Badi Assad apresenta o seu novo CD para os cm europeus...

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c m y k c m y k CYAN MAGENTA AMARELO PRETO CYAN MAGENTA AMARELO PRETO MÚSICA CULTURA ESTADO DE MINAS D O M I N G O , 8 D E M A I O D E 2 0 0 5 6 GRAÚNA / Henfil JUVENTUDE / Chantal VEREDA TROPICAL / Nani QUADRINHOS CRUZADAS Badi Assad apresenta o seu novo CD para os europeus, mas não abre mão de viver no Brasil Badi chega para ficar DANIELLA ZUPO Especial para o EM Badi Assad é conhecida pelo público americano como one wo- man’s band, apelido que ganhou por sua capacidade de tirar tim- bres inusitados da voz e do violão e, ao mesmo tempo, tocar caxixi com a mão direita e violão com a esquerda, cantar e fazer percus- são com a voz. Ou seja, no palco, a paulista de São João da Boa Vista é uma verdadeira mulher-banda. Reconhecida e prestigiada na Eu- ropa e nos Estados Unidos, onde gravou cinco discos, a cantora e violonista optou por voltar ao País há dois anos, para conquistar espaco no cenário nacional. Com o lançamento de Verde, sexto CD e primeiro pela gravadora alemã Deutsche Gramophone, Badi es- treou a turnê européia no mês passado. Mas garante: voltou ao Brasil para ficar. A faixa que abre o álbum já anuncia o fim do “exílio”: Che- guei, meu povo, de Master Walter, expressa bem o desejo da artista de ser reconhecida em seu país. “Sempre me inco- modou o sentimento de não fazer parte, dentro do Brasil, do cenário da música brasilei- ra”, afirma. Ela impôs, no con- trato assinado com a gravado- ra alemã, que o disco fosse gravado aqui, com encarte em português e lançamento inter- nacional em São Paulo, o que ocorreu no fim do ano passa- do. Toquinho, Cordel do Fogo Encantado e Naná Vasconcelos participam de Verde, em que faz a releitura de clássicos co- mo Asa branca e Bom dia, tris- teza. Badi gravou três canções em inglês – uma inédita, assi- nada por ela e o ex-marido Je- ff Young, e dois covers de Björk, que soam renovadas numa leitura absolutamente pessoal. “Eu só gravei essas músicas porque percebi que elas podiam se transformar em outros ritmos e, dessa for- ma, entrar no meu universo”. Assim, Björk ganhou uma le- vada a la Piazzolla. Irmã caçula de Odair e Sér- gio, mais conhecidos como Duo Assad, por meio deles veio o primeiro convite para gravar, em 1989, por um selo indepen- dente de Nova York. Badi fez discos nos Estados Unidos, dis- tribuídos na Europa. No Brasil, só eram encontrados na prate- leira dos importados. Virtuose ao violão, ela foi considerada, em 1994, pela re- vista americana Guitar Player, um dos dez talentos que revo- lucionaram o uso do violão e da guitarra nos anos 90 do sé- culo XX, ao lado de Charlie Hunter e Tom Morello, do Rage Against the Machine. Na época, faltava ainda a coragem para cantar, plus que Badi assumiu a partir do quinto disco, Cha- meleon. “Como eu comecei se- guindo os passos de meus ir- mãos, durante muito tempo foi só o que eu fiz: música eru- dita, tocando violão. Aos pou- cos, fui colocando a voz em meu trabalho, mas de uma for- ma muito instrumental. Acho que a cantora apareceu, de vez, depois do problema com a mão esquerda”, explica. Em 1998, Badi foi obrigada a interromper a turnê européia por causa de uma distonia focal na mão esquerda, que lhe tirou o movimento voluntário dos dedos. Reduziu shows para se Badi Assad planeja conquistar o público formado por jovens EDSON KUMASAKA Sempre me incomodou não fazer parte do cenário da música brasileira Badi Assad, cantora e violonista dedicar ao tratamento. Parou seis anos até se recuperar com- pletamente. Com Verde, ela pretende conquistar não só brasileiros, mas um novo público, além dos fãs da música instrumen- tal e de seu violão. “Fiz um show recentemente na Suíça e adorei ver as pessoas cantando e dançando. É um público mais jovem, com o qual eu me iden- tifico muito. Tenho vontade de que me descubram e acho que eles estão descobrindo”. Entre os novos projetos, estão o lançamento, no Brasil, do DVD do show que reuniu a família As- sad no palco do Palais des Beaus de Bruxelas, na Bélgica, além de um projeto com os irmãos. Em junho, Badi retorna à Europa pa- ra shows nos festivais de verão; no final de setembro, faz turnê nos EUA. A artista pretende se apresen- tar em Belo Horizonte e outras capitais brasileiras no segundo semestre, assim que o patrocí- nio para o projeto aprovado na lei de incentivo seja liberado. En- quanto isso, segue sua solicitada agenda internacional. “Mesmo morando no Brasil, eu continuo viajando muito. Meu passapor- te, tirado há dois anos, já está com as páginas cheias de carim- bos”. No final do ano, Badi entra em estúdio para gravar o próxi- mo disco, sobre o qual prefere não adiantar nada. “ Tá verde ainda”, brinca.

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JJUUVVEENNTTUUDDEE // Chantal

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QUADRINHOS

CRUZADAS

Badi Assad apresenta o seu novo CD para os europeus, mas não abre mão de viver no Brasil

Badi chegapara ficar

DANIELLA ZUPO

Especial para o EM

Badi Assad é conhecida pelopúblico americano como one wo-man’s band, apelido que ganhoupor sua capacidade de tirar tim-bres inusitados da voz e do violãoe, ao mesmo tempo, tocar caxixicom a mão direita e violão com aesquerda, cantar e fazer percus-são com a voz. Ou seja, no palco, apaulista de São João da Boa Vistaé uma verdadeira mulher-banda.Reconhecida e prestigiada na Eu-ropa e nos Estados Unidos, ondegravou cinco discos, a cantora eviolonista optou por voltar aoPaís há dois anos, para conquistarespaco no cenário nacional. Como lançamento de Verde, sexto CDe primeiro pela gravadora alemãDeutsche Gramophone, Badi es-treou a turnê européia no mêspassado. Mas garante: voltou aoBrasil para ficar.

A faixa que abre o álbum jáanuncia o fim do “exílio”: Che-guei, meu povo, de MasterWalter, expressa bem o desejoda artista de ser reconhecidaem seu país. “Sempre me inco-modou o sentimento de nãofazer parte, dentro do Brasil,do cenário da música brasilei-ra”, afirma. Ela impôs, no con-trato assinado com a gravado-ra alemã, que o disco fossegravado aqui, com encarte emportuguês e lançamento inter-nacional em São Paulo, o queocorreu no fim do ano passa-do. Toquinho, Cordel do FogoEncantado e Naná Vasconcelosparticipam de Verde, em quefaz a releitura de clássicos co-mo Asa branca e Bom dia, tris-teza. Badi gravou três cançõesem inglês – uma inédita, assi-nada por ela e o ex-marido Je-ff Young, e dois covers deBjörk, que soam renovadasnuma leitura absolutamentepessoal. “Eu só gravei essasmúsicas porque percebi queelas podiam se transformarem outros ritmos e, dessa for-ma, entrar no meu universo”.Assim, Björk ganhou uma le-vada a la Piazzolla.

Irmã caçula de Odair e Sér-gio, mais conhecidos como DuoAssad, por meio deles veio oprimeiro convite para gravar,em 1989, por um selo indepen-dente de Nova York. Badi fezdiscos nos Estados Unidos, dis-tribuídos na Europa. No Brasil,só eram encontrados na prate-leira dos importados.

Virtuose ao violão, ela foiconsiderada, em 1994, pela re-vista americana Guitar Player,um dos dez talentos que revo-lucionaram o uso do violão eda guitarra nos anos 90 do sé-culo XX, ao lado de CharlieHunter e Tom Morello, do Rage

Against the Machine. Na época,faltava ainda a coragem paracantar, plus que Badi assumiua partir do quinto disco, Cha-meleon. “Como eu comecei se-guindo os passos de meus ir-mãos, durante muito tempofoi só o que eu fiz: música eru-dita, tocando violão. Aos pou-cos, fui colocando a voz emmeu trabalho, mas de uma for-ma muito instrumental. Achoque a cantora apareceu, de vez,depois do problema com amão esquerda”, explica.

Em 1998, Badi foi obrigada ainterromper a turnê européiapor causa de uma distonia focalna mão esquerda, que lhe tirouo movimento voluntário dosdedos. Reduziu shows para se

Badi Assad planeja conquistar o público formado por jovens

EDSON KUMASAKA

Sempre me

incomodou não

fazer parte do

cenário da

música brasileira

■ Badi Assad, cantora e violonista

dedicar ao tratamento. Parouseis anos até se recuperar com-pletamente.

Com Verde, ela pretendeconquistar não só brasileiros,mas um novo público, alémdos fãs da música instrumen-tal e de seu violão. “Fiz umshow recentemente na Suíça eadorei ver as pessoas cantandoe dançando. É um público maisjovem, com o qual eu me iden-tifico muito. Tenho vontade deque me descubram e acho queeles estão descobrindo”.

Entre os novos projetos, estãoo lançamento, no Brasil, do DVDdo show que reuniu a família As-sad no palco do Palais des Beausde Bruxelas, na Bélgica, além deum projeto com os irmãos. Emjunho, Badi retorna à Europa pa-ra shows nos festivais de verão;no final de setembro, faz turnênos EUA.

A artista pretende se apresen-tar em Belo Horizonte e outrascapitais brasileiras no segundosemestre, assim que o patrocí-nio para o projeto aprovado nalei de incentivo seja liberado. En-quanto isso, segue sua solicitadaagenda internacional. “Mesmomorando no Brasil, eu continuoviajando muito. Meu passapor-te, tirado há dois anos, já estácom as páginas cheias de carim-bos”. No final do ano, Badi entraem estúdio para gravar o próxi-mo disco, sobre o qual preferenão adiantar nada. “ Tá verdeainda”, brinca.