importa que esteja fazendo divulgao de produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usurios da-quele produto.

    Para Marcuschi, Tipologia Textual um termo que deve ser usado pa-

    ra designar uma espcie de sequncia teoricamente definida pela natureza lingustica de sua composio. Em geral, os tipos textuais abrangem as categorias narrao, argumentao, exposio, descrio e injuno (Swa-les, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999). Segundo ele, o termo Tipologia Textual usado para designar uma espcie de sequncia teoricamente definida pela natureza lingustica de sua composio (aspectos lexicais, sintticos, tempos verbais, relaes lgicas) (p. 22).

    Gnero Textual definido pelo autor como uma noo vaga para os

    textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam caracte-rsticas scio-comunicativas definidas pelos contedos, propriedades funcionais, estilo e composio caracterstica.

    Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um

    modo de interao, uma maneira de interlocuo, segundo perspectivas que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar ligadas ao produtor do texto em relao ao objeto do dizer quanto ao fa-zer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto insero destes no tempo e/ou no espao. Pode ser possvel a perspectiva do produtor do texto dada pela imagem que o mesmo faz do receptor como algum que concorda ou no com o que ele diz. Surge, assim, o discurso da transformao, quando o produtor v o receptor como algum que no concorda com ele. Se o produtor vir o receptor como algum que concorda com ele, surge o discur-so da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinio de Travaglia, uma perspecti-va em que o produtor do texto faz uma antecipao no dizer. Da mesma forma, possvel encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa de comprometimento ou no. Resumindo, cada uma das perspectivas apre-sentadas pelo autor gerar um tipo de texto. Assim, a primeira perspectiva faz surgir os tipos descrio, dissertao, injuno e narrao. A segun-

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 5

    da perspectiva faz com que surja o tipo argumentativo stricto sensu6 e no argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipao faz surgir o tipo preditivo. A do comprometimento d origem a textos do mundo comentado (comprometimento) e do mundo narrado (no comprometi-mento) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam enquadrados, de maneira geral, no tipo narrao. J os do mundo comentado ficariam no tipo dissertao.

    Travaglia diz que o Gnero Textual se caracteriza por exercer uma

    funo social especfica. Para ele, estas funes sociais so pressentidas e vivenciadas pelos usurios. Isso equivale dizer que, intuitivamente, sabe-mos que gnero usar em momentos especficos de interao, de acordo com a funo social dele. Quando vamos escrever um e-mail, sabemos que ele pode apresentar caractersticas que faro com que ele funcione de maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo no o mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo informa-es sobre um concurso pblico, por exemplo.

    Observamos que Travaglia d ao gnero uma funo social. Parece

    que ele diferencia Tipologia Textual de Gnero Textual a partir dessa qualidade que o gnero possui. Mas todo texto, independente de seu gnero ou tipo, no exerce uma funo social qualquer?

    Marcuschi apresenta alguns exemplos de gneros, mas no ressalta

    sua funo social. Os exemplos que ele traz so telefonema, sermo, romance, bilhete, aula expositiva, reunio de condomnio, etc.

    J Travaglia, no s traz alguns exemplos de gneros como mostra o

    que, na sua opinio, seria a funo social bsica comum a cada um: aviso, comunicado, edital, informao, informe, citao (todos com a funo social de dar conhecimento de algo a algum). Certamente a carta e o e-mail entrariam nessa lista, levando em considerao que o aviso pode ser dado sob a forma de uma carta, e-mail ou ofcio. Ele continua exemplificando apresentando a petio, o memorial, o requerimento, o abaixo assinado (com a funo social de pedir, solicitar). Continuo colocando a carta, o e-mail e o ofcio aqui. Nota promissria, termo de compromisso e voto so exemplos com a funo de prometer. Para mim o voto no teria essa fun-o de prometer. Mas a funo de confirmar a promessa de dar o voto a algum. Quando algum vota, no promete nada, confirma a promessa de votar que pode ter sido feita a um candidato.

    Ele apresenta outros exemplos, mas por questo de espao no colo-

    carei todos. bom notar que os exemplos dados por ele, mesmo os que no foram mostrados aqui, apresentam funo social formal, rgida. Ele no apresenta exemplos de gneros que tenham uma funo social menos rgida, como o bilhete.

    Uma discusso vista em Travaglia e no encontrada em Marcuschi7 a

    de Espcie. Para ele, Espcie se define e se caracteriza por aspectos formais de estrutura e de superfcie lingustica e/ou aspectos de contedo. Ele exemplifica Espcie dizendo que existem duas pertencentes ao tipo narrativo: a histria e a no-histria. Ainda do tipo narrativo, ele apresenta as Espcies narrativa em prosa e narrativa em verso. No tipo descritivo ele mostra as Espcies distintas objetiva x subjetiva, esttica x dinmica e comentadora x narradora. Mudando para gnero, ele apresenta a corres-pondncia com as Espcies carta, telegrama, bilhete, ofcio, etc. No gnero romance, ele mostra as Espcies romance histrico, regionalista, fantsti-co, de fico cientfica, policial, ertico, etc. No sei at que ponto a Esp-cie daria conta de todos os Gneros Textuais existentes. Ser que possvel especificar todas elas? Talvez seja difcil at mesmo porque no fcil dizer quantos e quais so os gneros textuais existentes.

    Se em Travaglia nota-se uma discusso terica no percebida em Mar-

    cuschi, o oposto tambm acontece. Este autor discute o conceito de Dom-nio Discursivo. Ele diz que os domnios discursivos so as grandes esfe-ras da atividade humana em que os textos circulam (p. 24). Segundo infor-ma, esses domnios no seriam nem textos nem discursos, mas dariam origem a discursos muito especficos. Constituiriam prticas discursivas dentro das quais seria possvel a identificao de um conjunto de gneros que s vezes lhes so prprios como prticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas. Como exemplo, ele fala do discurso jornalstico, discur-so jurdico e discurso religioso. Cada uma dessas atividades, jornalstica,

    jurdica e religiosa, no abrange gneros em particular, mas origina vrios deles.

    Travaglia at fala do discurso jurdico e religioso, mas no como Mar-

    cuschi. Ele cita esses discursos quando discute o que para ele tipologia de discurso. Assim, ele fala dos discursos citados mostrando que as tipolo-gias de discurso usaro critrios ligados s condies de produo dos discursos e s diversas formaes discursivas em que podem estar inseri-dos (Koch & Fvero, 1987, p. 3). Citando Koch & Fvero, o autor fala que uma tipologia de discurso usaria critrios ligados referncia (institucional (discurso poltico, religioso, jurdico), ideolgica (discurso petista, de direita, de esquerda, cristo, etc), a domnios de saber (discurso mdico, lingusti-co, filosfico, etc), inter-relao entre elementos da exterioridade (discur-so autoritrio, polmico, ldico)). Marcuschi no faz aluso a uma tipologia do discurso.

    Semelhante opinio entre os dois autores citados notada quando fa-

    lam que texto e discurso no devem ser encarados como iguais. Marcus-chi considera o texto como uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum Gnero Textual [grifo meu] (p. 24). Discurso para ele aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instn-cia discursiva. O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia considera o discurso como a prpria atividade comunicativa, a prpria atividade produtora de sentidos para a interao comunicativa, regulada por uma exterioridade scio-histrica-ideolgica (p. 03). Texto o resultado dessa atividade comunicativa. O texto, para ele, visto como

    uma unidade lingustica concreta que tomada pelos usurios da ln-gua em uma situao de interao comunicativa especfica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma funo comunicativa reco-nhecvel e reconhecida, independentemente de sua extenso (p. 03).

    Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta que

    sua preocupao com a tipologia de textos, e no de discursos. Marcus-chi afirma que a definio que traz de texto e discurso muito mais opera-cional do que formal.

    Travaglia faz uma tipologizao dos termos Gnero Textual, Tipolo-gia Textual e Espcie. Ele chama esses elementos de Tipelementos. Justifica a escolha pelo termo por considerar que os elementos tipolgicos (Gnero Textual, Tipologia Textual e Espcie) so bsicos na construo das tipologias e talvez dos textos, numa espcie de analogia com os ele-mentos qumicos que compem as substncias encontradas na natureza.

    Para concluir, acredito que vale a pena considerar que as discusses

    feitas por Marcuschi, em defesa da abordagem textual a partir dos Gneros Textuais, esto diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho com o gnero uma grande oportunidade de se lidar com a lngua em seus mais diversos usos autnticos no dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que ele apresenta a ideia bsica de que um maior conhecimento do funcionamento dos Gneros Textuais importante para a produo e para a compreen-so de textos. Travaglia no faz abordagens especficas ligadas questo do ensino no seu tratamento Tipologia Textual.

    O que Travaglia mostra uma extrema preferncia pelo uso da Tipo-

    logia Textual, independente de estar ligada ao ensino. Sua abordagem parece ser mais taxionmica. Ele chega a afirmar que so os tipos que entram na composio da grande maioria dos textos. Para ele, a questo dos elementos tipolgicos e suas implicaes com o ensino/aprendizagem merece maiores discusses.

    Marcuschi diz que no acredita na existncia de Gneros Textuais i-

    deais para o ensino de lngua. Ele afirma que possvel a identificao de gneros com dificuldades progressivas, do nvel menos formal ao mais formal, do mais privado ao mais pblico e assim por diante. Os gneros devem passar por um processo de progresso, conforme sugerem Sch-neuwly & Dolz (2004).

    Travaglia, como afirmei, no faz consideraes sobre o trabalho com a

    Tipologia Textual e o ensino. Acredito que um trabalho com a tipologia teria que, no mnimo, levar em conta a questo de com quais tipos de texto deve-se trabalhar na escola, a quais ser dada maior ateno e com quais ser feito um trabalho mais detido. Acho que a escolha pelo tipo, caso seja

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 6

    considerada a ideia de Travaglia, deve levar em conta uma srie de fatores, porm dois so mais pertinentes:

    a) O trabalho com os tipos deveria preparar o aluno para a composi-o de quaisquer outros textos (no sei ao certo se isso possvel. Pode ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo no d ao alu-no o preparo ideal para lidar com o tipo dissertativo, e vice-versa. Um aluno que pra de estudar na 5 srie e no volta mais escola teria convivido muito mais com o tipo narrativo, sendo esse o mais trabalhado nessa srie. Ser que ele estaria preparado para produ-zir, quando necessrio, outros tipos textuais? Ao lidar somente com o tipo narrativo, por exemplo, o aluno, de certa forma, no deixa de trabalhar com os outros tipos?);

    b) A utilizao prtica que o aluno far de cada tipo em sua vida. Acho que vale a pena dizer que sou favorvel ao trabalho com o Gne-

    ro Textual na escola, embora saiba que todo gnero realiza necessaria-mente uma ou mais sequncias tipolgicas e que todos os tipos inserem-se em algum gnero textual.

    At recentemente, o ensino de produo de textos (ou de redao) era

    feito como um procedimento nico e global, como se todos os tipos de texto fossem iguais e no apresentassem determinadas dificuldades e, por isso, no exigissem aprendizagens especficas. A frmula de ensino de redao, ainda hoje muito praticada nas escolas brasileiras que consiste funda-mentalmente na trilogia narrao, descrio e dissertao tem por base uma concepo voltada essencialmente para duas finalidades: a formao de escritores literrios (caso o aluno se aprimore nas duas primeiras moda-lidades textuais) ou a formao de cientistas (caso da terceira modalidade) (Antunes, 2004). Alm disso, essa concepo guarda em si uma viso equivocada de que narrar e descrever seriam aes mais fceis do que dissertar, ou mais adequadas faixa etria, razo pela qual esta ltima tenha sido reservada s sries terminais - tanto no ensino fundamental quanto no ensino mdio.

    O ensino-aprendizagem de leitura, compreenso e produo de texto

    pela perspectiva dos gneros reposiciona o verdadeiro papel do professor de Lngua Materna hoje, no mais visto aqui como um especialista em textos literrios ou cientficos, distantes da realidade e da prtica textual do aluno, mas como um especialista nas diferentes modalidades textuais, orais e escritas, de uso social. Assim, o espao da sala de aula transformado numa verdadeira oficina de textos de ao social, o que viabilizado e concretizado pela adoo de algumas estratgias, como enviar uma carta para um aluno de outra classe, fazer um carto e ofertar a algum, enviar uma carta de solicitao a um secretrio da prefeitura, realizar uma entre-vista, etc. Essas atividades, alm de diversificar e concretizar os leitores das produes (que agora deixam de ser apenas leitores visuais), permi-tem tambm a participao direta de todos os alunos e eventualmente de pessoas que fazem parte de suas relaes familiares e sociais. A avaliao dessas produes abandona os critrios quase que exclusivamente liter-rios ou gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto no aquele que apresenta, ou s apresenta, caractersticas literrias, mas aquele que adequado situao comunicacional para a qual foi produzi-do, ou seja, se a escolha do gnero, se a estrutura, o contedo, o estilo e o nvel de lngua esto adequados ao interlocutor e podem cumprir a finalida-de do texto.

    Acredito que abordando os gneros a escola estaria dando ao aluno a

    oportunidade de se apropriar devidamente de diferentes Gneros Textuais socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da interao humana, percebendo que o exerccio da linguagem ser o lugar da sua constituio como sujeito. A atividade com a lngua, assim, favoreceria o exerccio da interao humana, da participao social dentro de uma socie-dade letrada.

    1 - Penso que quando o professor no opta pelo trabalho com o gne-ro ou com o tipo ele acaba no tendo uma maneira muito clara pa-ra selecionar os textos com os quais trabalhar.

    2 - Outra discusso poderia ser feita se se optasse por tratar um pou-co a diferena entre Gnero Textual e Gnero Discursivo.

    3 - Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente des-critiva, ou dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa. Acho meio difcil algum conseguir escrever um texto, caracteriza-do como carta, apenas com descries, ou apenas com injunes.

    Por outro lado, meio que contrariando o que acabara de afirmar, ele diz desconhecer um gnero necessariamente descritivo.

    4 - Termo usado pelas autoras citadas para os textos que fazem pre-viso, como o boletim meteorolgico e o horscopo.

    5 - Necessrias para a carta, e suficientes para que o texto seja uma carta.

    6 - Segundo Travaglia (1991), texto argumentativo stricto sensu o que faz argumentao explcita.

    7 - Pelo menos nos textos aos quais tive acesso. Slvio Ribeiro da Sil-va.

    Texto Literrio: expressa a opinio pessoal do autor que tambm transmitida atravs de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um ro-mance, um conto, uma poesia...

    Texto no-literrio: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possvel. Ex: uma notcia de jornal, uma bula de medicamento.

    Linguagem Verbal - Existem vrias formas de comunicao. Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos que ele est utilizando uma linguagem verbal, pois o cdigo usado a palavra. Tal cdigo est presente, quando falamos com algum, quando lemos, quando escrevemos. A linguagem verbal a forma de comunicao mais presente em nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos, comunicando-nos por meio desse cdigo verbal imprescindvel em nossas vidas. ela est presente em textos em propagandas;

    em reportagens (jornais, revistas, etc.); em obras literrias e cientficas; na comunicao entre as pessoas; em discursos (Presidente da Repblica, representantes de classe,

    candidatos a cargos pblicos, etc.); e em vrias outras situaes.

    Linguagem No Verbal

    Observe a figura abaixo, este sinal demonstra que proibido fumar em um determinado local. A linguagem utilizada a no-verbal pois no utiliza do cdigo "lngua portuguesa" para transmitir que proibido fumar. Na figura abaixo, percebemos que o semforo, nos transmite a ideia de ateno, de acordo com a cor apresentada no semforo, podemos saber se permitido seguir em frente (verde), se para ter ateno (amarelo) ou se proibido seguir em frente (vermelho) naquele instante.

    Como voc percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodificadas. Voc notou que em nenhuma delas existe a presena da palavra? O que est presente outro tipo de cdigo. Apesar de haver ausncia da palavra, ns temos uma linguagem, pois podemos decifrar mensagens a partir das imagens. O tipo de linguagem, cujo cdigo no a palavra, denomina-se linguagem no-verbal, isto , usam-se outros cdigos (o desenho, a dana, os sons, os gestos, a expresso fisionmica, as cores) Fonte: www.graudez.com.br

    COESO E COERNCIA

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 7

    Diogo Maria De Matos Polnio Introduo Este trabalho foi realizado no mbito do Seminrio Pedaggico sobre

    Pragmtica Lingustica e Os Novos Programas de Lngua Portuguesa, sob orientao da Professora-Doutora Ana Cristina Macrio Lopes, que decor-reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

    Procurou-se, no referido seminrio, refletir, de uma forma geral, sobre a

    incidncia das teorias da Pragmtica Lingustica nos programas oficiais de Lngua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento terico sobre deter-minados conceitos necessrios a um ensino qualitativamente mais vlido e, simultaneamente, uma vertente prtica pedaggica que tem necessaria-mente presente a aplicao destes conhecimentos na situao real da sala de aula.

    Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestes de aplica-

    o na prtica docente quotidiana das teorias da pragmtica lingustica no campo da coerncia textual, tendo em conta as concluses avanadas no referido seminrio.

    Ser, no entanto, necessrio reter que esta pequena reflexo aqui a-

    presentada encerra em si uma minscula partcula de conhecimento no vastssimo universo que , hoje em dia, a teoria da pragmtica lingustica e que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas reflexes no sentido de auxiliar o docente no ensino da lngua materna, j ter cum-prido honestamente o seu papel.

    Coeso e Coerncia Textual Qualquer falante sabe que a comunicao verbal no se faz geralmen-

    te atravs de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto em que so produzidas. Ou seja, uma qualquer sequncia de palavras no constitui forosamente uma frase.

    Para que uma sequncia de morfemas seja admitida como frase, torna-

    se necessrio que respeite uma certa ordem combinatria, ou seja, preciso que essa sequncia seja construda tendo em conta o sistema da lngua.

    Tal como um qualquer conjunto de palavras no forma uma frase, tam-

    bm um qualquer conjunto de frases no forma, forosamente, um texto. Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, um objeto materia-

    lizado numa dada lngua natural, produzido numa situao concreta e pressupondo os participantes locutor e alocutrio, fabricado pelo locutor atravs de uma seleo feita sobre tudo o que dizvel por esse locutor, numa determinada situao, a um determinado alocutrio1.

    Assim, materialidade lingustica, isto , a lngua natural em uso, os c-

    digos simblicos, os processos cognitivos e as pressuposies do locutor sobre o saber que ele e o alocutrio partilham acerca do mundo so ingre-dientes indispensveis ao objeto texto.

    Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas

    por todos os membros de uma comunidade lingustica. Este sistema de regras de base constitui a competncia textual dos sujeitos, competncia essa que uma gramtica do texto se prope modelizar.

    Uma tal gramtica fornece, dentro de um quadro formal, determinadas

    regras para a boa formao textual. Destas regras podemos fazer derivar certos julgamentos de coerncia textual.

    Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerncia

    nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigao concluem que as intervenes do professor a nvel de incorrees detectadas na estrutura da frase so precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencio-nais; so designadas com recurso a expresses tcnicas (construo, conjugao) e fornecem pretexto para pr em prtica exerccios de corre-o, tendo em conta uma eliminao duradoura das incorrees observa-das.

    Pelo contrrio, as intervenes dos professores no quadro das incorre-es a nvel da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre-es no so designadas atravs de vocabulrio tcnico, traduzindo, na maior parte das vezes, uma impresso global da leitura (incompreensvel; no quer dizer nada).

    Para alm disso, verificam-se prticas de correo algo brutais (refazer;

    reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exerccios de recupe-rao.

    Esta situao pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor

    desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a fazer respeitar uma ordem sobre a qual no tem nenhum controle.

    Antes de passarmos apresentao e ao estudo dos quatro princpios

    de coerncia textual, h que esclarecer a problemtica criada pela dicoto-mia coerncia/coeso que se encontra diretamente relacionada com a dicotomia coerncia macro-estrutural/coerncia micro-estrutural.

    Mira Mateus considera pertinente a existncia de uma diferenciao

    entre coerncia textual e coeso textual. Assim, segundo esta autora, coeso textual diz respeito aos processos

    lingusticos que permitem revelar a inter-dependncia semntica existente entre sequncias textuais:

    Ex.: Entrei na livraria mas no comprei nenhum livro. Para a mesma autora, coerncia textual diz respeito aos processos

    mentais de apropriao do real que permitem inter-relacionar sequncias textuais:

    Ex.: Se esse animal respira por pulmes, no peixe. Pensamos, no entanto, que esta distino se faz apenas por razes de

    sistematizao e de estruturao de trabalho, j que Mira Mateus no hesita em agrupar coeso e coerncia como caractersticas de uma s propriedade indispensvel para que qualquer manifestao lingustica se transforme num texto: a conetividade2.

    Para Charolles no pertinente, do ponto de vista tcnico, estabelecer

    uma distino entre coeso e coerncia textuais, uma vez que se torna difcil separar as regras que orientam a formao textual das regras que orientam a formao do discurso.

    Alm disso, para este autor, as regras que orientam a micro-coerncia

    so as mesmas que orientam a macro-coerncia textual. Efetivamente, quando se elabora um resumo de um texto obedece-se s mesmas regras de coerncia que foram usadas para a construo do texto original.

    Assim, para Charolles, micro-estrutura textual diz respeito s relaes

    de coerncia que se estabelecem entre as frases de uma sequncia textual, enquanto que macro-estrutura textual diz respeito s relaes de coerncia existentes entre as vrias sequncias textuais. Por exemplo:

    Sequncia 1: O Antnio partiu para Lisboa. Ele deixou o escritrio mais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.

    Sequncia 2: Em Lisboa, o Antnio ir encontrar-se com ami-gos.Vai trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia de teatro.

    Como micro-estruturas temos a sequncia 1 ou a sequncia 2, enquan-

    to que o conjunto das duas sequncias forma uma macro-estrutura. Vamos agora abordar os princpios de coerncia textual3: 1. Princpio da Recorrncia4: para que um texto seja coerente, torna-se

    necessrio que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de recorrncia restrita.

    Para assegurar essa recorrncia a lngua dispe de vrios recursos: - pronominalizaes, - expresses definidas5, - substituies lexicais, - retomas de inferncias.

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 8

    Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequncia a uma outra que se encontre prxima em termos de estrutura de texto, reto-mando num elemento de uma sequncia um elemento presente numa sequncia anterior:

    a)-Pronominalizaes: a utilizao de um pronome torna possvel a re-

    petio, distncia, de um sintagma ou at de uma frase inteira. O caso mais frequente o da anfora, em que o referente antecipa o

    pronome. Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangu-

    lada no seu quarto. No caso mais raro da catfora, o pronome antecipa o seu referente. Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ain-

    da: No me importo de o confessar: este crime impressionou-me. Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilizao da catfora, pa-

    ra nos precavermos de enunciados como este: Ele sabe muito bem que o Joo no vai estar de acordo com o Antnio. Num enunciado como este, no h qualquer possibilidade de identificar

    ele com Antnio. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretao: ele dir respeito a um sujeito que no ser nem o Joo nem o Antnio, mas que far parte do conhecimento simultneo do emissor e do receptor.

    Para que tal acontea, torna-se necessrio reformular esse enunciado: O Antnio sabe muito bem que o Joo no vai estar de acordo com ele. As situaes de ambiguidade referencial so frequentes nos textos dos

    alunos. Ex.: O Pedro e o meu irmo banhavam-se num rio. Um homem estava tambm a banhar-se. Como ele sabia nadar, ensinou-o. Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade se-

    quencial, existem disfunes que introduzem zonas de incerteza no texto: ele sabia nadar(quem?), ele ensinou-o (quem?; a quem?) b)-Expresses Definidas: tal como as pronominalizaes, as expres-

    ses definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um elemento de uma frase numa outra frase ou at numa outra sequncia textual.

    Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. Os gatos vo sempre conosco.

    Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas

    aparecem quando o nome que se repete imediatamente vizinho daquele que o precede.

    Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido colorido e muito ele-gante.

    Neste caso, o problema resolve-se com a aplicao de deticos contex-

    tuais. Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele colorido e muito elegante. Pode tambm resolver-se a situao virtualmente utilizando a elipse. Ex.: A Margarida comprou um vestido. colorido e muito elegante. Ou

    ainda: A Margarida comprou um vestido que colorido e muito elegante. c)-Substituies Lexicais: o uso de expresses definidas e de deticos

    contextuais muitas vezes acompanhado de substituies lexicais. Este processo evita as repeties de lexemas, permitindo uma retoma do ele-mento lingustico.

    Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem noite: estrangularam uma senhora. Este assassinato odioso.

    Tambm neste caso, surgem algumas regras que se torna necessrio

    respeitar. Por exemplo, o termo mais genrico no pode preceder o seu representante mais especfico.

    Ex.: O piloto alemo venceu ontem o grande prmio da Alemanha. S-chumacher festejou euforicamente junto da sua equipa.

    Se se inverterem os substantivos, a relao entre os elementos lingus-

    ticos torna-se mais clara, favorecendo a coerncia textual. Assim, Schuma-cher, como termo mais especfico, deveria preceder o piloto alemo.

    No entanto, a substituio de um lexema acompanhado por um deter-

    minante, pode no ser suficiente para estabelecer uma coerncia restrita. Atentemos no seguinte exemplo:

    Picasso morreu h alguns anos. O autor da "Sagrao da Primavera"

    doou toda a sua coleo particular ao Museu de Barcelona. A presena do determinante definido no suficiente para considerar

    que Picasso e o autor da referida pea sejam a mesma pessoa, uma vez que sabemos que no foi Picasso mas Stravinski que comps a referida pea.

    Neste caso, mais do que o conhecimento normativo terico, ou lexico-

    enciclopdico, so importantes o conhecimento e as convices dos parti-cipantes no ato de comunicao, sendo assim impossvel traar uma fron-teira entre a semntica e a pragmtica.

    H tambm que ter em conta que a substituio lexical se pode efetuar

    por - Sinonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior

    parte dos traos semnticos idntica: A criana caiu. O mido nun-ca mais aprende a cair!

    - Antonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior parte dos traos semnticos oposta: Disseste a verdade? Isso cheira-me a mentira!

    - Hiperonmia-a primeira expresso mantm com a segunda uma re-lao classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Ento lagosta, adoro!

    - Hiponmia- a primeira expresso mantm com a segunda uma re-lao elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas de um felino?

    d)-Retomas de Inferncias: neste caso, a relao feita com base em

    contedos semnticos no manifestados, ao contrrio do que se passava com os processos de recorrncia anteriormente tratados.

    Vejamos: P - A Maria comeu a bolacha? R1 - No, ela deixou-a cair no cho. R2 - No, ela comeu um morango. R3 - No, ela despenteou-se. As sequncias P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes do

    que a sequncia P+R3. No entanto, todas as sequncias so asseguradas pela repetio do

    pronome na 3 pessoa. Podemos afirmar, neste caso, que a repetio do pronome no sufi-

    ciente para garantir coerncia a uma sequncia textual. Assim, a diferena de avaliao que fazemos ao analisar as vrias hi-

    pteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e R2 retomarem inferncias presentes em P:

    - aconteceu alguma coisa bolacha da Maria, - a Maria comeu qualquer coisa. J R3 no retoma nenhuma inferncia potencialmente dedutvel de P. Conclui-se, ento, que a retoma de inferncias ou de pressuposies

    garante uma fortificao da coerncia textual. Quando analisamos certos exerccios de prolongamento de texto (con-

    tinuar a estruturao de um texto a partir de um incio dado) os alunos so levados a veicular certas informaes pressupostas pelos professores.

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 9

    Por exemplo, quando se apresenta um incio de um texto do tipo: Trs

    crianas passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vo eles fazer?

    A interrogao final permite-nos pressupor que as crianas vo real-

    mente fazer qualquer coisa. Um aluno que ignore isso e que narre que os pssaros cantavam en-

    quanto as folhas eram levadas pelo vento, ser punido por ter apresentado uma narrao incoerente, tendo em conta a questo apresentada.

    No entanto, um professor ter que ter em conta que essas inferncias

    ou essas pressuposies se relacionam mais com o conhecimento do mundo do que com os elementos lingusticos propriamente ditos.

    Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de exerc-

    cios, esto muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo ao qual eles no tiveram acesso. Por exemplo, ser difcil a um aluno recriar o quotidiano de um multi-milionrio,senhor de um grande imprio industrial, que vive numa luxuosa vila.

    2.Princpio da Progresso: para que um texto seja coerente, torna-se

    necessrio que o seu desenvolvimento se faa acompanhar de uma infor-mao semntica constantemente renovada.

    Este segundo princpio completa o primeiro, uma vez que estipula que

    um texto, para ser coerente, no se deve contentar com uma repetio constante da prpria matria.

    Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferreiro

    estava vestido com umas calas pretas, um chapu claro e uma vestimenta preta. Tinha ao p de si uma bigorna e batia com fora na bigorna. Todos os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em baixo e batia com o martelo na bigorna.

    Se tivermos em conta apenas o princpio da recorrncia, este texto no

    ser incoerente, ser at coerente demais. No entanto, segundo o princpio da progresso, a produo de um tex-

    to coerente pressupe que se realize um equilbrio cuidado entre continui-dade temtica e progresso semntica.

    Torna-se assim necessrio dominar, simultaneamente, estes dois prin-

    cpios (recorrncia e progresso) uma vez que a abordagem da informao no se pode processar de qualquer maneira.

    Assim, um texto ser coerente se a ordem linear das sequncias a-

    companhar a ordenao temporal dos fatos descritos. Ex.: Cheguei, vi e venci.(e no Vi, venci e cheguei). O texto ser coerente desde que reconheamos, na ordenao das su-

    as sequncias, uma ordenao de causa-consequncia entre os estados de coisas descritos.

    Ex.: Houve seca porque no choveu. (e no Houve seca porque cho-veu).

    Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepo dos esta-

    dos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequncias textuais.

    Ex.: A praa era enorme. No meio, havia uma coluna; volta, rvores e canteiros com flores.

    Neste caso, notamos que a percepo se dirige do geral para o particu-

    lar. 3.Princpio da No- Contradio: para que um texto seja coerente, tor-

    na-se necessrio que o seu desenvolvimento no introduza nenhum ele-mento semntico que contradiga um contedo apresentado ou pressuposto por uma ocorrncia anterior ou dedutvel por inferncia.

    Ou seja, este princpio estipula simplesmente que inadmissvel que

    uma mesma proposio seja conjuntamente verdadeira e no verdadeira. Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das con-

    tradies inferenciais e pressuposicionais6. Existe contradio inferencial quando a partir de uma proposio po-

    demos deduzir uma outra que contradiz um contedo semntico apresenta-do ou dedutvel.

    Ex.: A minha tia viva. O seu marido coleciona relgios de bolso. As inferncias que autorizam viva no s no so retomadas na se-

    gunda frase, como so perfeitamente contraditas por essa mesma frase. O efeito da incoerncia resulta de incompatibilidades semnticas pro-

    fundas s quais temos de acrescentar algumas consideraes temporais, uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o pretrito para suprimir as contradies.

    As contradies pressuposicionais so em tudo comparveis s infe-

    renciais, com a exceo de que no caso das pressuposicionais um conte-do pressuposto que se encontra contradito.

    Ex.: O Jlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa -lhe per-feitamente fiel.

    Na segunda frase, afirma-se a inegvel fidelidade da mulher de Jlio,

    enquanto a primeira pressupe o inverso. frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradio pre-

    sente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contradi-o, assume-a, anula-a e toma partido dela.

    Ex.: O Joo detesta viajar. No entanto, est entusiasmado com a parti-da para Itlia, uma vez que sempre sonhou visitar Florena.

    4.Princpio da Relao: para que um texto seja coerente, torna-se ne-

    cessrio que denote, no seu mundo de representao, fatos que se apre-sentem diretamente relacionados.

    Ou seja, este princpio enuncia que para uma sequncia ser admitida

    como coerente7, ter de apresentar aes, estados ou eventos que sejam congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.

    Assim, se tivermos em conta as trs frases seguintes 1 - A Silvia foi estudar. 2 - A Silvia vai fazer um exame. 3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Frmula 1. A sequncia formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo mais

    congruente do que as sequncias 1+3 ou 2+3. Nos discursos naturais, as relaes de relevncia factual so, na maior

    parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanti-camente.

    Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou tambm: A Sil-via vai fazer um exame portanto foi estudar.

    A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui um bom teste para descobrir uma incongruncia.

    Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Frmula 1.

    O conhecimento destes princpios de coerncia, por parte dos profes-

    sores, permite uma nova apreciao dos textos produzidos pelos alunos, garantindo uma melhor correo dos seus trabalhos, evitando encontrar incoerncias em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a dinamizao de estratgias de correo.

    Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de cen-

    trais termo-nucleares nada lhe parecer mais incoerente do que um tratado tcnico sobre centrais termo-nucleares.

    No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes.

    Pelo contrrio, os receptores do ao emissor o crdito da coerncia, admi-

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 10

    tindo que o emissor ter razes para apresentar os textos daquela maneira. Assim, o leitor vai esforar-se na procura de um fio condutor de pen-

    samento que conduza a uma estrutura coerente. Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensa-

    mento e de linguagem uma espcie de princpio de coerncia verbal (com-parvel com o princpio de cooperao de Grice8 estipulando que, seja qual for o discurso, ele deve apresentar forosamente uma coerncia prpria, uma vez que concebido por um esprito que no incoerente por si mesmo.

    justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os

    textos dos nossos alunos. Anotaes: 1- M. H. Mira Mateus, Gramtica da Lngua Portuguesa, Ed. Cami-

    nho, 19923, p.134; 1- M. H. Mira Mateus, op. cit., pp.134-148; 3- "Mta-regles de cohrence", segundo Charolles, Introduction aux

    problmes de la cohrence des textes, in Langue Franaise, 1978; 4- "Mta-regle de rptition", segundo Charolles (op. cit.); 5- "Les dficitivisations et les rfrentiations dictiques contextuelles",

    segundo Charolles (op. cit.); 6- Charolles aponta igualmente as contradies enunciativas. No en-

    tanto, vamos debruar-nos apenas sobre as contradies inferen-ciais e pressuposicionais, uma vez que foi sobre este tipo de con-tradies que efetuamos exerccios em situao de prtica peda-ggica.

    7- Charolles refere inclusivamente a existncia de uma "relation de congruence" entre o que enunciado na sequncia textual e o mundo a que essa sequncia faz referncia;

    8- Para um esclarecimento sobre este princpio, ver O. Ducrot, Dire et ne pas dire, Paris, Herman, 1972 e tambm D. Gordon e G. Lakoff, Postulates de conservation, Langages n 30, Paris, Didier-Larousse, 1973.

    1. Coerncia: Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, con-

    vencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto uma unidade de significado produzida sempre com uma determinada inteno. Assim como a frase no uma simples sucesso de palavras, o texto tambm no uma simples sucesso de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos um texto em que h coerncia.

    A coerncia resultante da no-contradio entre os diversos segmen-

    tos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento textual pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez ser pressu-posto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos eles estejam concatenados harmonicamente. Quando h quebra nessa concatenao, ou quando um segmento atual est em contradio com um anterior, perde-se a coerncia textual.

    A coerncia tambm resultante da adequao do que se diz ao con-

    texto extra verbal, ou seja, quilo o que o texto faz referncia, que precisa ser conhecido pelo receptor.

    Ao ler uma frase como "No vero passado, quando estivemos na capi-

    tal do Cear Fortaleza, no pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar", percebemos que ela incoerente em decorrncia da incompatibilidade entre um conhecimento prvio que temos da realizada com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", em Fortaleza no neva (ainda mais no vero!).

    Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantstica, o exemplo acima

    poderia fazer sentido, dando coerncia ao texto - nesse caso, o contexto seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerncia interna da narrativa.

    No caso de apresentar uma inadequao entre o que informa e a reali-

    dade "normal" pr-conhecida, para guardar a coerncia o texto deve apre-sentar elementos lingusticos instruindo o receptor acerca dessa anormali-

    dade. Uma afirmao como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do

    dcimo andar e no sofreu nenhum arranho." coerente, na medida que a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalida-de do fato narrado.

    2. Coeso: A redao deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coe-

    rncia e coeso. E a coeso, como o prprio nome diz (coeso significa ligado), a propriedade que os elementos textuais tm de estar interliga-dos. De um fazer referncia ao outro. Do sentido de um depender da rela-o com o outro. Preste ateno a este texto, observando como as palavras se comunicam, como dependem uma das outras.

    SO PAULO: OITO PESSOAS MORREM EM QUEDA DE AVIO Das Agncias Cinco passageiros de uma mesma famlia, de Maring, dois tripulantes

    e uma mulher que viu o avio cair morreram Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma famlia e

    dois tripulantes, alm de uma mulher que teve ataque cardaco) na queda de um avio (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Maring (PR). O avio (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de So Paulo, por volta das 21h40 de sbado. O impacto (2) ainda atingiu mais trs residncias.

    Estavam no avio (1) o empresrio Silvio Name Jnior (4), de 33 anos,

    que foi candidato a prefeito de Maring nas ltimas eleies (leia reporta-gem nesta pgina); o piloto (1) Jos Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antnio da Silva Jnior, de 38; o sogro de Name Jnior (4), Mrcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Mrcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), Joo Izidoro de Andrade (7), de 53 anos.

    Izidoro Andrade (7) conhecido na regio (8) como um dos maiores

    compradores de cabeas de gado do Sul (8) do pas. Mrcio Ribeiro (5) era um dos scios do Frigorfico Navira, empresa proprietria do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o avio (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a So Paulo assistir ao velrio do filho (7) Srgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.

    O avio (1) deixou Maring s 7 horas de sbado e pousou no aeropor-

    to de Congonhas s 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maring s 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do nmero 375 da Rua Andaquara, uma espcie de vila fechada, prxima avenida Nossa Senhora do Sabar, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de So Paulo. Ainda no se conhece as causas do acidente (2). O avio (1) no tinha caixa preta e a torre de controle tambm no tem informaes. O laudo tcnico demora no mnimo 60 dias para ser concludo.

    Segundo testemunhas, o bimotor (1) j estava em chamas antes de ca-

    ir em cima de quatro casas (9). Trs pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avio (1) ficaram feridas. Elas (10) no sofreram ferimen-tos graves. (10) Apenas escoriaes e queimaduras. Eldia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa Ceclia.

    Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avio envolvido no

    acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso necessrio clareza e compreenso do texto. A memria do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por exemplo, o avio fosse citado uma vez no primeiro pargrafo e fosse retomado somente uma vez, no ltimo, talvez a clareza da matria fosse comprometida.

    E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns

    mecanismos: a) REPETIO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o

    texto. Pode perceber que a palavra avio foi bastante usada, principalmente

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 11

    por ele ter sido o veculo envolvido no acidente, que a notcia propriamen-te dita. A repetio um dos principais elementos de coeso do texto jornalstico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A r