AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE DIABETES MELLITUS TIPO 1 E … COTINGUIBA... · 41 f. Monografia,...

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I UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de Fevereiro de 1808 Monografia AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE DIABETES MELLITUS TIPO 1 E 2, E SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA Jamile Rodrigues Cotinguiba Salvador (Bahia) Junho de 2018

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de Fevereiro de 1808

Monografia

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE DIABETES

MELLITUS TIPO 1 E 2, E SÍNDROME

METABÓLICA EM PACIENTES PORTADORES DE

HEPATITE C: REVISÃO SISTEMÁTICA DE

LITERATURA

Jamile Rodrigues Cotinguiba

Salvador (Bahia)

Junho de 2018

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II

Monografia

Avaliação da Relação entre Diabetes Mellitus Tipo 1 e

2, e Síndrome Metabólica em Pacientes Portadores de

Hepatite C: Revisão Sistemática de Literatura

Jamile Rodrigues Cotinguiba

Orientadora: Profª. Drª. Maria Isabel Schinoni

Monografia de Conclusão do

Componente Curricular MED-

B60/2018.1, como pré-requisito

obrigatório e parcial para

conclusão do curso médico da

Faculdade de Medicina da Bahia

da Universidade Federal da Bahia,

apresentada ao Colegiado do Curso

de Graduação em Medicina.

Salvador (Bahia)

Junho de 2018

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III

FICHA CATALOGRÁFICA

(Elaborada pela Bibl. Sonia Abreu, da Biblioteca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde

Brasileira/SIBI-UFBA/FMB-UFBA)

C844

Cotinguiba, Jamile Rodrigues

Avaliação da relação entre diabetes mellitus tipo 1 e 2 e síndrome

metabólica em pacientes portadores de hepatite C: Revisão

Sistemática de Literatura/Jamile Rodrigues Cotinguiba. --

Salvador, Bahia, 2018.

41 f.

Monografia, como exigência parcial e obrigatória para conclusão do Curso de Medicina

da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Orientadora: Profª. Drª. Maria Isabel Schinoni

Palavras chaves: 1. Hepatite C. 2. Síndrome Metabólica. 3. Diabetes Mellitus

tipo 1 e 2. 4. Universidade Federal da Bahia. I. Schinoni, Maria Isabel. II.

Título.

CDU: 616.36

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IV

Monografia: Avaliação da relação entre diabetes mellitus tipo 1 e 2, e

síndrome metabólica em pacientes portadores de hepatite C: revisão

sistemática de literatura, de Jamile Rodrigues Cotinguiba.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Isabel Schinoni

COMISSÃO REVISORA

Maria Isabel Schinoni, (Professora orientadora), Professora de Bioquímica do

Instituto de Ciências da Saúde – ICS – UFBA; Médica Investigadora de Ensaios

Clínicos de Núcleo de Hepatologia do HUPES-UFBA e do Serviço de

Gastrohepatologia.

Joanemile Pacheco de Figueiredo, Professora da Faculdade de Medicina da

Bahia – FMB – UFBA; Departamento de Medicina Interna e de Apoio

Diagnóstico.

William Dunningham, Professor da Faculdade de Medicina da Bahia – FMB –

UFBA; Departamento de Neurociências e Saúde Mental.

Maria de Fátima Diz Fernandez, Professora da Faculdade de Medicina da

Bahia – FMB – UFBA; Departamento de Medicina Preventiva e Social.

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia avaliada pela

Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação pública no XV Seminário

Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA, com posterior

homologação do conceito final pela coordenação do Núcleo de Formação Científica e

de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em 10 de junho de 2018.

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V

“Que os vossos esforços desafiem as

impossibilidades. Lembrai-vos de que as grandes

coisas do homem foram conquistadas do que

parecia impossível.”

(Charles Chaplin)

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VI

A minha avó Ceci (In Memoriam) minha gratidão

por todo cuidado, lições, gargalhadas, e por todo

amor e saudade em meu peito, imensuráveis.

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VII

EQUIPE

Jamile Rodrigues Cotinguiba, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. Correio-

e: [email protected];

Maria Isabel Schinoni, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA e Instituto de

Ciências da Saúde/UFBA. Correio-e: [email protected].

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)

Núcleo de hepatologia do Hospital Universitário Professor Edgar Santos

FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Recursos próprios.

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VIII

AGRADECIMENTOS

À minha professora orientadora, Doutora Maria Isabel Schinoni, pela inspiração, pelo

constante incentivo e ideias. Exemplo de profissional extremamente competente e

dedicada. Por ser admirável.

A meus pais, Antonio e Jandira Cotinguiba, por toda dedicação e abdicação,

resistência e resiliência, de uma vida inteira, para estarem realizando nosso

sonho. Verdadeiros exemplos de coragem, força e amor. Gratidão eterna!

Ao meu irmão Ramon Cotinguiba, pela orientação e presteza inestimáveis

durante a construção deste trabalho e nesta caminhada. Ao meu irmão Renan

Cotinguiba pela atenção, carinho e disposição às minhas necessidades.

Ao meu companheiro e amado Wbiratã Alcântara, pela cumplicidade, apoio,

paciência e todo amor dedicado.

Ao meu “P” (amigos eternos) pelas longas noites, pelas alegrias e angústias em

cada momento desta jornada.

Às minhas famílias Cotinguiba e Rodrigues, cada uma com suas

particularidades e contribuições, muitíssimo obrigada.

Aos amigos (as) Famebianos (as) e tantos de outrora (em especial Steve Biko e

Geraldina de Medeiros), família que a vida me deu, que contribuíram direta e

indiretamente no meu caminho.

À Doutora Joanemile Pacheco de Figueiredo, pelas lições em imunologia, pela

participação inigualável, disponibilidade e confiança.

Ao Doutor William Dunningham, pelas orientações para a realização deste

trabalho.

À Doutora Maria de Fátima Diz Fernandez, pela solicitude e gentileza.

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1

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURA E QUADRO ........................................................................... 2

LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... 3

I. RESUMO ............................................................................................................. 5

II. OBJETIVOS ........................................................................................................ 6

Geral ......................................................................................................................... 6

Específicos ................................................................................................................ 6

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 7

IV. METODOLOGIA .......................................................................................... 12

Desenho .................................................................................................................. 12

Estratégia de Busca ................................................................................................. 12

Critérios de Elegibilidade ........................................................................................ 12

Critérios de Exclusão ............................................................................................... 13

Seleção dos Estudos ................................................................................................ 13

Variáveis ................................................................................................................. 13

V. RESULTADOS ............................................................................................... 14

Seleção dos estudos ................................................................................................. 14

Descrição dos artigos ............................................................................................... 20

VI. DISCUSSÃO ................................................................................................... 24

VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 28

VIII. ABSTRACT .................................................................................................... 30

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 31

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ÍNDICE DE FIGURA E QUADRO

FIGURA

Figura 01. Sequência de etapas na seleção de artigos durante revisão sistemática. 14

QUADRO

Quadro 01. Descrição dos artigos selecionados para compor a revisão sistemática. 15

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3

LISTA DE ABREVIATURAS

ALT

AST

CGF

CHC

DHGA

DM

DST

GLUT4

HAS

HbA1C

HOMA

IC

IL-1

IMC

NASH

NHANES

Alanina Aminotransferase

Aspartato Aminotransferase

Fator de Crescimento Conectivo

Carcinoma Hepatocelular

Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica

Diabetes Mellitus Tipo 1 ou 2

Doença Sexualmente Transmissível

Transportador de Glicose Tipo 4

Hipertensão Arterial Sistêmica

Hemoglobina Glicada

Modelo de Avaliação da Homeostase

Intervalo de Confiança

Interleucina-1

Índice de Massa Corporal

Esteato-hepatite Não-alcoólica

Exame de Saúde e Nutrição

RNA Ácido Ribonucleico

HBV Vírus da Hepatite B

HCV

OMS

PEG-IFN

Vírus da Hepatite C

Organização Mundial da Saúde

Interferon Peguilado

PRISMA

RI

RVS

Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises

Resistência Insulínica

Resposta Virológica Sustentada

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4

SM

TP

Síndrome Metabólica

Tempo de Protrombina

TNF-α

Fator de Necrose Tumoral alfa

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I. RESUMO

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE DIABETES MELLITUS TIPO 1 E 2, E

SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE

C: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A hepatite C é uma doença silenciosa e grave,

causada pelo vírus da hepatite C (HCV), podendo ser assintomática por um longo

período de tempo. O vírus por ser hepatotrófico, se replica nos hepatócitos estimulando

o estado inflamatório deste órgão e consequente evolução para fibrose, cirrose ou

carcinoma hepatocelular (CHC). Estudos sugerem que a presença de HCV induziria o

desenvolvimento de diabetes mellitus (DM), associado às condições de síndrome

metabólica (SM). OBJETIVOS: Revisão de literatura para avaliar a relação entre DM

tipo 1 e 2, e Síndrome Metabólica em pacientes portadores de HCV, se a eliminação do

vírus melhora os níveis glicêmicos nestes pacientes, e se há associações com grau de

fibrose hepática nos pacientes com DM tipo 1 e 2, e Síndrome Metabólica. MÉTODOS:

Foi realizada revisão sistemática nas bases de busca em língua inglesa e portuguesa:

PubMed e Scielo. Utilizou-se os descritores: Hepatite C and Diabetes and Metabolic

Syndrome and Treatment and glicemic index. Incluíram-se estudos publicados em

inglês, espanhol e português, entre 2000 e 2016, disponíveis em texto completo, e

estudos retrospectivos que revelam a metodologia de análise que descreve Hepatite C e

DM. RESULTADOS: Foram selecionados 13 artigos, que mostraram existir associação

entre o HCV e DMT2. Nesta busca foram contempladas evidências atuais que ligam o

sucesso do tratamento antiviral e prevenção de DMT2 e suas complicações em pacientes

com HCV, assim como é visto que o aumento das taxas de obesidade, DM e doença

hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) nestes pacientes, podem contribuir para o

CHC. CONSIDERAÇÕES: Foi amplamente posta em evidência a associação entre a

infecção crônica por HCV e DM2, fato que aumenta o risco de morbidades e

complicações crônicas do fígado, como o desenvolvimento de fibrose e consequente

redução da resposta aos agentes antivirais. Tendo em consideração essas relevâncias,

podemos supor que somente o diagnóstico precoce e tratamento da infecção pelo HCV

permitem à regressão de manifestações clínicas e complicações.

Palavras-chaves: 1. Hepatite C. 2. Síndrome Metabólica. 3. Diabetes Mellitus tipo 1 e 2.

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II. OBJETIVOS

Geral

Estudar a relação entre Diabetes Mellitus tipo 1 e 2, e Síndrome Metabólica em

pacientes portadores de Hepatite C, na literatura por meio de revisão sistemática.

Específicos

Avaliar associação:

1- Entre diabetes e síndrome metabólica com estágio de fibrose hepática nestes

pacientes.

2- Entre os índices glicêmicos e metabólicos destes pacientes e a resposta ao tratamento

antiviral.

3- Entre diabetes e genótipo viral.

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III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A hepatite c é uma doença silenciosa e grave, causada pelo vírus da hepatite c

(HCV), em que se apresenta assintomática por um longo período. A infecção tem

predileção pelos hepatócitos e, sendo assim, pode levar o fígado à inflamação e uma

progressiva destruição do mesmo pelo desenvolvimento de fibrose, cirrose ou

carcinoma hepatocelular5.

Estudos sugerem que a presença de HCV tem induzido o desenvolvimento de

diabetes mellitus¹, associado ou não às condições de uma síndrome metabólica nos

indivíduos infectados pelo vírus. A síndrome metabólica é definida pela Organização

Mundial da Saúde (OMS) como duas ou mais das seguintes condições em que o

indivíduo apresenta obesidade abdominal, dislipidemia, resistência à insulina,

hipertensão, pequenos aumentos da glicemia em jejum e estado pré- trombótico.

Estudos apontam que as modificações estruturais induzidas pelo vírus da

hepatite C são capazes de modificar a sinalização da insulina, isso é gera um bloqueio

na união da insulina a seus receptores periféricos e centrais impedindo que esta regule o

metabolismo da glicose no organismo promovendo a resistência à insulina².

De acordo com o boletim epidemiológico de hepatites virais de agosto/2016, até

dezembro de 2015 havia entre homens (14617) e mulheres (11103) 25.746 casos

confirmados de hepatite C (número de detecção por 100.000 habitantes; em 2015 foram

considerados casos confirmados de hepatite C aqueles que apresentaram os testes anti-

HCV ou HCV-RNA reagentes). Apesar de o número de casos entre homens (89.858 –

58,8%) ser superior ao das mulheres (62.796 – 41,2%), observa-se que essa proporção

vem diminuindo ao longo dos anos³.

De acordo com estudos da Sociedade Brasileira de Hepatologia (2016),

pacientes com hepatite C e resistência à insulina desenvolvem depósito de gordura no

fígado, situação histopatológica chamada esteatose, o que favorece a evolução mais

rápida destes pacientes para fibrose hepática mais avançada Além disso, vários

trabalhos demonstram desaparecimento ou redução da resistência à insulina após a

eliminação do vírus do organismo assim como a remissão do diabetes, existem dados

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que sugerem menor índice de complicações do diabetes nos pacientes com hepatite C

que curaram a infecção viral4.

A infecção pelo vírus da hepatite C tem repercussões significativas sobre o

tecido hepático, e com a progressão da doença é possível observar que este vírus é uma

das causas mais importantes para o desenvolvimento de cirrose e carcinoma

hepatocelular (CHC) em todo o mundo.

O HCV pertence à família Flaviridae, gênero Hepacivirus, e é composto por

RNA de cadeia simples, envolto por envelope lipídico5, 28. Possui 6 genótipos de

relevância prática, no que diz respeito ao tratamento. O mais agressivo e que apresenta

menor resposta ao tratamento é o tipo 1, sendo este o mais prevalentes em nosso meio e

de perfil extremamente mutagênico5.

Sua transmissão ocorre por exposição ao sangue contaminado, e por fluidos

corporais, porém, as concentrações de HCV são baixas, sendo pequena a chance de

transmissão. A presença de DST também facilita a transmissibilidade, no entanto, a

principal forma identificável é através do uso de drogas ilícitas atualmente9.

Aproximadamente 64-103 milhões de pessoas estão infectadas com HCV em todo o

mundo, tornando o HCV uma das principais causas de doença hepática crônica. A

infecção aguda pode se resolver espontaneamente em 15% - 45% dos casos, mas o

restante 55% - 85% dos indivíduos infectados (75% - 85% de acordo com exames

sorológicos) não conseguem eliminar o vírus e se tornam cronicamente infectados. Em

um número significativo de pacientes, a hepatite C crônica evoluirá para cirrose e

hepatocelular carcinoma (CHC), que representa o estágio final relacionado à doença

hepática pela infecção viral e estão entre as principais causas de transplante hepático no

mundo ocidental⁷.

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença que, invariavelmente, leva ao aumento

da glicose no sangue. Gerado por uma disfunção na secreção ou ação do hormônio

insulina, cuja função é tornar permissiva a entrada de glicose para as células do

organismo, por meio de transportadores celulares específicos, por exemplo o

transportador GLUT 422. A DM pode ser classificada principalmente em Diabetes

Mellitus tipo 1 (DM 1) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM 2). O tipo 1 é resultante da

destruição das células beta pancreáticas - células sintetizadoras e secretoras da insulina,

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9

sendo assim uma patologia autoimune que leva a uma deficiência de insulina. No tipo 2,

a maioria dos casos, a hiperglicemia é resultado da resistência à ação da insulina.

Diferente do DM 1, o DM 2 geralmente tem associação com fatores comportamentais

com o sobrepeso e obesidade. Então a manutenção da glicemia normal depende

principalmente da capacidade funcional das células-beta pancreáticas em secretar

insulina e da sensibilidade tecidual à ação da insulina. No entanto, existem outros tipos

de Diabetes, causados por outras doenças endócrinas ou pelo uso de determinados

medicamentos6.

Da mesma forma, muitas vezes desses fatores comportamentais, as alterações no

metabolismo hepático de lipídios e carboidratos de pessoas infectadas com o HCV,

podem levar ao acúmulo de gordura nos hepatócitos. Este excesso de gordura

intracelular poderia induzir a resistência à insulina e levar ao desenvolvimento de

diabetes. Estudos realizados no Egito (país com maior prevalência de infecção pelo

HCV no mundo) indicaram que não há associação entre pessoas expostas ao HCV –

pessoas com anticorpo contra o HCV – e a diabetes.

Contudo, observou que há associação entre diabetes e a infecção crônica do

HCV – pessoas com o HCV-RNA positivo. Sugeriu dessa forma que pacientes

portadores de diabetes tinham uma maior dificuldade de removerem uma infecção pelo

HCV do que outras pessoas que não eram diabéticas. Além disso, acredita-se que há um

efeito citotóxico direto do HCV nas células das ilhotas pancreáticas, resultando em

alterações morfológicas no retículo endoplasmático rugoso com consequente redução da

liberação de insulina após o estímulo da glicose7, 8, 1.

No que diz respeito ao tratamento da diabetes, este tem por finalidade controlar a

elevação do nível de glicose sérico, haja vista que a hiperglicemia crônica pode levar a

afecções nos sistemas visual, cardíaco, renal e nervoso, fazendo-se necessário o

diagnóstico e tratamento precoce desta comorbidade. O tratamento do DM 1 é a própria

insulina, administrada por via parenteral. No tipo 2 inicialmente são usados

hipoglicemiantes orais, porém, com a resistência da doença, pode ser necessário o uso

concomitante de insulina. Os pacientes diabéticos precisam ser periodicamente

acompanhados, para analisar e orientar o controle glicêmico. Para a avaliação do nível

glicêmico costuma-se solicitar exames laboratoriais com testagem de glicemia em jejum

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– que reflete o nível da glicemia no momento da aferição, sendo desejável que esteja

menor do que 100mg/dL – e o teste da hemoglobina glicada (HbA1c) – que revela a

glicemia média pregressa dos últimos 3 meses, sendo desejável que esteja menor que

6,5% 2, 6.

Estudos recentes apontam que o diabetes pode agravar o curso da infecção

hepática e induzir uma menor resposta virológica sustentada (RVS) ao tratamento

antiviral, fazendo elevar os riscos para complicações hepáticas, como a cirrose8. A

possibilidade de inflamação e a fibrose aumenta nos indivíduos diabéticos,

principalmente naqueles que possuem DM 2, por meio das citocinas e fatores pró-

inflamatórios produzidos pelo tecido adiposo, que vão estimular a produção de

colágeno, e levar ao risco de desenvolvimento de fibrose8, ou seja, o HCV interfere na

sinalização de insulina direta e indiretamente, induzindo a produção desses fatores⁷.

A replicação, montagem e liberação do vírus no hepatócito requer interações

com as lipoproteínas do hospedeiro através da modulação do metabolismo lipídico

nestas células induzindo a esteatose hepática, sendo mais comum em pacientes com

HCV genótipo 323. Diante disso, o risco da esteatose depende de vários fatores virais

como genótipo, carga viral, e mutação gênica, e das características do hospedeiro como

obesidade visceral, DM 2, predisposição genética, uso de medicações e consumo de

álcool⁷.

Esteatose hepática é uma condição causada pelo excessivo acumúlo de

triglicerídeos nos hepatócitos. As causas mais comuns são o consumo de álcool (doença

alcoólica gordurosa do fígado) e resistência à insulina (RI) dentro da síndrome

metabólica (SM)⁷. A relação do HCV com resistência insulínica (RI) e esteatose, tem

mostrado um notável impacto clínico no prognóstico da infecção e da qualidade de vida.

Há associação com resistência à terapia antiviral, progressão para fibrose hepática, e

desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC), já que à resistência insulínica

induzida pelo HCV, estresse oxidativo, e mudanças no perfil lipídico e no metabolismo

do ferro, levam à intolerância a glicose, hipertensão arterial, hiperuricemia, e

aterosclerose, resultando consequentemente no aumento da mortalidade cardiovascular⁷.

Além de promover a esteatose e a progressão da fibrose a presença de RI

demonstrou prejudicar a resposta ao tratamento antiviral e, vice-versa, ou seja, regredir

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após o sucesso do tratamento. Alguns estudos avaliaram a RI em pacientes com hepatite

C antes e depois da terapia com interferon. Em um deles foi demosntrado que a RI em

média da concentração de glicose no sangue durante aproximadamente 60 a 90 dias,

sendo desejável entre 4,5 e 5,6%. Em outro, mostrou que indivíduos infectados pelo

HCV, pode induzir RI independente da gravidade da doença do fígado e que o genótipo

3 teve significativamente um HOMA-RI (o índice de Modelo de Avaliação da

Homeostase, que avalia a resistência a insulina) inferior a de outros genótipos. Por outro

estudo descobriu que o HOMA–RI médio foi significativamente maior em pacientes

com esteatose relacionada ao genótipo 1 do que naqueles com esteatose relacionada ao

genótipo 3. Assim, independente do genótipo, níveis mais elevados da carga viral do

HCV foram associados com a presença de RI e, consequentemente, a gravidade de

esteatose hepática, onde o tratamento e a depuração de HCV melhoraram RI7, 8.

Sendo assim, diante do exposto há dados suficientes para corroborar que é a

cronicidade da hepatite C e suas complicações de ordem endócrina e metabólica que a

torna problemática; estima-se que 75-80% dos indivíduos infectados com o VHC

evoluem para infecção crônica, persistindo durante pelo menos 6 meses após o início,

com a taxa de infecção variando por idade, sexo, raça e status do sistema imunológico.

A infecção a longo prazo tem sido associada a quadros clínicos sequelas, incluindo o

desenvolvimento de fibrose hepática, cirrose e carcinoma hepatocelular10. Ou seja, o

DM e a SM são cofatores potenciais no desenvolvimento de complicações hepáticas

pós-infecção por vírus C.

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IV. METODOLOGIA

Desenho

Revisão sistemática descritiva da literatura, a partir da busca em bases de dados

eletrônicas e seguindo a recomendação PRISMA para revisões sistemáticas. Foram

buscados artigos que relacionem a Diabetes Mellitus tipo 1 e 2, e Síndrome Metabólica

em pacientes portadores de Hepatite C.

Estratégia de Busca

Foi realizada revisão sistemática nas principais bases de busca em língua inglesa

e portuguesa: PubMed (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/) e Scielo

(http://www.scielo.br/). Utilizou-se os descritores segundo método PPR: “Hepatite C”

and “Diabetes” and “Metabolic Syndrome” and “Treatment” and “glicemic index”.

Critérios de Elegibilidade

Incluíram-se os estudos publicados em inglês, espanhol e português, entre 2000

e 2016, que estavam disponíveis em texto completo. A seleção foi feita de maneira

independente e com base nos critérios de elegibilidade da revisão, definidos a partir da

pergunta da pesquisa. Foram incluídos estudos retrospectivos que revelam a

metodologia de análise que descreve Hepatite C e Diabetes Mellitus. Não foram

impostas restrições quanto ao tipo de estudo. Pacientes de qualquer idade e sexo, em

trabalhos que caracterizaram bem a metodologia e que avaliaram a presença de DM

tipos 1 e/ou 2 em pacientes com diagnóstico de Hepatite C. Além dos artigos incluídos

pelo critério de elegibilidade, foram incluídos artigos menos específicos, mas que

tratassem de Carcinoma Hepatocelular.

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Critérios de Exclusão

Estudos publicados fora do tempo especificado, disponíveis incompletamente ou

que não contemplaram os critérios de inclusão foram excluídos desta revisão.

Seleção dos Estudos

A seleção dos estudos foi feita através de fluxograma, apresentando as seguintes

etapas:

1- Identificação dos artigos: número total de artigos encontrados nas bases de

dados pesquisadas.

2- Triagem dos artigos: exclusão de publicações de artigos idênticos ou usando os

mesmos dados através da leitura de títulos e resumos.

3- Aplicação dos critérios de elegibilidade: leitura completa dos artigos para excluir

aqueles que não cumprem com os critérios de elegibilidade definidos.

4- Inclusão dos artigos: determinação do número final de artigos incluídos na

análise qualitativa.

Variáveis

Foram avaliadas características de associação de: diabetes, níveis de

transaminases hepáticas (AST e ALT), níveis glicêmicos e hemoglobina glicada (Hb

A1c), genótipo viral, carga viral, graus de fibrose hepática, testes de função hepática

(albumina e TP), uso de medicamentos antidiabéticos, estágio da fibrose hepática leve

(F0-F2) e avançada (F3-F4).

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14

V. RESULTADOS

Seleção dos estudos

Após busca nas bases de dados eletrônicas e avaliação dos estudos encontrados,

foram selecionados 17 artigos, segundo Figura 01. Os quatro artigos da primeira etapa

foram excluídos por não cumprirem com o objetivo principal deste estudo, uma vez que

relacionavam com outras comorbidades que não as citadas neste estudo. O último artigo

a ser excluído não cumpriu os critérios de elegibilidade, pois não se enquadrava no

tempo especificado.

FIGURA 01. Sequência de etapas na seleção de artigos durante revisão sistemática.

N. de relatos identificados no banco

de dados de buscas 17 artigos

N. de relatos após eliminar os duplicados

16 artigos

N. de relatos rastreados

16 artigos

N. de relatos excluídos

2 artigos

N. de artigos avaliados para

elegibilidade

14 artigos

N. de estudos incluídos em síntese

qualitativa

13 artigos

N. de artigos excluídos,

com justificativa

1 artigo

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QUADRO 01. Descrição dos artigos selecionados para compor a revisão sistemática.

Título Autor

principal/

ano

Metodologia Resultados relevantes Argumentos

Association between

HCV infection and

diabetes type 2 in

Egypt: is it time to split

up?¹

Cuadros,

D. F, et al/

2015¹

Retrospectivo Da população amostrada, 351 indivíduos

relataram ter diabetes correspondendo a

uma prevalência de diabetes de 3,33%

(95% de IC). De outra amostragem

populacional, 1442 indivíduos eram HCV

positivo correspondendo a uma prevalência

de anticorpos contra o HCV de 14,22% (IC

95%). Assim a prevalência de diabetes em

indivíduos com anticorpos anti-HCV foi de

5,98%.

Mostram que há uma evidência

conflitante sobre a associação entre a

infecção pelo vírus da hepatite C (HCV)

e diabetes mellitus.

Treatment of type 2

diabetes mellitus by

viral eradication in

chronic hepatitis C:

Myth or reality?

Ester

Vanni et

al/201619

Prospectivo A cura de HCV resulta em uma incidência

reduzida de DM2 e uma melhora dos

resultados clínicos relacionados ao DM2 é

possível em pacientes diabéticos com CHC

que têm RVS. No entanto, não é possível

um veredito definitivo e por esta razão,

grandes estudos de coorte prospectivos que

utilizam estratificações adequadas são

necessários para avaliar a extensão dessa

melhora.

O intuito desta revisão é resumir a

evidência atual que liga o sucesso do

tratamento antiviral e prevenção de

diabetes mellitus tipo 2 e suas

complicações em pacientes infectados

com hepatite C.

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16

Metabolic syndrome in

patients with chronic

hepatitis C virus

genotype 1 infection

who do not have

obesity or type 2

diabetes

Oliveira,

L. P. M. et

al/201221

Transversal A síndrome metabólica foi diagnosticada

em 21,6% dos pacientes. Dos indivíduos

com SM, 59,3% tiveram HAS, 77,8%

apresentavam RI, 85,2% tinham sobrepeso,

48,1% apresentavam uma alta

circunferência da cintura, 85,2% tinham

uma porcentagem aumentada de gordura

corporal e 92,3% tinham uma relação

cintura/ quadril elevada.

A síndrome metabólica é altamente

prevalente entre os pacientes infectados

pelo vírus da hepatite C sem diabetes

tipo 2 ou obesidade, sendo

significativamente associada à

hipertensão, resistência à insulina,

aumento da gordura abdominal e

excesso de peso.

Diabetes Mellitus

Increases Risk of

Hepatocellular

Carcinoma in Chronic

Hepatitis C Virus

Patients: A Systematic

Review

Harleen K.

Dyal, et.

al/201520

Retrospectivo A pesquisa identificou sete artigos

avaliando a associação entre DM e CHC

entre pacientes crônicos de HCV, e destes,

cinco demonstraram significativamente

risco aumentado de CHC associado à DM

entre os pacientes crônicos de HCV,

enquanto que dois estudos demonstraram

uma tendência não significativa em relação

ao CHC associado à DM.

O aumento das taxas de obesidade,

diabetes mellitus (DM) e doença

hepática gordurosa não alcoólica

(NAFLD) entre os pacientes com

hepatite C crônica (HCV), podem

contribuir para maior risco de

carcinoma hepatocelular (CHC).

Seroprevalence of

hepatitis C in type 2

diabetes: evidence for a

positive association

Jadoon, N.

A., et.

al/201018

Retrospectivo O rastreio da presença de anticorpos anti-

HCV foi positivo em 906 (6,97%)

pacientes em um estudo com 3000

indivíduos. A soroprevalância foi de

13,7% em pacientes com DMT2 em

comparação com o grupo controle, em

quem a taxa de prevalência foi de 4,9%. A

análise revelou que os pacientes diabéticos

apresentaram prevalência

significativamente maior de infecção por

HCV em relação ao grupo controle.

Os resultados mostram que existe uma

forte associação entre o HCV e o

DMT2, como é evidente a prevalência

significativamente maior de infecção

por HCV em diabéticos, em

comparação com o grupo controle no

presente estudo.

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17

Effect of HCV on

fasting glucose, fasting

insulin and peripheral

insulin resistance

in first 5 years of

infection

Naeema

Ahmed, et.

al /201628

Caso-

controle

Dos 30 sujeitos, 20 (66,6%) foram casos,

enquanto 10 (33,3%)

eram controles. No total, havia 17 (57%)

homens. Com isso avaliou-se a idade,

glicemia em jejum, e índice HOMA,

tirando-se a média destes em relação aos

casos e aos controles.

Há uma associação do HCV com a

esteatose hepática, que leva ao

desenvolvimento da RI e ao DM2.

Hepatogenous diabetes:

Is it a neglected

condition in chronic

liver disease?

Diego

García-

Compeán,

et al/

201616

Retrospectivo Evidências de que o HCV pode induzir

distúrbios metabólicos e autoimunes

levando a hipobetalipoproteinemia,

esteatose, resistência à insulina, deficiência

de tolerância à glicose, doença da tireoide

e disfunção gonadal foram encontrados.

O diabetes mellitus hereditário do tipo 2

é um risco fator de doença hepática

crônica e 30% dos pacientes com

cirrose hepática podem desenvolver

diabetes. Diabetes mellitus foi

associado à cirrose hepática, e a

infecção por vírus C do fígado,

agravando o curso da infecção hepática,

e pode induzir uma menor resposta

sustentada a tratamento antiviral.

Prevalence of Type 2

Diabetes Mellitus

among Persons with

Hepatitis C Virus

Infection in the United

States14

Shruti H.

Mehta, et

al / 200014

Transversal Foram avaliadas 9841 pessoas, em que

8,4% tinham DMT2 e 2,1% eram anti-

HCV positivos. DMT2 era mais frequente

em pessoas que eram mais velhas, não

eram brancas, tinham um alto índice de

massa corporal e com baixo status

socioeconômico. Após o ajuste dos fatores,

as pessoas com 40 anos de idade ou mais,

com infecção por HCV, eram três vezes

mais prováveis do que aqueles sem

infecção por HCV, de ter DMT2.

Nos Estados Unidos, a diabetes tipo 2

ocorre mais vezes em pessoas com

infecção por HCV com idade superior a

40 anos de idade.

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18

Community-based

cross-sectional study:

The association of

lipids with hepatitis C

seropositivity and

diabetes mellitus

Ju-Ling

Liu, et al /

201227

Transversal Este estudou contou com um total de

56.338 participantes, onde se avaliou que a

idade, excesso de peso, trombocitopenia,

hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia,

soropositividade anti-HCV e

soronegatividade do HBsAg foram fatores

comuns independentemente associados

com diabetes.

Esta pesquisa de larga escala baseada na

comunidade sugere que a

soropositividade ao anti-HCV

é mais prevalente entre os indivíduos

com DM2 e não hiperlipidemia. Sugere

ainda que a infecção por HCV

seja um fator de risco para o

desenvolvimento da resistência à

insulina e, eventualmente, do DM2.

Hepatitis C Virus,

Insulin Resistance, and

Steatosis

Dominik

Kralj, et.

al /201611

Retrospectivo Avalia que o desenvolvimento da esteatose

é provavelmente um resultado de

mecanismos como: indução do HCV a RI,

assim como é uma consequência de

desarranjos do metabolismo dos lipídios

causado diretamente pelo HCV. Em uma

meta-análise de 34 estudos, encontraram

uma correlação positiva entre a infecção

pelo HCV aumento do risco de DM2 em

comparação com a população geral

em estudos retrospectivos e prospectivos.

Aborda aspectos peculiares da

progressão da infecção pelo vírus HCV,

bem como os mecanismos que levam as

mudanças metabólicas, causadas em

associação com o DM2.

Hepatitis C Virus

Infection and the

Development of Type 2

Diabetes in a

Community-based

Longitudinal Study

Chong-

Shan

Wang, et.

al/200715

Transversal Este estudo mostrou que em comparação

com pessoas com HCV-, as pessoas

HCV+, tiveram maior incidência

cumulativa de diabetes. Um modelo

multivariado de riscos proporcionais de

Cox mostrou que anti-HCV+, com co-

infecção HBV/HCV, excesso de peso,

obesidade e aumento da idade, foram

significativamente associados ao diabetes

(p <0,05).

Os resultados mostram que a infecção

pelo HCV é um preditor independente

de diabetes, especialmente para pessoas

anti-HCV+ que sejam mais jovens ou

tenham um índice de massa corporal

mais alto.

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19

Current Concepts in

Diabetes Mellitus and

Chronic Liver Disease:

Clinical Outcomes,

Hepatitis C Virus

Association, and

Therapy8

Diego

García-

Compeán,

et.

al/20158

Prospectivo Verificou-se que o diabetes mellitus tipo 2

é um fator de risco para doença hepática

crônica, onde 30% dos pacientes com

cirrose hepática desenvolvem diabetes.

Esta comorbidade tem sido associada à

hepatite C cirrótica e não cirrótica,

podendo induzir uma resposta

virológica sustentada mais baixa ao

tratamento antiviral.

Hepatitis C Viremia

Increases the

Association With Type

2 Diabetes Mellitus in a

Hepatitis B and C

Endemic Area: An

Epidemiological Link

With Virological

Implication

Jee-Fu

Huang, et.

al/200726

Transversal Dos 10.975 participantes estudados, 9.932

participantes elegíveis foram analisados. A

prevalência do DM2, soropositividade para

o antígeno de superfície do HBV (HBsAg)

e anticorpos contra HCV (anti-HCV), e

viremia, foram de 12,5%, 13,1%, 6,5% e

4,8%, respectivamente.

Há associação significativa entre o

DMT2 e viremia por HCV na área

endêmica de co-infectados HBV/HCV

(mas não há nenhuma associação com

HBV). Não houve nenhum tipo

específico de diferença entre genótipo, o

1 e 2, do HCV na associação com o

DM2.

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20

Descrição dos artigos

Diego F. Cuadros, et al, em 2015, mostram que há uma evidência conflitante

sobre a associação entre a infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) e diabetes mellitus.

Sendo assim o objetivo do estudo foi avaliar essa associação no Egito, o país com a

maior prevalência de HCV no mundo. Foi investigado em dois níveis: (1) exposição ao

HCV (estado do anticorpo do HCV) e diabetes mellitus e (2) diabetes mellitus e

infecção crônica por HCV, entre indivíduos expostos ao HCV. Nos resultados não

encontraram evidências de associação entre o estado do anticorpo do HCV e diabetes.

Concluiram que embora não pareça que a exposição ao HCV e o diabetes estejam

ligados, pode haver uma associação entre diabetes e infecção crônica por HCV.

Ester Vanni et al, em 2016, concluíram em seus estudos que os pacientes com

hepatite C crônica (CHC) podem ser caracterizados por alta prevalência de alterações

metabólicas, algumas das quais parecem ser profundamente modificadas após a

erradicação viral. Evidências crescentes mostram que o HCV aumenta o risco de

diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em indivíduos predispostos e o mecanismo pelo qual o

HCV induz DM2 é a resistência à insulina.

A síndrome metabólica é altamente prevalente entre os pacientes infectados pelo

vírus da hepatite C sem diabetes tipo 2 ou obesidade. Sendo esta significativamente

associada à hipertensão, resistência à insulina, aumento da gordura abdominal e excesso

de peso. Diante de um estudo transversal, Oliveira, L. M. et al, em 2012, verificaram

que a síndrome metabólica foi diagnosticada em 21,6% pacientes com HCV. A média

de idade foi de 53,3 anos (+/-10,5 anos) e 78 (62,4%) dos pacientes eram do sexo

masculino. No entanto, as mulheres apresentaram maior prevalência de síndrome

metabólica (55,6%).

Ainda em 2015, Harleen K. Dyal, et. al, relatam o aumento das taxas de

obesidade, diabetes mellitus (DM) e doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD)

entre os pacientes com hepatite C crônica (HCV), e que estes fatores podem contribuir

para maior risco de carcinoma hepatocelular (CHC). Assim o objetivo foi realizar uma

revisão sistemática avaliando o impacto de DM, índice de massa corporal (IMC) ou

esteatose entre pacientes crônicos de HCV com risco para CHC.

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No estudo de Jadoon et al, 2010, mostraram em seus resultados que a população

estudada composta por 3000 pacientes com diabetes e 10.000 controles recrutados pelo

banco de sangue, a maioria dos pacientes com DM2 foi do sexo feminino (55,7%) e na

faixa etária de 36 a 45 anos (34,7%). Os controles eram predominantemente do sexo

masculino com idade média de 27 anos. A soroprevalância foi de 13,7% em pacientes

com DM2 em comparação com o grupo controle, em quem a taxa de prevalência foi de

4,9%. A análise revelou que os pacientes diabéticos apresentaram prevalência

significativamente maior de infecção por HCV em relação ao grupo controle.

Naeema Ahmed, et. al (2016), em seu estudo de caso-controle propôs avaliar os

efeitos da infecção pelo HCV nos primeiros 5 anos com estados de glicose em jejum,

insulina de jejum e RI periférica. Como em outros estudos, concluiu que o HCV não

induz DM2 e RI no início do curso da doença. Mostram que a associação do HCV com

esteatose hepática, é que leva a RI e ao DM2.

Em 2016, Diego García-Compeán, et. al, concluíram que o diabetes mellitus

hereditário do tipo 2 é um fator de risco de doença hepática crônica e 30% dos pacientes

com cirrose hepática podem desenvolver diabetes. Diabetes mellitus foi associado à

hepatite cirrótica e não cirrótica, e a infecção por vírus C do fígado, agravando o curso

da infecção hepática, e induzindo menor resposta sustentada a tratamento antiviral.

Também foram encontradas evidências de que o HCV pode induzir distúrbios

metabólicos e autoimunes levando a hipobetalipoproteinemia, esteatose, resistência à

insulina, deficiência de tolerância à glicose, doença da tireoide e disfunção gonadal

foram encontrados. Como o número de pacientes com doença hepática crônica e

diabetes mellitus está aumentando, em grande parte por causa das epidemias globais de

obesidade e do NASH, a avaliação das opções de tratamento está se tornando mais

importante. Nesta revisão discutem-se novos conceitos sobre diabetes hepatogênicos, a

associação do vírus diabetes mellitus-hepatite C e implicações clínicas do diabetes

mellitus em pacientes com doença hepática crônica. Além disso, são descritas a eficácia

e segurança de antidiabéticos antigos e novos, incluindo terapias baseadas em incretina.

Shruti H. Mehta, et al, em 2000, dizem que tanto a infecção por HCV quanto o

diabetes foram cuidadosamente avaliados em uma amostra representativa da população

em geral dos Estados Unidos através da Pesquisa de Exame de Saúde e Nutrição

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22

(NHANES III), onde buscou-se testar a hipótese de que as pessoas com infecção por

HCV têm uma prevalência aumentada de diabetes tipo 2.

O estudo de Ju-Ling Liu, et al, em 2012, avaliou que dada a complicada

associação entre a infecção pelo HCV, DMT2, e os níveis de lipídios, conduziu um

estudo em larga escala para a elucidação da associação entre soropositividade para vírus

da hepatite C e DM2 em adultos residentes de uma área endêmica para HCV. Além

disso, procurou-se esclarecer o papel dos triglicerídeos e níveis de colesterol na

associação entre soropositividade anti-HCV e T2DM.

O artigo de Dominik Kralj, et. al, de 2016, aborda aspectos peculiares da

progressão da infecção pelo vírus HCV, bem como os mecanismos que levam as

mudanças metabólicas, causadas em associação com o DM2. O vírus da hepatite C é

uma das principais causas da doença hepática mundial. A esteatose hepática é um

achado comum em muitos distúrbios hepáticos e extra-hepáticos, sendo o mais comum

à síndrome metabólica. Ao longo do tempo, foi mostrado que a frequente coexistência

dessas duas condições não é coincidência, uma vez que foi demosntrado por dados

epidemiológicos, clínicos e experimentais. Estudos indicaram que o HCV esteja

fortemente associado com esteatose hepática e numerosos distúrbios metabólicos. Neste

artigo é apresentada uma visão geral das publicações que fornecem evidência clínica

dos efeitos metabólicos do HCV e resumo de dados sobre os mecanismos patogenéticos

dessa associação.

Chong-Shan Wang, et. al, em seu estudo longitudinal baseado na comunidade,

realizado no ano de 2007, mostraram através de análises que pessoas com infecção pelo

HCV tiveram um aumento significativo na incidência de diabetes do que aqueles sem

infecção pelo HCV. Assim, o diabetes tipo 2 pode ser causado pela interação de longo

prazo com HCV e seu hospedeiro. Também descobriram que o risco de desenvolver

diabetes para pessoas com infecção pelo HCV aumenta com a idade diminuída, quando

comparados com os homólogos do grupo etário sem HCV infecção. Diante disso, a

comorbidade do diabetes e a infecção pelo HCV em uma idade mais jovem, podem

causar injúria ao fígado, porque estas duas condições aumentam grandemente a

progressão da fibrose hepática e o risco de hepatocarcinoma. Em conclusão, este estudo

demonstrou que a infecção pelo HCV, incluindo a co-infecção HBV / HCV, mas não a

infecção pelo HBV, aumentou o risco de diabetes. Destaca-se que o risco de diabetes

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para HCV infectados aumentaram com a diminuição da idade. Um efeito sinergético

sobre o risco de diabetes foi encontrado em excesso de peso e pessoas obesas infectadas

com o HCV. Para evitar o desenvolvimento de diabetes e complicações subsequentes da

comorbidade em pessoas infectadas pelo HCV, mudanças no estilo de vida e controle de

peso são altamente recomendados.

Em um estudo prospectivo, Diego García-Compeán, et. al, em 2015,verificou

que o diabetes mellitus tipo 2 é um fator de risco para doença hepática crônica, onde

30% dos pacientes com cirrose hepática desenvolvem diabetes. Esta comorbidade tem

sido associada à hepatite C cirrótica e não cirrótica, podendo induzir uma resposta

virológica sustentada mais baixa ao tratamento antiviral. Foram encontradas evidências

de que o HCV pode induzir distúrbios metabólicos e autoimunes que levam à

hipobetalipoproteinemia, esteatose, resistência à insulina, intolerância à glicose, doença

da tireoide e disfunção gonadal.

Jee-Fu Huang, et. al, em 2007, diz que existem evidências crescentes em relação

à associação entre infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) e diabetes mellitus tipo 2

(DM2). No entanto, a ligação mútua e a implicação virológica relacionada não foram

totalmente esclarecidas. Assim este estudo teve como objetivo elucidar a ligação entre

DMT2 e infecções por hepatites virais, especialmente infecção pelo HCV.

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VI. DISCUSSÃO

Allison e colaboradores relataram pela primeira vez a associação da hepatite C

crônica com diabetes tipo2 em 199424. A ligação entre a infecção pelo vírus C da

hepatite e o desenvolvimentodo da diabetes tipo 2 continua sendo estudado, porém

sabe-se que além de facilitar o desenvolvimento da intolerância à glicose, favorece o

surgimento de sintomas diabetogênicos devido a cirrose hepática subjacente e à

insuficiência hepática grave. Assim, a infecção pelo vírus C da hepatite foi proposta

como sendo um fator mais direto na patogênese da resistência à insulina18.

Está demostrado que a diabetes tipo 2 e a tolerância alterada à glicose,

precursora da diabetes, tem alta prevalência em casos de hepatite C. De fato, o risco de

diabetes tipo 2 é três vezes maior em pacientes com infecção crônica por HCV

(cirróticos ou não-cirróticos) que em pacientes sem infecção (principalmente em

individuos acima de 40 anos)18, 14. Um estudo caso controle realizado por Knobler e

colaboradores, mostrou que a prevalência da diabetes tipo 2 é de 33% em pacientes com

HCV não-cirróticos, comparado com 5,6% em um grupo controle25.

Demonstrou-se também que pacientes com hepatite C crônica apresentam alta

prevalência de desenvolver anormalidades glicometabólicas, tal como intolerância à

glicose em mais de 40% e diabetes tipo 2 em mais de 17%25.

Existem evidências de que o HCV pode induzir esses distúrbios metabólicos e

autoimunes levando a hipobetalipoproteinemia, esteatose, resistência à insulina e

comprometimento na tolerância à glicose16. De fato, a viremia por HCV foi o principal

fator independente significativo associado à diabetes tipo 2, seguido por fatores

estabelecidos como sexo masculino, hipertensão, IMC e idade, em uma análise

multivariada. Além disso, não havia uma diferença específica de genótipo entre 1 ou 2

do HCV na associação com o DM226.

O vírus da hepatite C particularmente tem um papel direto na indução da

resistência à insulina e da diabetes por interferir no metabolismo da glicose

independente da idade e do estágio da doença hepática11. Da mesma maneira, ficou

demonstrado que a infecção por HCV não induz à diabetes nem resistência à insulina

nos estágios precoces da infecção¹.

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A incidência de anormalidades glicêmicas – incluindo diabetes em pacientes

com virus C que atingiram uma resposta virológica sustentada depois da terapia – foi

menor que a incidência naqueles pacientes que não tiveram resposta ao tratamento13, 28.

Isso significa que o virus C poderia realmente ter um efeito direto no desenvolvimento

da intolerância à glicose e da diabetes tipo 2.

A fim de instituir o tratamento adequado é imprescindível determinar o genótipo

de vírus e o estadiamento da doença através do grau de fibrose hepática30, 31. Para tal, a

sequência de nucleotídeos costuma ter grande variação, já que o HCV é um vírus de

RNA. O grau de fibrose hepática é extremamente importante para avaliar o prognóstico

do paciente, para tanto a biópsia é o exame “padrão-ouro”. No entanto, há métodos não

invasivos como a Elastografia Hepática Transitória, que utiliza ondas elásticas e

ultrassom de baixa frequência, e relaciona a velocidade de propagação da onda com a

elasticidade. O resultado é dado na escala METAVIR, para efeito de padronizar os

resultados dos diversos graus de fibrose observados. Nessa escala a letra “F” significa o

grau de fibrose, que varia de F0 a F4 (sendo F4 para fibrose avançada) e a letra “A” de

atividade necroinflamatória, variando de A0 – A3 (sendo o A3 indicativo de alta

atividade necroinflamatória)32, 30.

No que diz respeito ao tratamento do HCV foram utilizados os medicamentos:

peginterferon (PEG-IFN), ribavirina (RBV) e os antivirais de ação direta (DAA) como

telaprevir, boceprevir, daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir, assim o propósito é a

eliminação do vírus29. Ou seja, obter a resposta virológica sustentada (RVS) que é a não

detecção do RNA viral (HCV-RNA) por teste de biologia molecular32, 30. Com isso, a

visibilidade deste é aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente, pela

redução da incidência de complicações da doença hepática crônica e da transmissão do

HCV29.

Outro estudo mostrou que a menor incidência de diabetes tipo 2 é esperada em

pacientes curados quando comparados com pacientes não-respondedores ao tratamento,

e isso sustenta a ideia de que é necessário um melhor controle da resistência à insulina

depois da erradicação do vírus19.

Remarcando a relação entre a cronologia da infecção e o desenvolvimento de

transtornos metabólicos, no Egito, país com a maior prevalência de HCV no mundo, a

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somente exposição ao HCV não foi associada ao diabetes na pesquisa de base

populacional representativa a nível nacional (10.000 indivíduos)¹. Os resultados

indicaram que os indivíduos positivos para o HCV não tiveram maiores chances de ter

diabetes, corroborando os resultados da recente pesquisa feita nos EUA. Nos Estados

Unidos, Europa e Oriente Médio, a prevalência da diabetes tipo 2 entre pacientes com

infecção crônica pelo vírus C foi de 24% a 62% se comparado com formas alternativas

de doença hepática e outros grupos controles (3% a 13%)14.

A viremia para HCV, não assim a soropositividade anti-HCV isolada, aumenta a

associação com a diabetes tipo 2. Isso implica que a fase persistente e/ou ativa da

infecção pelo HCV desempenham um papel crucial nessa associação. Não houve

diferença específica entre o genótipo 1 e 2 do HCV na associação com a diabetes,

porém estudos demonstraram que o genótipo 1 do HCV tem um efeito maior sobre a

prevalência de síndrome metabólica em pacientes com infecção. É interessante e pode

sugerir um papel específico do vírus do genótipo 1 do HCV na indução de

anormalidades metabólicas como a resistência periférica à insulina26.

Enfermidade como a SM que predispõem o paciente a uma evolução mais rápida

da lesão hepática está relacionada com a resistência insulínica e com o desenvolvimento

de esteatose hepática². A DHGNA é frequente entre os pacientes com hepatite C, visto

que as alterações no metabolismo hepático de lipídios e carboidratos desses pacientes

podem induzir o acúmulo de gordura nos hepatócitos8, 5. Os principais fatores de risco

para DHGNA são: obesidade, DM 2 e dislipidemia34. Quando esta enfermidade está

acompanhada de atividade necro-inflamatória no fígado, temos a condição conhecida

como esteatohepatite (esteatohepatite não alcoólica - EHNA/NASH), podendo evoluir

para fibrose hepática, cirrose e CHC33.

A relação entre a DM e a fibrose hepática foi analisada pela Sociedade Brasileira

de Hepatologia, a qual observou que quanto maior a resistência à insulina, maior o

índice de fibrose hepática, indicando que pacientes com DM tem uma evolução mais

rápida para a cirrose². Corroborando esta informação, nos estudos de García-Compeán

et. al., relatam que o DM pode interferir e agravar a hepatite C, pois induz uma menor

RVS ao tratamento desta infecção. Além disso, o diabetes, em especial o DM 2, tem alta

produção de citocinas e fatores pró-inflamatórios que estimulam a produção de

colágeno, deixando o paciente mais susceptível às complicações hepáticas, como

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cirrose8. Assim, comorbidade do diabetes e a infecção pelo HCV, podem causar injúria

ao fígado, porque estas duas condições aumentam grandemente a progressão da fibrose

hepática e o risco de hepatocarcinoma15, 12.

O aumento da expressão de citocinas inflamatórias como o TNF-α, linfotoxina e

interleucina-1, estimulada pela hepatite C, está relacionada com a presença de fibrose

mais avançada22,35. Além disso, a hiperinsulinemia presente nos pacientes com DM 2

podem induzir a proliferação das células de Ito no fígado, aumentando a atuação do

Fator de Crescimento Conectivo (CGF), uma citocina indutora de fibrose. Assim, esta é

formada em resposta à inflamação do fígado, indicando uma lesão irreversível. E neste

processo continuado tem-se a proliferação de tecido cicatricial, chamado de cirrose35.

Diante da lesão hepática é comum encontrar a elevação das transaminases

(AST/ALT) de 2 a 3 vezes maiores, sugerindo que há uma instalação de curso crônico

da doença36. A AST é uma enzima encontrada no citosol e nas mitocôndrias dos

hepatócitos, e seu aumento prediz lesão celular mais profunda, porém esta enzima não é

exclusiva do fígado. A ALT é uma enzima presente no citoplasma dos hepatócitos, que

também não é exclusiva do fígado, seu aumento sugere lesão hepática. Além das

transaminases há os marcadores de função hepática, como a albumina e tempo de

protrombina, que bastante sensíveis quando do comprometimento com processos

infecciosos e inflamatórios36.

Sugere-se que a presença de anticorpos anti-HCV é mais prevalente entre os

indivíduos com diabetes tipo 2 que entre indivíduos com hiperlipidemia. Entretanto, o

status anticorpo-anti HCV positivo não foi associado à diabetes tipo 2 quando o nível

lipídico não foi incluído no estudo27.

Embora não se tenha encontrado associação entre a exposição ao vírus C e a

diabetes, foi identificada nesse estudo uma associação entre a diabetes e a infecção

crônica por HCV naqueles que foram expostos ao vírus C da hepatite. Outro dado a

agregar é que diabéticos foram menos propensos à erradicação da infecção do que

aqueles que não eram diabéticos19. Noutro estudo, viu-se que a prevalência da diabetes

tipo 1 não foi aumentada entre pessoas com infecção pelo vírus da hepatite C14.

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VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resumo, foi amplamente posta em evidência a associação entre a infecção

crônica por HCV e a diabetes tipo 2, sendo que o mesmo conceito não vale para a

simples exposição ao vírus; em outras palavras, a diabetes se desenvolve como distúrbio

em pacientes com grau avançado de comprometimento hepático, a causa (às custas) da

infecção pelo vírus da hepatite C.

A prevalência aumentada de diabetes associada a infecções por hepatite viral é

exclusiva do HCV, mas não do HBV. Em estudos que avaliaram fatores independentes

entre si que estejam, porém associados a diabetes tipo 2, viu-se que a positividade para a

sorologia anti-HCV era somente identificada em ensaios que incluíam também

quantificação de lipídios (triglicerídeos ou colesterol), fato que, apoiado em outros

estudos, revelaram que existe na verdade uma associação entre a infecção crônica por

vírus C e os transtornos no metabolismo glicolipídico (resistência periférica a insulina,

hiperlipidemias e a própria diabetes). Estas asseverações foram feitas com estudos em

populações de zonas endêmicas como Taiwan e Egito1, 15.

Outro dado relevante para o prognóstico é que a diabetes per se aumenta o risco

de morbidades e complicações em patologias crônicas do fígado, e em alguns estudos

foi observado que cursar a diabetes tipo 2 concomitantemente com infecção crônica por

HCV aumenta o risco de redução da resposta aos agentes antivirais e incrementa o grau

de fibrose. Entre pacientes com doença crônica hepática por vírus C existem fortes

indícios de que a presença da diabetes tipo 2 aumenta consideravelmente o risco de

carcinoma hepatocelular, ainda que tais estudos não foram totalmente conclusivos20.

Para terapia farmacológica, a função hepática deve ser tomada em consideração,

usando medicamentos não agressivos para o fígado. Nos doentes infectados pelo HCV

prefere-se administrar sensibilizadores de insulina a fim de aumentar a resposta

virológica à terapia antiviral12. Existe uma forte associação entre a síndrome metabólica

e os resultados do tratamento (utilizando PEG-IFN e ribavirina): sujeitos com síndrome

metabólica foram 3,8 vezes mais propensos a não responder ao tratamento do que

aqueles sem síndrome metabólica8.

Tendo em consideração essas relevâncias, podemos supor que somente o

diagnóstico precoce e tratamento da infecção pelo HCV pode estar associada à

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regressão de manifestações clínicas e complicações, de acordo com o que é conhecido

para outras doenças extra-hepáticas induzidas pelo HCV19, 17. Manter um adequado peso

corporal é importante, porque reduz a incidência de comorbidades e, possivelmente,

atrasa a progressão da doença hepática. Podemos constatar que apesar de tantos anos de

estudo sobre este tema, ainda há uma escassez na abordagem terapêutica, onde mais

estudos são necessários para avaliar se uma intervenção envolvendo modificações no

estilo de vida e/ou tratamentos para componentes da síndrome metabólica podem

melhorar a resposta tratamentos antivirais nesses pacientes21.

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VIII. ABSTRACT

EVALUATION OF THE RELATIONSHIP BETWEEN DIABETES MELLITUS

TYPE 1 AND 2, AND METABOLIC SYNDROME IN PATIENTS WITH

HEPATITIS C: SYSTEMATIC REVIEW OF LITERATURE

THEORETICAL BACKGROUND: Hepatitis C is a silent and serious disease caused by

the hepatitis C virus (HCV) and may be asymptomatic for a long period of time. The

virus, being hepatotrophic, replicates in the hepatocytes stimulating the inflammatory

state of this organ and consequent evolution to fibrosis, cirrhosis or hepatocellular

carcinoma (HCC). Studies suggest that the presence of HCV would induce the

development of diabetes mellitus (DM), associated with metabolic syndrome (MS)

conditions. OBJECTIVES: To review the literature to evaluate the relationship between

DM type 1 and 2 and Metabolic Syndrome in patients with HCV, if the elimination of

the virus improves the glycemic levels in these patients and if there are associations

with degree of liver fibrosis in patients with DM type 1 and 2, and Metabolic Syndrome.

METHODS: We performed a systematic review of the search bases in English and

Portuguese: PubMed and Scielo. The descriptors: Hepatitis C and Diabetes and

Metabolic Syndrome and Treatment and glycemic index were used. We included studies

published in English, Spanish and Portuguese between 2000 and 2016, available in full

text, and retrospective studies that reveal the methodology of analysis that describes

Hepatitis C and DM. RESULTS: We selected 13 articles, which showed an association

between HCV and DMT2. In this search, the current evidence linking the success of

antiviral treatment and prevention of DMT2 and its complications in patients with HCV

is contemplated, as it is seen that the increase in the rates of obesity, DM and non-

alcoholic fatty liver disease (NAFLD) can contribute to CHC. CONSIDERATIONS:

The association between chronic HCV and DM2 infection has been widely emphasized,

increasing the risk of chronic liver complications and complications, such as the

development of fibrosis and the consequent reduction of the response to antiviral agents.

Taking these considerations into account, we can assume that only the early diagnosis

and treatment of HCV infection allow the regression of clinical manifestations and

complications.

Key words: 1. Hepatitis C. 2. Metabolic Syndrome. 3. Diabetes mellitus type 1 and 2.

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