AUTO-HEMOTERAPIA - MARIA CLARA SALOMÃO E SILVA

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0 UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTONIO CARLOS FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM AUTO HEMOTERAPIA MARIA CLARA SALOMÃO E SILVA JUIZ DE FORA 2006

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A auto hemoterapia é uma técnica bastante antiga. Em 1911 F. Ravaut descreveu seuemprego em diversas doenças infecciosas, especialmente na febre tifóide e nasdermatoses. É um recurso terapêutico de baixo custo, simples que se resume emcoletar sangue do próprio paciente e aplicar em seu músculo. Este procedimentoestimula o Sistema Retículo Endotelial, quadruplicando o percentual de monócitos e porconseguinte, de macrófagos em todo organismo. Esta pesquisa descritivo exploratóriade enfoque quanti-qualitativo, tem como objetivo demonstrar a importância da autohemoterapia, através da realização do procedimento e de estudos de casos clínicos emuma amostra de dez pacientes, dos quais destacaram-se 05 (cinco) casos, em vista desua relevância. O critério de inclusão foi terem os pacientes procuradoespontaneamente este tratamento, sendo em seguida incluídos em um protocolo deatendimento específico. Realizou-se o follow-up dos casos e coletaram-se asexpectativas e resultados obtidos com o tratamento através de depoimentos dospróprios pacientes, com a intenção de divulgar a auto-hemoterapia no meio acadêmicoe cientifico, demonstrando a eficácia do método e evidenciando a importância e papeldo enfermeiro como profissional responsável pela aplicação deste procedimento.Ressaltamos neste estudo, o desaparecimento de verrugas após a 3ª aplicação; dagrande melhora das dermatoses crônicas. O relato de melhora com relação ao estadode ânimo e ao desaparecimento de dores foi unânime entre os clientes atendidos queexpuseram isto com tamanha intensidade, expressando seu contentamento com o fato.Foi também muito interessante observar o relato por mais de um deles sobre a melhoriada sua acuidade visual durante o tratamento, fato este que nos impulsiona a questionarsobre a eficácia desse método na ajuda a pessoas com deficiências visuais,necessitando de estudos posteriores que venham a comprovar esta eficácia.

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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTONIO CARLOS FACULDADE DE CINCIAS DA SADE CURSO DE GRADUAO EM ENFERMAGEM

AUTO HEMOTERAPIA

MARIA CLARA SALOMO E SILVA

JUIZ DE FORA 2006

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MARIA CLARA SALOMO E SILVA

AUTO HEMOTERAPIA

Trabalho de concluso de curso apresentado ao Curso de Enfermagem da Faculdade de Cincias da Sade da UNIPAC. Como um dos pr-requisitos para a obteno do grau de bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof. Ms. Enf. Telma Geovanini

JUIZ DE FORA 2006

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MARIA CLARA SALOMO E SILVA

AUTO HEMOTERAPIA

Monografia apresentada como exigncia parcial para obteno do grau de bacharel em Enfermagem, Comisso Examinadora do Curso de Graduao em Enfermagem da Universidade Presidente Antnio Carlos.

Aprovada em ----/-----/-----

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Ms. Enf. TELMA GEOVANINI

Prof. Ms. MARCO AURLIO VEIGA DE MELO

Dr. MANOEL MOZART NORBERTO

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DEDICATRIADedico este trabalho primeiramente a minha orientadora, professora Telma Geovanini, que me auxiliou e me orientou para o sucesso deste, procurando uma maneira eficaz de tratar os pacientes com muita qualidade, obtendo bons resultados. E tambm aos pacientes que colaboraram com o sucesso da nossa pesquisa, fazendo com que tivssemos mais certeza ainda no tratamento da auto hemoterapia.

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AGRADECIMENTOAgradeo a Deus por me dar esta grande oportunidade de estar encerrando este Curso de Graduao e de poder estar apresentando este trabalho de concluso de curso na minha rea de interesse e que considero de extrema importncia para todos, sejam estes professores, enfermeiros ou leigos. Agradeo tambm a minha famlia, pelo incentivo, torcida, preocupao e oportunidade que me deram para a realizao deste Curso de Graduao, estando sempre presente nestes quatro anos e com certeza estaro eternamente; a minha madrinha, tia Cca, por estar ao meu lado em todos os momentos e torcendo por mim; ao professor de trabalho de concluso de curso, Marco Aurlio Veiga, por me auxiliar na minha monografia junto com a minha orientadora, mostrando que nada to difcil quanto parece, basta ter calma. Agradeo ao Rafael, por me fazer acreditar que sou capaz, e por estar sempre ao meu lado.

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RESUMOA auto hemoterapia uma tcnica bastante antiga. Em 1911 F. Ravaut descreveu seu emprego em diversas doenas infecciosas, especialmente na febre tifide e nas dermatoses. um recurso teraputico de baixo custo, simples que se resume em coletar sangue do prprio paciente e aplicar em seu msculo. Este procedimento estimula o Sistema Retculo Endotelial, quadruplicando o percentual de moncitos e por conseguinte, de macrfagos em todo organismo. Esta pesquisa descritivo exploratria de enfoque quanti-qualitativo, tem como objetivo demonstrar a importncia da auto hemoterapia, atravs da realizao do procedimento e de estudos de casos clnicos em uma amostra de dez pacientes, dos quais destacaram-se 05 (cinco) casos, em vista de sua relevncia. O critrio de incluso foi terem os pacientes procurado

espontaneamente este tratamento, sendo em seguida includos em um protocolo de atendimento especfico. Realizou-se o follow-up dos casos e coletaram-se as

expectativas e resultados obtidos com o tratamento atravs de depoimentos dos prprios pacientes, com a inteno de divulgar a auto-hemoterapia no meio acadmico e cientifico, demonstrando a eficcia do mtodo e evidenciando a importncia e papel do enfermeiro como profissional responsvel pela aplicao deste procedimento. Ressaltamos neste estudo, o desaparecimento de verrugas aps a 3 aplicao; da grande melhora das dermatoses crnicas. O relato de melhora com relao ao estado de nimo e ao desaparecimento de dores foi unnime entre os clientes atendidos que expuseram isto com tamanha intensidade, expressando seu contentamento com o fato. Foi tambm muito interessante observar o relato por mais de um deles sobre a melhoria da sua acuidade visual durante o tratamento, fato este que nos impulsiona a questionar sobre a eficcia desse mtodo na ajuda a pessoas com deficincias visuais, necessitando de estudos posteriores que venham a comprovar esta eficcia. Palavras-chave: auto hemoterapia, hemoterapia, terapias no convencionais

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ABSTRACTThe itself blood therapy is one sufficiently old tachnique. In 1911 F. Ravaut it described this technique in diverse infectious illnesses, especially in the tifoide fever and dermatosis. It is a therapeutical resource of low cost, simple that it consists of to collect blood of the proper patient, applying it after that in its muscle. This procedure stimulates the endothelial reticulum system, quadruplicating the percentage of monocytes and also of macrophages in all the organism. This exploratory descriptive research It is quanti-qualitative approach it has as objective to demonstrate the importance of itself blood therapy through the accomplishment of the procedure e of studies of clinical cases in one it shows of ten patients of which 05 (five) cases had been distinguished in sight of its relevance. The inclusion criterion was to have the patients looked spontaneously this treatment being after that enclosed in a protocol of specific attendance. Follow-up of the cases was become fulfilled e the expectations had been collected e resulted gotten with the treatment through depositions of the proper patients with the intention to divulge the itself blood therapy in the half scientific academic and, demonstrating the effectiveness of the method e evidencing the importance and paper of the responsible nurse as professional for the application of this procedure. We stand out in this study the wart disappearance after third application, of the great improvement of the chronic dermatosis. The improvement story of the spirit state and the disappearance of pains it was unanimous between taken care of

customers that they had displayed this with joy. It was also very interesting to observe the story of some patients on the improves of the its vision during the treatment. This in induces them to question on the effectiveness of this method to help the people with visual deficiencies, needing posterior studies that they come to prove this effectiveness.

Key words: itself blood therapy, blood therapy, alternative therapy

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SUMRIO

INTRODUO-----------------------------------------------------------------------------10 DESENVOLVIMENTO-------------------------------------------------------------------14 1- TERAPIAS NO CONVENCIONAIS EM SADE----------------------------14 2- O HISTRICO DA AUTO HEMOTERAPIA------------------------------------16 3- HISTRIAS DO DR. LUIZ MOURA----------------------------------------------183.1- Patologias tratadas pelo Dr. Luiz Moura--------------------------------------------18 3.1.1- Obstruo femural-------------------------------------------------------------------18 3.1.2- Esclerodermia------------------------------------------------------------------------19 3.1.3- Miastenia Gravis---------------------------------------------------------------------20 3.1.4- Doena de CROHN-------------------------------------------------------------------21 3.1.5-LES-------------------------------------------------------------------------------------22 3.1.6- Ovrio Policstico--------------------------------------------------------------------22 3.1.7- Petquias------------------------------------------------------------------------------23 3.1.8 -Picada de aranha armadeira--------------------------------------------------------24

4- IMUNOLOGIA--------------------------------------------------------------------------254.1- Imunidade-------------------------------------------------------------------------------25 4.2- Sistema imune--------------------------------------------------------------------------26 4.3-Medula ssea--------------------------------------------------------------------------27 4.4- Moncitos-------------------------------------------------------------------------------29 4.5- Macrfagos-----------------------------------------------------------------------------29 4.6- Sistema Retculo Endotelial----------------------------------------------------------31

5- HEMOTERAPIA-----------------------------------------------------------------------32

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6-O PAPEL DO ENFERMEIRO-------------------------------------------------------346.1- Na hemoterapia-------------------------------------------------------------------------34 6.2- Na auto hemoterapia------------------------------------------------------------------35

7- REALIZANDO A AUTO HEMOTERAPIA--------------------------------------387.1- Puno venosa-------------------------------------------------------------------------38 7.2- Aplicao--------------------------------------------------------------------------------39

8- O ENFERMEIRO COMO EDUCADOR------------------------------------------40 9-METODOLOGIA------------------------------------------------------------------------41 10- RESULTADOS-----------------------------------------------------------------------46 CONSIDERAES FINAIS------------------------------------------------------------58 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS-------------------------------------------------60 ANEXO A Protocolo de incluso dos pacientes----------------------------64 ANEXO B Portaria n 971, de 3 de maio de 2006---------------------------65 ANEXO C Resoluo do COFEN 200-----------------------------------------79 ANEXO D Pronturio da Auto Hemoterapia----------------------------------85 ANEXO E Formulrio de Controle das Aplicaes------------------------87 ANEXO F Termo de Consentimento Livre e Esclarecido----------------88 ANEXO G Receitas mdicas dos pacientes----------------------------------90

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INTRODUO

A auto hemoterapia uma tcnica bastante antiga. Em 1911 F. Ravaut descreve seu emprego em diversas doenas infecciosas, especialmente na febre tifide e nas dermatoses. Era tambm usada em casos de asma, urticria e estados anafilticos (COREN SP 2006).

A auto hemoterapia um recurso teraputico de baixo custo, simples que se resume em coletar sangue do prprio paciente e aplicar em seu msculo. Este procedimento estimula o Sistema Retculo Endotelial, quadruplicando o percentual de macrfagos em todo organismo, conforme foi comprovado por Luiz Moura em pesquisa realizada com seus pacientes no ano de 1976.Antes da aplicao do sangue, em mdia a contagem dos macrfagos gira em torno de 5% .Aps a aplicao a taxa sobe e ao fim de 8 horas chega a 22%. Durante 5 dias permanece entre 20 e 22% para voltar aos 5% ao fim de 7 dias a partir a aplicao da auto hemoterapia. A volta aos 5% ocorre quando no h sangue no msculo. MOURA (2006) Grfico 01

A tcnica simples: coleta-se o sangue de uma veia perifrica, comumente da prega do cotovelo e aplica-se no msculo, deltide ou glteo, sem nada acrescentar ao sangue. O volume retirado varia de 05ml 20ml, dependendo da gravidade da doena a ser tratada e o volume injetado em cada msculo de 05ml. De acordo com relato de Moura (2006), praticante e pesquisador da auto hemoterapia:As doenas infecciosas, alrgicas, auto-imunes, os corpos estranhos como os cistos ovarianos, miomas, as obstrues de vasos sanguneos so combatidas pelos macrfagos, que quadruplicados conseguem assim vencer estes estados patolgicos ou pelo menos, abranda-los. No caso particular das doenas autoimunes a autoagresso decorrente da perverso do Sistema Imunolgico

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25% 20% 15% 10% 5% 0% 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Diadesviada para o sangue aplicado no msculo, melhorando assim, o estado geral do paciente Grfico 1: Taxa de macrfagos aps sesso de auto hemoterapia.

A rea de atuao da enfermagem no campo de hemoterapia,consiste no manuseio de transfuses e retiradas de sangue, com cuidado e qualidade, funo esta que j exercida por enfermeiros. A puno venosa perifrica representa um procedimento invasivo de alta ocorrncia no cotidiano dos profissionais de enfermagem.

Por seus benefcios, a auto hemoterapia deveria ser mais divulgada entre os profissionais de sade, principalmente por se tratar de uma terapia relativamente simples com uma eficcia comprovada a partir de depoimentos de seus usurios e de estudos laboratoriais que demonstram o efetivo crescimento do nmero de macrfagos celulares, o que induz a um indiscutvel aumento da imunidade orgnica.

Atravs desta pesquisa temos como objetivo realizar o procedimento de autohemoterapia por meio de estudos de casos clnicos em uma amostra de dez pacientes cujo critrio de incluso foi terem procurado espontaneamente este tratamento. Acompanhar o desenvolvimento dos casos clnicos atravs de seus prprios relatos, divulgando a auto hemoterapia no meio acadmico e cientfico, de forma a demonstrar

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a eficcia do mtodo e evidenciar a importncia e papel do enfermeiro como profissional responsvel pela aplicao deste procedimento.

Em julho de 2006, um grupo de acadmicos de enfermagem, convidados pela professora Telma Geovanini, enfermeira e coordenadora do Curso de Enfermagem da Universidade Presidente Antnio Carlos, tiveram a oportunidade de conhecer a auto hemoterapia, atravs de um DVD produzido pelo Dr. Luiz Moura, onde ele expe o mtodo, relatando sua vivncia e experincia com o mesmo. Este mdico carioca conta que desde os tempos em que era acadmico de medicina, j acompanhava seu pai, cirurgio, que aplicava o sistema no pr-operatrio de seus pacientes, quando ento surpreendia a equipe pela inexistncia de infeces ps operatrias nos pacientes submetidos previamente a auto hemoterapia.

Aps assistir o DVD, formou-se uma equipe, liderada pela referida professora, que deu incio a pesquisa alvo do presente estudo no laboratrio de Semiologia e Semiotcnica de Enfermagem da UNIPAC JF, onde foi montada uma sala especialmente para a realizao do procedimento em um grupo de clientes que, inicialmente, foi composto por pessoas que tambm assistiram a mesma sesso de DVD. Esses clientes, foram includos na pesquisa tendo procurado espontaneamente realizar a auto hemoterapia com esta equipe.

A partir da incluso dos pacientes num protocolo previamente formulado, (ANEXO A), buscou-se em seus relatos, confirmao para a eficcia do mtodo, de forma a obter-se maior segurana para a divulgao no meio acadmico e cientfico. A equipe citada foi composta pelos seguintes profissionais: Professora Enfermeira Telma Geovanini, o Mdico Dr. Manoel Mozart Norberto e a Acadmica de Enfermagem Maria Clara Salomo e Silva.

Entendemos que a auto hemoterapia, por suas caractersticas e especificidade, pode ser entendida como uma terapia no convencional. Quanto a isso, a Portaria n.971 de 03/05/2006 (ANEXO B) publicada no Dirio Oficial da Unio, autoriza,

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reconhece o valor teraputico e incentiva as unidades de sade a adotarem terapias no convencionais. A mesma Portaria, estabelece como um de seus objetivos que seja dado incentivo pesquisa em Prticas Integrativas e Complementares com vistas ao aprimoramento da ateno sade, avaliando eficincia, eficcia, efetividade e segurana dos cuidados prestados.

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1 - Terapias no convencionaisA Organizao Mundial de Sade (OMS) tem incentivado o uso de terapias no convencionais, partindo do princpio que os avanos cientficos e tecnolgicos do mundo moderno alcanam menos de 1/3 da humanidade e que tanto os profissionais de sade quanto os usurios do sistema, atualmente convivem com verdadeiros contrastes culturais, econmicos e sociais em seu dia-a-dia. Os trabalhos de pesquisa nesta rea tem demonstrado que alm da eficcia comprovada, a relao custo X benefcio destes procedimentos torna-os mais acessveis populao.

Recentemente, o Ministrio da Sade, elaborou uma nova poltica aprovada pelo Conselho Nacional de Sade, aps amplo dilogo com a comunidade cientfica, prevendo para o ano de 2007 oramentos e recursos para a implantao da poltica de adoo de tratamentos no convencionais na rede bsica de sade, com o objetivo de ampliar as opes teraputicas aos usurios do SUS com segurana e eficcia. Reconheceu-se que hoje, 19 capitais e 232 municpios brasileiros j adotam uma ou mais dessas prticas. Com a criao de uma poltica nacional para esse fim, a idia ampli-las e uniformiz-las em todo o pas.

A Portaria n.971 de 03/05/2006 (ANEXO B) publicada no Dirio Oficial da Unio, autoriza, reconhece o valor teraputico e incentiva as unidades de sade a adotarem terapias no convencionais. A mesma Portaria, estabelece como um de seus objetivos que seja dado incentivo pesquisa em Prticas Integrativas e Complementares com vistas ao aprimoramento da ateno sade, avaliando eficincia, eficcia, efetividade e segurana dos cuidados prestados. Por sua vez, a Resoluo COFEN-197 / 1997, estabelece e reconhece as Terapias Alternativas com especialidade e/ou qualificao do profissional de Enfermagem.

A OMS Organizao Mundial de Sade reconhece que 80% da populao dos pases em desenvolvimento utilizam prticas tradicionais nos cuidados bsicos de sade.

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Geovanini (2006), argumenta apropriadamente que importante reconhecer, que desde que respeitadas as questes ticas e legais tanto a tecnologia simplificada quanto sofisticada, so importantes e necessrias e que ambas devem ser incentivadas e colocadas disposio dos usurios e ainda, que a liberdade de escolha, constitui um direito do cidado. Nosso dever, enquanto profissionais de sade, estarmos receptivos e preparados para todas estas situaes, conscientes de que tudo tem seu lugar, seu momento e sua aplicabilidade, desde que para isso sejam observadas a coerncia, e a adequao necessrias. Importa argumentar que o preparo de um profissional de sade, a busca pelo saber, sua atuao e seu conhecimento especfico, no constitui privilgio de nenhuma classe isoladamente, ao mesmo tempo em que, os servios bsicos de ateno sade no Brasil e a populao de usurios no prescinde de nenhum dos profissionais da rea, muito pelo contrrio.

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2 - O histrico da auto hemoterapia necessrio ressaltar a importncia da deteco e evoluo do quadro clnico patolgico pregresso e atual do paciente submetido auto hemoterapia, sendo assim faz-se necessrio esta pesquisa para servir como fonte para os profissionais da sade. Por se tratar de uma terapia alternativa, alguns profissionais da rea de sade no a reconhecem, nem a validam por desconhecerem suas vantagens, o que torna a auto hemoterapia pouco divulgada no meio cientfico e entre a populao em geral, situao que a partir deste estudo, pretende-se modificar.

Em 1911 houve um registro por F. Ravaut, ele indicava um modo de auto tratamento (uno mismo, haima - sangra) empregado em diversas enfermidades infecciosas, em particular na febre tifide e em diversas dermatoses. Ravaut usa a autohemoterapia em certos casos de asma, urticria e estados anafilticos.

No ano de 1941 o Dr. Leopoldo Cea, no Dicionrio de Trminos Y Expressiones Hematolgica, cita a auto hemoterapia como mtodo de tratamento que consiste em injetar a um indivduo certa quantidade de sangue retirada dele mesmo. Ainda em 1941 H. DOUSSET relata que a auto hemoterapia til em certos casos para dessensibilizaes.

Aqui no Brasil foi o professor Jesse Teixeira que provou que o Sistema Retculo Endotelial (SRE) era ativado pela auto hemoterapia em seu trabalho publicado e premiado em 1940 na Revista Brasil - Cirrgico, no ms de Maro. Jesse Teixeira provocou a formao de uma bolha na coxa de pacientes, com cantrida, substncia irritante. Fez a contagem dos macrfagos antes da auto hemoterapia, a cifra foi de 5%. Aps a auto hemoterapia a cifra subiu a partir da 1 hora chegando aps 8 horas a 22%. Manteve-se em 22% durante 5 dias e finalmente declinou para 5% no 7 dia aps a aplicao.

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No perodo de 1943 e 1947, quando Luiz Moura ainda era acadmico na Faculdade Nacional de Medicina, iniciou a auto hemoterapia por ordem do seu pai e Professor Pedro Moura, nos pacientes que ele operava na Casa de Sade So Jos no Rio de Janeiro, obtendo crescente reduo no nmero de infeces ps-operatrias em seus pacientes.

Atualmente, a auto hemoterapia pouco conhecida e divulgada, tanto pelos profissionais quanto pela populao. Isso acontece devido ao desenvolvimento dos antibiticos, pois quando estes no existiam em grande quantidade no mercado e no eram to divulgados, vrias pessoas eram tratadas com a auto hemoterapia, pois no tinham condies financeiras para tratar com o antibitico ou no existia o antibitico, conforme pode constatar destes relatos.

interessante relatar, que a partir do momento em que iniciamos esta pesquisa, ouvimos relatos espontneos de pessoas, at do prprio meio acadmico, que outrora, haviam utilizado a auto hemoterapia para os mais diversos problemas de sade, demonstrando que o mtodo no to desconhecido assim, como parece. Tambm foi comum o depoimento de pessoas da zona rural, que utilizaram o mtodo com sucesso para o tratamento de diversas doenas em animais, como cavalos e vacas.

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3 - Histrias do Dr. Luiz MouraEstas histrias e experincias citadas a seguir foram coletadas a partir do DVD realizado pelo Dr. Luiz Moura, o qual poder ser disponibilizado a todos aqueles que se interessarem pelo mtodo. Este recurso utilizado pelo ilustre mdico, teve como

objetivo divulgar e demonstrar a eficcia do tratamento.

3.1 - Patologias tratadas pelo Dr. Luiz Moura

3.1.1 - Obstruo femural

A ocluso vascular aguda pode ser provocada por um mbolo ou por uma trombose aguda. As ocluses arteriais agudas podem resultar da leso iatrognica, a qual pode acontecer durante a insero de cateteres invasivos, como aqueles utilizados para a arteriografia, colocao de estentor / PTA ou uma bomba de balo intra artico. As outras causas incluem trauma a partir de uma fratura, leso por esmagamento e leses penetrantes que rompem a camada ntima arterial. O diagnstico exato de uma ocluso arterial, como a de origem emblica ou trombtica, necessrio para iniciar o tratamento apropriado (BRUNNER, 2002).

Relato do caso:

Dr. Luiz Moura relata que devia ao Dr. Floramante Garfalo, em 1976, quando este tinha ento 71 anos, o conhecimento que resultou em mais abrangncia da ao teraputica da auto hemoterapia. Em maro de 1976 o Dr. Garfalo queixou-se de fortes cimbras em sua perna direita quando caminhava mais de 100 metros; ento foi sugerido pelo Dr. Moura que o colega procurasse um angiologista. Este decidiu fazer arteriografia da femural direita sendo constatada obstruo de cerca de 10cm ao nvel do tero mdio da coxa direita. O angiologista disse ao Dr. Garfalo que resolveria o problema com uma prtese que substituiria o segmento da artria obstruda.O Dr. Garfalo disse ao angiologista: - "no quero me tornar um homem binico, amanh terei

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outra artria obstruda e terei que colocar novas prteses. Vou resolver o problema com a auto hemoterapia. Ento o Dr. Luiz Moura se ofereceu para fazer as aplicaes. Durante 4 meses, de 7 em 7 dias aplicava 10ml de sangue no Dr. Garfalo que ento decidiu se submeter nova arteriografia de femural direita, j que podia caminhar normalmente, porm o angiologista acreditava que era impossvel que a artria estivesse livre da obstruo atribuindo a melhora sugesto. Repetida a arteriografia, no havia mais nenhuma obstruo na femural direita. O estmulo do S.R.E comprovado por Jesse Teixeira e as aes deste bem explicados no trabalho de Ricardo Veronesi explicavam a desobstruo da artria femural de Garfalo e abriam um enorme campo no tratamento das doenas auto-imunes.

3.1.2 - Esclerodermia

Esclerodermia uma doena do tecido conjuntivo que afeta a pele, e algumas vezes os rgos internos. Apresenta uma variao muito grande em termos de prognstico. Para alguns pacientes representa apenas um incmodo, enquanto para outros uma doena grave e letal, sendo para a maioria uma doena que afeta o modo como elas vivem o seu dia a dia. A esclerodermia classificada como uma doena auto-imune, juntamente com a artrite reumatide, o lpus eritematoso sistmico, a sndrome de Sjgren e a esclerose mltipla, devido ao fato de que o sistema imunolgico nestas doenas ativado para agredir os tecidos do prprio organismo.

Relato de casos:

Em setembro de 1976 internou-se na Clnica Mdica do Hospital Cardoso Fontes uma paciente cujo diagnstico foi esclarecido pela consultora dermatolgica da Clnica. Feitas as bipsias nas mamas, abdome e coxa de A.S.O. (F) - 52 anos, encaminhadas patologista do Hospital, o diagnstico foi: esclerodermia, fase final. A dermatologista, que tinha sido residente em Clnica Dermatolgica nos Estados Unidos da Amrica, em Nova York para onde convergiam os pacientes com E.S.P., disse que pouco podia fazer pela paciente, pois aquela Clnica era nada mais que um depsito de esclerodrmicos".

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O Dr. Luiz Moura Iniciou o tratamento da paciente com E.S.P., no dia 10/09/1976. Para provocar o desvio imunolgico e assim aliviar a paciente aplicou 5ml de sangue em cada deltide e 5ml em cada glteo, de 5 em 5 dias. A paciente j no caminhava h 8 meses e no deglutia slidos, s lquidos, devido a estenose do esfago. Dia 10/10/1976 a paciente saa andando do Hospital, com alta melhorada assinada pela Dra. Ryssia. A paciente continuou o tratamento com a dose reduzida para 10ml de sangue por semana. Em maio de 1977 a paciente A.S.O. foi reinternada para avaliao, sendo constatada grande melhora em relao ao dia 10/10/1976 quando teve alta no ano anterior.

Em 1980, M. das G.S. - 28 anos, funcionria da Petrobrs. Diagnstico esclerodermia sistmica progressiva - Deciso da chefia mdica da Petrobrs aposentar a paciente. H 22 anos vem se tratando com a auto hemoterapia. Est assintomtica e dever se aposentar em 2005 por tempo de servio.

3.1.3 - Miastenia Gravis

A Miastenia Gravis uma doena neuromuscular que causa fraqueza e fadiga anormalmente rpida dos msculos voluntrios. A fraqueza causada por um defeito na transmisso dos impulsos dos nervos para os msculos. A doena raramente fatal, mas pode ameaar a vida quando atinge os msculos da deglutio e da respirao.A doena pode afetar pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, sendo duas vezes mais comum na mulher. No tem um carter de transmisso hereditria e no contagiosa, embora ocasionalmente possa surgir em vrios membros de uma mesma famlia.

Relato do caso:

Em 1980, G.S.C (F) 55 anos; Diagnstico de Miastenia Gravis pelo Instituto de Neurologia. A paciente atualmente, embora com a doena, vive normalmente. a nica

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paciente que sobrevive entre aquelas diagnosticadas em 1980 como miastenia gravis, no Instituto de Neurologia.

3.1.4 - Doena de Crohn

A Doena de Crohn uma doena crnica inflamatria intestinal, que atinge geralmente o leo e o clon (mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal). Muitos danos so causados por clulas que atacam uma ou mais partes dos tecidos do tubo digestivo, mas no h certeza de etiologia auto-imune. Os sintomas e tratamentos dependem do doente, mas comum haver dor abdominal, diarria, perda de peso e febre. Atualmente no h cura para esta doena, no entanto os tratamentos permitem alvio dos sintomas e melhoria de qualidade de vida. A Doena de Crohn uma das principais doenas inflamatrias intestinais. Muitos acreditam que a doena de Crohn e a Colite ulcerosa so duas manifestaes extremas de uma mesma patologia intestinal subjacente. A doena atinge particularmente jovem (mais mulheres que homens) com idades entre 10 e 30 anos em pases industrializados. A incidncia de 1caso em 1000 pessoas.

Relato de casos:

Em 1982, J da SR (M) 30 anos; Diagnstico de Doena de CROHN - Tratou-se com a auto hemoterapia de 10ml semanais durante um ano. At a data atual nenhum sintoma teve da molstia que o acometeu em 1982.

Em 1990, M. da RS (M) 22 anos; diagnstico de Doena de CROHN. Curiosamente a molstia comeou aps o paciente ser assaltado, quando na ocasio fazia o vestibular para Odontologia. Prescrevi a auto hemoterapia que foi aplicada pelo prprio pai do paciente. At hoje assintomtico.

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3.1.5 - LES

O lpus eritematoso sistmico (LES) uma doena auto-imune multissistmica remitente e recidivante, que afeta predominantemente mulheres, com incidncia de 1 em 700 mulheres entre as idades de 20 a 60 anos (cerca de 1 em 250 mulheres negras) e na proporo de mulher para homem de 10:1. As principais manifestaes clnicas so exantemas cutneos, artrite e glomerulonefrite, porm so tambm comuns a anemia hemoltica, a trombocitopenia e o envolvimento do sistema nervoso central. Nos pacientes de LES so encontrados muitos anticorpos diferentes, sendo os mais freqentes os anticorpos antinucleares, particularmente os anti-DNA. Muitas das manifestaes do LES so devidas formao de complexos imunes compostos de auto-anticorpos e seus antgenos especficos, com deposio desses complexos nos pequenos vasos sanguneos de vrios tecidos. O mecanismo subjacente da quebra da autotolerncia no LES no conhecido.

Relato de caso:

Em 1997, RS (F) 35 anos; diagnstico - L.E.S - A auto hemoterapia permitiu paciente ter vida normal, viajando para o exterior com crianas de rua que ela ensina a bailar.

3.1.6 - Ovrio Policstico

A sndrome dos ovrios policsticos (SOP) uma doena relativamente comum, acometendo de 4% a 7% das mulheres em idade frtil. A primeira descrio da sndrome de ovrios policsticos, por Stein e Leventhal, em 1935, referia amenorria com ovrios aumentados de volume e policsticos, associados a infertilidade e hirsutismo. O diagnstico pode ser realizado por ginecologista, endocrinologista, clnico geral ou dermatologista, dependendo dos sintomas apresentados por cada paciente. Cada mulher desenvolve um quadro de SOP diferente, que pode conter os seguintes sintomas: ovrios aumentados e com muitos cistos; ausncia de ovulao; ausncia de

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menstruao; ciclos irregulares; infertilidade; aumento de peso; acne; hirsutismo; queda de cabelo; resistncia insulina (GUEDES, 2006).

Relato de caso:

Em 1978, a filha do Dr. Luiz Moura, que vivia na Espanha tinha ovrios policsticos, no ovulava, era estril. Ento, ele solicitou ao ginecologista e obstetra que fizesse a auto hemoterapia de 10ml semanais.Aps 6 meses ela engravidou, e repetido o exame com insuflao tubria, j no haviam mais cistos. O mdico obstetra fez os partos, um casal hoje com 20 e 21 anos respectivamente e prosseguiu aplicando DIU ao longo de 20 anos a fim de evitar gravidez indesejada.

3.1.7 - Petquias

Petquias so manchas vermelhas puntiformes que surgem na pele em conseqncia do extravasamento de sangue para dentro da pele. Elas tm o aspecto de pontos vermelhos na pele como cabeas de alfinetes ou hemorragia arroxeada.

Relato de caso:

Em 1990, M.D.C. - 24 anos (F); a paciente comeou a apresentar petquias e epistaxis freqentes. Quando apresentou otorragia foi encaminhada a um hematologista que diagnosticou como prpura trombocitopnica. Durante 6 meses foi tratada com corticosterides em altas doses, at que estes no mais surtiram efeito e as plaquetas baixaram para 10.000 mm3 de sangue. O hematologista decidiu usar quimioterpico conseguindo a elevao das plaquetas para nveis quase normais durante dois meses. Os quimioterpicos no surtiram mais efeito e a paciente foi encaminhada para um cirurgio para se submeter a esplenectomia. A paciente se recusou quando o cirurgio no garantiu que o fgado assumiria a funo do bao.A paciente me procurou e eu mandei aplicar a auto hemoterapia. As plaquetas se normalizaram, a paciente depois teve mais dois filhos, e vive vida normal com o seu bao.

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3.1.8 - Picada de aranha armadeira (Amputao)

A amputao a retirada de parte do corpo, geralmente um membro. A amputao de um membro inferior freqentemente necessria em conseqncia da doena vascular perifrica progressiva, gangrena gasosa fulminante, trauma, deformidades congnitas, osteomielite crnica ou tumor maligno, entre outras. A amputao pode ser considerada como um tipo de cirurgia reconstrutora. Ela empregada para aliviar sintomas, melhorar a funo e salvar ou melhorar a qualidade de vida do paciente (BRUNNER, 2002).

Relato de caso:

Em 1982, M - (F); a paciente aluga cavalos para turistas em Visconde de Mau. Foi picada por uma aranha armadeira em sua perna direita, que gangrenou, ficando exposta a tbia. Foi internada na Santa Casa de Rezende onde foi decidida a amputao. J na mesa de cirurgia a paciente decidiu que no aceitava a amputao da perna, como preconizava o Instituto Butant para estes casos. Assinou termo de responsabilidade e foi liberada. Procurou o Dr. Luiz Moura e este instituiu a auto

hemoterapia e a lavagem da ferida com soluo de cloreto de magnsio como fazia Pierre Delbet, cirurgio na guerra de 1914 a 1918. Em 20 dias a paciente estava curada, trabalhando com sua perna at hoje.

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4 - Imunologia4.1 - Imunidade

O termo imunidade derivado do latim immunitas, que se referia iseno de vrios deveres cvicos e processos legais oferecida aos senadores romanos durante seus mandatos. Historicamente, a imunidade significava proteo contra a doena e, mais especificamente, as doenas infecciosas. As clulas e molculas responsveis pela imunidade constituem o sistema imune, e sua resposta coletiva e coordenada introduo de substncias estranhas no organismo chamada resposta imune.

A funo fisiolgica do sistema imune a defesa contra os microrganismos infecciosos.Todavia, mesmo substncias estranhas no-infecciosas podem despertar respostas imunes. Alm disso, em alguns casos, os prprios mecanismos que normalmente protegem contra a infeco e eliminam as substncias estranhas so capazes de causar leso tecidual e doena. Portanto, uma definio mais inclusiva da imunidade a de uma reao a substncias estranhas, incluindo microrganismos bem como macromolculas, como protenas e polissacardeos, independente das

conseqncias fisiolgicas ou patolgicas dessa reao. A imunologia o estudo da imunidade em um sentido mais amplo e dos eventos celulares e moleculares que ocorrem aps o organismo encontrar microrganismo ou outras macromolculas estranhas (DOAN.T, 2006).

Os historiadores indicam a Thucydides, em Atenas, durante o quinto sculo antes de Cristo, como o primeiro a relacionar a imunidade a uma infeco, que ele chamou de peste. O conceito de imunidade pode ter existido h muito mais tempo, conforme sugere o antigo hbito chins de tornar as crianas resistentes varola fazendo-as inalar ps obtidos de leses cutneas provenientes de pacientes em recuperao dessa doena. A imunologia, na sua acepo moderna, uma cincia na qual as explicaes sobre os fenmenos imunolgicos so baseados em observaes experimentais e nas concluses que elas fornecem. A evoluo da imunologia como

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uma cincia experimental tem dependido da nossa capacidade de manipular o sistema imune sob condies controladas. Desde a dcada de 1960 tem havido notvel transformao do nosso conhecimento sobre o sistema imune e suas funes.

Quando o organismo humano agredido por agentes infecciosos ou parasitrios, acionado o sistema imunitrio em seus vrios compartimentos, a fim de destruir ou neutralizar o agressor. Tanto a imunidade mediada por clulas, como a mediada por anticorpos, complementadas ao final pelos macrfagos, so movimentadas para impedir a ao patognica do agente invasor. Conforme a natureza do agente etiolgico, variar o setor mais importante de defesa ora sendo os anticorpos humorais, ora sendo secretrios, ora a imunidade mediada por clulas, complementadas pela fagocitose dos macrfagos (VERONESI, 1976).

4.2 - Sistema Imune

A diminuio de funo do sistema imune pode ter como conseqncias infeces de repetio, dificuldade de eliminao de microorganismos, apesar de teraputica adequada, disseminao de infeces, proliferao de agentes oportunistas e aparecimento de tumores. Outras disfunes imunolgicas podem ocasionar autoimunidade e reaes de hipersensibilidade (BALESTIERI, 2006).

A defesa contra microorganismos mediada pela imunidade inata e especfica. A imunidade inata tambm conhecida como imunidade natural, ela consiste de mecanismos que existem antes da infeco, que so capazes de rpidas respostas aos microrganismos e que reagem essencialmente do mesmo modo as infeces repetidas. Os principais componentes da imunidade inata so: barreiras fsicas e qumicas, tais como os epitlios e as substncias antimicrobianas produzidas nas superfcies epiteliais; clulas fagocticas (macrfagos, neutrfilos) e clulas matadoras naturais (natural killer); protenas do sangue e protenas chamadas citocinas, que coordenam e regulam muitas das atividades das clulas da imunidade inata. Se os microrganismos forem capazes de atravessar esses epitlios iro encontrar esses mecanismos de

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defesa da imunidade inata, que so especificamente destinados a reagir contra eles e contra seus produtos. Os fagcitos (neutrfilos e macrfagos), englobam os microrganismos e os destroem pela produo de substncias microbicidas; os macrfagos tambm secretam citocinas que estimulam a inflamao e as respostas dos linfcitos. As clulas matadoras naturais destroem as clulas infectadas por vrus e produzem a citocina ativadora dos macrfagos, o interferon-y. As respostas imunes inatas, alm de combater as infeces, estimulam a subseqente imunidade especfica (ou adquirida). As respostas da imunidade adquirida desenvolvem-se mais tarde e consistem na ativao dos linfcitos. Existem dois tipos de respostas imunes adquiridas, designadas imunidade humoral e imunidade mediada por clula. A humoral mediada por clulas do sangue, chamadas anticorpos, que so produzidos pelos linfcitos B. Os anticorpos reconhecem especificamente os antgenos

microbianos,neutralizam a infecciosidade dos microrganismos e marcado-os para a eliminao pelos vrios mecanismos efetores. A imunidade humoral o principal mecanismo de defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas, devido ao fato dos anticorpos secretados poderem se ligar a esses microrganismos e toxinas e ajudar na sua eliminao. A imunidade mediada por clula, tambm chamada de imunidade celular, mediada por clulas chamada linfcitos T. Os microrganismos intracelulares, tais como os vrus e algumas bactrias, sobrevivem e proliferam dentro dos fagcitos e de outras clulas do hospedeiro, onde ficam inacessveis aos anticorpos circulantes. A defesa contra essas infeces uma funo da imunidade celular, que promove a destruio dos microrganismos que residem nos fagcitos lise das clulas infectadas (ABBAS,2003).

4.3 - Medula ssea

No adulto, a medula ssea o local de gerao de todas as clulas circulantes do sangue e o stio de amadurecimento das clulas B. Durante o desenvolvimento fetal, a gerao de todas as clulas do sangue, designada como hematopoiese, ocorre inicialmente em ilhas sanguneas do saco vitelino e do mesnquima paraartico e, mais tarde, no fgado e no bao. Essa funo assumida gradualmente pela medula ssea e

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progressivamente pela medula dos ossos chatos, de tal modo que, na puberdade, a hematopoiese ocorre na sua maior parte no esterno, nas vrtebras, nos ossos ilacos e nas costelas. A medula vermelha, que encontrada nesses ossos, consiste de uma estrutura reticular esponjiforme localizada entre trabculas longas. Os espaos nessas estruturas so cheios com clulas gordurosas, com fibroblastos estromais e com precursores das clulas sanguneas.Esses precursores amadurecem e saem por meio de uma densa rede de seios vasculares para entrarem na circulao vascular. Quando a medula ssea lesada ou quando ocorre uma demanda excepcional de produo de novas clulas sanguneas, o fgado e o bao podem ser recrutados como stios de hematopoiese extramedular (ABBAS,2003).

Todas as clulas sanguneas originam-se de uma clula tronco comum que fica comprometida a se diferenciar ao longo de linhagens particulares. Essas clulas primordiais carecem de marcadores das clulas diferenciadas e, em vez disso, expressam duas protenas.

A proliferao e maturao de clulas precursoras na medula ssea so estimuladas por citocinas. As citocinas hematopoiticas so produzidas pelas clulas estromais e pelos macrfagos na medula ssea, proporcionando desse modo o ambiente para a hematopoiese. So tambm produzidas pelos linfcitos T, estimulados por antgenos, e pelos macrfagos ativados por citocinas ou por microrganismos, proporcionando um mecanismo para a reposio de leuccitos que possam ser consumidos durante as reaes imunes e inflamatrias (WALTENBAUGH, 2006).

De acordo com Veronesi (1976), os macrfagos se originam de moncito da medula ssea, de onde so lanadas na corrente sangunea, para colonizar os tecidos e rgos.

A medula ssea, alm de auto-renovar os progenitores e sua prognie diferenciada, contm numerosas clulas plasmticas secretoras de anticorpos que se desenvolvem em tecidos linfides perifricos como conseqncia da estimulao pelos

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linfcitos B e depois migram para a medula. A maturao dos linfcitos T no ocorre na medula ssea.

O timo o stio de maturao das clulas T. Ele um rgo bilobado, situado no mediastino anterior. Cada lobo dividido em mltiplos lbulos por septos fibrosos, e cada lbulo consiste de um crtex externo e uma medula interna. O crtex contm uma densa coleo de linfcitos T, e a medula, mais clara, a mais esparsamente povoada por linfcitos.

Os linfcitos no timo so linfcitos T em vrios estgios de maturao. De modo geral, as clulas mais imaturas de linhagem T entram no crtex tmico via vasos sanguneos. A maturao comea no crtex e, medida que os linfcitos amadurecem, migram para a medula, de modo que a medula contm, na sua maioria, clulas T maduras. Somente as clulas T maduras saem do timo e entram no sangue e nos tecidos linfides perifricos.

4.4 - Moncitos

O moncito um tipo de clula sangunea derivada da medula ssea e que o precursor dos macrfagos teciduais. Eles so recrutados ativamente dos stios inflamatrios, onde se diferenciam em macrfagos (ABBAS, 2003).

4.5 - Macrfagos

O macrfago uma clula fagoctica localizada nos tecidos, derivada dos moncitos do sangue, que desempenha importantes papis nas respostas imunes inatas e adquiridas. Ele tambm conhecido como clula acessria ou fagcitos mononucleares (NASPITZ, 2005).

As clulas acessrias so aquelas que no expressam receptores clonalmente distribudos para antgenos, porm participam na iniciao da resposta do linfcito aos

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antgenos. No sistema imune, as principais populaes de clulas acessrias so os fagcitos mononucleares e clulas dendrticas (LICHTMAN, 2002).

O sistema de fagcitos mononucleares consiste de clulas que tm uma linhagem comum cuja funo principal a fagocitose. No incio do sculo XX, os morfologistas observaram certas clulas, os corantes (chamados vitais) injetados intravenosamente. Ludwig Aschoff identificou essas clulas como macrfagos nos tecidos conjuntivos, clulas microgliais no sistema nervoso central, clulas endoteliais revestindo os sinusides vasculares e clulas reticulares dos rgos linfides. Sugeriu tambm que esses tipos de clulas atuariam na defesa do hospedeiro promovendo a fagocitose de invasores estranhos, tais como microrganismos, e os agrupou coletivamente no sistema reticulo endotelial (SRE). Atualmente est claro que a pinocitose, da qual so capazes as clulas endoteliais e reticulares, diferente da fagocitose ativa dos macrfagos. Por isso, mais apropriado classificar os macrfagos como membros do sistema fagoctico mononuclear, dedicados defesa do hospedeiro pela fagocitose (ABBAS, 2003).

As clulas do sistema fagoctico mononuclear originam-se na medula ssea, circulam no sangue, amadurecem e tornam-se ativadas em vrios tecidos. O primeiro tipo de clula que entra no sangue perifrico depois de deixar a medula incompletamente diferenciado e chamado moncito. Essas clulas, uma vez acomodadas nos tecidos, amadurecem e tornam-se macrfagos. Eles podem assumir diferentes morfologias e so encontrados em todos os rgos e tecidos conjuntivos.

Os macrfagos podem ser estacionrios ou errantes, todavia, admite-se que macrfagos estacionrios possam migrar atravs da parede dos sinusides, tornar-se assim, livres, e penetrar na regio sede do processo inflamatrio (VERONESI, 1976).

Os fagcitos mononucleares funcionam como clulas acessrias nas fases de reconhecimento e ativao das respostas imunes adquiridas. Suas principais funes como clulas acessrias, so exibir o antgeno em uma forma que possam ser

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reconhecidos pelos linfcitos T e a de produzir protenas de membrana e secretadas que sirvam como segundos sinais para a ativao das clulas T. Essas funes acessrias dos macrfagos so aceleradas pelo encontro com os microrganismos e pelas citocinas produzidas durante as respostas imunes inatas aos microrganismos.

4.6 - Sistema Retculo Endotelial (S.R.E)

Segundo Veronesi (1976), o Sistema Retculo Endotelial constitudo por clulas macrofgicas dotadas de intensa capacidade de fagocitar, lisar e eliminar substncias estranhas, quer vivas quer inerentes. As principais funes do SRE so:

Clearance de partculas estranhas provenientes do sangue ou dos tecidos (inclusive clulas neoplsicas), toxinas e outras substncias txicas. Clearance de esterides e sua biotransformao Remoo de microagregados de fibrina e preveno de coagulao intravascular Ingesto de antgeno, seu processamento e ulterior entrega aos linfcitos B e T Biotransformao e excreo do colesterol Metabolismo frrico e formao de bilibirrubina Metabolismo de protenas e remoo de protenas desmaturadas Destoxificao e metabolismo de drogas.

Aps ressaltarmos tantas e to importantes funes, fica fcil de ser entendido o papel desempenhado pelo sistema retculo endotelial no determinismo favorvel ou desfavorvel de processos mrbidos to variados como sejam os infecciosos, neoplsicos, degenerativos e auto-imunes e a sua importncia evidenciada atravs da auto hemoterapia.

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5 - HemoterapiaO servio de hemoterapia possui instalaes adequadas ao modelo assistencial e ao nvel de complexidade da instituio; dispe de equipe habilitada para atividades de hemoterapia; o funcionamento deste servio esta de acordo com as normas e regulamentos correspondentes; existe um relacionamento formal entre o servio e a instituio.

A rea para atuao da enfermagem na hemoterapia consiste no manuseio de retiradas e transfuses de sangue. Uma outra atividade muito importante desenvolvida no servio a captao de doadores de sangue, demonstrando os benefcios aos doadores, e a importncia desse ato de solidariedade.Os profissionais de nvel mdio podem exercer tais tarefas desde que estejam sob superviso e orientao de um enfermeiro responsvel.

A enfermagem representa parte da sustentao do grande desafio de diminuir o risco transfusional. Tem como objetivo identificar as mudanas ocorridas nas Normas Tcnicas de Hemoterapia, no que se refere proteo do doador e do receptor adequao da triagem sorolgica.

A Resoluo COFEN-200 de 15 de abril de 1997 (ANEXO C), dispe sobre a atuao dos profissionais de enfermagem em hemoterapia e transplante de medula ssea, sendo omissa, porm, com relao auto hemoterapia. Isto justificado, pela falta de divulgao e pesquisas cientficas na rea, bem como por no representar atividade comum do cotidiano da prtica dos enfermeiros. Esperamos com este trabalho, contribuir para uma mudana de paradigma desta questo.

A Constituio Brasileira incorporou, na dcada de 80, a proibio de toda e qualquer comercializao de sangue e seus derivados, isso foi causado principalmente pelo aparecimento do HIV e outras doenas infectocontagiosas. Desde 1989, a doao

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e a transfuso de sangue so reorientadas atravs de reformulao das Normas Tcnicas de Hemoterapia. Ao compar-las com as normas vigentes, fica evidente que houve, ao longo desse perodo, a incorporao de condutas mais seletivas na triagem clnica.

Em relao aos testes sorolgicos, em 1989, no eram realizados testes para Hepatite C e nem para HTLV I / II, tornando-se obrigatrio no ano de 1993. Em 1996, os testes anti HIV- 1e anti HIV 2, Doena de Chagas, Hepatite B e C, e HTLV I/II.

O cumprimento desses preceitos pelos servios e a adequada informao das equipes multidisciplinares de sade so fatores decisivos no processo permanente de busca da segurana transfusional.

Existem cursos de especializao, ps-graduao e tcnicos para os interessados na rea, que promete ser um novo e promissor mercado, abrindo as portas para a enfermagem que at o momento ocupa pouco espao neste setor.

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6 - O papel do enfermeiro6.1 - Na hemoterapia

De acordo com o regulamento de atuao dos profissionais de enfermagem em hemoterapia e transplante de medula ssea, aprovado pela Resoluo COFEN 200, so competncias e atribuies do enfermeiro na hemoterapia:

Planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de Hemoterapia nas Unidades de Sade, visando assegurar a qualidade do sangue, hemocomponentes e hemoderivados. Assistir de maneira integral os doadores, receptores e suas famlias, tendo como base o Cdigo de tica dos Profissionais de Enfermagem e as normas vigentes. Promover e difundir medidas de sade preventivas e curativas por meio da educao de doadores, receptores, familiares e comunidade em geral, objetivando a sade e segurana dos mesmos. Realizar triagem clnica, visando promoo da sade e segurana do doador e do receptor, minimizando os riscos de intercorrncias. Realizar a consulta de enfermagem, objetivando integrar doadores aptos e inaptos, bem como receptores no contexto hospitalar, ambulatorial e domiciliar, minimizando os riscos de intercorrncias. Planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar programas de captao de doadores. Proporcionar condies para o aprimoramento de profissionais de enfermagem atuantes na rea, atravs de cursos, reciclagem e estgios em instituies afins. Planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar programas de estgio, treinamento e desenvolvimento de profissionais de enfermagem dos diferentes nveis de formao. Participar da definio da poltica de recursos humanos, da aquisio de material e da disposio de rea fsica necessrios assistncia integral aos funcionrios. Cumprir e fazer cumprir as normas, regulamentos e legislaes vigentes.

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Estabelecer relaes tcnico-cientficas com as unidades e afins. Participar da equipe multiprofissional, procurando garantir uma assistncia integral ao doador, receptor e familiares. Assistir ao doador, receptor e familiares, orientando-os durante todo o processo hemoterpico. Elaborar a prescrio de enfermagem nos processo hemoterpicos. Executar e/ou supervisionar a administrao e a monitorizao da infuso de hemocomponentes e hemoderivados, atuando nos casos de reaes diversas. Registrar informaes e dados estatsticos pertinentes assistncia de enfermagem prestada ao doador e ao receptor. Manusear e monitorar equipamentos especficos de hemoterapia. Desenvolver pesquisas relacionas hemoterapia.

6.2 - Na auto hemoterapia

Em pesquisas bibliogrficas e eletrnicas em base de dados confiveis, no se constatou a existncia de uma definio do papel do enfermeiro na auto hemoterapia, porm, a partir do momento em que esta tcnica for reconhecida e reproduzida haver necessidade no s desta definio, como tambm de uma legislao especfica. Atravs deste estudo, pretendemos divulgar este mtodo e tornar a auto hemoterapia usual, organizando os protocolos e as atividades pertinentes, para dessa forma contribuir para a evoluo do conhecimento e avanos na rea.

O papel do enfermeiro no tratamento da auto hemoterapia de extrema importncia, pois ele quem realizar o procedimento no paciente. Por isso, cabe a ele esclarecer para o mesmo como realizado este tipo de tratamento e qual o objetivo desta terapia. Aps estas explicaes o enfermeiro ir responder as dvidas do paciente e observar se este realmente esta disposto a realizar a auto hemoterapia, uma vez que a tenha procurado espontaneamente. O enfermeiro deve estar sempre se propondo a conversar com o paciente para que suas dvidas, medos e aflies possam estar sendo sanadas.

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Em nossa experincia, aps o acolhimento dos pacientes, realiza-se a consulta de enfermagem, iniciada com a anamnese do paciente, registro de seus dados pessoais, histria clnica pregressa pessoal e familiar. Em seguida d-se incio ao exame fsico, anotando-se as observaes pertinentes a cada caso, valorizando seus relatos e expectativas. feita observao criteriosa da viabilidade da rede venosa perifrica do candidato, de forma a assegurar que este pode se submeter ao tratamento sem riscos adjacentes. A seguir inicia-se a evoluo clnica tanto do seu estado emocional quanto mental e fsico, conforme roteiro de entrevista previamente elaborado (ANEXO D).

Aps esta etapa da consulta de enfermagem, o caso relatado e apresentado para o mdico, para que ele possa avaliar e posicionar-se, prescrevendo a seqncia do tratamento. De posse das receitas, inicia-se o agendamento semanal dos clientes e inicia-se o tratamento prescrito. A partir de ento, os clientes ficam sob superviso direta dos enfermeiros, que constantemente discutem e analisam os casos em equipe. Realiza-se as coletas e injees de sangue de acordo com a seqncia prescrita pelo mdico, avalia-se o peso e os sinais vitais, realiza-se o follow-up dos casos, registrando tudo minuciosamente na folha de evoluo. Todos esses dados so compartilhados periodicamente com o mdico.

Foi montada uma sala especifica pela nossa equipe, garantindo o conforto dos pacientes, a qualidade do procedimento e a organizao do processo. Nesta sala encontra-se: uma maca, duas cadeiras, suporte de brao para a injeo e um armrio contendo todos os materiais necessrios para o procedimento, tais como: luvas de procedimentos, bolsa de gua quente, garrotes, seringas, agulhas, algodo, lcool 70%.

A bolsa de gua quente tem sido utilizada com sucesso, sempre que um paciente apresenta rede venosa de difcil acesso. Nestes casos, permanecem de 5 a 10

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minutos com aplicao de calor local (morna), de modo a facilitar a puno venosa atravs da vasodilatao produzida.

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7 - Realizando a auto hemoterapia7.1 - Puno Venosa

Aps anlise da rede venosa para certificar-se de sua viabilidade, o sangue extrado de uma veia perifrica escolhida (puno venosa), normalmente da parte interna do cotovelo das veias ceflica ou baslica, ou da rede venosa do dorso da mo. O local da puno limpo com um anti-sptico (lcool 70%); um torniquete (garrote) colocado com o fim de restringir o fluxo sangneo atravs da veia. Isso faz com que a veia abaixo do torniquete se distenda (encha-se de sangue). Insere-se uma agulha na veia, e o sangue coletado em uma seringa. Durante o procedimento, o garrote retirado para restaurar a circulao. Assim que o sangue tiver sido coletado, a agulha removida e o local da puno coberto e se necessrio, elevado a um nvel acima do corao, para deter o sangramento. Tal procedimento corrobora o descrito por TORRES (2003).

Na maioria das vezes a puno da veia e a aspirao do sangue so rpidas e associadas a desconforto pequeno. Algumas vezes, principalmente no caso de veias finas e profundas, h necessidade de novas tentativas, porm neste estudo raras foram as vezes em que houve necessidade deste reforo, uma vez que todos os candidatos apresentaram veias de acesso razoavelmente fcil. Pessoas sensveis podem apresentar palidez, suor, tontura e mesmo desmaio, o que no verificamos neste estudo entre os pacientes participantes. No caso do paciente se enquadrar neste tipo, importante antes de colher o sangue, providenciar para que a colheita seja feita com o paciente deitado.

Em pessoas com hemostasia normal, bastam alguns minutos de compresso com o algodo para que cesse o sangramento. Adotamos tambm a elevao do membro puncionado acima do nvel do corao. Mesmo procedendo com todo cuidado - localizao precisa da veia e compresso local - pode aparecer mancha roxa que indica extravasamento de sangue para fora da veia. Esta mancha habitualmente

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desaparece em dias. Ao inserir a agulha para a extrao de sangue, algumas pessoas sentem uma dor moderada, enquanto que outras sentem uma sensao de ferroada ou picada. Aps o procedimento, pode haver um certo latejamento. Se houver dor ou crescimento exagerado na regio puncionada, entre em contato a enfermeira ou com o mdico que est realizando o tratamento. Cabe ressaltar, que nenhum desses efeitos colaterais foi observado em nossos pacientes, conforme pode ser comprovado em seus relatos (Vide resultados).

7.2 - Aplicao

No momento da aplicao, injetado por via intra muscular o sangue colhido ( na maioria dos casos 05 ml em cada msculo). Apesar de muitos serem os msculos do corpo, poucos so os que se prestam a estes objetivos. Para selecion-los devemos considerar: distncia em relao a vasos e nervos importantes; musculatura desenvolvida; espessura de tecido adiposo; evitar tecido cicatricial ou endurecido.

Os locais para aplicao para a auto hemoterapia so o deltide e o glteo. Como a maioria das aplicaes de 05 ml, optamos por realiz-las na regio dorsogltea, apesar do Dr. Luiz Moura relatar em seu DVD que pode ser injetado at 05 ml de sangue no deltide e at 10 ml no glteo. Estamos realizando a auto hemoterapia desta forma pelo fato de a maioria das referncias bibliogrficas relatarem que o volume mximo que deve ser injetado no deltide de 03 ml.

Para a segurana da equipe e observncia das normas de biossegurana, as agulhas (30 x 8 ou 25 x 7) so trocadas a cada puno / aplicao, utilizando-se para isso uma pina Kelly. O material prfuro cortante devidamente descartado em recipiente prprio a cada procedimento. Estes critrios foram introduzidos no estudo, diversamente ao que se observa no DVD e relato do Dr. Luiz Moura. Com isto, no pretendemos desacreditar, nem desmerecer a tcnica aplicada por este ilustre mdico, apenas intencionamos adapt-la aos preceitos legais e s normas de biossegurana, no sentido de cada vez mais credibilizar to importante terapia.

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8 - O enfermeiro como educadorA nfase na educao para a sade origina-se, em parte, do direito do pblico a uma ateno sade compreensiva. Ela tambm reflete o surgimento de um pblico informado que questiona mais significativamente sobre sade e sobre os servios de ateno a sade que recebem. obrigao dos membros da equipe de sade, principalmente dos enfermeiros, tornar a educao nessa rea consistentemente disponvel. Sem o conhecimento e o treinamento adequados em habilidades de auto cuidado, os usurios no podem tomar decises eficazes relativas a sade.

O sucesso do enfermeiro com a educao em sade determinado pela avaliao constante de variveis que afetam a capacidade do cliente em adotar comportamentos especficos, em obter recursos e em manter um ambiente social propcio (GREEN & KREUTER, 1991).

Com isso, cabem a ns enfermeiros orientarmos a populao com relao aos seus benefcios, conscientizando sempre sobre a eficcia das terapias alternativas. Mas, para que isso ocorra, necessrio divulgar a auto hemoterapia, e demonstrar a importncia desta como fator de aumento da imunidade atravs do aumento da taxa de macrfagos.

Lembrando sempre que o enfermeiro como educador no deve apenas indicar, demonstrar e conscientizar, mas tambm realizar a educao continuada, no se prendendo apenas no problema ou atual patologia do paciente e sim tratar a atual e prevenir as futuras, mantendo seu paciente informado dos fatores de risco e possibilidades de adquirir determinadas patologias.

Ressaltamos neste estudo, o papel do enfermeiro como educador por representar a auto hemoterapia um importante momento de interao do enfermeiro com a sua clientela.

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9 - MetodologiaPesquisa descritivo-exploratria com abordagem quanti-qualitativa do tipo estudo de caso, que procurou atravs da anlise de fontes primrias (pronturios) e secundrias (depoimentos dos pacientes), acompanhar e relatar o processo de cinco pacientes submetidos ao tratamento pela auto hemoterapia.

O estudo de caso, segundo Brevidelli e Domenico (2006), caracteriza-se por estudos que abrangem um grupo com caractersticas comuns ou submetidos a um estilo idntico de fenmenos ou fatores. O pesquisador restringe-se a observar os fatos e relata-los de maneira especfica. A observao cientfica requer padronizao de conduta e coerncia com os objetivos propostos no estudo.

Obtida a definio da estratgia do estudo foram realizadas pesquisas bibliogrficas no sentido de buscar dados junto s fontes cientficas confiveis. Porm, vale lembrar o quanto notria a escassez de bibliografia, artigos e pesquisas especficas do mtodo e a necessidade de se validar cientificamente o procedimento.

Partiu-se do referencial terico de Marconi e Lakatos (1999), que citam duas maneiras de obteno de dados: por meio de pesquisa de campo ou da pesquisa de laboratrio. A maneira que mais se identifica com este estudo a de campo, pois:Pesquisa de campo aquela utilizada com o objetivo de conseguir informaes e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hiptese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenmenos ou as relaes entre eles. Consiste na observao de fatos e fenmenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variveis que se presumem relevantes, para analislos (MARCONI E LAKATOS, 1990, p.75).

Para Tripodi et al (1975 apud MARCONI e LAKATOS, 1990, p.76), as pesquisas de campo dividem-se em trs grandes grupos: quantitativo-descritivos, exploratrios e experimentais, com as respectivas subdivises. Neste estudo coube fazer uma abordagem quantitativo-descritiva e ainda exploratria.

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Quantitativo-descritivos consistem em investigaes de pesquisa emprica cuja principal finalidade o delineamento ou anlise das caractersticas de fatos ou fenmenos, a avaliao de programas, ou o isolamento de variveis principais ou chave. Qualquer um desses estudos pode utilizar mtodos formais, que se aproximam dos projetos experimentais, caracterizados pela preciso e controle estatsticos, com a finalidade de fornecer dados para a verificao de hipteses. Todos eles empregam artifcios quantitativos tendo por objetivo a coleta sistemtica de dados sobre populaes, programas ou amostras de populaes e programas. Utilizam vrias tcnicas como entrevistas, questionrios, formulrios etc. e empregam procedimentos de amostragem (Tripodi et al (1975 apud MARCONI E LAKATOS, 1990, p.76). Exploratrios so investigaes de pesquisa emprica cujo objetivo a formulao de questes ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenmeno, para a realizao de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos. Empregam-se geralmente procedimentos sistemticos ou para a obteno de observaes empricas ou para as anlises de dados (ou ambas, simultaneamente). [...] Uma variedade de procedimentos de coleta de dados podem ser utilizados, como entrevista, observao participante, anlise de contedo etc., para o estudo relativamente intensivo de um pequeno nmero de unidades, mas geralmente sem o emprego de tcnicas probabilsticas de amostragem (Tripodi et al (1975 apud MARCONI E LAKATOS, 1990, p.77).

Ainda relacionamos este estudo descritivo ao entender de TRIVIOS (1987) quando ele diz que:"Os estudos descritivos exigem do pesquisador uma srie de informaes sobre o que se deseja pesquisar[...]. O estudo descritivo pretende descrever "com exatido" os fatos e fenmenos de determinada realidade". "A anlise documental outro tipo de estudo que fornece ao investigador a possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaes..." A populao e a amostra devem ser claramente delimitadas, da mesma maneira, os objetivos do estudo, os termos e as variveis, as hipteses, as questes de pesquisa etc. (TRIVIOS, 1987, p.109-112).

Foi criado pela nossa equipe um protocolo de incluso, onde consta o critrio que o paciente nos procure espontaneamente; em seguida so realizados a anamnese, histrico de enfermagem, exame fsico e evoluo, sendo enviada para o mdico da equipe. Aps a anlise destes dados pelo mdico ele nos envia a receita, constando da dosagem do tratamento e do nmero de aplicaes necessrias. Em seguida, informamos ao paciente que seu tratamento j pode ser iniciado. Nos casos que estamos tratando, todos os pacientes esto recebendo 10 ml de sangue, sendo

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aplicado 5 ml em cada msculo conforme foi explicado anteriormente. Assim iniciamos o tratamento com 10 ml (coleta) para 5ml e 5 ml (injees IM), ou seja,10 / 5 / 5. Foi organizado um formulrio especfico, onde o registro da data, local de coleta e aplicao e ordem seqencial do tratamento so descritos de forma agrupada, facilitando a sua visualizao. Por sua eficcia, este formulrio est sendo utilizado em outros locais de aplicao de auto hemoterapia, onde o mdico desta equipe presta assistncia. Durante todo o tratamento, o paciente acompanhado pela equipe e ao finaliz-lo, encaminha-se o seu pronturio para o mdico, para que este possa analisar sua evoluo clnica, verificando se este poder receber alta ou no. Nos casos em que os pacientes tm que continuar o tratamento, o mdico solicita um intervalo de aproximadamente trinta a quarenta e cinco dias. Aps este intervalo, o paciente continua o tratamento com a nossa equipe de enfermagem.

No caso do presente estudo, antes de iniciar o tratamento, os pacientes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO F) em seguida seguiram o protocolo de incluso (ANEXO A) corretamente. Foram dez (10) pacientes que procuraram nossa equipe para a realizao da auto hemoterapia, mas nesta pesquisa abordaremos somente cinco destes, devido relevncia dos casos clnicos. So eles:

Cliente 1 - M.C.D.J., 56 anos (F), que tinha como queixa principal uma intensa dor no quadril. Acreditou muito no tratamento, confiando plenamente na auto hemoterapia e na nossa equipe.

Cliente 2 - R.C.P., 77 anos (M). J realizou cirurgia na vescula biliar e ate hoje sofre as conseqncias desta. Tinha muita dificuldade de permanecer sentado com a coluna reta, precisando ficar recostado. Apresentava edema, dor nos membros inferiores, artrite, tendinite e bursite.

Cliente 3 -L.M.S.M., 51 anos (F). Iniciou a auto hemoterapia relatando apresentar problemas dermatolgicos (feridas) por todo o corpo desde pequena.

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Cliente 4 - J.F.P., 75 anos (F). Apresenta hipotireoidismo, uma `verruga` no dedo j tendo indicao cirrgica e apresenta muita dificuldade de reerguer-se do cho.

Cliente 5 - N.C.F., 69 anos (M). Seqela de poliomielite nos membros inferiores, apresenta dor no nervo citico e dificuldade para deambular.

Em seguida, apresentamos o protocolo de incluso elaborado para este estudo:

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PROTOCOLO DE INCLUSO DE PACIENTESPACIENTE PROCURA A EQUIPE POR DEMANDA EXPONTNEA

CONSULTA DE ENFERMAGEM (ANAMNESE E EXAME FISICO) MDICO

10ml PARA 5 / 5 ENFERMEIRO INICIA O TRATAMENTO

RECEITA

ACOMPANHAMENTO MDICO E DE ENFERMAGEM

MDICO

ALTA DO PACIENTE OU CONTINUIDADE

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10 Resultados:Em seguida, relatamos o Follow-up dos casos, os depoimentos e a reviso bibliogrfica das patologias dos clientes alvo da pesquisa.

Cada paciente tem seu pronturio, contendo neste uma folha com o seu nome, a data do incio do tratamento e a data do trmino. Em seguida vem a ficha de anamnese que foi preenchida na primeira consulta e logo depois a receita mdica. Antes da ficha de evoluo do paciente, nossa equipe formulou uma ficha que recebe o nome de Formulrio de controle das aplicaes, onde so registradas as datas, a seqncia das aplicaes, o local da puno, os locais de aplicao e quem realizou o procedimento (Anexo E). So anotados na evoluo clnica do paciente seus relatos, queixas e melhoras, contendo tambm os resultados de exames, caso tenham realizado algum (follow-up).

Iniciamos a seguir o relato dos casos clnicos acompanhados, porm alguns se encontram com mais detalhes, pois algumas aplicaes no apresentaram fatos relevantes para este estudo, por isso no especificamos todas, e sim, somente as mais interessantes:

CLIENTE 1

Em julho de 2006, M.C.D.J (F) 56 anos, iniciou tratamento. Ela apresentava comoqueixa principal dor no quadril. Paciente j havia realizado esplenectomia e cirurgia de amdalas. No primeiro dia de consulta relatou dor no quadril persistente e incomodo na garganta, com sensao de `entupimento` ao engolir sentindo um gosto desagradvel. Relatou tambm se encontrar muitas vezes confusas tendo sensao de fraqueza. O mdico prescreveu para ela oito sesses de 10 ml, sendo realizada semanalmente. Esta paciente era uma pessoa muito dedicada e confiante no tratamento, por isso trazia todos os dias de aplicao o que sentiu durante cada dia aps a aplicao da auto hemoterapia.

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1 aplicao: Paciente relata muita dor no quadril, incmodo na garganta e estar com a memria muito ruim. Encontra-se com sono preservado. Nos mostrou um resultado de um hemograma que havia sido realizado em 27/06/06 onde apresentava leuccitos =4600 mm3 e linfcitos = 50%. Ela ir realizar laringoscopia direta no dia 12/07/06 e depois nos mostrar o resultado. Relatou que no dia seguinte ao da aplicao estava meio sonolenta pela manh e com a sensao de que estava com algo parado na garganta. Foi ao otorrino e realizou a laringoscopia e no foi detectada nenhuma anormalidade, sendo relatado pelo otorrino que esses sintomas podem ser devido a uma reao alrgica devido ao tempo frio. No dia seguinte, acordou novamente muito fraca, com a voz ficando cada vez mais fraca e o com os olhos lacrimejando e ardendo, sua viso estava turva. Na parte da tarde segundo suas anotaes, a paciente relata uma melhora com relao fraqueza e a viso. Nos dois dias seguintes, a paciente estava tonta e quase no conseguia se movimentar da cintura para baixo, pois se sentia travada e fraca. Na manh seguinte ela continuava fraca, um pouco nervosa e ansiosa, sua voz continuava fraca e cansada. A perna esquerda, o quadril e a cabea doam muito at tomar um relaxante muscular que melhorou as dores. No dia seguinte estava se sentindo bem, mais forte e notou melhora na garganta. S estava sentindo os ns no quadril e a pele do rosto meio irritada.

2 aplicao: No dia da segunda aplicao a paciente j estava se sentindo bem melhor, pois estava sem dores e com mais disposio. No estava apresentando alterao na garganta nem na viso. Trs dias depois segundo suas anotaes, amanheceu um pouco tonta e com a vista lacrimejando novamente. No dia seguinte ainda apresentava um pouco de ardncia e a garganta com a sensao de que estava fechada. A sensao de engolir e no descer. noite a cabea comeou a doer e logo percebeu que era rinite alrgica. Amanheceu com muita dor de cabea e nariz muito entupido.

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3 aplicao: Neste dia relatou melhora da rinite, porm aquela sensao desagradvel na garganta persistia. Foi no mdico (gastroenterologista) onde este solicitou uma endoscopia, pois suspeitava de refluxo.

5 aplicao: Amanheceu bem, porm com um pouco de tontura e fraqueza. Paciente relatou que parece que o organismo est reagindo e est sentindo alguns sintomas que no sentia antes da aplicao. Teve febre dois dias aps a aplicao e foi ao mdico, onde este relatou que ela estava com faringite.

6 aplicao: Relata estar muito bem, no sentindo nada de anormal no seu organismo. Trs dias aps a aplicao comeou a sentir muita falta de ar e entupimento nasal. Fez nebulizao. Paciente relata no apresentar hematomas nem dores aps a puno e as aplicaes.

8 aplicao: A paciente chegou muito animada e agradecida, trazendo para a nossa equipe uma carta, relatando nesta o carinho e agradecimento que tinha por nos. Ela quer muito continuar o tratamento, pois relata grandes melhoras; porm o mdico pediu que desse um intervalo para depois continuar.

Aps a oitava aplicao (ltima) da paciente M.C.D.J, ela nos relatou o que achou do tratamento:"Quando comecei a auto hemoterapia estava apresentando dor no quadril, que se estendia pela perna inteira. Essa dor era do tipo cimbra e se `movimentava` indo as vezes para a base da coluna lombar. Na primeira sesso j senti alivio nas dores, passando estas a ser tipo um sensao de dormncia. Hoje estou terminando a aplicao em uma serie de oito e vou aguardar uma reavaliao do Dr. Manoel, para que ele diga se eu devo continuar o tratamento ou quem sabe diminuir a dose, no sei...Mas estou me sentindo muito bem hoje. Da stima aplicao ate hije, eu senti grande melhora e acredito que agora j estou no caminho de finalizar este problema, graas a Deus. Obrigada!

Esplenectomia

a operao que tem sido feita com mais freqncia na hipertenso porta esquistossomtica. Ela tem as seguintes vantagens: elimina o tumor abdominal, corrige

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imediatamente o hiperesplenismo; cura o infantilismo e outros distrbios endcrinos, melhora o estado geral e, s vezes, as provas de funo heptica; baixa a presso porta em cerca de 40%. Todavia, no traz suficiente alvio para a alterao bsica que a hipertenso porta, e, por isso, os esplenectomizados podem ter hemorragias digestivas, embora se acredite que com menor freqncia. Na verdade, ainda no foi feito um estudo comparativo que permitisse analisar com segurana o efeito da esplenectomia sobre as hemorragias digestivas. A esplenectomia impede a realizao posterior de certas anastomoses se o paciente voltar a ter hemorragias.

A CLIENTE 1, era uma pessoa muito dedicada ao tratamento, e todo o dia de aplicao ela trazia uma folha com seus relatos de como tinha sido cada dia aps aquela aplicao ressaltando o que sentia e o que pensava. Aps terminar uma sesso de oito aplicaes, a paciente apresentou grande melhora, tendo mais nimo, melhora das dores e com muita vontade de continuar a auto hemoterapia.

CLIENTE 2

Em julho de 2006, R.C.P. (M) 77 anos. Paciente j conhecia a auto hemoterapia, pois realizou este tratamento anos atrs. Tem gastrite h 50 anos, e hipertenso h trs anos e meio. Relata no passado ter apresentado pontos isqumicos e devido a isto perdeu a sensibilidade e movimentos do lado direito do corpo que recuperou com tratamento. Hoje tem algumas dificuldades de movimentos com as pernas, mas o restante voltou ao normal. J realizou cirurgia na vescula biliar, pois houve extravasamento de bile no peritnio. Fez lavagem peritonial, porm no apresentou infeco ps-operatria devido a antibioticoterapia. Apresentou aderncias ps-cirurgia, fez antibioticoterapia intensa e analgesia de duas em duas horas. Atualmente, sofre as conseqncias da cirurgia, tem dificuldade de permanecer sentado reto, precisa ficar recostado, edema e dor nos membros inferiores que incomodam muito, e restringe movimentos. O paciente relatou que o que mais incomoda a dor no brao direito, artrite, tendinite, bursite, gastrite crnica, dor nas pernas, dificuldade de deambular devido a dor nas pernas e na coluna, tem `bico de papagaio`, e no agenta caminhar

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mais de dez minutos por dia. O mdico prescreveu para ele doze sesses de 10 ml semanalmente.

1 aplicao: Relata aps esta ter sentido melhora nas dores, principalmente na perna direita.

2 aplicao: Relatou melhora com relao a artrite e tendinite. Parou de tomar a medicao para a coluna desde a primeira aplicao. Mantm o sono controlado desde que iniciou o tratamento, acordando mais tranqilo e animado. Esta tomando cloreto de magnsio , sendo que a partir da iniciou com dores na perna e hipertenso arterial. Foi suspenso com o parecer do mdico da nossa equipe.

9 aplicao: Paciente relatou grande melhora com relao a tendinite, bursite, os ps no esto mais ficando inchados, no apresenta mais dor no corpo ao acordar, nem tonteira e nem disnimo. Encontra-se muito satisfeito com o tratamento relatando apresentar uma melhora de 90% desde que iniciou a auto hemoterapia. Relatou pela primeira vez que apresentava carcinoma na mo esquerda, segundo seu mdico, e j tinha indicao cirrgica, porm este est sumindo. Ir ao mdico para confirmar. No queixa dor durante nem aps o procedimento, e nem qualquer outro tipo de alterao.

Na sua penltima aplicao, o CLIENTE 2 nos deu seu relato de como est sentindo com a auto hemoterapia, tanto com relao as melhoras quanto as que ainda no melhoraram:"Antigamente eu acordava e levantava, porm no conseguia andar. Tinha que ficar em p um tempo enorme para ter energia para caminhar. Agora hoje no, hoje eu me sinto normal. Eu acordo, levanto, j saio andando, acabou o inchao nos ps, a dor nas pernas e no joelho. Melhorou as artrites, tendinite, bursite; s a operao que no.

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Tendinite e Bursite

So condies inflamatrias que comumente ocorrem no ombro. As bolsas so sacos cheios de lquido que impedem o atrito entre as estruturas articulares durante a atividade articular. Quando inflamadas, elas se tornam dolorosas. De maneira similar, as bainhas tendinosas dos msculos ficam inflamadas com o estiramento repetitivo. A inflamao provoca a proliferao da membrana sinovial e a formao de pano, o que restringe a movimentao articular.

O CLIENTE 2, um senhor muito simptico que no incio do tratamento no era muito de conversar, mas com o passar das aplicaes, o paciente encontra-se no momento risonho, animado e muito conversado. Acho que nem mesmo o paciente imaginava que sua melhora fosse to grande.

CLIENTE 3

Em julho de 2006, L.M.S.M. (F) 51 anos. Paciente procurou nossa equipe por relatar que desde pequena tem problemas dermatolgicos (feridas) e que tratava com ervas, mas at hoje sofre desses problemas, pois no encontrou soluo. Teve muitos efeitos colaterais com corticosterides, como: inchao, coceira, feridas na mo devido a coceira. Relata apresentar prurido intenso em todo corpo, irritao, mau humor devido a isso. Diz que no perodo noturno os sintomas pioram, chegando a sentir queimao em todo corpo. Os locais onde estas feridas mais se encontram so: na face, nas plpebras, no pescoo, regio inguinal e ndegas. Paciente apresenta bronquite alrgica, dispnia esporadicamente com crises leves aos pequenos esforos, hipertensa, apresenta angina pectoris, apresenta osteoporose e artrose. Paciente relata j ter realizado quimioterapia, pois j realizou cirurgia para a retirada de dois tumores da vista. A ultima vez que foi ao ginecologista, ele solicitou uma USG de plvis, onde mostrou mioma uterino de pequeno tamanho. Foi prescrito para ela oito semanas de tratamento, sendo 10 ml semanalmente.

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2 aplicao: Dificuldade na puno venosa. Paciente queixa estar apresentando muita coceira.

3 aplicao: Ainda encontra-se com muita coceira.

4 aplicao: Paciente relata melhora da coceira na face e estar apresentando mais disposio. No relata hematomas ou outros sinais nos locais de puno e aplicaes. Queixa de coceira na regio cervical, sendo recomendado pela enfermeira da nossa equipe banho com ch de camomila.

5 aplicao: Est fazendo o banho com ch de camomila, mas a coceira continua na regio do pescoo principalmente e um pouco menos nas plpebras e narinas. No sente mais coceira nas mos nem no abdome depois que iniciou a auto hemoterapia. Sua respirao melhorou quase 100%, segundo relato da paciente. Est andando muito a p, o que no fazia antes, e no conseguia subir ladeira pois se sentia muito cansada. Relata tambm melhora na vista, sendo pedido para a enfermeira para ela continuar observando.

8 aplicao: Veio para receber sua ltima aplicao, relatando melhora na respirao, na dermatose crnica (no pescoo e nas plpebras) e melhora na vista. Encontra-se mais animada querendo melhorar mais ainda das coceiras. Est muito agradecida com a nossa equipe.

Na sua ltima aplicao de auto hemoterapia, a paciente L.N.F.M. nos relatou os resultados que teve com o tratamento:"Esse tratamento para mim foi muito importante porque eu tinha ido a vrios mdicos e dermatologistas, mas ate agora eu no tinha conseguido uma melhora igual a que estou conseguindo agora com a auto hemoterapia. Para mim esta sendo muito bom porque eu melhorei quase 80%. Talvez eu continue o tratamento para ver se melhora mais ainda, mas ate agora foi timo. A auto hemoterapia no apresentou nenhuma reao local em mim. A nica reao que eu senti aps a aplicao foi um pouco de sonolncia, mas isso e normal e logo passa. Meu brao no ficou roxo, e como se eu estivesse tomando uma injeo comum. Pelo fato de no ter nenhum tipo de reao, isso nos encoraja ainda mais.

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Dermatose Crnica

Dermatose crnica, comum, de etiologia desconhecida, caracterizada por escamao e vermelhido, ocorrendo primariamente nas reas com alta concentrao de glndulas sebceas, como couro cabeludo, face, reas pr-esternais e intertriginosas. No couro cabeludo, geralmente aparece primeiramente como manchas pequenas de escamas, progredindo para envolver todo o couro cabeludo com esfoliao de quantidades excessivas de escamas secas. muito comum durante a infncia, aproximadamente 50% dos casos na infncia ocorrem antes dos 5 anos de idade.

A CLIENTE 3 uma paciente muito agitada e que procurava uma forma para tratar as suas feridas que se encontravam por todo corpo. Ela j havia tentado vrios tipos de tratamento, porm sem resultados. A paciente j realizou oito aplicaes de auto hemoterapia, finalizando o tratamento prescrito. Ela encontra-se no perodo de intervalo, mas est querendo muito reiniciar o tratamento.

CLIENTE 4

No final de julho de 2006, J.F.P. (F) 75 anos iniciou o tratamento. Ela j conhecia a auto hemoterapia, pois j realizou este tratamento h 30 anos. Incomoda-se por no conseguir abaixar, pois tem dificuldade de reerguer-se do cho. Realiza exame de sangue periodicamente para controle do hipotireoidismo. Diz ser bastante ativa. J realizou histerectomia total h mais ou menos 20 anos, pois apresentava mioma. Paciente relata ter osteoporose e ter tido leso no menisco e ficou com seqela, no conseguindo agachar. Faz tratamento para o hipotireoidismo e reposio hormonal. Foi prescrito para ela doze semanas de tratamento sendo aplicado 10 ml.

1 aplicao: Relatou melhora de dor na perna e sob o calcanhar. Nos mostrou a `verruga` que tinha no dedo com indicao cirrgica. Estava resfriada.

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3 aplicao: A `verruga` comeou a cair. Melhora das dores nos membros inferiores e do resfriado.

4 aplicao: Muito satisfeita, a paciente nos mostrou que a ` verruga` caiu. Encontra-se cada dia mais animada e satisfeita com o tratamento. Relata no apresentar hematomas aps a puno e as aplicaes.

8 aplicao: Relatou melhoras das dores no joelho e no calcneo. Realizou a puno de um gnglio, dizendo que ir trazer o resultado na prxima consulta; porm o mdico ao palpar disse para ela: `Como assim? Esta morto?` Relatou a paciente.

Aps a terceira aplicao de auto hemoterapia a paciente nos relatou o que estava achando do tratamento e se apresentou alguma melhora"Essa dor no joelho parece que refletia no calcanhar e que qualquer calcado que eu usasse estava me incomodando muito. A partir da segunda aplicao, os problemas sumiram, e eu tambm tinha uma `verruga` no dedo mdio que j tinha indicao cirrgica onde o mdico me relatou que teria que dar uns pontinhos.

Hipotireoidismo

O hipotireoidismo uma sndrome clnica resultante de uma produo ou ao deficiente de hormnios tireoidianos, resultando eu uma lentificao generalizada de processos metablicos. Esta patologia resulta de nveis subtimos de hormnio tireideo. A deficincia tireidea pode afetar todas as funes orgnicas e variar desde as formas brandas, subclnicas, at o mixedema, uma forma avanada. A causa mais comum de hipotireoidismo em adultos a tireoidite auto-imune, na qual o sistema imunolgico ataca a glndula tireide (Streff & Pachucki Hyde, 1996).

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Osteoporose

A osteoporose uma doena que ameaa mais de 28 milhes de norteamericanos (National Osteoporosis Foundation, 1997). O distrbio caracteriza-se por uma reduo da massa ssea total e por uma alterao na estrutura ssea, a qual aumenta a suscetibilidade fratura. O turnover sseo homeosttico normal se modifica; a velocidade de reabsoro maior que a sua velocidade de formao, resultando em massa ssea total reduzida. Com a osteoporose, os ossos tornam-se cada vez mais porosos, quebradios e frgeis; eles fraturam-se com maior facilidade sob estresses que no quebrariam o osso normal. Com freqncia a osteoporose resulta em fraturas por compresso das partes torcica e lombar da coluna vertebral, fraturas da regio do colo intertrocantrica do fmur e fraturas de Colles do punho. As mltiplas fraturas das vrtebras por compresso resultam em deformidade esqueltica. A osteoporose um distrbio dispendioso, no apenas em termos de gasto com cuidado de sade, como tambm com relao ao sofrimento humano, dor, incapacidade, fratura e morte (GUEDES, 2006).

A CLIENTE 4 uma senhora muito educada e carinhosa, que tenta de toda forma agradar nossa equipe, seja com o seu sorriso ou com doces palavras. Desde o incio de seu tratamento, a paciente estava muito segura, tendo assim muita confiana na auto hemoterapia e na nossa equipe. Hoje ela j obteve grandes melhoras nas suas dores e no seu estado de sade de um modo geral.

CLIENTE 5

Em agosto de 2006, N.C.F. (M) 69 anos. Paciente ficou sabendo da auto hemoterapia atravs do DVD, procurando assim nossa equipe.Teve paralisia infantil aos 4 meses de idades.Relata ter seqela de poliomielite nos membros inferiores, principalmente no MIE; e no membro superior esquerdo. Apresenta dificuldade de deambular devido a esta dor, e apresenta muita dor no citico. Aos 9 anos realizou

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cirurgia de reconstituio dos membros inferiores devido a poliomielite e em 1995 realizou cirurgia de prstata.

1 aplicao: Paciente queixa fortes dores nas pernas e na regio coccgena. Foi ao mdico, onde ente solicitou vrios exames (sangue e urina), onde no resultado constava infeco urinria. Iniciou o tratamento com o antibitico prescrito pelo mdico, porm comeou a sentir muita falta de apetite e de energia. Por esse motivo parou o tratamento pela metade, faltando toar metade da cartela de antibitico. Encontra-se animado e confiante com a auto hemoterapia.

2 aplicao: Relata continuar com as dores nas pernas e muito cansao. Foi no cardiologista onde realizou exames no constatando nenhuma anormalidade, com exceo do pulmo, que estava apresentando um princpio de edema (paciente tabagista). Est tomando um xarope e um anti-inflamatrio. Diz estar muito confiante com o tratamento. Paciente relata no sentir dores durante o tratamento, nem no momento da puno e nem durante e aps as aplicaes. Relata a ausncia de hematomas.

3 aplicao: Paciente relata estar se sentindo melhor, havendo diminuio das cimbras e das dores nas pernas. Realizou exame de sangue, onde constou que est apresentando anemia.

7 aplicao: Assim que o paciente chegou, j estava percebendo grande melhora, mas no comentamos nada, e deixamos que ele nos relatasse. Ele disse que havia melhorado seu apetite, sua disposio (para andar, e para tudo de maneira geral), grande diminuio das dores no quadril e o desaparecimento das dores nas pernas.

Aps a terceira aplicao o paciente N.C.F nos relatou o que estava achando da auto hemoterapia:

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"Eu ainda sinto um pouco de dor perto do nervo citico, mas o resto da dor nas pernas que eu sentia j melhoraram bastante. As cimbras que eu sentia durante a noite j melhoraram 90% e o esfriamento nas pontas dos ps tambm.

O CLIENTE 5 teve excelentes resultados. Para nossa equipe e seus familiares que o acompanharam durante o tratamento s de olhar j percebemos grandes melhoras. Encontra-se mais bem disposto, com melhoras das dores e dos esfriamentos que sentia nos ps. A dor que apresentava no nervo citico no est mais presente em sua vida, dando assim para ele mais satisfao em realizar suas atividades.

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CONSIDERAES FINAISA partir deste estudo, pioneiro quanto participao direta e efetiva do enfermeiro em todo o processo da auto hemoterapia, evidenciamos sua importncia como profissional que responde diretamente pela aplicao e acompanhamento da terapia proposta pelo mdico, formando com este um vnculo profissional, onde se observa uma relao equilibrada, de respeito mutuo pelo trabalho desenvolvido por ambos os profissionais. Isto vem demonstrar que uma vez que o enfermeiro tenha conhecimento e habilidades compatveis sua formao e qualificao profissional, nada impede que o trabalho em equipe possa ser desenvolvido com sucesso, sendo neste caso o paciente o mais beneficiado.

Quanto ao mtodo da auto hemoterapia, esta experincia demonstrou ser o mesmo, efetivo, em vista dos relatos dos prprios pacientes, sobre as melhoras de seus quadros clnicos.

Ressaltamos neste estudo, o desaparecimento de verrugas aps a 3 aplicao; da grande melhora das dermatoses crnicas, desaparecendo quase todas; a melhora com relao ao estado de nimo e o desaparecimento de dores. Pacientes que no conseguiam caminhar dez minutos, hoje esto realizando caminhadas diariamente. Quanto melhoria no estado de nimo, execuo de atividades fsicas, e cessao de dores, verificamos ser este relato uma unanimidade entre os clientes atendidos e relatavam isto com tamanha intensidade, expressando seu contentamento com o fato. Foi tambm muito interessante observar o relato por mais de um deles sobre a melhora da sua acuidade visual durante o tratamento, fato este que nos impulsiona a questionar sobre a eficcia des