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AVM FACULDADADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL NA ESCOLA ATUAL
Maria Emilia Ribeiro de Souza
Rio de Janeiro
Setembro/2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL NA ESCOLA ATUAL
Este trabalho atende a complementação do curso de Pós-Graduação em Administração e Supervisão Escolar
Por: Maria Emília Ribeiro de Souza
AGRADECIMENTOS
A Professora Edla Trocoli pela dedicação e atenção
DEDICATÓRIA
A minha família pelo carinho e dedicação
RESUMO
O presente trabalho aborda o tema a importância da supervisão
educacional na escola atual, desde a sua origem até os dias de hoje. A idéia
de supervisão foi usada inicialmente na indústria, com a intenção de maximizar
a produção e minimizar os custos. Até o século XVIII, o supervisor era visto
como um elemento repressor que tinha a missão de checar e inspecionar o
trabalho dos operários. A partir do século XIX, a idéia de supervisão passou a
ser usada pela educação, com o objetivo de inspecionar o trabalho do corpo
docente, para mais tarde, no inicio do século XX, se preocupar também com a
verificação do rendimento escolar. A partir de 1931 com a Reforma Francisco
Campos a supervisão passa a ter um enfoque baseado na ação supervisora,
de fato.
Na década de cinqüenta após acordos firmados entre Brasil e
Estados Unidos são criados pelo Pabaee – Programa Americano-Brasileiro de
Assistência ao Ensino Elementar, cursos para a formação de supervisores
escolares. Com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases em 1961 coube aos
estados os serviços de inspeção nos ensino primário e médio. Na década de
sessenta, após várias mudanças políticas, a supervisão escolar torna-se
responsável pela qualidade de ensino e sua constante melhoria, e para
desempenhar esta função, o profissional em supervisão educacional deveria ter
formação em nível superior. Com a criação do novo estado e reestruturação
dos órgãos deste governo, a supervisão educacional passa a receber um
enfoque técnico-administrativo causando a insatisfação dos educadores.
Devido a essa insatisfação, várias dúvidas surgiram sobre a necessidade dos
especialistas pedagógicos.
A partir da década de noventa, com a implantação da Lei de
Diretrizes e Bases 9394/96 os profissionais em educação têm sua formação
assegurada no Art. 64.
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.
Mas apesar disso, até hoje ainda esses profissionais sofrem com o
preconceito da sua própria classe: os educadores.
Esta pesquisa descreve a evolução do conceito de supervisão
educacional na história educacional, o papel do supervisor educacional no
processo ensino aprendizagem e todas as dificuldades e discriminações
impostas a este profissional tão importante no contexto educacional atual.
METODOLOGIA
Este trabalho baseia-se em uma pesquisa bibliográfica sobre a
Importância da Supervisão Educacional na Escola Atual. Fizeram parte desta
pesquisa bibliográfica autores como: Imídeo Giuseppe Nérici, Edy Prybylski,
Wolmer Ricardo Tavares, Mirian Paura S. Zippin Grinspun (org.), Mary Rangel
(org.), Naura Syria Carapeto Ferreira (org.) e Nilda Alves e Regina Leite Garcia
(orgs.).
O primeiro capítulo descreve os conceitos de supervisão: origem,
conceito e evolução. O segundo capítulo aborda o papel da supervisão: os
princípios, fundamentos, funções e objetivos. No terceiro capítulo é abordada a
importância das etapas da supervisão no processo educativo: planejamento,
acompanhamento e controle. Finalmente, no quarto capítulo é abordada a
formação profissional do supervisor educacional.
SUMÁRIO
INTRODUÇAO 9
CAPÍTULO I
CONCEITO DE SUPERVISÃO 11
CAPÍTULO II
O PAPEL DA SUPERVISÃO ESCOLAR 20
CAPÍTULO III
ETAPAS DA SUPERVISÃO 30
CAPÍTULO IV
A FORMAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL 38
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 48
9
INTRODUÇÃO
O tema desta pesquisa é a importância da Supervisão Escolar na
escola atual. Este tema é de relevante importância por descrever o conceito, a
evolução e a importância da Supervisão Escolar no contexto atual. São
objetivos desta pesquisa demonstrar a atuação da Supervisão Escolar e sua
influência no processo ensino aprendizagem.
Na administração, durante muitos anos a função do supervisor
esteve ligada ao ato de inspecionar e controlar os trabalhadores. Na educação,
inicialmente o objetivo também era o mesmo, inspecionar e controlar os
professores, para que os mesmos cumprissem o que foi determinado e a
escola pudesse atingir o objetivo que era a melhoria do ensino. Mas com o
passar dos anos isso foi se modificando e o supervisor passou a exercer um
papel relevante em todo o processo educacional.
Esta pesquisa descreve a evolução do conceito, origem e
mudanças, as características, as funções, os objetivos e a interação da
supervisão escolar com outros setores.
No contexto atual, a Supervisão precisa ser participativa, cooperativa
e interagir com o corpo docente. Proporcionar ações para aperfeiçoamento dos
profissionais e estar aberta as críticas e sugestões dos mesmos.
O sucesso da escola está ligado à interação dos profissionais que
nela trabalham, independentemente da função que exercem. Todos devem ter
o mesmo objetivo: formar cidadãos íntegros e conscientes de seus direitos e
deveres na sociedade.
Essa escola atual, tão complexa devido a globalização, diferenças
sociais e políticas do mundo moderno, deve se adaptar as mudanças e estar
apta a direcionar seus esforços no objetivo maior que é a inserção do aluno na
sociedade.
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Para que isso ocorra é fundamental que todos participem na
elaboração do projeto político pedagógico. Documento baseado na realidade
da comunidade escolar e que norteia os princípios que devem ser seguidos
para a concretização do objetivo da escola. Caberá a Supervisão Escolar
organizar, coordenar e tornar possível a realização desse objetivo.
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CAPÍTULO I
CONCEITOS DE SUPERVISÃO
1.1 - Origem do Conceito
Durante a Industrialização, com a intenção de melhorar
qualitativamente e quantitativamente a produção nas fábricas surgiu a função
do supervisor. Sua principal tarefa era controlar a execução do que havia sido
planejado em todo o processo de trabalho, já que vários fatores poderiam
comprometer a produção. Desde as condições gerais dos operários até as
condições que a empresa oferecia para que esse trabalho fosse desenvolvido.
O operário nada mais era que uma força de trabalho e o enfoque era o lucro.
Com a contratação de mão-de-obra assalariada houve a
preocupação em utilizar meios que mantivessem os empregados totalmente
voltados para suas tarefas, a fim de gerar o aumento da produtividade.
A palavra supervisão é formada pelos vocábulos super (sobre) e
visão (ação de ver). Indica a atitude de ver com mais clareza uma ação
qualquer. Como significação estrita do termo, pode-se dizer que significa olhar
por cima, dando uma “idéia de visão global”. (Giancaterino, 2010).
Segundo Bittel (1982, p. 5), “o termo supervisor tem suas raízes no
latim, onde significa “olhar por cima’. Originariamente, era aplicado ao mestre
de um grupo de artesãos. Há menos de 100 anos não era incomum que os
mestres nas oficinas da Nova Inglaterra tivessem o poder quase total sobre a
força de trabalho. Os mestres podiam apresentar propostas para trabalhos,
contratar sua própria turma, fazê-la trabalhar tão arduamente quanto o
desejassem e ganhar a vida com a diferença entre o preço proposto e os
custos de mão-de-obra.”
Ainda para Bittel (1982, p. 4), “supervisor é qualquer pessoa situada
no primeiro nível de gerenciamento que tem a responsabilidade de fazer com
12
que os funcionários envolvidos na execução efetiva do trabalho cumpram os
planos e as políticas da gerência de nível mais elevado.”
A partir de estudos realizados e com o início da Teoria da
Administração Científica por Frederick F. Taylor e seus seguidores houve uma
mudança no pensamento administrativo e industrial. Taylor tinha como objetivo
a organização racional do trabalho, dividindo-o em planejamento e supervisão
da execução. Através dos estudos de tempos e movimentos padronizou o
método de trabalho e o tempo de execução. Esta teoria teve como
características a ênfase as tarefas, o pagamento de melhores salários, a
redução de custos de produção, a aplicação e treinamento científico na
produção, a adequação das condições de trabalho e a busca incessante pela
eficiência organizacional. Os operários com melhor desempenho recebiam
como incentivos prêmios salariais, determinando assim o conceito de “homo
economicus”. Apesar de buscar a harmonia organizacional, trabalhadores e
sindicatos se opuseram a visão mecanicista dada ao trabalhador.
Em oposição a Taylor, surgiu a Teoria Clássica de Henry Fayol. Sua
abordagem se fixava na organização como um todo para garantir a eficiência
organizacional. Era imprescindível prever, organizar, coordenar e controlar. Ele
acreditava que os princípios da administração eram ilimitados e deveriam ser
flexíveis e adaptáveis de acordo com as necessidades das gerências e dos
trabalhadores. Para Fayol os gerentes deveriam ser habilidosos para decidir
sobre a aplicação desses princípios.
Segundo Chiavenato (pág. 71, 2000) a Teoria Clássica e a
Administração Científica nunca foram pacificamente aceitas num país
democrático, como os Estados Unidos, onde trabalhadores e sindicatos
passaram a considerá-las um meio sofisticado de exploração dos empregados
a favor dos interesses patronais.
Seguindo a teoria de Fayol, surgiu o modelo de Organização
Burocrática de Max Weber, que buscava a eficiência da empresa.
Caracterizava-se pela divisão do trabalho e especialização de tarefas, a
hierarquia de autoridade e cumprimento de regras. Para ele qualquer empresa
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que seguisse esses princípios seria eficiente, porém verificou que o trabalho
poderia se tornar entediante e desmotivador para o empregado por sua
simplicidade, causando a redução da produtividade.
Entre os seguidores de Fayol, James Mooney muito contribuiu com a
criação dos três princípios da organização: coordenativo – organização de
tarefas e funções da empresa coordenadas como um todo; escalar – escala
hierárquica para integração do trabalho e funcional – a divisão das áreas
funcionais.
Outra abordagem importante para a administração foi a do escritor
Lyndall Urwick, que utilizou o princípio de Taylor sobre a gerência rigorosa dos
funcionários, os princípios de Fayol para a orientação do planejamento e
controle gerencial e os princípios de Mooney para a estruturação dos estudos
da organização.
A partir de 1920, Mary Parker Follet escreveu sobre a importância da
participação dos funcionários como proprietários da empresa em que
trabalham, para garantir a motivação e o comprometimento dos mesmos no
cumprimento e execução dos objetivos da empresa, criando assim o conceito
da democracia industrial. Ela foi a precursora da Teoria das Relações
Humanas.
Por volta de 1927, Elton Mayo e pesquisadores universitários
realizaram uma pesquisa em uma fábrica, no bairro de Hawthorne, Chicago,
para identificar os fatores que influenciavam a produtividade no trabalho. Essa
pesquisa, realizada até 1932, ficou conhecida como “Experimentos de
Hawthorne” e foi constatado que a produtividade das funcionárias aumentava
porque trabalhavam em grupo e estavam inseridas no processo de produção.
Baseado nesses estudos, Mayo criou a Teoria das Relações
Humanas que deu ênfase ao comportamento humano. Abordava o
reconhecimento das motivações individuais do empregado e a maximização da
produção. O funcionário motivado executava suas tarefas de acordo com os
14
objetivos da empresa. A empresa era vista como organização social formada
por grupos sociais. Com essa Teoria o homem foi denominado ”homo social”.
Outras teorias foram desenvolvidas durante todos esses anos, mas
todas com a mesma preocupação: a racionalidade organizacional, enfatizando
o controle para obtenção da máxima eficácia da produção e minimização de
custos e a influência do comportamento humano para atingir o objetivo da
empresa.
1.2 - Conceitos de Supervisão Escolar
Foram vários os conceitos aplicados pelos autores a supervisão
escolar. Entre esses conceitos estão:
Nérici (p.28, 1976) “A supervisão escolar visa à melhoria do
processo ensino aprendizagem, para o que tem de levar em conta toda a
estrutura teórica, material e humana da escola.”
Ainda para Nérici (1976) “Supervisão escolar significa visão sobre
todo o processo educativo, para que a escola possa alcançar os objetivos da
educação e os objetivos específicos da própria escola.”
Para Przybylski (p.24, 1985) “Supervisão Escolar é o processo que
tem por objetivo prestar ajuda técnica no planejamento, desenvolvimento e
avaliação das atividades educacionais em nível de sistema ou de unidades
educacionais, tendo em vista a unidade das ações pedagógicas, o melhor
desempenho e o aprimoramento do pessoal envolvido na situação ensino-
aprendizagem.”
Para Libâneo (2005), a supervisão educacional é responsável pela
viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico-didático em
articulação com os professores.
Segundo Giancaterino (2010), a supervisão é um meio de garantir a
execução do que foi planejado, exigindo cada vez mais, um profissional
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preparado para o exercício desta função, desempenhando funções variadas
que refletem em sua própria diversidade de flutuações conceituais e posições
políticas.
1.3 - Evolução do Conceito
Como foi mencionado anteriormente, inicialmente a supervisão foi
usada na indústria. Somente em meados de 1800 foi vinculada ao processo de
ensino com a intenção de inspecionar o trabalho docente. Assim foi classificada
como Inspeção Administrativa.
Segundo Gadotti (1989), “A ideologia industrial penetrou na escola, transformando-a em empresa. E a escola não só não resistiu como também passou a utilizar-se do dicionário economicista. A supervisão escolar é um exemplo, embora tente desvencilhar-se de suas origens, ultrapassando sua concepção fiscalizadora para formular uma concepção mais integradora, coordenadora”.
No início do século XX, a supervisão passa a enfatizar os métodos
para verificação do rendimento escolar e a estruturação de padrões de
comportamento com o objetivo de melhorar o ensino.
A partir de 1920, influenciadas pelas Ciências Comportamentais, o
supervisor passa a desempenhar o papel de líder democrático, que buscava
alcançar os objetivos pedagógicos com a cooperação dos docentes.
Na década de quarenta, cabia ao supervisor a tarefa de engajar o
professor em pesquisas que identificassem as dificuldades e as medidas
necessárias para superação das mesmas, para que o processo de ensino se
concretizasse com êxito.
No Brasil, com a Reforma Francisco Campos a supervisão teve o
papel diferente da função fiscalizadora exercida naquela época.
Com o Decreto-Lei 4.244/42 que sancionou a Lei Orgânica do
Ensino Secundário, a inspeção além de ser vista como função administrativa
passa a ser também uma função de orientação pedagógica.
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Com o objetivo de melhorar o ensino através do aperfeiçoamento e
treinamento dos inspetores, foi criada a Campanha de Aperfeiçoamento e
Difusão do Ensino Secundário com a promulgação do Decreto-Lei 34.638/53.
A partir de 1950, através de um acordo firmado entre Brasil e Estado
Unidos, com a implantação do Programa Americano-Brasileiro de Assistência
ao Ensino Elementar (Pabaee), que objetivava a melhoria do ensino primário, o
qual apresentava altos índices de reprovação e evasão escolar e por
questionar o processo educacional da época, colocando em dúvida a formação
dos profissionais envolvidos não obteve aceitação geral. Esse programa visava
a formação de profissionais de educação como supervisores escolares para
atuar no ensino primário brasileiro. Desta forma surgiu a denominação
supervisão escolar. Essa formação era baseada nos métodos de ensino
empregados na educação americana.
A partir de 1961 com Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) 4024/61, os estados e municípios têm a responsabilidade em
coordenar e concretizar as metas educacionais definidas pelo Governo
Federal, que teria a preocupação em suprir às necessidades regionais. Cabia
aos estados também, a função de inspecionar o processo de ensino primário e
médio.
Na década de 60, várias transformações ocorreram na política e a
educação tornou-se objeto de interesse econômico e de segurança nacional.
Para exercer a função de supervisor educacional, o profissional deveria ter
formação superior e sua obrigação era proporcionar métodos que facilitassem
e mantivessem a melhoria do ensino.
A partir de 1970, com a Lei nº 5692/71 e a fusão dos Estados da
Guanabara e Rio de Janeiro, para atender todo o sistema educacional, a
função do supervisor educacional se tornou mais abrangente com a inclusão
dos serviços de assistência técnico-pedagógica e inspeção escolar.
Segundo Alves e Garcia (2004, pág. 21):
“A Orientação Educacional e a Supervisão Educacional ganharam força institucional nos anos setenta, quando a
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Orientação Educacional é obrigada e a Supervisão Educacional sugerida pela Lei 5692/71.
Ambas cumpriram o papel ideológico e controlador que lhes foi encomendado.
Ambas contribuíram para a parcialização da prática docente.”
Art. 10: Será instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional,
incluindo aconselhamento vocacional, em cooperação com os professores, a
família e a comunidade.
O estado cria a Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro,
órgão responsável pela educação e cultura, com o objetivo de instituir uma
escola que fosse viva, onde todos os níveis da comunidade interagissem.
Cabia ao Supervisor Educacional, único técnico da Secretaria de Educação,
fazer o intercâmbio, informando a Secretaria os problemas existentes nas
escolas.
Nessa nova estrutura, a Supervisão Educacional se divide em três
níveis: central, regional e local para atender as necessidades do novo governo,
tornando-se uma função que tinha como objetivo principal a eficiência do
processo educativo através da supervisão do trabalho docente.
“Nessa visão, infere-se que a supervisão foi imposta à educação
brasileira como necessidade de “modernização” e de “assistência técnica”, a
fim de garantir a “qualidade do ensino”, mas também para assegurar a
hegemonia da classe dominante...”. (Lima apud Rangel – org., 2010, p.76).
“Com esse caráter, a supervisão escolar desenvolveu uma prática voltada para
os aspectos tecnoburocráticos do ensino, em que o controle era a principal
estratégia que iria assegurar seu papel reprodutor na sociedade capitalista
brasileira.” (Lima apud Rangel – org., 2010, p.76).
“A visão funcionalista enfatizava a necessidade e a importância da
definição de papéis a serem desempenhados pelos elementos que integravam
a instituição”... (Lima apud Rangel – org., 2010, p.76).
O tipo de formação baseada na concepção funcionalista da
supervisão tem, entre outros indicadores:
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Ø a ênfase no processo de “como fazer”, ou seja, nos
meios, sem a percepção dos fins, de quem está a serviço;
Ø o controle da ação pedagógica do docente, como
meio de garantir a “qualidade do ensino”;
Ø a inculcação e a defesa da ideologia dominante,
através de meios considerados neutros, tais como: livros didáticos,
métodos e técnicas de ensino.(Medeiros apud Rangel – org., 2010,
p.77).
A crítica ao “funcionalismo” na supervisão e, de modo geral, nas especialidades pedagógicas (administração e orientação educacional) radicalizou-se no Brasil nos anos, a ponto de acentuarem-se posições em favor de eliminá-los das escolas. Entretanto, os próprios fatos da realidade “falam mais alto”, mostrando que o serviço supervisor tem, na sua especificidade, uma atuação necessária à organização e ao encaminhamento do trabalho pedagógico. (Lima apud Rangel – org. 2010, p 77).
Lima apud Rangel, 2010, “(...) a supervisão pode fazer uso da
técnica. Trata-se de uma função contextualizada, porque se insere nos
fundamentos e nos processos pedagógicos, auxiliando e promovendo a
coordenação das atividades desse processo e sua atualização, pelo estudo e
pelas práticas coletivas dos professores”.
Lima apud Rangel, 2010 (pag. 83) “... faz-se necessária uma prática
competente de supervisão educacional, que muito além de tratar dessas
“questões miúdas”, porém importantes – que são vistas isoladamente, de forma
casuística, e que refletem uma concepção fragmentada de trabalho –, possa
atuar, no âmbito da administração da educação, como profissional dinâmico e
orgânico. Esse profissional atua nas políticas e no planejamento, por meio da
construção coletiva do projeto acadêmico/educacional que é de todos os
profissionais que trabalham na escola.”
Para Lima apud Rangel as “questões miúdas” a que se refere, são
na realidade, as conseqüências da reprovação para o aluno, como, mudança
de turma e colegas e principalmente de conteúdo.
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Para Ferreira apud Rangel, “Ao ressignificar e revalorizar a
supervisão, reconceitua-se, de modo a compreendê-la na sua ação de
natureza educativa e portanto sociopedagógica, no campo didático e curricular
do seu trabalho, no seu encaminhamento coordenador”.
A Supervisão Educacional atualmente tem o papel relevante no
processo de ensino-aprendizagem, tornando-se responsável pela interação
escola/professor/aluno.
Segundo Ferreira apud Alonso (2010), “... para que a supervisão
educacional ganhe seu verdadeiro sentido no contexto escolar, é necessário
despir-se do autoritarismo que a caracterizou em épocas passadas e assumir
seu verdadeiro papel de estimuladora e organizadora de um projeto de
mudança necessária que envolva, de forma responsável, toda a comunidade
escolar”.
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CAPÍTULO II
O PAPEL DA SUPERVISÃO ESCOLAR
A supervisão escolar é responsável pelo planejamento e execução
do processo educativo. Sem esse acompanhamento a instituição fica
impossibilitada de atingir a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Cabe
a supervisão escolar: promover o aperfeiçoamento do corpo docente, garantir o
desenvolvimento dos planos educacionais, interagir a escola com o meio,
garantir a constante atualização do ensino, proporcionar ao corpo discente e
docente meios que facilitem e estimulem a educação, contribuindo eficazmente
para a organização e dinâmica da escola.
“De acordo com a interpretação moderna, a Supervisão Escolar consiste em estimular, coordenar e dirigir as atividades docentes de forma cooperativa, levando todos que dela participam a dar o máximo de si em prol de um maior rendimento da situação ensino- aprendizagem.” (Przybylski, p. 16, 1985)
Em parceria com os professores e os outros setores da escola,
principalmente com a Orientação Educacional, a supervisão visará sempre à
formação do aluno, o seu desenvolvimento como cidadão crítico e participativo
atuante na sociedade.
Segundo Garcia (2006), “A partir de uma ação integrada, fortalecida pela especificidade, não apenas supervisor e orientador, mas todos os educadores buscarão realizar uma tarefa pedagógica de cunho libertário, visando a uma educação realmente democrática.
Para isto tornam-se indispensáveis o conhecimento do fato político e
conseqüentemente postura crítica frente a ele, o aprimoramento profissional e
uma forma coletivista de encarar o trabalho, assim como o desvelamento da
questão da “posse” do conhecimento.
Constrói-se, assim, um “terceiro saber”, nem de educadores, nem de alunos, que não pertence a ninguém, é acessível a todos, enquanto produto de cada um, e que abandona suas conotações de “valor de troca”.
Segundo Giancaterino (2010), “é mister salientar que o supervisor escolar faz parte do corpo de professores e tem a
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especificidade do seu trabalho caracterizado pela coordenação – organização em comum – das atividades didáticas e curriculares e a promoção e o estímulo de oportunidades coletivas de estudo. Neste contexto, pode-se inferir que o papel do supervisor está atrelado à gestão da escola como um todo, uma vez que ele busca junto com o professor minimizar as eventuais dificuldades do contexto escolar em relação ao ensino e à aprendizagem”.
Segundo Gadotti (1989) a educação devia ser levada a todos “
nossa tarefa básica, a de políticos enquanto educadores, no momento histórico
brasileiro é a de criar as condições internas, subjetivo- ideológicas, para que
essa mudança ocorra. E para que ocorra amanhã é preciso que comecemos a
trabalhar hoje. Ninguém a doará. Ela será fruto de nossa conquista, de nossa
coesão, de nossa visão política da educação. A educação não é um lugar
alheio a luta de classes. É também o lugar onde se trava um combate e um
lugar privilegiado onde o oprimido pode adquirir lucidez e força. Por isso é
preciso que ele aí esteja. Mas se a escola lhe é negada, nós só temos uma
coisa a fazer: levar a escola até ele”.
2.1 - PRINCÍPIOS DA SUPERVISÃO
Para que a supervisão possa realizar um trabalho eficaz ela segue
alguns princípios, que são assim denominados:
Científico, democrático, cooperativo, construtivo, objetivo,
permanente, abrangente e planejado e avaliativo.
Princípio Científico – Aplicação de técnicas e metodologias
adequadas à situação para a solução dos problemas existentes na escola.
Segundo Nérici (1976) a supervisão deve-se basear em planejamentos e avaliações constantes dos resultados de seus trabalhos, para que possa haver retificações ou modificações nos trabalhos, sempre que necessárias.
Princípio Democrático – Todos os membros da escola participam do
processo e a autoridade da supervisão não é imposta, mas é vista como uma
colaboração. A interação do grupo é uma constante.
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Segundo Nérici (1976) “... todos os participantes do processo de ensino-aprendizagem tenham liberdade de opinião, sejam respeitados em suas diferenças individuais e que sejam convencidos a agir desta ou daquela maneira, e não obrigados a fazê-lo”.
Princípio Cooperativo – Todos estão envolvidos e colaboram para
alcançar um objetivo comum.
Para Nérici (1976), “... todos os responsáveis ou influenciadores nos resultados do ensino participem das preocupações da supervisão e com ela cooperem para o bom andamento dos trabalhos”.
Princípio Construtivo – Todos são orientados para o
aperfeiçoamento nos seus campos de atuação.
Nérici (1976) “ ... todos os envolvidos pela supervisão possam ser o
que são, orientados, sim, para melhorarem a sua atuação, quando necessário”.
Princípio Objetivo - Direcionamento do plano educacional voltado
para a realidade escolar.
Para Nérici (1976) o princípio científico é complementado por este princípio, uma vez que todos os planos de trabalho devem derivar de uma realidade educacional, para que não haja imposições de modelos que venham a deformar o processo ensino-aprendizagem.
Princípio Permanente – Atuação contínua para maior eficiência de
suas tarefas.
Para Nérici (1976) “... Sendo a supervisão um processo permanente,
aumentam as possibilidades de tornar o seu funcionamento mais ajustado e
eficiente”.
Princípio Abrangente – Toda a estrutura do processo educacional
deve ser atingida, sendo orientada e assistida pela supervisão.
Princípio Planejado – Plano de ação para estabelecimento e
execução dos objetivos traçados com maior eficácia e comprometimento do
pessoal envolvido. Evita a perda de tempo.
Segundo Przybylski (1985) “toda ação, por mais simples que seja, pode ou mesmo deve embasar-se num planejamento, para que se possam alcançar os objetivos propostos de forma
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mais eficiente. A Supervisão Escolar enquadra-se nessa situação, pois, se não for elaborado num planejamento adequado, o Supervisor não poderá saber o que, como, quando ou porque realizar qualquer ação”.
Princípio Avaliativo – Para verificar se as metas estão sendo
alcançadas da forma almejada, é necessário que todos os passos sejam
avaliados. Utilizando esse princípio, a supervisão terá maior facilidade em
identificar erros ou problemas e solucioná-los a tempo, obtendo assim maior
aperfeiçoamento do processo.
Przybylski (1985) “ Com a observação destes princípios a supervisão será construtiva e estará apoiada para o aperfeiçoamento permanente, estimulando e desenvolvendo a personalidade do professor, sem frear suas idéias, ou colocar barreiras em suas iniciativas. Estimula a todos os participantes a empregarem novos processos de ação, desestimulando o prosseguimento de práticas rotineiras e comodistas”.
Estes princípios auxiliarão na execução das ações e serão
primordiais para que o objetivo do processo educacional seja alcançado.
2.2 - Fundamentos da Supervisão
A Supervisão escolar se baseia em fundamentos filosóficos e
científicos.
Segundo Nérici (1976) “a filosofia dá fundamentação indispensável a
todos aqueles que trabalham em educação”.
Filosofia é um embasamento, feito de doutrinas, conhecimentos e
crenças, que explica e justifica um modo de vida escolhido, que pode ser o de
uma democracia, de um programa escolar, ou nosso próprio planejamento
diário. (Nérici, 1976, pág. 38).
Seguindo os métodos filosóficos, a Supervisão concebe a vida como
um todo. A educação é direito do cidadão e a escola, em particular o
Supervisor, tem a obrigação de proporcionar aos professores meios que
estimulem o aprendizado e o aperfeiçoamento dos alunos, para que os
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mesmos obtenham conhecimentos suficientes para que exerçam sua
cidadania.
Segundo Nérici apud Briggs (1976), “Cabe, então, à supervisão a responsabilidade de levar os professores a entender e aceitar os fins últimos da educação, estimulando-os a selecionar e utilizar freqüentemente os meios mais apropriados para atingi-los. Supervisores e professores devem estar convencidos de que seus esforços precisam ser dirigidos no sentido de fazer os alunos atingirem esses propósitos maiores e objetivos mais amplos, ao invés de focalizar sua atenção no refinamento de detalhes técnicos da instrução”.
Ainda para Nérici (1976), “cada filosofia de educação correlaciona-se a um tipo de supervisão:
a) Supervisão autoritária (diretiva ou administrativa) – exerce algum grau de autoridade. Há um planejamento prévio para a organização de um programa de ação para o supervisor. b) Supervisão criativa – ela é centrada no indivíduo. Não é diretiva. c) Supervisão organísmica – Imagina a educação como um todo orgânico e cabe ao supervisor e professor enfatizar o processo unificador. d) Supervisão democrática – Baseia-se na cooperação acentuada, na liderança emergencial. e) Supervisão cientifica – O aprimoramento da instrução baseia-se em itens controláveis e mensuráveis.
No método científico, com o desenvolvimento da ciência e da
tecnologia foi possível diagnosticar e solucionar questões que antes não eram
de fácil entendimento. As descobertas nos campos da Biologia, Psicologia,
Sociologia, Antropologia e etc., passaram a fazer parte do cotidiano escolar,
auxiliando o educador na compreensão do processo ensino aprendizagem.
Segundo Nérici (1976) “a tecnologia da ciência educacional não
deve ser ignorada porque pode auxiliar no levantamento das conclusões em
julgamentos subjetivos”.
Ainda para Nérici (1976) “ os métodos filosóficos e científicos não se
excluem. Em uma situação real eles fundem-se para a resolução de
problemas.”
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Segundo Alves apud Villas Boas (2003, pág.65), “... ressaltaremos a importância de que todo o trabalho se apóie em postulados filosóficos conscientemente assumidos e diretrizes científicas consensuadas que permeiem todas as fases do processo, da fixação de objetivos à saída. Sem isso, a carta de intenção, na qual em muitos casos se configura o planejamento, deixará de se concretizar na “práxis” diária, esvaziando-se dos valores éticos e do saber científico que garantiriam a qualidade do produto educacional.”
Cabe ao Supervisor utilizar os fundamentos filosóficos e científicos
que se complementam, com sabedoria na identificação e resolução dos
problemas e na definição de objetivos a serem alcançados.
2.3 - Funções da Supervisão Escolar
A supervisão escolar é responsável pelo constante desenvolvimento
do aluno, professor e a equipe que por ela é assessorada, durante todo o
processo ensino-aprendizagem. As funções desempenhadas pela Supervisão
Escolar são determinantes para que esse processo ocorra conforme os
objetivos traçados. São elas:
- Promover debates sobre a elaboração e execução do Projeto
Político Pedagógico, baseado na realidade escolar;
- Assistir ao corpo docente, incentivando-o na elaboração dos planos
de aula, na escolha dos livros didáticos e nos projetos educacionais;
- Promover o aperfeiçoamento do corpo docente e dos profissionais
envolvidos no processo ensino-aprendizagem;
- Participar da execução das atividades inerentes aos planos de
trabalho da escola;
- Promover reuniões e debates que se façam necessários durante
todo o processo educacional;
- Divulgar métodos e técnicas de trabalho;
- Verificar o aproveitamento escolar dos educandos e incentivar
possíveis planos de recuperação;
26
- Avaliar constantemente todo o processo educacional, verificando
os erros e buscando soluções com a equipe envolvida no processo;
- Promover o inter-relacionamento de todos os profissionais da
escola;
- Elaborar o calendário escolar;
Nérici (1976) ressalta que as funções básicas da Supervisão Escolar são:
- função preventiva – função que visa à antecipação do problema com medidas corretivas;
- função construtiva – tem a finalidade de auxiliar o professor a superar dificuldades, de maneira cooperativa;
- função criativa – função que visa incentivar a criatividade do professor, a melhoria do seu desempenho.
Alguns autores acrescentam ainda a função corretiva, que visa
identificar os erros para corrigi-los, sem se importar em diagnosticar o
problema.
Segundo Garcia (2006) “ É uma função básica da Supervisão Educacional a globalização do conhecimento através da integração dos diferentes componentes curriculares. Sem esta ação integradora, o aluno recebe informações soltas, sem relação umas com as outras e sem relação a sua vida (função básica da Orientação Educacional). Para que o conhecimento ganhe sentido para o aluno, é necessário ter relação com a relação por ele conhecida, e que, os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento sejam referidos à totalidade do conhecimento. A intervenção pedagógica deve partir da realidade vivencial do aluno, onde se inserem: experiências de vida e de trabalho, experiência acumulada de sua classe na luta pela sobrevivência, visões e representações da realidade social”.
São muitas as funções desempenhadas pelo supervisor
educacional, mas se não houver cooperação da Direção da Escola para gerir
os meios, as dificuldades e necessidades do grupo, será difícil alcançar a
eficácia no processo ensino aprendizagem.
Segundo Alves (2003, p. 69), “além de iniciativas específicas de treinamento das equipes técnicas e dos professores, todos os momentos do processo supervisório devem ter como objetivo constante, embora oculto, o desenvolvimento dos componentes dessas equipes nos seus aspectos técnicos e
27
humanos, como profissionais da educação e como pessoas. Por outras palavras, todas as discussões, análises conjuntas, estudos individuais, quer na oportunidade do planejamento, da execução ou da avaliação, devem ser vistos como “chances” de enriquecimento e amadurecimento pessoal. É responsabilidade da Supervisão promover condições que contribuam para esse fim.
2.4 - Objetivos da Supervisão Escolar
Os objetivos são as metas a serem alcançadas pela ação
supervisora para o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem.
Segundo (Lemus, apud Przybylski, p. 72 e73) A Supervisão é “um subsistema da administração, que tem por propósito conseguir a participação dos membros da comunidade escolar, para o estudo e aprimoramento da situação educacional e propõe os seguintes objetivos gerais:
- Conseguir a superação do grau de madureza profissional dos pessoal em serviço.
- Conseguir um maior desenvolvimento do currículo de estudos, consistente em sua interpretação, elaboração, aplicação e avaliação.
- Conseguir o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem.
- Conseguir um melhor relacionamento entre a escola e a comunidade, por meio de uma extensão da escola e uma elaboração e desenvolvimento de programas em conjunto.
- Determinar novas experiências para o futuro.”
Os objetivos da supervisão educacional se fundem aos objetivos da
escola e o principal deles é a educação do aluno. Essa educação deve ser
libertadora e tornar o aluno um cidadão livre e crítico que conheça e busque os
seus direitos e deveres na sociedade.
Segundo (Peres apud Przybylski, p. 73) “a supervisão moderna tem, como objetivo geral, dar condições para que os objetivos da educação sejam atingidos. “Envolve também o aperfeiçoamento do processo total, ensino-aprendizagem, de vez que a autora considera que, até certo ponto, “há uma interdependência entre os dois aspectos”.
Segundo Rangel apud Ferreira (2007), “o objetivo específico da supervisão escolar em nível de escola é o processo de ensino-
28
aprendizagem. A abrangência desse processo inclui: currículo, programas, planejamento, avaliação, métodos de ensino e recuperação, sobre os quais se observam os procedimentos de coordenação, com a finalidade integradora, e orientação, nucleada nos estudos, nas trocas, no significado da práxis”.
O papel principal do Supervisor é educativo e como tal, juntamente
com o Diretor da Escola, os Professores, a Orientação Educacional e os
demais setores da escola, todos devem estar engajados e direcionados em
avaliar em que prática pedagógica a escola vai estar inserida, qual o seu
público alvo e que objetivo deverá ser alcançado. Somente com diálogo,
interação, troca de experiências, respeito, humildade e comprometimento a
Escola alcançará êxito.
Segundo Alves e Garcia apud Rosa (2006) “Nosso trabalho tem sido em função de entender a educação como tarefa de transformação. Não significa, de nossa parte, uma postura ingênua no sentido de que somente através da escola a mudança possa ocorrer, mas de que, através dela, com posturas consensuais definidas a respeito do papel político-social dos que atuam na escola, estaremos colaborando de forma consciente para a construção de uma escola crítica”.
Segundo Ferreira apud Alonso (2010) “o supervisor, por trazer uma
contribuição pedagógica importante para a escola, torna-se um elemento
fundamental para a gestão escolar”.
Ainda Ferreira apud Alonso (2010) “O papel do supervisor ganha
novas dimensões, passando de controlador e direcionador para estimulador e
sustentador do trabalho docente”.
2.5 - A Interação da Supervisão Educacional com a Orientação
Escolar
Com as mudanças ocorridas no cenário educacional, a Orientação
Escolar e a Supervisão Educacional passam a realizar um trabalho integrado,
baseado na realidade do aluno.
29
Segundo Grinspun (2008, pág. 148) “(...) o Supervisor e o Orientador têm como os demais (e vice-versa) o conhecimento da educação, da escola, dos professores (aqui entendendo as questões ligadas ao processo ensino-aprendizagem), dos alunos, eles possuem a especificidade de sua área para contribuir para a melhor organização e dinâmica da escola onde atuam através de relações significativas professor-aluno”.
30
CAPÍTULO III
ETAPAS DA FUNÇÃO SUPERVISORA
O que é fundamental na educação escolar é que ela seja capaz de
incorporar, em seu processo pedagógico, o desenvolvimento de ações de
conhecimento que leve o indivíduo a, primeiro, conhecer o mundo; segundo,
conhecer-se como sujeito capaz de agir neste mundo e de transformá-lo.
(RODRIGUES, 2000)
Cabe a escola como instituição, para assegurar o êxito do processo
ensino aprendizagem, inserir seus profissionais na realidade escolar e com
eles organizar, discutir e colocar em prática o que for definido.
Entre esses profissionais, é o supervisor o responsável em colocar
em prática as ações definidas pela Escola, a fim de alcançar o objetivo
esperado. Para isso, fazem parte da função supervisora: o planejamento, o
acompanhamento, o controle e o aperfeiçoamento do trabalho a ser
desenvolvido.
Segundo Alves apud Villas Boas (2003, pág. 63), ... a Supervisão em Educação se apresenta como um instrumento vital de controle da qualidade do produto no que este conceito tem de mais nobre. Por outras palavras, ela deve ser entendida como o ver crítico, construtivo, vitalizador das ações educativas colocadas a serviço dos indivíduos e dos grupos, tendo-se em vista seu desenvolvimento e transformação para melhor.
Cabe-lhe, dessa forma, a tarefa magna de, planejando, acompanhando, avaliando e aperfeiçoando oportunamente o curso de tais ações, garantir a eficiência do processo educacional e a eficácia de seus resultados.
Segundo Alves (2003, pág. 70), a Supervisão é uma atividade essencialmente cooperativa. Não basta que se preveja a articulação das ações. Isso de nada valerá se as pessoas a quem estas ações estão confiadas não se articularem também, porque é dividindo tarefas por todos e somando os esforços de cada um que se diminui o dispêndio de energias e se multiplica o resultado final. Esta é, acreditamos, a fórmula que viabiliza a prática efetiva da Supervisão em educação.
O supervisor que estamos necessitados é aquele capaz de estabelecer a relação entre a filosofia superior e o senso
31
comum, entre o pensamento dos especialistas e o de todos os homens. É, enfim, aquele supervisor cuja figura possa ser percebida pelas massas docentes como a referência para a concretização do seu projeto educacional. Para que um tal projeto se elabore e se aperfeiçoe é necessário e possível fazer da supervisão um fórum permanente de debate e avaliação do projeto educacional que se desenvolve.(Alves, 2003).
O Supervisor além de ser cooperativo, deverá ser um veículo de
comunicação permanente, estar apto a observar, escutar, incentivar e participar
ativamente das discussões pertinentes ao aperfeiçoamento e elaboração das
ações necessárias a construção do projeto educacional.
3.1- Planejamento
A Supervisão é responsável juntamente com os seus pares em
projetar as ações do plano de trabalho. Este planejamento deve ser objetivo,
flexível e adaptável as necessidades do cotidiano escolar.
Segundo Bittel (1982) “Os planos estabelecem uma hierarquia de
metas – baseadas nas necessidades da organização e nos pontos fortes e
deficiências do grupo de trabalho – e procedimentos, regulamentos e políticas
específicas que visem à consecução das metas.”
Planejamento é o processo de elaboração de planos de ação, que
obedece a diretrizes e as operacionaliza com vistas à sua concretização.
(Rangel apud Ferreira, 2010).
Planejamento é a função administrativa que determina
antecipadamente quais são os objetivos a alcançar e o que deve ser feito para
alcançá-los. Modernamente, substitui a previsão no processo administrativo.
(Chiavenato, 2000).
Segundo Alves apud Balzan (2003) “... o sentido original de
planejamento: planejamento como atitude, isto é, um modo de ser, que implica
conhecimentos e reflexão sobre a realidade em que se pretende atuar, seleção
32
de meios para intervenção tendo em vista mudança pretendida, reflexão sobre
os resultados obtidos e nova proposição de metas”.
Para Tavares (2009), planejar é saber onde se quer chegar ao traçar
um plano de trabalho. É, ainda, investigar as oportunidades de ganho de
vantagens que poderão ser oferecidas à comunidade.
O planejamento é natural na vida do ser humano. Ele se organiza,
se estrutura e se aperfeiçoa para atingir um objetivo. Em uma escola não é
diferente. O planejamento é primordial para que a Escola consiga desenvolver
o seu projeto pedagógico.
Fazem parte do planejamento da supervisão:
Ø A escolha do currículo – é fundamental a preocupação com o
currículo, ele caracteriza a escola. Segundo Rodrigues
(2000), “O que a escola faz, de maneira essencial e
fundamental, é aquilo que circula no seu interior, como sua
atividade principal, como sua matéria-prima fundamental: o
currículo. O currículo é o instrumento através do qual a
escola vai preparar o indivíduo para o exercício da
cidadania”.
Segundo Grispun apud Lima (2008), Moreira e Macedo afirmam que
“ainda que a política curricular adotada no Brasil apresente características
próprias que as distingam das que se realizam em outros países, não se pode
deixar de inscrevê-la num marco global de reformas que atribuem ao currículo
um papel de relevo na transformação dos sistemas educacionais”.
Ø A elaboração e reorganização do calendário escolar – é a
estipulação prévia dos acontecimentos que ocorrerão no ano
letivo. Esse calendário pode no decorrer do ano sofrer
alterações devido à rotina escolar.
Ø O acompanhamento do aproveitamento escolar dos
discentes – o acompanhamento facilita o diagnóstico de
possíveis dificuldades que o educando tenha e
33
conseqüentemente propicia a análise dos pontos negativos
do processo. Apesar de a escola ser um todo, cada aluno
tem uma realidade.
Ø A aplicação de recuperação e aulas de reforço escolar para
os alunos – orientar os professores na escolha dos
procedimentos adequados para que o aluno obtenha maior
aproveitamento.
Ø A adequação dos métodos pedagógicos a realidade escolar –
os métodos pedagógicos escolhidos pela escola devem estar
de acordo com a realidade do educando. Segundo Ferreira
apud Alonso (2010), “... é preciso que a escola e os seus
responsáveis conheçam as expectativas e necessidades dos
alunos, para definir prioridades de formação e construir um
projeto pedagógico coerente e realista”.
Ø O plano de aperfeiçoamento dos docentes – Essa
preocupação deve ser uma constante. Cabe a supervisão
viabilizar junto a Direção ou a órgãos responsáveis a
formação continuada da equipe docente, com a participação
dos profissionais em seminários, congressos e cursos de
aperfeiçoamento. No âmbito escolar, os grupos de estudos
podem servir como ferramenta para reflexões e troca de
experiências, que serão muito úteis para a interação dos
educadores e o desenvolvimento do processo educacional.
É responsabilidade de a Supervisão viabilizar a formação
continuada, mas cabe ao professor concretizar esse
aperfeiçoamento, demonstrando interesse em participar
ativamente dessa mudança.
Essa forma de conceber a supervisão, centrada na formação dos
professores, não implica o abandono das tarefas rotineiras, mas indica um
redirecionamento do trabalho dos agentes, cuja atenção deverá voltar-se para
os problemas que ocorrem na sala de aula, com os professores, e outras
34
questões mais amplas que dizem respeito à escola e a seu exterior, tomando
consciência das mudanças que estão acontecendo na sociedade e das novas
demandas que se colocam para a educação. Significa pensar em agentes
educacionais bem preparados, atualizados e dinâmicos, sensíveis aos
problemas internos dos professores e suas dificuldades, mas também e,
sobretudo, preocupados com o destino dos alunos e com as responsabilidades
da escola para com a comunidade. (FERREIRA APUD ALONSO, 2010, pág.
178).
- Reuniões e Conselhos de Classe – as reuniões são necessárias
para a troca de informações e esclarecimentos sobre os procedimentos
educacionais: reuniões de equipe – coordenação pedagógica, professores e
coordenadores; reuniões com os responsáveis – tem como finalidade interagir
a comunidade escolar com os responsáveis, esclarecendo-os sobre os
procedimentos e a rotina escolar; Conselhos de Classe – são realizados para
verificar e discutir com os professores o aproveitamento dos alunos.
- É responsabilidade de a supervisão verificar se os procedimentos
escolares estão em consonância com a legislação educacional.
- Viabilizar a participação e a interação da comunidade escolar na
elaboração do projeto político pedagógico, com a realização de reuniões e
encontros para a troca de sugestões e críticas.
- Estimular e engajar os professores e alunos em projetos
educacionais e em tarefas extraclasse.
Além de todos esses procedimentos já mencionados, todos os
acontecimentos e procedimentos inerentes a supervisão e necessários ao bom
funcionamento da escola no decorrer do ano escolar.
Para Nérici (1976) ”um planejamento deve se enquadrar em três
fases: previsão, programação e avaliação.
1 – Fase da previsão é aquela em que são determinados os
objetivos, os meios para a sua consecução e os meios necessários para
avaliação dos trabalhos. É a fase em que é montado o projeto ou elaborado o
35
modelo daquilo que é pretendido fazer, com a indicação dos meios para fazê-lo
e avaliá-lo.
2 – Fase da programação é aquela em que são determinadas as
etapas da execução dos trabalhos, em direção aos objetivos colimados. Assim
é estabelecido um cronograma, que visa determinar a marcha da execução do
planejamento.
3 – Fase da avaliação é aquela em que são apreciados os
resultados da execução efetuada e que poderá fornecer dados para reajustes
na previsão e na programação, bem como poderá fornecer dados para
melhoria de futuros planejamentos totais. É por isso que a avaliação deve ser
parcial e final:
a) A avaliação parcial pode fornecer dados que levem a reajustes do
projeto ou planejamento em execução;
b) A avaliação final pode fornecer dados que levem a alterar ou
melhorar futuros planejamentos da mesma natureza.”
“A escola precisa definir com clareza os propósitos que almeja, mas para isso, traçam-se estratégias como forma mais efetiva de alcançar o êxito. Elas são um conjunto de decisões formuladas com o intuito de nortear o gestor e a comunidade escolar para um bom posicionamento ao seu redor”. (Tavares, 2009, p.88)
Ainda para Tavares (2009), mudanças são necessárias e, quase
sempre, vitais para uma escola de excelência, e o planejamento irá dar suporte
para que tais mudanças possam ser realizadas com sucesso.
Há uma grande divergência entre professores e supervisores sobre
a importância do planejamento. Para os primeiros não há necessidade de
planejar, ou então não é possível planejar, principalmente porque a prática
educativa não pode ser prevista.
Para Vasconcellos (2003), a descrença dos professores no
planejamento se deve aos seguintes fatores: a realidade da escola não é
simples e a sala de aula é muito dinâmica; a sobrecarga de trabalho; a falta de
espaço físico na escola para o grupo se reunir; a rotatividade dos professores;
36
a falta de autonomia no planejamento; o planejamento é burocrático, distante
da prática cotidiana da escola; o processo não acontece, não é colocado em
prática e não é revisto, não há colaboração e compromisso da comunidade
escolar; a falta de liberdade do professor coíbe a criatividade; é complicado,
prolixo, cheio de minúcias, não é prático.
Vasconcellos cita ainda, que para os dirigentes da escola ou as
equipes de serviços, a desvalorização do planejamento acontece porque os
professores são: acomodados, desatualizados, fossilizados, céticos,
despreparados, imaturos, inseguros, desanimados, resistentes à mudança,
descompromissados, desmotivados, omissos, desorganizados, individualistas e
etc.
Para Vasconcellos (2003) “o planejamento educacional é da maior
importância e implica enorme complexidade, justamente por estar em pauta a
formação do ser humano”.
Não resta dúvida que apesar das divergências, é fundamental que o
planejamento seja feito, e principalmente, ocorra efetivamente na prática. A
escola deve incentivar o comprometimento dos profissionais, que devem
chegar a um consenso que atenda às necessidades da escola e da
comunidade escolar no processo ensino-aprendizagem.
3.2 - Acompanhamento
Esta etapa vai ocorrer durante todo o ano letivo, a fim de identificar
distorções e a necessidade de possíveis adaptações no planejamento do
processo educacional, assegurando a sua eficácia. Todos os problemas que
ocorrerem na esfera pedagógica devem ser discutidos com a equipe de
trabalho, para que juntos, com a troca de experiências possam solucioná-los.
Segundo Nérici (1976, pág. 137), “o acompanhamento tenta
garantir, também, a unidade e continuidade nas atividades escolares. É sua
37
tarefa, ainda, observar o trabalho dos professores, orientar e coordenar os
trabalhos dos mesmos”.
3.3 - Controle
É a etapa na qual são avaliados os resultados das ações planejadas.
Se as mesmas ocorreram conforme o esperado, ou se necessitam de reajustes
que facilitem a sua eficácia. Os dados são verificados estatisticamente,
comparando-os aos dados anteriores.
Segundo Nérici (1976), “o controle visa, assim, a:
1 – Avaliação do rendimento escolar.
2 – Ajuizamento quanto à eficiência do ensino.
3 – Observação quanto à mudança de comportamento dos educandos.
4 – Tratamento e análise dos dados recolhidos.
5 – Recomendação de medidas que visem a sanar as deficiências constatadas, tendo em vista melhorar o processo ensino-aprendizagem.”
Todas as etapas do processo educacional são importantes para que
a Supervisão possa desenvolver um bom trabalho. Mas na prática, para que
isso ocorra, os profissionais envolvidos devem estar interessados em participar
e alcançar o objetivo principal da escola: proporcionar ao aluno uma educação
de qualidade, tornando-o um cidadão livre e crítico.
38
CAPÍTULO IV
A FORMAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL
A formação do supervisor sempre esteve ligada ao curso de
Pedagogia. Atualmente, o curso de Pedagogia está voltado para a formação de
professores na Educação Infantil e nas primeiras séries do Ensino
Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade normal, de
educação profissional na área de serviços e apoio escolar. A formação do
supervisor educacional agora é realizada em nível de graduação e pós-
graduação.
Segundo Ferreira (2009, pág. 23), “Supervisor educacional:
profissional pedagogo considerado “especialista em educação”, capaz de
exercer o trabalho educativo como profissional da educação em todos os
níveis”.
Supervisor Escolar: profissional pedagogo considerado “especialista
em educação”, “habilitado tecnicamente”, especializado, treinado ou titulado
por Decreto, para cumprir as funções técnicas em nível de educação. (Ibidem,
pág. 23).
O Supervisor só conhecerá a dimensão de sua responsabilidade na
prática da rotina escolar: a sua importância na gestão democrática escolar,
gerindo os meios, estabelecendo metas e assessorando o diretor na
organização escolar.
A ação supervisora se dá em espaço comum e em seu espaço
específico. Antes de tudo, o supervisor desempenha um ato pedagógico. Não
devemos esquecer que o curso de Pedagogia faz a divisão de tarefas referida
à área de educação; orientador, supervisor e diretor têm o campo educacional
como espaço comum, no qual exercem a especialidade de suas funções.
(GIANCATERINO, 2010, pág. 89).
39
Em 1931 foi promulgado o Decreto-Lei 19.890 (Reforma Francisco
Campos), dando ênfase a ação supervisora.
Em 1939 com a publicação do Decreto-Lei 1190 tornou-se
obrigatório, além da Licenciatura em Pedagogia, o Bacharelado, para os cargos
técnicos em educação.
Segundo Grispun ( 2008, pág. 151), “Essa formação de Técnicos de Educação visava atender os cargos provenientes de concursos para funções de administração, planejamento de currículo, orientação a professores, inspeção de escolas, avaliação do desempenho dos alunos e docentes, de pesquisas e desenvolvimento tecnológico da educação, no MEC, nas Secretarias de Educação”.
Em 1946 o Decreto-Lei 8530 revoga o anterior, descrevendo a
necessidade de somente uma formação em cursos apropriados, em nível
superior.
Em 1953 o Decreto-Lei 34.638 criou a Campanha de
Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES), com o objetivo de
incentivar a melhoria do ensino, através de treinamento específico para os
inspetores enfatizando a atuação na sua área pedagógica.
A partir da década de 60, enfatizando a reestruturação da educação
no país, é criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1961.
As ações da inspeção são direcionadas ao Ensino Primário e Médio, cabendo
aos Estados essa coordenação. São criados o Ministério da Educação, as
Secretarias Estaduais de Educação e os órgãos estaduais e federais. Para
suprir a necessidade de pessoal nestes órgãos, foi criada a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras, com a incumbência de formar os profissionais de
educação: professores para o curso Normal e os técnicos de educação, que
eram na realidade os pedagogos formados pelo curso de Pedagogia.
Em 1962 o Parecer CFE 251 fixa o currículo mínimo e a duração do
curso de Pedagogia em quatro anos.
40
Em 1969, o Parecer CFE 252 prevê a reformulação do curso de
Pedagogia com a intenção de especializar a função do educador. Para isso, o
curso foi formado em habilitações: Orientação Educacional, Administração
Escolar, Supervisão Escolar, Inspeção Escolar, Ensino das disciplinas e
atividade práticas dos cursos normais. A habilitação em Planejamento deveria
ser desenvolvida em nível de Mestrado.
Segundo Gadotti (1989, p. 105) “A Reforma Universitária de 1968 consagrou a militarização do Ensino Superior e o Parecer 252 do Conselho Federal de Educação, do ano seguinte, regulamentando a Reforma Universitária no que se refere à formação dos educadores (o curso de Pedagogia), institucionalizou essa tendência. Passou a formar policiais da educação ao invés de formar educadores”.
Segundo Ferreira (2009), “A supervisão educacional, mais especificamente, desde sua criação formal a partir da Resolução de 2 de maio de 1969 e do Parecer 252/69 tem merecido minha especial atenção, compreendendo-a, inicialmente, como uma “função” e, ao longo de minhas investigações, evoluindo para a compreensão de trabalho profissional responsável pela garantia da qualidade”.
Para Saviani (1997), a introdução das habilitações nos cursos de Pedagogia foi denominada “pedagogia tecnicista” e tinha como objetivo garantir a eficiência e a produtividade do processo educativo através da racionalização que envolvia o planejamento do processo, sob o controle de técnicos supostamente habilitados, passando os professores a plano secundário, isto é, subordinando-os à organização “racional” dos meios”.
Com a reestruturação do curso de Pedagogia, com suas
especificidades, tornava-se mais viável a regulamentação da profissão de
supervisor educacional para atender as necessidades das escolas criadas no
país. Apesar disso, esta reestruturação, que dava a educação um enfoque
técnico, e a atuação destes profissionais foram contestados.
Segundo Saviani (1979), “a função do supervisor é uma função
precipuamente política e não principalmente técnica.”
A discussão abordava a falta de especificidade teórica e prática das
habilitações pedagógicas.
41
“Em termos teóricos porque não dispunham de um corpo próprio de conceitos, sendo, por exemplo, a chamada teoria da supervisão, um arranjo de conceitos que integravam as áreas básicas como Sociologia da Educação, Filosofia da Educação, Psicologia da Educação, História da Educação ou Didática. Em termos práticos essa falta de especificidade se traduzia na reversibilidade com que os diferentes “profissionais” ocupavam os postos da burocracia educacional, independentemente do tipo de habilitação constante de seus diplomas. Quer dizer: se a escola necessitava de um supervisor, era importante a sua formação em educação obtida, via de regra, no curso de Pedagogia; quanto à habilitação, isso já não era tão relevante. (Saviani apud Ferreira org.2010, pág. 33)
A partir desses questionamentos, ficou claro que o profissional
qualificado para desempenhar a profissão, deveria ser um educador ou
pedagogo e as habilitações fariam parte de suas atribuições.
A profissão, isto é, a atividade socialmente requerida, seria uma só: a educação; e o profissional apto a desempenhá-la seria, igualmente, apenas um: o educador ou pedagogo. Administração, orientação, supervisão etc. seriam tarefas educativas que integram a lista de atribuições de um mesmo profissional: o educador. (Saviani apud Ferreira, org. 2010, pág. 33)
Em 1980 ocorreu a Primeira Conferência Brasileira de Educação,
com a intenção de debater a reformulação dos cursos de formação de
educadores.
Segundo Saviani, “ganhou corpo a tese de que o curso de
Pedagogia deveria, sobre a base de uma boa fundamentação teórica centrada
nos fundamentos da educação, formar o profissional da educação capaz de
exercer as diferentes atribuições requeridas pelos sistemas de ensino e
unidades escolares, tendo em vista o seu adequado funcionamento.”
A formação dos supervisores e orientadores está baseada no art.
14 da Resolução CNE/CEF 1 de 15/05/2006 que menciona os profissionais de
educação conforme art. 64 da Lei 9394/96.
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
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graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.
“Em síntese reafirmamos, ratificamos, ressaltamos a importância dos Orientadores Educacionais e Supervisores Educacionais na Escola, e sobre a formação analisada identificamos que:- a Resolução merece uma (re) leitura para atender as observações que ainda não estão totalmente esclarecidas ou que podem trazer discordâncias; - incentivar nas Instituições de ensino superior – de acordo então com a Resolução – os cursos de pós-graduação para os que se interessam pelas áreas assinaladas. A formação é necessária não apenas por exigência legal, mas para estarmos mais bem preparados para fazermos o melhor no exercício de nossas atribuições, consoante com o momento histórico social que vivemos e com as conquistas, na educação, já apreendidas.” (Grinspun 2008, p. 157),
“Como prática educativa, a supervisão educacional, independentemente de formação específica em uma habilitação no curso de pedagogia, em cursos de pós-graduação ou como conjunto de conteúdos desenvolvidos no curso de pedagogia, constitui-se um trabalho profissional que tem o compromisso de garantir princípios de liberdade e solidariedade humana no pleno desenvolvimento do educando, no seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e, para isso, assegurar a qualidade do ensino, da educação, da formação humana.”(Ferreira apud Rangel-org., 2010, p. 93).
Independentemente da formação do supervisor, ele deve ser um
educador comprometido, cooperativo, atualizado, solidário e responsável. Deve
ter iniciativa e poder de decisão. Ele é o responsável pela articulação e
viabilização do processo ensino-aprendizagem, juntamente com os
professores, os membros da equipe pedagógica, a direção e a comunidade
escolar.
Segundo Ferreira (2009, pág.127), “A supervisão educacional tem uma importante responsabilidade no sistema educacional brasileiro e, fundamentalmente, na escola, desde que compreendida como integrante da gestão da educação, compromissada com a formação de qualidade, a implementação de políticas e como elemento que necessita subsidiar novas políticas públicas a partir de sua experiência entendida como práxis. É ela que, no cotidiano escolar, com o coletivo dos professores, toma decisões, coordena as ações e vivencia as contradições e as necessidades educacionais que necessitam ser refletidas coletivamente pelo conjunto dos profissionais da escola. Portanto, seu trabalho não é uma “função”, muito pelo contrário, é um trabalho de gestão da
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educação, de tomada de decisões com o diretor e os demais profissionais da educação responsáveis pela escola”.
44
CONCLUSÃO
Esta pesquisa foi realizada com a intenção de mostrar a importância
da supervisão educacional no contexto educacional, abordando sua origem,
evolução e influência na educação até o momento atual.
Desde sua origem a supervisão escolar tinha como objetivo a
eficiência escolar, através da inspeção dos docentes. Com o passar dos anos,
outras atribuições passaram a fazer parte da responsabilidade do supervisor
educacional. Apesar disso, alguns profissionais da área da educação ainda
conservam certo preconceito em relação a estes profissionais, que são tão
importantes no processo ensino-aprendizagem.
Esta discriminação chegou ao ponto de na década de oitenta,
proporem a extinção das especialidades pedagógicas nas escolas. Mas com a
implantação da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, Art. 64, os profissionais da
educação têm assegurado a sua formação.
Mesmo com todos estes obstáculos, a supervisão educacional se
manteve voltada para o objetivo principal: propiciar ao indivíduo uma educação
de qualidade, transformadora, que seja capaz de torná-lo um cidadão livre,
ciente de seus direitos e deveres na sociedade.
Ratificando a importância da supervisão educacional no contexto
educacional neste mundo globalizado:
“Não se esgota, portanto, no saber fazer bem e no saber o que ensinar,
mas no trabalho articulador e orgânico entre a verdadeira qualidade do trabalho
pedagógico que se tornará mais verdadeira em seus compromissos humanizadores,
quando expressar e se constituir em polo-fonte de subsídios para novas políticas, e
novas formas de gestão na intensidade espaçotemporal de transformações que a era
da globalização e a sociedade do conhecimento ocasionaram”. (Ferreira, apud Rangel,
2010, p. 93).
A supervisão educacional na realidade tem participação direta na
construção dessa escola dinâmica, atuando e cooperando com as mudanças
45
no processo ensino-aprendizagem, interagindo com o corpo docente e a
comunidade escolar.
46
BIBLIOGRAFIA
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Cidadania Crítica, RJ: Wak, 2009.
VASCONCELLOS, C. Planejamento. SP: Libertad, 2003.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I 11
CONCEITOS DE SUPERVISÃO 11
1.1 - Origem do Conceito 11
1.2 - Conceitos de Supervisão Escolar 14
1.3 - Evolução do Conceito 15
CAPÍTULO II 20
O PAPEL DA SUPERVISÃO ESCOLAR 20
2.1 - Princípios da Supervisão 21
2.2 - Fundamentos da Supervisão 23
2.3 - Funções da Supervisão Escolar 25
2.4 - Objetivos da Supervisão 27
2.5 - A Interação da Supervisão com a Orientação 28
CAPÍTULO III 30
ETAPAS DA SUPERVISÃO 30
3.1 - Planejamento 31
3.2 - Acompanhamento 36
49
3.3 - Controle 37
CAPÍTULO IV 38
A FORMAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL 38
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 48
50