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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
(T.C.C.)
CURITIBA
2006
2
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
(T.C.C.)
Silmar José Ramos
CURITIBA
2006
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Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmem Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Sa úde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medic ina Veterinária Profª Sérgio Meirelles Bronze Metodologia Científica Profª Elza Maria Ciffoni Galvão CAMPUS CHAMPAGNAT Rua .Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7958
ii
4
A P R E S E N T A Ç Ã O
Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de
Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas as
atividades realizadas por Silmar José Ramos, durante o período de 07/08 a
07/11/2006 no Zoológico Municipal de Curitiba-PR, cumprindo estágio curricular e
também de uma Monografia que versa sobre o tema: “Avaliação da Eficácia do
Cinamomum CH30 Frente a Nematóides Gastrintestinais de Camelídeos no
Zoológico de Curitiba-PR”.
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Simar José Ramos
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
CURITIBA
2006
Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciência Biológicas
e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito parcial para obtenção do título de Médico
Veterinário.
Professor Orientador: M.V Dr. Silvana Krychak Furtado
Orientador Profissional: M.V. M.sC. Manoel Lucas
Javorouski
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... iii
RESUMO...................................................................................................................... Iv
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1
2 CASOS CLÍNICOS.................................................................................................... 6
2.1 LESÃO PULMONAR OBSERVADA NA NECRÓPSIA DE UM CATETO (Tayassu tajacu)...........................................................................................................
6
2.1.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 7
2.1.2 ETIOLOGIA.......................................................................................................... 9
2.1.3 ACHADOS CLÍNICOS......................................................................................... 10
2.1.4 LESÕES............................................................................................................... 13
2.1.5 DIAGNÓSTICO.................................................................................................... 13
2.1.6 TRATAMENTO E CONTROLE............................................................................ 13
2.2 MIOPATIA DE CAPTURA EM Antílope cervicapra................................................ 14
2.2.1 ETIOLOGIA.......................................................................................................... 15
2.2.2 SINAIS CLÍNICOS E DIAGNÓSTICO.................................................................. 15
2.2.3 TRATAMENTO E PROGNÓSTICO..................................................................... 16
3 CONCLUSÃO............................................................................................................ 17
4 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 18
LISTA DE FIGURAS
ii
7
FIGURA 1- CARDÁPIO DE AVES NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA-PR.......... 0
FIGURA 2- PORTÕES DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA CÓPIA FIEL DO CEMITÉRIO DE CÃES DE PARIS...............................................................................
2
FIGURA 3- MACACO MONO-CARVOEIRO EM SEU RECINTO NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA-PR........................................................................................
3
FIGURA 4- PEIXES NO SETOR DE AQUÁRIOS DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA-PR...............................................................................................................
4
FIGURA 5- QUATI DE VIDA LIVRE NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR.................. 5
FIGURA 6- CAITITU (Tayassu tajacu), COM HIPERPNEIA APÓS A CAPTURA NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR..................................................................................
6
FIGURA 7- GLÂNDULA LOCALIZADA NO DORSO DE CAITITU (Tayassu tajacu)... 7
FIGURA 8- Tayassu tajacu, COM FILHOTE AO LADO, NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR...............................................................................................................
8
FIGURA 9- LESÕES PULMONARES EM Tayassu tajacu, NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR...............................................................................................................
11
FIGURAS 10- MULTIPLOS ABCESSOS EM PULMÃO DE Tayassu tajacu, NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR..................................................................................
12
FIGURA 11- EXUDATO PURULENTO NO LOBO DIREITO DO PULMÃO DE Tayassu tajacu..............................................................................................................
12
FIGURA 12- COLORAÇÃO ANORMAL DO PULMÃO DE Tayassu tajacu.................. 13
FIGURA 13- RECINTO DOS Antílope cervicapra, NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR.................................................................................................................................
14
FIGURA 14- CAPTURA DE ANIMAL APRESENTANDO SINAIS DE MIOPATIA POR CAPTURA NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR.................................................
15
RESUMO
iii
8
No período de agosto a outubro de 2006, foi realizado no zoológico de Curitiba, o estágio curricular obrigatório de Silmar José Ramos sob orientação profissional de Manoel Lucas Javouruski e orientação acadêmica de Silvana Krychak Furtado. O estágio foi desenvolvido na área de medicina veterinária, cumprindo 320 horas e envolvendo todas as suas divisões. Os casos observados e acompanhados foram divididos de acordo com suas modalidades, e variam desde a medicina preventiva a Clinica Cirúrgica e terapias alternativas. Pôde-se também observar a interação dos técnicos e suas condutas diante de casos clínicos e diagnósticos variados relacionados aos animais de zoológico ou silvestres. Dentre os muitos casos clínicos acompanhados podemos citar alguns como estomatite em cobra da espécie Spilotes pullatus (cornuta caninana), tratamento de Lesão de córnea em ave da espécie Ambima cornuta (ainhuma), tratamento de dermatofitose em pé de ave da espécie Cyanocorax caeruleus (gralha-azul), fratura completa de radio e ulna em ave da espécie Tigrisoma seneatum (socó-boi), tratamento de lesões podais e cutâneas de Tapirus terrestris (anta), vacinações contra raiva de herbívoros, entre muitos outros procedimentos realizados. Neste período pôde-se ainda verificar o manejo nutricional e de ambiente. Na cozinha, o acompanhamento na manipulação dos alimentos e preparação de rações diárias específicas foi orientado pelos profissionais deste setor. Relacionados aos recintos observou-se a especificidade de cada espécie e suas particularidades, algumas com maior necessidade de enriquecimento que outras, porém sempre respeitando as características naturais do animal.
iv
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FIGURA 1- CARDÁPIO DE AVES NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA-PR,2006
FONTE: RAMOS, 2006
1 INTRODUÇÃO
10
O acervo do Zoológico de Curitiba é dividido em duas partes distintas, sendo
uma o Passeio Público e a outra o Parque Municipal do Iguaçu.
O Passeio Público foi fundado em 1886, sendo o parque mais antigo de
Curitiba. Criado pelo presidente Alfredo D’Estragnolle Taunay, o parque sofreu uma
série de mudanças ao longo do tempo. Em 2 de julho de 1887 foram inaugurados
oito lampiões a gasolina, e em 19 de dezembro de 1887, o engenheiro Lazzarinni,
auxiliado pelo alemão Schewing, instalou um gerador para informar a província do
mais novo prodígio da ciência moderna, a primeira lâmpada elétrica.
O Passeio Público, primeiro zoológico de Curitiba, foi palco de fatos
marcantes na vida cultural e no folclore curitibanos. Em 1909, foi dali que alçou vôo
num balão a intrépida Maria Alda, para aterrizar desastrosamente no telhado da
Catedral Metropolitana, na Praça Tiradentes. O Portal do Passeio Público (fig 1), é
uma copia fiel do portal do Cemiterio de cães de Paris. Em 1911, na ilha desde
então chamada da Ilusão, o simbolista Emiliano Perneta foi coroado “Príncipe dos
Poetas Paranaenses” (CURITIBA,2006).
FIGURA 1 - PORTÕES DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA, CÓPIA FIEL DO CEMITÉRIO DE CÃES DE PARIS
11
FONTE: CURITIBA,2006
O Passeio público possui uma área de 69.285m e pode ser dividido em
setores, Belém I, Belém II, Serpentário, Aquário, Ilhas, Viveiros, Isolamento, Cozinha
e administração. O acervo do Passeio Público conta com mamíferos como o mico-
leão-de-cara-dourada, (Leontopitheus chrysonela), o macaco mono carvoeiro
(Brachyteles arachnoides) (fig 2), a cutia-da-amazônia, (Dasyprocta leporina), e aves
como o pelicano-rosa (Pelecanus onocrothalus), o guará-rubro (Eudocinus rubra),
entre papagaios e araras de diferentes estados brasileiros além de aves
sinantrópicas que utilizam a área como abrigo e local de alimentação, como sabiás,
garças, socós e outros pássaros.
FIGURA 2 - MACACO MONO-CARVOEIRO EM SEU RECINTO NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA-PR,2006
12
FONTE: RAMOS, 2006.
No aquário (fig 3), podemos encontrar variedades de peixes brasileiros e
exóticos como a piranha (Serrasalmus sp) e o beijador (Helostoma tenminckii). Nos
156m do terrário estão em exposição algumas serpentes como a cascavel (Crotalus
durissus) e a caninana (Spilotes pullatus). Muitas pessoas visitam o Passeio Público
todos os dias, porém nem todas utilizam o local com fins ligados à integração com o
meio e a natureza.
FIGURA 3 - PEIXES NO SETOR DE AQUARIOS DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA-PR, 2006
13
FONTE:RAMOS, 2006.
No Parque Regional do Iguaçu a área verde é constituída por uma mata de
Araucárias bastante conservada que, inclusive abriga animais da fauna silvestre
vivendo em harmonia com os animais do acervo. Entre estes animais foram
observados mamíferos como quatis (Nasua nasua) (fig 4), furões (Galictis cuja),
capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris), cutias (Dasyprocta azarae), bugios (Alauatta
fusca), gambás (Didelphis sp), aves como o jacu (Penelope obscura), gralhas
(Cyanocorax chrysops), saracuras e variados pássaros.
O parque foi criado em 1976, na região sudeste de Curitiba, para preservar os
fundos do vale do Iguaçu, o mais importante do Paraná. Possui 14km de extensão,
uma largura média de 571m, numa área de aproximadamente 569 mil metros
quadrados. O Zoológico que ocupa 530.000 mil metros foi criado para acolher os
grandes animais até então confinados no Passeio Público, foi entregue em 1982 e
possui atualmente cerca de 2300 animais.
14
A casa do Acantonamento é pioneira no país e propicia aos estudantes da
rede municipal de ensino, a realização de eventos de caráter educacional ligados à
educação ambiental e conservacionista.
FIGURA 4 - QUATI DE VIDA LIVRE NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA.
FONTE: RAMOS, 2006.
2 CASOS CLÍNICOS
2.1 Lesão Pulmonar Observada na Necropsia de um Cateto (Tayassu tajacu).
15
O histórico deste caso refere-se a um animal adulto, fêmea, apresentando
anorexia, alterações na movimentação, freqüência respiratória alterada e dispnéia
(fig 5). Após a captura este animal apresentou extrema dificuldade respiratória, vindo
a óbito logo após a administração de medicação. Na necropsia foram observadas
lesões pulmonares em todo o parênquima do órgão e linfoadenomegalia. As lesões
encontradas eram de natureza caseosa e principalmente constituídas por tecido
fibroso. Não se observou alteração significativas em outras estruturas.
FIGURA 5 - CATETO (Tayassu tajacu), COM HIPERPNÉIA APÓS A CAPTURA NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA, 2006
FONTE: RAMOS, 2006.
2.1.1 Introdução
O Cateto ou Caititu [Tayassu tajacu (LINK, 1795)], é a menor das duas
espécies de suínos silvestres brasileira, medindo cerca de 90cm e pesando 20kg.
16
Apresenta uma coloração característica que inclui um “colar” branco amarelado em
frente às patas anteriores. Este colar apresenta-se largo inferiormente e muito
estreito no dorso. O corpo é marrom escuro, quase preto, salpicado de branco,
devido a presença de cerdas brancas e pretas. A cabeça é estreita, com orelhas
pequenas. O focinho é móvel, com extremidade em forma discoidal. As narinas
grandes e arredondadas são bem separadas como nos suínos domésticos. As
pernas são finas e longas, as patas anteriores possuem quatro dedos e as
posteriores três. Apresentam uma glândula de cheiro (fig 6), que utilizam quando
ameaçados (SILVA 1994).
FIGURA 6 - GLÂNDULA LOCALIZADA NO DORSO DE CATETO (Tayassu tajacu)
FONTE: RAMOS, 2006
Possuem hábitos crepusculares com território de ação em torno de cinco
quilômetros. Andam em pequenos grupos compostos de jovens e adultos tendo um
macho mais velho como líder. Alimentam-se de material vegetal como frutos caídos,
tubérculos, bulbos, talos e eventualmente pequenos animais. Evidenciam sua
17
presença por deixarem a terra revolvida em seu caminho. A ninhada, normalmente
constituída por dois leitões é muito bem protegida pelo grupo e seguem a mãe (fig
7), poucas horas após o nascimento (SILVA 1994).
FIGURA 7- Tayassu tajacu COM FILHOTE AO LADO, NO ZOOLÓGICO DE
CURITIBA, 2006
FONTE: RAMOS, 2006.
2.1.2 Etiologia
As doenças respiratórias dos suínos podem ser classificadas em duas
categorias amplas, com base na extensão da lesão e na duração da doença clínica.
18
As doenças incluídas na primeira categoria podem ser bastante custosas, mas as
perdas são mais limitadas. Elas incluem a influenza suína, a cólera suína, as formas
pneumônicas da pseudo-raiva e a síndrome reprodutiva e respiratória suína. Os
vírus causadores podem persistir no rebanho, mas os surtos de doença clínica
tendem a ser autolimitantes. As síndromes mais comuns na segunda categoria são a
rinite atrófica, a pneumonia micoplasmática e a pleuropneumonia. A salmonelose e a
infecção por Haemophilus parasuis, podem constituir problemas significativos em
alguns rebanhos. Os níveis moderados de rinite atrófica causada por Bordetella
bronchiseptica sozinha podem não ser demasiadamente significativos, mas, quando
ocorrem com cepas toxigênicas de Pasteurella spp, constituem causa de perdas
econômicas importantes devido à diminuição de conversão alimentar em suínos
jovens. A pneumonia enzoótica quando causada somente por micoplasma, possui
poucas conseqüências, mas quando combinada com infecções secundárias, às
afecções podem ser severas. Actinobacillus pleuropneumoniae pode se associar
com perdas consideráveis em alguns rebanhos AIELLO, 2001.
Segundo AIELLO, 2001, é praticamente impossível manter rebanhos livres de
doenças respiratórias, pois estas são transmitidas por aerossóis e muitas vezes por
distâncias longas que podem chegar a mais de 3,2km, variando de acordo com
clima, umidade e da densidade da população.
Muitas das doenças respiratórias são endêmicas em algumas populações,
podendo ser determinadas por alguns fatores como o estresse, o manejo, a
densidade de população, a ventilação, o controle de temperatura e a liberdade de
movimentação AIELLO, 2001.
De acordo com o trabalho desenvolvido por MANGINI et al. (2004), onde os
autores estudaram a ocorrência de soropositividade para doenças infecto
contagiosas em populações silvestres e cativas, na região de Foz-do-Iguaçu,
devemos considerar que muitas das infecções respiratórias em suínos silvestres
cativos ou livres podem ter origem a partir de animais domésticos. Tornando os
animais silvestres de vida livre portadores e transmissores entre animais selvagens e
domésticos.
19
2.1.3 Achados Clínicos e Lesões
No presente relato o animal apresentou sinais ante-morten compatíveis com
um quadro de pneumonia micoplasmática.
Segundo AIELLO, 2001, esta doença infecciosa crônica é clinicamente leve
em suínos, sendo caracterizada por sua capacidade de tornar-se endêmica no
rebanho e produzir mortalidade baixa e morbidade alta. A tosse seca e persistente
constitui sinal clínico mais comum e torna-se evidente ao esforço. Adicionalmente,
são observados atraso no crescimento, “acessos” esporádicos de desconforto
respiratório claro e incidência alta de lesões pulmonares. Alguns suínos do rebanho
podem desenvolver pneumonias graves, sendo que os fatores predisponentes
incluem mudança no tempo, infecções virais transitórias e migração parasitária. A
doença geralmente é mais grave quando ocorre pela primeira vez no rebanho.
Na maioria dos casos esta doença é agravada por infecções secundárias,
determinadas por algumas cepas de M. hyorhinis ou ainda alguns vírus, que podem
atuar como agentes primários, produzindo uma síndrome que lembra a causada por
M. hyopneumoniae AIELLO, 2001.
Segundo o autor acima, os pulmões podem ficar de cor acinzentada ou
arroxeada, evidente nos lobos apical e cardíaco, caracterizando lesões antigas. No
exame histológico podem-se encontrar células inflamatórias nos bronquíolos,
embainhamento perivascular e peribronquiolar, além de hiperplasia linfóide extensa.
Na QUADRO 1, pode-se observar o hemograma e padrões bioquímicos
normais para a espécie, segundo FOWLER (1984) e os valores o encontrados no
animal relatado neste caso.
QUADRO 1 - VALORES NORMAIS DE HEMOGRAMA E PADRÕES BIOQUÍMICOS PARA Tayassu tajacu, COMPARADOS COM RESULTADOS OBTIDOS EM ANÁLISE DE CASO CLÍNICO NO ZOO DE CURITIBA. Elementos Padrão normal Valor encontrado
Proteína total(gm/dl) 6,5-10,0 11,0
Hematócrito (%) 39-46 34
20
Leucócitos(%) 6.000-17.000 12.1000
Linfócitos(%) 23-44 49
Monócitos(%) 1-3 05
Eosinófilos(%) 1-2 0
Eritrócitos (milhão/µl) 7.10
FONTE: PADRÃO NORMAL FOWLER: CASO CLÍNICO: RAMOS 2006.
FIGURA 8 - LESÕES PULMONARES EM Tayassu tajacu, NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA, 2006
FONTE: RAMOS, 2006.
FIGURA 9 - MÚLTIPLOS ABCESSOS EM PULMÃO DE Tayassu tajacu, NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA, 2006
21
.
FONTE: RAMOS, 2006.
FIGURA 10 - EXUDATO PURULENTO NO LOBO DIREITO DO PULMÃO DE Tayassu tajacu
FONTE: RAMOS. 2006
22
FIGURA 11 - COLORAÇÃO ANORMAL DO PULMÃO DE Tayassu tajacu
FONTE: RAMOS, 2006.
2.1.4 Diagnóstico
É baseado nos achados clínicos, patológicos e epidemiológicos. Testes
sorológicos como fixação de complemento e ELISA podem ser utilizados, porém os
resultados freqüentemente são de difícil interpretação AIELLO, 2001.
2.1.5 Tratamento e Controle
O tratamento é paliativo e com o objetivo de diminuir os sinais relacionados às
infecções secundárias. São indicados antibióticos a base de tilosina, lincomicina,
tiamulina ou tetraciclina. O controle inclui cuidados no manejo, principalmente com a
proteção contra ventos, e uso de recintos específicos para animais saudáveis e
contaminados. Existem bacterinas que quando administradas diminuem a
intensidade de lesões macroscópicas AIELLO, 2001.
No zoológico o tratamento estipulado para este caso específico foi à base de
antibióticos. Para o rebanho e para o animal doente foi administrado terramicina em
23
pó na dose de duas medidas polvilhadas diretamente no comedouro dos animais.
Os tratadores foram alternados para que possíveis veiculações possam acontecer
entre recintos.
2.2 Miopatia de Captura em Antílope cervicapra.
Este relato se refere a um animal adulto, fêmea, com histórico de vacinação
anti-rábica dois dias anteriores ao atendimento. O animal foi encontrado pelo
tratador apresentando sinais de tetania, rigidez muscular, alterações respiratórias e
mucosas congestas.
FIGURA 13 - RECINTO DOS (Antílope cervicapra), NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR
FONTE: RAMOS, 2006.
2.2.1 Etiologia
24
A miopatia de captura é uma enfermidade comum em animais selvagens
submetidos a situações de estresse. A fisiopatologia da doença esta relacionada à
elevação de níveis de potássio serico, alterando o equilíbrio ácido-base gerando
profunda acidose metabólica. O animal é acometido por um colapso circulatório e
muitas vezes fibrilação cardíaca ACCO, ALEXANDRA (1998).
2.2.2 Sinais Clínicos e Diagnóstico Laboratorial
Os sinais clínicos, de acordo com AIELLO, 2001, podem incluir edema
muscular, dor, claudicação, alterações na freqüência respiratória, hiperpneia, rigidez,
colapso, mioglobinemia e insuficiência renal aguda. A urinálise revela mioglobinúria
e níveis elevados de potássio, fósforo e enzimas musculares aumentam.
FIGURA 14 - CAPTURA DE ANIMAL APRESENTANDO SINAIS DE MIOPATIA POR CAPTURA NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR, 2006
FONTE: RAMOS, 2006.
2.2.3 Tratamento e Prognóstico
25
Segundo AIELLO, 2001, o tratamento é baseado em fluidoterapia por via
intravenosa associada à administração de bicarbonato. Outras medidas incluem o
resfriamento do corpo, repouso e uso de miorrelaxantes como os benzodiazepínicos.
Em todos os casos o prognóstico é variável de acordo com o caso.
Nesta situação específica além de fluidos hidroeletrolíticos foram utilizados
medicamentos como antibióticos antinflamatórios esteroides e complexos
vitamínicos. Após três dias o animal foi solto em seu recinto recuperado.
QUADRO 2 - PROTOCOLO USADO PARA TRATAMENTO MIOPATIA POR CAPTURA EM Antilope cervicapra
DATA DROGA DOSE VIA HORA
29/09/06 ENROFLOXACINA 10% 2ml SC MANHA
29/09/06 DEXAMETAZONA (AZIUM) 4ml IM MANHA
29/09/06 AMINIGLICOSÍDEOS-PENTABIÓTICO 4ml SC MANHA
29/09/06 RINGER LACTATO+GLICOSE 5% TOTAL 1 L IV MANHA
29/09/06 VITAMINA-B-1 (MONOVIM B1) 5ml IM MANHA
FONTE: RAMOS, 2006.
3 CONCLUSÃO
26
O estágio realizado no zoológico de Curitiba-PR propiciou conhecimento em
uma área da Medicina Veterinária, pouco estudada no período acadêmico, a
medicina de animais silvestres. No período em que o estágio foi realizado, pode-se
acompanhar várias situações onde a aplicação dos conhecimentos teórico-práticos
foi concretizada. A rotina em um zoológico é bastante imprevisível, pois a grande
quantidade de animais, a diversidade e o estresse podem gerar situações
emergenciais exigindo dos profissionais extrema dedicação e prontidão diante dos
casos.
4 REFERÊNCIAS
27
ACCO, ALEXANDRA, Mensuração dos Níveis Séricos de Cortisol e de Lactato
Desidrogenase como Indicadores de Estresse em Cutia (Dasyprocta agarae), Archives of
Veterinary Science, vol 3(1998), [online] 3:1, disponível em
http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojsz/index.phd/veterinary/article/view/3769. acesso em
30/10/2006.
AIELLO, 2001, editora Rocca 8ª edição, São Paulo-SP, pág 908-909, 705, 1041.
FOWLER, MURRAY. Zôo & Animal Medicine, pg 964-967. Colorado, 2ªedição, 1986.
MANGINI,P.,GAZINO-JOINEAU,M.,CARVALHO-
PATRICIO, M. FORTES, M. GONÇALVES, M. MARGARIDO, T. KLUEZVSKY, JR. A.
KLENZ, C.2004 oct15. Estudo da Ocorrência de Soros positivos para Doenças Infecto
Contagiosas em Populações Selvagens e Cativas de Tayassu pecari, Na Região de Foz do
Iguaçu-PR. Archives of Veterinary Science, [online] 4:1, disponível em
:http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojsz/index.phd/veterinary/article/view/3769. Acesso em
30/10/2006.
SILVA, FLÁVIO, Mamíferos silvestres do rio grande do sul-2ªedição, porto alegre-
1994.
WALLACK, JOEL D., WILLIAM, J, BOEVER. Diseases of Exotic Animals. Rio de Janeiro-RJ.
Pg-631-651.
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Avaliação da eficácia de Cinamomum CH30 frente a Ne matódeos
Gastrintestinais de Camelídeos no Zoológico de Curi tiba-PR
Silmar José Ramos
Orientador: Silvana Krychak Furtado,
Co-orientador: Manoel Lucas Javorouski,
CURITIBA
2006
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Avaliação da eficácia de Cinamomum CH30 frente a Ne matódeos
Gastrintestinais de Camelídeos no Zoológico de Curi tiba-PR.
Silmar José Ramos
Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina Veterinária como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Médico Veterinário.
CURITIBA 2006
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DEDICATÓRIA
Aos olhares silenciosos e expressivos daqueles que sempre estiveram
presentes em minha vida desde meus primeiros passos. Aos animais, que me deram
alegrias e me ensinaram a ver o mundo de uma maneira mais humana, que muitos
jamais experimentarão. Aos muitos que me ensinaram, que mesmo sem a
consciência me confiaram, me olharam na alma, me tocaram o coração. Àqueles
que se foram diante de minha impotência, àqueles que se foram confiando na minha
bondade, àqueles que se foram me olhando nos olhos e que me fizeram ficar noites
com uma despedida em meus sonhos, aos que sempre me esperaram felizes sem
nunca cobrar algo maior que um afago, aos que mesmo ignorados ou mal tratados
ainda confiaram em mim, aos animais que me trazem o sentimento maravilhoso de
ser uma eterna criança cada vez que vejo o mundo pelos seus olhos, dedico.
31
AGRADECIMENTOS
Só, eu jamais teria andado por caminhos tão árduos, jamais teria visto além de minhas barreiras, e jamais sentiria o que sinto hoje ao olhar para trás.
Agradeço com muito carinho à família maravilhosa que tenho, à minha mãe Maria, às minhas irmãs Sônia e Suelyn Cristina que estiveram presentes em todos os momentos importantes, me apoiando e me incentivando.
Agradeço à minha avó Zelina, que esteve conosco sendo sempre carinhosa e nos dando referências positivas de coragem e amor.
Agradeço aos meus amigos verdadeiros que sempre participaram, me entenderam, torceram e colaboraram para que este momento existisse.
Agradeço a minha orientadora, profª Drª Silvana Krychak e a Silmara Cadene que estiveram presentes me auxiliando e incentivando.
Agradeço à equipe do Zoológico de Curitiba, que participou me propiciando conhecimentos importantes.
Agradeço aos cães do Instituto Solidariedade que propiciaram a experiência e reflexões necessárias para a minha formação.
Enfim, a todos que entraram em minha vida e que de alguma forma, me fizeram seguir adiante, diminuindo os obstáculos, atenuando as dificuldades, com palavras concretas, gestos carinhosos e atitudes nobres.
Obrigado.
32
Resumo
No período de agosto a outubro de 2006, foi estudado o nível de infecção parasitária
em camelídeos, no zoológico de Curitiba. Os animais estudados foram lhamas;
Lama peruana, alpacas; Lama pacos e camelos; Camelus bactriamus. Verificada a
presença de nematóides, foi realizada a aplicação do Cinamomum CH30 como
homeopático com ação antiparasitária. Acompanhou-se o nível de infestação
parasitária, pela contagem de Opg dos animais durante o período de pré-aplicação,
durante os cinco dias de tratamento com o fitoterápico e após a aplicação. Verificou-
se uma deformação nos ovos durante os dias de tratamento, voltando à normalidade
após o encerramento da administração evidenciando uma ação somente sobre a
viabilidade dos ovos e apenas no período em que o produto estava sendo
administrado.
Palavras-chaves: Cinamomum CH30, Anti-helmíntico, Camelídeos, Zoológico,
Curitiba.
.
33
Abstract
Between August and october of 2006, the level of parasite infection in the camelids of
Curitiba´s Zoo was estudied. The estudied animals were lhamas, Lama glama, Lama
pacos and Camelus bactrianus. Verified the presence of gastrointestinal nematoides,
the Cinamomum CH30 was applied as a homeopatic antiparasite. The level of
parasite infection was measured by counting the animal Opg during the pre aplication
time, during the threatment five days with the phytotherapic and after the aplication
Was Observed a deformation for the eggs while the product have been aplicated ,
but it became normal after the end of the admisnistration . Showing a result just
about the viability of the eggs and just by the time that the product have been used.
Keywords: Cinamomum CH30, anthelmintic, Camelids, Zoo, Curitiba.
34
SUMÁRIO
1 Introdução......................................................................................................1
1.1 Objetivos.......................................................................................................3
1.1.2 Específicos....................................................................................................3
2 Revisão Bibliográfica.....................................................................................4
2.1 Nematóides....................................................................................................4
2.1.1 Reprodução e Crescimento...........................................................................6
2.1.2 Ecologia dos Nematóides..............................................................................6
2.2 Os Camelídeos..............................................................................................7
2.2.1 Manejo.........................................................................................................12
2.2.2 Manejo Nutricional.......................................................................................13
2.2.3 Manejo Sanitário..........................................................................................15
2.2.4 Patologia Clínica dos Camelídeos...............................................................15
2.2.5 Anatomia Gastrintestinal..............................................................................16
2.3 Neen............................................................................................................16
3 Materiais e Métodos....................................................................................31
3.1 Técnicas Coproparasitológicas....................................................................21
3.1.1 Técnica Coproparasitológica de Gordon e Withlock....................................21
3.1.2 Técnica de Roberts e O‘Sullivan..................................................................22
4 Resultados e Discussão..............................................................................24
5 Considerações Finais..................................................................................31
6 Referências Bibliográficas...........................................................................33
35
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- NATIVOS DA TRIBO ONA NA PATAGÔNIA, VESTIDOS COM PELES
DE GUANACO............................................................................................................8
FIGURA 2- CATURA DE CHULENGO VIVO COM CAVALO E BOLEADEIRAS...........................................................................................................9
FIGURA 3- PATAS TUFADAS, ADAPTAÇÃO A VIDA NOS DESERTOS..............................................................................................................11
FIGURA 4- MONTES DE ESTERCO NO RECINTO DE CAMELÍDEOS SUL-AMERICANOS. DO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR .............................................12
FIGURA 5- SUPLEMENTAÇÃO DE LEGUMES E FRUTAS PICADAS PARA
CAMELIDEOS SUL-AMERICANOS NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA –PR............14
FIGURA 6- LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA DA UTP..........19
FIGURA 7- APLICAÇÃO DO CH30 EM BANANAS.................................................19
FIGURA 8- OVO DA SUPERFAMILIA STRONGYLOIDEA.....................................20
FIGURA 9- LEITURA DA TÉCNICA DE GORDON E WITHLOCK, NO LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA DA UTP............................22 .
FIGURAS 10- TÉCNICA DE CULTURA DE LARVAS REALIZADA NO LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ...................................................................................................................23
FIGURA 11- LARVAS NASCIDAS PELO MÉTODO DE CULTURA DE FEZES NO
LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE TUIUTI
DO PARANÁ.............................................................................................................26
FIGURA 12- OVO DA SUPERFAMÍLIA STRONGYLOIDEA APRESENTANDO DEFORMIDADES NA CASCA..................................................................................28
36
Lista de Abreviaturas
S.A.C-South Americam Camelids.
Huacaya- Raça de lhama com pelame mais saliente e abundante.
Suri- Raça de lhama com pelame nivelado e com menor cobertura na cabeça.
NTD- Nitrogênio Total Digerível.
MPA- Medicação pré-anestésica.
Hcg- Gonadotrofina Corionica Humana.
Gnrh- Hormônio regulador das gonadotrofina.
CL- Corpo Lúteo.
OPG -Ovos por grama de fezes.
Sharp teet-Protuberância na extremidade das fezes dos SAC.
Conacs- Conselho Nacional de Camelídeos Sul Americanos
Conopa
37
1 Introdução
Na Medicina Veterinária, o problema parasitário tem significativa importância,
causando redução na taxa de crescimento, diminuição de produção, doenças
clínicas como diarréia e anemia. A taxa de prevalência parasitária é alta, assim como
os animais afetados apresentam altas taxas de letalidade. Entre os diferentes grupos
animais, os ruminantes mostram-se bastante susceptíveis a altas taxas de infecções
helmínticas, seja por deficiências relacionadas ao manejo de pastagem e número de
piquetes, quanto pela biologia dos parasitos e presença de cepas resistentes aos
anti-helminticos convencionais (FORTES, 1977). Nos países em desenvolvimento
um dos principais problemas relacionados à baixa produtividade dos rebanhos está
relacionado aos parasitas gastrintestinais (Praslicka,1995; Waller et al, 1996).
Segundo Mari e Fiel (1992) os prejuízos podem até mesmo inviabilizar a produção
animal, fato confirmado por Soccol et al (1999). De acordo com Amarante (2004),
praticamente 100% dos ruminantes domésticos são portadores de pelo menos uma
espécie de parasita gastrintestinal.
Levantamentos coproparasitológicos sugerem que os Camelídeos são
parasitados pelos mesmos gêneros que acometem os ruminantes domésticos.
No Zoológico de Curitiba-PR, os camelídeos apresentaram níveis variáveis
de parasitismo gastrintestinal, mais acentuado nos camelos, que necessitaram de
administração mais freqüente de drogas anti-helminticas e controle parasitário mais
rigoroso (tabela).
Entre os Nematóides de interesse médico veterinário, podemos citar os
gêneros: Haemonchus, Trichostrongylus, Ostertagia, Nematodirus e Cooperia
(FORTES, 1997). Segundo SOCCOL (1999), quando o número de animais por
piquetes é alto e a área desses é reduzida, ocorre aumento da contaminação
ambiental com os estágios de vida livre dos parasitas, o que mantém de forma
permanente a fonte de infecção nas pastagens.
Por ordem de importância, temos o gênero Haemonchus, que é responsável
por diminuição da produtividade e ainda apresenta elevadas taxas de prevalência
associadas a grande patogenicidade e mortalidade (AROSEMENA et al., 1998). Este
38
gênero possui hábito hematófago que, determina sinais clínicos compatíveis com
anemia e perda de peso. É também o parasita que apresenta maior resistência aos
medicamentos antiparasitários disponíveis (FORTES, 1977).
O gênero Ostetargia, segundo URQUHART at al (1998), é especialmente
importante nos climas temperados e em regiões subtropicais com chuvas de inverno,
causando uma sintomatologia ligada a alterações patológicas e bioquímicas no
animal acometido.
A doença causada pelo gênero Cooperia inclui redução de peso e diarréia,
uma vez que o parasita possui tropismo pelo intestino delgado (FORTES, 1977).
O gênero Nematodirus possui distribuição mundial, sendo mais comum em
áreas temperadas. De acordo com URQUHART at al, (1998), a nematodirose é uma
doença ligada aos estágios larvais do parasita. Como no gênero Cooperia, este
parasita é encontrado freqüentemente no intestino delgado dos ruminantes.
A fitoterapia e a homeopatia tem sido amplamente exploradas na Medicina
Veterinária. Dentre os medicamentos conhecidos, a família das Meliáceas
apresenta-se eficaz contra uma variada gama de doenças, com enfoque na Melia
azedarach, da qual se extrai o cinamomum CH30, composto com ação vermicida,
porém com poucos trabalhos de caráter prático realizados sendo que em camelídeos
não foram encontrados trabalhos científicos relacionados ao potencial nematotoxico
da Melia azedarach.
A Melia azedarach, espécie arbórea da família das meliáceas, é conhecida
como cinamomo ou santa bárbara. É uma planta nativa da região sub-himalaica da
Índia, Burma, China e Pérsia. Atualmente encontra-se dispersa em todo o mundo,
inclusive no Brasil onde foi introduzida primeiramente em Rondônia. Os frutos
apresentam propriedades narcóticas e venenosas sendo explorada como pesticida
com efeitos nematotóxicos.
39
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Geral
O objetivo deste trabalho foi buscar formas alternativas para o controle de
nematóides em animais silvestres de zoológicos, baseando-se no uso de produtos
de origem vegetal.
1.1.2 Específicos
Testar a eficácia do homeopático Cinamomum CH30 em parasitos
gastrintestinais comprovadamente prevalentes e resistentes às drogas
antiparasitárias comuns nos camelídeos do Zoológico de Curitiba-PR mantidos em
piquetes sem rotação de pastagem.
40
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Nematóides
Os nematóides foram originalmente classificados como Nemata por Nathan
Cobb, em 1919; mais tarde foram considerados uma classe do filo Aschelminthes, por
possuírem uma cavidade preenchida por líquido, que não é um verdadeiro celoma e,
mais recentemente, restaurado o estatuto de filo dentro do grupo Ecdysozoa, ao qual
pertencem também os Arthropoda, por se considerar terem a mesma filogenia. Apesar
de não possuírem partes duras, foram encontrados fósseis de nematódeos do período
Carbonífero (com mais de 280 milhões de anos) mas, uma vez que alguns grupos
relacionados com eles foram encontrados em formações do período Cambriano, é
provável que eles tenham aparecido no mesmo período. Têm também sido encontrados
nematóides em âmbar (resina fossilizada) da era Cenozóica.
O grupo dos nematóides (Nemathelminthes), também chamados de vermes
cilíndricos é considerado o grupo de metazoários mais abundantes na biosfera, com
estimativa de constituírem até 80% de todos os metazoários (Bongers, 1988 apud
Boucher & Lambshead, 1995), com mais de 20.000 espécies já descritas, de um
número estimado em mais de um milhão de espécies atuais (Briggs, 1991), que incluem
muitas formas parasitas de plantas e animais. Apenas os artrópodes apresentam maior
diversidade. São animais triblásticos, protostômios, pseudocelomados. Seu corpo
cilíndrico, alongado e não segmentado exibe simetria bilateral. Possuem sistema
digestório completo, sistemas circulatório e respiratório ausentes; sistema excretor
composto por dois canais longitudinais, sistema nervoso parcialmente centralizado, com
anel nervoso ao redor da faringe. Ecologicamente são muito bem-sucedidos, sendo tal
fato demonstrado pela alta diversidade de espécies. Encontra-se em todos os habitats,
terrestres, marinhos e de água doce. Algumas espécies são microscópicas, enquanto
uma espécie, parasita do cachalote pode atingir 13 metros de comprimento.
Recentemente, aclamou-se que os nematóides são uma das três principais radiações
de organismos multicelulares que produziram a maioria das espécies do mundo, sendo
as outras radiações os insetos e os fungos (Gaston, 1991).
41
Os nematóides segundo Nicholas (1984) têm o corpo construído no mesmo
plano fundamental, um cilindro quase perfeito, nu, delgado e alongado, com aspecto
filiforme, em sua maioria, ou fusiforme.
Estes animais são constituídos por uma parede corpórea que é constituída por
uma cutícula complexa. Internamente, possui uma camada de músculos longitudinais e
o trato digestório (Nicholas,1984).
De acordo com o autor acima citado, os músculos são ativados pelas cadeias
nervosas, que se encontram ao longo de todo o corpo do animal, uma na região ventral
e outra na dorsal. Ao contrário de outros animais, em que os nervos se ramificam para
os músculos, nos nematóides são os músculos que se ramificam para atingirem os
cordões nervosos. Estes cordões ligam-se a um anel à volta da faringe e possuem
vários gânglios adicionais perto da extremidade anterior, mas sem formar um
verdadeiro cérebro. Nessa região encontram-se órgãos sensoriais reduzidos.
O tubo digestório dos nematelmintos é completo, ou seja, possui um orifício de
entrada de alimentos (a boca) e um outro orifício de saída de dejetos (o ânus) - são
enterozoários completos. Na boca, podem ser encontradas placas cortantes
semelhantes a dentes, com as quais os nematelmintos podem perfurar os tecidos de
outros seres vivos. A faringe é musculosa e serve para esmagar os alimentos e também
para conduzi-los para o intestino, que não possui qualquer musculatura. Os parasitas
intestinais recebem o alimento já parcialmente digerido pelo hospedeiro e, suas
enzimas completam a digestão. Os nutrientes são passados para a cavidade do corpo
para serem distribuídos pelas células. Entre a parede e o tubo digestório há a cavidade
corpórea ou pseudoceloma, preenchida por líquido, que funciona como um “esqueleto
hidrostático”, além de favorecer a distribuição de nutrientes e recolher excretas, ali são
encontrados os órgãos reprodutores (Nicholas,1984).
Os nematelmintos não possuem sistema circulatório, tampouco órgãos
respiratórios. Os parasitas são geralmente anaeróbicos, realizam fermentação lática, a
qual não gera CO2, por não produzi-la no processo fermentativo. Também são
características exclusivas dos nematóides a ausência de células ciliadas
(Nicholas,1984).
42
2.1.1 Reprodução e crescimento
Todas as espécies são dióicas e realizam fecundação interna. Ocorre em
algumas nítido dimorfismo sexual, normalmente os machos são menores que as
fêmeas, apresentam espículas copulatórias e possuem a cauda encurvada. Os machos
não possuem abertura genital individualizada, a saída dos espermatozóides ocorre pela
cloaca. Estes não possuem flagelos são amebóides e deslocam-se por pseudópodes.
Na cópula, os espermatozóides são depositados no poro genital das fêmeas.
Depois de fecundado, o zigoto se desenvolve dentro de um ovo com a casca
resistente. Muitas espécies eliminam os ovos fecundados para o ambiente, onde as
primeiras divisões se processam e o ovo torna-se embrionado a formação das larvas
pode ocorrer dentro ou fora dos ovos. O ciclo evolutivo pode ser direto ou indireto,
dependendo da necessidade de evolução dentro de um hospedeiro intermediário.
2.1.2 Ecologia dos Nematóides
A maioria dos nematóides é de vida livre, habitantes de solo úmido, areia, de
águas estagnadas e até mesmo do plâncton. Entre os parasitas, além daqueles que
têm o homem como seu hospedeiro, há espécies que infestam outros animais ou
plantas (raízes, frutos). Muitos nematóides podem suspender os processos vitais
quando as condições ambientais se tornam desfavoráveis e encistar, numa forma que é
capaz de sobreviver a condições extremas de secura, calor ou frio e depois voltar à
"vida" quando as condições são favoráveis. Este processo é conhecido como
criptobiose e, entre os animais é encontrado apenas entre os nematódeos, os rotíferos
e os tardígrados. (Nicholas,1984).
2.2 Os Camelídeos
Pertencem à sub-ordem Tylopoda, ordem Artiodactyla, família Camelidae. Os sul
americanos são a lhama (Lama glama), a alpaca (Lama pacos), o guanaco (lama
43
guanicoe) e a vicunha (Lama vicugna) e os do Velho Mundo com o camelo africano
também chamado de dromedário (Camelus dromedarius) ou ainda o camelo asiático ou
camelo (Camelus bactrianus).
Os camelídeos sul-americanos evoluíram nos Andes provavelmente do guanaco
e da vicunha AIELLO, 2001. A Alpaca adulta pesa entre 60 a 80kg e mede entre 76 a
97cm na altura da cernelha, é utilizada principalmente como animal produtor de fibras,
rendendo de1,5 a 3kg de fibras/ano. Essas fibras crescem rapidamente e requerem
tosquia a cada 12 a 24 meses.
O lhama é um animal muito maior, pesando entre 120 a 200kg e medindo de 102
a 127cm na cernelha, sendo que nos EUA, estes animais podem pesar até 40 a 50kg a
mais que os sul-americanos, mostrando um melhor manejo nutricional nas condições de
criação (FOWLER, 1986). Ele se desenvolveu como um animal de carga e consegue
carregar de 30 a 40kg. É bem adaptado para trabalhar em grandes altitudes e em
trilhas de montanhas íngremes, podendo ser arredio e obstinado quando forçado.
O guanaco não é uma espécie facilmente domesticada, embora um número
significativo de animais tenha sido exportado a partir da América do Sul e se encontre
em situações que não sejam de zoológico. Ele possui tamanho semelhante ao lhama,
embora pese um pouco menos que este. O guanaco possui cobertura de fibras de
coloração marron-claras ou castanho constante sobre o pescoço, dorso e do lado
externo das pernas. A pelagem do ventre e da superfície medial das pernas é branca.
Devido à caça esportiva e a contaminação de rios e pastagens, pelos mineradores, o
guanaco encontra-se em perigo de extinção. Num censo realizado em 1966, pelo
Instituto Nacional de Recursos Naturais, constatou-se que no Peru havia entre 3810 e
3850 guanacos. Já em 2002 a Conopa, com o financiamento da Iniciativa Darwin do
Reino Unido e a Colaboração da Universidade de Cardiff, realizou um estudo que durou
três anos chamado “Projeto Guanaco um”, onde se indicou a existência de menos de
3000 indivíduos. Diante disso o Conselho Nacional de Camelídeos Sul americanos
(Conacs), junto a Coordenadoria de Investigação e Desenvolvimento de Camelídeos
Sul americanos (Conopa) e a Iniciativa Darwin do Reino Unido, organizaram um evento
a fim de estudar maneiras para salvar o guanaco (www.teorema.com.mx/articulos).
44
FIGURA 1- NATIVOS DA TRIBO ONA NA PATAGÔNIA, VESTIDOS COM
PELES DE GUANACO.
FONTE: WWW.TEOREMA.COM.MX/ARTICULOS.
FIGURA 2-CAPTURA DE CHULENGO VIVO COM CAVALO E BOLEADEIRAS
FONTE: WWW.TEOREMA.COM.MX/ARTICULOS.
45
A vicunha, animal não domesticado, é um pouco mais baixa que a alpaca, possui
o pescoço mais longo, fibras muito mais curtas e um “avental” característico de fibras
longas na região do peito. Pesa em media 35 a 45kg e mede 90cm na cernelha. Seu
habitat se estende do norte do Peru até o norte do Chile, sendo dificilmente vista a
menos de 4000m acima do nível do mar. atualmente encontra-se protegida por lei, pois
foi quase extinta no século passado e ainda é considerada espécie em risco de
extinção AIELLO, 2001. Os camelídeos sul-americanos apresentam 74 cromossomos e
podem ser cruzados, produzindo progênie F-1 fértil. A cruza mais comum é de lhama x
alpaca, que produz híbrido de tamanho, características corporais e qualidade de fibras
intermediária. Nenhum dos outros cruzamentos é comum, embora as semelhanças
estruturais entre lhama e guanaco dificultem particularmente a identificação dos
híbridos FOWLER (1986).
Não existe nenhuma raça distinta de lhama, com todos os animais possuindo
orelhas “em forma de banana” características, dorso uniforme e cauda alta e ereta. No
entanto, existem dois tipos morfologicamente distintos de alpaca: huacaya e suri. O
huacaya é mais comum e possui pelame de fibras salientes, com cobertura que desce
para as pernas e ao redor da face. O suri possui estrutura de fibras em forma de cordão
nivelado, com menos cobertura na cabeça. Ao contrário do lhama, a alpaca possui
orelha em “forma de lança” mais curta, cauda baixa, dorso com corcunda maior e
extremidade traseira inclinada. Os lhamas e alpacas não podem ser diferenciados
apenas com base na cobertura das fibras( AIELLO, 2001).
Todos os camelídeos sul-americanos são parentes dos chamados camelídeos do
velho mundo, que são o Bactriano e o Dromedário. Possuem o mesmo número de
cromossomos, anatomia e fisiologia semelhantes, com padrões comuns de
suscetibilidade a doenças. Uma vez que bovinos, ovinos e caprinos são filogenicamente
aparentados dos camelídeos, comumente se utilizam esses ruminantes domésticos
como ponto de referência para extrapolação de dosagens de drogas, suscetibilidade a
doenças e decisões de manejo (AIELLO, 2001).
Os camelos possuem um valor inestimável na historia e cultura de povos do
deserto, servindo desde meio de transporte até fonte de alimento. Possuem pernas
mais curtas e são mais pesados que os dromedários. Hoje, poucos destes animais são
46
encontrados vivendo em estado selvagem. Sendo encontrados em algumas florestas do
deserto de Gobi. Em relação aos dromedários, estes já foram completamente
domesticados com alguns grupos semi-selvagens que descenderam de animais
domésticos errantes. Os camelos são muito tímidos, e apresentam atividade diurna.
Reunen-se em grupos de um macho e cinco fêmeas em média e podem viver até 50
anos (FOWLER, 1986).
Morfologicamente os camelos apresentam membros longos, pêlo tosco e patas
tufadas, almofadadas, com dois dedos unidos por membrana dura. Os adultos medem
1,8m de altura e podem chegar até 500kg, sendo 45kg de corcova, que é uma reserva
de gordura e energia. Entre as adaptações que estes animais possuem para a vida nos
desertos, estão a presença de narinas que se fecham, cílios longos que evitam a
entrada de areia nos olhos, patas macias, corpo com grande superfície para as perdas
de calor e, a principal delas, a grande capacidade de ficarem longos períodos sem
alimento e sem água, podendo perder até um quarto de seu peso sem apresentar sinais
de esgotamento. Podem beber até 100 litros de água de uma só vez, esta água passa
rapidamente do estômago para os tecidos dando um aspecto de “inchado” (AIELLO,
2001).
FIGURA 3 – PATAS TUFADAS, ADAPTAÇÃO A VIDA NOS DESERTOS
47
FONTE: RAMOS, 2006
As fezes normais, em camelídeos, são peletizadas e firmes, normalmente de
coloração marrom esverdeada e ainda apresentam uma protuberância em uma das
extremidades, designada de “Sharp teet”. Os camelos possuem a capacidade de
desidratar as fezes para diminuir a perda de água do corpo. A menos que a forragem
fique bastante limitada, os animais não pastejarão em áreas ao redor ou após o local
dos montes de esterco. O diâmetro uretral é pequeno tanto nos machos como nas
fêmeas, a urina varia em sua coloração do amarelo claro ao escuro dependendo da
dieta e o processo de micção leva muito mais tempo que nas outras espécies de
tamanho comparável (FOWLER 1986).
Segundo FOWLER (1986), uma das peculiaridades dos camelídeos sul-
americanos é o uso de um monte de esterco comunitário, hábito não observado em
camelos. Os animais urinam e defecam no mesmo monte, com os locais favoritos
correspondendo a vias de entrada para estábulos e abrigos(fig 4).
48
FIGURA 4 - MONTES DE ESTERCO NO RECINTO DE CAMELÍDEOS SUL-
AMERICANOS. DO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR
FONTE: RAMOS, 2006
2.2.1 Manejo
As condições climáticas consideradas ideais para lhamas e alpacas estão em
torno de 20ºC negativos, porém necessitam de abrigos contra o vento. Embora estes
animais tolerem amplas variações climáticas, em locais com temperatura elevada,
apresentam estresse pelo calor. Este problema está ligado diretamente ao pelame,
podendo ser amenizado com tosquias que proporcionarão melhor conforto térmico.
Adaptam-se bem em climas úmidos, porém se a temperatura for demasiadamente alta
podem desenvolver afecções podais como “podridão podal” ou “podridão de chuva”
(AIELLO, 2001).
Os lhamas e alpacas são de fácil contenção por cercas de arame liso de 1,5m ou
1,2m respectivamente. (MERCK ,2001).
49
Caso haja disponível espaço suficiente, grupos grandes de machos ou (fêmeas)
podem pastejar juntos. No entanto, os machos intactos devem ser mantidos longe de
fêmeas, caso contrário, passarão boa parte do tempo brigando e lutando. Por serem
animais de rebanho não devem ser isolados do grupo, os animais doentes devem ser
abrigados com companheiros de rebanho, se for apropriado.
2.2.2-Manejo nutricional
O feno é à base da alimentação dos animais herbívoros pastejadores presentes
nos zoológicos. Deve estar disponível na maior parte do tempo e também apresentar
boa qualidade, ausência de bolores, além de ser fresco e bem armazenado. A
porcentagem exigida de matéria seca/dia em condições basais, para todos os
camelídeos é de aproximadamente 1,3 a 1,6% de peso corporal. A condição corporal
pode ser avaliada pela palpação da quantidade de tecido sobre as vértebras lombares.
Podem-se também oferecer rações peletizadas que venham a suprir as necessidades
em proteínas, minerais e vitaminas ou ainda frutas, verduras e legumes cortados. A
oferta de leguminosas deve ser avaliada, pois pode ocasionar obesidade (AIELLO,
2001).
Os animais adultos, independentemente de sexo, manterão condição corporal
apropriada com feno de capim com 10 a 14% de proteína bruta com nutrientes
digeríveis totais de 50 a 60%. Fêmeas em final de gestação ou fortemente lactantes
exigem porcentagens um pouco mais altas de proteína bruta . A oferta das rações pode
variar de acordo com o zoológico em questão, podendo ser escolhida uma ração
apenas, rica em proteínas e minerais acrescida de feno. Outros oferecem duas rações
peletizadas, uma rica em fibras para os animais pastejadores, e outra pobre em fibras
para os consumidores de folhas. O sucesso da técnica de manejo dependerá de vários
fatores de acordo com o local (MERCK 2001).
Uma das doenças que esta ligada à nutrição é a hipovitaminose D, que é
caracterizada pela diminuição do crescimento, deformidades angulares de membros,
cifose e relutância de movimentos. O problema fica mais grave nos filhotes de
crescimento rápido que nascem no outono. Níveis séricos de fósforo menores que
50
3mg/dl e concentrações de vitamina D abaixo de 15nmol/L em filhotes com menos de
seis meses de idade são diagnósticos. As concentrações normais de fósforo e vitamina
D nesse grupo etário são de 6,5 a 9mg/dL e maiores que 50nmol/L, respectivamente
(AIELLO, 2001).
FIGURA 5- SUPLEMENTAÇÃO DE LEGUMES E FRUTAS PICADAS PARA
CAMELIDEOS SUL-AMERICANOS NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA –PR, 2006
FONTE: RAMOS, 2006
2.2.3 Manejo sanitário
O controle de parasitas, sejam estes internos ou externos, varia amplamente de
acordo com região, clima, escore corporal dos animais, qualidade de pastagem,
51
densidade populacional e condições locais. No caso de nematóides, valores acima de
100 opg indicam que o local deve ser avaliado e medidas de controle mais eficientes
devem ser considerados.
As drogas utilizadas são as mesmas usadas para animais domésticos, pois
nenhuma droga é específica para uso em camelídeos sul-americanos. Entre as drogas
anti-helmínticas mais utilizadas estão a ivermectina (0,2 mg/kg), Pamoato de pirantel
(18 mg/kg) e Febendazol (5 a 10 mg/kg). O controle com Albendazol (10 mg/kg) é
bastante eficaz. Segundo MERCK (2001), embora não se encontre criticamente
avaliada, a formulação tópica de ivermectina parece ser eficaz quando aplicada na pele
e não sobre as fibras.
A vacinação de lhamas e alpacas deve seguir os esquemas de animais
ruminantes verdadeiros. Devem ser administradas imunizações contra Clostridium
perfringens dos tipos C e D e toxóide contra o tétano. Segundo AIELLO, 2001, em
locais onde for confirmada a presença de Fasciola hepatica, justificasse o uso de
vacinas polivalentes contra C. novyi, C.septicum, C. sordelli e C.chauvoei. Normalmente
o protocolo utilizado em camelídeos inclui a vacinação inicial com três meses de idade,
um reforço 30 dias mais tarde e reforço anual após este período.
2.2.4-Patologia Clinica dos camelídeos
As considerações que devem ser avaliadas neste sentido estão relacionadas ao
tamanho das hemácias que são relativamente pequenas em relação aos outros
animais, o que pode gerar resultados incompatíveis, principalmente quando usado um
contador celular automatizado. Por esta razão, deve-se ajustar o aparelho para a
determinação precisa de índices de hemácias e leucócitos. O hematocrito normal é de
27 a 45% e o número de hemácias de 10,1 a 17,3/10 por µL. A contagem leucocitária
normal está entre 8.000 a 21.400/µL.
2.2.5 Anatomia Gastrintestinal.
52
A anatomia do estômago dos camelídeos se difere da dos ruminantes
verdadeiros e o conhecimento destas diferenças é necessário para apurar diagnósticos
de distúrbios digestivos e para possibilitar o procedimento cirúrgico e terapia (FOWLER,
1986).
O estômago possui três compartimentos. O primeiro apresenta divisões o
segundo é delimitado por glândulas epiteliais com grande capacidade de produção de
bicarbonatos e o terceiro com glândulas digestivas. A motilidade se difere em relação à
do rumem dos animais domésticos e foi estudada somente na alpaca e lhama, porém
há indícios que seja a mesma em todos os camelídeos. Em uma lhama em repouso a
motilidade é irregular, inicialmente as contrações são de 5 a 8 movimentos em 1 minuto,
seguido de uma pausa de 1 minuto, se a lhama é alimentada, a freqüência aumenta e a
pausa desaparece.
2.3 Neen
Vários produtos preparados com folhas e sementes da meliácea conhecida como
Neen, tem sido relatados pelos seus efeitos nematotóxicos. Estes efeitos estão
relacionados a exudação, volatilização e decomposição. O mecanismo de ação em
relação aos nematódeos, é complexo e ainda passível de mais estudos. Este artigo
avaliou criticamente o potencial destes produtos na agricultura tropical.
e acordo com uma pesquisa cientifica realizada no Departamento de Biologia,
Lafayette College Easton, Eston PA, USA, O Azadirachtin é um biopesticida extraído da
(Azedarach indica). Entretanto sua segurança para mamíferos não é bem
documentada. O estudo verifica a influência do Azadirachtin na proliferação e
morfologia de células de insetos e nos eritrócitos de ratos. Estudos sobre cinética
celular feitos a cada 24 horas por 144 horas mostraram que o tratamento com
Azadirachtin na dose de 0,05 a 05 mg/ml inibiu a multiplicação de células SF-9 em
insetos e 30mg/ml não reduziram a proliferação de células MEL-GM 86. No exame por
microscopia eletrônica pode-se observar que o tratamento feito com Azadirachtin na
dose de 0,1mg/ml pode induzir divisão celular e causar distorções na superfície celular
53
das SF-9, gerando deformações e depressões celulares após 98hs de tratamento, no
entanto estes efeitos não foram vistos em células MEL-GM 86.
A administração intraperitoneal de óleo de Neen atua como imunoestimulante
não específico e que esta característica é ativada por mecanismos celulares
imunomediados com produção de gama-interferon em ratos (UPADHYAY, et al.,1992).
Em aves poedeiras, foi utilizada a farinha de Neen, incorporada na ração de
poedeiras. Após 12 semanas de ingestão experimental, pode-se observar diminuição
no consumo de alimento e produção de ovos. Na hematologia verificou-se queda na
hemoglobina sanguínea e da alanina transferase. O exame histopatológico mostrou
moderada congestão dos intestinos, fígado, rins, baço, além de alterações
degenerativas do parênquima hepático com tumefação e infiltração gordurosa. Nos
ovários e ovidutos foi reduzido o epitélio glandular com diminuição de cílios e atrofia de
folículos (GOWDA, et al.,2000).
54
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi testada a eficácia do Cinamomum CH30 frente a nematóides gastrintestinais
de camelídeos do Zoológico de Curitiba-PR, no período de agosto a outubro de 2006.
Cinamomum CH30 foi administrado na dose de 5 ml/animal, por via oral, a cada
24 hs, no horário das 10:30. A ingestão do medicamento foi facilitada pela introdução
deste em bananas.
Os camelídeos avaliados foram cinco lhamas, dois guanacos, dois alpacas e
dois camelos. Para a avaliação do índice parasitário recolheram-se fezes do recinto
pela manhã logo após a defecação dos animais. Estas fezes, acondicionadas em sacos
de polietileno, refrigeradas a temperatura de 5 a 10º C e enviadas ao laboratório de
Parasitologia Veterinária da Tuiuti do Paraná. Os exames coproparasitológicos foram
realizados no dia seguinte a coleta, utilizando-se as técnicas de Gordom e Withlock
modificada (UENO e GUTIERRES, 1983), e a cultura de larvas.
Os trabalhos foram desenvolvidos em duas etapas. A primeira, no período de
pré-aplicação, foi dividida em três exames de fezes realizados em intervalo de 7 dias.
A segunda fase da pesquisa iniciou-se com exames coproparasitológicos no
período de aplicação do Cinamomum CH30, continuando nos dias após a aplicação, de
02 e 17 de outubro de 2006. Adicionalmente realizou-se cultura de larvas para
identificação dos gêneros de helmintos presentes. Este procedimento foi realizado
previamente ao tratamento e também nos dias 2, 3, 4 e 7apos o inicio da administração
do produto. Com a identificação de larvas a partir de quinze dias do inicio das culturas.
A eficácia do tratamento foi avaliada comparando-se os resultados da contagem de opg
no período de pré-aplicação, e pós-aplicação.
55
FIGURA 6-LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA DA UTP
FONTE: RAMOS, 2006
FIGURA 7– APLICAÇÃO DO CINAMOMUM CH30 EM BANANAS.
FONTE: RAMOS,2006
56
FIGURA 8 -OVO DA SUPERFAMILIA STRONGYLOIDEA.
FONTE: RAMOS, 2006
57
3.1 TÉCNICAS COPROPARASITOLÓGICAS UTILIZADAS NA PESQUISA
3.1.1 Técnica Coproparasitologica de Gordon e Withlock.
Objetivo:
Esta técnica é usada para contagem de opg de nematóides gastrintestinais de
ruminantes.
Técnica:
Pesa-se 2g de fezes colocando-as em um recipiente acrescido de 58ml de
solução salina super saturada de NaCl. Trituram-se as fezes com bastão, peneirando-
se para outro recipiente. Homogeneizar a solução fecal com pipeta. Retira-se uma
pequena amostra, preenche-se a Câmara de McMaster, aguarda-se um minuto e
observa-se ao microscópio no aumento de 100 vezes.
Os ovos encontrados são contados, multiplicando-se por 100, o resultado.
58
FIGURA 9– LEITURA DA TÉCNICA DE GORDON E WITHLOCK, NO LABORATÓRIO
DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA DA UTP.
FONTE: RAMOS, 2006
3.1.2 Técnica de Roberts e O’Sullivan
OBJETIVO:
A técnica de cultura de larvas tem como objetivo principal à identificação do
gênero do parasita através da morfologia da larva de terceiro estagio (L3).
59
TECNICA:
Adiciona-se 2 a três colheres de fezes frescas em um recipiente de vidro.
Fracionam-se as fezes com colher de metal e adiciona-se vermiculite ou serragem sem
tratamento químico. O preparado deve ser umedecido com água destilada. O material
aderido no terço médio superior do recipiente deve ser removido com gaze. O frasco
deve ser identificado com data, espécie animal e responsável, sendo então tampado
com placa de Petre e levado a estufa com umidade e temperatura controladas (U.R de
80% e Temp de 26º mais ou menos 1 º), por período de duas semanas, mantendo-se
a cultura umedecida.
Após o período de incubação, retira-se o frasco da estufa e adiciona-se água
destilada aquecida a temperatura de 30º C, ate a borda superior, recoloca-se a placa de
Petre e inverte-se o frasco completando-se o espaço externo da placa de Petre com a
água destilada aquecida. Após duas horas pipeta-se o liquido do espaço externo
colocando-o em um copo de sedimentação. Após quatro horas pipeta-se o sedimento,
colocando o material para leitura em lamina de vidro, adiciona-se lugol e leva-se o
conjunto para observação em microscópio ótico em aumento de 100 vezes.
FIGURA 10- TÉCNICA DE CULTURA DE LARVAS REALIZADA NO LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FONTE: RAMOS, 2006
60
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise dos dados de opg dos camelídeos do acervo do Zoológico de Curitiba
mostrou que desde 2000, ocorre uma certa prevalência de nematóides parasitas,
principalmente nos camelos, onde a contagem foi positiva na maioria dos exames
realizados neste período. No quadro um pode-se observar o histórico de exames
coproparasitológicos dos camelídeos no Zoológico de Curitiba-PR desde o ano de 2000
ate 2006.
TABELA 1 – HISTÓRICO DE EXAMES COPROPARASITOLÓGICOS DOS CAMELOS
NO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR (2000-2006).
ANIMAL DATA WILLIS HOFFMAN OBSERVAÇÕES
Camelo 22/03/01 positivo negativo Strongyloidea
Camelo 27/03/01 Positivo negativo strongytoidea
Camelo 20/04/01 negativo negativo
Camelo 25/09/01 negativo Negativo
Camelo 20/08/03 positivo negativo Thrichuris +
Camelo 19/09/03 positivo negativo Strongyloidea
Camelo 15/10/03 positivo negativo Strongyloidea e
thrichuris
Camelo 17/10/03 Usado Cydectin
e Dectomax.
Camelo 16/02/04 positivo positivo thrichuris e
strongyloidea
Camelo 22/03/04 positivo negativo Strongyloidea
Camelo 07/01/06 Negativo negativo
Camelo 31/01/06 positivo negativo Thrichuris
Camelo 23/02/06 positivo negativo Thrichuris e
strongyloidea
Camelo 06/04/06 positivo negativo strongyloidea
Camelo 29/06/06 positivo negativo Strongyloidea
Camelo 11/07/06 positivo negativo strongyloidea
FONTE: Zoológico de Curitiba
61
Na primeira etapa da pesquisa, apenas os camelos apresentaram-se
parasitados, nestes animais foram encontrados ovos blastomerados compatíveis com a
superfamília strongyloidea. A média de ovos encontrados nos três exames foi de 468
opg. O resultado da cultura de larvas destas amostras revelou a presença de dois
gêneros de parasitas gastrintestinais, Haemonchus e Ostertagia, além de uma
quantidade significativa de larvas de nematóides de vida livre.
TABELA 2 - RESULTADOS DOS EXAMES COPROPARASITOLÓGICOS DE
CAMELOS NO PERÍODO DE PRÉ-ADMINISTRAÇÃO.
Dia Data da coleta de
fezes
Média de ovos / larvas
1 05/09/06 Strongyloidea: 350 opg Normais
Trichuroidea: 150 opg N
-
2 12/09/06 Strongyloidea: 637 opg N
Trichuroidea: 100 opg N
-
3 27/09/06 Strongyloidea: 416 opg N
Trichuroidea: 150 opg N
Haemonchus sp e Ostertagia sp
FONTE: RAMOS, 2006
Uma vez que apenas os camelos estavam positivos ao exame prévio de fezes, o
tratamento foi realizado somente nestes animais, constituindo a segunda etapa do
protocolo. Os exames coproparasitológicos revelaram uma queda significativa de opg,
além de deformidades na estrutura da casca dos ovos e desorganização do conteúdo, a
partir do segundo dia de aplicação do medicamento.
62
FIGURA 11– LARVAS NASCIDAS PELO MÉTODO DE CULTURA DE FEZES NO
LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO
PARANÁ.
FONTE: RAMOS, 2006
As culturas de fezes realizadas nesta segunda etapa indicaram presença de
larvas de helmintos dos gêneros Haemonchus e Ostertagia, nos dias 2 e três após o
inicio do tratamento do tratamento, também foram encontradas larvas de vida livre. Nos
dias 4 e 5 não foram encontradas larvas de nematóides parasitas porém, haviam muitas
larvas de vida livre. Os exames correspondentes aos dias 7 e 14 pós tratamento
evidenciaram larvas de Haemonchus e Ostertagia e larvas de vida livre,
63
TABELA 3 – RESULTADOS DOS EXAMES COPROPARASITOLÓGICOS DE
CAMELOS NO PERÍODO DE ADMINISTRAÇÃO
1 02/10/06 -
2 03/10/06 Strongyloidea D
100opg
Trichuris 100opg D
Haemonchus sp
3 04/10/06 Strongyloidea
275opg D
Trichuris 100opg D
Haemonchus sp e
4 05/10/06 Strongyloidea
75opg D
Trichuris 150opg D
negativo
5 06/10/06 - negativo
FONTE: RAMOS, 2006
64
FIGURA – OVO DA SUPERFAMÍLIA STRONGYLOIDEA APRESENTANDO
DEFORMIDADES NA CASCA.
FONTE: RAMOS, 2006
65
TABELA 4 – RESULTADOS DOS EXAMES COPROPARASITOLÓGICOS DE
CAMELOS NO PERÍODO DE PÓS-ADMINISTRAÇÃO.
6 07/10/06
7 08/10/06 Strongyloidea 200opg Trichuris 100opg
Haemonchus sp e Ostertagia sp
8 09/10/06
9 10/10/06
10 11/10/06
11 12/10/06
12 13/10/06
13 14/10/06
14 15/10/06 negativo Haemonchus sp e Ostertagia sp
FONTE: RAMOS, 2006
Segundo a classificação do índice de eficácia proposto pela W.A.A.V.P. (Powers
et al. 1982) um produto seria altamente eficiente se apresentasse 90% de ação contra o
parasita tratado, moderadamente efetivo quando atuasse entre 80 a 90%, ou pouco
efetivo quando a ação fosse entre 60 e 80% e não efetivo em níveis abaixo de 60%. O
uso de cinamomum contra vermes intestinais é descrito por (AHN et al), no presente
trabalho foi utilizado extrato aquoso de folhas e sementes da planta. A extração a partir
do uso de partes aéreas como flores e frutos determinam menor impacto em relação a
sustentabilidade ecológica do uso do vegetal (CUNNINGHAM, 2001).
AKHTAR e RIFFAT, 1984, foram administrados 30mg/kg de Melia azedarach e
10mg/kg de tartarato de Morantel foi testada a Melia azedarach associada ao taratarato
66
de morantel para 12 cabras com infecção natural por Haemonchus sp, Trichostrongylus,
Trichuris e Chabertia. Observando redução de 99% de opg. Segundo estes autores o
mecanismo de ação da planta não é bem conhecido.
Na avaliação realizada com os camelos, Melia azedarach, foi utilizada em
concentração muito inferior ao trabalho de AKHTAR e RIFFAT, 1984, não sendo
associada a nenhum outro parasiticida sintético, mesmo assim evidenciou-se uma forte
ação parasitária durante a aplicação do produto caracterizada pela grande deformidade
dos ovos, tanto de trichostrongylideos quanto de trichurideos, além de ausência de
larvas na cultura de fezes.
Embora trabalhos como os realizados por MOUSSA et al., 1997 indiquem
alterações nas proteínas séricas totais, diminuição da glicose e do colesterol, aumento
de lipídeos séricos e creatinina além de quedas nos níveis séricos de Fe, Cu e Zinco
em peixes e, os estudos de AKHTAR e RIFFAT, 1984, apresentem efeitos adversos
como diarréia e inquietação, quando do uso de Melia azedarach, não foram observadas
alterações fisiológicas de qualquer natureza, em nenhum momentos do período de
tratamento ou mesmo após a finalização da administração de Cinamomum CH30 em
camelos do zôo de Curitiba.
67
5- Considerações finais:
Devemos considerar alguns fatores quanto à escolha de tratamentos aplicados
aos animais selvagens, principalmente em relação ao estresse gerado na captura. Em
alguns grupos de animais o estresse gerado pela contenção física e pela manipulação
pode ser fatal. A observação criteriosa do comportamento natural da espécie animal e
do individuo devem ser considerados e avaliados quanto ao custo benefício do
tratamento estipulado.
Os camelos de Zoológico de Curitiba são considerados animais tranqüilos e de
relativa facilidade na administração de drogas, considerando este fator a administração
do Cinamomum CH30 durante os cinco dias consecutivos foi viável e com resultados
consideráveis mesmo sem um estudo detalhado de suas propriedades.
Considerando-se que para um tratamento antihelmintico ser eficiente ele deva
alterar os ovos e também sua eclodibilidade, afetando a liberação de larvas no
ambiente, podemos afirmar que o Cinamomum CH30 apresenta característica ovi-
larvicida efetiva, atuando apenas durante o período de aplicação.
A situação analisada pode ser considerada específica, o que não descarta a
possibilidade de outras metodologias serem avaliadas, buscando possíveis
comprovações antiparasitárias, no controle de nematóides gastrintestinais de animais
selvagens.
Para um controle parasitário adequado devemos avaliar alguns aspectos
relacionados ao tamanho e número de piquetes, número de animais por piquete,
tamanho da população, espécie parasita e hospedeiro. No zoológico de Curitiba, a
rotação de pastagem dirigida aos camelos, não foi possível até o atual momento. Um
programa de controle neste sentido pode ser avaliado buscando uma diminuição
significativa de contaminação ambiental nos piquetes destes animais.
Uma das alternativas sugeridas seria a transferência destes camelos para um
piquete situado entre piquetes de mamíferos carnívoros, o que teoricamente diminuiria
a infecção por contato com animais adjacentes. Outra possibilidade seria alternar
alguns animais de recintos, sempre avaliando a contagem de opg dos animais.
68
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