Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade

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O Frade Cena VI Auto Da Barca Do Inferno

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O Frade – Cena VI

Auto Da Barca Do Inferno

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Características do Auto da Barca do Inferno

Peça teatral, escrita por Gil Vicente, num único ato, subdivididoem cenas marcadas pelos diálogos que o Anjo ou o Diabo travam com asvárias personagens.

O cenário desta peça consiste num cais, onde estão atracadasduas barcas. Todos os mortos, têm passar por estas barcas, sendo julgadose condenados à barca da Glória ou à barca do Inferno.

Cada personagem apresenta, através da fala, traços quedenunciam a sua condição social. A maior parte das personagens entramna morte com os seus instrumentos terrenos, são subornáveis,inconscientes e por causa dos seus pecados não atingem a salvação.

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Percurso Cénico

Barca do Inferno

Barca do Paraíso

Entra na Barca do Inferno

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Personagens

Principais:

Frade

Diabo

Joane ( Parvo)

Figurante:

Mulher do Frade (Florença*)

* A intenção de Gil Vicente dar o nome de Florença à companheira do Frade é que

Florença representa uma cidade italiana considerada o berço do Renascimento mas

também critica o estrato social Clero (a qual pertence Frade) pois acreditava que este

era incapaz de pregar as três coisas mais importantes: a paz, a verdade e a fé .

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Caracterização do Frade

Falas

DiaboAcusações feitas

ao Frade:

Era mundano (dado aos prazeres do mundo)

Desrespeitou os votos de castidade e pobreza aos quais se submeteu quando

se tornou membro do clero

FradeAutodefesa:

O facto de ser frade, logo teria um acordo com Deus para ir para o Paraíso

Já tinha rezado muito salmos

AnjoNão fala com o Frade, uma vez

que:

Este não cumpriu os preceitos religiosos, nem os votos aos quais se submeteu

Dedicava-se a uma vida mundana

Este pecou sob a capa da religião católica

JoaneCritica o Frade

por:

Viver amantizado com sua mulher

Ter um procedimento contrário aos seu votos

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Pensa que vai

para o Céu.

Porquê?

1. Ser frade, logo teria um

acordo com Deus para ir para

o Paraíso

2. Já tinha rezado muitos salmos

enquanto vivia a sua vida terrena

Surge com a espada, o casco, o

broquel e Florença pela mão.

O Diabo rapidamente o desengana,

acusando-o de má conduta e ócio.

O anjo, com vergonha do seu réu, não

dirige a palavra ao Frade.

ENTRADA NO INFERNO

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Caracterização do Frade Sabe dançar e esgrimir (qualidades típicas de um nobre)

É alegre, já que chega ao cais a cantar e a dançar

Levava uma vida boémia

Tal como os outros Frades não cumpriu o voto de castidade nem de pobreza, como se podia comprovar nas

suas palavras

Estava convencido que por ser membro da Igreja tem entrada direta no Paraíso

Autocaracteriza-se “cortesão” (frequentava a corte) o que contradiz com a sua classe

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Venda de Indulgencias(retirado do filme “Em Nome da Rosa”)

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Incumprimento dos votos de castidade(retirado do filme “Em Nome da Rosa”)

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Excesso de Riqueza do Clero (Incumprimento dos votos de pobreza)

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Elementos Cénicos

Mulher do Frade (Florença): simboliza a

infidelidade do Frade a Deus e à sua profissão.

Espada, Casco e Broquel: simbolizam

o Esgrima. Correspondem ao facto do

frade levar uma vida mundanal e não a

vida espiritual de um frade.

Hábito: simboliza que ele

era um frade, apesar de

todos os pecados que

cometeu, e que Deus devia

por isso perdoá-lo

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Destino

O frade foi condenado ao Inferno, entrando por isso na Barca do Diabo. Aocontrário do fidalgo, que não pôde levar o pajem consigo para o Inferno, o Fradelevou consigo Florença uma vez que esta tinha pecado em conjunto com ele.

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Processos de CómicoCómico de linguagem: “devoto padre marido” (v.417,página 118)

Cómico de carácter: “Como? Por ser namorado, /e folgarcom ua mulher, / se há um frade de perder, / com tanto salmorezado?!...” (v.411, página 188) - pensava que a relação quetinha com a moça seria perdoada pelas suas rezas

Cómico de situação: “ Vem um Frade com ua Moça pelamão, e um broquel e ua espada na outra, e um casco debaixodo capelo;…” (1º didascália, página 117) - A entrada doFrade em cena com Situação a moça pela mão

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Recursos Estilísticos

Ironia: “Fezeste bem, que é fermosa”, “Devoto padre”, “Dê…lição d‟esgrima/que écousa boa!”

Eufemismo: “Pera aquele fogo ardente…”

Antítese: “padre mundanal” ou “padre marido”

Comparação: “Tão bem guardado como a palha n‟albarda”

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Objetivo

Com esta crítica, Gil Vicente pretende não só criticar um indivíduo mas simtoda uma classe social (personagem tipo), o Clero. O dramaturgo elabora esta críticapara mostrar que é um hábito comum entre os membros do Clero quebrarem os votosde castidade e terem mulher. Uma vez que a maior parte dos frades não tinha vocação,só se juntavam a esta classe social para terem uma vida devassa. Deste modoconsegue satirizar, através do cómico, os defeitos desta classe social. Esta critica temo intuito didático, seguindo assim a máxima de Gil Vicente “ RIDENDO CASTIGATMORES” (a rir se corrigem os costumes).

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Quadro Síntese

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Soluções dos exercícios1. Este provérbio significa que apesar de alguém se “disfarçar” de algo não quer dizer que o seja, istoé, não podemos julgar ninguém pelas aparências. Podemos associá-lo ao Frade porque ele vestia-se deacordo com a sua profissão, vivia num convento, rezava e acreditava em Deus mas profanava contra asua religião, uma vez que tinha mulher (Florença), acusava os seus colegas de profissão de fazerem omesmo („E eles fazem outro tanto‟, v.385, página 117), e ainda mostrava que vivia uma vida luxuosa ecortesã pelo facto de saber esgrima e o tordião.

2.

2.1. O facto de o Frade entrar em cena com a espada, o casco e o broquel (equipamentos deesgrima) e a dançar o tordião, quando naquela altura a arte de esgrimir e dançar pertenciamunicamente aos elementos da corte.

2.2. O Frade achava que por se ter dedicado à vida católica e ter rezado muitos salmos na suavida terrena tinha uma espécie de contrato com Deus e que este lhe daria um lugar no céu.

3. Cómico de carácter: “Como? Por ser namorado, /e folgar com ua mulher, / se há um frade de perder,/ com tanto salmo rezado?!...” (v.411, página 188) e Cómico de situação: “ Vem um Frade com ua Moçapela mão, e um broquel e ua espada na outra, e um casco debaixo do capelo;…” (1º didascália, página117)

………………

…Exercícios….

.

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Soluções dos exercícios4.

4.1. O anjo sentiu vergonha dos comportamentos do Frade, já que o mesmo pecou sob a capa dareligião católica.

5. A acusação que o Parvo lhe faz é a de viver amantizado com a sua mulher e, por isso, ter umprocedimento contrário aos seus votos.

6.

6.1.“…em lugar de praticar a austeridade, a pobreza e a renúncia ao mundo, busca a riqueza e osprazeres, é espadachim, blasfema, tem mulher e prole, ambiciona honras e cargos, procedendo com se aordenação sacerdotal o imunizasse contra os castigos que Deus tem reservados para os pecadores.”

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Realizado por:

-Alice Ribeiro/ nº2

-Ana Couto/ nº5

-Beatriz Campos/ nº 8

-Elsa Guedes/ nº 11

-Inês Silva/ nº 14

9ºD - 2013/2014