Avicultura e Clima Quente: Como administrar o bem-estar às ... · PDF fileAs aves...

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  • Avicultura e Clima Quente:

    Como administrar o bem-estar s aves?

    Para obtermos melhor bem-estar na avicultura em climas quentes devemos estar atentos integrao entre o animal e o ambiente, a fim de que o custo energtico dos ajustes fisiolgicos sejam os menores possveis.

    por Patrcia de Souza, DSc, Pesquisadora da EmbrapaSunos e Aves, rea de Transferncia de Tecnologia.

    A avicultura tem se consolidado, ano aps ano, como uma das mais importantes fontes de protena animal para a populao mundial.No Brasil, o processo de desenvolvimento avcola, tanto no nmero de frangos abatidos como no de ovos produzidos, possibilitou a industria um notvel potencial para oferecer aos consumidores uma fonte prottica saudvel e com um custo mais baixo. Nos paises de clima tropical, um dos desafios de produo so os fatores ambientais de alta temperatura e alta umidade dentro das instalaes, as quais so limitados para o bem-estar e uma alta produtividade. O conceito de ambiente amplo, uma vez que inclui todas as condies que afetam o desenvolvimento dos animais.Hoje, ao considerar o ambiente de produo animal leva-se em conta, o ambiente trmico (temperatura, umidade, velocidade do vento e outros), o ambiente acstico (rudos), o ambiente areo (gases e poeiras) e o ambiente social (hierarquia do grupo, tratador). O ambiente fsico pode abranger os elementos meteorolgicos que afetam os mecanismos de transferncia de calor, a regulao e o balano trmico entre o animal e o meio, exercendo forte influncia sobre o bem-estar e desempenho do animal. Na maioria dos sistemas de produo de aves, no Brasil, os fatores climticos, ou seja, o ambiente para produo e bem-estar das aves, nem sempre compatvel com as necessidades fisiolgicas das mesmas.O micro clima gerado dentro de uma instalao definido pela combinao de elementos como as variveis termodinmicas do ar ambiente, chuva, luz, som, poluio, densidade animal, equipamentos e manejo.Os fatores stressores do ambiente podem estar tambm vinculados: velocidade do ar, temperatura radiante, disponibilidade de gua e umidade da cama.Comparando-se a temperatura interna das aves com a dos mamferos, observa-se que, alem de ser mais alta, mais varivel, podendo, quando adulta, variar de 41C a 42C. Tais variaes se do de acordo com sua idade, peso corporal, sexo, atividade fsica, consumo de alimentos e o ambiente trmico do galpo.Portanto, para obtermos melhor bem-estar na avicultura em climas quentes devemos estar atentos interao entre o animal e o ambiente, a fim de que o custo energtico dos ajustes fisiolgicos sejam os menores possveis.

    Fisiologia e clima As aves so animais classificados como homeotermos, apresentando a capacidade de manter a temperatura interna constante.De acordo com os princpios da termodinmica, isso significa que estes animais esto em troca trmica continua com ambiente.Porm, este processo s eficiente quando a temperatura estiver dentro dos limites de termoneutralidade.Em condies de temperatura e umidade do ar elevado, as aves tero dificuldade na transferncia desse excedente de calor para o ambiente, ocasionando a elevao de temperatura corporal e, como conseqncia, o desconforto trmico e a queda de produo. Apenas parte da energia alimentar ingerida pelas aves convertida na produo de ovos ou carne.O restante empregado na manuteno fisiolgica, nos mecanismos de homeotermia, ou forma de calor, atravs dos processos fsicos de conduo, conveno e radiao.

    Fls. 1/6Isolamento termoacstico Refr igerao Cl imat izao Aquecimento Monitoramento & Gesto

  • A definio de conforto do bem-estar baseada apenas no contexto de ambiente tem sido adotada pelos especialistas em ambincia, quando se analisa a caracterstica do micro ambiente que oferece conforto trmico, ou se adequa temperatura do meio em funo da zona de conforto a faixa de temperatura ambiente onde a taxa metablica mnima e a energia de produo mxima. A zona de conforto aquela em que a resposta animal ao ambiente positiva e a demanda ambiental (perda de calor por conveco, radiao e evaporao em regime inerte) conciliada com a produo basal, acrescida da produo de calor equivalente atividade normal e do incremento calrico da alimentao. A energia liquida resultante suficiente para a manuteno e os suprimentos adicionais levam ao ganho de peso.Nesta zona (varivel de acordo com a fase, manejo, ambiente), o animal alcana seu potencial mximo, e a temperatura corporal mantida com mnima utilizao de mecanismos termorreguladores.O controle da termorregulao ocorre atravs da seqncia estimulo resposta, conhecida como reflexo.A resposta do estimulo trmico levada ao centro integrador (hipotlamo). O conforto ambiental assim caracterizado nem sempre acompanhado de uma analise de variveis, muitas das quais de difcil controle e que se interagem alterando o ambiente de forma marcante como, por exemplo: atividade fsica, densidade populacional, nvel energtico da dieta, tipo de alimentao (peletizada ou farelada), isolamento trmico e outros.A termotolerncia de ave varia em funo da idade (idade /peso do animal).Algumas condies bsicas devem ser observadas para um timo conforto trmico e bem-estar do ponto de vista fisiolgico das aves: considerar que existe um balano calrico entre as aves e o meio ambiente; estabelecer uma importante relao entre a temperatura mdia da pele e a atividade da ave na zona de conforto e estabelecer a perda de gua por evaporao e a atividade da ave na zona de conforto.

    Menos ou mais calor O bem-estar e, conseqente produtividade, expressa em ganho de peso e converso alimentar do frango de corte, depende da interao entre variveis como peso ps-ecloso, nutrientes da dieta, qualidade da gua e temperatura ambiente, variveis que levam as aves condio de bem-estar elevado.No entanto, o desenvolvimento de pintinhos, em particular na primeira semana de vida condio relevante para o desempenho do futuro do animal, pois processos fisiolgicos como hiperplasia e hipertrofia celular, maturao do sistema termoregulador e diferenciao da mucosa gastrintestinal, influenciar de maneira marcante o peso corporal e a converso alimentar da ave at a idade de abate. fato conhecido que a temperatura termoneutra para pintinhos na primeira semana de vida encontra-se entre 33C e 37C e da ave adulta entre 21C e 28C. Neste sentido, temperaturas acima de 37C podem induzir hipertermia com desidratao, levando a uma reduo no consumo de rao e atraso no crescimento.Em temperaturas muito baixas da zona de conforto podem desencadear quadros hipodrmicos, podendo induzir a sndrome da hipertenso pulmonar (ascite) nos frangos de corte. Um dos primeiros efeitos das altas temperaturas e falta de bem-estar nos lotes de frango de corte a reduo no consumo alimentar.A reduo no apetite das aves as d numa tentativa de reduzir a produo de calor interno ocasionada pelo consumo de energia presente na rao.O alimento aumenta o metabolismo e, conseqentemente, a quantidade de calor corporal, pois a digesto e a absoro de nutrientes geram energia, que liberada na forma de calor chamada de incremento calrico.

    Fls. 2/6Isolamento termoacstico Refr igerao Cl imat izao Aquecimento Monitoramento & Gesto

  • As aves passam a utilizar a gordura como fonte de energia, que produz menor incremento calrico que o metabolismo de protenas e carboidratos presentes na rao.A reduo do consumo de rao e, conseqente reduo na indigesto de nutrientes afeta diretamente a produtividade do lote, culminado numa reduo do ganho do peso e bem-estar das aves. O incremento na taxa respiratria das aves um indicador de bem-estar, e est diretamente ligado ao meio fsico externo em que as aves esto inseridas.Quanto maior for presso de vapor no ambiente, maior a dificuldade de liberao de calor por meios corporativos. O ofego somente eficiente, como meio de liberao de calor latente, quando a umidade relativa ambiental se encontra em nveis relativamente menores que 70%.A umidade relativa passa a ter importncia no conforto trmico das aves, quando a temperatura ambiente atinge 25C. Altas taxas de umidade sejam removidas das vias areas, tornando a respirao cada vez mais ofegante.A ave pode no ter capacidade suficiente para manter uma freqncia respiratria alta o bastante para remover o excesso de calor interno, causando hipertermia, seguida de prostrao e morte. Altas amplitudes trmicas influenciam tambm na queda do bem-estar, e produtividade de frangos de corte, piorando a converso alimentar para aves adultas submetidas temperatura variando ciclicamente de 24C a 35C, quando comparadas a aves com micro clima estvel em torno de 21C. O fato de as instalaes avcolas brasileiras normalmente possurem um baixo isolamento trmico, principalmente na cobertura, e a ventilao natural ser o meio mais utilizado pelos avicultores para a reduo de altas temperaturas nos avirios, faz com que as condies ambientais internas se mantenham altamente sensveis s variaes dirias na temperatura externa, favorecendo a ocorrncia de altas amplitudes trmicas dirias. A ao direta do calor da radiao solar sobre a superfcie terrestre ocasiona o seu aquecimento, ocorrendo o aquecimento do ar por conveco.A temperatura ambiente de um abrigo depende de seu balano energtico, que a funo do calor incidente de radiao solar, do coeficiente de absoro, da condutividade e da capacidade, trmica da superfcie receptora.As trs maiores fontes de calor em uma instalao avcola so: a radiao solar, o calor total produzido pelos prprios animais e a radiao emitida pelos arredores da instalao.O calor 75% do total de calor na forma de radiao que atinge uma instalao.Nas horas mais quentes do dia, possui um fluxo de calor cinco vezes maior que o calor gerado internamente na instalao. No caso de aves de postura, a queda do pH sangneo descreve juntamente com o nvel de clcio, aps duas horas de estresse trmico.Este processo prejudicial formao da casca do ovo, pois h uma diminuio de Ca++ no sangue.A falta d