AvaliaçãO Do Desempenho

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1 Construção de referenciais para avaliação do desempenho docente um roteiro reflexivo Eusébio André Machado ([email protected] ) Delegado da Secção Portuguesa da ADMEE (Associação para o Desenvolvimento de Metodologias de Avaliação em Educação)

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Construção de referenciais para avaliação do desempenho docente – um roteiro reflexivo

Eusébio André Machado ([email protected])

Delegado da Secção Portuguesa da ADMEE

(Associação para o Desenvolvimento de Metodologias de Avaliação em Educação)

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Referencializar a avaliação – porquê?

Desocultar

Legitimar Negociar

Clarificar

Fundamentar

O acto de avaliar

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Referencializar a avaliação – porquê?

a) assegurar que a avaliação é um processo transparente, fundamentado e rigoroso;

b) garantir que avaliação é uma “construção para qual os actores contribuíram” (Figari, 1996, p. 177) ;

c) promover a avaliação como um constructo colectivo que dá sentido (s) as acções humanas.

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“A avaliação do desenvolvimento profissional não é apenas uma actividade técnica, mas é também uma actividade profundamente política.” (Day, 2004, p. 115)

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Construir um referencial assenta num conjunto de “decisões políticas” (Hadji, 1994):

- “decisões” sobre as “intenções” da avaliação:

PARA QUE É QUE SE AVALIA?

- “decisões” sobre as “formas de organização” da avaliação:

COMO SE AVALIA?

- “decisões” sobre os “usos” da avaliação:

QUAL É A UTILIDADE DA AVALIAÇÃO?

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“INTENÇÕES” – PARA QUE É QUE SE AVALIA?De um modo geral, é possível identificar duas funções centrais para avaliação dos professores (Paquay, 2004, p. 24):

“1.º um balanço sumativo que se concretiza na prestação de contas, nas promoções, na valorização de estatuto ou nas certificações muitas vezes numa lógica de gestão de carreira;

2.º uma regulação formativa que visa uma melhoria do ensino, uma melhoria das competências do indivíduo (desenvolvimento profissional) e uma dinamização do ensino através nas suas tarefas e no seu desenvolvimento.”

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“FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO” – COMO SE AVALIA?

A referencialização:“o processo de elaboração do referente (articulado em torno das suas duas dimensões: geral e situacional). A referencialização consiste em assinalar num contexto e em construir, fundamentando-o com os dados, um corpo de referências relativo a um objecto (ou a uma situação), em relação ao qual poderão ser estabelecidos diagnósticos, projectos de formação e avaliações. (Figari, 1996: p. 52)

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Objectivos:i) encontrar e/ou construir referentes;

ii) operar diagnósticos provisórios que se destinam a motivar o prosseguimento da procura sistemática de informações;

iii) definir dimensões de avaliação: abrir categorias de questionamento que desemborcarão na formulação dos critérios utilizados para a avaliação;

iv) delimitação do contexto num ambiente multiforme, criando um quadro em relação ao qual os diagnósticos poderão ser discutidos;

v) justificar e nomear os critérios que presidirão à avaliação. Alves (2001: p.249)

Referencialização

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Referencialização – a construção de referenciais que se assumem como

- únicos;

- efémeros;- provisórios;- contextuais;- plurais.

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“Um referencial permanente com vocação estável estaria, com efeito, na origem de todos os perigos:

- o de se tornar uma norma ou uma bitola e restringir a avaliação a uma medida de conformidade (…);

- o de ser mal compreendido pelos utilizadores que não tivessem participado na sua elaboração;

- o de ser reflexo de uma situação já ultrapassada (…). (Figari, 1996, p. 181)

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ReferencializaçãoReferencialização ReferencialReferencial

Método de delimitação de um conjunto de referentes

Formulação provisória da referencialização

ReferenteReferente

“é um elemento exterior com que qualquer coisa pode ser relacionada, referida”, ou seja, o referente é “aquilo em relação ao qual um juízo de valor é produzido”

(Figari, 1999: p. 150)

ExternoExternoAdministração centralAdministração central

InvestigaçãoInvestigação

InternoInternoContexto localContexto local

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Critérios

Indicadores“uma forma observável, tangível, manipulável, quantificável”

(Alves, 2001: p. 261)

“os indicadores deverão fazer sobressair a informação, permitindo efectuar concretamente a comparação induzida pelo critério”

(idem: p. 266)

ReferentesReferentes

“modos de interpretação da informação”.

Figari (1996: 34)

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Dos referentes aos instrumentos – construção de um referencial para avaliação do “processo de avaliação das aprendizagens dos alunos” (alínea d) do n.º 1 do Artigo 17.º do Decreto Regulamentar n.º 18)

Avaliador: Coordenador de Departamento

a) Referentes (externos e internos)?b) Critérios?c) Indicadores?d) Instrumentos?e) Evidências?

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Referentes

Externos:

•ECD

•Estatuto do Aluno do Ensino Não superior

•Decreto Regulamentar n.º 2/2008

•Fichas de avaliação

•Despacho Normativo n.º 1/2005

•Programas

Internos:

PE

PAA

RI

PCE/PCT

Critérios de avaliação

Critérios

D.1 Adequação (regularidade e rigor)

Indicadores

1.1. Os critérios de avaliação foram apresentados/explicados aos alunos no princípio do ano lectivo?

1.2. A avaliação diagnóstica revelou-se adequada às características dos alunos e da turma?

1.3. A avaliação formativa teve um carácter contínuo, sistemático e adequado aos alunos?

1.4. Os instrumentos de avaliação foram adequados e aplicados de acordo com as características dos alunos e da turma?

1.5. Os resultados da avaliação das aprendizagens foram apresentados de modo adequado e em tempo útil aos alunos?

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Referentes

Externos:

•ECD

•Estatuto do Aluno do Ensino Não superior

•Decreto Regulamentar n.º 2/2008

•Fichas de avaliação

•Despacho Normativo n.º 1/2005

•Programas

Internos:

PE

PAA

RI

PCE/PCT

Critérios de avaliação

Critérios Indicadores

D.2 Pertinência

2.1. Os resultados da avaliação diagnóstica foram tidos em conta na preparação, organização e realização das actividades lectivas?

2.2. A avaliação formativa forneceu aos alunos informações úteis para a sua aprendizagem?

2.3. Os resultados da avaliação sumativa foram úteis para os alunos e os encarregados de educação tomarem decisões?

2.4. A avaliação das aprendizagens realizou-se de acordo com as características da turma e dos alunos?

2.5. A avaliação das aprendizagens teve sistematicamente implicações na preparação, organização e realização das actividades lectivas?

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Referentes

Externos:

•ECD

•Estatuto do Aluno do Ensino Não superior

•Decreto Regulamentar n.º 2/2008

•Fichas de avaliação

•Despacho Normativo n.º 1/2005

•Programas

Internos:

PE

PAA

RI

PCE/PCT

Critérios de avaliação

Critérios Indicadores

D.3 Conformidade

3.1. Os critérios de avaliação definidos pela escola foram respeitados?

3.2. O processo de avaliação das aprendizagens desenvolveu-se de acordo com as orientações legislativas?

3.3. A avaliação das aprendizagens teve em consideração as orientações definidas pela escola (PEE, PCE e PCT)?

3.4. A avaliação das aprendizagens respeitou as orientações dos programas curriculares?

3.5. Os instrumentos de avaliação revelam conformidade com as aprendizagens pretendidas, com o PCT e com as planificações?

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Referentes

Externos:

•ECD

•Estatuto do Aluno do Ensino Não superior

•Decreto Regulamentar n.º 2/2008

•Fichas de avaliação

•Despacho Normativo n.º 1/2005

•Programas

Internos:

PE

PAA

RI

PCE/PCT

Critérios de avaliação

Critérios Indicadores

D.4 Regulação 4.1. Os critérios de avaliação foram discutidos com os alunos?

4.2. A informação dos resultados dos avaliação permitiu a reflexão dos alunos?

4.3. Os instrumentos de avaliação foram objecto de resolução no sentido de promover a tomada de consciência e de auto-reflexão?

4.4. A avaliação das aprendizagens promoveu a participação dos alunos?

4.5. A auto-avaliação dos alunos teve efeitos na preparação, organização e realização das actividades lectivas?

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Instrumentos

•Lista de verificação

•Grelhas de Análise

Evidências

•Observação das aulas

•Análise Documental

•Portfolio

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“USOS” - QUAL É A UTILIDADE DA AVALIAÇÃO?Quais as condições para uma avaliação ser “mobilizadora” (Paquay, 2004, pp. 316-317, adaptado) ?“1.º Explicitar claramente os referentes da avaliação;2.º Assegurar a transparência dos procedimentos;3.º Garantir uma função unicamente formativa visando um melhoria das práticas de ensino e o desenvolvimento profissional;4.º Determinar as prioridades tendo como referência os diversos aspectos da profissão;5.º Associar os professores ao conjunto do processo de avaliação;6.º Inscrever o processo de avaliação do professor num processo alargado de avaliação das equipas e das escolas;7.ºAssegurar um ambiente que faça o professor sentir-se seguro.”

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“a avaliação das professoras e dos professores tornou-se indispensável, mas há o perigo de se falhar. A profissão deve continuar a ser um profissão do humano e ser avaliada como tal (…). Prestemos contas, colaboremos, aceitemos as avaliações, mas não esqueçamos que um ‘público-alvo’ é um povo vivo, que os ‘sistemas educativos’ são habitados por mulheres, homens e crianças, que as ‘organizações escolares’ são escolas vivas, e que as professoras e os professores são humanos providos de recursos antes de serem ‘recursos humanos’”. (Pasquier, 2001)

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Construção de referenciais para avaliação do desempenho docente – um roteiro reflexivo

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