AvaliaÇÃo tÉcnica e EconÓmica Para a ImplementaÇÃo

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    AVALIAO TCNICA E ECONMICA PARA A

    IMPLEMENTAO DE VERMICOMPOSTAGEM NOS

    MUNICPIOS DO OESTE

    CLIENTE:

    MAIO DE 2008

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    NDICE DE MATRIAS

    1. INTRODUO ................................................................................................................................ 1

    2. SITUAO DE REFERNCIA ....................................................................................................... 3

    2.1 CONSIDERAES GERAIS .......................................................................................................... 3

    2.2 ESTRUTURA DE UMA GESTO INTEGRADA E SUSTENTVEL DOS RSU........................................... 4

    2.3 OBJECTIVOS GERAIS DO PROJECTO ........................................................................................... 5

    2.4 ENQUADRAMENTO GERAL .......................................................................................................... 5

    2.5 ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO E ESTRATGIAS NACIONAIS........................................................ 7

    2.5.1 Legislao Comunitria....................................................................................................... 7

    2.5.2 Legislao Nacional ............................................................................................................ 8

    2.5.3 Estratgias Comunitrias e Nacionais .............................................................................. 10

    2.6 REA DE INTERVENO............................................................................................................ 12

    2.6.1 Localizao........................................................................................................................ 12

    2.6.2 Caracterizao do Local.................................................................................................... 13

    2.7 PRODUO DOS RSU.............................................................................................................. 13

    2.8 RESDUOS A VALORIZAR........................................................................................................... 182.8.1 Resduos Slidos Urbanos................................................................................................ 18

    3. DESCRIO GERAL DAS TECNOLOGIAS A IMPLEMENTAR NA SOLUO PROPOSTA . 21

    3.1 DESCRIO DA PROPOSTA ....................................................................................................... 21

    3.2 UNIDADES DE VERMICOMPOSTAGEM......................................................................................... 24

    3.2.1 Consideraes Gerais....................................................................................................... 24

    3.2.2 Quantitativos RSU............................................................................................................. 26

    3.2.3 Processo tecnolgico proposto ......................................................................................... 32

    3.2.4 Arranque e explorao do sistema de vermicompostagem.............................................. 333.2.4.1 Planificao da rea de explorao .......................................................................... 33

    3.2.4.1.1 Consideraes Gerais ........................................................................................... 33

    3.2.4.1.2 rea de recepo da matria-prima...................................................................... 33

    3.2.4.1.3 rea para o processo de compostagem ............................................................... 34

    3.2.4.1.4 Instalao para as camas (rea para a vermicompostagem) ............................... 34

    3.2.4.1.5 Local para a secagem, crivagem e armazenagem do hmus .............................. 34

    3.2.4.2 Processo de compostagem....................................................................................... 35

    3.2.4.3 Construo e manuteno das camas...................................................................... 37

    3.2.4.4 Povoamento das camas............................................................................................ 38

    3.2.4.5 Recolha do hmus..................................................................................................... 38

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    3.2.4.6 Recolha do soro.........................................................................................................38

    3.2.4.7 Secagem do hmus................................................................................................... 383.2.4.8 Crivagem.................................................................................................................... 39

    3.2.4.9 Produtos Extrados .................................................................................................... 39

    3.2.4.9.1 Hmus.................................................................................................................... 39

    3.2.4.9.2 Lixiviado ................................................................................................................. 40

    3.2.4.10 Equipamentos necessrios........................................................................................ 41

    3.2.4.11 Recursos humanos necessrios................................................................................ 41

    3.3 UNIDADE DE TRIAGEM .............................................................................................................. 41

    3.3.1 Introduo .......................................................................................................................... 41

    3.3.2 Dimensionamento.............................................................................................................. 46

    3.3.3 Descrio da instalao proposta ..................................................................................... 47

    3.3.4 Nave de cobertura ............................................................................................................. 48

    4. AQUISIO DA POSIO ACCIONISTA DA EGF .................................................................... 49

    5. ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA........................................................................................ 55

    5.1 TARIFA A ADICIONAR AO PROJECTO ........................................................................................... 55

    5.2 ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA DO PROJECTO ...................................................................... 58

    5.2.1 Investimento ...................................................................................................................... 585.2.2 Custos de Explorao........................................................................................................ 60

    5.2.3 Proveitos de Explorao.................................................................................................... 63

    5.2.4 Tarifas do projecto ............................................................................................................. 64

    5.2.5 Demonstraes Financeiras do projecto ........................................................................... 65

    5.3 ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA GLOBAL................................................................................ 71

    6. CONCLUSES ............................................................................................................................. 73

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    NDICE DE QUADROS

    QUADRO 2.1-LIMITES DE DEPOSIO DE RUB EM ATERRO ......................................................................... 9

    QUADRO 2.2 QUANTITATIVOS DE RSU DE ORIGEM DOMSTICA ENTREGUES NA RESIOESTE NO ANO DE

    2007(FONTE:RELATRIO AMBIENTAL ANUAL DO ASO RELATIVO AO ANO DE 2007)................................... 15

    QUADRO 2.3QUANTITATIVOS DE RESDUOS DA RECOLHA SELECTIVA RECEBIDOS PELA RESIOESTE NO ANO

    DE 2007(FONTE:RELATRIO AMBIENTAL ANUAL DO ASO RELATIVO AO ANO DE 2007).............................. 17

    QUADRO 2.4 QUANTITATIVOS DE RESDUOS DEPOSITADOS NO ASO AT AO ANO DE 2007 (FONTE:

    RELATRIO AMBIENTAL ANUAL DO ASO RELATIVO AO ANO DE 2007) ......................................................... 18

    QUADRO 3.1-QUANTITATIVOS DO TOTAL DE RSU INDIFERENCIADOS EM 2005,2006 E 2007, POR MUNICPIO

    E ESTAO DE TRANSFERNCIA (FONTE:AMO,2008).............................................................................. 27

    QUADRO 3.2-PESO DA PRODUO DE RSU INDIFERENCIADOS POR UNIDADE DE TMBV ............................. 28

    QUADRO 3.3 COMPOSIO FSICA DOS RSU DA REA DE INFLUNCIA DA RESIOESTE (FONTE: IPA

    ESTUDO DE SOLUES NO MBITO DO SISTEMA DE RECOLHA SELECTIVA DE MATERIAIS PARA O SISTEMA

    MULTIMUNICIPAL DO OESTE,2002) ......................................................................................................... 29

    QUADRO 3.4-PRODUO DE RSU E RESPECTIVO DESTINO EM 2005 E 2006, NA RESIOESTE(FONTES: (1)

    APA,2008;(2)

    EGF,2007)...................................................................................................................... 29QUADRO 3.5QUANTITATIVOS DE RSU DO OESTE PARA O ANO DE ARRANQUE ......................................... 30

    QUADRO 3.6REA POR FASE DO PROCESSO (M)................................................................................... 32

    QUADRO 3.7 COMPOSIO FSICA DOS RSU DA REA DE INFLUNCIA DA RESIOESTE (FONTE: IPA

    ESTUDO DE SOLUES NO MBITO DO SISTEMA DE RECOLHA SELECTIVA DE MATERIAIS PARA O SISTEMA

    MULTIMUNICIPAL DO OESTE,2002) ......................................................................................................... 47

    QUADRO 4.1CLCULO DO CASH-FLOW ACCIONISTA................................................................................ 51

    QUADRO 4.2CLCULO DO VALOR POR ACO........................................................................................ 53QUADRO 4.3CLCULO DO VALOR A PAGAR EGF ................................................................................. 53

    QUADRO 4.4VALOR A PAGAR EGFDISTRIBUIO POR MUNICPIO .................................................... 53

    QUADRO 5.1IMPACTO DA REMUNERAO DOS ACCIONISTAS NA TARIFA EM 2007..................................... 55

    QUADRO 5.2TARIFA REAL EM 2007, SEM REMUNERAO DOS ACCIONISTAS ........................................... 55

    QUADRO 5.3IMPACTO DA VENDA DE BIOGS NAS TARIFAS ...................................................................... 56

    QUADRO 5.4IMPACTO DO DESVIO DE RSU ACTUALMENTE DEPOSITADOS NA AMARSUL(APS PROJECTO)

    ............................................................................................................................................................... 57

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    QUADRO 5.5IMPACTO DO DESVIO DE RSU DEPOSITADOS EM ATERRO (APS PROJECTO) ........................ 57

    QUADRO 5.6TARIFA A ADICIONAR AO PROJECTO .................................................................................... 58

    QUADRO 5.7INVESTIMENTOS NAS UNIDADES DE TMBV........................................................................... 59

    QUADRO 5.8AMORTIZAES ANUAIS NAS UNIDADES DE TMBV ...............................................................59

    QUADRO 5.9COMPARTICIPAO DO QREN(35%) NAS UNIDADES DE TMBV........................................... 60

    QUADRO 5.10CUSTOS COM PESSOAL.................................................................................................... 60

    QUADRO 5.11CUSTOS COM MANUTENO E CONSERVAO .................................................................61

    QUADRO 5.12OUTROS CONSUMOS ....................................................................................................... 61QUADRO 5.13CUSTOS DE EXPLORAO ................................................................................................ 61

    QUADRO 5.14PROVEITOS DE VENDA DE COMPOSTO............................................................................... 63

    QUADRO 5.15PROVEITOS DA VENDA DE PLSTICOS E METAIS .................................................................64

    QUADRO 5.16TARIFAS DO PROJECTO .................................................................................................... 65

    QUADRO 5.17ESTADOIVA DO PROJECTO........................................................................................... 66

    QUADRO 5.18DEMONSTRAO DE RESULTADOS INCREMENTAL ...........................................................67

    QUADRO 5.19TESOURARIA INCREMENTAL........................................................................................... 68

    QUADRO 5.20BALANOS INCREMENTAIS.............................................................................................70

    QUADRO 5.21VALOR DA TARIFA ............................................................................................................ 71

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    NDICE DE FIGURAS

    FIGURA 2.1CONCELHOS PERTENCENTES REGIO DO OESTE................................................................. 6FIGURA 2.2 TOTAL DE RESDUOS RECEBIDOS NA RESIOESTE ENTRE 2002 E 2007 (FONTE:RELATRIO

    AMBIENTAL ANUAL DO ASO RELATIVO AO ANO DE 2007) ................................................................... 14FIGURA 2.3 TOTAL DE RSU DE ORIGEM DOMSTICA RECEBIDOS NA RESIOESTE ENTRE 2002 E 2007

    (FONTE:RELATRIO AMBIENTAL ANUAL DO ASO RELATIVO AO ANO DE 2007).................................... 16FIGURA 3.1ANATOMIA DAS MINHOCAS ................................................................................................... 25FIGURA 3.2HMUS RESULTANTE DO PROCESSO DE VERMICOMPOSTAGEM .............................................. 26FIGURA 3.3DIAGRAMA DO PROCESSO GERAL......................................................................................... 33FIGURA 3.4COBERTURA TIPO ESTUFA ................................................................................................. 34FIGURA 3.5ESQUEMA DA ESTAO DE TRIAGEM PROPOSTA................................................................... 43

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    SIMBOLOGOA E NOTAES

    RSU Resduos Slidos Urbanos

    PERSU II Plano Estratgico dos Resduos Slidos Urbanos

    RUB Resduos Urbanos Biodegradveis

    ASO Aterro Sanitrio do Oeste

    ET Estaes de Transferncia

    APA Agncia Portuguesa do Ambiente

    ENRRUBDA Estratgia Nacional para a Reduo dos Resduos Urbanos Biodegradveis

    UE Unio Europeia

    PIRSUE Plano de Interveno para Resduos Slidos Urbanos e Equiparados

    CDR Combustvel Derivado dos Resduos

    CTRO Centro de Tratamento de Resduos do Oeste

    EIA Estudo de Impacte Ambiental

    REEE Resduos elctricos e electrnicos

    SPV Sociedade Ponto Verde

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    TMBv Tratamento Mecnico e Biolgico por Vermicompostagem

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    1. INTRODUO

    A presente Memria Descritiva e Justificativa, refere-se Avaliao Tcnica e Econmica

    para a Implementao de Vermicompostagem nos Municpios do Oeste.

    Neste estudo pretende-se avaliar a tecnologia de vermicompostagem para tratamento e

    valorizao dos resduos produzidos pelos municpios que integram o Sistema RESIOESTE

    Valorizao e Tratamento de Resduos Slidos, S.A.

    Actualmente o tratamento dos Resduos Slidos Urbanos (RSU) constitui um problema com

    uma importncia significativa, tornando-se necessrio conhecer, explorar e aplicar soluesque sejam vantajosas em termos do processamento dos resduos, da sua valorizao,

    sade pblica e ambiente, uma vez que s devem ser enviados para aterro os resduos que

    no podem ser reduzidos, reutilizados ou reciclados, de forma a poupar energia, matrias-

    primas e outros recursos naturais.

    A fraco para valorizao orgnica (58,53%) merece uma especial ateno, no s porque

    constitui a maior fraco dos RSU na regio da RESIOESTE (42,7% de matria orgnica e

    18,83% de papel), mas tambm pela sua perigosidade quando depositada em aterro, semque haja um pr-tratamento adequado. Acresce ainda que, a aplicao de composto como

    fertilizante pode constituir para os agricultores uma grande alternativa para a correco dos

    solos, ao nvel do teor de matria orgnica, associado escassez deste composto na

    maioria dos solos portugueses e por outro lado crescente dificuldade na sua obteno a

    partir de outras origens, do teor de nutrientes (essencialmente azoto e fsforo) e como

    correctores do pH do solo.

    As crescentes preocupaes e a legislao em vigor vm reforar o impacte que asactividades de recolha, de tratamento e valorizao de RSU tm no ambiente.

    O documento que se apresenta responde a essa solicitao propondo intervenes

    sustentadas por critrios de base congruentes com a legislao nacional e europeia em

    vigor, definindo objectivos a cumprir, nomeadamente no que respeita ao reforo da recolha

    selectiva, na instalao de unidades de tratamento mecnico e biolgico, na sensibilizao

    ambiental e na aplicao de taxas de resduos.

    O objectivo apostar essencialmente na valorizao orgnica e na reciclagem, relegando

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    para segundo plano solues de fim de linha, como o aterro.

    Dever ser dada especial ateno aos processos de comunicao, informao e

    sensibilizao, tendo como ponto de partida a premente necessidade de reduo na fonte.

    Apesar de cada vez mais se perspectivar um aproveitamento dos fluxos valorizveis de

    resduos existe sempre uma parte significativa encaminhada para aterro, da a necessidade

    de incentivar a reduo na fonte, nomeadamente atravs da aplicao de tarifrios mais

    rgidos (Princpio do Poluidor-Pagador).

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    2. SITUAO DE REFERNCIA

    2.1 CONSIDERAES GERAIS

    O presente estudo debrua-se essencialmente sobre a problemtica da produo de RSU,

    visando uma gesto integrada e sustentvel, inserindo o sistema de vermicompostagem

    como parte da estratgia de gesto de resduos.

    Numa Era de grandes desenvolvimentos tcnicos e tecnolgicos, o problema da deposio

    dos resduos slidos pode parecer uma questo de resoluo simples, contudo, uma sriede factores contribuem para tornar esta situao num problema complexo e de grandes

    propores, tudo resultado da nossa sociedade moderna.

    Os hbitos de vida da populao so determinantes, no s para a qualidade, mas tambm

    para a quantidade de RSU produzida diariamente. Em todo o pas o nvel de vida da

    populao tem aumentado, dando origem a um aumento do poder de compra e

    consequentemente ao aumento do consumismo, e da obteno de bens. Por outro lado,

    nesta sociedade altamente consumista ocorreram algumas alteraes no aspecto dosprodutos colocados no mercado, nomeadamente as embalagens de produtos alimentares

    que so, na sua maioria, descartveis. O consumo deste tipo de bens est associado a

    alguma mudana nos hbitos alimentares, principalmente nos centros urbanos. Esta

    alterao por parte da populao induz obviamente a um acrscimo de resduos proveniente

    do consumo destes produtos.

    Embora a produo de RSU esteja relacionada com o padro socio-econmico das

    populaes, no considerada como um indicador de desenvolvimento ou de qualidade devida, principalmente em sociedades como a nossa que, chegadas recentemente ao

    consumo, adquiriram depressa a capacidade de produzir, mas no de tratar os resduos.

    Como facilmente se entende, os problemas com os resduos slidos no se devem, apenas,

    sua deposio imprpria, mas s dificuldades tcnicas e ambientais, de cariz

    administrativo, econmico e poltico. A resoluo destas questes surge com uma adequada

    gesto dos RSU.

    A gesto de resduos visa, preferencialmente, a preveno ou reduo da produo ou

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    nocividade dos resduos, nomeadamente atravs da reutilizao e da alterao dos

    processos produtivos, por via da adopo de tecnologias mais limpas, bem como dasensibilizao dos agentes econmicos e dos consumidores.

    2.2 ESTRUTURA DE UMA GESTO INTEGRADA E SUSTENTVEL DOS RSU

    O Plano Estratgico de Resduos Slidos Urbanos II (PERSU II) constitui um instrumento

    estratgico director da gesto de RSU para o perodo de 2007 a 2016, fundamental para

    que o sector possa dispor de orientaes e objectivos claros, bem como de uma estratgia

    de investimento que confira coerncia, equilbrio e sustentabilidade interveno dos vrios

    agentes directamente envolvidos.

    No PERSU II so claramente definidas as metas a atingir e aces a implementar tendo em

    considerao a necessidade de assegurar o cumprimento dos objectivos de desvio de

    resduos urbanos biodegradveis (RUB) de aterro, bem como dos objectivos de reciclagem

    e valorizao decorrentes das directivas relativas gesto de embalagens e resduos de

    embalagens.

    Assim, as linhas orientadoras estratgicas essenciais, de acordo com o PERSU II, so:

    Reduzir, reutilizar, reciclar;

    Separar na origem;

    Minimizar a deposio em aterro;

    Waste to energy para a fraco resto (no reciclvel);

    Protocolo de Quioto: compromisso determinante na politica de resduos;

    Informao validada a tempo de se poderem tomar decises;

    Estratgia de Lisboa: Sustentabilidade dos sistemas de gesto.

    Para a concretizao das referidas linhas de orientao estratgica, tambm o PERSU II,

    preconizou eixos de interveno:

    Eixo I Preveno;

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    Eixo II Sensibilizao / mobilizao dos cidados;

    Eixo III Qualificao e optimizao da gesto de resduos;

    Eixo IV Sistema de informao como pilar de gesto dos RSU;

    Eixo V Qualificao e optimizao da interveno das entidades publicas no mbito da

    gesto dos RSU.

    O presente estudo foi estruturado de forma a minimizar os actuais constrangimentos da

    RESIOESTE, j referidos anteriormente, mas tambm para dar resposta ao acima exposto.

    2.3 OBJECTIVOS GERAIS DO PROJECTO

    O presente estudo apresenta como objectivos gerais:

    Aumentar a capacidade de tratamento de RSU com implementao de solues de

    valorizao de resduos;

    Actuar a montante no sistema de resduos, promovendo alteraes profundas nas

    recolhas;

    Cumprimento das metas comunitrias da Directiva Embalagens, da Estratgia Nacional

    dos Resduos Urbanos Biodegradveis destinados aos Aterros, bem como de todas as

    orientaes preconizadas no PERSU II;

    Implementao de recolha selectiva de matria orgnica.

    As solues preconizadas permitiro tratar e valorizar a fraco orgnica dos RSU

    produzidos nos Concelhos de Alcobaa, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja,

    Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinh, Nazar, bidos, Peniche, Rio Maior,

    Sobral de Monte Agrao e Torres Vedras, pertencentes aos Distritos de Leiria, Lisboa e

    Santarm.

    2.4 ENQUADRAMENTO GERAL

    A RESIOESTE Valorizao e Tratamento de Resduos Slidos, S.A. foi constituda pelo

    Decreto-Lei n. 366/97, de 29 de Dezembro, tendo como objectivo social o tratamento e avalorizao dos RSU produzidos no Sistema Multimunicipal do Oeste, integrado pelos

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    Municpios de Alcobaa, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval,

    Caldas da Rainha, Lourinh, Nazar, bidos, Peniche, Rio Maior, Sobral de Monte Agrao eTorres Vedras, servindo uma populao de 380 659 habitantes (INE, Censos 2001),

    conforme Figura 2.1.

    Esta regio situa-se a Norte de Lisboa, entre o Oceano Atlntico e o macio que nasce em

    Montejunto.

    Figura 2.1 Concelhos pertencentes Regio do Oeste

    A regio do Oeste apresenta uma rea total de cerca de 2 735 km, com diferenas

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    significativas entre os concelhos, onde o mais pequeno tem uma rea de 51,3 km (Sobral

    de Monte Agrao) e o maior 412 km (Torres Vedras).

    Actualmente, o modelo tcnico implementado neste sistema inclui o aterro sanitrio do

    Oeste (ASO), onde so depositados os resduos indiferenciados, seis estaes de

    transferncia (ET) e as infra-estruturas necessrias para a recolha selectiva,

    nomeadamente, ecopontos, viaturas de recolha e uma unidade de triagem.

    O ASO situa-se na Quinta de So Francisco, na confluncia dos Concelhos de Cadaval,

    Alenquer e Torres Vedras, integrado no Centro de Tratamento de Resduos Slidos do

    Oeste, que entrou em funcionamento em Novembro de 2001.

    A quantidade total de resduos produzidos varia em funo de inmeros factores, dos quais

    se destacam:

    Tipo de actividade: domstica, comercial ou industrial;

    Sazonalidade, uma vez que se verifica uma flutuao significativa de afluncia de

    pessoas consoante a poca do ano, atingindo um aumento de aproximadamente 20% na

    poca alta;

    Pendularidade, a que corresponde a uma substancial afluncia de utentes durante os

    fins-de-semana e feriados;

    Utilizao de novos mtodos de acondicionamento de produtos, com tendncia para a

    utilizao de embalagens de uso nico.

    2.5 ENQUADRAMENTO

    LEGISLATIVO E

    ESTRATGIAS

    NACIONAIS

    2.5.1 Legislao Comunitria

    De seguida apresenta-se uma breve referncia aos diplomas legais e de orientao

    estratgica, considerados essenciais no contexto da gesto dos resduos biodegradveis

    provenientes dos RSU.

    A Directiva 1999/31/CE, do Concelho de 26 de Abril, relativa deposio de resduos em

    aterro, tem como objectivo prever medidas, processos e orientaes que evitem ou reduzamtanto quanto possvel os efeitos negativos sobre o ambiente, em especial a poluio das

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    guas de superfcie, das guas subterrneas, do solo e da atmosfera, sobre o ambiente

    global, incluindo o efeito de estufa, bem como quaisquer riscos para a sade humana,resultantes da deposio de resduos em aterro.

    Segundo a mesma Directiva, Portugal tem que reduzir, em 50%, at 2009, os resduos

    biodegradveis como materiais alimentares, de jardim, papel e carto depositados em

    aterro.

    A 12 de Fevereiro de 2001 foi apresentado, pela Comisso Europeia, um documento relativo

    ao tratamento biolgico de resduos biodegradveis, que poder constituir a base de uma

    proposta de directiva relativamente a este assunto.

    Dos diversos aspectos abordados neste documento destacam-se os seguintes:

    A definio de composto, como material resultante de um processo de tratamento

    biolgico de resduos biodegradveis recolhidos separadamente, encontrando-se

    previstas duas classes de composto, assim como critrios relativos avaliao da sua

    qualidade e utilizao;

    A definio de resduos biodegradveis estabilizados, como o resduo resultante de

    tratamento mecnico/biolgico de resduos recolhidos indiferenciadamente. A sua

    utilizao no dever envolver a produo alimentar;

    A obrigatoriedade de implementao de sistemas de recolha selectiva de resduos

    biodegradveis em aglomerados urbanos com a populao superior a 100 000 e 2 000

    habitantes respectivamente no prazo de 3 a 5 anos.

    possvel comprovar atravs deste documento que os resduos biodegradveisprovenientes de recolha selectiva apresentam, partida, um maior potencial em termos de

    valorizao orgnica tendo em vista a obteno de um composto de elevada qualidade,

    compatvel com a sua utilizao na agricultura biolgica.

    2.5.2 Legislao Nacional

    O Decreto-Lei n.152/2002, de 23 de Maio, que transpe a Directiva 1999/31/CE do

    Conselho de 26 de Abril, relativa deposio de resduos em aterro, tem como objectivo aconsolidao estratgica nacional e comunitria relativamente aos resduos e a

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    9

    consequente poltica de reduo, valorizao e tratamento de resduos, de forma a que seja

    depositado em aterro uma quantidade de resduos progressivamente menor e que, emsimultneo, os aterros apresentem um elevado nvel de proteco do ambiente.

    O presente diploma estabelece as normas aplicveis, referentes s fases de concepo,

    explorao e aps encerramento de aterros.

    Em particular, o Artigo 7 do referido diploma legal estabelece a necessidade de definir uma

    estratgia nacional para a reduo dos RUB destinados aos aterros, impondo metas

    quantitativas a alcanar, faseadamente, em 2006, 2009 e 2016. Essa estratgia deve

    assegurar o apresentado no quadro abaixo.

    Quadro 2.1 - Limites de deposio de RUB em aterro

    Data % Admissvel1

    Janeiro de 2006 75

    Janeiro de 2009 50

    Janeiro de 2016 35

    (Fonte: INR, Julho 2003)

    de salientar que o adiamento do cumprimento das metas previstas no foi considerado no

    Decreto-Lei n. 152/2002, de 23 de Maio, dado o desenvolvimento que o sector dos RSU

    conheceu desde 1995, alm disso haver interesse em estimular, a curto prazo, o reforo da

    implementao de sistemas de gesto de RSU adequados e sustentveis do ponto de vista

    da hierarquia de princpios de gesto de resduos.

    1Referente ao quantitativo de RUB, em peso, produzidos em 1995, visto que nesse ano, 90% dos RSU produzidos eram

    depositados em aterro.

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    22/106

    10

    Em 5 de Setembro de 2006 publicado o Decreto-Lei n.178/2006 que aprova o regime da

    gesto de resduos, estipulando princpios e definindo o regime econmico e financeiro dagesto dos mesmos.

    2.5.3 Estratgias Comunitrias e Nacionais

    O antigo Instituto dos Resduos, actual Agncia Portuguesa do Ambiente (APA) em

    articulao com as direces regionais do ambiente e do ordenamento do territrio, publicou

    a Estratgia Nacional para a Reduo dos Resduos Urbanos Biodegradveis

    (ENRRUBDA), em Julho de 2003. Enquadrada na Estratgia Comunitria preconizada pelaDirectiva Aterro, esta est essencialmente centrada nos resduos biodegradveis, mas

    tem, tambm, como principal objectivo contribuir para que Portugal cumpra com uma gesto

    sustentada dos RSU.

    Nesta Estratgia privilegia-se: a valorizao da matria orgnica, produzindo um composto

    de qualidade a partir da recolha selectiva de resduos estendidos a todo o Pas e

    promovendo, em simultneo, o efeito de escala atravs de solues conjuntas que

    abranjam mais de um sistema de gesto de RSU; que todos os sistemas de gesto de RSUsero corresponsabilizados a atingir os objectivos definidos na Directiva 1999/31/CE e na

    legislao nacional em vigor, sendo-lhes solicitada a apresentao de programas de gesto

    que evidenciem as medidas a desenvolver e o correspondente cronograma, de modo a

    atingir os objectivos especficos que lhes sero fixados; o estabelecimento de um novo

    sistema econmico-financeiro que privilegie a recolha selectiva e a minimizao da

    deposio de resduos em aterro.

    A Estratgia Temtica de Preveno e Reciclagem de Resduos, publicada atravs da

    Comunicao da Comisso ao Conselho (COM(2005) 666, de 21 de Dezembro de 2005),

    que apresenta os meios atravs do quais as Unio Europeia (UE) pode avanar para uma

    melhor gesto dos resduos, na medida do definido no Sexto Programa de Aco em

    Matrias de Ambiente e fixa os objectivos que correspondem aos objectivos bsicos da

    actual poltica comunitria de resduos: preveno de resduos e promoo da sua

    reutilizao, reciclagem e valorizao, de modo a reduzir o seu impacte no ambiente.

    Em 9 de Janeiro de 2006 aprovado o Plano de Interveno para Resduos Slidos

    Urbanos e Equiparados (PIRSUE) em Despacho n.454/2006 do Ministrio do Ambiente,

    do Ordenamento do Territrio e do Desenvolvimento Regional, definindo medidas para

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    11

    desincentivar a deposio em aterro e a proporcionar maior capacidade de encaixe,

    incrementar a separao de RSU e equiparados a RSU, maximizar a valorizao deresduos (melhorando a eficincia da triagem de resduos, revendo as especificaes

    tcnicas para a retoma dos materiais reciclveis e avaliando a valorizao energtica dos

    refugos das unidades de triagem e de tratamento mecnico e biolgico, atravs da produo

    de combustvel derivado dos resduos CDR), enquadrar o desenvolvimento e

    concretizao das medidas dos restantes eixos (elaborao de programas de aco pelos

    sistemas de gesto dos RSU, reavaliao da ENRRUBDA e elaborao do PERSU II.

    No dia 12 de Fevereiro de 2007 foi publicada a Portaria n.187/2007, que aprova o PERSU IIpara o perodo de 2007 a 2016. O PERSU II constitui, assim, o novo referencial para os

    agentes do sector dos RSU em Portugal Continental para os prximos dez anos, resultante

    da reviso das estratgias definidas no PERSU I, bem como do indicado na ENRRUBDA, na

    Estratgia Temtica de Preveno e Reciclagem de Resduos, na Estratgia Temtica sobre

    a utilizao Sustentvel dos Recursos Naturais, na Estratgia Temtica para a proteco

    dos solos e no PIRSUE. O PERSU II visa adequar as orientaes e estratgias para o

    sector de RSU ao actual quadro legal nacional e comunitrio, definindo as metas a atingir e

    as aces a implementar e reforando algumas das estratgias e objectivos que j seencontravam consignados no anterior Plano.

    A estratgia de valorizao orgnica de RUB, consignada no PERSU II, enquadra-se no

    compromisso nacional e comunitrio de reduo da matria orgnica depositada em aterro e

    prende-se, entre outros factores de ndole ambiental, com a necessidade imperiosa de

    diminuio da emisso de gases com efeito de estufa. Neste enquadramento, preconiza-se

    o reforo da capacidade nacional instalada de digesto anaerbia, compostagem,

    tratamento mecnico e biolgico (TMB), bem como o incremento dos quantitativos de RUBrecolhidos selectivamente. Em linhas gerais, o PERSU II vem requerer a aplicao de

    medidas que permitam aumentar a eficincia e a eficcia das prticas de gesto de RSU, na

    prossecuo de uma optimizao global e integrada. Exige-se assim s entidades

    responsveis pela gesto de RSU um cada vez menor recurso deposio em aterro

    atravs da maximizao da reciclagem orgnica e multimaterial e, subsidiariamente, de

    outras formas de valorizao, reflectindo uma grande preocupao na maximizao do valor

    dos subprodutos gerados: composto, reciclveis e CDR.

    Assim, o presente estudo pretende efectuar a implementao de infra-estruturas de suporte

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    12

    e desenvolvimento subsequente do sistema j existente com vista ao aproveitamento e

    valorizao dos RSU.

    Como forma de contribuir com a globalidade dos objectivos acima transcritos, referentes aos

    diferentes diplomas legais e estratgias relativamente aos RSU, so de considerar solues

    conjuntas de mais de um sistema de gesto integrada de resduos orgnicos no mbito da

    vermicompostagem.

    importante referir, ainda, que a soluo preconizada neste Estudo tem presente o

    cumprimento da Directiva de Embalagens e Resduos de Embalagens Directiva

    94/62/CE revista e alterada pela Directiva 2004/12/CE, de 11 de Fevereiro que foi

    transposta para a legislao nacional pelo Decreto-Lei n. 92/2006, de 25 de Maio, com o

    objectivo de reduzir o impacte dos resduos de embalagens no ambiente, nomeadamente

    atravs do aproveitamento e envio para reciclagem de plsticos que, at ao momento, so

    encaminhados para aterro.

    2.6 REA DE INTERVENO

    2.6.1 Localizao

    No mbito da avaliao tcnica e econmica para a implementao de vermicompostagem

    sero consideradas duas Unidades de Vermicompostagem situadas no Centro de

    Tratamento de Resduos do Oeste (CTRO), no lugar da Cabea Gorda/Malpique, Freguesia

    de Pro Moniz, Concelho do Cadaval. Estas Unidades de Vermicompostagem recebero os

    RSU provenientes dos Concelhos do Bombarral, Cadaval, Lourinh e Torres Vedras e das

    duas ET de Sobral de Monte Agrao / Arruda dos Vinhos e de Rio Maior. Prev-se, tambm,

    a instalao de uma Unidade de Vermicompostagem em cada uma das seguintes ET:

    ET de Alenquer (serve os Municpios de Alenquer e Azambuja);

    ET de Gaeiras (serve os Municpios de bidos e Caldas da Rainha);

    ET de Nazar (serve os Municipios de Nazar e Alcobaa);

    ET de Peniche.

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    13

    2.6.2 Caracterizao do Local

    A rea em estudo enquadra-se na zona temperada da regio Litoral Centro e

    caracterizada pela ocorrncia de Veres e Invernos moderados.

    Com base em dados do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofsica, procede-se

    seguidamente a uma breve caracterizao climtica da zona.

    A temperatura mdia diria do ar de cerca de 15C, com valores mdios mensais mximos

    e mnimos de 29,2C em Julho e 5,5C em Janeiro, respectivamente.

    Trata-se de uma zona relativamente pluviosa, com uma precipitao mdia anual com

    valores entre 600 e 700 mm. Os meses de maior precipitao so os de Janeiro, Fevereiro e

    Dezembro, sendo os meses de Junho, Julho e Agosto os mais secos.

    A frequncia dos ventos nesta zona moderada, sendo os ventos dominantes dos

    quadrantes Norte e Noroeste.

    A evapotranspirao real mdia mensal atinge valores mais elevados no ms de Julho com

    cerca de 820 mm e menos elevada em Dezembro com cerca de 140 mm.

    A evapotranspirao mdia anual de aproximadamente 500 a 600 mm.

    2.7 PRODUO DOS RSU

    Durante o ano de 2007, conforme Relatrio Ambiental Anual, foram recebidos nas diferentes

    infra-estruturas da RESIOESTE, CTRO, ET e Ecocentros associados, 196 448 toneladas de

    resduos, que foram posteriormente tratados ou processados pela RESIOESTE com vista ao

    seu encaminhamento para reciclagem.

    Na Figura 2.2 apresentam-se os quantitativos totais de resduos recebidos entre 2002 e

    2007.

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    14

    173 866

    182 299184 527

    186 529

    197 860 196 448

    160 000

    165 000

    170 000

    175 000

    180 000

    185 000

    190 000

    195 000

    200 000

    2002 2003 2004 2005 2006 2007

    Ano

    Resd

    uosTotaisRecebidos(t)

    Figura 2.2 Total de resduos recebidos na RESIOESTE entre 2002 e 2007 (Fonte: Relatrio

    Ambiental Anual do ASO relativo ao ano de 2007)

    Ainda de acordo com o mesmo documento, e analisando a desagregao por fluxos, do total

    dos resduos recebidos durante o ano 2007, constata-se que existe um peso significativo

    dos RSU provenientes das recolhas indiferenciadas promovidas pelos municpios (cerca de

    90,8%), relativamente aos restantes fluxos (recolha selectiva - 7,0%; monstros 2,0%;

    resduos de limpeza de ruas 0,2% e resduos verdes 0,01%).

    Recolha Indiferenciada

    O total de resduos recebidos na RESIOESTE com origem na recolha indiferenciada foi de

    182 714 toneladas, repartido da seguinte forma:

    178 441 toneladas de RSU de origem domstica;

    3 837 toneladas de monstros;

    418 toneladas de resduos da limpeza de ruas;

    18 toneladas de resduos verdes.

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    excepo dos monstros, onde a fraco metlica susceptvel de envio para valorizao,

    todos os restantes fluxos de resduos com origem na recolha indiferenciada tm comodestino final a deposio em aterro.

    No Quadro 2.2 apresentam-se os quantitativos de RSU de origem domstica entregues por

    cada municpio RESIOESTE durante o ano de 2007.

    Quadro 2.2 Quantitativos de RSU de origem domstica entregues na RESIOESTE no ano de 2007

    (Fonte: Relatrio Ambiental Anual do ASO relativo ao ano de 2007)

    Municpios Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total

    Alcobaa 1.759 1.602 1.823 1.836 1.922 1.898 2.203 2.402 1.914 1.886 1.648 1.743 22.637

    Alenquer 1.555 1.382 1.533 1.512 1.604 1.606 1.663 1.597 1.578 1.680 1.493 1.525 18.729

    Arruda 416 365 407 383 421 409 421 416 399 402 363 389 4.790

    Azambuja 796 707 809 803 835 818 873 898 807 858 736 788 9.728

    Bombarral 453 396 437 443 472 444 519 538 483 510 410 450 5.554

    Cadaval 461 410 449 455 486 472 549 576 502 542 417 458 5.777

    Caldas Rainha 1.826 1.629 1.844 1.777 1.912 1.852 2.087 2.227 1.865 1.939 1.698 1.745 22.402

    Lourinh 857 733 799 816 856 859 1.018 1.089 911 895 757 757 10.348

    Nazar 734 650 728 722 804 857 1.159 1.437 962 812 671 738 10.275

    bidos 412 370 414 384 425 426 502 637 486 442 383 430 5.311

    Peniche 1.361 1.185 1.310 1.354 1.387 1.483 1.885 2.213 1.429 1.457 1.264 1.170 17.499

    Rio Maior 694 614 642 696 764 713 776 780 717 745 638 660 8.439

    Sobral M. Agrao 355 315 329 323 355 338 347 365 351 339 309 331 4.057

    Torres Vedras 2.613 2.392 2.617 2.543 2.841 2.707 3.166 3.303 2.752 2.919 2.487 2.555 32.895

    Total RSU de origemdomstica

    14.292 12.750 14.143 14.047 15.083 14.884 17.168 18.480 15.156 15.426 13.275 13.739 178.441

    De acordo com o Relatrio Ambiental, deram entrada na RESIOESTE, 574 toneladas de

    RSU por dia efectivo de funcionamento, dos quais 67% foram entregues pelos municpios

    nas ET e posteriormente transportados para o ASO ou para o Aterro Sanitrio de Palmela

    (AMARSUL) pela RESIOESTE.

    Na Figura 2.3 apresentam-se os quantitativos totais de RSU de origem domstica recebidos

    pela RESIOESTE entre 2002 e 2007.

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    16

    171 145

    175 896 175 896174 642

    182 550

    178 441

    164 000

    166 000

    168 000

    170 000

    172 000

    174 000

    176 000

    178 000

    180 000

    182 000184 000

    2002 2003 2004 2005 2006 2007

    Ano

    Resd

    uosTotaisRecebidos(t)

    Figura 2.3 Total de RSU de origem domstica recebidos na RESIOESTE entre 2002 e 2007 (Fonte:

    Relatrio Ambiental Anual do ASO relativo ao ano de 2007)

    De acordo com o referido relatrio os Municipios de Torres Vedras, Alcobaa, Caldas da

    Rainha, Alenquer e Peniche, contriburam em cerca de 64% dos RSU que foram recebidos

    em 2007, sendo as contribuies mais diminutas dadas pelos Municipios de Sobral de

    Monte Agrao e Arruda dos Vinhos.

    Recolha Selectiva de Embalagens e Papel/Carto

    No que respeita recolha selectiva de embalagens e papel/carto, os materiais recebidos

    correspondem a vidro, papel e carto, embalagens de plstico, embalagens de metal de

    pilhas. Estes resduos so recolhidos por intermdio de ecopontos, entregas directas nos

    ecocentros existentes, associados a cada uma das ET, quer directamente no CTRO.

    No Quadro 2.3 apresentam-se os quantitativos totais de resduos da recolha selectiva de

    embalagens e papel/carto recebidos pela RESIOESTE no ano de 2007.

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    Quadro 2.3 Quantitativos de resduos da recolha selectiva recebidos pela RESIOESTE no ano de

    2007 (Fonte: Relatrio Ambiental Anual do ASO relativo ao ano de 2007)

    Vidro Papel/Carto Plstico/Metal Pilhas

    Janeiro 429,58 428,60 197,02 - 1055,20

    Fevereiro 321,02 358,26 154,60 - 833,88

    Maro 396,66 403,82 179,92 - 980,40

    Abril 389,62 365,72 167,68 - 923,02

    Maio 442,88 447,18 206,44 - 1096,50Junho 464,92 435,32 201,32 - 1101,56

    Julho 492,94 534,78 211,60 - 1239,32

    Agosto 736,72 532,68 251,42 - 1520,82

    Setembro 580,48 493,44 242,20 - 1316,12

    Outubro 538,54 552,88 242,60 - 1334,02

    Novembro 450,58 493,96 253,68 - 1198,12

    Dezembro 379,34 501,16 226,06 - 1106,56

    Total 5.623,18 5.547,80 2.534,54 10,50 13.716,02

    TotalMaterial

    Ms

    Resduos Depositados em Aterro

    Conforme despacho emitido pelo Secretrio de Estado do Ambiente, a 3 de Outubro de

    2005, e homologado pelo Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Territrio e do

    Desenvolvimento Regional, na mesma data, referente soluo a adoptar para o Processo

    Contencioso Comunitrio relativo ao ASO, admitido um plano escalonado para a

    RESIOESTE, a iniciar em 2005, que possa dar garantias Comisso Europeia de que a

    situao de pleno cumprimento ser alcanada a curto prazo.

    Assim, no mesmo despacho referido o desvio de 10 000 toneladas de resduos em 2005,

    15 000 toneladas em 2006, e o restante em 2007, at um mximo de 140 000 toneladas,

    permitidas anualmente, a depositar no ASO.

    De modo a dar cumprimento ao estipulado, a RESIOESTE iniciou a 22 de Novembro de

    2005 o transporte de RSU para o aterro sanitrio de Palmela, tendo por base um contrato

    estabelecido com o respectivo operador, AMARSUL, S.A..

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    18

    No Quadro 2.4 apresentam-se os quantitativos efectivamente depositados no ASO at ao

    ano de 2007, tendo em considerao os desvios de RSU de origem domstica para o aterrosanitrio de Palmela.

    De acordo com os valores apresentados no Quadro 2.4, pode verificar-se que, no ano 2007

    foram depositadas, no ASO, 139 212 toneladas de resduos, por efeito do desvio de 43 736

    toneladas de RSU para o aterro sanitrio de Palmela, dando assim cumprimento ao referido

    despacho.

    Quadro 2.4 Quantitativos de resduos depositados no ASO at ao ano de 2007 (Fonte: Relatrio

    Ambiental Anual do ASO relativo ao ano de 2007)

    RSURecebidos

    DesvioRSU

    Recebidos

    RSUDepositados

    no ASO

    MonstrosRecebidos

    DesvioMonstrosRecebidos

    MonstrosDepositados no

    ASOVarreduras RIB

    RefugosTriagem

    ResduosVerdes

    2001 4.494 0 4.494 0 0 0 0 0 0 0 4.4942002 171.145 0 171.145 15 0 15 0 3.242 68 0 174.4692003 175.896 0 175.896 1.075 150 925 0 0 158 0 176.9792004 175.896 0 175.896 1.728 441 1.287 139 0 234 0 177.5562005 174.642 10.051 164.591 2.005 298 1.707 451 0 547 0,3 167.2962006 182.550 15.003 167.547 2.851 74 2.777 993 0 470 41 171.8282007 178.441 43.736 134.705 3.837 349 3.488 418 0 583 18 139.212Total

    Final 20071.063.064 68.790 994.274 11.510 1.312 10.199 2.001 3.242 2.059 59 1.011.834

    Total ResduosDepositados

    no ASO(toneladas)

    Anos

    RSU de origem domstica(toneladas)

    Monstros(toneladas)

    Restantes Resduos Depositados no ASO(toneladas)

    2.8 RESDUOS A VALORIZAR

    2.8.1 Resduos Slidos Urbanos

    Desde o inicio da explorao do ASO as quantidades de RSU de origem domstica geradas

    pelos municpios tm vindo a aumentar significativamente, isto , cerca de

    171 145 toneladas em 2002, atingindo em 2007 cerca de 178 441 toneladas, das quais

    43 736 toneladas foram desviadas para o Aterro Sanitrio da AMARSUL. Visto que esteaterro foi licenciado para receber apenas 140 000 ton/ano, torna-se urgente definir

    estratgias que possibilitem ultrapassar estes constrangimentos, isto , definir um plano que

    permita aumentar a valorizao de resduos e, consequentemente, reduzir a sua deposio

    em aterro. De qualquer forma, esta soluo global dever ser sujeita a um Estudo de

    Impacte Ambiental (EIA).

    As solues aqui preconizadas foram dimensionadas tendo como ponto de partida os

    valores de 2007, constantes no Relatrio Ambiental Anual do ASO relativo ao ano de 2007.

    Caso se decida a favor da implementao das solues propostas no presente estudo, ter

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    de qualquer modo que se proceder elaborao do projecto base e consequente projecto

    de execuo, altura em que dever ser feito o ajuste dos diversos componentes queconstituem as instalaes, de modo a que estejam preparados para receber o total de

    resduos produzidos nos Municipios do Oeste.

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    3. DESCRIO GERAL DAS TECNOLOGIAS A IMPLEMENTAR NA SOLUO

    PROPOSTA

    3.1 DESCRIO DA PROPOSTA

    A maior parte dos resduos domsticos produzidos actualmente tm como destino final o

    aterro, com todos os problemas de poluio, da decorrentes. Dever-se-ia proceder com

    mais empenho ao tratamento dos resduos biodegradveis que, habitualmente, so

    desperdiados de uma forma descontrolada, sem haver noo daquilo que possvel

    aproveitar.

    Os resduos biodegradveis representam cerca de 58,53% da composio fsica dos RSU a

    nvel nacional e sem dvida a primeira fileira mais representativa.

    Prope-se dotar o sistema multimunicipal de gesto de RSU da RESIOESTE de estruturas

    que possam ser compatibilizadas com as infra-estruturas j existentes e que permitam

    cumprir o limite de deposio anual.

    Tendo em conta as tecnologias actualmente disponveis no mercado, assim como as

    caractersticas especficas da zona do Oeste, analisa-se neste estudo a viabilidade da

    implantao de unidades de vermicompostagem.

    Tendo em conta o panorama nacional relativamente quantidade de resduos

    biodegradveis e sua deposio em aterro, a vermicompostagem surge, assim, como a

    soluo bvia, permitindo reduzir significativamente a quantidade dos RSU enviados para

    aterro.

    Os resduos biodegradveis depositados em aterro sanitrio so responsveis pelaformao de lixiviados e biogs, ou seja, pela maior parte da poluio inevitvel em aterro.

    Alm disso, no depositar em aterro a fraco orgnica permite aumentar o tempo de vida

    para o dobro ou a construo de aterros com metade da capacidade.

    A vermicompostagem em larga escala ou industrial tem como finalidade principal valorizar

    uma quantidade significativa de resduos urbanos biodegradveis e agrcolas de uma forma

    rentvel, que de outra forma poderiam representar um custo para a sua eliminao.

    No caso da vermicompostagem realizada em instalaes centralizadas, h que distinguir

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    duas situaes possveis:

    Em que os resduos so recolhidos de forma convencional, todos misturados, e depois

    separados parcialmente por processos manuais e mecnicos em estaes de triagem

    antes de serem encaminhados para a vermicompostagem;

    Em que efectuada uma recolha selectiva porta-a-porta da fraco orgnica dos

    resduos que pode ser directamente encaminhados para a vermicompostagem.

    A primeira situao pode apresentar para alguns municpios a vantagem de no ser

    necessrio um investimento por parte destes, na educao dos cidados para a separaode resduos. As desvantagens associadas a este processo so evidentes, depois de os

    resduos terem sido misturados na origem muito difcil proceder a uma correcta separao.

    Vrios estudos cientficos comprovam que o composto produzido nestas situaes de

    menor qualidade, encontrando-se contaminado, por exemplo, por metais pesados, plsticos,

    etc.

    Na segunda situao, visto os resduos serem separados na fonte, j no se coloca o

    problema da contaminao de uma forma to acentuada. No entanto, para que a separaona fonte resulte, necessrio investir em campanhas de sensibilizao e educao

    ambiental da populao. A maior parte das autarquias ainda no d aos resduos

    biodegradveis a importncia e prioridade que se impe.

    Existe, ainda, uma terceira situao a ser considerada, em que os RSU indiferenciados so

    sujeitos ao processo de vermicompostagem sem antes existir qualquer tipo de triagem. As

    minhocas utilizadas comem todo o lixo, incluindo papel ou restos de comida, e ainda limpam

    os bocados de vidro e plstico que podero ser, depois, enviados para reciclagem. Trata-se,neste caso especfico, de um tratamento biolgico a montante do mecnico, em que s aps

    o processo de vermicompostagem se procede triagem.

    Considerando o caso do sistema da RESIOESTE, em que o que chega s ET e ao ASO so

    resduos slidos indiferenciados, a soluo a implementar corresponde terceira situao

    descrita, isto , vermicompostagem seguida de uma crivagem, numa unidade de triagem,

    como ser descrito em captulo frente.

    A nvel industrial, justifica-se este tipo de tecnologia para instalaes que recebam entre

    20 000 e 60 000 t/ano de RSU. Por esta razo foram previstas Unidades de

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    do processo proposto, estimado que dos 100% de RSU recepcionados nas unidades

    sejam obtidos:

    20% reciclveis;

    20% rejeitados;

    35% perdas;

    25% composto.

    Desta forma prev-se reduzir a quantidade de RSU a depositar anualmente no ASO em

    80%, uma soluo que permitir desviar anualmente de deposio em aterro cerca de

    150 000 t de RSU.

    Assim, a implementao de Unidades de Vermicompostagem, nos Municipios do Oeste

    apresenta como principais vantagens:

    Possibilidade de tratar os RSU indiferenciados, que at agora so encaminhados

    directamente para aterro;

    Possibilidade de valorizar as embalagens contidas nos RSU indiferenciados. Isto para

    alm de incrementar a reciclagem, ainda apresenta vantagens econmicas, uma vez que

    possibilita a venda de embalagens (plstico e metal) recuperadas por um processamento

    com custos relativamente baixos;

    A descentralizao da gesto dos RSU (criao de vrias unidades de tratamento) torna

    todo o processo menos oneroso, uma vez que estamos a reduzir os custos de

    transporte.

    3.2 UNIDADES DE VERMICOMPOSTAGEM

    3.2.1 Consideraes Gerais

    A compostagem constitui um processo de tratamento da fraco orgnica com origens muito

    diversas, desde as cidades, s exploraes agrcolas e florestais. A produo de um

    composto orgnico com propriedades fertilizantes e estruturantes do solo confere a esteprocesso uma importante estratgia para Portugal que no convm menosprezar. A

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    vermicompostagem outra forma de tratamento e/ou valorizao dos resduos

    biodegradveis, originando um correctivo orgnico de alta qualidade para agricultura, sendomesmo recomendado para a agricultura biolgica.

    A vermicompostagem uma tecnologia na qual so utilizadas uma determinada espcie de

    minhocas que, em conjugao com os microrganismos existentes no seu intestino, digerem

    toda matria orgnica, dejectando excrementos constitudos de agregados de terra e da

    matria orgnica digerida, sendo mais ricos em nutrientes como tambm mais assimilveis

    pelas plantas.

    A aco das minhocas contribui para o controlo de organismos patognicos primrios

    (normalmente presentes em resduos slidos orgnicos) e secundrios (que crescem e se

    desenvolvem durante o processo). Para alm disto, as minhocas actuam tambm sobre a

    matria orgnica de forma mecnica, atravs do revolvimento e o arejamento do composto,

    bem como a triturao das partculas orgnicas que passam pelo trato digestivo desses

    animais so um processo puramente mecnico.

    Figura 3.1 Anatomia das minhocas

    No processo de vermicompostagem, o produto final pode ser definido como adubo orgnico,

    obtido com o uso de substratos de origem animal e/ou vegetal, pr-compostados e,

    posteriormente, processados por minhocas (Figura 3.1). A partir da, produzido o hmus,

    um composto coloidal rico em nutrientes, principalmente azoto, clcio, fsforo, magnsio e

    potssio, oriundos das dejeces das minhocas (Figura 3.2). Assim como na compostagem,para a vermicompostagem, so requeridos controlos de humidade, temperatura e pH. O

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    objectivo desse processo melhorar as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas do

    composto e, consequentemente, melhorar sua aceitao e seu valor comercial.

    Figura 3.2 Hmus resultante do processo de vermicompostagem

    No que se refere ao efluente lquido este reintroduzido no sistema, no sendo necessrio

    prever a instalao de uma ETAR.

    No contexto mundial, relativamente aplicao da vermicompostagem, possvel

    comprovar que as lamas de depurao, podem tambm ser tratadas atravs deste

    processo, da mesma forma que os resduos biodegradveis provenientes dos RSU.

    3.2.2 Quantitativos RSU

    Das vrias aplicaes de vermicompostagem mencionadas considerada para o

    dimensionamento, em questo, a industrial, tendo como objectivo a valorizao e tratamento

    dos RUB, para pequenas cidades ou vilas.

    De acordo com os dados disponveis para 2007, o Aterro Sanitrio do Oeste, emfuncionamento desde Novembro de 2001, recebeu uma mdia diria de 574 toneladas de

    resduos slidos urbanos indiferenciados provenientes dos 14 concelhos da regio.

    Os quantitativos de RSU indiferenciados produzidos nos ltimos anos por Municpio e ET

    apresentam-se no Quadro 3.1.

    Em termos de peso de cada concelho na produo de resduos indiferenciados, o Quadro

    3.2 sintetiza a informao obtida a partir do Quadro 3.1.

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    Quadro 3.1 - Quantitativos do total de RSU indiferenciados em 2005, 2006 e 2007, por municpio e

    Estao de Transferncia (Fonte: AMO, 2008)

    Populao

    Produo de RSUindiferenciados (t/ano)

    2005

    Produo de RSUindiferenciados (t/ano)

    2006

    Produo de RSUindiferenciados (t/ano)

    2007

    hab t/ano t/ano t/ano

    Alenquer 39 180 18 146 19 989 18 734ET2

    Azambuja 20 837 9 55927 705

    10 55930 548

    9 55928 293

    bidos 10 875 5 380 5 998 5 346ET4Caldas da Rainha 48 846 22 316

    27 69624 004

    30 00222 428

    27 774

    Nazar 15 060 10 477 11 177 10 520ET5

    Alcobaa 55 376 23 94834 425

    25 72336 900

    22 88133 401

    ET6 Peniche 27 315 18 042 18 042 20 230 20 230 17 499 17 499

    Bombarral 13 324 5 538 6 211 6 211

    Cadaval 13 943 5 716 6 403 6 403

    Lourinh 23 265 10 053 11 666 11 666A

    TERRO

    Torres Vedras 72 250 31 910

    53 217

    36 616

    60 896

    36 616

    60 896

    Sobral de MonteAgrao 8 927 4 051 4 341 1 677

    ET1

    Arruda dos Vinhos 10 350 4 934

    8 985

    5 432

    9 773

    4 790

    6 467

    ET3 Rio Maior 21 110 8 121 8 121 8 780 8 780 8 482 8 482

    Total Parcial ASO 70 323 79 449 75 845

    Total 380 658 178 191 197 129 182 812

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    Quadro 3.2 - Peso da produo de RSU indiferenciados por unidade de TMBv

    Peso na Produode RSU

    indiferenciados2005

    Peso na Produo deRSU indiferenciados

    2005

    Peso na Produode RSU

    indiferenciados2005

    Mdia

    AlenquerET2

    Azambuja

    16% 15% 15% 16%

    bidosET4

    Caldas da Rainha

    16% 15% 15% 15%

    NazarET5

    Alcobaa

    19% 19% 18% 19%

    ET6 Peniche 10% 10% 10% 10%

    Bombarral

    Cadaval

    LourinhATERRO

    Torres Vedras

    Sobral de MonteAgrao

    ET1

    Arruda dos Vinhos

    ET3 Rio Maior

    39% 40% 41% 40%

    Total 100% 100% 100% 100%

    Os quantitativos apresentados nos Quadro 3.1 e Quadro 3.2 no correspondem

    exactamente ao apresentado no captulo anterior, uma vez que os ltimos foram fornecidospela Associao de Municipios do Oeste aps solicitao por ofcio a cada um dos

    municpios em causa.

    No Quadro 3.3 apresenta-se uma caracterizao da composio fsica dos RSU, efectuada

    na rea de influncia da RESIOESTE em 2002. Considera-se que estes dados se

    encontram actuais e reflectem as caractersticas dos resduos slidos na regio, dado que

    no houve, no perodo de tempo em causa, alteraes significativas na regio que

    pudessem influenciar as caractersticas qualitativas dos RSU.

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    Quadro 3.3 Composio fsica dos RSU da rea de influncia da RESIOESTE (Fonte: IPA

    Estudo de Solues no mbito do Sistema de Recolha Selectiva de Materiais para o SistemaMultimunicipal do Oeste, 2002)

    Fraco Quantidade %

    Papel 15,83

    Plstico 9,83

    Metais 2,81

    Vidro 3,63

    Txteis 4,99

    Orgnicos 42,7

    Outros (madeira, pilhas, etc.) 15,08

    Finos < 20 mm 5,13

    Total 100

    No Quadro 3.4 apresentam-se os quantitativos de RSU e respectivo destino final dos RSU

    produzidos no Municpios do Oeste em 2005 e 2006.

    Quadro 3.4 - Produo de RSU e respectivo destino em 2005 e 2006, na RESIOESTE (Fontes: (1)

    APA, 2008; (2) EGF, 2007)

    PopulaoProduo RSU

    (t/ano)

    RSU

    indiferenciados

    (t/ano)

    Recolha Selectiva

    Multimaterial (t)

    Taxa de desvio RSU-

    Recolha Selectiva

    2005 (1) 387781 195799 (1) 184693 11106 5,7%

    2006 (2) 197863 (2) 186435 11418 5,8%

    Taxa de Crescimento 1,05% 0,94% 2,81% 1,74%

    Efectuou-se uma previso da evoluo da produo de resduos de 2005 a 2023, horizonte

    deste estudo, que tem como ano de arranque 2010. Apesar da taxa observada para 2005,

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    (1,05%) ser inferior prevista no PERSU II (1,84%), optou-se por considerar as taxas de

    crescimento de recolha de RSU disponveis neste documento legal. Para o perodo entre2017 e 2023 utilizou-se uma taxa de crescimento idntica verificada em 2016. Manteve-se

    a taxa de desvio de RSU para recolha selectiva de 12%. Tendo em conta a anlise

    econmica, considera-se relevante as estimativas obtidas para a produo de RSU at

    2010, ano de arranque das Unidades de Vermicompostagem, aplicando-se taxa de

    actualizao constante para os anos seguintes, at ao ano de horizonte do projecto, 2023,

    ano que termina a concesso da RESIOESTE para a gesto de resduos dos municpios do

    Oeste. Nesta anlise considera-se que as estimativas sero ligeiramente diferentes quando

    comparadas com as obtidas atravs da anlise realizada anteriormente

    De forma a poder estimar as quantidades de produo de resduos relativas a cada Unidade

    de Vermicompostagem, optou-se por considerar a mdia do peso apresentada no Quadro

    3.2 e aplicar para cada unidade de compostagem o respectivo peso mdio na produo de

    resduos. Em anexo a este documento apresentam-se as estimativas projectadas para os

    quantitativos de RSU a serem encaminhados para cada TMBv, prevista para as Estaes de

    Transferncia de Alenquer, Gaeiras, Nazar e Peniche.

    No Quadro 3.5 apresenta-se uma sntese desta projeco para a totalidade do Sistema da

    RESIOESTE, no ano de arranque.

    Quadro 3.5 Quantitativos de RSU do Oeste para o ano de arranque

    2010

    Produo total de RSU (t/ano) 211 009

    Recolha selectiva (t/ano) 23 211

    RSU para Valorizao Orgnica (t/ano) 187 798

    RSU para aterro (t/ano) 37 560

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    Tendo em conta as projeces de produo de RSU, recolha selectiva, valorizao

    orgnica, apresentadas em anexo, e ainda a composio dos resduos, prev-se asseguintes capacidades de pr-tratamento para cada uma das Unidades de TMBv:

    TMBv1 Aterro Sanitrio do Oeste: 90.000 t RSU indiferenciados

    TMBv2 ET2 Alenquer/Azambuja: 35.000 t RSU indiferenciados

    TMBv3 ET4 bidos/Caldas da Rainha: 35.000 t RSU indiferenciados

    TMBv4 ET5 Nazar/Alcobaa: 40.000 t RSU indiferenciados;

    TMBv5 ET6 Peniche: 25.000 t RSU indiferenciados

    Tendo em conta dados fornecidos pela empresa Lavoisier para cada Unidade de

    Vermicompostagem, dever considerar-se que: para cada tonelada de RSU a tratar ser

    necessria um rea de 0,25 m2. Deste modo prev-se para cada Unidade de TMBv, as

    seguintes reas:

    TMBv1 Aterro Sanitrio do Oeste: 22 050 m

    TMBv2 ET2 Alenquer/Azambuja: 8 590 m

    TMBv3 ET4 bidos/Caldas da Rainha: 8 590 m

    TMBv4 ET5 Nazar/Alcobaa: 9 910 m

    TMBv5 ET6 Peniche: 6 230 m

    De notar que dever ser garantida a disponibilidade destas reas nos locais previstos para

    construo das Unidades de Vermicompostagem.

    No Quadro 3.6 apresentam-se as reas necessrias para cada fase do processo, para cada

    uma das unidades de TMBv.

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    Quadro 3.6 rea por fase do processo (m)

    Unidade Recepo Compostagem VermicompostagemSecagem e

    AfinaoLogstica TOTAL

    TMBv1 1 390 13 000 5 390 570 1 700 22 050

    TMBv2 550 5 070 2 100 210 660 8 590

    TMBv3 550 5 070 2 100 210 660 8 590

    TMBv4 700 5 750 2 400 300 760 9 910

    TMBv5 450 3 630 1 500 170 480 6 230

    3.2.3 Processo tecnolgico proposto

    A vermicompostagem um processo aerbio que consiste na transformao da matria

    orgnica em fertilizante orgnico e que consiste nas seguintes fases:

    Recepo de resduos e eliminao de odores;

    Abertura de sacos e crivagem (malha 40/50 mm);

    Compostagem fase de higienizao dos resduos e preparao da matria para a fase

    seguinte;

    Vermicompostagem digesto da matria orgnica por parte dos vermes (minhoca

    vermelha californiana) e a sua transformao em fertilizante orgnico;

    Fase de secagem desidratao natural do produto final;

    Crivagem e Afinao: separao dos materiais (hmus, plsticos, vidros, metais, etc.) e

    afinao do fertilizante (hmus).

    Na Figura 3.3 apresenta-se o diagrama de processo, de forma geral, para o modelo tcnico

    proposto.

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    33

    Figura 3.3 Diagrama do processo geral

    3.2.4 Arranque e explorao do sistema de vermicompostagem

    3.2.4.1 Planificao da rea de explorao

    3.2.4.1.1 Consideraes Gerais

    De um modo geral qualquer local plano ou inclinado, arborizado ou num descampado,

    arenoso ou impermeabilizado pode ser adaptado de modo a se poder instalar o sistema de

    vermicompostagem.

    Na planificao da rea para o processo de TMBv, as diferentes reas de apoio para cada

    unidade produtiva sero compostas por: rea de recepo dos RSU, rea para o processode compostagem, rea para a vermicompostagem (instalao para as camas), local para

    secagem e crivagem do hmus, local para armazenamento do hmus e alas de circulao

    entre as camas.

    3.2.4.1.2 rea de recepo da matria-prima

    aconselhvel reservar um local ao ar livre mas com piso impermeabilizado, para receber a

    matria-prima. Nesta rea possvel iniciar o processo de compostagem.

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    3.2.4.1.3 rea para o processo de compostagem

    Este local pode ser a continuao da rea de recepo da matria-prima. O piso deve ser

    impermeabilizado, possuindo uma inclinao (transversal), com aproximadamente 2% de

    declive, para permitir a recolha e aproveitamento dos lixiviados para regar as unidades

    produtivas, ao longo dos montes de matria-prima. De uma forma genrica, a rea

    utilizada para preparar o alimento para as minhocas.

    3.2.4.1.4 Instalao para as camas (rea para a vermicompostagem)

    As camas devem ser construdas num pavilho com piso impermeabilizado e cobertura dotipo estufa (Figura 3.4). O terreno deve possuir inclinao transversal e longitudinal, com

    2% de declive e drenagem ao longo das camas em direco a reservatrios que se

    encontram no exterior, sendo possvel, deste modo, aproveitar a fraco lquida das

    unidades produtivas (inclinao transversal) e escoar a gua da rega (inclinao

    longitudinal).

    Figura 3.4 Cobertura tipo estufa

    O pavilho deve possuir uma porta larga e ampla e alguns acessos distribudos

    uniformemente ao longo do mesmo. O pavilho dever tambm possuir instalao elctrica

    para iluminao e um gerador que funcionar como recurso. Este sistema deve ser

    accionado durante o perodo nocturno para que as minhocas no venham superfcie da

    pilha de resduos, uma vez que elas fogem da luz.

    3.2.4.1.5 Local para a secagem, crivagem e armazenagem do hmus

    O local para a secagem e crivagem do hmus tambm dever ser coberto. Relativamente

    ao armazenamento, este deve ser efectuado num local, tambm, coberto, com piso

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    devidamente impermeabilizado. Quando a sua armazenagem efectuada a granel, deve-se

    proteger com uma lona de plstico, para manter o mesmo teor de humidade da fase desecagem.

    De um modo geral, o hmus pode ser armazenado por um perodo longo de

    aproximadamente 6 meses.

    3.2.4.2 Processo de compostagem

    A compostagem um processo biolgico, de decomposio da matria orgnica, onde osresduos so transformados em substncias humferas, estabilizadas, com propriedades

    fsicas e qumicas completamente diferentes daquelas do material em que deu origem.

    Por se tratar de um processo biolgico, a gua e o ar so indispensveis para a vida dos

    microrganismos, principalmente das bactrias cuja actividade bastante reduzida quando a

    humidade se encontra abaixo dos 40%. Assim, como a falta, o excesso de humidade

    tambm prejudicial ao material orgnico, pois a gua quando em excesso expulsa o ar do

    monte, tornando o seu interior anaerbio, retardando, assim, a sua decomposio, com os

    inconvenientes de atrair moscas e exalar odor desagradvel.

    Para que o processo de compostagem evolua da melhor forma possvel, essencial ter em

    ateno aos diversos factores que influenciam este processo, como sejam:

    Relao C/N: importante que a relao entre estes dois compostos (carbono e azoto)

    do material a compostar, seja uniforme num mesmo monte ou pilha, devendo ser

    constitudo por uma mistura adequada de vrios resduos de diversas origens, com o

    objectivo de evitar a perda de azoto ou a lentido da fermentao. A relao C/N deverser aproximadamente 30/1, na formao da pilha. Uma relao inicial C/N demasiado

    alta poder ser corrigida juntando mistura a compostar materiais ricos em azoto, tais

    como estrume de galinha ou resduos da preparao de carnes e peixes. Uma relao

    inicial C/N demasiado baixa, poder ser corrigida, juntando mistura a compostar

    materiais ricos em carbono, tais como palha, papel, serradura ou aparas de madeira;

    Volume do material a compostar: das diferentes formas de compactao do material a

    compostar, o processo de pilha de compostagem mais utilizado o de revolvimentomanual ou mecnico, pois sem dvida o mais econmico, o mais fcil de preparar e

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    o que possui o menor tempo de compostagem. As pilhas devero ter uma largura

    mxima de cerca de 4 m, uma altura de cerca de 2,5 m e um comprimento em funo daquantidade de resduos a compostar. Para suportar as pilhas nos primeiros dias do

    processo devero ser utilizados painis amovveis;

    Dimenso das partculas: a decomposio da matria orgnica um processo

    essencialmente microbiolgico cujo intensidade est ligada rea de exposio ou

    superfcie especfica apresentada pelo material, isto quer dizer que teoricamente, quanto

    menor a partcula da matria orgnica, maior a superfcie de exposio e mais rpida

    ser a sua decomposio, logo menor ser o tempo de compostagem. Por um lado, ummaterial de reduzida granulometria mais fcil de manusear, tornando as operaes de

    mistura mais eficientes. Por outro, partculas demasiado pequenas favorecem a

    formao de agregados, aumentando assim o risco de compactao e diminuio do

    espao intersticial, dificultando o manuseamento e a circulao da gua e dos gases;

    Teor de humidade: A actividade dos microrganismos, principalmente das bactrias

    responsveis pela compostagem exige um teor de humidade entre 50 a 60%. Para a

    manuteno desse teor necessrio que sejam executadas regas peridicas, evitandocontudo o excesso de gua, que poder ser prejudicial ao processo. Deste modo,

    recomendvel a proteco dos montes com uma lona de plstico durante os perodos de

    chuva intensa, caso as pilhas estejam ao ar livre;

    Temperatura: a actividade dos microrganismos responsveis pela compostagem origina

    um aumento da temperatura proporcionando um grande aquecimento no material a

    compostar, atingindo nveis entre os 60 a 80C. No final do processo, a temperatura no

    interior do monte estar em equilbrio com a temperatura do meio ambiente. Nestas

    condies, o composto estabilizado no est mais sujeito ao processo de compostagem.

    Controle de pH: o controlo de pH deve ser regulado periodicamente para valores

    levemente cidos ou neutros, entre 6,5 a 7,5, atravs da rega diria das pilhas ou

    montes de matria-prima, ou no caso de se pretender reduzir rapidamente a acidez, com

    adio de carbonato de clcio (300g/m).

    No que diz respeito aos lixiviados formado durante o processo, podem ser aproveitados para

    regar as camas pois possuem uma elevada quantidade de azoto orgnico. No entanto,

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    antes de serem aproveitados, devem ser previamente misturados com gua, por serem

    levemente alcalinos.

    Ao longo do processo de compostagem, os montes devem ser revolvidos e regados

    diariamente, proporcionando uma melhor oxigenao do monte e controlo do pH. Por

    questes prticas, a altura dos montes deve ter aproximadamente 2 a 2,5 m, para que

    sejam mais fceis de revolver e para que a gua da rega chegue at profundidade dos

    montes.

    Este processo termina ao fim de 30 dias aproximadamente, uma vez controlado o grau de

    acidez, que deve estar compreendido entre 6,5 a 7,5, a humidade em torno de 50% a 60% e

    a temperatura no interior do monte deve ser aproximada temperatura ambiente.

    Quando se verificarem estes parmetros, o processo de compostagem termina e a matria-

    prima est disponvel para receber as minhocas.

    3.2.4.3 Construo e manuteno das camas

    Para iniciar a construo das camas deve-se prever entre estas, alas de circulao, em

    funo dos equipamentos e deslocamentos previstos. O terreno para a construo das

    camas deve estar devidamente impermeabilizado. Porm, sempre aconselhvel colocar as

    camas sobre uma lona de plstico que evite o contacto directo com o solo, o que facilitar, a

    recolha do hmus.

    A melhor poca para realizar esta operao, est compreendida entre os meses de Maro e

    Outubro, dado no haver uma variao considervel da temperatura.

    Numa primeira fase, o enchimento da cama de matria-prima devidamente compostada

    possui uma altura aproximada de 30 cm. A cama de vermicompostagem vai sendo

    construda com camadas de 25 a 30 cm at atingir um mximo de 2 m. A cama deve ser

    regada at atingir o teor humidade adequado. No vero a espessura desta camada dever

    ser menor e no Inverno cerca d e30 cm.

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    3.2.4.4 Povoamento das camas

    Antes de povoar as camas com as minhocas, o produtor deve certificar-se do teor de

    humidade e temperatura no seu interior. Para o povoamento da unidade, ser necessrio

    colocar 2 a 3 litros de minhocas por m2, tendo em conta a recolha do hmus, ao fim de 60

    dias.

    Esta operao deve ocorrer nas primeiras horas da manh, para que as minhocas tenham o

    mximo perodo diurno de adaptao, reduzindo-se assim a possibilidade de fuga com a

    chegada da noite.

    Durante os primeiros 30 dias da incorporao, no ser necessrio a disposio de mais

    matria-prima compostada. Passado esse tempo, as minhocas devem ser alimentadas

    consoante as suas necessidades.

    3.2.4.5 Recolha do hmus

    Ao fim de aproximadamente 60 dias de produo, o hmus j pode ser retirado da cama.

    A separao das minhocas do hmus efectuada pelo mtodo de camadas, isto , as

    minhocas vo subindo na pilha medida que vo digerindo a matria orgnica.

    3.2.4.6 Recolha do soro

    Ao longo do pavilho, o soro drenado e recolhido para um ou vrios reservatrios. A

    quantidade de soro retirado ao fim de um ms de produo ir depender da quantidade de

    minhocas existentes na cama e da diluio do soro com gua de rega.

    3.2.4.7 Secagem do hmus

    Este processo efectuado logo que o hmus retirado da unidade produtiva e poder

    demorar entre 8 dias a 3 semanas dependendo da quantidade de hmus que recolhido e

    da humidade presente no ar.

    O hmus revolvido atravs de uma retroescavadora, com alguma regularidade, para que asecagem se processe em todo o composto. No fim desta fase, o teor de humidade deve

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    estar entre os 30 e os 35%, para que o processo de crivagem se realize com a mxima

    eficincia.

    3.2.4.8 Crivagem

    A crivagem do hmus depende fundamentalmente da quantidade de impurezas presentes,

    da forma de secagem, bem como da finalidade de produo.

    Ser necessria a instalao de um crivo em cada Unidade de Vermicompostagem de forma

    a conseguir separar os materiais reciclveis, do hmus seco, do hmus lama e doscontaminantes.

    O crivo ser constitudo por uma malha inicial de 1 mm, seguida de malha de 2 mm e

    finalmente uma zona hmida, que permitir uma pr-lavagem dos reciclveis.

    Da fase de crivagem obter-se- o hmus e a fraco reciclvel que dever ser enviada para

    a Estao de Triagem para posterior encaminhamento para valorizao.

    3.2.4.9 Produtos Extrados

    3.2.4.9.1 Hmus

    o produto do material ingerido, transformado pelo intestino da minhoca e enriquecido de

    seres vivos, matria orgnica e macronutrientes, azoto, fsforo e potssio, bem como

    micronutrientes em quantidades necessrias e facilmente assimilveis e absorvidos pelas

    razes das plantas. um produto orgnico, inodoro, leve, macio, solto, finamente granulado,

    assptico e rico em sais minerais assimilveis pelas plantas. estvel, com pH 7 (neutro),pode ser colocado directamente sobre as razes das plantas, no as queimando. Possui

    ainda, uma grande e variada flora microbiana, enzimas, factores de crescimento, elementos

    essenciais em cidos hmicos e uma srie de hormonas fitoregulares, dispensveis para

    uma maior fertilidade natural do solo.

    Outra qualidade importante do hmus ter a capacidade de correco do solo, combinando-

    se com o ferro, alumnio e mangans, alm de outros elementos que, quando em excesso,

    se podem tornar txicos. A composio do hmus varia de acordo com o material usado nascamas e dos alimentos suplementares fornecidos para alimentar as minhocas.

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    Este composto uma fonte de alimentao constante das razes. Aumenta ainda a

    resistncia das plantas s doenas e seca, prolongando os perodos de florescncia efrutificao, tornando as culturas mais sadias e viosas. Alm de que, mais econmico que

    outros adubos qumicos porque no disperso e levado pelas chuvas.

    O composto por ser to rico como , pode ser valorizado numa panplia de fins. O composto

    pode ser encarado como uma fonte de matria orgnica. Visto sobre este prisma e quando

    aplicado ao solo a matria orgnica existente vai poder agir das seguintes formas:

    Permite a aglomerao das partculas minerais, o que provoca um arranjo espacial e

    estrutural mais eficiente na circulao de gua, ar e at mesmo das prprias razes da

    planta;

    Como imprime uma cor mais escura ao solo, vai fazer com que a absoro de calor seja

    mais elevada, o que, aliado a um maior contedo de gua no solo, permite planta

    regular e aumentar a sua temperatura;

    Aumenta o poder tampo do solo;

    Proporciona s plantas uma disponibilidade de nutrientes (azoto, fsforo, carbono,

    enxofre, outros micronutrientes) para estas se alimentarem, uma vez que a

    compostagem/vermicompostagem um processo de reciclagem de nutrientes;

    Como existem nutrientes em abundncia, deixa de haver competio entre os

    microrganismos e plantas;

    Aumenta a capacidade de reteno de gua.

    Estes factores benficos traduzem-se numa melhoria a nvel estrutural das culturas

    vegetais, como tambm se traduzem e repercutem nas taxas fotossintticas das mesmas.

    3.2.4.9.2 Lixiviado

    O lixiviado produzido durante o processo totalmente introduzido no processo, isto , o

    lixiviado produzido na compostagem reintroduzido na compostagem e o produzido na

    vermicompostagem reintroduzido na vermicompostagem.

    Estima-se que sejam produzidos cerca de 230 litros por cada tonelada de RSU que entram

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    no processo.

    3.2.4.10 Equipamentos necessrios

    Os equipamentos previstos para este tipo de instalaes so os seguintes:

    Trommel;

    Abridor de sacos;

    Tansportador para sacos do lixo;

    Transporte para triagem de volumosos;

    P sobre rodas (BOBCAT ou equivalente);

    Contentores metlicos.

    3.2.4.11 Recursos humanos necessrios

    Para implementao e funcionamento devero ser necessrios para cada Unidade de

    Vermicompostagem, tendo em conta o indicado pela Lavoisier:

    1 Tcnico (meio-tempo) e trs operrios (tempo inteiro).

    No caso da unidade de triagem a instalar no ASO devero ser necessrios:

    1 Tcnico (meio-tempo) e trs operrios (tempo inteiro).

    3.3 UNIDADE DE TRIAGEM

    3.3.1 Introduo

    A unidade de triagem proposta para a RESIOESTE (Figura 3.5) tem como objectivo a

    separao da fraco reciclvel proveniente da vermicompostagem dos RSU

    indiferenciados, para posterior valorizao.

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    Figura 3.5 Esquema da Estao de Triagem proposta

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    A unidade de triagem ficar localizada no actual CTRO.

    Pretende-se com a Estao de Triagem construir uma instalao onde os resduos sejam

    separados mediante processos essencialmente mecnicos.

    A linha de triagem permitir a separao automtica de:

    Filme plstico;

    Garrafas de PET;

    Garrafas de PET leo;

    Garrafas de PEAD;

    Embalagens de Carto para Alimentos Lquidos (ECAL);

    Poliestireno Expandido (EPS);

    Plsticos mistos;

    Alumnio;

    Ao.

    Aps a triagem automtica haver afinao destes materiais por forma a poder garantir a

    qualidade e especificaes da Sociedade Ponto Verde (SPV).

    Alm da separao, prev-se que os diferentes componentes sofram operaes de limpeza

    e acondicionamento, de acordo com as especificaes da SPV, sendo depois enviadas paraas indstrias transformadoras.

    Prev-se uma infra-estrutura de triagem com uma nave de cobertura e iluminao natural,

    com um sistema flexvel de velocidade varivel.

    No exterior esto contempladas zonas de armazenamento de vidro, monstros, madeiras e

    outros, bem como uma zona para resduos elctricos e electrnicos (REEE), e outra para

    armazenagem de pneus.

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    Quadro 3.7 Composio fsica dos RSU da rea de influncia da RESIOESTE (Fonte: IPA

    Estudo de Solues no mbito do Sistema de Recolha Selectiva de Materiais para o SistemaMultimunicipal do Oeste, 2002)

    Fraco Quantidade %

    Papel 15,83

    Plstico 9,83

    Metais 2,81

    Vidro 3,63

    Txteis 4,99

    Orgnicos 42,7

    Outros (madeira, pilhas, etc.) 15,08

    Finos < 20 mm 5,13

    Total 100

    3.3.3 Descrio da instalao proposta

    O dimensionamento dos equipamentos da estao de triagem foi concebido de modo a

    garantir que no haja estrangulamento de produo. Toda a instalao de separao

    comporta um sistema flexvel de velocidade varivel, adaptando-se deste modo aos

    objectivos de trabalho.

    A linha de triagem ser constituda por:

    Abre-sacos;

    O abre-sacos sera instalado a montante da linha de triagem, j que grande parte do material

    proveniente da recolha selectiva e que aflui estao de triagem est acondicionada em

    sacos de plstico. A alimentao deste equipamento ser feita de forma automatizada

    atravs de um tapete trabsportador.

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    Tapete transportador de recepo;

    Separador balstico;

    Equipamento aspirador de plstico filme;

    Equipamento separador ptico;

    Equipamento separador electromagntico;

    Equipamento separador de metais no ferrosos;

    Tapetes transportadores de borracha;

    Prensa enfardadora contnua.

    3.3.4 Nave de cobertura

    A soluo arquitectnica e construtiva a ser seleccionada para o Edifcio da Estao de

    Triagem integra-se formalmente nos edifcios envolventes, sendo possvel obter assim um

    conjunto final equilibrado e homogneo.

    A nave ser coberta e fechada com uma altura disponvel de modo a permitir a descarga

    das viaturas no seu interior. Nesta instalao ser considerada uma zona para descarga e

    recepo dos resduos provenientes da recolha selectiva, uma zona para os resduos

    provenientes da vermicompostagem, bem como uma zona para formao e armazenamento

    de fardos (aps prensa) para expedio, e zona para pessoal, incluindo balnerios,

    sanitrios (homens/senhoras), mobilirio e cacifos dentro da instalao projectada.

    O piso da nave ser resistente a choques provocados pelos acessrios (baldes, pinas, etc.)

    e circulao