AUTO-HEMOTERAPIA NA PAPILOMATOSE BOVINA–RELATO DE CASO - Fundação Educacional de Andradina

4
CIÊNCIAS AGRÁRIAS RELATO DE CASO AUTO-HEMOTERAPIA NA PAPILOMATOSE BOVINA – RELATO DE CASO SELF – HEMOTHERAPY IN PAPILLOMATOSIS BOVINE – CASE REPORT Julio César Pereira Spada¹, Amanda de Abreu Martins¹, Sergio Rene Sanches 1 , Elvis Roque Leite², Fernanda Pereira Spada¹, Agueda Aparecida Lima da Silva Rial³ RESUMO Relata-se o caso de um bezerro atendido no Hospital Veterinário da Fundação Educacional de Andradina, que apresentava Papilomatose Bovina. O animal provinha de um sitio da região de Andradina e apresentava verrucose em todo o seu dorso. O tratamento do animal foi realizado através de um protocolo usando auto-hemoterapia. Unitermos: auto-hemoterapia, dorso, papilomatose, verrucose. ABSTRACT We reported the case of a calf at the Veterinary Hospital of the Andradina Educational Foundation, which presented Bovine papillomatosis. The animal came from a farm in the region of Andradina and presented verrucose throughout its backs. The treatment of the animal was done through a protocol using self-hemotherapy. Uniterms: dorsum, papillomatosis, self-hemotherapy, verrucose. 1 Aluno do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina/SP. 2 Aluno do Curso de Biotecnologia da Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina/SP. 3 Profa. Ms. do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina/SP. 78 Ciên. Agr. Saúde. FEA, Andradina, v.9, 2013 78 - 81

description

AUTO-HEMOTERAPIA NA PAPILOMATOSE BOVINA–RELATO DE CASO - Fundação Educacional de AndradinaMAIS UMA PUBLICAÇÃO RECENTE COMPROVA A EFICÁCIA DA AUTO-HEMOTERAPIA, do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina/SP. AUTO-HEMOTERAPIA NA PAPILOMATOSE BOVINA–RELATO DE CASO ER Leite, FP Spada¹, AAL da Silva Rial - fea.br ... RELATO DE CASO AUTO-HEMOTERAPIA NA PAPILOMATOSE BOVINA – RELATO DE CASO SELF – HEMOTHERAPY IN PAPILLOMATOSIS BOVINE – CASE REPORT ... O tratamento do animal foi realizado através de um protocolo usando auto-hemoterapia. ... - CONSIDERAÇÕES FINAIS O resultado obtido neste caso foi condizente com a literatura pesquisada. O uso da auto-hemoterapia levou a cura clínica do animal, em um curto período de tempo e com baixo custo. - * ESTUDO DOCUMENTADO COM REGISTRO FOTOGRAFICO.

Transcript of AUTO-HEMOTERAPIA NA PAPILOMATOSE BOVINA–RELATO DE CASO - Fundação Educacional de Andradina

  • CINCIAS AGRRIAS RELATO DE CASO

    AUTO-HEMOTERAPIA NA PAPILOMATOSE BOVINA RELATO DE CASO

    SELF HEMOTHERAPY IN PAPILLOMATOSIS BOVINE CASE REPORT

    Julio Csar Pereira Spada, Amanda de Abreu Martins, Sergio Rene Sanches1,

    Elvis Roque Leite, Fernanda Pereira Spada, Agueda Aparecida Lima da Silva Rial

    RESUMO

    Relata-se o caso de um bezerro atendido no Hospital Veterinrio da Fundao Educacional de

    Andradina, que apresentava Papilomatose Bovina. O animal provinha de um sitio da regio de Andradina

    e apresentava verrucose em todo o seu dorso. O tratamento do animal foi realizado atravs de um

    protocolo usando auto-hemoterapia.

    Unitermos: auto-hemoterapia, dorso, papilomatose, verrucose.

    ABSTRACT

    We reported the case of a calf at the Veterinary Hospital of the Andradina Educational Foundation,

    which presented Bovine papillomatosis. The animal came from a farm in the region of Andradina and

    presented verrucose throughout its backs. The treatment of the animal was done through a protocol using

    self-hemotherapy.

    Uniterms: dorsum, papillomatosis, self-hemotherapy, verrucose.

    1 Aluno do Curso de Medicina Veterinria da Faculdade de Cincias Agrrias de Andradina/SP.

    2 Aluno do Curso de Biotecnologia da Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina/SP.

    3 Profa. Ms. do Curso de Medicina Veterinria da Faculdade de Cincias Agrrias de Andradina/SP.

    78

    Cin. Agr. Sade. FEA, Andradina, v.9, 2013 78 - 81

  • INTRODUOAs papilomatoses ou verrucoses so

    enfermidades infecto-contagiosas, crnicas, decarter tumoral, causadas por um vrus da famliaPapovavrus. As espcies hospedeiras so osbovinos, ovinos, caprinos, cervos, alces, eqinos,coelhos, ces, macacos, sunos, sarigu,camundongos e elefantes. Muitas das leses soconsideradas hiperplasias ou neoplasias benignas,pois as leses no induzem as metstases e nocausam a morte do hospedeiro, porm em algumasespcies animais o papilomavrus pode sofrertransformao maligna (1,5,6,8). Tartarugas, humanose papagaios tambm possuem a funo dehospedeiros (1,5,12).

    O vrus destrudo temperatura de 60Cpor 30 minutos e sensvel formalina 10%. resistente a solventes lipdicos e variaes de pH,permanecendo vivel a 4C por 90 dias e emglicerina por dois anos (2,4,9,13) .

    A doena se inicia pelo aparecimento depequenos ndulos que, com o tempo vo setornando maiores e mais numerosos. As verrugastem aspecto de couve-flor evoluindo para formassecas e escuras. Depois de algum tempo caempor motivo da necrose da base. O numero deverrugas varivel (2,8,12).

    O papilomavrus pode ser transmitidoatravs do contato direto animal-animal ou contatoindireto como: cercas, cordas, ordenhadeiras,aplicadores de brincos, agulhas contaminadas evetores (moscas, carrapatos) que podem carregaro vrus( 1,2,4,6,8,9,10,13,16) .

    Os reservatrios so os prprios animaisdoentes (13,16). Raas oriundas do Bos taurustaurus ou mestias parecem ser mais susceptveisa papilomatose (16). A doena mais comum emrebanho leiteiro (6,8,10). No h predileo por sexoou raa, mas a doena costuma ser mais comumem animais com menos de dois anos de idade(nestes tendo seu curso muito mais prolongado) eque tenham receptividade gentica(9,13,16). NoBrasil, a verrucose mais comum em bezerros(2).

    O bovino acometido pela papilomatosepode apresentar complicaes por feridasmecnicas, como hemorragias ou infeces

    secundrias, que ocorrem nos papilomasgrandes ou nos aglomerados. As feridas e osangramento dos papilomas predispem apresena de moscas e, conseqentemente, aodesenvolvimento de miases. (2,16). Passada adoena, os animais tornam-se imunes. Asreinfeces tem sua causa numa perda daimunidade causada por condies estressantestais como manejo inadequado, desnutrio eectoparasitose (1).

    A doena, geralmente, no requertratamento especfico, porm pode ser realizadaa remoo cirrgica, existindo a teoria de que aremoo de uma leso estimularia a rejeio doorganismo aos outros papilomas. A remoocirrgica e cauterizao dos stios das leses feitaatravs da retirada de algumas verrugas quepodem estimular a resposta imune humoral (13).

    A utilizao de vacinas autgenas, que sode fcil preparao, econmicas e a sua utilizaotem sido ocasionalmente bem sucedida, no entanto,ainda no se conhece quais fatores influenciam nosresultados. Acredita-se que a resposta imunolgicadesenvolvida contra o papilomavrus seja do tipoespecfica, conferindo proteo somente contra ovrus homlogo ao da vacina (16). Normalmenteso aplicadas cinco doses de 10mL cada aintervalos de 7 a 10 dias (13).

    A auto-hemoterapia promove um estmuloprotico, em casos de doenas inflamatriascrnicas, leva a uma reativao da imunidadeorgnica. Os produtos da degradao eritrocitriaso conhecidos por estimular a eritropoiese e ativaro sistema imune normal, permitindo a manutenoda homeostasia. A auto-hemoterapia proporcionaum aumento no nvel de anticorpos, capazes deligarem a produtos provenientes da degradaocelular e assim neutraliza-los, resultando naelevao dos nveis de linfocitotoxicinas nacirculao sangunea (16). O mtodo consiste emretirar 10mL de sangue venoso e imediatamenteaplic-lo por via intramuscular profunda. Istoprovoca um estmulo imunolgico inespecfico, quepode levar queda das verrugas (4,11).

    O uso de pomada a base de Carbonato declcio onde apresenta ao queratoltica associada

    79

    Cin. Agr. Sade. FEA, Andradina, v.9, 2013 78 - 81

  • ao formaldedo soluo a 37% de aonecrosante, atua matando o vrus, evitando,desta forma, novos casos da doena no rebanho,secando-as (3)

    Quanto ao levamisole, o seu potencial foiavaliado em pacientes que apresentavam desordensimunolgicas congnitas e adquiridas, mediante amigrao de leuccitos e os achados sugerem queo tratamento com este composto estimula aproduo de mediadores da imunidade celular eativa a populao de linfcitos T (15).

    O cuidado na aquisio de animais queapresentem papilomas, bem como o isolamentodestes do restante do plantel devem ser asprincipais medidas de preveno e controle dadoena. Tambm so importantes medidas comoesterilizao de agulhas, seringas e materiaiscirrgicos, utilizao de materiais descartveis,controle de moscas e carrapatos e seguir o princpiode que animais doentes sejam sempre manejadospor ltimo (11).

    O presente estudo tem como finalidaderelatar um caso de papilomatose bovina tratadacom auto-hemoterapia.

    RELATO DO CASO CLNICOFoi atendido no Hospital Veterinrio da

    Fundao Educacional de Andradina, na cidade

    de Andradina SP um bezerro mestio (Bostaurus taurus), fmea, com trs meses deidade, com peso de 52,1kg, provindo de umstio localizado em Andradina, onde erapraticada a pecuria de leite. O animal foi levadoao hospital, pois apresentava pequenos ndulos(verrugas) na regio do dorso. Atravs daanamnese constatou-se que houve outrosanimais da mesma idade com sintomatologiaidntica que conviviam juntos, no mesmoespao fsico e esses depois de certo tempovieram a cura. No exame fsico do animal, foramconstatadas verrugas por todo o dorso doanimal (Figura 1). Concluindo o diagnsticonosolgico, foi iniciado o protocolo detratamento que consistia na utilizao de auto-hemoterapia(4,11,16). O protocolo consistiu nacolheita de 10 mL de sangue venoso, obtidopor flebocentese na veia jugular e posterioraplicao do sangue na regio gltea, durantetrs semanas consecutivas, imediatamenteadministrada por via intramuscular profunda.Durante o procedimento no houve nenhumaalterao no manejo nutricional e sanitrio dorebanho.

    Na primeira semana, houve discretadiminuio das leses, na segunda significativamelhora e na ltima semana todas as leseshaviam desaparecido.

    FIGURA 1: A e B. Bezerro mestio apresentando ndulos com auto-hemoterapia; C. Animal na segundasemana de tratamento; D. Animal na terceira semana de tratamento.

    80

    Cin. Agr. Sade. FEA, Andradina, v.9, 2013 78 - 81

  • DISCUSSONa papilomatose bovina, quando o

    organismo do animal absorve o sangue venoso,o sistema imune ativado e passa a produziranticorpos contra o papiloma, o que leva eliminao da enfermidade (16).

    Discute-se tambm a possibilidade defalha na especificidade do antgeno emestimular uma boa resposta bem como apossibilidade de resposta deficiente do prprioorganismo do animal. A enfermidade apresentacomportamento pouco previsvel, dificultandoapontar uma explicao plausvel para a curaatravs da auto-hemoterapia (7)

    A utilizao da auto-hemoterapia notratamento da papilomatose cutnea bovinapode ser associado ao clorobutanol ou ababesicidas para obteno de melhoresresultados (5,14) .

    CONSIDERAES FINAISO resultado obtido neste caso foi

    condizente com a literatura pesquisada. O usoda auto-hemoterapia levou a cura clnica doanimal, em um curto perodo de tempo e combaixo custo.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS1. BEER, J. Doenas Infecciosas em AnimaisDomsticos. So Paulo: Roca, v.1, p. 257-260,1988.

    2. BLOOD, D.C. et al. Clnica Veterinria. UmTratado de Doenas dos Bovinos, Ovinos,Caprinos, Sunos e Eqinos. 9.ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, p. 1116-1118.

    3. BOTURA, C.R.P. et al.. PapilomatoseBovina, Revista Cientifica Eletrnica deMedicina Veterinria de Gara- FAMED, v.10, 2008.

    4. CASTRO, G.R. et al. Papilomatose Bovina,A Hora Veterinria. n.127, 2002.

    5. CORREA, W.M., CORREA, C.N.M.Enfermidades Infecciosas dos mamferosdomsticos. 2 ed. Rio de Janeiro: Medsi, p.219-225, 1992.

    6. FENNER, F. J. et al. Veterinary Virology. 2ed. California: Academia press Limited, 1993.666p.

    7. HAMA, C. et al. Papilomatose bovina:avaliao clnica de diferentes produtosutilizados no controle e tratamento. CinciaVeterinria, v.2 (2), p. 14-15, 1988.

    8. HIRSH, D. C.; ZEE, Y. C. MicrobiologiaVeterinria. 3 ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2003. 446p.

    9. HUNT, R.D. et al. Patologia Veterinria. 6ed. So Paulo: Manole, p. 259-261, 1997.

    10. MARQUES, C. D. Criao de bovinos. 7ed. Belo Horizonte: CPV ConsultoriaVeterinria e Publicaes, 2003. 586p.

    11. MELO, C. B.; LEITE, R. C. PapilomatoseBovina. Cincia Veterinria nos Trpicos. v.6(1), p.1-12, 2003.

    12. MURPHY, F. A. et al.. Veterinary Virology.3 ed. California: Academic Press, 1999. 629p.

    13. OLIVEIRA, N. J. F. et al.. Papilomatose.Veterinria & Zootecnia em Minas. n.74, p.14-15, 2002.

    14. RICHTZENHAIN, L.J.; RIBEIRO, L.O.C.Papilomatose bovina (verruga - figueira).Revista Brasileira de Medicina Veterinria,Rio de Janeiro, v.5 (3), p.7-11, 1982.

    15. SARTI, E.C. Uso do levamisole comoadjuvante no tratamento de mastite subclnicabovina. Belo Horizonte, 1993. 36p.Dissertao (Mestrado) - Universidade Federalde Minas Gerais, 1993.

    16. SILVA, L. A. F. et al. Papilomatose cutneabovina: reviso de literatura. A HoraVeterinria. n.127, p.27-31, 2002.

    81

    Cin. Agr. Sade. FEA, Andradina, v.9, 2013 78 - 81

    Recebido: 13/06/2011Aceito: 18/08/2011