AVALIAÇÃO DA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS...
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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
COORDENAO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
TBATA CRISTINE ARDENGHI
AVALIAO DA REA DE DISPOSIO FINAL DE RESDUOS
SLIDOS URBANOS DE PARANAVAPR COM BASE NO NDICE
DE QUALIDADE DE ATERRO DE RESDUOS (IQR).
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
CAMPO MOURO
2013
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TBATA CRISTINE ARDENGHI
AVALIAO DA REA DE DISPOSIO FINAL DE RESDUOS
SLIDOS URBANOS DE PARANAVAPR COM BASE NO NDICE
DE QUALIDADE DE ATERRO DE RESDUOS (IQR).
Trabalho de Concluso de Curso apresentado como requisito parcial obteno do ttulo de Engenheira Ambiental, pela Coordenao de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnolgica Federal do Paran UTFPR.
Orientador: Prof. MSc. Thiago Morais de Castro.
CAMPO MOURO
2013
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TERMO DE APROVAO
AVALIAO DA REA DE DISPOSIO FINAL DE RESDUOS SLIDOS
URBANOS DE PARANAVAPR COM BASE NO NDICE DE QUALIDADE DE
ATERRO DE RESDUOS (IQR).
por
TBATA CRISTINE ARDENGHI
Este Trabalho de Concluso de Curso foi apresentado em 10 de setembro de 2013
como requisito parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em Engenheira
Ambiental. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos
professores abaixo assinados. Aps deliberao, a banca examinadora considerou
o trabalho aprovado.
__________________________________ Prof. MSc. Thiago Morais de Castro
Orientador
__________________________________ Profa. MSc. Diana Ftima Formentini
Membro titular
__________________________________ Profa. Dra. Cristiane Kreutz
Membro titular
O Termo de Aprovao assinado encontra-se na Coordenao do Curso de Engenharia
Ambiental
Ministrio da Educao Universidade Tecnolgica Federal do Paran
Campus Campo Mouro Diretoria de Graduao e Educao Profissional
Coordenao de Engenharia Ambiental - COEAM Engenharia Ambiental
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Dedico este trabalho a minha famlia,
em especial aos meus pais, pelo
apoio, compreenso e exemplos de
vida. E minha irm que sempre
esteve comigo at aqui.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus, o centro e o fundamento de tudo em minha
vida, por renovar a cada momento a minha fora e disposio e pelo discernimento
concedido ao longo desta jornada.
Aos meus pais Airton e Josi, meus maiores exemplos. Obrigada por cada
incentivo e orientao, pelas oraes em meu favor, pela preocupao e pelo
entendimento da minha ausncia nos ltimos cinco anos. Tambm minha irm por
estar comigo sempre e por compreender a minha falta nos momentos precisos.
Ao meu namorado, Vitor, por estar comigo sempre, nas horas felizes das
nossas festas e nas horas difceis, pela pacincia, dedicao.
A minha turma que caminhou comigo nesses cinco anos de faculdade,
compartilhando as dificuldades e as felicidades.
Aos meus queridos amigos Masa, Luciana, Henrique, Laianne, Cntia e
Fran, que estiveram em todos os momentos da faculdade comigo. Nossas sadas,
nossos bares, nossos trabalhos, nossos estudos me proporcionaram muito
aprendizado. Agradeo em especial a Cntia e a Fran por todos os momentos juntas,
pela pacincia, cumplicidade e pela mo que se estendia quando eu precisava. Era
duas pessoas iguais a cem mil outras, mas fiz delas amigas, e agora elas so nicas
no mundo. O Henrique pelas caronas e tambm pela pacincia e sempre me ouvir
falando e falando. E a Luciana por dividir sua vida, sua rotina, seus segredos e seu
carinho comigo na nossa casa. Esta caminhada no seria a mesma sem vocs, pois
encontrei verdadeiros irmos!
Agradeo Vila do Chaves, condomnio que me acolheu todos os cinco
anos. L vivi muitas alegrias e conheci pessoas excepcionais. Agradeo pelas
nossas festas, porto, carnaval e tantas outras trapalhadas. Levarei no meu corao
cada integrante e agregado daquele lugar: Luciana, Aline Hattori, Aline Watanabe,
Bruno, Daniel, Isadora, Paulinha, Lud, Lo, Aline Smart, Natlia, Guilherme, Vito,
Mah, Larissa, Greice Keli, Flvia, Evandro, Tamires, Bruninho, Douglas, Rodrigo,
Dbora, Ana, Samuca, Bruna, Chntia, Euzebio e outras pessoas sempre presentes
nas nossas festas, almoos e gordices! Amo todos vocs! Desculpe se faltou
algum.
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Agradeo tambm s duas pessoas que me fizeram iniciar esta caminhada,
Anglica minha prima querida, e Aline Watanabe minha amiga, atravs de vocs
pude conhecer a faculdade e iniciar minha caminhada. Tambm agradeo pelas
caronas at nossa cidade, sempre divertidas.
Aos meus tios que sempre me incentivaram a estudar! Agradeo A minha
Tia Madalena pelos concelhos to sbios. Meu Tio Amarildo por tornar possvel este
trabalho me ajudando no que fosse possvel, me apresentando as pessoas certas.
Meu Tio Pedro e Ivair por me ajudarem nos momentos de dificuldades e tambm
sempre me aconselharam nos melhores caminhos. Meus Avs pelas constantes
oraes para que minha vida seguisse o caminho certo.
Agradeo meu Orientador Prof. Thiago que acreditou em mim, ouviu
pacientemente as minhas consideraes e dedicou do seu valioso tempo para me
orientar em cada passo deste trabalho, partilhando comigo as suas ideias,
conhecimento e experincia. E tambm ao Professor Edivando, que me ajudou
pacientemente no geoprocessamento.
E finalmente Secretaria do Meio Ambiente da cidade de Paranava e ao
Ronaldo, Chefe do aterro Sanitrio, que me abriram as portas e me ajudaram no que
foi necessrio para a realizao deste trabalho.
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Precisamos dar um sentido humano s nossas construes. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando
cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lrios do campo e as aves do cu.
(Erico Verissimo)
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RESUMO
ARDENGHI, Tbata Cristine. Avaliao da rea de disposio final de resduos slidos urbanos de ParanavaPR com base no ndice de Qualidade de Aterro de Resduos (IQR). 2013. 101f. Trabalho de Concluso de Curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental) Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Campo Mouro, 2013. Os resduos slidos urbanos tornam-se um dos mais graves problemas para a gesto pblica, principalmente, pelo crescimento desordenado das cidades. Neste contexto o objetivo deste trabalho foi diagnosticar e avaliar o atual sistema do Aterro Sanitrio do Municpio de ParanavaPR, e propor adequaes e melhorias necessrias. Para isso foram realizadas visitas in loco, entrevistas, avaliao de documentos (projeto e laudos), alm disso, o ndice de Qualidade de Aterro de Resduos (IQR) da CETESB foi utilizado para avaliar a atual rea de disposio em trs condies: inadequadas, controladas e adequadas, conforme a pontuao alcanada entre uma faixa de intervalo que varia de 0 a 10 pontos. Foi verificado que a coleta, o transporte, a limpeza urbana e a destinao final dos resduos so atualmente realizados por uma empresa privada, que tambm responsvel pelo aterro sanitrio. O atual aterro sanitrio foi implantado em 2003, fazendo com que o antigo lixo fosse desativado. Os resultados demonstraram que o gerenciamento tem sido realizado, de modo geral, adequadamente, obtendo nota 8,6, porm ainda existem algumas adequaes a serem realizadas como nos subitens .capacidade de suporte do solo, proximidade dos corpos dgua e qualidade do material para recobrimento, que receberam nota zero. Melhorias tambm foram propostas com o intuito de aumentar o valor do IQR. Palavras-Chave: Aterro sanitrio, Avaliao, Gerenciamento de resduos slidos.
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ABSTRACT Ardenghi, Tbata Cristine. Assessment of area of final disposal of urban solid waste Paranava-PR based on the Index of Quality of Waste Landfill (IQR). In 2013. 101f. Labor Course Completion (Bachelor of Environmental Engineering) - Federal Technological University of Paran. Campo Mourao, 2013. Solid Urban Waste became one of the most serious problems for public management, mainly in overcrowded cities. In this context, the objective of this study was to diagnose and evaluate the current system of Sanitary Landfill Municipality of Paranava-PR, and propose adjustments and improvements. Were performed to in loco visits, interviews, evaluation of documents (project and reports), in addition, the Index of Quality of Waste Landfill (IQR) of CETESB, was used to evaluate the current disposal area in three conditions: inadequate , controlled and appropriate, as the score achieved within a band gap ranging from 0 to 10 points. It was verified that the collection, transportation, urban cleaning and the waste final destination are now performed by a private company, which is also responsible for the sanitary landfill. The current sanitary landfill was implemented in 2003, making the old "garbage dump" was disabled. The results demonstrated that management has been conducted, generally, adequately,obtaining note 8.6, however still exist some adjustments to be made as in subitems. Carrying capacity of the soil, surrounding water bodies and material quality for recoating, which received a score of zero. Improvements were also proposed in order to increase the value of IQR Keywords: Sanitary landfill, evaluation, Solid waste management
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema de um Aterro Sanitrio .............................................................. 27 Figura 2 - Modelo de Mtodo de Vala ....................................................................... 28 Figura 3 - Modelo de Mtodo de Rampa ................................................................... 29 Figura 4 - Modelo de Mtodo de rea ....................................................................... 29 Figura 5 Gerao de resduos slidos urbanos no Brasil ....................................... 21 Figura 6 Destinao Final de Resduos Slidos Urbanos no Brasil (t/dia). ............ 22 Figura 7 Gerao e Coleta de Resduos Slidos Urbanos na Regio Sul (t/dia). .. 23 Figura 8 Destinao Final dos Resduos Slidos Urbanos na Regio Sul (t/dia). .. 23 Figura 9 Destinao Final dos Resduos Slidos Urbanos no Estado do Paran (t/dia). ........................................................................................................................ 24 Figura 10 Localizao da Mesorregio Noroeste no Estado do Paran ................ 52 Figura 11 Localizao de Paranava na Mesorregio Noroeste no Estado do Paran ....................................................................................................................... 54 Figura 12 Localizao da antiga rea de disposio de resduos slidos do Municpio de Paranava ............................................................................................. 56 Figura 13 Vazadouro a cu aberto no municpio de Paranava com animais domsticos na rea. .................................................................................................. 57 Figura 14 Vazadouro a cu aberto no municpio de Paranava .............................. 57 Figura 15 (A) Mapa de Coleta de Resduos Slidos do Municpio de Paranava; (B) Legenda do Mapa de Coleta ..................................................................................... 60 Figura 16 reas do Aterro com Caractersticas Agrcolas Antes da Construo (A) e (B) ............................................................................................................................. 62 Figura 17 Localizao do Aterro Sanitrio.............................................................. 63 Figura 18 Aterro Sanitrio de Paranava. ............................................................... 64 Figura 19 Mapa de distancias dos ncleos populacionais e corpos hdricos do Aterro Sanitrio de Paranava. .................................................................................. 66 Figura 20 - Disponibilidade de Material para Recobrimento com Escavao de nova Clula. ....................................................................................................................... 68 Figura 21 Isolamento Visual do Aterro Sanitrio de Paranava. ............................. 69 Figura 22 Cerca de Arame Farpado do Aterro Sanitrio de Paranava. ................. 70 Figura 23 Portaria/Guarita do Aterro Sanitrio de Paranava. ................................ 70 Figura 24 Ausncia de afloramento de chorume do Aterro Sanitrio de Paranava. .................................................................................................................................. 71 Figura 25 Sistema de Drenagem Definitiva do Chorume do Aterro Sanitrio de Paranava. ................................................................................................................. 72 Figura 26 Caminhos da gua na Clula ainda em Operao do Aterro Sanitrio de Paranava. ................................................................................................................. 73 Figura 27 Trator esteira modelo D6 que permanece no Aterro Sanitrio de Paranava. ................................................................................................................. 73 Figura 28 - Equipamentos Auxiliares do Aterro Sanitrio de Paranava. (A) Caminho Basculante; (B) Retroescavadeira. ............................................................................ 74 Figura 29 Sistema de Tratamento do Aterro Sanitrio de Paranava. (A) Lagoa Anaerbia; (B) Lagoa Facultativa; (C) Lagoa de Polimento; (D) Lagoa de Infiltrao. .................................................................................................................................. 75 Figura 30 - Acesso Frente de Trabalho do Aterro Sanitrio de Paranava. (A) Vista da Via de Acesso para o Talude; (B) Vista do Talude para a Via de Acesso. ........... 75 Figura 31 Drenos e queimadores de Gs do Aterro de Paranava. ........................ 76
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Figura 32 Balana do Aterro Sanitrio de Campo Mouro. (A) Balana Pesando um Caminho Prensa de Coleta de Lixo; (B) Visor da Balana. ............................... 77 Figura 33 Viso Geral da Frente de Trabalho do Aterro Sanitrio de Paranava Sem a Presena de Urubus ou Gaivotas. ................................................................. 78 Figura 34 Sistema de Drenagem Definitiva do Aterro Sanitrio de Paranava. (A) Canaletas de Coleta de gua; (B) Poo de Acumulao. ......................................... 79 Figura 35 Drenagem de Chorume do Aterro Sanitrio de Paranava. (A) Poo de Recebimento de Chorume; (B) Poo de Recebimento de Chorume com a Conduo para a Lagoa de Tratamento. .................................................................................... 80 Figura 36 Vias de Acesso Interno do Aterro Sanitrio de Paranava. (A) Via de Entrada ao Aterro; (B) Via para Descarregamento de Lixo; (C) Via ao Redor das Clulas Desativadas. ................................................................................................. 82
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LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Municpios com Iniciativa de Coleta Seletiva em 2011. ........................................... 26 Quadro 2 - Padres de lanamento de efluentes .......................................................................... 34 Quadro 3 - Participao dos Materiais no Total de RSU Coletado no Brasil............................ 21 Quadro 4 Caractersticas do Local, ndice de Qualidade de Aterro de Resduo .................. 38 Quadro 5 Infra-Estrutura Implantada, ndice de Qualidade de Aterro de Resduo ............... 41 Quadro 6 Condies Operacionais, ndice de Qualidade de Aterro de Resduo .................. 45
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SUMRIO
1 INTRODUO ....................................................................................................... 14 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 16 2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ............................................................................... 16 3 REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 17 3.1 RESDUOS SLIDOS: DEFINIO E CLASSIFICAO GERAL ..................... 17 3.2 GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESDUOS SLIDOS ............................ 19 3.3 COLETA SELETIVA ............................................................................................ 24 3.4 TCNICAS DE DISPOSIO FINAL DE RESDUOS SLIDOS NO SOLO ...... 26 3.5 ATERRO SANITRIO ......................................................................................... 27 3.5.1 Sistemas Operacionais de Aterro Sanitrio ...................................................... 28 3.5.2 Impermeabilizao da Base do Aterro Sanitrio .............................................. 30 3.5.3 Cobertura dos Resduos Depositados .............................................................. 30 3.5.4 Drenagem de guas Pluviais ........................................................................... 31 3.5.5 Drenagem e Tratamento de Gases .................................................................. 31 3.5.6 Percolados Gerados em Aterro Sanitrio Chorume ...................................... 32 3.5.7 Drenagem de Lquidos Percolados .................................................................. 34 3.5.8 Tratamento de Lquidos Percolados ................................................................. 35 3.5.9 Monitoramento ................................................................................................. 36 3.6 VISO GERAL DA DESTINAO FINAL DOS RESDUOS SLIDOS NO BRASIL ..................................................................................................................... 20 3.7 NDICE DE QUALIDADE DE ATERRO DE RESDUOS - IQR ............................ 37 3.7.1 Caractersticas do Local ................................................................................... 38 3.7.2 Infraestrutura Implantada ................................................................................. 40 3.7.3 Condies Operacionais .................................................................................. 44 3.7.4 Enquadramento das Instalaes do Aterro ...................................................... 48 3.8 ESTUDOS DE CASO .......................................................................................... 49 3.8.1 Diagnstico dos Resduos Slidos Gerados no Municpio de Boa Esperana PR ............................................................................................................................. 49 3.8.2 Avaliao da rea de Disposio Final de Resduos Slidos Urbanos de Anpolis: Um Estudo de Caso ................................................................................... 49 4 MATERIAL E MTODOS ...................................................................................... 52 4.1 REA DE ESTUDO ............................................................................................. 52 4.2 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 54 5 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................. 55 5.1 HISTRICO DA ANTIGA REA DE DISPOSIO FINAL DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS ................................................................................................ 56 5.2 DIAGNSTICO DOS SERVIOS DE COLETA, TRANSPORTE E DESTINAO DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS ................................................................... 58 5.2.1 Limpeza das Vias Urbanas ............................................................................... 58 5.2.2 Coleta e Transporte dos Resduos Slidos Urbanos ........................................ 59 5.3 NDICE DE QUALIDADE DE ATERRO DE RESDUOS IQR ........................... 62 5.3.1 Caracterizao do Aterro Sanitrio .................................................................. 62 5.3.2 Caractersticas do Local ................................................................................... 65 5.3.3 Infraestrutura Implantada ................................................................................. 69 5.3.4 Condies Operacionais .................................................................................. 77
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5.3.5 Enquadramento das Condies Operacionais do Aterro Sanitrio .................. 83 5.4 PROPOSTAS DE MELHORIAS E ADEQUAES ............................................ 84 6 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 87 REFERNCIAS ......................................................................................................... 89 ANEXO A Licena de Operao do Aterro Sanitrio de Paranava Pr ................ 94 ANEXO B Laudo de Monitoramento Fsico-Qumico e Biolgico de efluente da Entrada da Lagoa 1, Efluente Bruto. ......................................................................... 96 ANEXO C Relatrio de Monitoramento Fsico-Qumico e Biolgico de efluente da Sada da Lagoa 4, Efluente Tratado. ......................................................................... 99 ANEXO D - Relatrio de Monitoramento Fsico-Qumico e Biolgico do poo gua subterrnea. ............................................................................................................ 102
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1 INTRODUO
A revoluo industrial trouxe o acelerado xodo rural, e com isso o
crescimento desordenado das cidades que levaram s aglomeraes urbanas. O
consumo de recursos naturais, como gua, energia, alimentos e matriaprima, teve
aumento significativo, juntamente com a gerao de grandes quantidades de
resduos. Com o crescimento sem planejamento, existe a necessidade de destinar
de maneira segura e sustentvel, com selees de reas e desenvolvimento de
projetos para tratar e/ou dispor os resduos.
Desta forma, a necessidade de gerenciar os resduos slidos tornouse uma
tarefa importante na sociedade, j que o descarte incorreto pode causar
desequilbrio ambiental, contaminando os recursos hdricos, o solo e o ar, trazendo
riscos sade humana. Segundo a Associao Brasileira de Empresas de Limpeza
Pblica e Resduos Especiais (ABRELPE, 2012), os dados disponveis no Brasil
indicam que apenas 57,98% das unidades de disposio final de resduos so
formas sanitariamente adequadas de tratamento. Condio esta que justifica o
desenvolvimento de estudos que tenham por objetivo diagnosticar e propor aes de
melhoria para estas unidades.
A relevncia da construo de aterros sanitrios, ou adequao dos
chamados lixes, em todos os Municpios est amparada pala Lei Federal n 12.305,
de 2 de agosto de 2010, que institui a Politica Nacional dos Resduos Slidos
(PNRS), e traz as diretrizes relativas a gesto integrada e ao gerenciamento de
resduos slidos (BRASIL, 2010).
Dentre os artigos relacionados diretamente com o tratamento e disposio
final de resduos slidos presentes na PNRS merece destaque o art. 54 que trata
sobre a disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos, observado o
disposto no 1o do art. 9o, a qual dever ser implantada em at 4 (quatro) anos aps
a data de publicao da Lei citada, ou seja, at o ano de 2014.
Os principais possveis impactos causados pelas reas de disposio final
so a poluio das guas superficiais e subterrneas, pela ao do lquido percolado
e tambm a formao de gases que podem ser nocivos sade. Por isso
necessria uma avaliao dos aterros sanitrios para reduo dos impactos
ambientais causados por eles.
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.305-2010?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.305-2010?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.305-2010?OpenDocument
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Diante deste contexto, este trabalho teve por objetivo avaliar o sistema de
destinao final de resduos urbanos que so gerados no Municpio de Paranava-
PR, utilizando o ndice de Qualidade Aterro de Resduos da CETESB. Este Trabalho
de Concluso de Curso busca propor possveis adequaes e melhorias
necessrias ao atual Aterro Sanitrio.
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Diagnosticar e avaliar o Aterro Sanitrio do Municpio de ParanavaPR
utilizando o IQR.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Realizar um levantamento histrico da antiga rea de disposio final dos
resduos slidos;
Descrever os servios de coleta e transporte dos resduos slidos urbanos;
Avaliar o sistema e a rea do Aterro Sanitrio com adoo de ndices de
Qualidade de Aterros de Resduos-IQR;
Propor adequaes ou melhorias, se necessrio, para atendimento a critrios
ambientais conforme legislao vigente.
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3 REVISO BIBLIOGRFICA
Este tpico apresenta a reviso de literatura deste Trabalho de Concluso
de Curso tendo como base na crescente preocupao da sociedade com relao s
questes ambientais e ao desenvolvimento sustentvel. Ao longo dos anos foram
criadas normas e leis referentes identificao, classificao e destinao, dos
resduos slidos, fornecendo subsdios para o gerenciamento destes.
3.1 RESDUOS SLIDOS: DEFINIO E CLASSIFICAO GERAL
Segundo a Lei Federal n 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a
Poltica Nacional dos Resduos Slidos, resduos slidos so definidos como:
Matria, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, e cuja destinao final se procede, se prope proceder ou se est obrigado a proceder, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede publica de esgoto ou em corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnicas ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel (BRASIL, 2010).
Ainda segundo o inciso I do art. 13 da Politica Nacional dos Resduos
Slidos (PNRS), os resduos so classificados quanto a sua origem, podendo ser:
domiciliares, comerciais, pblicos, de servio de sade e hospitalar, de servios de
transporte, industriais, agrcolas e de construo civil (BRASIL, 2010).
Ainda segundo PNRS, abaixo so descritos de forma sucinta, exemplos de
resduos conforme a origem:
Domiciliares: Originado da vida diria das residncias, e constitudo por restos
de alimentos, produtos deteriorados, papel, garrafas, embalagens, entre
outros;
Comercial: Originado nos diversos estabelecimentos comerciais e de
servios, lojas, bares, bancos, mercados, etc.;
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Pblicos: Provenientes da limpeza pblica urbana como varrio e limpeza de
reas de feiras;
Servio de transporte: resduos oriundos de porto, aeroportos, rodovirias e
ferrovirias, integrados por materiais de higiene, restos de alimentos, entre
outros;
Industriais: Originado nos diversos ramos industriais como metalrgicas,
qumicas, petroqumicas, papeleiras. Esses resduos so bastante variados,
podendo ser cinza, leo, lodo, plstico, cido, madeira, papel, etc.;
Agrcola: Oriundos da agricultura e da pecuria, constitudos por embalagens
de fertilizantes e defensivos agrcolas, rao, restos de colheita, entre outros;
Servios de sade e hospitalares: So resduos spticos, ou seja, aqueles
que contm ou podem conter germes patognicos, oriundos de hospitais,
cnicas, laboratrios, farmcias, clnicas veterinrias, centros de pesquisas,
etc., conforme a Resoluo 358 de 2005.
Resduos de construo civil: Segundo a Resoluo n 307 de 05 de julho de
2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), os resduos de
construo civil so provenientes de construes, reformas, reparos e
demolies de obras e os resultantes de preparao e de escavao de
terrenos como tijolos, blocos cermicos, concretos, solos, rochas, metais,
colas, tintas, gessos, telhas, tubulaes, etc.
Existem outros tipos de classificaes que se baseiam em determinadas
caractersticas ou propriedades. A classificao do resduo slido relevante para a
escolha da estratgia do gerenciamento mais adequado. A norma NBR 10.004, da
Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT, 2004), trata da classificao
quanto aos riscos potenciais sade pblica e ao meio ambiente, para que possam
ser gerenciados adequadamente. De acordo com a norma os resduos slidos
podem ser classificados como:
Classe I Resduos Perigosos: so aqueles que em funo de suas
caractersticas de inflamabilidade, corrosividade, radioatividade, toxidade e
patogenicidade, podem apresentar risco sade pblica, provocando
mortalidade, incidncia de doenas ou acentua seus ndices e tambm causar
risco ao meio ambiente, quando o resduo for gerenciado de forma
inadequada.
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Classe II Resduos No Perigosos
o Classe II A No Inertes: No se enquadram nas Classes I e II B, e
possuem propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou
solubilidade em gua.
o Classe II B Inertes: que so quaisquer resduos que, quando amostrados
de uma forma representativa, e submetidos a um contato dinmico e
esttico com gua destilada ou desionizada, temperatura ambiente, no
tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes
superiores aos padres de potabilidade de gua. No causam danos ao
meio ambiente ou sade publica.
Alm da Constituio Federal Brasileira, o Pas j dispe de uma ampla
legislao que tem conseguido equacionar o problema do gerenciamento integrado
de resduos slidos. A falta de sincronismo das diferentes etapas do gerenciamento
entre os rgos envolvidos na elaborao e aplicao das leis que acabam
ocasionando lacunas, dificultando o cumprimento dessas leis. Na esfera
governamental ainda so recentes as iniciativas para formulaes de leis especficas
de Poltica de Gesto de Resduos Slidos que estabeleam objetivos, diretrizes e
instrumentos em harmonia com as caractersticas sociais, econmicas e culturais
dos Estados e Municpios (SOARES et al., 2002).
Outra resoluo relacionada aos resduos slidos urbanos que merecem
destaque a Resoluo CONAMA no. 404 de 11 de novembro de 2008, que dispe
sobre o licenciamento ambiental de sistemas de disposio final de resduos slidos
urbanos gerados em municpios de pequeno porte.
3.2 GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESDUOS SLIDOS
O gerenciamento dos resduos est relacionado aos aspectos tecnolgicos e
operacionais, envolvendo um conjunto articulado de aes normativas, operacionais,
financeiras e de planejamento que uma administrao municipal desenvolve, com
base em critrios sanitrios, ambientais e econmicos, para coletar, segregar, tratar
e dispor o lixo (DALMEIDA E VILHENA, 2010).
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O gerenciamento integrado de resduos slidos urbanos segundo DAlmeida
e Vilhena (2010), responsvel pelas aes relacionadas s etapas:
Gerao de Resduos: identificar os pontos de gerao e os tipos de resduos
para promover a mudana no padro de consumo da sociedade promovendo
a diminuio da gerao de resduos;
Segregao: separao dos resduos no momento e local de sua gerao, de
acordo com suas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas;
Acondicionamento: Orienta a embalar adequadamente os resduos
segregados em embalagens compatveis com suas caractersticas;
Coleta e transporte: Remoo e transferncia dos resduos para os locais de
armazenamento ou destinao final;
Armazenamento: Conteno temporria dos resduos em rea adequada, a
espera de reciclagem, recuperao, tratamento ou destinao final;
Reaproveitamento e tratamento: essa etapa tem o objetivo de agregar valor
aos resduos e reduzir os impactos ambientais. Nesta etapa entram a
reciclagem, reutilizao, recuperao ou compostagem, servindo como
tratamento destes resduos.
Destinao final: Os materiais no utilizados nas etapas anteriores vo para
os locais reservados sua disposio final, como por exemplo, os aterros
sanitrios.
A busca pela preservao da poluio, reduo da gerao de resduos e de
poluentes prejudiciais ao ambiente e a populao, so fatores que devem ser
levados em conta na elaborao de estratgias de gesto e gerenciamento dos
resduos slidos urbanos (LANZA, 2009).
3.3 VISO GERAL DA DESTINAO FINAL DOS RESDUOS SLIDOS NO
BRASIL
Segundo ABRELPE (2012), a gerao de resduos slidos urbanos no Brasil
teve crescimento de 1,83% de 2011 para 2012, como se observa na Figura 1,
percentual maior que a taxa de crescimento populacional, que foi de 0,9%.
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Figura 1 Gerao de resduos slidos urbanos no Brasil Fonte: ABRELPE, 2012.
A pesquisa realizada pela ABRELPE em 2012 mostra que 56.561.856 t.dia-1
dos resduos gerados so coletados nos municpios brasileiros, cerca de 1,9% a
mais que em 2011, onde eram coletados 55.534.440 t.dia-1. A pesquisa permite,
ainda, uma estimativa per capita de lixo gerado, so coletados 348,5 kg.(hab.ano)-1.
Segundo Santos (2004), as caractersticas do lixo podem variar em funo
de aspectos sociais, culturais, geogrficos e climticos. A composio gravimtrica
traduz o percentual de cada componente em relao ao peso total da amostra de
lixo analisado. O Quadro 1, baseado na pesquisa ABRELPE (2012), permite
visualizar de um modo geral a participao de diferentes materiais na frao total
dos resduos slidos urbanos.
Material Quantidade (t/ano) Participao (%)
Metais 1.640.294 2.9
Papel, Papelo e TetraPak 7.409.603 13,1
Plstico 7.635.851 13,5
Vidro 1.357.484 2,4
Matria Orgnica 29.072.794 51,4
Outros 9.445.830 16,7
Total 56.561,856 100,0
Quadro 1 - Participao dos Principais Materiais no Total de RSU Coletado no Brasil. Fonte: ABRELPE, 2012.
-
22
Somente 57,98% do total de resduos coletados seguem para aterros
sanitrios, porm cerca de 75 mil toneladas ainda tem destinao inadequada
diariamente, sendo encaminhadas para lixes ou aterros controlados, como mostra
a Figura 2, que compara os anos de 2012 e 2011. Apesar das determinaes legais
e dos esforos empreendidos, esta destinao inadequada est presente em todos
os estados brasileiros, onde mais de 60% dos municpios dispe resduos em
unidades como essas.
Figura 2 Destinao Final de Resduos Slidos Urbanos no Brasil (t/dia). Fonte: ABRELPE, 2012.
3.3.1 Destinao final de Resduos Slidos na Regio Sul
Segundo ABRELPE (2012), os 1.188 municpios da regio sul geram cerca
de 21.345 t.dia-1 de resduos slidos urbanos, dos quais 92,54% so coletados,
crescendo desde 2011 um equivalente a 2,9%, como mostra a Figura 3.
-
23
Figura 3 Gerao e Coleta de Resduos Slidos Urbanos na Regio Sul (t/dia). Fonte: ABRELPE, 2012.
Fazendo uma comparao, conforme ABRELPE (2012), dos dados relativos
destinao final em 2012 e 2011 (Figura 4), resulta em nenhum aumento na
destinao ambientalmente adequada, em aterros sanitrios. Porm, cerca de 30%,
correspondente a cerca de 6000 ton.dia-1 dos resduos coletados na regio ainda
so destinados para lixes ou aterros controlados.
Figura 4 Destinao Final dos Resduos Slidos Urbanos na Regio Sul (t/dia). Fonte: ABRELPE, 2012.
O Paran possui cerca de 8.974.350 habitantes, que geram 8.507 toneladas
de resduos slidos por dia. So coletadas 7.771 toneladas dirias, chegando quase
-
24
a 100% de todo lixo gerado, onde somente 31% so destinados de maneira
inadequada. A Figura 5 a seguir mostra a evoluo de 2011 para 2012 das
destinaes finais no estado, tendo aumento de 0,2% na sua destinao
sanitariamente adequada, os aterros sanitrios.
. Figura 5 Destinao Final dos Resduos Slidos Urbanos no Estado do Paran (t/dia). Fonte: ABRELPE, 2012.
3.4 COLETA SELETIVA
A segregao de resduos slidos urbanos tem como objetivo principal a
reciclagem de seus componentes. Segundo DAlmeida e Vilhena (2010), a
reciclagem o resultado de uma srie de atividade, pelas quais o material que se
tornaria lixo desviado, coletado, separado e processado para ser reutilizado como
matria-prima.
Um dos principais processos de separao dos materiais a serem reciclados
a coleta seletiva que foi definida na Lei Federal n. 12.305 de 2 de agosto de 2010,
como a coleta de resduos slidos previamente separados de acordo com sua
constituio e composio na fonte geradora, devendo ser implementada por todos
os municpios (BRASIL, 2010).
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25
Existem vrias formas operacionais de sistemas de coleta seletiva, e em
alguns casos a combinao de diferentes metodologias poder gerar melhores
resultados.
As principais modalidades de coleta seletiva segundo DAlmeida e Vilhena
(2010), so:
Porta-a-porta ou domiciliar: Os moradores colocam os reciclveis na calada,
acondicionados em recipientes diferentes. O procedimento de coleta
semelhante a coleta normal de resduos, porm os veculos coletores
percorrem as residncias em dias e horrios especficos, que no coincidem
com o coleta normal;
Posto de entrega voluntria (PVL): Essa coleta utiliza normalmente
contineres ou pequenos depsitos, colocados em pontos fixos no municpio
onde os moradores depositam os reciclveis. No PLV cada material possui
um recipiente especifico, e so separados por cores padronizadas, ou seja:
verde para vidro, azul para papel, vermelho para plstico, amarelo para
metais, marrom para orgnico e cinza para rejeitos. Em mitos destes pontos
tambm so entregues os resduos especiais como leo de cozinha, pilhas,
baterias e lmpadas;
Posto de troca: a troca do material entregue por algum bem ou benefcio,
como alimento, vale-transporte, vale-refeio, desconto, entre outros e;
Catadores: O trabalho dos catadores de grande importncia para o mercado
de material reciclvel, porm um programa de coleta seletiva deve amparar o
trabalho desses indivduos, geralmente eles so associados em cooperativas
de reciclagem e triagem.
A coleta seletiva geralmente exige a construo de galpes de triagem, onde
os materiais so recebidos, separados, prensados ou picados, e enfardados ou
embalados, para posterior venda.
Segundo a ABRELPE (2012), cerca de 3.326 municpios informaram contar
com iniciativas de coleta seletiva, e na regio sul apenas 945. O Quadro 2 mostra os
resultados obtidos para o Brasil e regies.
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26
Quadro 2 - Municpios com Iniciativa de Coleta Seletiva em 2011. Fonte: ABRELPE, 2012.
A coleta seletiva proporciona boa qualidade dos materiais recuperados, uma
vez que estes esto menos contaminados pelos outros materiais do lixo. Estimula a
cidadania, reforando o esprito comunitrio com a participao, feita de forma
flexvel, j que pode ser iniciada em pequena escala e ser ampliada gradativamente,
e reduz o volume de resduos a serem dispostos DAlmeida e Vilhena (2010).
3.5 TCNICAS DE DISPOSIO FINAL DE RESDUOS SLIDOS NO SOLO
A maioria dos municpios brasileiros ainda utiliza descargas a cu aberto, os
conhecidos lixes, como disposio final de seus resduos. uma forma ilegal de
disposio que se caracteriza, segundo Lanza (2009), pela simples descarga sobre
o solo, sem critrios tcnicos ou medidas de proteo ao meio ambiente e sade.
Esses resduos acarretam problemas de sade, como a proliferao de vetores de
doenas, gerao de maus cheiros e, principalmente, poluio do solo e das guas
subterrneas e superficiais, atravs do chorume.
Ainda de acordo com Lanza (2009), pode-se acrescentar a este cenrio, o
total descontrole quanto aos tipos de resduos recebidos nestes locais, podendo ser
encontrados rejeitos originados de servios de sade e tambm das indstrias.
Associado aos lixes tambm so encontrados catadores e animais, que na maioria
das vezes residem no prprio local.
Segundo a NBR 8.419 de 1992, aterro controlado uma tcnica da
disposio de resduos slidos no solo, constituindo uma maneira de minimizar os
impactos ambientais, sem causar danos ou riscos sade pblica e ao meio
ambiente (ABNT, 1992). Boa parte das cidades do Brasil utiliza aterros controlados
como uma alternativa ao lixo.
Iniciativa de Coleta Seletiva Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil
Sim 213 678 148 1.342 945 3.326
No 2436 1.116 318 326 243 2.239
Total 449 1.794 466 1.668 1.188 5.565
-
27
Esse mtodo utiliza princpios de engenharia para confinar os resduos
slidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na concluso de cada
jornada de trabalho. Com essa tcnica produz-se poluio localizada, no havendo
impermeabilizao de base, que pode comprometer a qualidade do solo e de guas
subterrneas, nem sistema de tratamento de percolado ou de extrao e queima
controlada dos gases gerados (LANZA e CARVALHO, 2006).
3.6 ATERRO SANITRIO
O Aterro Sanitrio (Figura 6) deve ter todos os elementos de proteo
ambiental, e tambm devem ser avaliadas as probabilidades de impacto local sobre
a rea de influncia do empreendimento e se buscar medidas para mitig-los
(LANZA e CARVALHO, 2006).
Os principais componentes de um Aterro Sanitrio segundo DAlmeida e
Vilhena (2010) so: Sistemas operacionais, impermeabilizao do solo, cobertura de
resduos, drenagem de guas pluviais, drenagem de biogs, tratamento de biogs,
drenagem de lquidos percolados, tratamento dos lquidos percolados e
monitoramento.
Figura 6 - Esquema de um Aterro Sanitrio Fonte: NAIME, 2012.
-
28
3.6.1 Mtodos de Aterro Sanitrio
O Aterro Sanitrio deve contar com um sistema de tratamento dos resduos
slidos adequado para cada tipo de caracterstica fsica e geolgica da rea e
tambm da quantidade de lixo a ser disposto. Segundo Obladen et al. (2009), o
sistema escolhido corretamente garante a manuteno da qualidade de vida do
entorno, com mnimas influencias para o meio ambiente. O processo de aterramento
possui trs formas de execuo: Mtodo trincheira ou vala, mtodo de rampa e
mtodo de rea.
O Mtodo de Trincheira ou Vala: consiste na abertura de valas, conforme a
Figura 7, onde os resduos so dispostos, compactados e posteriormente
cobertos com solo. As valas podem ser de pequena ou grande dimenso,
dependendo da quantidade de lixo gerado na cidade (Obladen, 2009).
Figura 7 - Modelo de Mtodo de Vala Fonte - DAlmeida e Vilhena (2010)
O Mtodo de Rampa (Figura 8): fundamentado na escavao da rampa,
onde o lixo disposto e compactado, e posteriormente coberto com solo.
Geralmente empregado em reas de meia encosta, onde o solo natural
oferea boas condies para ser escavado e possa ser usado como material
de cobertura (OBLADEN et al., 2009).
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29
Figura 8 - Modelo de Mtodo de Rampa Fonte - DAlmeida e Vilhena (2010)
Mtodo de rea: Conforme mostrado na Figura 9, Obladen et al. (2009),
mostram que o Mtodo de rea empregado em locais de topografia plana e
lenol fretico raso, onde devem ser criados desnveis com os prprios
resduos. Inicialmente, os resduos so descartados em um ponto estratgico
do terreno, onde dever ter incio o aterro. Os resduos so amontoados e
compactados, formando uma elevao do formato de um tronco de pirmide
que finalmente coberta com solo.
Figura 9 - Modelo de Mtodo de rea Fonte - DAlmeida e Vilhena (2010)
-
30
3.6.2 Impermeabilizao da Base do Aterro Sanitrio
A impermeabilizao da base do aterro tem a funo de proteger a fundao
do aterro e evitar a contaminao do subsolo e guas subterrneas. O sistema de
tratamento de base apresenta caractersticas como estanqueidade, durabilidade,
resistncia mecnica, resistncia s intempries compatibilidade fsico-qumica-
biolgica com os resduos a serem aterrados (DALMEIDA E VILHENA, 2010).
Segundo a Ambienge (2003), os materiais mais usados so solos da classe
argissolo, argila compactada ou geomembranas (sendo de polietileno de alta
densidade ou Policloreto de Polivinila - PVC).
3.6.3 Cobertura dos Resduos Depositados
Segundo Bocchiglieri (2010), a cobertura, que pode ser diria, intermediria
e final, tem a funo de proteger a superfcie da clula, eliminar a proliferao de
vetores, diminuir a taxa de formao de percolados, reduzir a exalao de odores,
impedir a catao, permitir o trfego de veculos, eliminar a queima de resduos e
sada descontrolada de biogs.
As coberturas dirias e intermedirias devem ser realizadas aps o trmino
de cada jornada de trabalho. A cobertura final a cobertura feita aps o trmino da
clula, e se recomenda o uso de cobertura vegetal, para aumentar a
evapotranspirao, diminuir a quantidade de chuva que infiltra e assim diminuir a
quantidade de percolado gerada (BOCCHIGLIERI, 2010).
O sistema de cobertura deve ser resistente a processos erosivos e
adequados futura utilizao da rea (CORTEZ et al., 2003).
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31
3.6.4 Drenagem de guas Pluviais
A drenagem tem o objetivo de desviar o escoamento superficial das guas
pluviais, durante e aps o funcionamento do aterro, evitando infiltrao no resduo. O
dimensionamento de drenagem depende da rea em que o aterro ser implantado e
depende da bacia hidrogrfica em que esta rea esta inserida. Em geral, o sistema
de drenagem constitudo por estruturas drenantes de canaletas de concreto
associadas a escadas dgua e tubos de concreto (TAVARES, 2011).
Dois tipos de drenagem esto presentes no aterro, a provisria, que
utilizada durante a fase de operao do aterro, de maneira a oferecer condies de
trabalho sobre quaisquer condies climticas e que so destrudas ao longo da
evoluo do aterro. E as drenagens definitivas, que permanecem ativas aps o
encerramento das atividades do aterro (CORTEZ et al., 2003).
Segundo DAlmeida e Vilhena (2010), as guas pluviais no devem ser
misturadas com os lquidos percolados, pois eles necessitam de um tratamento mais
complexo antes de serem lanados no corpo receptor, e isso no ocorre com as
guas, elas podem ser lanadas diretamente, mantendo o controle de material em
suspenso e evitando eroso no ponto de lanamento.
3.6.5 Drenagem e Tratamento de Gases
A drenagem dos gases provenientes da massa de lixo, tem a funo de
escoar os gases provenientes da decomposio da matria orgnica, evitando a
contaminao de redes de esgoto, fossas, poos e sob edificaes atravs da sua
migrao pelos meios porosos do subsolo.
O dimensionamento dos drenos depende da vazo de gs a ser drenado.
Para a drenagem utilizam-se drenos verticais, que atravessam o aterro ao longo de
sua espessura indo desde o sistema de impermeabilizao e chegando ao topo da
camada de cobertura, colocados em pontos determinados no aterro e interligados ao
sistema de drenagem de percolado. A distncia entre um dreno e outro deve ser de
30m a 50m (CORTEZ et al., 2003)
-
32
Os drenos geralmente so constitudos por linhas tubos sobrepostos e
perfurados, envoltos por uma camisa de brita, desde a base at a superfcie
formando uma chamin, onde so colocados queimadores para efetivar a
combusto dos gases. Essa queima nos prprios coletores j o tratamento do gs
gerado, e o mais utilizado nos aterros (CORTEZ et al., 2003)
O gs gerado no aterro denominado Biogs, que resultado da
decomposio anaerbia da matria orgnica. Os gases que caracterizam o biogs
so o metano (CH4) e o gs carbnico (CO2). A composio final do biogs varia
com o meio de processo e pode haver impurezas. Para o processo anaerbio deve
haver o acmulo de matria orgnica e a ausncia de oxignio, cenrio comumente
encontrado nos aterros (TAVARES, 2001).
3.6.6 Percolados Gerados em Aterro Sanitrio Chorume
Depois de serem depositados em seu destino final, os resduos passam por
processos fsicos, qumicos e biolgicos de decomposio, produzindo poluentes
residuais lquidos e gasosos. A frao lquida o resultado da combinao do
chorume com a gua que percola atravs do lixo, onde esta gua provm de uma
parte da precipitao que infiltra na cobertura final do aterro, de nascentes prximas
e de guas subterrneas (PACHECO e ZAMORA, 2004).
Segundo Serafim et al. (2003), chorume um lquido escuro e mal cheiroso,
gerado pela degradao dos resduos em aterro sanitrio que originrio de trs
diferentes fontes, a umidade natural do lixo, que no perodo chuvoso aumenta, a
gua que constitui a matria orgnica, que escorre durante o processo de
decomposio e das bactrias existentes no lixo, que expelem enzimas, e estas
dissolvem a matria orgnica com formao de lquido.
Segundo Lins (2003), a decomposio dos resduos slidos um processo
dinmico ocorrendo nas fases aerbia e anaerbia, por organismos decompositores
de matria orgnica, que so na maioria bactrias heterotrficas, aerbias e
facultativas.
No primeiro ms de recobrimento dos resduos e decomposio ocorre a
fase aerbia, onde a ao da decomposio ocorre atravs das bactrias aerbias
-
33
que utilizam o oxignio do interior do aterramento. Essa decomposio mais
intensa no incio e medida que o oxignio fica escasso, a decomposio torna-se
mais lenta. As guas pluviais influenciam nesta fase porque facilitam a redistribuio
de nutrientes e microrganismos ao longo do aterro (LINS, 2003).
Despois de todo o oxignio ser consumido, inicia-se a fase anaerbia, que
pode demorar anos para estar completa. A decomposio ocorre atravs dos
organismos anaerbios e facultativos, que hidrolisam e fermentam celulose entre
outros materiais. Nesta fase ocorre a reduo da concentrao de carbono orgnico,
altos nveis de amnia e largo espectro de metais, que ocasiona um alto risco para o
meio ambiente (LINS, 2003).
O volume de percolado que produzido em um aterro sanitrio varia em
funo das condies climticas da regio e do sistema de drenagem local, sofrendo
influncia da precipitao, umidade dos resduos, permeabilidade do material de
cobertura, existncia de material de cobertura, cobertura vegetal da rea do aterro
entre outros fatores. A sua composio varia com o transcorrer dos anos, de acordo
com as fases de vida do aterro, pois o tempo de aterramento interfere sobre a
qualidade do percolado, de forma que o seu potencial polidor diminui medida que
aumenta o tempo de aterramento (SEGATO e SILVA, 2000).
O impacto ambiental gerado pelo percolado est relacionado com as fases
de decomposio dos resduos slidos. Quando recebe boa quantidade de guas
pluviais, o percolado de um aterro novo caracterizado com pH cido, alta
Demanda Bioqumica de Oxignio (DBO), e outros compostos que podem ser
txicos. Com o passar dos anos a degradabilidade sofre reduo significativa devido
converso dos componentes degradveis em gs metano e CO2 (SERAFIM et al.,
2003).
Os efluentes oriundos de sistemas de disposio final de resduos slidos de
qualquer origem so obrigados a atender as condies e padres previstos da
Resoluo CONAMA 430 de 13 de maio de 2011, que dispe sobre os padres de
lanamento de efluentes, e somente podero ser lanados diretamente no corpo
receptor desde que obedeam a essas condies. O Quadro 3 apresenta os
padres de lanamento de efluentes.
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34
Parmetros Inorgnicos Valores Mximos
Arsnio Total 0,5 mg/L As
Brio Total 5,0 mg/L Ba
Boro Total (no se aplica para guas salinas) 5,0 mg/L B
Cdmio Total 0,2 mg/L Cd
Chumbo Total 0,5 mg/L Pb
Cianeto Total 1,0 mg/LCN
Cianeto Livre (destilvel por cidos fracos) 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr +6
Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr+3
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe
Fluoreto total 10,0 mg/L F
Mangans dissolvido 1,0 mg/L Mn
Mercrio total 0,01 mg/L Hg
Nquel total 2,0 mg/L Ni
Nitrognio amoniacal total 20,0 mg/L N
Parmetros Orgnicos Valores Mximos
Prata total 0,1 mg/L Ag
Selnio total 0,30 mg/L Se
Sulfeto 1,0 mg/L S
Zinco total 5,0 mg/L Zn
Benzeno 1,2 mg/L
Clorofrmio 1,0 mg/L
Dicloroeteno (somatrio de 1,1 + 1,2cis + 1,2 trans) 1,0 mg/L
Estireno 0,07 mg/L
Etilbenzeno 0,84 mg/L
Fenis totais (substancias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,5 mg/L C6H5OH
Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L
Tricloreto 1,0 mg/L
Tolueno 1,2 mg/L
Xileno 1,6 mg/L
Quadro 3 - Padres de lanamento de efluentes Fonte: CONAMA (2011).
3.6.7 Drenagem de Lquidos Percolados
O sistema de drenagem coleta e conduz os lquidos percolados, diminuindo
a presso sobre a massa de lixo, minimizando o potencial de contaminao do
subsolo, e impedindo que o lquido destrua as estruturas do aterro (FARIA, 2002).
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Podem ser planos ou inclinados, tubos de coleta ou drenagem horizontal,
compostos por drenos de material filtrante, que no seja susceptvel ao ataque do
percolado, com tubos perfurados, direcionados para os tanques de acumulao, e
posteriormente enviados para o tratamento adequado. Sua concepo e
dimensionamento dependem da vazo de lquido a ser drenado e da alternativa de
tratamento escolhida (CORTEZ et al., 2003).
3.6.8 Tratamento de Lquidos Percolados
A formao de percolados inevitvel, e deste modo, so previstos sistemas
de tratamento desses lquidos, no sendo admissvel pela Resoluo CONAMA 430
de 2011, sua descarga em cursos dgua fora dos padres normalizados (CONAMA,
2011). O tratamento adotado de acordo com alguns fatores como a eficincia
requerida, rea disponvel, caractersticas fsico-qumicas do percolado, capacidade
de manuteno de controle operacional, etc. (CORTEZ et al., 2003).
Os processos de tratamento atualmente empregados so: recirculao ou
irrigao, lagoas de estabilizao, tratamento qumico, filtro biolgico ou tratamento
em estao de tratamento de esgoto.
Devido ao grande teor de matria orgnica presente no percolado, as lagoas
de estabilizao so consideradas o principal processo de tratamento, isoladas,
associadas entre si ou complementadas por filtros biolgicos (CORTEZ et al., 2003).
Segundo Uehara e Vidal (1989), as lagoas de estabilizao so grandes
tanques de pequena profundidade destinados a tratar guas residuais brutas, por
processos naturais. So corpos de gua lnticos, construdos para armazenar
resduos especficos, como os domsticos e industriais, e devem resultar na
estabilizao da matria orgnica atravs de processos biolgicos. Os processos
biolgicos podem ocorrer em condies anaerbias, facultativas ou aerbias, e de
acordo com a condio as lagoas podem ser classificadas em anaerbia, facultativa,
de maturao ou aerbia.
Lagoa Anaerbia: Segundo Von Sperling (2002), a principal finalidade desta
lagoa a remoo de DBO e slidos em suspeno. Esses slidos so
sedimentados no fundo da lagoa, sendo digeridos, posteriormente, pela ao
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36
das bactrias anaerbias. A reduo de DBO somente ocorre aps a
formao de cidos produzidos pelos microrganismos acidognicos, sendo
posteriormente, convertidos em metano, gs carbnico e gua pelos
microrganismos metanognicos.
Lagoa Facultativa: Tem a funo de remover DBO e patgenos. O processo
de estabilizao da matria orgnica ocorre em trs zonas: a zona aerbia, a
facultativa e a anaerbia. A presena de oxignio nessas lagoas suprida por
algas, que por meio de fotossntese produzem o oxignio durante o dia e
consomem durante a noite. A zona ftica, parte superior, a matria orgnica
dissolvida oxidada pela respirao aerbia, enquanto que na zona aftica,
parte inferior, a matria orgnica sedimentada convertida em gs carbnico,
gua e metano (VON SPERLING, 2002).
Lagoa de Maturao (polimento): Ainda segundo Von Sperling (2002), a lagoa
de maturao tem o objetivo de remover patgenos e nutrientes, fazendo a
desinfeco do efluente das lagoas de estabilizao. So rasas e permitem a
ao dos raios ultravioletas sobre os microrganismos presentes em toda a
coluna dgua. O pH e a elevada concentrao de oxignio tambm
influenciam na remoo de bactrias, vrus e outros microrganismos.
3.6.9 Monitoramento
O monitoramento segundo DAlmeida e Vilhena (2010), o
acompanhamento da evoluo dos processos. Tem por objetivo permitir a deteco,
em estgio inicial, dos impactos ambientais negativos causados pelo aterro,
permitindo assim a implementao de medidas mitigatrias antes que os impactos
assumam grandes propores.
O principal sistema de controle ambiental referente aos lquidos
percolados, monitorando os mananciais de guas superficiais e subterrneas,
buscando a avaliao das alteraes causadas pelo aterro nos cursos dgua
(CORTEZ et al, 2003).
A Norma NBR n 13.896 da ABNT de 1997, exige que para o monitoramento
de guas superficiais devero ser coletadas amostras a montante e a jusante do
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37
aterro, estabelecendo-se comparaes entre as caractersticas destas. Para o
monitoramento de guas subterrneas devem ser perfurados no mnimo quatro
poos, um a montante e trs a jusante, em relao ao fluxo subterrneo, sempre em
pontos estratgicos. Os poos de monitoramento tm a funo de verificar a
qualidade do aqufero antes da passagem sob o aterro e os poos de jusante, de
avaliar a ocorrncia de alteraes das caractersticas iniciais.
Ainda segundo a Norma NBR n 13.896 da ABNT de 1997, o monitoramento
do aterro envolve aspectos ambientais que so o controle da qualidade de gua
subterrnea e superficial, do ar, do solo, de vetores de doenas de rudos e
vibraes, de poeira e de impactos visuais negativos. E tambm aspectos
geotcnicos que so o controle de deslocamento horizontal e vertical, controle do
nvel de percolado e presso de biogs, controle de descarga de percolado nos
drenos, inspeo peridica para avaliar principio de eroso ou trincas.
3.7 NDICE DE QUALIDADE DE ATERRO DE RESDUOS IQR
Segundo Oblade et al. (2009), existem trs fatores que influenciam
diretamente na qualidade de um aterro sanitrio, podendo ser de ordem sanitria,
ambiental e operacional. Os fatores de ordem sanitria so o fogo, fumaa, odor,
vetores de doenas. Os fatores de ordem ambiental so geralmente a poluio do
ar, das guas, do solo e o prejuzo esttica e paisagem local. E por fim a ordem
operacional o controle dos resduos, controle dos tratamentos, entre outros.
O diagnstico dos fatores citados acima feito atravs do ndice de
Qualidade de Aterro de Resduos (IQR), um questionrio criado pelo Inventrio de
Resduos Slidos Urbanos, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB) em 2008 (OBLADEN et al., 2009). O IQR analisa a situao da
disposio final do lixo do municpio, e se tornou um instrumento para decidir a
continuidade de operao ou a necessidade de fechamento de um local de
disposio final de resduos slidos. Auxilia ainda, no estabelecimento de medidas
corretivas (FARIA, 2002).
-
38
O questionrio do IQR composto por 41 variveis, que enfocam trs
macro-conjuntos: caractersticas do Local, infraestrutura implantada e condies
operacionais (OBLADEN et al., 2009).
3.7.1 Caractersticas do Local
Um aterro sanitrio deve ser localizado em uma rea conveniente, onde os
riscos sade humana e ao meio ambiente sejam minimizados (FARIA, 2002).
Assim so estudadas as caractersticas do local (Quadro 4), que d origem ao
subitem 1, englobando as seguintes variveis: Capacidade de suporte do solo,
proximidade de ncleos habitacionais, proximidade de corpos dgua,
permeabilidade do solo, disponibilidade de material para recobrimento, qualidade de
material para recobrimento, condies do sistema virio, trnsito e acesso,
isolamento visual da vizinhana e legalizao da localizao (CETESB, 2012).
CARACTERSTICAS DO LOCAL
Subitem Avaliao Peso
Capacidade de suporte do solo Adequada Inadequada
5 0
Proximidade de ncleos habitacionais Longe > 500m Prximo
5 0
Proximidade dos corpos dgua Longe > 200m Prximo
3 0
Profundidade do lenol fretico > 3m 1 a 3m 0 a 1m
4 2 0
Permeabilidade do solo Baixa Mdia Alta
5 2 0
Disponibilidade de material para cobertura Suficiente Insuficiente Nenhuma
4 2 0
Qualidade do material para recobrimento Boa Ruim
2 0
Condies do sistema virio, trnsito e acesso Boas Regulares Ruins
3 2 0
Isolamento visual da vizinhana Bom Ruim
4 0
Legalizao da localizao Local Permitido Local Proibido
5 0
Subtotal 1
Quadro 4 Caractersticas do Local, ndice de Qualidade de Aterro de Resduo Fonte: CETESB, 2012.
-
39
Capacidade de suporte do solo: A disposio dos resduos no aterro deve se
realizar de modo que a estabilidade do substrato geolgico esteja
assegurada, juntamente com a estabilidade da prpria massa de resduos e
das estruturas associadas, para evitar recalque (FARIA, 2002). Segundo
Alonso (1991), a capacidade de carga de um solo a presso que aplicada
ao mesmo, causa o colapso ou seu escorregamento. Para a estimativa da
capacidade de carga usam-se os perfis geotcnicos, geralmente fornecidos
pelas sondagens.
Proximidade de ncleos habitacionais: Um aterro sanitrio deve estar
afastado de um ncleo urbano a uma distncia mnima de 500m, isso reduz
os incmodos provocados aos moradores por odores, fumaa, poeira,
barulhos, etc. (SILVA e CUNHA, 2006).
Proximidade de corpos dgua: Para impedir a contaminao pelo percolado,
o aterro deve estar longe dos corpos dgua a uma distncia mnima
recomendada de 200m, uma distancia menor pode comprometer o uso
publico do recurso hdrico (SILVA e CUNHA, 2006).
Profundidade do Lenol Fretico: Segundo a Norma NBR 13.896 da ABNT de
1997, o solo do aterro deve ser homogneo de 3,0m de espessura entre a
base do aterro e o nvel do lenol fretico mais alto, porm aceitvel uma
distncia mnima, entre a base do aterro e a cota mxima do aqufero fretico
igual a 1,5m.
Permeabilidade do solo: Quanto menores os vazios existentes no solo
menores sero os coeficientes de permeabilidade. O coeficiente de
permeabilidade (K) depende do tipo de solo, se sua estrutura e da capacidade
ou consistncia (SILVA e CUNHA, 2006). A Norma NBR 13.896 da ABNT de
1997 estabelece como condio ideal a instalao de aterros em local com
coeficiente de permeabilidade de 1,0 x 10-6 cm.s-1. Diz que aceitvel o
coeficiente de 5,0 x 10-5 cm.s-1, podendo ser exigida uma impermeabilizao
suplementar, visando mais proteo do aqufero fretico, e no recomenda a
construo de aterros em reas com coeficiente maior ou igual a 5,0 x 10-4
cm.s-1, mesmo com impermeabilizao complementar. Segundo Faria (2002),
o coeficiente K menor que 1,0 x 10-6 cm.s-1 confere uma permeabilidade
baixa. O coeficiente K entre 1,0 x 10-6 cm.s-1 e 5,0 x 10-4 cm.s-1 confere
-
40
permeabilidade mdia e coeficiente K> 5,0 x 10-4 cm.s-1 confere
permeabilidade alta.
Disponibilidade de material para recobrimento: A disponibilidade de material
para recobrimento muito importante, pois o emprstimo de solo, de outra
propriedade encarece o custo de operao do aterro (SILVA e CUNHA,
2006).
Qualidade do material para recobrimento: Segundo Faria (2002), o material
adequado para recobrimento deve apresentar fcil escavabilidade e textura
argila-arenosa de composio variando de 50% a 60% de areia e o restante
uma mistura equilibrada entre silte e argila. O subitem possui avaliao boa,
tendo 50% de areia, 25% de silte e 25% argila. Quando no se enquadram
nestas especificaes mnimas so avaliados como ruins.
Condio do sistema virio-trnsito e acesso: Segundo Silva e Cunha (2006),
o aterro deve se localizar o mais prximo possvel do centro de gerao e
apresentar acesso livre de trnsito para as despesas com transporte serem
reduzidas e a produtividade da coleta ser mxima. As vias devem sofrer
constante manuteno, j que os veculos so pesados. A avaliao deste
subitem boa quando o sistema virio-transito-acesso favorvel, regular
quando uma destas condies no for favorvel e ruim quando as trs no
foram favorveis (CETESB, 2012).
Isolamento visual da vizinhana: Para evitar a poluio visual e a
desvalorizao das propriedades da redondeza, necessrio que se faa o
isolamento visual do aterro com espcies arbreas (FARIA, 2002).
Legalizao da localizao: A rea de implantao deve ser liberada por lei,
se o local for permitido a avaliao tem peso mximo, caso contrrio peso
zero (CETESB, 2012).
3.7.2 Infraestrutura Implantada
Depois da etapa de caracterizao do local, o prximo passo a verificao
das obras de engenharia, que visam a plena operao da rea, com o devido
manejo dos resduos (FARIA, 2002). A infraestrutura implantada, mostrada no
-
41
Quadro 5, segundo a CETESB (2012), d origem ao subitem 2, englobando as
seguintes variveis: cercamento da rea, portaria/guarita, impermeabilizao de
base do aterro, drenagem do chorume, drenagem definitiva das guas pluviais,
drenagem provisria da guas pluviais, trator de esteira ou compatvel, outros
equipamentos, transito e acesso, sistema de tratamento de chorume, acesso
frente de trabalho, vigilantes, sistema de drenagem de gases, controle de
recebimento de cargas, monitorizao de guas subterrneas e atendimento a
estipulao de projeto.
INFRAESTRUTURA IMPLANTADA
Subitem Avaliao Peso
Cercamento da rea Sim No
2 0
Portaria/Guarita Sim No
2 0
Impermeabilizao de base do aterro Sim No
5 0
Drenagem de chorume Suficiente Insuficiente Inexistente
5 1 0
Drenagem definitiva de guas pluviais Suficiente Insuficiente Inexistente
4 2 0
Drenagem provisria de guas pluviais Suficiente Insuficiente Inexistente
2 1 0
Trator de esteira ou compatvel Permanente Periodicamente Inexistente
5 2 0
Outros equipamentos, trnsito e acesso Sim No
1 0
Sistema de tratamento de chorume Suficiente Insufi/Inexist.
5 0
Acesso frente de trabalho Bom Ruim
3 0
Vigilantes Sim No
1 0
Sistema de drenagem de gases Suficiente Insuficiente Inexistente
3 1 0
Controle de recebimento de cargas Sim No
2 0
Monitorizao de guas subterrneas Suficiente Insuficiente Inexistente
3 2 0
Atendimento a estipulao de projeto Sim Parcialmente No
2 1 0
Subtotal 2
Quadro 5 Infraestrutura Implantada, ndice de Qualidade de Aterro de Resduo Fonte: CETESB, 2012.
-
42
Cercamento da rea: Para impedir o acesso de catadores e animais no local,
o aterro deve ser cercado (SILVA e CUNHA, 2006).
Portaria/guarita: A portaria ou guarita tem por finalidade a segurana do
aterro, na entrada e sada de veculos e pessoas (SILVA e CUNHA, 2006).
Impermeabilizao da base do aterro: A impermeabilizao da base do aterro
tem a funo de proteger a fundao do aterro evitando a contaminao do
subsolo e aquferos pela infiltrao de percolado (DAlmeida e Vilhena, 2010).
A pontuao mxima para este subitem, com valor cinco, ocorre quando o
manto de solo for homogneo de 3,0m de espessura com coeficiente de
permeabilidade (K) maior que 1,0 x 10-6 cm.s-1.Quando o solo no oferecer as
condies citadas, a mesma pode ser complementada com a geomembrana
sinttica, para haver proteo equivalente (FARIA, 2002).
Drenagem do chorume: A Norma NBR 13.896 de 1997, da ABNT, estabelece
que um aterro sanitrio deve ter sistema de drenagem de percolado. Segundo
Faria (2002), o sistema de drenagem horizontal, como o do aterro, dividido
em faixar retangulares, composto de drenos primrios que seguem para os
drenos secundrios. O espaamento entre os drenos secundrios devem ser
de 30m, com ngulos de 45 a 60 com o dreno principal. Esses drenos
principais seguem para um nico ponto de coleta, que se dirige ao sistema de
tratamento. A inclinao da tubulao deve estar entre 1% e 2%. Os tubos
so preenchidos com pedra brita nmero trs com dimetro em torno do tudo
de 0,5m. A drenagem pode ser contemplada com peso cinco, sendo
suficiente, se estiver nas conformidades de sua instalao, ou seja, se no
houver extravasamento nos sistemas de tratamento e afloramento nas
massas de lixo j cobertos. Caso o subitem seja mal projetado ou executado,
o sistema de drenagem tem avaliao insuficiente e requer peso 1. Se no for
encontrada nenhum tipo de drenagem o peso zero.
Drenagem definitiva de guas pluviais: A precipitao a parcela mais
importante na produo de chorume, o desvio das guas antes da entrada no
corpo do aterro, diminui a produo de chorume (DAlmeida e Vilhena, 2010).
Este subitem ganha peso quatro quando as canaletas so instaladas
corretamente, nas clulas j desativadas, e a drenagem seja suficiente. Caso
-
43
haja m manuteno das canaletas o subitem adquire peso dois, e se no
houver sistema de drenagem definitivo o peso zero (CETESB, 2012).
Drenagem provisria de guas pluviais: So usadas canaletas sem
revestimento especial, as quais avanam junto com a evoluo do aterro
(DAlmeida e Vilhena, 2010). Segundo CETESB (2012), este subitem tem
avaliao suficiente caso haja as canaletas provisrias e estas trabalhem de
modo suficiente, assim o peso dois. Caso as canaletas trabalhem de forma
insuficiente o peso 1, e se forem inexistentes o peso zero.
Trator de esteira ou compatvel: Este equipamento recomendado para a
compactao do lixo e da camada de cobertura, por alcanar maior eficincia.
Segundo Faria (2002), o trator esteira mais aconselhvel o tipo D6, por
apresentar melhor compactao e um menor numero de passadas. A
permanncia constante desse trator no aterro requer avaliao mxima de
cinco pontos, a permanncia peridica solicita peso dois, e a inexistncia no
tem peso.
Outros equipamentos: Se houver outros equipamentos auxiliares na
escavao e transporte do material para recobrimento e no espalhamento dos
resduos, como retroescavadeira e caminho basculante, este subitem ganha
pontuao com peso 1, caso forem inexistentes no tem pontuao (FARIA,
2002).
Sistema de tratamento de chorume: Deve ser analisada a convenincia do
mtodo de tratamento escolhido, pelo volume e a carga poluidora. A
avaliao considerada suficiente adquire peso mximo de cinco, e a
inadequada ou inexistente, peso zero (SILVA e CUNHA, 2006).
Acesso frente de trabalho: A frente de trabalho o local onde os resduos
so descarregados, depositados e compactados durante um determinado
perodo de trabalho. O acesso a essa frente deve ser livre, sem nenhum tipo
de obstruo durante todas as estaes do ano (FARIA, 2002).
Vigilantes: Para no haver descarga de resduos imprprios, entrada de
veculos e pessoas no autorizadas, a vigilncia deve ser feita 24 horas por
dia (SANTOS et al., 2012).
Sistema de drenagem de gases: Segundo Faria (2002), a drenagem de gases
considerada suficiente, obtendo peso trs, quando os drenos estiverem
-
44
construdos dentro das recomendaes tcnicas (de 30 a 50m). Se o
espaamento entre eles for superior a 50m a drenagem avaliada como
insuficiente, com peso um.
Controle do recebimento de cargas: O controle deve ser realizado com o
objetivo de assegurar e garantir que se recebam somente resduos
autorizados e compatveis com as instalaes do aterro e seu licenciamento
(SILVA e CUNHA, 2006).
Monitorizao de guas subterrneas: A Norma NBR 13.896 da ABNT de
1997, diz que o objetivo do monitoramento das guas subterrneas
controlar e manter a qualidade destas, pelo menos nos mesmos patamares
em que se encontravam antes da implantao do aterro, e requer no mnimo
quatro poos de monitoramento. Segundo CETESB (2012), o monitoramento
requer peso trs, quando atender os quesitos da norma NBR 13.896 da ABNT
de 1997. O peso um, caracteriza o monitoramento fora das especificaes.
Atendimento a estipulao de projeto: Neste subitem so avaliadas todas as
obras e atividade previstas em projeto executivo (SILVA e CUNHA, 2006). Se
estiverem de acordo com o projeto o peso dois, se estiver parcialmente
atendendo as estipulaes o peso um, e se no estiver dentro das
conformidades do projeto o peso zero (CETESB, 2012).
3.7.3 Condies Operacionais
As condies operacionais referem-se o ltimo macro-conjunto dando
origem ao subtotal 3, apresentado no Quadro 6, que segundo a CETESB (2012)
engloba as seguintes variveis: Aspecto geral, ocorrncia de lixo descoberto,
recobrimento do lixo, presena de urubus ou gaivotas, presena de moscas em
grande quantidade, presena de catadores, criao de animais, descarga de
resduos de servio de sade, descarga de resduos industriais, funcionamento da
drenagem pluvial definitiva, funcionamento da drenagem pluvial provisria,
funcionamento da drenagem de chorume, funcionamento do sistema de tratamento
-
45
de chorume, funcionamento do sistema de monitorizao das guas subterrneas,
eficincia da equipe de vigilncia e manuteno dos acessos internos.
CONDIES OPERACIONAIS
Subitem Avaliao Peso
Aspecto geral Bom Ruim
4 0
Ocorrncia de lixo descoberto No Sim
4 0
Recobrimento do lixo Adequado Inadequado Inexistente
4 1 0
Presena de urubus ou gaivotas No Sim
1 0
Presena de moscas em grande quantidade No Sim
2 0
Presenas de catadores No Sim
3 0
Criao de Animais (porcos, bois, cachorro, etc.) No Sim
3 0
Descarga de resduos de servio de sade No Sim
3 0
Descarga de resduos industriais No/Adeq. No/Inadeq.
4 0
Funcionamento da drenagem pluvial definitiva Bom Regular Inexistente
2 1 0
Funcionamento da drenagem pluvial provisria Bom Regular Inexistente
2 1 0
Funcionamento da drenagem de chorume Bom Regular Inexistente
3 2 0
Funcionamento do sistema de tratamento de chorume Bom Regular Inexistente
5 2 0
Funcionamento do sistema de monitorizao das guas subterrneas Bom Regular Inexistente
2 1 0
Eficincia da equipe de vigilncia Boa Ruim
1 0
Manuteno dos acessos internos Boa Regular Pssima
2 1 0
Subitem 3
Quadro 6 Condies Operacionais, ndice de Qualidade de Aterro de Resduo Fonte: CETESB, 2012.
Aspecto geral: Viso geral se todos os itens analisados esto sendo
cumprido, isso acarreta peso mximo de quatro, para avaliao boa. A
avaliao ruim no tem peso (FARIA, 2002).
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Ocorrncia de lixo Descoberto: Segundo a CETESB (2012), se no houver
lixo descoberto o peso atingido de quatro pontos, se houver zero.
Recobrimento do lixo: Aps o trmino da jornada de trabalho, com a coleta
terminada, os resduos depositados devem receber uma cobertura de terra,
de 15cm a 30cm, evitando a propagao de vetores, ratos, urubus, etc.
Atendidas as recomendaes este subitem avaliado como adequado e
julgado com peso quatro. Caso no atenda as recomendaes avaliado
como inadequado e julgado com peso um, e se no houver recobrimento, o
peso zero (FARIA, 2002).
Presena de urubu ou gaivota: A presena de Urubus ou gaivotas indicam a
permanncia de lixo exposto ao tempo, favorecendo a proliferao de
vetores, mau odores e riscos sade humana (DAlmeida e Vilhena, 2010),
Segundo Ferreira e Pfeiffer (2011), a ausncia desses animais leva a atingir o
peso um deste subitem, caso contrrio o peso zero.
Presena de moscas em grande quantidade: importante que o recobrimento
do lixo seja feito de forma correta, evitando a procriao destes animais, que
so uma ameaa para a sade humana. Segundo Ferreira e Pfeiffer (2011), a
presena de moscas faz com que a avaliao no atinja nenhum ponto, e a
sua ausncia atinja o peso dois.
Presena de catadores: As condies de trabalho dos catadores so
desordenadas e insalubres, vindo a prejudicar a sade destes. Segundo Faria
(2002), a existncia de catadores reduz trs pontos na avaliao.
Criao de Animais: comum encontrar a criao de animais dentro do
aterro, essa pratica pode trazer riscos sade humana (SILVA e CUNHA,
2006). Se h a ocorrncia de criao o peso deste subitem zero, se no h
o peso trs (CETESB, 2012).
Descarga de resduos de servio de sade: Os resduos de servio de sade
devem ter tratamento adequado para suas caractersticas, sendo tratados por
processos tecnolgicos adequados ou incinerados (FARIA, 2002). Segundo a
CETESB (2012), se houver a presena deste tipo de resduo este subitem
no atinge peso, e se no houver o peso adquirido de trs.
Descarga de resduos industriais: Segundo Faria (2002), um aterro sanitrio
de resduos urbanos no deve receber resduos industriais, somente pode ser
-
47
recebido este tipo de material quando o acondicionamento seja adequado,
no oferecendo risco sade humana e ao meio ambiente. A CETESB
(2012) qualifica com peso quatro o acondicionamento adequado ou o no
recebimento destes materiais, caso contrrio o peso zero.
Funcionamento da drenagem pluvial definitiva: O sistema de Drenagem
Definitiva deve levar os lquidos coletados a um nico local, sem vazamentos
e extravasamentos das calhas de coleta (SILVA e CUNHA, 2006). Segundo a
CETESB (2012), o sistema de drenagem definitivo avaliado com bom, tendo
peso dois, quando nenhuma das caractersticas citadas acima for encontrada,
regular caso alguma delas no seja atendida, com peso um, e inexistente se
no houver o sistema de drenagem, tendo peso zero.
Funcionamento da drenagem pluvial provisria: Segundo Silva e Cunha
(2006), a drenagem pluvial provisria deve trabalhar juntamente coma
definitiva. A obteno de peso mximo (dois), esta ligada ao bom
funcionamento desta drenagem, atendo a demanda, principalmente em
pocas de chuva. Se a demanda no estiver sendo atendida, o peso obtido
deve ser um, e se houver inexistncia deste tipo de drenagem o peso zero.
Funcionamento da drenagem de chorume: A drenagem de chorume deve
corresponder demanda de percolado e a capacidade do aterro (SILVA e
CUNHA, 2006). Se no houver afloramentos de chorume nas massas de lixo
a pontuao pode chegar a trs, se for observado afloramentos a pontuao
cair para dois. A pontuao zero quando este tipo de sistema for
inexistente (CETESB, 2012).
Funcionamento do sistema de tratamento de chorume: O funcionamento
desse sistema realizado atravs da eficincia do tratamento que utilizado.
Se a eficincia for considerada boa, o peso adotado de cinco, se for
considerada regular o peso dois e se for inexistente o peso zero (FARIA,
2002).
Funcionamento do sistema de monitorizao das guas subterrneas: A
coleta de amostras para a monitorizao das guas subterrneas deve ser
feita de 6 em 6 meses, e as caractersticas no devem ser diferentes das
originais. Quando o sistema de monitorizao for bom o peso adotado de
-
48
dois, se regular o peso um e se inexistente o peso zero (SILVA e CUNHA,
2006).
Eficincia da equipe de vigilncia: Se a equipe de vigilncia est atendendo
corretamente as necessidades impostas pelo aterro pontuao alcanada
um, caso contrrio zero (SANTOS et al., 2012).
Manuteno dos acessos internos: Os acessos internos so os trechos por
onde os caminhes, carros e maquinas transitam, e onde os caminhes
passam para descarregar o lixo dentro do aterro. So construdas durante o
perodo de cada etapa do aterro. Se a manuteno dessas vias estiver em
boa condio o peso adquirido dois, se a manuteno for regular o peso
um e se no houver manuteno o peso zero (FARIA, 2002).
3.7.4 Enquadramento das Instalaes do Aterro
Segundo Obladen et al. (2009), o preenchimento do questionrio do IQR
permite alcanar uma nota, a partir da somatria dos pontos atribudos a cada
conjunto de variveis, que enquadra as instalaes de destinao final em
inadequadas, controladas ou adequadas, definido pela expresso matemtica
mostrada a seguir:
IQR= (Subtotal 1+ Subtotal 2 + Subtotal 3) / 13
Onde:
0 < IQR < 6,0 Expressa condies inadequadas para o aterro sanitrio;
6,0 < IQR < 8,0 Expressa condies controladas para o aterro sanitrio;
8,0 < IQR < 10,0 Expressa condies adequadas para o aterro sanitrio.
A classificao alcanada pelo IQR de suma importncia, pois criou uma
padronizao nas avaliaes das condies ambientais das instalaes, diminuindo
o nvel de subjetividade e possibilitando o estabelecimento de comparaes de
maior significncia (FARIA, 2002).
-
49
3.8 ESTUDOS DE CASO
3.8.1 Diagnstico dos Resduos Slidos Gerados no Municpio de Boa Esperana
PR
Santos (2004) buscou caracterizar e diagnosticar o sistema de limpeza
pblica, as atividades de coleta, acondicionamento, transporte e disposio final dos
resduos no municpio de Boa Esperana PR. Este diagnstico foi realizado
atravs de levantamentos bibliogrficos, pela determinao da produo per capta e
composio gravimtrica de resduos gerados no municpio.
A gerao de resduos na cidade em mdia de 1.802 kg.dia-1,
representando uma produo per capta de 0,698 kg.dia-1, estando abaixo da mdia
nacional e regional que respectivamente so de 1,35 kg.(hab.dia)-1 e 0,79
kg.(hab.dia)-1.
Foram encontrados problemas no acondicionamento dos resduos nas
residncias e no transporte pblico. A realidade municipal obtida atravs do
diagnstico de resduos, fez com que este trabalho demonstrasse a necessidade de
um programa de coleta seletiva e um processo de educao ambiental, onde
houvesse a conscientizao da populao com relao sua responsabilidade em
exercer aes em relao aos resduos por ela gerados.
3.8.2 Avaliao da rea de Disposio Final de Resduos Slidos Urbanos de
Anpolis: Um Estudo de Caso
Ferreira e Pfeiffer (2001) buscaram avaliar a adequao do atual local de
disposio final de resduos slidos utilizado pelo municpio de Anpolis. Essa
avaliao em primeira etapa foi realizada atravs de consultas a trabalhos tcnicos,
legislao pertinente, normas da ABNT, alm de publicaes da Secretaria Estadual
do Meio Ambiente e Recursos Hdricos (SEMARH) e dados do IBGE. Na segunda
etapa foram feitos levantamentos relacionados ao aterro de Anpolis, consultando o
-
50
Plano de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos Urbanos do municpio, e
fazendo visitas a campo, com vistorias fotografadas.
O aterro sanitrio recebe diariamente 280 t/dia de resduos slidos urbanos,
que so dispostos juntamente com os resduos industriais classe II (no-perigosos),
onde as industrias devem possuir autorizao, licenciamento e ficha de
caracterizao dos resduos, e ainda cobrada uma taxa de R$ 34,59 por tonelada.
50 a 60 t.dia-1 de resduos de construo civil, com taxa de R$ 12,19 por tonelada,
que so dispostos em um local separado e utilizados na cobertura da clula de
resduos urbanos. E por fim 2 a 3 t.dia-1 de resduos de servio de sade das classes
A e E, dispostos em valas spticas, onde sua cobertura mvel para evitas acumulo
de gua pluvial, j que a mesma desprovida de drenos.
Apesar de alguns problemas como chorume aflorando, poos de
monitoramento no adequados, catadores e animais dentro do aterro, medidas
esto sendo tomadas para que se melhore as condies do aterro. Tambm para
ajudar a reduzir os resduos a serem dispostos no aterro esta sendo implantada
coleta seletiva, que tambm possui carter social que de retirar cerca de 60
catadores do aterro e recoloca-los em local de trabalho adequado. Com a adoo de
medidas corretivas e preventivas a manifestao de problemas de cunho ambiental
e social sero minimizados.
3.8.3 Avaliao e Diagnstico do Gerenciamento dos Resduos Slidos Urbanos no
Municpio de Cianorte, Estado do Paran, Brasil.
Albertin et al. (2010) objetivaram avaliar o gerenciamento dos Resduos
Slidos Urbanos de Cianorte Pr.
Foram avaliados o histrico do gerenciamento da cidade, a caracterizao
gravimtrica do resduos, a coleta domiciliar e limpeza urbana, a coleta seletiva,
resduos de construo e demolio, resduos slidos de servio de sade,
disposio dos resduos slidos domiciliares e comerciais, onde foi utilizado o ndice
que qualidade de Aterro de Resduos (IQR).
Os resultados mostraram que o gerenciamento tem sido realizado
adequadamente. A coleta domiciliar e a limpeza urbana, atende a 100% dos
-
51
domiclios, incluindo os distritos urbanos. A coleta seletiva atende todos os
domicilios, porm h necessidade de incentivar a participao da populao. E os
geradores dos resduos slidos de servios sade esto atendendo os requisitos
legais da ANVISA e CONAMA.
No que diz respeito a disposio final, os resduos coletados esto sendo
encaminhados para um Aterro Sanitrio, que considerado um dos melhores da
regio, pois atende os requisitos tcnicos de engenharia, e os requisitos legais e
ambientais. Este aterro gerenciado e operado pela Companhia de Saneamento do
Paran (SANEPAR), seu IQR de 8,38, ndice este que o qualifica com um dos
melhores aterros do Brasil.
Porm falta a implantao de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos
de construo Civil.
-
52
4 MATERIAL E MTODOS
Neste tpico sero apresentadas informaes a respeito do material e
mtodos, onde caracterizada a rea de estudo